No 1º Trimestre letivo de 2019, estudaremos,
através das Lições Bíblicas da CPAD, sobre o tema o seguinte tema inédito: “Batalha
Espiritual – O povo de Deus e a guerra contra as potestades do mal”. O comentarista das lições é o pastor Esequias Soares - Pastor-presidente
da Assembleia de Deus em Jundiaí (SP), graduado em Hebraico, mestre em Ciências
da Religião, comentaristas das Lições Bíblicas, autor de livros da CPAD e
presidente da Comissão de Apologética da CGADB. As Lições estão distribuídas
sob os seguintes temas:
Lição 1 - Batalha Espiritual – A
Realidade não Pode Ser Subestimada.
Lição 2 - A Natureza dos Anjos –
A Beleza do Mundo Espiritual.
Lição 3 - A Natureza dos
Demônios – Agentes da Maldade no Mundo Espiritual.
Lição 4 - Possessão Demoníaca e
a Autoridade do Nome de Jesus.
Lição 5 - Um Inimigo que Precisa
Ser Resistido.
Lição 6 - Quem Domina a sua
Mente.
Lição 7 - Tentação – A Batalha
por nossas Escolhas e Atitudes.
Lição 8 - Nossa Luta não é
contra Carne e Sangue.
Lição 9 - Conhecendo a Armadura
de Deus.
Lição 10 - Poder do Alto contra
as Hostes da Maldade.
Lição 11 - Discernimento de
Espíritos – Um Dom Imprescindível.
Lição 12 - Vivendo em Constante
Vigilância.
Lição 13 - Orando sem Cessar.
Batalha Espiritual é um tema
inédito na Escola Bíblia Dominical. O comentarista, pastor Esequias Soares,
tratará do assunto estritamente sob o ponto de vista bíblico, alertando a
Igreja para o perigo do moderno movimento de “batalha espiritual”, com seus
excessos e que cresceu muito a partir da década de 90, trazendo confusão para a
vida dos crentes, e chamando a atenção para a verdadeira Batalha Espiritual à
luz da Bíblia.
Em
linhas gerais, o conceito de Batalha Espiritual na Bíblia ressalta que “todo o
mundo está no maligno” (1João 5:19), que existem seres malignos e espirituais
que desde o princípio conspiram contra Deus e contra os seres humanos para a
destruição e o caos no mundo, e que os cristãos se opõem a essas forças
malignas pela pregação do Evangelho, pela oração e pelo poder da Palavra de
Deus. Os demônios existem, eles são reais e manifestam-se de várias maneiras,
principalmente nas pessoas possessas, e tais espíritos precisam ser expulsos. A
essa oposição dos crentes chamamos “batalha espiritual”, assunto que todos
devemos tratar com seriedade e muita responsabilidade.
A Batalha
Espiritual tem várias facetas, e ela começou lá no Éden, quando, pela primeira
vez o ser humano se viu frente a frente com o inimigo. Desde então, batalhas
são enfrentadas a cada dia, até que venha o grande Dia do Senhor, quando Ele
mesmo destruirá, para sempre, os principados e as potestades malignas.
Depois
de tantos modismos a respeito de “batalha espiritual” nos últimos anos, alguns
devem ainda se perguntar: “afinal, a batalha espiritual é um erro ou há suporte
para essa doutrina na Bíblia?”. A Batalha Espiritual tem, sim, fundamentação bíblica.
No entanto, não chamaria o assunto “batalha espiritual” de doutrina, tanto que
não há na Declaração de Fé das Assembleias de Deus um capítulo dedicado a isso.
Batalha Espiritual
faz parte da vida cristã, porque os crentes vivem uma constante luta contra o pecado.
O problema surge quando são criados métodos e práticas que não tem sustentação
bíblica e são impostos como se o tivessem.
Os
modismos mais usuais nestes últimos dias da Igreja do Senhor neste mundo,
relacionados à suposta batalha espiritual, são: Maldição Hereditária, Mapeamento
Espiritual, Espíritos Territoriais e a Expulsão de Demônios dos próprios crentes.
Estas são práticas que acompanham o ensino da falsa batalha espiritual. São
práticas relacionadas a crendices populares e que confundem o discernimento do
que seriam realmente os desafios da vida cristã; são práticas que atrapalham o
relacionamento do crente com Deus, a comunhão dos irmãos e irmãs dentro da
igreja, e o envolvimento da igreja com as pessoas de fora; são práticas que, ao
invés de transformarem vidas e produzirem novas criaturas que glorifiquem o
nome de Jesus, geram confusão e valorizam as obras malignas que já foram
vencidas na cruz. Daremos mais detalhes dessas inovações na Primeira Lição do
trimestre letivo.
É
possível um crente redimido ficar possesso por demônios? Esse assunto já
aparece na primeira lição do trimestre. Sendo o crente templo do Espirito Santo
(1Co.3:16; 6:19; Ef.2:22), ou seja, um corpo dedicado em santificação ao
Senhor, não há espaço para demônios o tomarem e possuírem. Está escrito:
“Sabemos que todo aquele
que é nascido de Deus não peca; mas o que de Deus é gerado conserva-se a si
mesmo, e o maligno não lhe toca” (1João 5:18).
Os
divulgadores da suposta batalha espiritual desenvolveram teorias estranhas à
Bíblia sobre a composição do ser humano para explicarem a possessão demoníaca
dos centres. Interpretam corpo, alma e espírito do ser humano como dependências
isoladas entre si, contrariando toda a antropologia bíblica. Além disso, eles
pinçam textos da Bíblia aqui e ali, fora do contexto, para ajustá-la às suas
ideias. É bom enfatizar que a pessoa, quando liberta pelo Senhor Jesus, passa a
ser propriedade exclusiva de Jesus, passando a estar debaixo da proteção
divina.
Entre
alguns segmentos neopentecostais é comum se invocar a presença dos demônios
para depois “expulsá-los”. O curioso é que os espíritos imundos têm padrão de
comportamento manifesto nos supostos endemoninhados, há uma forma
estereotipada: essas pessoas ficam encurvadas para frente com os dois braços
para traz e os dedos das mãos para cima. É verdade que os demônios podem se
manifestar num culto, e o Senhor Jesus deu poder aos crentes para expulsá-los
(Mt.10:8; Mc.16:17), e isso tem acontecido diversas vezes em nosso meio, mas
nunca se tornar elemento de exibição ou de propaganda para levantar ofertas.
Objetivo do culto cristão é adorar a Deus invocando o nome de Jesus, e não
chamar o Diabo e fazer dele um instrumento de exibição, e de uma falsa batalha
espiritual, que só confunde os incautos.
Alguns
teólogos chamam de simonia a
“deliberada vontade de comprar ou vender algo espiritual”. A palavra vem de
Simão mágico, de Samaria, que pretendeu comprar com dinheiro as coisas
espirituais (cf. Atos 8:18-21). Hoje, este termo é aplicado aos mercadores da
fé que oferecem por dinheiro as bênçãos divinas. Com essas práticas, eles
transformam os cultos em festivais de ofertas e em reuniões de exibições de
atos aparentemente sobrenaturais para manipular os presentes. São práticas
litúrgicas que desonram a Deus. Geazi, servo do profeta Eliseu (2Rs.5:20-27),
foi castigado por muito menos do que hoje se faz em diversas igrejas locais
pelo mundo todo, principalmente aqui no Brasil.
O que as Escrituras Sagradas afirmam sobre Batalha Espiritual?
No Antigo Testamento, lemos sobre
batalhas espirituais, em que o reino maligno luta contra o reino da luz. O
confronto entre o profeta Micaías e os falsos profetas liderados pelo falso
profeta Zedequias (1Reis 22:6-28) e o relato paralelo em 2Crônicas cap. 18 são
exemplos clássicos.
Há
também o relato no livro de Jó sobre o diálogo de Deus com Satanás nos dois
primeiros capítulos. Não podemos olvidar o registro bíblico da grande batalha
travada entre o arcanjo Miguel e as potestades com relação à resposta da oração
de Daniel. O capítulo 10 de Daniel mostra que enquanto Daniel orava e jejuava,
estava sendo travada uma batalha espiritual de grande magnitude. O príncipe da
Pérsia (isto é, um anjo maligno) estava impedindo que Daniel recebesse do anjo
a mensagem de Deus. Por causa desse conflito, Daniel teve que esperar vinte um
dias para receber a revelação. Esse “príncipe da Pérsia” não era um potentado
humano, mas um anjo satânico. Só foi derrotado quando Miguel, o príncipe de
Israel (Dn.10:21), chegou para ajudar o anjo mensageiro. Os poderes satânicos
queriam impedir o recebimento da revelação, mas o príncipe angelical de Israel
(Dn.12:1) demonstrou sua superioridade (cf.Ap.12:7-12). Esse incidente nos dá
um vislumbre das batalhas invisíveis que são travadas na esfera espiritual a
nosso favor. Note que Deus já tinha respondido a oração de Daniel, mas que a
ação satânica retardou a resposta da mensagem por vinte e um dias. Visto que o
crente sabe que Satanás sempre quer impedir nossas orações (2Co.2:11), deve
perseverar na oração (cf.Lc.18:1-8).
No Novo Testamento, há a possessão
do gadareno e a expulsão dos demônios por Jesus, e a tentação de Jesus. Não há
dúvida que a tentação de Jesus no deserto foi uma batalha espiritual, e uma
batalha de quarenta dias. A primeira coisa que aprendemos nisso é que Satanás é
um inimigo derrotado (João 12:31; 16:11), e que o acontecido era o prenúncio da
completa derrota final de Satanás. Deus expulsou Satanás do Céu (Is.14:12-15),
mas Jesus veio para expulsá-lo da terra (João 12:31). Todo o reino das trevas
ficou sabendo da derrota do seu maioral enquanto o Vencedor dava aos seus
discípulos poder para pisar todas as hostes do Inimigo (Lc.10:19).
É válido
dizer que uns ignoram a existência de uma batalha espiritual, enquanto outros a
supervalorizam a ponto de cair no fanatismo. Qual o ponto de equilíbrio quando
o assunto é batalha espiritual? Devemos tomar cuidado para não levar o povo ao
ceticismo e ao mesmo tempo conscientizá-lo da realidade da batalha espiritual
conforme a Bíblia.
Deve a
igreja ser vigilante, atentar para todas as artimanhas do adversário de nossas
almas, que anda ao derredor buscando a quem possa tragar (1Pd.5:8). Quando não
vigiamos, quando não estamos alerta, o inimigo facilmente se introduz na nossa
vida e, o que é mais grave, acaba tendo acesso ao nosso coração, como ocorreu
com Judas Iscariotes (João 13:2). A igreja deve estar sempre atenta e alerta, a
fim de não permitir que o adversário venha a nos enganar. Paulo exorta:
“No demais, irmãos meus,
fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a
armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do
diabo; porque não temos que lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os
principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século,
contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais” (Ef.6:10-12).
Conscientizemo-nos
de que estamos numa guerra espiritual. Satanás mantém todas as nações em
servidão a ele mesmo e não desiste com facilidade desse seu domínio. Na
realidade, ele resistirá a nós diante de cada passo que dermos ao longo do
caminho. A evangelização do mundo envolve uma guerra espiritual.
Quando
procuramos evangelizar, Satanás oferece-nos resistência (cf. 1Tss.2:18). Ele arrebata
a Palavra que fora semeada nos corações humanos (cf. Mt.13:19). E ele semeia o
joio no meio do trigo (cf. Mt.13:24). Esse joio são “os filhos do maligno”,
conforme ensinou o Senhor Jesus.
Uma
coisa é certa: Jesus está edificando a Sua Igreja, e as próprias portas do
inferno não são suficientemente poderosas para impedir o avanço dela
(cf.Mt.16:18).
Quando
entramos em batalha espiritual, temos a certeza da vitória final. Satanás e
todas as suas hostes foram derrotados de forma decisiva na cruz do Calvário.
Ali, Jesus, “tendo despojado os principados e potestades, os exibiu
publicamente” (Cl.2:15). Por meio de sua morte e ressurreição, Jesus “está à
destra de Deus, tendo subido ao céu; havendo-se-lhe sujeitado os anjos, e as
autoridades, e as potestades” (1Pd.3:22).
Mas,
apesar de nos ter sido garantida a vitória final, também fomos avisados de que
essa vitória não será fácil. É conforme disse Paulo: “... por muitas
tribulações nos importa entrar no reino de Deus” (Atos 14:22).
Nenhum
guerreiro poderia esperar ganhar uma batalha sem qualquer dor, sofrimento,
dificuldade e desencorajamento. Jesus, porém, nos conferiu os recursos de que
carecemos. Ele nos delegou autoridade espiritual para curar os enfermos, para
expulsar demônios, para derrubar fortalezas espirituais, para ligar e desligar
e, acima de tudo, para compartilhar as boas-novas de Jesus Cristo, a fim de que
homens e mulheres possam nascer de novo e ter os seus nomes escritos no céu.
Ele nos outorgou a completa armadura de Deus, bem como a espada do Espírito,
que é a Sua Palavra.
Que
neste trimestre possamos nos conscientizar que a batalha espiritual consiste na
luta contínua da Igreja contra o reino das trevas. A batalha é renhida e o
crente só vencerá com oração, jejum, comunhão com o Espírito Santo e submissão
plena às Escrituras Sagradas. Pense nisso!
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Ev. Luciano de Paula Lourenço