4º Trimestre/2018
Texto Base: Mateus 25:14-30
”Cada um
administre aos outros o dom com o recebeu, como bons despenseiros da multiforme
graça de Deus" (1Pd.4:10).
Mateus 25.14-30
14. Porque isto é também como um homem que,
partindo para fora da terra, chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus
bens,
15. e a um deu cinco talentos, e a outro,
dois, e a outro, um, a cada um segundo a sua capacidade, e ausentou-se logo
para longe.
16. E, tendo ele partido, o que recebera cinco
talentos negociou com eles e granjeou outros cinco talentos.
17. Da mesma sorte, o que recebera dois
granjeou também outros dois.
18. Mas o que recebera um foi, e cavou na
terra, e escondeu o dinheiro do seu senhor.
19. E, muito tempo depois, veio o senhor
daqueles servos e ajustou contas com eles.
20. Então, aproximou-se o que recebera cinco
talentos e trouxe-lhe outros cinco talentos, dizendo: Senhor, entregaste-me
cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que ganhei com eles.
21.E o seu senhor lhe disse: Bem está, servo
bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo
do teu senhor.
22. E, chegando também o que tinha recebido
dois talentos, disse: Senhor, entregaste-me dois talentos; eis que com
eles ganhei outros dois talentos.
23. Disse-lhe o seu senhor: Bem está, bom e
fiel servo. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo
do teu senhor.
24. Mas, chegando também o que recebera um
talento disse: Senhor, eu conhecia-te, que és um homem duro, que ceifas onde
não semeaste e ajuntas onde não espalhaste;
25. e, atemorizado, escondi na terra o teu
talento; aqui tens o que é teu.
26. Respondendo, porém, o seu senhor,
disse-lhe: Mau e negligente servo; sabes que ceifo onde não semeei e ajunto
onde não espalhei;
27. devias, então, ter dado o meu dinheiro aos
banqueiros, e, quando eu viesse, receberia o que é meu com os juros.
28. Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que
tem os dez talentos.
29. Porque a qualquer que tiver será dado, e
terá em abundância; mas ao que não tiver, até o que tem ser-lhe-á tirado.
30. Lançai, pois, o servo inútil nas trevas
exteriores; ali, haverá pranto e ranger de dentes.
INTRODUÇÃO
Trataremos nesta Aula da Parábola dos Talentos. Ela é uma das mais ricas
ilustrações a respeito do sentido da mordomia do homem em relação a Deus. Nela,
Jesus mostra-nos, com clareza meridiana, o papel e o lugar do homem no seu
relacionamento com Deus. Esta Parábola é mencionada apenas por Mateus e
incluída no sermão escatológico de Jesus. Ela encontra-se inserida nos ensinos
de Jesus a respeito da sua vinda, tendo o objetivo de mostrar aos seus
discípulos a necessidade da fidelidade e da diligência na obra de Deus como
aspectos da vigilância exigida para o seu retorno. Ela foi proferida alguns
dias depois da chegada de Jesus em Jerusalém. Foi a última que ele proferiu,
talvez no dia em que foi preso, à noite. O Senhor Jesus não proferiu esta
Parábola com o objetivo de ensinar sobre a Salvação, mas, sobre a fidelidade dos
salvos na administração dos Talentos, ou dos Dons recebidos.
I. INTERPRETAÇÃO DA PARÁBOLA DOS DEZ TALENTOS
Na Parábola dos Talentos, Jesus conta a história de um homem que,
partindo para fora da terra, chamou os seus servos e entregou-lhes os seus bens.
Para um servo deu cinco talentos, a outro, dois e ao terceiro, um.
Vejamos a interpretação de alguns itens da Parábola.
1. O Homem da Parábola (Mt.25:14). A parábola começa dizendo: ”Porque
é assim como um homem que, ausentando-se do país, chamou os seus servos e lhes
entregou os seus bens”(Mt.25:14). É claro que este homem da parábola representa
o próprio Senhor Jesus. Este homem após passar aqui na Terra um período de 33
anos, fez sua viagem de volta à Casa de seu Pai. Porém, antes de partir, como
bom Senhor, ele não deixou seus servos ociosos e nem desamparados. Antes
“...chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens”.
2. Este Homem tem Servos, ou seja, ele é Senhor
(Mt.25:14). Isto nos mostra bem que
a nossa condição diante de Cristo, mesmo após a salvação, é uma condição de
servos, de mordomos. Isto é deveras importante afirmar num instante em que
muitos são os que pregam um evangelho diferente, que reduz o Senhor Jesus à
inadmissível condição de empregado qualificado, pronto e obrigado a atender a
todos os caprichos dos crentes, em nome de uma “confissão positiva” sem
fundamento. Só Deus é o dono, portanto, só a sua vontade deve prevalecer, não a
dos servos. É por não compreenderem esta realidade bíblica, tão importante que
constou das “últimas instruções” do Senhor, que muitos têm se deixado
envolver por ventos de doutrina sem respaldo bíblico, como são a doutrina da
confissão positiva e da teologia da prosperidade.
3. Quem eram os Servos. Certamente que estes servos não eram os anjos, embora eles também sejam
servos (Mt.4:11; Hb.1:14). Aqui, nesta Parábola, o dono dos talentos chamou “os
seus servos”. Desta feita, não se tratava de pessoas estranhas, desconhecidas,
mas, os que viviam na sua casa. Portanto, os servos somos nós. Ser crente
significa ser servo, e isto não implica em algo depreciativo, mas, honroso,
considerando que somos servos daquele que a Bíblia denomina de “...Rei dos reis
e Senhor dos senhores”(Ap.19:16).
Ser servo do Rei dos reis e do Senhor dos senhores, ser servo daquele que
disse: “toda a terra é minha”, “minha é a prata e meu é o ouro”; daquele do
qual a sua Palavra diz, que “do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e
aqueles que nele habitam”; daquele que nos amou “e se entregou a si mesmo por
nós”(Gl.2:20), é uma coisa que nos enche de júbilo.
4. Este Homem partiu para fora da terra (Mt.25:14). Isto nos indica que haveria uma ausência
física do dono dos bens. Os servos, então, durante esta ausência física do seu senhor,
deveriam tomar conta do bem-estar do seu patrimônio, até que ele voltasse. É
precisamente o que significa a vida do crente enquanto estamos aqui nesta
Terra. Nosso trabalho é realizar as obras do dono que se ausentou fisicamente.
Desde o momento em que Jesus foi ocultado da visão física dos discípulos (At.1:9),
eles não podiam ficar inertes ou perplexos, mas deviam fazer o que o Senhor
estava acostumando fazer até a sua volta (At.1:11-14; 20:24).
Este período de
ausência física do dono é o período da dispensação da graça (Ef.3:2,9-11), o período em que cabe à Igreja
fazer aquilo que Jesus fazia, ter as mesmas atitudes que Jesus tinha enquanto
esteve entre nós, isto é, anunciar o evangelho da Salvação da graça.
5. O trabalho dos Servos (Mt.25:15-18). Na Parábola está bem claro que não houve
doação. Os bens continuaram sendo do dono da casa, ou seja, do homem que partiu
“para fora da terra”, o qual “muito tempo depois, veio o Senhor daqueles
servos, e ajustou contas com eles”. Perceba que “muito tempo depois”, quando
ele retornou, ele continuava sendo o Senhor e continuava sendo o dono dos bens
“entregues” aos seus servos. Também os servos tinham consciência de que não
eram donos daqueles bens. Servo não pode considerar nada como sendo seu. Tudo
que estiver em seu poder é propriedade de seu Senhor, até mesmo seus filhos, aliás,
até ele próprio. Pelo exposto na Parábola, os servos entenderam que os talentos
recebidos eram bens do seu Senhor. Como servos fiéis que eram, procuraram
trabalhar da melhor maneira, possível. É assim que fazem os servos fiéis, ainda
hoje.
Quanto ao servo negligente, ou o “mau servo”, também tinha consciência de
que aquele talento não era seu, e que, no futuro, teria que prestar contas ao
seu Senhor. Por isto, “cavou na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor”.
Nenhum deles entendeu que tinha recebido um prêmio pelos serviços
prestados, ou um presente pessoal. Sabiam ter recebido os talentos para
trabalharem com eles; sabiam ter em mãos um instrumento de trabalho que lhes
fora entregue por seu senhor.
6. A prestação de contas (Mt.25:19) – “E,
muito tempo depois, veio o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles”.
Aqui, Jesus nos ensina que teremos de prestar contas quando o Senhor voltar.
Sua volta é certa, demorará, conforme se depreende da Parábola, mas acontecerá
de forma inevitável. Quando o Senhor chegar, deveremos nos apresentar com os
talentos que nos foram confiados, pois, na eternidade, apenas as nossas obras
nos seguirão (Ap.14:13). Estas obras serão manifestadas a todos e, no Tribunal
de Cristo, passarão pelo teste do fogo, pela prova divina e, então, o trabalho
que cada um fez por meio do corpo se revelará de forma inapelável diante
daquele em que tudo está nu e patente (Hb.4:13).
II. USANDO A NOSSA CAPACIDADE PARA O REINO DE DEUS
1. O Senhor reparte seus talentos segundo a nossa capacidade (Mt.25:15). O Homem da Parábola é um Homem sábio, pois
antes de entregar “os seus bens”, procurou conhecer os seus servos e determinou
a capacidade de cada um. Para este conhecimento ele não necessitou de
informações de terceiros; não mandou “grampear” o telefone de ninguém; não
espalhou “espiões”, ou agentes secretos no meio do povo; não incentivou e não
apoiou o dedurismo. Ele era um homem sábio. Sobre “este homem”, declarou Davi:
“... tu me sondas, e me conheces. Tu conheces o meu assentar e o meu levantar;
de longe entendes o meu pensamento”(Salmo 139:1,2). Podemos afirmar que Deus
quer intercessores, não “informantes”. Ele sabe e conhece tudo sobre cada um
dos seus servos, por isto pode dar “a cada um segundo a sua capacidade”.
a) O que recebeu cinco talentos (Mt.25:16,19-21). Este foi o que recebeu mais talentos, dentre
os três. Nota-se que era o mais capacitado, tanto que logo após a saída do seu
senhor, foi imediatamente aplicar os talentos que recebera, sabendo que o tempo
é curto e não sabia quando o seu senhor voltaria. O seu esforço foi 100%
recompensador, pois produziu mais 05(cinco) talentos (Mt.25:16,20). Isto
significa que o verdadeiro cristão esmera-se em aplicar os seus talentos,
procurando produzir o máximo que puder para o Senhor Jesus, sabendo que o seu
galardão é certo (1Co.15:10).
b) O que recebeu dois talentos (Mt.25:17,22,23). Este servo recebeu com bom grado os dois
talentos, e não demonstrou nenhuma inveja ou ciúmes do que recebera cinco, pois
sabia de sua capacidade de produção. O Senhor sabe perfeitamente quantos
talentos ou dons podemos administrar. Ele conhece a estrutura de cada indivíduo
(Sl.103:14), pois Ele fez a cada um de nós e nos acompanhou desde a nossa geração
(Sl.139:13-16). Sendo assim, tem condições plenas para dar os talentos segundo
a capacidade de cada um, sem qualquer condição de errar, pois é o único que nos
conhece perfeitamente. Este servo não quis saber por que recebeu apenas dois
talentos, pelo contrário, trabalhou com máxima dedicação e o incremento foi
igual ao do primeiro servo, ou seja, 100%.
c) O que recebeu apenas um talento (Mt.25:18,24,25). Esse servo, que na Parábola é chamado de
servo mau, recebeu um talento apenas; mas, não é por isso que foi considerado
mau. Ele gozava da plena confiança do seu senhor, tanto quanto os outros dois,
a ponto de também lhe ser confiado um talento. A confiança do senhor era igual
para todos os servos. O servo que recebeu um talento só tinha recebido um
talento em virtude de sua capacidade, de sua aptidão. Portanto, em nada era
diferente dos demais servos. Isto é importante deixar bem claro: o senhor não
fez acepção de pessoas, mas foi justo na distribuição.
Entretanto, ao contrário dos outros dois servos, este, ao receber o
talento, traiu a confiança do seu senhor, não negociando. Isto caracteriza desobediência ao mandamento do senhor, pois, a ordem de
negociar, embora não tenha sido explícita por Jesus na Parábola, está inferida,
na medida em que o senhor, na prestação de contas, chama o servo de infiel.
A infidelidade é consequência da desobediência. O senhor havia se
ausentado, mas continuava sendo o senhor, e o servo, mesmo tendo recebido o
talento, continuava sendo servo e, portanto, lhe era necessário a obediência.
A manutenção de nossa comunhão com o Senhor, mesmo estando ele ausente,
depende da obediência. Obedecer é se manter em posição de vigilância, é se
credenciar para o reino dos céus.
2. O Senhor confia nos seus Servos. Na Parábola, o homem é capaz de confiar nos
seus servos.
“... chamou os seus servos, entregou-lhes os
seus bens... e ausentou-se logo para longe” (Mt.25:4,15).
Para agir desta maneira é preciso ter confiança. O Senhor confiava e
continua confiando nos seus servos. Não se diz que ele chamou os parentes, ou
mesmo os amigos mais chegados, mas que “chamou os seus servos”.
Consideremos ainda que ele entregou bens de grande valor. Não exigiu
qualquer garantia. Não determinou como deveriam aplicar “os seus bens”. Não
contratou “fiscais” para vigiar os passos dos seus servos e estarem atentos
para que não houvesse má administração de seus talentos. Não fez qualquer tipo
de ameaça. Ao partir, não marcou a data de seu retorno.
Para fazer o que ele fez era preciso confiar, e ele confiou. Com esse
procedimento ímpar ele estabeleceu aos seus servos, como forma de servi-lo, o
principio da responsabilidade pessoal.
Ele concedeu-lhes plena liberdade de ação. Ele quer ser servido com
temor, nunca por medo; com alegria, e não com tristeza; de forma voluntária,
nunca como que por obrigação. Ele ama seus servos e quer ser amado por eles. É
assim que ele quer ser servido.
Todos nós conhecemos este Homem; seu nome é Jesus. Com efeito, “este
homem” tratava seus servos de uma forma diferente de todos os demais senhores.
Certa feita Ele disse aos seus servos: “Já vos não chamarei servos, porque o
servo não sabe o que faz o seu senhor, mas tenho-vos chamado amigos”(João
15:15).
3. O acerto de contas (Mt.25:19) – “E, muito tempo depois, veio o
senhor daqueles servos e ajustou contas com eles”.
É interessante notar, em primeiro lugar, que Jesus fala em “muito tempo
depois”. A Parábola, portanto, indica que a dispensação da graça, o tempo
destinado para os servos negociarem, seria extenso.
Tudo parecia indicar que nada aconteceria, que a desobediência ficaria
impune e que o labor dos servos obedientes tinha sido em vão, um zelo
dispensável e desnecessário. Mas, sem que alguém esperasse, chegou o dia do
retorno do senhor e, com ele, a prestação de contas. Mais uma vez, Jesus mostra
que chegará o Dia em que prestaremos contas pelos nossos atos – “Assim, pois, cada um de nós dará conta de
si mesmo a Deus”(Rm.14:12).
a) O acerto de contas dos Servos Fiéis (Mt.25:20-23). Os servos apresentaram as suas obras e, em
tendo sido elas aprovadas, tiveram a oportunidade de serem reconhecidos pelo
senhor e de serem convidados a entrar no seu gozo. Este julgamento mostra-nos a
realidade do Tribunal de Cristo, o local onde os servos do Senhor serão
julgados pelas suas obras. O Tribunal de Cristo é exclusivo para os servos bons
e fiéis e terá lugar depois do arrebatamento da Igreja e antes da Ceia das Bodas
do Cordeiro. Nele, os salvos serão julgados pelo que tiverem feito por meio do
corpo, ou bem, ou mal (2Co.5:10). O Senhor, ali, verificará o que foi dado ao
servo e o que ele granjeou com o que lhe foi dado.
A mensagem dada ao servo que recebeu cinco talentos é absolutamente
idêntica ao que recebeu dois talentos, uma vez que o trabalho de ambos foi,
também, igual - “Bem está, bom e fiel
servo. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu
senhor” (Mt.25:21,23).
Ambos os servos duplicaram os talentos que receberam, ambos exerceram a
plenitude de sua capacidade na obra do Senhor, ambos tiveram dedicação
integral, de sorte que ambos tiveram o mesmo galardão. Não foi, porém, pelas
obras que cada um chegou ao gozo do Senhor, mas pela sua fidelidade e
obediência.
b) O acerto de contas do Servo Mau (Mt.25:24-30). O julgamento do Servo Mau não será
realizado no Tribunal de Cristo. Refere-se o Senhor, aqui, ao Juízo Final ou Juízo
do Trono Branco, já que os ímpios serão julgados nesta oportunidade, onde
haverá, sim, condenação, ao contrário do Tribunal de Cristo, onde os que forem
julgados jamais perderão a salvação, ainda que sejam salvos como que pelo fogo
(1Co.3:15).
O Servo Mau surge com desculpas, num comportamento bem diferente daquele
que foi apresentado pelos servos fiéis. Assim procede o homem no pecado: tenta
sempre encontrar uma justificativa para o seu erro, mas a Bíblia diz que os
pecadores são inescusáveis, ou seja, não têm quaisquer desculpas diante de Deus
(Rm.1:20).
Veja algumas particularidades desse Servo Mau:
·
Em primeiro lugar, ele
mentiu, pois alegou que conhecia o senhor (Mt.25:24). Se conhecesse mesmo o senhor, teria se
empenhado em negociar os talentos. Quem o diz é o próprio senhor, na parábola,
que afirma que, pelo menos, o Servo Mau deveria ter se preocupado em não causar
a perda do poder aquisitivo do patrimônio que lhe fora confiado (Mt.25:26).
·
Em segundo lugar, ele
acusou o senhor de “homem duro”, que ceifava onde não semeara e ajuntava onde
não espalhara (Mt.25:24). Vemos,
aqui, a segunda particularidade do pecador: ele sempre culpa Deus pelas suas
próprias faltas. Quantos, nos nossos dias, não têm culpado Deus, negado até a
existência de Deus? Quantos não acusam Deus de ser impiedoso e cruel porque
mandará pessoas à perdição eterna? Ao mesmo tempo em que vociferam palavras de
acusação contra Deus, pecam desmedidamente, escandalizam o evangelho, muitas vezes
até, sob a paciência deste mesmo Deus injustamente acusado.
·
Em terceiro lugar, o servo
negligente chama o Senhor de Ladrão (Mt.25:24) – “...que
ceifas onde não semeaste...”. Ceifar onde não se semeou é invadir terreno alheio, é apropriar-se do
alheio, é chamar o Senhor de ladrão.
·
Em quarto lugar, o servo
mau chama o senhor de cobiçoso (Mt.25:24) - “que ajuntas onde não
espalhaste”. Ajuntar onde não se
espalhou é uma expressão proverbial que indica um desejo ilegítimo de
crescimento, uma ganância. O Servo Mau, entretanto, ao assim se referir ao
senhor, denuncia a sua própria ganância. Ele havia se apropriado indevidamente
do talento recebido e o enterrara porque sabia que tudo que granjeasse seria do
senhor e não dele.
·
Em quinto lugar, o servo
mau diz que teve medo do Senhor (Mt.25:25) - “atemorizado, escondi na
terra o teu talento...”.
Não adianta ter medo de Deus. É preciso ter respeito, reverência, não medo. O
servo mau alegou ter medo de Deus, por isso não lhe obedeceu. É assim mesmo:
quem tem medo, não obedece. Pode até fazer o que se manda, mas isto não é
obedecer, pois a obediência é uma ação voluntária, não forçada. Não podemos
mostrar aos homens um Deus irado, cruel e pronto a castigar. O medo de Deus não
resolve. Na Grande Tribulação, os homens terão medo de Deus, que estará
derramando terríveis juízos sobre a Terra, mas não se arrependerão de seus
pecados, pois medo não transforma, não torna ninguém obediente.
·
Em sexto lugar, o servo mau
não devolveu corretamente o que havia recebido do Senhor (Mt.25:25) – “...aqui
tens o que é teu”. Ele mentiu mais uma vez,
ao dizer ao senhor: “aqui tens o que é teu”. Diante do longo tempo decorrido, o
talento devolvido não tinha o mesmo valor do talento que havia sido entregue. O
tempo passou e, como a vida é dinâmica, o patrimônio recebido se desvalorizou,
tanto que o senhor diz que, se o servo mau quisesse mesmo apenas devolver o que
lhe havia sido dado, teria entregado o talento ao banqueiro para que este o
negociasse e, assim, não haveria perda de valor. O servo mau se apropriou de
parte do valor do talento ilegitimamente.
Assim ocorre com aquele
que não usa o Dom que Deus lhe deu. Ele retém ilegitimamente e o Dom não será
simplesmente devolvido ao Senhor, pois haverá um prejuízo irreparável, pois o
bem que deveria ter sido feito com aquele Dom, a glória que deveria ter sido
dada a Deus através daquele Dom nunca terá sido concretizada e, como sabemos,
quatro coisas não voltam atrás: o tempo passado, a oportunidade perdida, a
palavra dita e a pedra atirada.
O Servo Mau, portanto, não
teria mais condições de repor o valor perdido e, por isso, era praticante de
uma injustiça, de uma iniquidade.
Que possamos, no momento
da prestação de contas, sermos achados fiéis e diligentes, e não servos
negligentes - “Bem-aventurado aquele
servo que o Senhor, quando vier, achar servindo assim” (Mt.24:46).
III.TRABALHANDO ATÉ O SENHOR VOLTAR
“E, muito tempo depois, veio o senhor daqueles
servos e ajustou contas com eles” (Mt.25:19).
Todos os salvos são chamados para fazer a Obra de Deus - “Mas vós sois a
geração eleita, o sacerdócio real...” (1Pd.2:9). Segundo a Bíblia, nesta
Dispensação da Graça, cada crente é um sacerdote. No Antigo Testamento nenhum
Sacerdote era constituído para não fazer nada. Todo Sacerdote tinha um trabalho
para fazer.
Jesus Cristo, na conclusão do Seu Ministério aqui na Terra, sabendo que o
tempo de partir “para fora da Terra” era chegado, Ele proferiu esta que foi sua
última Parábola, deixando claro que todos os seus servos deveriam se empenhar
em fazer a Sua Obra.
Ao não deixar nenhum dos servos sem Talento, e ao fazer a distribuição
segundo a capacidade de cada um, o Senhor Jesus confirmou a grande chamada:
“E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o
evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo...”
(Mc.16:15,16).
“Portanto, ide, ensinai todas as nações,
batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a
guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco
todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém!” (Mt.28:19,20).
Jesus não exigiu uma produção igual para todos os seus servos, ele
respeitou a capacidade de cada um. Todavia, ninguém poderia alegar que não
podia fazer nada, porque todos receberiam dos “bens” do Senhor, na forma
de Dons, ou Talentos, os quais seriam seus instrumentos de trabalho. Os seus
servos teriam ampla liberdade para usarem os Talentos, mas que era necessário
usá-los. Uma coisa eles deveriam estar cônscios: o Senhor voltaria e que,
no Dia de Sua Vinda, haveria um ajuste de contas com cada um, e cada um seria,
como de fato será, recompensado não pela quantidade das obras, mas, pela
fidelidade na forma em que elas seriam realizadas.
Deus não pede o que não temos para dar. Deus não exige o que não podemos
fazer. Deus conhece as limitações de cada um, e só exige conforme a capacidade
daquele que recebeu os Seus bens. Não somos iguais, Deus sabe disto. Somos
membros de um Corpo, o Corpo de Cristo. Seja qual for nossa capacidade, somos
necessários nesse Corpo.
Portanto, se você recebeu cinco talentos, dê glórias a Deus, negocie com
eles e ganhe outros cinco. Se você recebeu dois talentos, dê glórias a Deus
negocie com eles e ganhe outros dois. Se você recebeu apenas um talento, dê
glórias a Deus, negocie com ele e ganhe outro talento. Alegre-se, porque na
verdade nós não merecíamos receber nada. Tudo o que temos e tudo o que somos é
pela misericórdia de Deus.
Devemos estar cônscios de que um Dia prestaremos contas. No Tribunal de
Cristo, receberemos do Senhor a recompensa pelo trabalho que fizermos para Ele
(ler 1Co.3:12-15 cf. 2Co.5:10). Alegremo-nos com essa verdade. O que precisamos
ter cuidado é não fazer a Obra do Senhor relaxadamente, como fez o Servo Mau da
Parábola. É necessário fazer a Obra do Senhor com zelo, porque fazer a Obra de
Deus relaxadamente é apropriar-se de maldição. Está escrito: “Maldito aquele
que fizer a obra do SENHOR relaxadamente...” (Jr.48:10).
CONCLUSÃO
Se por um lado devemos
esperar, ou aguardar a Vinda do Senhor, por outro lado, enquanto isso não
acontece, é nosso dever trabalhar na causa do Mestre, levando a Palavra do
Evangelho a todo o mundo (Mt.28:19,20). É justamente isso que o Senhor Jesus
Cristo ensinou com a Parábola dos Talentos. Vimos que fazer tal trabalho não se
trata de uma opção, mas de algo obrigatório, posto que tal ordem foi dada pelo
Senhor. Precisamos desenvolver os talentos que recebemos de Deus, e precisamos
estar cônscios de que Jesus pode vir a qualquer momento para prestar contas dos
talentos ou do talento que Ele nos confiou (Mt.24:36; Mc.13:32; At.1:7). Portanto,
cada "um" deve administrar "aos outros o dom como recebeu, como
bons despenseiros da multiforme graça de Deus" (1Pd.4:10).
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) -
William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 76. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação
Pessoal. CPAD.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. Fidelidade e
Diligência na Obra de Deus. PortalEBD_2005.
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