4º Trimestre/2018
"Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o
espírito está pronto, mas a carne é fraca" (Mt.26:41).
45. Quem é, pois, o servo fiel e prudente, que
o Senhor constituiu sobre a sua casa, para dar o sustento a seu tempo?
46. Bem-aventurado aquele servo que o Senhor,
quando vier, achar servindo assim.
47. Em verdade vos digo que o porá sobre todos
os seus bens.
48. Porém, se aquele mau servo disser consigo:
O meu senhor tarde virá,
49. e começar a espancar os seus conservos, e
a comer, e a beber com os bêbados,
50. virá o senhor daquele servo num dia em que
o não espera e à hora em que ele não sabe,
51. e separá-lo-á, e destinará a sua parte com
os hipócritas; ali haverá pranto e ranger de dentes.
INTRODUÇÃO
Dando continuidade ao estudo das Parábolas de Jesus, estudaremos nesta
Aula a respeito da “Vigilância Espiritual”. Visando ilustrar tão grande importância
na vida do Seu povo, Jesus aprofunda a necessidade de estarmos preparados para
Sua vinda, contando a Parábola dos Dois Servos, narrada em Mateus 24:45-51. A
vigilância ensinada por Jesus nesta Parábola retrata como devemos nos comportar
no mundo enquanto aguardamos a gloriosa Vinda e a Volta do Senhor. Digo “Vinda”,
referindo-se ao Arrebatamento da Igreja; “Volta”, referindo-se à parousia de
Cristo, quando Ele retornará, visivelmente, do mesmo local de onde partiu para
o Céu (Atos 1:10,11). A Vinda de Jesus Cristo é a grande doutrina do povo de
Deus. A sua iminência nos estimula a ter uma vida santa, não dissoluta e
sóbria. Esta esperança nos traz disposição para viver uma vida sóbria e santa.
Aguardemos a Vinda do nosso Senhor Jesus, vivendo uma vida sóbria e vigilante
contra as armadilhas do maligno, da natureza carnal, do pecado e das tentações.
O Senhor há de vir à hora em que não pensamos (Mt.24:44) e nos pedirá conta de
todas as nossas ações.
I. INTERPRETAÇÃO DA PARÁBOLA DOS DOIS SERVOS
Uma das consequências mais imediatas de uma vida de negligência com
relação à vinda do Senhor é o descuido com relação à santificação. O próprio
Jesus nos ensinou isto ao narrar a Parábola dos dois Servos. Ao contar esta
Parábola, Cristo falava a respeito da Sua volta à Terra. Antes, tinha contado
aos discípulos a respeito dos vários sinais que apareceriam naquela ocasião.
Notou as condições morais que existiriam, e declarou que formariam um paralelo
com aquelas condições dos dias de Noé (Mt.24:37-39). Falou da salvação e
preservação dos justos, conforme eram prefiguradas por Noé e sua família, e da
destruição dos ímpios no julgamento através do dilúvio. Falou em uma pessoa ser
levada, e outra, deixada. Falou do pai de família que, se soubesse em que hora
viria o ladrão, vigiaria e não deixaria que fosse arrombada a sua casa. Estava
demonstrando que, assim como o ladrão chega no horário mais imprevisível, assim
Cristo pegará muitos desprevenidos na Sua vinda. Era uma advertência para as
pessoas ficarem prontas, porque não sabiam em que hora Ele viria (Mt.24:42) – “Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora
há de vir o vosso Senhor”.
Em seguida, Jesus lhes contou a Parábola do Servo Fiel e do Mau Servo
(Mt.24:45-51). A Parábola é contada tendo como base uma comparação entre o
comportamento destes dois servos. Um servo manifesta seu verdadeiro caráter
pelo seu comportamento enquanto espera a volta do Senhor. Mas nem todos os que
professam ser servos de Cristo são servos genuínos.
1. O Servo bom e fiel. É aquele que é “achado servindo
assim” (Mt.24:46), ou seja, cuidando do serviço do Senhor com zelo, tendo
plena consciência de que ele pode voltar a qualquer momento. O tal será honrado
com grande responsabilidade no Reino. O Senhor lhe confiará todos os seus bens.
Na Parábola em comento, a casa referida é a casa de Deus, e os membros da
família são o Seu povo. O Senhor quer que seu povo seja alimentado com a
Palavra de Deus em tempo hábil. A Palavra é essencial.
Muitos pastores, hoje, ao invés de ensinarem as Escrituras, pregam
reforma social, filosofia, politica, tudo, menos a Palavra de Deus. O servo que
é fiel em toda a sua casa receberá a bênção do Senhor. Sim, ser-lhe-á dada uma
rica recompensa. A ele serão confiados todos os bens do seu Senhor.
A lição desta Parábola
é a fidelidade. A recompensa da
fidelidade é a promoção a um serviço numa esfera mais alta. Nosso serviço a
Deus não termina com nossa vida aqui na Terra. Continua no mundo porvir. Deus
tem um plano glorioso para aqueles que são fiéis no Seu serviço; envolverá Seu
grande programa de toda a eternidade futura. Entretanto, ser um servo fiel não
é fácil aqui neste mundo. Enquanto estamos aqui, muitos servos do Senhor
selaram e estão selando com o seu sangue a sua fidelidade a Cristo. A Bíblia
diz que todo aquele que quiser viver piedosamente em Cristo será perseguido
(2Tm.3:12). Paulo diz: "A vós foi dado o privilégio não apenas de crer em
Cristo, mas também de sofrer por ele" (Fp.1:29). Mas, aqueles que forem
fiéis, serão recebidos pelo Senhor com honras
"Bom está servo bom e fiel. Foste fiel no
pouco, sobre o muito te colocarei. Entra no gozo do teu senhor"
(Mt.25:23).
2. O mau Servo.
Na Parábola, o cenário muda para outro homem, que Jesus menciona como “mau
servo”. Não se diz que ele era um estranho, nem que estava lá fora; ele estava
na “casa do seu senhor”, junto com outros servos, mas, não era apenas um servo
comum. O que caracterizava o “mau servo” era a certeza de que "o senhor tarde
viria" e, por causa disto, passara a espancar os conservos, a comer e a
beber com os temulentos, isto é, com os beberrões, com pessoas que se
embriagam, que não têm uma conduta aprovada diante de Deus, ou seja, que se
mistura com os pecadores, com os desregrados e os dominados com os vícios.
O fato de “espancar os seus conservos” denota que exercia uma liderança
sobre os outros, e abusava do seu poder. Não era um servo inocente, portanto.
Tinha consciência de que era um servo e de que tinha um senhor. Sabia que seu
senhor havia partido para um local distante, mas, que voltaria. Ele era servo,
porém, era um mau servo.
Esse “mau servo” é o ministro espúrio do Evangelho, que professa a fé
cristã, porém, de forma nominal; ele arroga a si mesmo o nome de Cristo, mas é
hipócrita; professa crer nas Escrituras e nos seus ensinos, mas realmente os
nega; entre outras coisas, é cético quanto à volta de Cristo.
Na Parábola, o “mau servo” cometeu um erro grande de cálculo. Ele disse:
“... o meu senhor tarde virá”. Ele sabia que o senhor viria, porém, pensava que
demoraria. Mas, Jesus adverte fortemente: “virá o senhor daquele servo num dia
em que o não espera e à hora em que ele não sabe” (Mt.24:50). Jesus adverte que
a negligência, ou o erro de cálculo, não justifica o erro de quem tem a
obrigação de vigiar, aguardando a volta de seu senhor - “e separa-lo-á, e destinará a sua parte com os hipócritas; ali haverá
pranto e ranger de dentes” (Mt.24:51). É claro que esta advertência se
destina, hoje, a cada um de nós, a fim de que não venhamos a cometer o erro
daquele mau servo.
Não basta crer que o Senhor Jesus virá, é preciso estar preparado para
Sua Vinda, quer Ele venha à tarde, à meia-noite, ao cantar do galo, ou pela
manhã - “Vigiai, pois, porque não sabeis
a que hora há de vir o vosso Senhor” (Mt.24:42).
O “mau servo” sabia que o seu senhor viria, porém, não pensava que seria
hoje o dia da sua vinda. Não basta saber que Jesus virá, é preciso viver cada
dia como se fosse o Dia da Sua Vinda. Estarás tu vigiando, quando Jesus vier?
3. O destino escatológico. O “mau servo” pode ter pensado que o seu senhor estaria fora durante um
longo período, e que não viria tão cedo, mas, foi surpreendido com a sua volta num
dia em que o não esperava e à hora que ele não sabia. Este é um ensinamento vital
para todos os servos de Deus que aguardam a vinda do Senhor a qualquer momento.
Este será um evento repentino e sem aviso prévio, e o mau servo será
surpreendido no ato.
O julgamento do Senhor contra o mau servo será extremamente severo. Ainda
pior do que o horrível castigo será o destino eterno do referido servo: “e separá-lo-á, e destinará a sua parte com
os hipócritas; ali haverá pranto e ranger de dentes” (Mt.24:51). Ele será
designado a um lugar onde “haverá pranto e ranger de dentes” (referência ao
inferno).
Note que ao descrever o castigo reservado para o mau servo, o Senhor
Jesus abandonou a linguagem parabólica ao falar, literalmente, do destino final
dos ímpios, onde "haverá pranto e ranger de dentes" (Mt.24:51).
Certamente, um destino muito tenebroso. O salmista foi enfático a respeito do
destino final dos ímpios: “os ímpios
serão lançados no inferno e todas as nações que se esquecem de Deus”
(Sl.9:17).
O Senhor da Parábola requer dos servos o cumprimento fiel da tarefa que
lhes foi confiada. O servo bom e fiel se manteve ocupado, procurando sempre
cumprir com fidelidade e prudência as tarefas que lhe foi confiado pelo seu
senhor; desta forma, ele esteve sempre preparado para o retorno do seu senhor.
Por outro lado, o mau servo foi irresponsável, imprudente, e abusou da posição
de mordomo que o seu senhor lhe confiou, mostrando ser indigno dela. O seu
castigo foi severo e tenebroso. Jesus deixa claro que este não é mero castigo
terreno, mas de julgamento eterno. Por que ele usou de sua liberdade para o mal
e por causa de suas escolhas erradas, ele passará toda a eternidade em
terríveis sofrimentos: “ali haverá pranto e ranger de dentes”.
Conscientizemo-nos, pois, que o julgamento futuro de Deus é tão certo quanto a
vinda de Jesus e Sua volta à Terra. Creia nisto!
II. UM CHAMADO À VIGILÂNCIA
O destaque à vigilância, nesta Parábola, se manifesta como sendo o
exercício correto da mordomia, ou seja, o homem vigilante pratica a
administração responsável do que recebeu do seu senhor, sabendo que está
lidando com o que não é seu e que brevemente terá de prestar contas. O mesmo
princípio é rememorado pelo apóstolo Paulo, quando em 1Coríntios 4:1,2 diz:
"que os homens nos considerem como
ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus. Além disso, requer-se
nos despenseiros que cada um se ache fiel". Jesus nos manda estar
acordados, alertas, vigilantes, circunspectos (Mt.25:13; Mc.14:34,37,38), isto
é, precisamos estar completamente alertas.
1. Vigilância.
A primeira atitude para quem quer, realmente, esperar a vinda de Jesus é a
vigilância. Uma das consequências mais imediatas de uma vida de negligência com
relação à vinda do Senhor é o descuido com relação à santidade. No intuito de
demonstrar de que forma devemos nos manter vigilantes, o Senhor Jesus narrou a
Parábola dos dois servos, primeiramente contrastando o perfil de ambos ao
mostrar que um era bom e o outro mau.
O que caracterizava o mau servo era a certeza de que "o senhor tarde
viria" e, por causa disto, passou a espancar os conservos, a comer e a
beber com os beberrões, com pessoas que se embriagavam, ou seja, ele se misturava
com os pecadores, com os desregrados e os dominados pelos vícios. Portanto, não
tinha uma conduta aprovada diante de Deus. O pecado é o fator que nos distancia
de Deus (Is.59:2), é o elemento que impedirá que muitos crentes sejam
arrebatados naquele Dia (Mt.24:12).
Quando temos a convicção de que Cristo pode voltar a qualquer momento,
que os sinais de sua vinda estão se cumprindo a todo instante, passamos a ser
muito mais cuidadosos com nossa vida espiritual, temos um ânimo renovado para
vivermos em santificação e para estarmos preparados para ouvir a última
trombeta.
Por várias vezes, a Palavra de Deus nos aconselha a conservarmos uma vida
de comunhão com Deus, uma vida de santidade e de obediência aos mandamentos do
Senhor, senão vejamos:
·
Em Hb.3:6 é dito que somente aqueles que conservam
firmes a confiança e a glória da esperança até o fim podem dizer que são a casa
de Deus, que são templo do Espírito Santo, ou seja, que pertencem ao corpo de
Cristo e, por isso, serão arrebatados.
·
Em 1Ts.5:23 é dito que o crente tem de manter conservado
irrepreensível todo o seu ser (espírito, alma e corpo) para a vinda de nosso
Senhor e Salvador Jesus Cristo, a mostrar, portanto, que a conservação de nosso
ser debaixo da potente mão de Deus é indispensável para que sejamos arrebatados.
·
Em Jd.1 os crentes são chamados de queridos em Deus
Pai e conservados por Jesus Cristo, a indicar que somente aquele que se mantém
em comunhão com o Senhor Jesus, que se submete a seu senhorio, como “vara
ligada na videira”, será arrebatado no Dia da vinda do Senhor e, por isso, o
mesmo Judas aconselha o povo de Deus a se conservar no amor de Deus, esperando
a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo para a vida eterna (Jd.21).
·
Paulo, ao término de sua caminhada da fé, fez uma
das mais lindas declarações, demonstrando que era uma pessoa vigilante. Ele
disse que havia "combatido o bom combate, acabado a carreira e guardado a
fé "(2Tm.4:7). Nestas três expressões apostólicas, nós notamos que Paulo
tinha consciência de que a sua vida, desde o momento de sua conversão,
tornara-se um combate entre a sua nova natureza e o velho homem, que ele
mantinha constantemente crucificado com Cristo (Gl.2:20). Esta consciência é
fruto de uma vida de vigilância. Quando sabemos que faz parte da vida de cada
crente esta batalha segundo a qual temos de lutar contra as portas do inferno
(Mt.16:18), contra as hostes espirituais da maldade (Ef.6:12), contra a nossa
natureza carnal (Rm.7:23-25), passamos a tomar cuidado, a não dar ocasião ao
pecado, andando segundo o espírito (Rm.8:1).
2. Ninguém sabe o Dia. Por que devemos vigiar? Porque não sabemos a data da Segunda Vinda de
Cristo. Jesus exortou os discípulos da seguinte forma: “vigiai, pois, porque
não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor” (Mt.24:42). Por isso, devemos
ter uma conduta ilibada em nosso viver diário, para não sermos pegue de
surpresa na volta do Senhor. Veja o que diz o texto sagrado:
“Por isso, estai vós apercebidos também;
porque o Filho do homem há de vir à hora em que não penseis” (Mt.24:44).
“Para que, vindo de improviso, não vos ache
dormindo” (Mc 13:36).
“Não durmamos, pois, como os demais, mas
vigiemos, e sejamos sóbrios”(1Ts. 5:6).
“E agora, filhinhos, permanecei nele; para
que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança, e não sejamos confundidos
por ele na sua vinda” (1João 2:28).
Portanto, assim como os servos da Parábola em mote não sabiam o momento
certo do senhor deles voltar, ninguém sabe quando o nosso Jesus Cristo virá
(Mt.24.36). Como não sabemos quando Jesus haverá de vir, devemos estar sempre
preparados (Mt.24:44), pois estar preparado a qualquer momento para a vinda de
Cristo é parte da responsabilidade básica de todo servo fiel (Mt.24:46).
A respeito de estarem na igreja, mas são infiéis ao Senhor e não creem
que Ele pode vir agora, é impossível estarem vigilantes e preparados para a
volta inesperada de Cristo. Qualquer crente professo que vive em pecado,
julgando que Jesus tardará a vir, tornar-se-á como o servo mau da Parábola. Ele
não percebe o risco da vinda do Senhor pegá-lo de surpresa.
Não podemos nos esquecer de que, assim como retratado pelo Senhor Jesus
Cristo na Parábola, o "Dia do Senhor virá como o ladrão de noite"
(1Ts.5:2).
·
O ladrão vem quando não é
esperado - “mas considerai isto: Se o pai de família soubesse a que vigília da
noite havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa”(Mt.24:43).
Só o ladrão sabe quando ele vai agir; nós não sabemos. O ladrão não manda aviso
prévio, não marca o dia e nem a hora. Quem não quiser ser surpreendido, tem que
vigiar. Paulo, contudo, disse: “Mas vós, irmãos, já não estais em trevas, para
que aquele Dia vos surpreenda como um ladrão” (1Ts.5:4). Eu e você sabemos que
Jesus virá, e virá “como ladrão”. Resta-nos, portanto, esperar, e vigiar, para
não sermos surpreendidos.
·
O ladrão age rapidamente. Ladrão que se preza não demora no local do
crime. Planeja o que vai fazer e o faz no menor tempo possível. A vinda de
Jesus será, portanto, repentina - “Num
momento, num abrir e fechar de olhos...” (1Co.15:52), ou como um relâmpago
(Mt.24:27). O Arrebatamento será tão rápido que não haverá tempo para ninguém
se preparar. Resta-nos, portanto, estarmos preparados.
·
O ladrão só leva coisas que
tem valor. Aquele cesto cheio de
lixo, aquele monte de roupa suja e velha, aquele guarda-roupa grande e cheio de
cupim, o ladrão não se interessa; ele não procura volume, coisas grandes e
imprestáveis; ladrão procura e leva objetos valiosos, joias, dinheiro. Para o
ladrão não basta ser grande, é preciso ter valor. Sabemos que Jesus virá, como
vem o ladrão, então, Ele só levará coisas que tenham valor para Deus. Ele vem
buscar e levará aquela “Igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa
semelhante, mas santa e irrepreensível”(Ef.5:27). Ele vem buscar e levará “um
povo seu especial, zeloso de boas obras”(Tito 2:14). Ele vem buscar e levará
homens e mulheres de muito valor para Deus, que não foram resgatados “com
coisas corruptíveis, como prata ou ouro, mas com o precioso sangue de
Cristo...”(1Pd.1:18-19), verdadeiras joias, de muito valor para Deus. Assim, se
você é um guarda-roupa grande com as portas estouradas e corroído pelos cupins,
fique tranquilo, você não corre o risco de ser levado, porque o Senhor virá
como vem o ladrão.
Portanto, conscientizemo-nos que Jesus virá, e virá como vem o ladrão. Ir
com Ele, ou ficar para contar os prejuízos, é uma escolha nossa. Pense nisso!
III. VIVENDO COM DISCERNIMENTO
“Porém, se aquele mau servo disser consigo: o
meu Senhor tarde virá, e começar a espancar os seus conservos, e a comer, e a
beber, com os bêbados, virá o senhor daquele servo num dia em que ele o não
espera e à hora em que ele não sabe, e separa-lo-á, e destinará a sua parte com
os hipócritas; ali haverá pranto e ranger de dentes”(Mt.24:48-51).
Todo ser humano que passa nesta vida está sujeito às investidas de
Satanás; desde que ele conseguiu uma vitória sobre Adão, a porta se abriu e o
homem tornou-se vulnerável. Não há mente humana que não esteja sujeita a
insinuações malignas, por mais bem intencionada que seja. Também não há lugar,
por consagrado que seja, que esteja livre de ser perturbada pelo maligno.
Exemplo: Jesus no seu retiro espiritual no deserto. Mesmo o crente espiritual pode
ser atacado pelos dardos inflamados do maligno. Exemplo típico é o de Pedro,
que logo após ter sido usado pelo Espírito Santo, foi insinuado pelo próprio
diabo (Mt.16:17,22,23). Por isso, Jesus nos advertiu da necessidade de
vigiarmos, além de orarmos, e que toda profecia deve ser julgada, por mais
espiritual que seja o profeta.
1. Vida dissoluta. Mateus 24:49 mostra que o “mau servo” se entregou a uma vida dissoluta.
O texto diz que ele começou “a espancar os seus conservos, e a comer, e a beber
com os bêbados”, porque imaginou que o seu senhor não ia voltar logo. Isso nos
faz lembrar o sermão de Jesus, quando Ele falou sobre os dias de Noé. O Senhor
disse que, naquela época, as pessoas "comiam, bebiam, casavam-se e
davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca" (Mt.24.38).
Em outras palavras, as pessoas do tempo de Noé, o pregoeiro da justiça
(2Pd.2:5), viviam de forma dissoluta, sem compromisso algum com Deus, e foram
surpreendidas pelo juízo divino (Mt.24:38,39).
A impiedade produz perversão. O desprezo do conhecimento de Deus leva o
homem a uma vida dissoluta moralmente. O “mau servo” conhecia a verdade, mas
não foi dirigido por ela; conhecia a verdade, mas a rejeitou deliberadamente
para viver regaladamente em seus pecados e perversões. Como eu já disse, o
pecado é o fator que nos distancia de Deus (Is.59:2), é o elemento que impedirá
que muitos crentes sejam arrebatados naquele Dia (Mt.24:12).
O “mau servo” dizia consigo mesmo: “o
meu Senhor tarde virá”. Esta foi a chave da derrota dele. Ele duvidava da
verdade da volta do seu senhor. Tinha muitas explicações falsas que achava
satisfatórias quanto ao significado das palavras do senhor a respeito de sua
volta. Esta cosmovisão do “mau servo” é bastante similar à de muitos que
cristãos dizem ser, atualmente. Discutem fortemente contra aqueles que creem
literalmente na advertência do Senhor: “Virá o Filho do homem em hora que não
esperais”.
Abandonar a verdade da vinda iminente do Senhor resulta em apostasia. Pouco
a pouco, o “mau servo” vai se afastando da fé. Vive uma vida dissoluta, comendo
e bebendo com os ébrios. Pode até mesmo ficar escravo dos vícios dos ímpios.
Essas coisas levam a pecados adicionais, até que ele complete o quadro contra o
qual o Senhor advertira. A negação da verdade da segunda Vinda de Cristo
resulta, paulatinamente, na corrupção da doutrina e da prática. O que acabará
acontecendo com esse “mau servo”? O texto sagado exorta que o Senhor virá em
dia que não é esperado, e castigá-lo-á, lançando-lhe a sorte com os hipócritas;
em outras palavras, está perdido para sempre no inferno.
A Parábola termina com o terrível despertamento do servo mau, e com seu
remorso infrutífero. A sua vida dissoluta e de pessoas que se comportam como
ele, terão como destino um lugar onde “haverá choro e ranger de dentes” (Mt.24:51).
2. Vida santa.
O servo fiel deve estar em comunhão constante com o Senhor, em santidade, a fim
de que tenha condições de discernir espiritualmente o momento em que estar
vivendo e se preparar convenientemente para não ser apanhado de surpresa pela
vinda do Senhor. Precisamos viver uma vida com discernimento, sabendo separar
aquilo que, como santos e filhos de Deus, convém, ou não, fazer
(1Co.6:12;10:23). Precisamos nos lembrar sempre de que, sem santificação,
"ninguém verá o Senhor" (Hb.12:14). Devemos ter isso muito claro em
nossos corações, lembrando também que o Senhor Jesus Cristo pode voltar a
qualquer momento (Mt.24:42). O juízo divino não demora e somente aqueles que
estiverem atentos, aguardando o Senhor, serão poupados do “Dia do Senhor”, da
ira divina que se abaterá sobre a Terra.
3. Administrando os bens. Jesus contou a Parábola do Servo fiel e do Servo mau para que os
ouvintes, e todos nós, optássemos em seguir o exemplo do servo fiel, evitando o
trágico fim dos hipócritas (Mt.24:51). Há pessoas que estão se conduzindo de
modo libertino e fazendo mau uso dos “bens” que o Senhor deixou em suas mãos. Comportam-se
como o “mau servo”. Correm o risco de serem pegos de surpresa e acabarem
lançados nas “trevas exteriores”, ou seja, no “Lago de fogo e enxofre”, que é o
inferno propriamente dito, onde haverá choro e ranger de dentes.
A Bíblia nos chama de despenseiros de Deus e diz que devemos ser
"bons" (1Pd.4:10), ou seja, eficientes e dedicados. A expressão “despenseiro”
indica o administrador da casa, o oikonomos.
Cabia a esse administrador a distribuição de mantimentos e a divisão dos
trabalhos para os demais servos. Mesmo tendo tal responsabilidade, tinha a
consciência de que era um servo, um empregado.
O apóstolo Paulo também falou sobre este assunto dizendo ser necessário
que "os homens nos considerem como ministros", ou seja, servos ”e
despenseiros", isto é, administradores daquilo que Cristo coloca sob nossa
responsabilidade, requerendo apenas que cada um seja encontrado fiel
(1Co.4:1,2).
Se, no sentido bíblico, despenseiro é aquele que administra bens alheios,
então, o detentor de um Dom espiritual ou ministerial é um despenseiro de Deus.
É válido ressaltar que os Dons de Deus não são dados em forma de presentes,
mas, como instrumentos de trabalho. Todo servo, por mais simples que seja,
recebendo um instrumento de trabalho de seu senhor e relacionado com o serviço
que faz, pode saber qual o objetivo da entrega daquele instrumento: é para ser
usado no serviço de seu senhor. Assim, ele será infiel se fizer como fez aquele
servo que recebeu um talento – “Mas o que
recebeu um talento foi, e cavou na terra, e escondeu o dinheiro do seu senhor”(Mt.25:18).
No dia do acerto de contas foi chamado de inútil, e condenado – “Lançai, pois, o servo inútil nas
trevas exteriores; ali, haverá pranto e ranger de dentes”(Mt.25:30).
Assim, aquele que recebe um Dom espiritual ou ministerial tem o dever de
trabalhar com ele tendo como objetivo a edificação, ou o desenvolvimento do “rebanho”
do Senhor no seu todo. Será infiel se usar o Dom que recebeu em beneficio de
seus interesses pessoais, e particular. O apóstolo Pedro nos exorta: “Cada um administre aos outros o dom como o
recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus”(1Pd.4:10).
CONCLUSÃO
Que tipo de servo parecemos ser? O bom ou o mau? O servo bom é aquele que
faz o serviço com prudência, consciência e amor pelo trabalho. O mau servo é o
que dissimula no trabalho; na primeira oportunidade usa de engano e injustiça.
Este servo acredita piamente que seu senhor não voltará para requerer prestação
contas do que lhe foi dado. Muitos, hoje, dos que cristãos dizem ser correm o
risco de viver o que se denomina de "niilismo escatológico" - a ideia
de que não haverá juízo nem prestação de contas dos atos e pensamentos que
produzimos em nossos dias. Perder a crença de que um dia prestaremos contas a
Deus de tudo que fazemos aqui, e a esperança de viver com Cristo eternamente é,
invariavelmente, perder a noção e a necessidade de santidade, de disciplina e
de fidelidade.
“De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus” (Rm.14:12)
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) -
William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 76. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação
Pessoal. CPAD.
Gordon Lindsay. A vida e os ensinos de Cristo.
Graça editorial.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. Vinda de Jesus
e a Vigilância do crente. PortalEBD_2005.
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