segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Aula 05 - A TRAVESSIA DO MAR VERMELHO


1º Trimestre/2014

 

Texto Básico: êxodo 14:15,19-26

 

 “O Senhor é a minha luz e o meu cântico; Ele me foi por salvação; este é o meu Deus[...]” (Ex 15:2)

 

INTRODUÇÃO


Após todos os juízos espetaculares de Deus sobre o Egito, seu rei e seus falsos deuses, o povo de Deus é liberto da escravidão e caminha, guiado por Deus, em direção à Terra Prometida. O povo teve que esperar 430 anos até o dia glorioso da liberdade. Só que o juízo de Deus sobre os exatores do seu povo ainda faltava a última cena, e isto se daria num dos mais impressionantes acontecimentos: a travessia do Mar Vermelho (ou mais acertadamente, mar de juncos). A saída do povo de Deus do Egito foi algo marcante, tanto para os israelitas como para os egípcios. Apesar de toda a desgraça sobre seu país, seus falsos deuses e sobre a sua casa, Faraó não quis aceitar a derrota tão facilmente e se levantou para sua última investida; não estava disposto deixar o povo de Deus partir (Ex 14:5), por isso, ele reuniu seu exército e saiu em perseguição ao povo de Deus. O Inimigo não desiste facilmente, por isso precisamos buscar em Deus forças para resisti-lo. A Palavra de Deus nos ensina: "resisti ao diabo, e ele fugirá de vós" (Tg 4:7). Se você é um servo fiel ao Senhor, saiba que durante sua caminhada até o Céu encontrará muitos "Faraós" que lhe resistirão. Você está preparado para enfrentá-los? Com Deus nos guiando seremos vencedores!

I. A TRAVESSIA DO MAR


1. A saída do Egito (Ex 12:11,37). Depois de 430 anos nos quais, na maior parte desse tempo, viveram como escravos, o povo hebreu saiu do Egito. Mas ao deixar o Egito, não saiu com as mãos vazias. Ele despojou os egípcios. Foi um momento de grande celebração.

A Bíblia diz que, ao todo, saíram do Egito cerca de 600 mil homens a pé, sem contar mulheres e crianças (Êx 12:37), ou seja, provavelmente 2 milhões de pessoas. A rota foi escolhida por Deus e ele mesmo se constituiu em guia de seu povo, manifestando-se em uma coluna de nuvem e de fogo durante todo o trajeto rumo à Terra Prometida (Ex 13:21,22).

A rota escolhida pelo Senhor foi a mais longa (Ex 13:18). Por que Ele não conduziu os hebreus pela rota curta ao longo da linha costeira do mar Mediterrâneo? Porque nesta rota havia fortes guarnições egípcias, e na região de Canaã os esperava os belicosos povos cananeus, que eram assaz experientes em guerras. Como escravos recém-libertos, os hebreus não estavam treinados para embates e a fé em Deus ainda era fraca. O Senhor conhecia a força limitada do seu povo e o protegeu de tentações inadequadas. Por vezes, os caminhos de Deus não são os mais simples e diretos. Além do mais, o Senhor os levou ao sul, para o mar Vermelho (possivelmente o mar de juncos), a fim de levar Faraó à sua derrota final e, desse modo, destruir a ameaça egípcia e libertar para sempre os israelitas do Egito.

Silas Daniel diz que “Deus muitas vezes nos leva a ‘caminhos mais longos’, que não entendemos. E Ele o faz porque quer nos levar a experiências extraordinárias com Ele. Seja qual for o caminho pelo qual Deus o está levando hoje, se é Ele mesmo quem está conduzindo você, então confie, creia e espere, porque, no final, vai dar tudo certo. Lembre-se: ‘Todas as coisas cooperam para o bem daquels que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito’” (Rm 8:28, ARA).

Observação: A palavra “armados” em Êx 13:18, embora seja um termo militar no original hebraico, deve ser referência à maneira organizada da marcha.

2. A perseguição de Faraó (Êx 14:5-9). Deus colocou os hebreus em uma situação muito perigosa. Estavam encerrados por montanhas, pelo deserto e pelo mar, e de repente viram o exército de Faraó que se aproximava deles. Você consegue imaginar o desespero dos israelitas ao verem Faraó e seu exército vindo em sua direção? Os hebreus ficaram desesperados, pois parecia não haver saída; eles estavam encurralados. Os israelitas clamaram ao Senhor (Ex 14:10) e Ele lhes ouviu. Deus quis revelar-se como o Único guerreiro da batalha e protetor de seu povo dando-lhe um livramento inesquecível (Ex 14:4,14-18). O Senhor ouve e responde às orações do seu povo (Jr 33:3).

3. A ruína de Faraó e seu exército (Êx 14:26-31). Ao verem o exército de Faraó se aproximando com fúria e sede de vingança, os hebreus perderam a confiança e começaram a lançar culpa sobre Moisés – “E disseram a Moisés: Não havia sepulcros no Egito, para nos tirares de lá, para que morramos neste deserto? Por que nos fizeste isto, que nos tens tirado do Egito? Não é esta a palavra que te temos falado no Egito, dizendo: Deixa-nos, que sirvamos aos egípcios? Pois que melhor nos fora servir aos egípcios do que morrermos no deserto” (Ex 14:11,12). Apesar de há poucos dias vendo tão grandes feitos de Deus sobre o Egito o povo ficou cego de medo e não enxergou a presença de Deus ao redor deles. Seus olhos estavam fechados e a fé tinha esmaecida. O povo, realmente, precisava de uma maior experiência com Deus, precisava conhecê-lo melhor.

Moisés não precisava pensar, precisa agir. Tiago afirma que o resultado de nossa fé tem que ser ação, tem que resultar em gestos práticos, tem que resultar em movimento na direção de se fazer algo de concreto (Tg 2:26).

Moisés disse ao povo: “Não temais; estai quietos e vede o livramento do SENHOR, que hoje vos fará; porque aos egípcios, que hoje vistes, nunca mais vereis para sempre. O SENHOR pelejará por vós, e vos calareis. Então, disse o SENHOR a Moisés: Por que clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que marchem” (Ex 14:13-15). Certamente indagaram: “Marchar para onde? Para o mar?”. 

Disse mais o Senhor a Moisés:

“E tu, levanta o teu cajado, e estende a tua mão sobre o mar, e fende-o, para que os filhos de Israel passem pelo meio do mar em seco, e os egípcios saberão que eu sou o SENHOR, quando for glorificado em Faraó, e nos seus carros, e nos seus cavaleiros. Então, Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o SENHOR fez retirar o mar por um forte vento oriental toda aquela noite; e o mar tornou-se em seco, e as águas foram partidas. E os filhos de Israel foram pelo meio do mar em seco: e as águas foram-lhes como muro à sua mão direita e à sua esquerda. E os egípcios seguiram-nos, e entraram atrás deles todos os cavalos de Faraó, os seus carros e os seus cavaleiros, até ao meio do mar. Então, Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o mar retomou a sua força ao amanhecer, e os egípcios fugiram ao seu encontro; e o SENHOR derribou os egípcios no meio do mar, porque as águas, tornando, cobriram os carros e os cavaleiros de todo o exército de Faraó, que os haviam seguido no mar; nem ainda um deles ficou. Assim, o SENHOR salvou Israel naquele dia da mão dos egípcios; e Israel viu os egípcios mortos na praia do mar. E viu Israel a grande mão que o SENHOR mostrara aos egípcios; e temeu o povo ao SENHOR e creu no SENHOR e em Moisés, seu servo “(Ex 14:16-31).

O povo de Israel atravessou o mar e os egípcios quiseram imitá-los, mas o Senhor os arruinou (Êx 14:27). O livramento era para o povo de Deus, não para os inimigos. Agora, Faraó e seu exército estão arruinados. Você pertence ao povo de Deus? Então não temas, marche! Há livramento para você!

II. O CÂNTICO DE MOISÉS

Diante de tão grande livramento ninguém poderia ficar calado. Todos cantaram louvores ao Senhor e o adoraram pelo triunfo. Foi uma alegria coletiva nunca vista antes na história do povo de Deus. Cada detalhe da travessia do mar Vermelho fora elaborado para que o Senhor fosse glorificado: Deus foi glorificado ao libertar Israel do Egito; Deus foi glorificado ao punir o Egito, uma nação pecadora e idólatra; Deus foi glorificado ao fortalecer a fé de Israel; Deus foi glorificado em Moisés, ao edificar e fortalecer sua fé.

Tem você celebrado a Deus pelas vitórias? Seu coração é grato ao Senhor? Então ofereça a Ele sacrifício de louvor, não somente por bênçãos recebidas, mas, sobretudo, pelo que Ele é: Senhor, Redentor, Deus único e Verdadeiro. Todavia, recomenda Moisés: “Quando oferecerdes sacrifico de louvores ao SENHOR, fá-lo-eis para sejais aceitos”(Lv 22:29).

Recomenda o salmista:

“Celebrai com júbilo ao SENHOR, todos os moradores da terra. Servi ao SENHOR com alegria e apresentai-vos a ele com canto. Sabei que o SENHOR é Deus; foi ele, e não nós, que nos fez povo seu e ovelhas do seu pasto. Entrai pelas portas dele com louvor e em seus átrios, com hinos; louvai-o e bendizei o seu nome. Porque o SENHOR é bom, e eterna, a sua misericórdia; e a sua verdade estende-se de geração a geração” (Salmo 100).

1. Moisés celebra a Deus pela vitória (cf. Ex 15:1-19). Moisés celebrou ao Senhor com um cântico. A sua composição é animada por uma verdadeira emoção que revela a alegria da salvação e sua fé. A primeira parte do cântico de Moisés (Êx 15:1-12) trata da vitória sobre os egípcios, e a segunda parte (Êx 15:13-19), profetiza a conquista de Canaã. Foi composto para reconhecer a bondade e o inigualável poder do Senhor mediante os quais salvou o seu povo.

Certamente, a travessia do mar Vermelho prefigura a derrota do último e mais formidável inimigo do povo de Deus, pois o cântico de Moisés e do Cordeiro será cantado novamente pelos redimidos no Céu (cf Ap 15:3,4). Também se observa que o livramento final do povo de Deus, descrito no Apocalipse, será efetuado pelos mesmos meios que Deus empregou no êxodo: juízos sobre seus inimigos e redenção pelo sangue do Cordeiro.

2. Miriã juntamente com as mulheres louvam a Deus (Ex 15:20-21). “Então, Miriã, a profetisa, a irmã de Arão, tomou o tamboril na sua mão, e todas as mulheres saíram atrás dela com tamboris e com danças. E Miriã lhes respondia: Cantai ao SENHOR, porque sumamente se exaltou e lançou no mar o cavalo com o seu cavaleiro”.

Miriã louvou a Deus, juntamente com todas as mulheres. Elas se reuniram por iniciativa própria para dançar e louvar ao Senhor. As danças eram equivalentes ao ato de pular de alegria. Certamente, quando o texto diz que elas dançavam, não está se referindo a nenhum movimento corporal escandaloso, mas a atos e gestos solenes de louvor e adoração.

Na cultura do Antigo Oriente as danças eram usadas como manifestação popular pelas vitórias militares obtidas, e eram geralmente lideradas pelas mulheres. Foi o caso com a dança de Miriã, a filha de Jefté (Jz 11:34), as mulheres de Judá (1Sm 18:6) e a própria dança de Davi (2Sm 6:20). Ao que parece, o povo saía em passeata dançando em roda (sobre dança de roda, veja Juízes 21:21,23-ARA).

Alguém poderá indagar: Se Miriã dançou de alegria na presença de Deus, e se o rei Davi também dançou diante da arca de Deus, quando a mesma estava sendo trazida de volta para Jerusalém, por que nós não podemos, da mesma forma, expressar nossa alegria diante de Deus em nossos cultos, com danças de caráter religioso? Não acredito que devamos fazer normas ou estabelecer princípios gerais para a vida da igreja simplesmente a partir de atos, ações, eventos, incidentes envolvendo os heróis da Bíblia. Nem tudo o que aconteceu na vida deles pode virar paradigma para os cristãos. A não ser aquelas coisas que a própria Bíblia determina. Até onde eu sei, nos cultos determinados por Deus no Antigo Testamento não havia dança alguma. Deus não determinou a dança como elemento de culto, não há qualquer registro de que as mesmas fizessem parte do culto que lhe era oferecido no templo. E acho que os apóstolos e primeiros cristãos entenderam dessa forma, pois não há danças nos cultos do Novo Testamento.

3. Celebrando a Deus. “O SENHOR reinará eterna e perpetuamente. Porque os cavalos de Faraó, com os seus carros e com os seus cavaleiros, entraram no mar, e o SENHOR fez tornar as águas do mar sobre eles; mas os filhos de Israel passaram em seco pelo meio do mar”(Êx 15:18,19).

O cântico de Moisés e das mulheres lideradas por Miriã, falam a respeito de redenção. Israel havia sido remido e seus inimigos destruídos. Quando consideramos que Deus nos remiu do pecado e do inferno, nosso louvor deveria passar a ter um lugar de importância. Hoje, nosso cântico fala a respeito da redenção feita pelo Cordeiro de Deus. Um dia, no Céu, nós incluiremos junto a este o cântico de Moisés, ao contemplarmos a vitória de Cristo sobre as duas “bestas” (o Anticristo e o falso Profeta) e o ardiloso dragão (Satanás, Diabo) (Ap 15:1-4).

III. A PROTEÇÃO E O CUIDADO DE DEUS COM SEU POVO

1. Uma coluna de nuvem guiava o povo de Deus (Ex 13:21,22; 40:36-38).E o SENHOR ia adiante deles, de dia numa coluna de nuvem, para os guiar pelo caminho, e de noite numa coluna de fogo, para os alumiar, para que caminhassem de dia e de noite. Nunca tirou de diante da face do povo a coluna de nuvem, de dia, nem a coluna de fogo, de noite” (Êx 13:21,22).

Deus colocou as colunas de nuvem e de fogo como evidências da sua presença, do seu amor e do seu cuidado por Israel (cf Êx 40:38; Nm 9:15-23; 14:14; Dt 1:33; 1Co 10:1). Representavam a glória de Deus e são conhecidas como Shekiná, termo derivado de uma palavra hebraica que significa “habitação”.

Segundo a Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, Deus concedeu aos hebreus as colunas de nuvem e de fogo para que eles soubessem que a presença de Deus os acompanharia dia e noite durante a jornada para a Terra Prometida. O que Deus nos tem oferecido para que possamos ter esta mesma certeza? A Bíblia Sagrada – algo que os hebreus não possuíam. Leia e estude a Palavra de Deus para assegurar-se da presença dEle. Assim como os hebreus olhavam para aquelas colunas, também podemos ler a Palavra de Deus de dia e de noite para sabermos que Ele está conosco e nos ajuda em nossa jornada rumo ao Céu.

2. Deus cuida do seu povo (Ex 16:4; Dt 29:5). Deus estava presente durante toda a peregrinação de Israel no deserto, porque Ele cuida do seu povo. As colunas de nuvem e de fogo constituem exemplos de teofania (uma manifestação física de Deus). Desse modo, Deus iluminou o caminho de Israel, o guiou e o protegeu dos inimigos (Êx 14:19,20), qualidades que representam perfeitamente o Senhor Jesus Cristo. Também providenciou segurança e controlou os movimentos do seu povo, inspirando o ardente zelo que este deveria ter pelo seu Deus. Também Deus lhes proveu de alimento durante os quarenta anos da jornada pelo deserto - “Então, disse o SENHOR a Moisés: Eis que vos farei chover pão dos céus, e o povo sairá e colherá cada dia a porção para cada dia, para que eu veja se anda em minha lei ou não” (Êx 16:4). O Senhor não mudou. Ele cuidou do seu povo na travessia do deserto e também cuida, em todo o tempo, de nós, o povo da nova aliança, porque, também, o “deserto” faz parte de nossa jornada rumo à “Terra Prometida”, o Céu.

CONCLUSÃO

A travessia do mar Vermelho, mediante os atos portentosos de Deus para abrir o mar, representa uma das maiores manifestações do poder de Deus no Antigo Testamento. Um estudioso observa que a travessia do mar Vermelho foi para Israel a salvação, a redenção e o juízo de Deus, tudo em um mesmo ato. Por isso é semelhante ao batismo em água (1Co 10:1,2) como símbolo da separação do cristão do mundo e o sepultamento de seu pecados. Os cadáveres dos egípcios na margem do mar representam a velha vida de servidão ultrapassada, pois os seus exatores foram destruídos para sempre – “Porque os cavalos de Faraó, com os seus carros e com os seus cavaleiros, entraram no mar, e o SENHOR fez tornar as águas do mar sobre eles; mas os filhos de Israel passaram em seco pelo meio do mar” (Ex 15:19). A maior demonstração de todos os tempos consiste, porém, na ressurreição de Cristo dentre os mortos.

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Assembleia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Revista Ensinador Cristão – nº 57 – CPAD.

Eugene H. Merrill – História de Israel no Antigo Testamento. CPAD.

Paul Hoff – O Pentateuco. Ed. Vida.

Leo G. Cox -  O Livro de Êxodo - Comentário  Bíblico Beacon. CPAD.

Victor P. Hamilton - Manual do Pentateuco. CPAD.

Silas Daniel – Uma jornada de Fé (Moisés, o Êxodo e o Caminho à Terra Prometida). CPAD.

domingo, 19 de janeiro de 2014

Aula 04 – A CELEBRAÇÃO DA PRIMEIRA PÁSCOA


1º Trimestre/2014

 
Texto Básico: Êxodo 12:1-11

 
"Assim, pois, o comereis: Os vossos lombos cingidos, os vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão; e o comereis apressadamente; esta é a páscoa do Senhor” (Ex 12:11)

INTRODUÇÃO

Deus desejava que o os israelitas se recordassem do dia triunfal em que no Egito seus filhos primogênitos foram libertos da morte (Êx 12:1-30). O Senhor também almejava que as novas gerações conhecessem a sua história e os Seus feitos a fim de que temessem o Seu nome. Então, o Senhor instituiu a festa da Páscoa como comemoração perpétua. Seria, então, um memorial ao Todo-Poderoso, por isso deveria ser celebrada todos os anos. A refeição da Páscoa assinalava o início da Festa dos Pães Ázimos (Êx 12:18), que prenunciava a importância da fé no Cordeiro sacrifical e a obediência a Ele. Os fiéis deviam sinceramente arrepender-se do pecado e viver para Deus, em humilde gratidão.

A palavra “Páscoa” significa “passagem”, pois lembrava os primogênitos de Israel que foram poupados. Ao ver o sangue do cordeiro na verga da porta, o anjo da morte “passou” sobre a casa dos israelitas, sem retirar a vida do primogênito que ali se encontrava (Êx 12:12,13). O âmago do evento da Páscoa é a graça salvadora de Deus. Deus tirou os israelitas do Egito, não porque eles eram um povo merecedor, mas porque Ele os amou e porque Ele era fiel ao seu concerto (Dt 7:7-10). Semelhantemente, a salvação que recebemos de Cristo nos vem através da maravilhosa graça de Deus (Ef 2:8-10; Tt 3:4,5). A Páscoa era a figura mais proeminente da morte de Jesus, tendo servido de seu prenúncio desde o dia da primeira Páscoa até o dia mesmo da prisão do Senhor, que se deu no dia anterior à mesma (Lc 22:15).

I. A PÁSCOA

Depois de os descendentes de Abraão, Isaque e Jacó passarem mais de quatrocentos anos de servidão no Egito, Deus decidiu libertá-los da escravidão. Suscitou Moisés e o designou como o líder do êxodo. Em obediência ao chamado de Deus, Moisés compareceu perante Faraó e lhe transmitiu a ordem divina: "Deixa ir o meu povo”. Para conscientizar Faraó da seriedade dessa mensagem da parte do Senhor, Moisés, mediante o poder de Deus, invocou pragas como julgamentos contra o Egito. No decorrer de várias dessas pragas, Faraó concordava em deixar o povo ir, mas, a seguir, voltava atrás, uma vez a praga sustada. Soou a hora da décima e derradeira praga, aquela que não deixaria aos egípcios nenhuma outra alternativa senão a de lançar fora os israelitas. Deus mandou um anjo destruidor através da terra do Egito para eliminar "todo primogênito... desde os homens até aos animais" (Êx 12:12).

Visto que os israelitas também habitavam no Egito, como poderiam escapar do anjo destruidor? O Senhor emitiu uma ordem específica ao seu povo; a obediência a essa ordem traria a proteção divina a cada família dos hebreus, com seus respectivos primogênitos. Cada família tinha de tomar um cordeiro macho de um ano de idade, sem defeito e sacrificá-lo ao entardecer do dia quatorze do mês de Abibe (Êx 12:4). Parte do sangue do cordeiro sacrificado, os israelitas deviam aspergir nas duas ombreiras e na verga da porta de cada casa. Quando o destruidor passasse por aquela terra, ele passaria por cima daquelas casas que tivessem o sangue aspergido sobre elas (daí o termo Páscoa, do hebraico “pessach”, que significa "pular além da marca", "passar por cima"). Assim, pelo sangue do cordeiro morto, os israelitas foram protegidos da condenação à morte executada contra todos os primogênitos egípcios. Deus ordenou o sinal do sangue, não porque Ele não tivesse outra forma de distinguir os israelitas dos egípcios, mas porque queria ensinar ao seu povo a importância da obediência e da redenção pelo sangue, preparando-o para o advento do "Cordeiro de Deus”, que séculos mais tarde tiraria o pecado do mundo (João 1:29).

Naquela noite específica, os israelitas deviam estar vestidos e preparados para viajar (Êx 12:11). A ordem recebida era para assar o cordeiro e não fervê-lo, e preparar ervas amargas e pães sem fermento. Ao anoitecer, portanto, estariam prontos para a refeição ordenada e para partir apressadamente, momento em que os egípcios iam se aproximar e rogar que deixassem o país. Tudo aconteceu conforme o Senhor dissera (Êx 12:29-36). A partir daquele momento da história, o povo de Deus ia celebrar a Páscoa, obedecendo às instruções divinas de que aquela celebração seria "estatuto perpétuo" (Êx 12:14). Era, porém, um sacrifício comemorativo, exceto o sacrifício inicial no Egito, que foi um sacrifício eficaz (Fonte:Bíblia de Estudo Pentecostal).

Diante do que foi exposto, o que significa a Páscoa para os egípcios, para Israel e para nós cristãos?

1. Para os egípcios. A saída do povo de Israel significava prejuízo financeiro. Evidentemente, o escravo representava um capital para o dono e este não aceitava facilmente perder o seu escravo. Assim também Faraó não aceitava facilmente perder os seus escravos, que construíram as suas cidades (cf. Êx 1:11), só se fosse obrigado por um Ser mais poderoso do que ele. Por isso, a história da saída de Israel do Egito relata a verdadeira batalha entre Deus dos hebreus e Faraó, para obrigar este a soltar os seus escravos, o povo hebreu. O desfecho final foi o julgamento de Deus sobre Faraó para com as atrocidades cometidas pelos egípcios contra os meninos hebreus. Deus é misericordioso, longânimo e deseja que todos se salvem (2Pe 3:9), porém, Ele é também um juiz justo que se ira contra o pecado e a idolatria (Sl 7:11). Está escrito: “Porque Deus há de trazer a juízo toda obra e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau” (Ec 12:14).

2. Para Israel. A Páscoa é para Israel o que o dia da independência é para um país, e mais ainda. O último juízo sobre o Egito e a provisão do sacrifício pascoal possibilitaram o livramento da escravidão, a passagem para a liberdade, para uma vida vitoriosa e abundante; significou também a peregrinação do povo para a Terra Prometida. O Egito, a escravidão e Faraó ficariam para trás. Além do livramento do Egito, a Páscoa se constituiu em primeiro dia do ano religioso dos hebreus e o começo de sua vida nacional (Êx 12:1). Em vista disso, se percebe a relevância desta celebração para a nação de Israel.

Assim como Israel não poderia se esquecer de tal celebração, nós também jamais poderemos nos esquecer do sacrifício remidor do nosso Redentor, Jesus Cristo. Jamais se esqueça que Cristo morreu em seu lugar. Este é um dos princípios da Ceia do Senhor. Todas as vezes que participarmos da Ceia temos que recordar da nossa passagem, da escravidão do pecado, para uma nova vida em Cristo (1Co 5:17). Jesus declarou: "Fazei isto em memória de mim" (1Co 11:24,25).

3. Para nós. Para nós cristãos, a Páscoa é um símbolo profético da morte de Cristo, da salvação e do andar pela fé a partir da redenção (1Co 5:6-8), isto é, a redenção pelo sangue de Jesus Cristo. Cristo veio ao mundo, morreu e ressuscitou ao terceiro dia, para nos libertar do jugo do pecado e nos dar vida abundante, vida eterna (João 3:16; 10:10). Israel foi salvo da ira divina e liberto da escravidão, nós também estávamos destinados a experimentar da ira divina, mas Cristo, o Cordeiro Pascal, nos substituiu na cruz do calvário. Em Cristo fomos redimidos dos nossos pecados - “[...] Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós” (1Co 5:7b).

II. OS ELEMENTOS DA PÁSCOA

1. O Pão - “pães ázimos”. De acordo com a descrição bíblica, o pão deveria ser sem fermento. A massa não deveria passar pelo processo de fermentação, ou seja, seria levada ao fogo tão logo estivesse pronta, sem ter de esperar para crescer. A ideia era mostrar que os israelitas teriam pouco tempo para preparar sua última refeição como escravos, pois logo sairiam para uma grande jornada.

Na Bíblia, o fermento normalmente simboliza o pecado e a corrupção (ver Êx 13:7; Mt 16:6; Mc 8:15). Os pães ázimos representavam a separação entre os israelitas redimidos e o Egito, isto é, o mundo e o pecado. Semelhantemente, o povo redimido por Deus, a Igreja, é chamado para separar-se do mundo pecaminoso e dedicar-se exclusivamente a Deus.

Na Páscoa cristã – a Santa Ceia – o Pão é também um dos elementos. O Pão da Ceia não é o corpo verdadeiro (literal) de Cristo, nem está ele presente invisivelmente, é somente o símbolo do Cristo perfeito. Representa a sua encarnação, que ele tomou um corpo humano e deixou sua glória (João 1:14), nasceu de uma virgem  e viveu entre os pecadores em perfeição de conduta, doutrina e voluntariamente. Era ele um Homem perfeito, idôneo para servir de sacrifício pelos nossos pecados (Hb 7:26; 2Co 5:21). Ele partiu o pão da Ceia significando que ia se sacrificar em resgate da humanidade caída e escravizada pelo Diabo.

Na noite em que foi traído, Jesus e os discípulos estavam comendo o cordeiro pascal. Em dado momento da festa, Jesus pegou o pão e o abençoou e distribuiu aos discípulos dizendo: “Tomai, comei, isto é o meu corpo”. Observe que Jesus após cear tomou o pão, ou seja, após comer o cordeiro pascal, que foi preparado pelos discípulos no dia dos pães ázimos, é que instituiu o cerimonial em sua memória tomando o pão e o abençoando (ver Lc 22:7) – “E, tomando o pão e havendo dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isso em memória de mim”(Lc 22:19). Jesus mandou que os discípulos pegassem o pão e comessem, pois o pão estava representando o seu corpo que fora entregue por todos nós. Jesus aponta o objetivo pela qual deveriam pegar e comer do pão: manter viva a memória do seu nome.

2. As ervas amargas – “E naquela noite comerão a carne assada no fogo, com pães ázimos; com ervas amargosas a comerão” (Êx 12:8). As “ervas amargas” simbolizam a amargura vivida no Egito, que não deveria ser esquecida, para que nunca mais fosse experimentada (Êx 1:14). O sacrifício se daria com sofrimento. O Senhor Jesus disse que no mundo teríamos aflições e que elas fariam parte da nossa caminhada, a exemplo do que aconteceu com Ele mesmo como homem.

3. O Cordeiro (Êx 12:3-7). O cordeiro pascal era um "sacrifício" (Êx 12:27) a servir de substituto do primogênito; isto prenuncia a morte de Cristo em substituição à morte do ser humano (ver Rm 3:25). Paulo expressamente chama Cristo nosso Cordeiro da Páscoa, que “foi sacrificado por nós” (1Co 5:7).

O cordeiro macho separado para morte tinha de ser "sem mácula" (Êx 12:5); esse fato prefigura a impecabilidade de Cristo, o perfeito Filho de Deus (João 8:46) - “porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado  (Hb 4:15). Esta escolha dava-se no dia dez do mês de Nisã (mês que se situa entre os meses de março e abril do nosso calendário). Após essa escolha, os israelitas deveriam guardar o cordeiro até o dia quatorze do mês, quando, então, seria imolado (Êx 12:5,6).

Verificado que o cordeiro pascal nenhuma mancha tinha, na tarde do dia quatorze, deveria ser sacrificado (Êx 12:6). Flávio Josefo, o grande historiador judeu, informa-nos que este sacrifício se dava entre as três e cinco horas da tarde, o que é mais uma demonstração de que apontava para a morte de Jesus, pois, como informa a Bíblia, Jesus morreu por volta da hora nona, ou seja, três horas da tarde (Mt 27:46; Mc 15:34; Lc 23:44), devendo ter sido retirado da cruz por volta das cinco horas da tarde, já no término do dia, que era o da preparação da páscoa (João 19:38-42).

O cordeiro, uma vez sacrificado, deveria ser assado, inteiro, sendo comido, então, à noite, com pães ázimos e ervas amargas (Êx 12:8,9), queimando-se tudo o que restasse naquele mesmo dia (Êx 12:10). Isto nos fala, também, que o sacrifício de Jesus era completo, não teria de ser repetido, nem restaria algo a ser realizado depois de sua efetivação. O sacrifício se daria com sofrimento (ervas amargas) e com sinceridade (os pães ázimos), mas traria vida ao povo de Deus. O fato de o cordeiro ser assado e, depois, retirado do forno para ser consumido, também tipificava a ressurreição de Cristo.

Cristo é o nosso Cordeiro Pascal (João 1:29). Ele morreu para trazer a redenção a toda humanidade. Ele é o nosso Redentor. Da mesma forma que, no Egito, o cordeiro pascal foi sacrificado, o Senhor Jesus Cristo também o foi. A diferença reside no fato de que o cordeiro do Êxodo não foi voluntário para verter seu próprio sangue. Jesus Cristo se ofereceu para esse sacrifício. O sacrifício de Cristo nos trouxe vida, da mesma forma que o sacrifício do cordeiro no Egito preservou a existência dos primogênitos hebreus. A diferença é que o sacrifício de Cristo oferece vida não apenas aos filhos mais velhos de cada família, mas a todos que aceitarem pela fé o sacrifício de Cristo, se arrependendo de seus pecados e se converterem dos seus maus caminhos.

III. CRISTO, NOSSA PÁSCOA

“[...] Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós” (1Co 5:7b).

1. Jesus, o Pão da Vida (João 6:35,48,51). Jesus, certa feita, disse que era o Pão da vida – “E Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome...” (João 6:35). Jesus dizer que é o Pão da Vida é para Ele o mesmo que dizer: “Eu sou o sustento da vida de vocês”. Da mesma forma que o pão fornece aos nossos corpos força e nutrição, Jesus, o verdadeiro Pão do Céu, veio para fortalecer e nutrir o seu povo, para que jamais tenham fome e nunca tenham sede.

Ninguém além de Jesus é o Pão que dá a vida eterna. Por ocasião da jornada no deserto do povo de Israel, Deus o proveu de “maná”, o pão que descia do céu, mas o “maná” foi um pão físico e temporal. O povo o comia e se sustentava por um dia. Mas era necessário que conseguissem mais pão todos os dias, e este pão não poderia impedi-los de morrer. Sem diminuir o papel de Moisés, Jesus apresentou a Si mesmo como o Pão espiritual do Céu que satisfaz completamente, e que conduz à vida eterna.

2. O Sangue de Cristo (1Co 5:7; Rm 5:8,9). O sangue de Cristo é a chave do céu”. Afinal, o que seria o Evangelho sem a morte de Nosso Senhor? Nem Evangelho haveria; ela é a garantia de nossa vida eterna. Portanto, seu Sacrifício era indispensável. Veja o que a Bíblia diz: “... Sem derramamento de Sangue não há remissão”(Hb 9:22). Aqui mostra que para Deus perdoar o pecado era preciso derramamento de sangue vicário. Daí, o nosso perdão depender da morte de Jesus na cruz.

Por ocasião da primeira Páscoa, no Egito, o sangue do cordeiro deveria ser aspergido na verga e nas umbreiras das portas dos israelitas. Essa atitude, em obediência ao mandado de Deus, deveria ser efetivada para que o anjo da morte passasse sobre a casa e não ferisse o primogênito (Êx 12:7). O sangue de Jesus foi derramado para que pudéssemos passar da morte para a vida (João 5:24), para que, antes longe de Deus, pudéssemos chegar perto dEle (Ef 2:13), e toda vez que houver acusação contra nós, Deus vê o Sangue de Jesus em nós (que são as casas – Hb 3:6) e, por isso, não somos dEle separados, mas mantidos em comunhão com o Senhor. Aleluia!

Quando da instituição da Santa Ceia, por ocasião de sua última participação de refeição pascal (veja Mt 26:26-28), Jesus disse que a “Nova Aliança” da graça seria ratificada pelo seu precioso sangue derramado por muitos par remissão dos pecados, ou seja, seu sangue seria eficaz para remir os pecados de todos aqueles que aceitarem pela fé o seu sacrifício - “Porque isto é o meu sangue, o sangue do Novo Testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados” (Mt 26:28). Portanto, “se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1João 1:7). O apóstolo Paulo expressou: “... Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira” (Rm 5:8,9).

3. A Santa Ceia. À época de Cristo, a Páscoa era a festa por excelência, a grande festa dos judeus. O rito não só olhava retrospectivamente para aquela noite no Egito, mas também, antecipadamente, para o dia da crucificação.

A Ceia foi instituída pelo Senhor (1Co 11:23) na sua última refeição da Páscoa (Mt 26:26-29; Mc 14:22-­25; Lc 22:15-20). Ela é uma das festas mais solene da Igreja, de muitíssima importância. A sua importância relaciona-se com o passado, o presente e futuro.

- Quanto a sua importância no passado, é um ato “memorial” da morte de Cristo no Calvário, para nos remir da condenação (Lc 22:19; 1Co 11:24-26) – “...Fazei isto em memória de mim...”. Na celebração da Santa Ceia, as nossas mentes se voltam para o Calvário, relembrando o Sacrifício de Jesus, em nosso favor. Embora que em todo tempo devemos lembrar-nos deste santo sacrifício, todavia, temos um dia especifico e oportuno para esta comemoração e meditação.

- Quanto a sua importância no Presente, a Santa Ceia expressa a nossa “comunhão” (gr. koinonia) com Cristo e, de nossa participação nos benefícios oriundos da sua morte sacrifical e ao mesmo tempo expressa a nossa “comunhão” com os demais membros do corpo de Cristo (1Co 10:16,17). A Santa Ceia é o símbolo da nossa união com Cristo.

- Quanto a sua importância no Futuro, a Santa Ceia é um ato que antevê a volta iminente de Jesus Cristo para arrebatar a Sua Igreja e, um antegozo em podermos participar com Cristo, na Ceia das Bodas do Cordeiro. Uma das expectações de Paulo com relação à vinda de Cristo era a comemoração da Ceia do Senhor Jesus, quando esperançoso ele disse aos coríntios: “Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha” (1Co 11:26). Portanto, cada celebração da Ceia do Senhor Jesus é um antegozo e antecipação profética do grande banquete de casamento que está sendo preparado para a Igreja.

CONCLUSÃO

“Que culto é este vosso?” (Êx 12:26). Era dever dos pais hebreus usar a Páscoa para ensinarem aos filhos a verdade sobre a redenção da escravidão e do pecado, que Deus efetuara em seu favor e que através disso fez deles um povo especial sob seus cuidados e senhorio. Semelhantemente, a Ceia do Senhor – a Páscoa do povo de Deus da Nova Aliança - tem o propósito de lembrar-nos da salvação em Cristo e da nossa redenção do pecado e da escravidão a Satanás – “Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim. Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que venha” ( 1Co 11:25,26). Amém!!

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Assembleia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Revista Ensinador Cristão – nº 57 – CPAD.

Eugene H. Merrill – História de Israel no Antigo Testamento. CPAD.

Paul Hoff – O Pentateuco. Ed. Vida.

Leo G. Cox -  O Livro de Êxodo - Comentário  Bíblico Beacon. CPAD.

Victor P. Hamilton - Manual do Pentateuco. CPAD.

Alexandre Coelho – Uma jornada de Fé (Moisés, o Êxodo e o Caminho à Terra Prometida). CPAD.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Aula 03 - AS PRAGAS DIVINAS E AS PROPOSTAS ARDILOSAS DE FARAÓ


1º Trimestre/2014

 
Texto Básico: Êxodo 3:19,20;7:4,5;8:8,25;10:8,11,24

 

“Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo” (Ef 6:11)

INTRODUÇÃO


Israel foi libertado do cativeiro mediante atos miraculosos do Senhor (Êx cap.7-11). Os relatos bíblicos descrevem as dez pragas enviadas contra Faraó, em sua pretensão de ser deus, e contra todo sistema religioso dos egípcios, cuja adoração voltava-se aos elementos da natureza, como o rio Nilo, o Sol e também os animais. Ao fim dessas manifestações de poder, tanto israelitas quanto egípcios precisaram reconhecer três verdades fundamentais: (a) todos os ídolos do Egito eram falsos; (b) somente Jeová é o único e verdadeiro Deus; (c) Jeová é Deus tremendo, não apenas da terra e do povo hebreu, mas de todo o universo e de todos os povos.

Nesta Aula, examinaremos duas situações que ocorreram por ocasião da presença dos hebreus no Egito: as pragas enviadas por Deus e as propostas ardilosas e destruidoras de Faraó no sentido de manter os hebreus cativos. A partir da ocorrência da segunda praga (a das rãs, Êx 8:1-15), Faraó passa a fazer uma série de propostas ardilosas e destruidoras a Moisés e Arão. Precisamos de discernimento a fim de não cairmos nos ardis de Satanás.

I. AS PRAGAS ENVIADAS E A PRIMEIRA PROPOSTA DE FARAÓ


As dez pragas foram todas de caráter judicial. Abateram-se sobre o Egito após cada recusa do Faraó em permitir a partida de Israel. A última dessas pragas foi a morte dos primogênitos, que atingiu até mesmo a própria família do Faraó. Cada praga era uma afirmação da superioridade de Jeová sobre a divindade (ou deuses) responsável pela área da natureza que estava sendo particularmente atingida. Elas eram autênticos derramamentos da ira de um soberano Deus que desejou mostrar, paro todo o Egito e também para o seu povo, que Ele é o Senhor de toda Terra e Céu, o único perfeitamente capaz de resgatar o seu povo da penosa escravidão no Egito, fazendo com eles uma aliança, tornando-os seus servos. Quando sobreveio a última praga, havendo Jeová destruído toda autoconfiança humana, Faraó rendeu-se e permitiu que Moisés e seu povo partissem (Ex 12:31,32). Deus poderia simplesmente retirar Ele mesmo o povo da escravidão, mas preferiu usar Moisés como instrumento para aquela obra. Isso nos deve fazer lembrar de que Deus tem todo o poder, e pode fazer o que desejar, mas ainda assim, em muitas situações, prefere se valer de instrumentos humanos para executar sua vontade.

1. Pragas atingem o Egito (Êx 7:19-12:33). Segundo Paul Hoff, as pragas foram a resposta de Deus à pergunta de Faraó: "Quem é o SENHOR, cuja voz eu ouvirei?" (veja 7:17). Cada praga foi, por outro lado, um desafio aos deuses egípcios e uma censura à idolatria. Os egípcios prestavam culto às forças da natureza tais como o rio Nilo, o Sol, a Lua, a Terra, o touro e muitos outros animais. Com o juízo de Deus sobre o Egito, as divindades egípcias davam evidente demonstração de sua impotência perante o Senhor, não podendo proteger os egípcios nem intervir a favor de ninguém.

Calcula-se que o período das pragas tenha durado pouco menos de um ano. As primeiras três pragas - sangue, rãs e piolhos -, caíram em todo o Egito, ou seja, tanto o povo hebreu como os egípcios foram atingidos, pois Deus quis ensinar a ambos os povos quem era o Senhor. Mas as sete seguintes castigaram somente os egípcios, para que soubessem que o Deus que cuidava de Israel era também o soberano do Egito e mais forte do que seus deuses (Ex 8:22; 9:14). As pragas foram progressivamente mais severas até que quase destruíram o Egito (Ex 10:7).

Os feiticeiros egípcios imitaram as duas primeiras pragas, mas, quando o Egito foi ferido de piolhos, confessaram que o poder de Deus era superior ao deles e que essa praga era realmente sobrenatural (Ex 8:18,19). Os magos não poderiam reproduzir a praga de úlceras porque eles próprios estavam cheios delas desde os pés até a cabeça. Não puderam livrar a si mesmos dos terríveis juízos, muito menos a todo o Egito.

Em resumo, as pragas cumpriram os seguintes propósitos:

- Demonstraram que o Senhor é o Deus supremo e soberano. Tanto os israelitas como os egípcios souberam quem era o Senhor.

- Derrotaram as divindades do Egito.

- Castigaram os egípcios por haverem oprimido aos israelitas e por lhes haverem amargado tanto a vida.

- Efetuaram o livramento de Israel e o prepararam para conduzir-se em obediência e fé.

A ordem das pragas é a seguinte:

a) A água do Nilo converteu-se em sangue (Êx 7:14-25). Foi um golpe contra Hapi, o deus das inundações do Nilo.

b) A praga das rãs (Êx 8:1-15). A terra ficou infestada de rãs. Os egípcios relacionavam as rãs com os deuses Hapi e Ekte. “Hapi”, o deus do Nilo, portador da fertilidade; “Hekt”, a deusa da fecundidade com cabeça de sapo. Em Êxodo 12:12, vemos o Senhor dizendo: “e sobre todos os deuses do Egito farei juízos”.

c) A praga dos piolhos (talvez mosquitos, Êx 8:16-19). O pó da terra, considerado sagrado no Egito, converteu-se em insetos muito importunadores.

d) Praga das moscas (Êx 8:20-32). Enormes enxames de moscas encheram o Egito. Deve ter sido um tormento para os egípcios. Foi um juízo de Deus sobre o deus “kheper”. Este deus egípcio tinha a forma de um besouro.

e) Morte do gado dos egípcios (Êx 9:1-7). Amom, rei dos deuses e protetor de faraós, era adorado em todo o Egito. Ele era representado por uma figura masculina com cabeça de carneiro ou como carneiro com uma tríplice coroa. No Baixo Egito eram adoradas diversas divindades cujas formas eram de carneiro, de bode ou de touro. A deusa Íris, rainha dos deuses, era representada com chifres de carneiro ou vaca na cabeça.

f) A praga das úlceras (Ex 9:8-12). As cinzas que os sacerdotes egípcios espalhavam como sinal de bênção causaram úlceras dolorosas. Deus estava avisando os egípcios de que Seus julgamentos não tinham limites.

g) A tempestade de trovões, raios e saraiva devastou a vegetação, destruiu as colheitas de cevada e de linho e matou os animais do Egito (Ex 9:13-35). Esse tipo de tempestade era quase desconhecido no Egito. O termo "trovão" em hebraico significa literalmente "vozes de Deus", e aqui se insinua que Deus falava em juízo. Os egípcios que escutaram a advertência misericordiosa de Deus, salvaram seu gado (Ex 9:20). Os hebreus não foram atingidos (cf. Êx 9:26).

h) A praga dos gafanhotos (Ex 10:1-6). A praga dos gafanhotos trazida por um vento oriental consumiu a vegetação que havia sobrado da tempestade de saraiva (Ex 10:1-20). Os deuses Isis e Seráfis foram impotentes, eles que supostamente protegiam o Egito dos gafanhotos.

i) As trevas (Ex 10:21-29). Foram três dias de densas trevas. As trevas que caíram sobre o Egito foram o grande golpe contra todos os deuses, especialmente contra , personificação do sol, rei dos deuses e pai da humanidade. Os luminares celestes, objetos de culto, eram incapazes de penetrar a densa escuridão. Foi um golpe direto contra o próprio Faraó, suposto filho do Sol.

j) A morte dos primogênitos (cap. 11 e 12:29-36). O Egito havia oprimido o primogênito do Senhor e agora eles próprios sofriam a perda de todos os seus primogênitos. O primogênito era a esperança, força e herdeiro da família. Nenhuma família do Egito estaria isenta. Quando o homem se recusa a ouvir, Deus sabe como falar de maneira que ele ouça. Nenhum israelita morreu. Foi a graça da redenção que fez a diferença. Há segurança em Jesus Cristo. Os hebreus foram uma figura de todos aqueles que foram comprados pelo sangue de Cristo em todas as épocas.

2. A primeira proposta: permitiu que os israelitas oferecessem sacrifícios dentro dos limites do Egito -  Então, chamou Faraó a Moisés e a Arão e disse: Ide e sacrificai ao vosso Deus nesta terra(Êx 8:25).

Com a incidência das pragas dos piolhos e das moscas, a vida dos egípcios se tornou um inferno. Com essas pragas, Faraó chama Moisés e Arão e lhes faz a seguinte proposta: “Ide e sacrificai ao vosso Deus nesta terra”. Ao que parece, Faraó foi convencido pelos piolhos e moscas enviados por Deus, por isso fez essa contraproposta. Mas essa contraproposta exigia que Israel cultuasse a Deus no próprio Egito, em meio aos falsos deuses. Veja que a escolha do local do sacrifício pertencia a Faraó, não a Deus. Mas esse não era o plano de Deus. Um povo separado por Deus e para Deus, e ao mesmo tempo misturado com os ímpios egípcios, como sendo um só povo, seria uma abominação ao Senhor. Deus exige santidade do seu povo: "E ser-me-eis santos, porque eu, o Senhor sou santo, e separei-vos dos povos, para serdes meus" (Lv 20:26).

Faraó barganha fraudulosamente. Mas, quando Deus ordena, não há lugar para barganhas com homens perversos. Moisés tinha a resposta na ponta da língua: “Não convém que façamos assim, porque sacrificaríamos ao SENHOR, nosso Deus, a abominação dos egípcios; eis que, se sacrificássemos a abominação dos egípcios perante os seus olhos, não nos apedrejariam eles?” (Ex 8:26). A adoração pretendida por Deus não foi planejada para ser feita em terras egípcias. Naquelas terras muitos israelitas morreram em sofrimento. Muitos bebês meninos foram lançados ao Nilo para morrerem afogados ou comidos por crocodilos. Naquelas terras os filhos de Deus haviam perdido sua liberdade. Deus pretendia receber culto e dar de presente aos filhos de Abraão uma nova terra pra viverem.

II. FARAÓ NÃO DESISTE


1. A segunda proposta de Faraó (Êx 8:28).Então, disse Faraó: Deixar-vos-ei ir, para que sacrifiqueis ao SENHOR, vosso Deus, no deserto; somente que indo, não vades longe; orai também por mim”.

Faraó estava tão angustiado e humilhado pela praga das moscas que começou a negociar os termos de sua rendição. Na primeira proposta, ele fez uma oferta para que Israel adorasse dentro das fronteiras do Egito (8:25), mas Moisés tinha a resposta na ponta da língua: não conviria aos israelitas sacrificarem no Egito, porque o sacrifício de animais sagradas aos egípcios lhes seria uma “abominação” (8:26), levando-os provavelmente a apedrejar os israelitas. Moisés indica que o local adequado à adoração seria a três dias de distância do Egito. Faraó reconheceu que Moisés tinha razão. Ele concordou em deixar Israel ir, mas somente a curta distância deserto a dentro – “não vades longe”. Faraó chega a pedir que Moisés “ore” por ele também, mas não parece um daqueles pedidos sinceros de oração, e sim a finalização de um discurso que não tem por objetivo ser realizado.

Moisés deu crédito na proposta de Faraó (talvez, entendendo as palavras “não vades longe” como referência aos três dias de viagem) e prometeu rogar ao Senhor (Êx 8:29). Deus, conforme a palavra de Moisés, retirou as moscas e não ficou uma só (Ex 8:31). A completa suspensão desta praga fez com que o rei ficasse mais inflexível e “não deixou o povo ir” (Ex 8:32). Apesar de tão grande apresentação do poder de Deus sobre os deuses egípcios, a vontade de Faraó estava cada vez mais renitente contra Deus e seu povo.

Podemos ver no Faraó uma ilustração do fato de que o temor, sozinho, nunca produz o verdadeiro arrependimento. Somente alguém convencido pelo Espírito Santo pode mudar de direção, mudar de vida, se arrepender de verdade.

Por que Faraó estava tão preocupado em não permitir que os hebreus fossem para longe dos termos do Egito, tendo em vista que era apenas um grupo de escravos? Certamente, para mantê-los no Egito e impedir-lhes a liberdade. Segundo o pr. Antônio Gilberto, o propósito de Faraó era vigiar e controlar os passos do povo de Israel. Segundo ele, “não vades longe” significa para o crente hoje o rompimento parcial com o pecado e com o mundo. É uma vida cristã sem profundidade, sem expressão e por isso sempre vulnerável. Atualmente, muitos já aceitaram esta proposta e querem viver um cristianismo sem compromisso com Deus e sem a cruz. Observe a mulher de Ló: saiu de Sodoma, mas não tirou Sodoma do seu coração e da sua mente, e perdeu-se (Gn 19:17,26;Lc 17:32). Isso pode acontecer com qualquer um que se conforma com o mundo. Veja o bom conselho de Paulo em Rm 12:1,2.

2. A terceira proposta de Faraó (Êx 10:7).E os servos de Faraó disseram-lhe: Até quando este nos dá de ser por laço? Deixa ir os homens, para que sirvam ao SENHOR, seu Deus; ainda não sabes que o Egito está destruído?”.

Deus enviaria outra praga ao Egito: a praga dos gafanhotos. Por causa das pragas anteriores, o Egito estava severamente arruinado em todos os seus segmentos, econômicos e sociais. Os prejuízos materiais estavam se avolumando, tornando insuportável a permanência dos israelitas em solo egípcio. Mas Faraó não pareceu entender assim. Ele não entendeu que estava lidando com um poder pessoal sobrenatural, sem precedentes na história do Egito. Ele não entendeu que estava lidando com o próprio Deus, que estava dando a ele oportunidades para que voltasse atrás em suas atitudes e deliberações e liberasse Israel. Então, os seus servos decidiram envolver-se na questão. Eles perceberam que enquanto o Deus de Moisés não recebesse seu culto, os egípcios sofreriam terrivelmente as consequências. Por esta razão, Moisés e Arão foram levados outra vez à presença de Faraó (Ex 10:8). Pela primeira vez, Faraó cedeu antes do início da praga. Deu permissão para os israelitas partirem, mas tentou fazer outro acordo. Ele permitiria a ida dos homens se deixassem suas famílias e rebanhos. Certamente, a proposta de faraó era uma proposta cruel, pois obrigaria os israelitas a separarem-se de seus filhos para que Deus fosse adorado.

Faraó manda lançar fora de sua presença Moisés e Arão, e deixa claro que as crianças não iriam, somente os homens - “Então, ele lhes disse: Seja o SENHOR assim convosco, como eu vos deixarei ir a vós e a vossos filhos; olhai que há mal diante da vossa face. Não será assim; andai agora vós, varões, e servi ao SENHOR; pois isso é o que pedistes. E os lançaram da face de Faraó”. Com esta proposta, Faraó garantiria a próxima geração de escravos no Egito. Com esta proposta, que é o mesmo desejo de Satanás, haveria uma miscigenação devastadora: as jovens deixadas no Egito se casariam com os incrédulos egípcios; por sua vez, os jovens hebreus a caminho de Canaã se casariam com moças pagãs, idólatras. Para ambos os casos as consequências seriam devastadoras aos descendentes de Abraão, pois haveria perda de identidade dos hebreus como povo do Senhor.

Concordo com Alexandre Coelho quando diz que Deus não nos chama para que O sirvamos sem que nossas famílias estejam incluídas tanto na adoração quanto na recepção de bênçãos. Ele deseja ser adorado por toda a família, da mesma forma que pretende abençoar toda a família. Ele deseja abençoar toda a família, no sentido de que ela seja salva, unida, coesa, forte, feliz e saudável. Oremos pelas famílias!

III. A PROPOSTA FINAL DE FARAÓ


Faraó destaca-se por sua teimosia ao enfrentar os juízos de Deus. Seu arrependimento foi superficial, transitório e motivado apenas pelo medo, não pelo reconhecimento da necessidade que tinha de Deus. Embora se mantivesse obstinado, quebrando sua promessa toda vez que uma praga era suspensa, ia cedendo mais e mais às exigências de Moisés. Primeiro, permitiu que os israelitas oferecessem sacrifícios dentro dos limites do Egito (Ex 8:25); depois, fora do Egito, mas não muito longe (Êx 8:28); mais tarde no deserto, distante, porém com a condição de que fossem somente os homens (Êx 10:7), e por fim, permitiu que todos pudessem ir longe para sacrificar, mas deixando seu gado no Egito (Ex 10:24).

1. A situação caótica do Egito. As pragas anteriores não ensinaram o Egito e seu monarca, e por isso Deus mandou outra praga: as trevas. Todo o Egito durante três dias seguidos ficou sem luz. Só havia luz na casa dos hebreus (Ex 10:21-23). A maioria dos estudiosos concorda que foi o hamsin, uma tempestade de areia tão temida no Oriente que ocasionou estas trevas. O milagre estava em que veio segundo a Palavra de Deus (Ex 10:21). As trevas eram tão densas que os homens não se viam uns aos outros. Toda a atividade comercial e empresarial cessou e a população egípcia ficou em casa. Era, sem dúvida, uma situação caótica.

2. A quarta e última proposta. Por três dias os egípcios conviveram com a escuridão. Isso foi grandiosamente caótico e deprimente ao povo e ao seu rei. O certo é que se no último encontro Moisés e Arão foram lançados da presença de Faraó, desta vez foram chamados com a seguinte proposta: "Ide, servi ao Senhor; somente fiquem ovelhas e vossas vacas" (Ex 10:24). O que esta proposta representava? A falta de sacrifícios, de entrega ao Senhor e de adoração. Como se não bastasse os anos de escravidão, Faraó queria impedir que aquilo que eles tinham conseguido com trabalho fosse negado a Deus. Todavia, Deus queria ser adorado com tudo o que o povo de Israel possuía, e isso incluía os animais para o sacrifício. Se o nosso tesouro estiver no Egito, a nossa adoração não terá nenhum valor (vide Mt 6:24-34). Evangelho sem a cruz de Cristo não é evangelho autêntico. Pense nisso!

Muitas pessoas sucumbem às sugestões malignas e aceitam as suas propostas. Mas, Moisés não! Ele declarou: “nem uma unha ficará” (Ex 10:26). Moisés sabia qual era a ordem de Deus, embora ainda não dispusesse de todas as razões. Esperava mais instruções conforme o desenrolar dos acontecimentos.

Segundo Leo G. Coc, os cristãos nunca conseguirão plena vitória enquanto derem lugar ao diabo. Há quem insista que um pequeno pecado não faz mal, ou que sempre fica algum mal no coração. Mas a Palavra de Deus é clara: “ Que [...] vos despojeis do velho homem” (Ef 4:22); “Despojai-vos também de tudo” (Cl 3:8); “Não deis lugar ao diabo” (Ef 4:27). Nenhum acordo com Satanás jamais resultará em vitória total ou liberdade completa para os filhos de Deus.

AS ARDILOSAS PROPOSTAS DE FARAÓ AO POVO DE DEUS
AS PROPOSTAS
CONSEQUENCIAS
“Ide e sacrificai ao vosso Deus nesta terra(Êx 8:25).
 
Banalização espiritual e moral.  Ecumenismo. Perda da identidade espiritual.
- Um povo separado por Deus e para Deus, e ao mesmo tempo misturado com os ímpios egípcios, como sendo um só povo, seria uma abominação ao Senhor. Deus exige santidade do seu povo: "E ser-me-eis santos, porque eu, o Senhor sou santo, e separei-vos dos povos, para serdes meus" (Lv 20:26). Ecumenismo? Em absoluto!
 
“somente que indo, não vades longe; orai também por mim” (Êx 8:28).
 
Parcialidade com o pecado. Vida cristã sem compromisso, sem santidade - “Um pé na igreja outro no mundo”.
- “não vades longe” significa para o crente hoje o rompimento parcial com o pecado e com o mundo. É uma vida cristã sem profundidade, sem compromisso com Deus, com a doutrina autêntica, com a igreja, com a santidade; é uma vida superficial, sem consagração a Deus e ao seu serviço; é uma vida cristã sem expressão e por isso sempre vulnerável.
“Deixa ir os homens, para que sirvam ao SENHOR, seu Deus” (Êx 10:7)
Miscigenação devastadora - perda de identidade dos hebreus como povo do Senhor.
- Com esta proposta, Faraó garantiria a próxima geração de escravos no Egito. Com esta proposta, que é o mesmo desejo de Satanás, haveria uma miscigenação devastadora: as jovens deixadas no Egito se casariam com os incrédulos egípcios; por sua vez, os jovens hebreus a caminho de Canaã se casariam com moças pagãs, idólatras. Para ambos os casos as consequências seriam devastadoras aos descendentes de Abraão, pois haveria perda de identidade dos hebreus como povo do Senhor.
"Ide, servi ao Senhor; somente fiquem ovelhas e vossas vacas" (Ex 10:24).
Incompletude - Ausência de sacrifícios, de entrega ao Senhor e de adoração. Culto desvalioso para Deus.
- Deus queria ser adorado com tudo o que o povo de Israel possuía, e isso incluía os animais para o sacrifício. Se o nosso tesouro estiver no Egito, a nossa adoração não terá nenhum valor (vide Mt 6:24-34). Evangelho sem a cruz de Cristo não é evangelho autêntico. Qualquer acordo com Satanás jamais resultará em vitória total ou liberdade completa para os filhos de Deus.
 

 

CONCLUSÃO


Cada proposta de Faraó foi rejeitada. Façamos o mesmo. Que tenhamos o discernimento adequado para, da mesma forma, rejeitar aquilo que o mundo tenta nos impor como correto. Satanás vai nos tentar com muitas propostas. Ele tentou o Filho de Deus, mas foi derrotado. Jesus derrotou o Diabo utilizando a Palavra de Deus. Portanto, faça uso da Bíblia, a Palavra de Deus, pois ela é uma arma poderosa contra as propostas ardilosas do Inimigo.

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Assembleia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Revista Ensinador Cristão – nº 57 – CPAD.

Eugene H. Merrill – História de Israel no Antigo Testamento. CPAD.

Paul Hoff – O Pentateuco. Ed. Vida.

Leo G. Cox -  O Livro de Êxodo - Comentário  Bíblico Beacon. CPAD.

Victor P. Hamilton - Manual do Pentateuco. CPAD.

Alexandre Coelho – Uma jornada de Fé (Moisés, o Êxodo e o Caminho à Terra Prometida). CPAD.