sábado, 27 de junho de 2015

LIÇÕES BÍBLICAS CPAD - 3º TRIMESTRE DE 2015



 



 

No 3º Trimestre de 2015 estudaremos, através das Lições Bíblicas da CPAD, sobre o tema: “A Igreja e seu Testemunho – As ordenanças de Cristo nas cartas pastorais”. As lições serão comentadas Pr. Elinaldo Renovato de Lima, e estão distribuídas sob os seguintes títulos:
 
 
 

Lição 1 – Uma Mensagem à Igreja Local e à Liderança.

Lição 2 – O Evangelho da Graça.

Lição 3 – Oração e Recomendação às Mulheres Cristãs.

Lição 4 – Pastores e Diáconos.

Lição 5 – Apostasia, Fidelidade e Diligência no Ministério.

Lição 6 – Conselhos Gerais.

Lição 7 – Eu Sei em Quem Tenho Crido.

Lição 8 – Aprovados por Deus em Cristo Jesus.

Lição 9 – A Corrupção dos Últimos Dias.

Lição 10 – O Líder Diante da Chegada da Morte.

Lição 11 – A Organização de Uma Igreja Local.

Lição 12 – Exortações Gerais.

Lição 13 – A Manifestação da Graça da Salvação.

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POR QUE DEVEMOS ESTUDAR AS CARTAS PASTORAIS

INTRODUÇÃO

As cartas pastorais (1 e 2 Timóteo e Tito) são orientações práticas do veterano apóstolo aos seus filhos na fé, Timóteo e Tito, ensinando-lhes a maneira certa de agirem à frente da igreja de Deus, como representantes do apóstolo e pastores do rebanho.

O livro de Atos termina dizendo que Paulo havia sido autorizado a alugar uma casa onde cumpria prisão domiciliar, junto à guarda pretoriana, em Roma. Essa prisão durou dois anos (At 28:30). Colocado em liberdade, Paulo visitou a igreja de Éfeso, onde deixou Timóteo incumbido de supervisionar as igrejas da Ásia Menor, seguindo em direção à Macedônia. Após alcançar o norte da Grécia, possivelmente escreveu sua primeira carta a Timóteo (1Tm 1:3). Quando chegou à ilha de Creta, lá deixou Tito para encorajar e orientar a liderança dos cristãos cretenses (Tt 1:5), partindo em seguida para Acaia, região sul da Grécia (Tt 3:12). Na Macedônia, pouco antes de chegar a Nicópolis, Paulo possivelmente decidiu escrever a Epístola de Tito. Quando, finalmente, alcançou Trôade (2Tm 4:13), é provável que tenha sido inesperadamente preso e novamente levado a Roma, jogado num frio e isolado calabouço e, pouco tempo mais tarde, logo após ter escrito sua segunda carta a Timóteo, terminou decapitado sob as ordens de Nero.

As Epístolas Pastorais trazem princípios práticos que orientam a igreja acerca do modo correto de proceder diante dos perigos externos e dos conflitos interiores. Muitas igrejas são assediadas por falsos mestres e assaltadas por falsas doutrinas. Outras têm suas energias drenadas em intérminos conflitos internos, que tiram o foco da igreja de sua verdadeira missão, que é adorar a Deus e fazer a sua obra.

John Stott alerta para o fato de estarmos vivendo sob a avassaladora influência da pós-modernidade, com seu subjetivismo e pluralismo, em que as pessoas têm aversão pela verdade e rejeitam peremptoriamente a concepção e até mesmo a possibilidade de existir verdade absoluta. Nesse contexto de relativismo doutrinário e moral, é maravilhoso entender que Paulo ordena a Timóteo e a Tito nada menos que dez vezes para ensinar às igrejas a sã doutrina, ou seja, a verdade absoluta (cf 1Tm 3:4; 4:6,11,15; 5:7,21; 6:2,17; Tt 2:15; 3:8).

Sem dúvida, as Epístolas Pastorais são absolutamente oportunas e contemporâneas. Elas são totalmente necessárias ainda hoje.

I. A EPÍSTOLO DE 1 TIMÓTEO


O Tema de 1Timóteo é claramente apresentado em 1Tm 3:14-15: “Escrevo-te estas coisas, esperando ir ver-te em breve; para que, se eu tardar, fiques ciente de como se deve proceder na casa de Deus, que é a Igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade”. Paulo simplesmente declara que há um padrão de comportamento para a igreja de Deus e escreve a Timóteo para informá-lo disso.

Não é suficiente dizer "comporte-se!" a uma criança mal comportada se ela não sabe o que se espera de um bom comportamento. Primeiro deve-se contar a ela o que é bom comportamento. A primeira carta a Timóteo faz isso para com a "criança" de Deus no que se refere à Igreja de Deus.

A igreja de Deus precisa ser zelosa da doutrina e também da vida. Paulo escreveu a Timóteo, dizendo: "Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina..." (1Tm 4:16). A igreja de Éfeso era zelosa da doutrina e descuidada no amor (Ap 2:2-4). Precisamos subscrever a ortodoxia sem deixar de lado a ortopraxia. Precisamos de teologia boa e de vida santa.

II. A EPÍSTOLA DE 2 TIMOTEO


O Tema de 2Timóteo é expresso com exatidão em 2:15: ”Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”.

Em contraste com 1Timóteo, na qual se enfatiza a conduta coletiva e da congregação, nesta epístola é proeminente a responsabilidade e o comportamento individual. Pode-se definir esse tema como "responsabilidade individual na hora do fracasso coletivo".

Nesta Epístola, há muita falha coletiva na chamada Igreja de Deus. Era grande o abandono da fé e da verdade. Como isso afeta o cristão individualmente? Ele está dispensado de tentar manter a verdade e de viver uma vida santa? A resposta de 2Timóteo é um decidido não! "Procura apresentar-te diante de Deus aprovado...". A situação do jovem Daniel na corte da Babilônia (Dn 1) ilustra isso. Em razão da prolongada perversidade dos israelitas, ele e muitos outros foram levados cativos a Babilônia por Nabucodonosor e privados de todas as manifestações exteriores da religião judaica: sacrifícios, ministério sacerdotal, adoração no templo etc. De fato, tudo isso foi logo suspenso quando, poucos anos depois, Jerusalém foi destruída e a nação inteira levada cativa. Teria Daniel, então, dito a si mesmo: "Também eu devo esquecer a lei e os profetas e me acomodar às práticas, aos padrões e à moral da Babilônia?". A história registra sua brilhante e entusiasmada resposta na notável vida de fé em circunstâncias aparentemente tão adversas.

Assim, a mensagem de 2Timóteo também é dirigida a cada filho de Deus que encontra hoje o testemunho da igreja coletiva muito diferente da simplicidade e da santidade do Novo Testamento, no qual teve sua origem. O filho de Deus ainda tem a responsabilidade de "viver piedosamente em Cristo Jesus" (2Tm 3:12).

III. A EPÍSTOLA DE TITO


Tito, como 1 e 2 Timóteo, é uma Epístola pessoal de Paulo a um dos seus auxiliares mais jovens. É chamada de “Epístola Pastoral” porque trata de assuntos relacionados com a ordem e o ministério na igreja. Fornece uma longa lista de qualificações para o ofício de bispo e presbítero (Tt 1:6-9), bem como importante evidência de que os termos “bispo” e “presbítero” referem-se a um mesmo ofício, e não a dois distintos.

Como 1Timóteo, Tito mostra uma grande preocupação pela sã doutrina (Tt 1:9,13; 2:1,2). A preocupação de Paulo quanto a este assunto é contrabalançada por uma ênfase na conduta cristã adequada. Para Paulo, as duas claramente caminham de mãos dadas.

Tito também afirma a divindade de Cristo de uma maneira contundente – o título “Salvador” é aplicado livremente e nos mesmos contextos, tanto a Deus (Tt 1:3; 2:10; 3:4) quanto a Cristo (Tt 1:4; 2:13; 3:6). Tito 2:13 fala de “nosso grande Deus e Salvador, Cristo Jesus”.

Nesta Epístola, segundo Donald C. Stamps, Paulo examina quatro assuntos principais:

1) Ensina Tito a respeito do caráter e das qualificações espirituais necessárias a todos os que são separados para o ministério na igreja. Os presbíteros devem ser homens piedosos, de caráter cristão comprovado e bem sucedidos na direção da sua família (Tt 1:5-9).

2) Paulo manda Tito ensinar a sã doutrina, repreender e silenciar falsos mestres (Tt 1:10-2:1). No decurso da Epístola, Paulo apresenta dois breves resumos da sã doutrina (Tt 2:11-14; 3:4-7).

3) Paulo descreve para Tito o devido papel dos presbíteros (Tt 2:1,2), das mulheres idosas (Tt 2:3,4), das mulheres jovens (Tt 2:4,5), dos homens jovens (Tt 2:6-8) e dos servos (Tt 2:9,10).

4) Finalmente, Paulo enfatiza que as boas obras e uma vida de retidão são o devido fruto da fé genuína (Tt 1:16; 2:7,14; 3:1,8,14).

IV. POR QUE DEVEMOS ESTUDAR AS CARTAS PASTORAIS


Segundo Rev. Hernandes Dias Lopes, é necessário estudar exaustivamente as Epístolas Pastorais peias seguintes razões:

1. Porque a classe pastoral está em crise. Há muitos pastores perdidos e confusos no ministério. Alguns estão cansados da obra e na obra (Gl 6.9), enquanto outros vivem na indolência sem se afadigar na Palavra (1Tm 5.17), sem vigiar o rebanho dos aleivosos perigos (At 20.29,30), sem apascentar com conhecimento e inteligência o povo de Deus (Jr 3.15).

2. Porque muitas igrejas estão em crise. As cartas pastorais trazem princípios práticos que orientam a igreja acerca do modo correto de proceder diante dos perigos externos e dos conflitos interiores. Muitas igrejas são assediadas por falsos mestres e assaltadas por falsas doutrinas. Outras têm suas energias drenadas em intérminos conflitos internos, que tiram o foco da igreja de sua verdadeira missão, que é adorar a Deus e fazer a sua obra. A crise espiritual da igreja reflete a crise espiritual de seus líderes. A igreja é um reflexo de sua liderança.

3. Porque há nas igrejas um descompasso entre teologia e vida. A igreja de Deus precisa ser zelosa da doutrina e também da vida. Paulo escreveu a Timóteo, dizendo: "Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina..." (1Tm 4.16). A igreja de Éfeso era zelosa da doutrina e descuidada no amor (Ap 2.2-4). A igreja de Tiatira era zelosa quanto ao amor, mas desatenta quanto à doutrina (Ap 2.18-20). As duas igrejas foram solenemente exortadas e repreendidas por Cristo. Precisamos subscrever a ortodoxia sem deixar de lado a ortopraxia. Precisamos de teologia boa e de vida santa.

4. Porque as heresias sempre se vestem de nova roupagem para se infiltrar na igreja. As igrejas do primeiro século já estavam ameaçadas desde o seu nascimento pelo fermento da heresia. Os cristãos egressos do paganismo eram tentados a voltar a ele ou ter sua fé contaminada por ensinos enganosos, disseminados pelos falsos mestres itinerantes. Ainda hoje, há muitas heresias no mercado da fé. Muitas delas com sabor de alimento saudável e nutritivo, mas não passam de comida venenosa e mortífera. Essas heresias estão presentes nos seminários, nos púlpitos, nos livros, nas músicas. Uma heresia é uma negação da verdade ou uma distorção dela. Precisamos nos acautelar!

5. Porque a maneira errada de lidar com as pessoas dentro da igreja é a causa de muitas feridas. A carta de Paulo a Tito é um verdadeiro manual de relacionamento humano. Mostra como os líderes devem lidar com as pessoas mais jovens, mais velhas e as pessoas da sua idade. A liderança da igreja precisa ser firme na sã doutrina, zelosa na disciplina, mas sensível com as pessoas. Se não vivermos em harmonia internamente, não teremos autoridade para pregar a Palavra externamente.

CONCLUSÃO


O apóstolo Paulo foi um homem iluminado pelo Espírito Santo, e seus escritos devem ser considerados oráculos de Deus. A única função que os líderes da Igreja têm, hoje, é ensinar o que foi fornecido e selado nas Escrituras Sagradas.

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Ev. Luciano de Paula Lourenço.

Referências Bibliográficas:

William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Novo Testamento).

Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.

Tito e Filemom (doutrina e vida, um binômio inseparável) – Rev. Hernandes Dias Lopes.

Comentário do Novo Testamento (1 e 2 Timóteo e Tito) – William Hendriksen.

 

domingo, 21 de junho de 2015

Aula 13 – A RESSURREIÇÃO DE JESUS


2º Trimestre/2015
 
Texto Base: Lucas 24:1-8
 
 
“E, estando elas muito atemorizadas e abaixando o rosto para o chão, eles lhe disseram: Por que buscais o vivente entre os mortos?” (Lc 24:5)
 
INTRODUÇÃO
A ressurreição de Jesus é o episódio que dá sentido e significado à fé cristã. Sem ela, como disse o apóstolo Paulo, o cristianismo não teria razão de ser (1Co 15:14). A ressurreição é o fato que distingue o Cristianismo de toda e qualquer outra religião ou sistema filosófico-religioso; é a verdade que demonstra que Jesus é o Salvador do mundo, a Verdade e a Vida. Vários líderes religiosos deixaram suas marcas e ensinamentos na história da humanidade, porém, todos morreram e seus restos mortais ainda se encontram na sepultura. Somente o túmulo de Jesus encontra-se vazio, e a respeito dEle os anjos disseram: “Ele não está aqui, porque já ressuscitou” (Mt 28:6). Nenhuma outra coisa poderia ter transformado homens e mulheres tristes e desesperados em pessoas radiantes de alegria e inflamadas de um novo valor.
A ressurreição de Jesus é a demonstração de que o seu sacrifício foi aceito por Deus (Is 53:10-12), assim como a saída do sumo sacerdote do lugar santíssimo em vida significava, no tempo da lei, que Deus havia perdoado as iniquidades do povo e que cobrira os pecados por mais um ano (Lv 16:29-34).
A ressurreição de Jesus é a demonstração de que Ele venceu a morte e que, por isso, também nós poderemos nEle vencê-la e alcançar a vida eterna (Rm 8:11; 2Co 4:14; Ef.2:6; 1Ts 4:14).
A ressurreição de Jesus é a prova cabal da eficácia do Seu sacrifico por nós, por isso devemos aceitá-lo como único e suficiente Senhor e Salvador – “e por ele credes em Deus, que o ressuscitou dos mortos e lhe deu glória, para que a vossa fé e esperança estivessem em Deus” (1Pe 1:21).
A ressurreição de Jesus é a principal garantia de que devemos morrer para este mundo e viver para Deus, de que vale a pena renunciar a si mesmo e seguir a Jesus, porque Ele renunciou a tudo, inclusive à própria vida, mas isto agradou a Deus que O ressuscitou e O exaltou sobre todo o nome. Assim, também, se não buscarmos as coisas e prazeres desta vida, mas única e exclusivamente fazer a vontade de Deus, também teremos o mesmo destino que teve o Senhor Jesus: o de agradar a Deus e ser levado à glória assim como foi o Senhor (Rm 6:4; 7:4; 2Co 5:15; Cl 2:12).
A ressurreição de Jesus é a principal garantia de que devemos aguardá-lo, pois, assim como Ele ressuscitou, como havia prometido, Ele também voltará para arrebatar a sua Igreja e nos livrar da ira futura (1Co 15:51-57; 1Ts 1:10).
Com a ressurreição, Jesus foi exaltado sobre todo o nome (Fp 2:9), passando, então, a ser chamado de Nosso Senhor (Rm 1:4), tendo todo o poder no céu e na terra (Mt 28:18).
I. A DOUTRINA DA RESSURREIÇÃO
A verdade da ressurreição dos mortos permeia de forma marcante as escrituras do Antigo e do Novo Testamento. É válido ressaltar que na ressurreição dos mortos os corpos tanto dos salvos como também dos ímpios terão uma natureza eterna, não podendo mais morrer. Desta feita, para aquelas pessoas que a Bíblia nos fala de que tendo morrido foram ressuscitados, tornando a morrer outra vez, como é o caso do filho da viúva de Serepta(1Reis 17:23); o filho da Sunamita(2Reis 4:32-36); o defunto lançado na sepultura de Elizeu(2Reis 13:21); o filho da viúva de Naim(Lc 7:11-17); a filha de Jairo(Lc 8:49-56); Lázaro(João 11:17-45); Dorcas(Atos 9:36-40); Êutico (Atos 20:27), para estes casos, à luz da doutrina bíblica da ressurreição, não se encaixam como ressurreição de fato, mas apenas como volta à vida natural.
Conforme ensina as Escrituras Sagrada, os mortos não serão todos ressuscitados ao mesmo tempo; não terão o mesmo destino, porém, todos serão ressuscitados (João 5:28,29). Daniel, considerado o principal escritor apocalíptico do Antigo Testamento, assim refere-se a cerca da ressurreição: "Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno" (Dn 12:2). Esta é uma referência clara à ressurreição dos justos e dos ímpios, embora o destino eterno de cada grupo seja bem diferente. Isto revela que há dois e somente dois destinos para toda a humanidade.
A Ressurreição dos mortos acontecerá em duas etapas diferentes. A Bíblia fala em Primeira e Segunda Ressurreição, separadas uma da outra por um período de cerca de mil anos. De acordo com a Bíblia, e conforme afirmou o próprio Jesus, todos os mortos ressuscitarão – “... vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz.  E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação”(João 5:28-29). Paulo também afirmou: “Tendo esperança em Deus, como estes mesmos também esperam, de que há de haver ressurreição de mortos, assim dos justos como dos injustos”(Atos 24:15). Este e muitos versículos desfazem a ideia de que os ímpios serão destruídos e de que não haverá condenação porque “Deus é amor”. Segundo a Bíblia, certamente todos ressuscitarão. O que precisamos saber é que os justos não irão ressuscitar juntamente com os ímpios.
1. A ressurreição dos Justos – ou Primeira Ressurreição. Na primeira ressurreição serão ressuscitados todos os santos, de todos os tempos. Não haverá ressurreição dos ímpios, nessa oportunidade. Neste primeira etapa, os santos ressuscitarão em três momentos diferentes, segundo uma determinada ordem, conforme afirmou Paulo: “Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua Vinda”(1Co 15:23).
a) Primeiro Momento. Este já aconteceu. É o que Paulo chama de “Cristo as Primícias”(1Co 15:23). Mateus 27:50-53 descreve esse momento: “E Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito.  E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras; E abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiam foram ressuscitados; e, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição dele, entraram na cidade santa, e apareceram a muitos”. Os sepulcros se abriram no momento da morte de Jesus, porém, não poderia haver ressurreição antes que Ele ressuscitasse, por isto se diz que “saindo do sepulcro, depois da ressurreição dele”. Jesus teria que ser o primeiro a ressuscitar, e assim aconteceu.
b) O Segundo Momento. Este acontecerá no Dia do Arrebatamento da Igreja – “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro”(1Tes 4:16). Portanto, neste segundo momento da Primeira Ressurreição irão ressuscitar todos aqueles que, segundo Paulo, “morreram em Cristo”.
c) O Terceiro Momento. Este momento acontecerá na segunda fase da Segunda Vinda de Jesus, conhecida como o Dia da Revelação do Senhor. Nesse Dia ressuscitarão todos os mártires da Grande Tribulação, conforme escreveu João: “...E vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta em a sua imagem, e não receberam o sinal na testa nem na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos”(Ap 20:4). Aqui termina a Primeira Ressurreição. A Bíblia, então, diz: “Bem aventurados e santos são aqueles que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte, mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele mil anos”(Ap 20:6).
2. A Segunda Ressurreição – “... e os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação”(João 5:29). Conforme se pode observar, esta é a Ressurreição dos Ímpios. Ela somente acontecerá depois do Milênio – “Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram...”(Ap 20:5). Estes “outros mortos” são todos aqueles que morreram sem a salvação, tanto no Antigo como no Novo Testamento, ou seja, são os ímpios de todos os tempos. Diferente da primeira, na segunda Ressurreição todos os mortos ímpios ressuscitarão num só momento e comparecerão diante do Trono Branco para o Juízo Final. Isto foi visto e descrito por João em Apocalipse 20:11-15.
O Juízo Final ocorrerá depois do término do reino milenial de Cristo, depois da condenação definitiva do Diabo e suas hostes. Na Bíblia, este julgamento é explicitamente mencionado, pela primeira vez, por Daniel (Dn 7:9,10). Era algo de pleno conhecimento dos judeus, como mostra Marta, irmã de Lázaro, ao se dirigir ao Senhor, quando este chegou a Betânia quatro dias após a morte de Lázaro(João 11:24). Terá como objetivo retribuir a cada um segundo as suas obras(Ap 20:11-15).
A Igreja - a Universal Assembleia dos Santos (Hb 12:23) - não será submetida ao Juízo Final, por haver crida na eficácia da morte e da ressurreição do Filho de Deus.
II. A NATUREZA DA RESSURREIÇÃO DE JESUS
Deus garantiu que o corpo do Senhor Jesus Cristo não veria a corrupção, não se deterioraria (Sl 16:10); essa profecia cumpriu-se em sua ressurreição (At 2:24-30). O corpo que foi crucificado, não pôde ficar na sepultura. Jesus apresentou-se aos seus discípulos, dizendo ser Ele mesmo, e não uma aparição fantasmagórica. Isso prova que a sua ressurreição não foi em espírito. Ele não era um espírito desencarnado. A ressurreição de Jesus foi literal e física; Ele ressuscitou em carne e osso (Lc 24:39,40). Em sua primeira Carta aos Coríntios o apóstolo Paulo assevera que toda a fé cristã é falsa se a ressurreição de Jesus não aconteceu de forma corpórea (1Co 15:14,15).
1. O corpo de Jesus era visível – “ Olhai as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede; porque um espírito não tem carne nem ossos, como percebeis que eu tenho” (Lc 24:39). Vede que o corpo de Jesus não era somente uma visão ou um fantasma; os discípulos tocaram o Mestre e Ele ingeriu alimentos. Mas o corpo de Jesus não era um corpo humano restaurado como o de Lázaro (João 11), porque Ele podia aparecer e desaparecer. O corpo ressurreto de Jesus era imortal e incorruptível. Este é o tipo de corpo que nós receberemos na ressurreição (1Co 15:42-50).
2. O corpo de Jesus era palpável – “Depois disse a Tomé: Chega aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; chega a tua mão, e mete-a no meu lado; e não mais sejas incrédulo, mas crente”(João 20:27). O corpo ressurreto de Jesus era singular, não estava mais sujeito às mesmas leis da natureza, como antes de sua morte. Ele podia aparecer em um recinto fechado, mesmo não sendo um fantasma ou uma aparição; também podia ser tocado e se alimentar (Lc 24:41-43).
III. EVIDÊNCIAS DA RESSURREIÇÃO DE JESUS
A ressurreição é a prova cabal da aceitação do sacrifício de Jesus e da vitória sobre o pecado e a morte, com a consequente salvação da humanidade pela fé em Jesus. Não é outro o motivo pelo qual a ressurreição foi cercada de “muitas e infalíveis provas” (At 1:3), a fim de que não houvesse como negá-la justificadamente. Após a sua morte, Jesus foi sepultado em um sepulcro, que, em virtude de sua ressurreição, os discípulos o encontraram vazio (João 16:5,6). Jesus apareceu, ressurreto, pelo período de 40 dias aos seus discípulos, até que ascendeu ao Céu (At 1:1-11).
1. Evidências diretas. Muitas são as evidências que demonstram a veracidade incontestável da ressurreição de Jesus Cristo. Algumas pessoas, individualmente e coletivamente, viram a Jesus:
a) Maria Madalena – no túmulo (João 20:11-18).
b) várias mulheres – próximas ao túmulo (Mt 28:9,10).
c) dois discípulos – no caminho de Emaús (Lc  24:13-32).
d) Pedro – em localização indefinida (Lc 24:33-35).
e) aos dez discípulos – no salão superior (Lc 24:36-43).
f) aos onze discípulos – no salão superior (João 20:26-31).
g) a sete homens – no Mar da Galiléia (João 21:1-25).
h) aos onze discípulos – no monte (Mt 28:16-20).
i) aos discípulos – próximo a Betânia (At 1:9-12).
j) a quinhentas testemunhas (1Co 15:6). É interessante ressaltar que o apóstolo Paulo escreveu a Primeira Epístola aos Coríntios cerca de 30 anos depois de o fato ter acontecido, afirmando que muitas dessas testemunhas ainda estavam vivas. Em outras palavras, estava colocando as provas à disposição de qualquer interessado.
k) foi visto até pelos que não criam. Paulo menciona o fato de Tiago (irmão do Senhor, que durante a vida de Jesus na Terra não cria nEle - Mc 6:3; João 7:5) ter sido uma testemunha da ressurreição. Aparentemente, a ressurreição de Jesus o havia convencido da verdade a respeito de Cristo, pois ele estava entre o grupo que compareceu ao cenáculo depois da ascensão (At 1:13). Paulo, o maior perseguidor da fé cristã, também teve um encontro com o Cristo ressurreto. Ele mesmo conta como foi esse encontro (cf. At 22:5-8). Jesus provou a Paulo que Ele estava vivo. Com isso, tornou-se Paulo o maior defensor dessa doutrina. Trata-se, pois, de um doutor da lei, líder da religião dos judeus e perseguidor dos cristãos que se converteu a Jesus.
2. Evidência indiretas. Todas as evidências descritas anteriormente tiveram por finalidade mostrar que Ele verdadeiramente ressuscitou e que, portanto, não havia como negar este fato concreto, que, além do mais, se encontrava demonstrado pelo túmulo vazio. Os discípulos, que não haviam compreendido que Ele havia de ressuscitar, ao verem Jesus ressurreto, não tiveram dúvida alguma da veracidade desta mensagem e passaram a pregá-la com veemência e intrepidez. Homens que, outrora medrosos, passaram a anunciar o evangelho de Cristo, sacrificando, se necessário fosse, suas vidas por amor a Cristo (João 20:28; At 2:24,32; 3:15; 5:30).
É importante, ainda, observar que, mesmo durante o ministério de Jesus, houve pessoas que O seguiram e que O abandonaram. A sua própria mãe titubeou na fé, tanto que a vemos acompanhando os irmãos de Jesus numa tentativa de prendê-lo ou demovê-lo de sua pregação (Mc 3:21,31-35). A propósito, não devemos nos esquecer de que os irmãos de Jesus eram incrédulos (João 7:5). Ora, como, então, entender que tenham crido em Jesus e, inclusive, juntamente com sua mãe, esperaram o derramamento do Espírito Santo até o dia de Pentecostes no cenáculo (At 1:14), senão pelo impacto gerado pelo fato de Jesus ter aparecido a Tiago após a ressurreição (1Co 15:7)?
Pessoas que não creram em Jesus enquanto Ele curava, expulsava demônios, fazia milagres, teriam passado a crer com base em alucinações, farsas e fantasias? Evidentemente que não! Jesus realmente ressuscitou e isto não pôde ser desmentido por ninguém! Aleluia!
Paulo é outro que, após ter sido grande perseguidor da Igreja, ao ter um encontro pessoal com Jesus, o Jesus ressurreto (1Co 15:8), não pôde negar esta realidade e passou a pregá-la (1Co 15:1-4), mesmo quando isto representasse o escárnio dos intelectuais de seu tempo (At 17:32). Como entender que alguém tão letrado e versado tanto na lei judaica, quanto na filosofia grega ou no direito romano, renegasse todo o seu conhecimento e saber em nome de uma ilusão, de uma alucinação que o levaria a enfrentar a morte e perseguição? Não há como se justificar tal fato senão pela circunstância de que a ressurreição é uma realidade que gera fé e esperança por meio de Jesus, que dá sentido à vida espiritual.
3. Teorias opostas, sem fundamento. Existem algumas teorias que são comumente propaladas e que objetivam negar que Cristo tenha ressuscitado de entre os mortos.
a) “O túmulo estava errado”. Os adeptos dessa teoria acreditam que as mulheres que anunciaram que o corpo tinha desaparecido se tinham enganado e teriam ido ao túmulo errado. Bem, mas se assim fosse, então os discípulos que foram verificar se o corpo tinha ou não desaparecido (João 20:3) também se enganaram e foram ao túmulo errado? Além disso, certamente que as autoridades judaicas que pediram uma guarda romana junto do túmulo não se enganariam na sua localização, nem, outrossim, os soldados romanos. Se se tratasse de outro túmulo, certamente que iriam buscar o corpo ao túmulo certo, terminando para sempre todo e qualquer rumor sobre a ressurreição.
b) “As aparições de Jesus eram alucinações e ilusões”. Esta noção implica em que os discípulos, perturbados emocionalmente depois da morte de Jesus, apenas pensaram tê-lo visto vivo. Mas como dizer que meras alucinações e imaginações fossem unir um número tão grande de pessoas, mais de quinhentas (1Co 15:6), que aceitaram arriscar e perder suas vidas em nome de fantasias? Além disso, os discípulos estavam inicialmente receosos e fecharam-se em casa. Como discípulos receosos convencer-se-iam com ilusões e saíram para a rua anunciando-o?
c) “Jesus não morreu, apenas desmaiou”. Não há como aceitar esta teoria, pois José de Arimatéia, após a retirada de Cristo da cruz, constatou que Ele, de fato, havia morrido. Além disso, não seria racional que Jesus, após várias horas crucificado, tenha tido forças para, sozinho, se desfazer das amarras e retirar a pedra, que segundo estudiosos pesava duas toneladas, além disso ter dominado os soldados romanos armados da cabeça aos pés e por fim ter escapado por mais de dois quilômetros?
d) “os discípulos roubaram o corpo de Jesus”. Isso está fora de cogitação. A depressão e a covardia reveladas pelos discípulos não se coadunam com a súbita bravura e ousadia de enfrentar um destacamento de soldados e roubar o corpo. Aliás, como explicar a dramática transformação de seres desprezados, desanimados e fugitivos em testemunhas a quem nenhuma oposição pôde calar - nem prisão, nem império romano, nem perseguição. Os discípulos foram inclusive mortos. Ora, nenhum homem na sua perfeita consciência é capaz de se entregar à morte, sabendo que tudo aquilo era uma fraude ou mentira criada por si próprio!
e) “o corpo de Jesus foi retirado pelas autoridades judaicas ou romanas”. Por que as autoridades teriam interesse em retirar o corpo de Jesus do sepulcro? Isso apenas convalidaria a promessa de que Ele haveria ressuscitado de entre os mortos. Esta teoria não tem qualquer lógica, na medida em que quando os discípulos proclamaram a ressurreição, bastava às autoridades mostrar o corpo e, assim desse modo, banido e destruído por completo o Cristianismo pela base. Aliás, o relato bíblico de Mt 28:11-15 mostra que tal teoria era impossível pelo suborno que os líderes judaicos deram aos soldados romanos para que estes mentissem.
IV. O PROPÓSITO DA RESSURREIÇÃO DE JESUS
1. Salvação e justificação.O qual por nossos pecados foi entregue e ressuscitou para nossa justificação” (Rm 4:25). Para garantir a eficácia da Obra vicária, Jesus ressuscitou. Tanto a morte como a ressurreição de Cristo são obras de Deus Pai. Ele O entregou e O ressuscitou. A ressurreição de Cristo é a garantia de que Deus aceitou o sacrifício de seu Filho, em nosso lugar, em nosso favor. Cristo morreu por causa de nossas transgressões e ressuscitou a fim de efetuar nossa justificação. A morte e a ressurreição são dois aspectos de um único evento divino. Sem a ressurreição, a morte de Jesus não é útil para a nossa justificação, uma vez que “se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé” (1Co 15:17).
2. A redenção do corpo. A ressurreição de Jesus é a garantia de que os crentes também ressuscitarão dos mortos – “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor” (1Ts 4:16.17). Essa expectativa bendita não é apenas uma vaga esperança, mas uma certeza inabalável. Nós, que já fomos salvos da condenação do pecado (justificação) e estamos sendo salvos do poder do pecado (santificação), seremos, então, salvos da presença do pecado (glorificação).
Na ressurreição, receberemos um corpo imortal, incorruptível – “Assim também a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo em corrupção, ressuscitará em incorrupção. Semeia-se em ignomínia, ressuscitará em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscitará com vigor” (1Co 15:42,43).
Na ressurreição, receberemos um corpo poderoso, glorioso e celestial, semelhante ao corpo da glória de Cristo – “que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas” (Fp 3:21).
Os vivos serão transformados:Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade e que isto que é mortal se revista da imortalidade. E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então, cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória” (1Co 15:51-54).
CONCLUSÃO
A ressurreição de Jesus é a principal prova de que a fé cristã é a verdadeira, de que o caminho para a salvação é Jesus, é o fundamento da nossa fé e é o motivo da esperança que faz com que o crente não se desespere ao ver a partida de um irmão em Cristo. Assim como Jesus ressuscitou, também os crentes que morrerem antes da volta do Senhor ressuscitarão (1Co 15:51-54). Ele prometeu que todos os Seus com Ele viveriam para sempre nas moradas celestiais que Ele haveria de preparar (João 14:1-3). Assim como Cristo, também venceremos as ânsias da morte para estarmos com o Senhor para sempre (1Ts 4:17). Vem Senhor Jesus!
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Luciano de Paula Lourenço - Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Revista Ensinador Cristão – nº 62. CPAD.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD
Comentário Lucas – à Luz do Novo Testamento Grego. A.T. ROBERTSON. CPAD
Guia do Leitor da Bíblia – Lawrence O. Richards
John Vernon McGee. Através da Bíblia – Lucas. RTM.
Leon L. Morris. Lucas (Introdução e Comentário). VIDA NOVA.
MARCOS – O Evangelho dos Milagres. Hernandes Dias Lopes.
HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. CPAD.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. A ressurreição de Jesus. PortalEBD.2008.
 

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Aula 12 – A MORTE DE JESUS


Texto Base: Lucas 23:44-50

 “E, clamando Jesus com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isso, expirou (Lc 23:46).

 

INTRODUÇÃO

A morte de Jesus Cristo na cruz não foi um acidente, foi uma agenda estabelecida por Deus. Você e eu não podemos desconsiderar a grandeza e a profundidade desta verdade, porque na mente de Deus, nos decretos de Deus, o Cordeiro de Deus foi morto desde a fundação do mundo. Ele nasceu para morrer. Ele nasceu para ser o nosso substituto, nosso representante, nosso fiador. Na verdade, a cruz sempre esteve incrustada na mente de Deus, em Seu coração amoroso. Jesus Cristo jamais recuou diante dessa cruz. Ele caminhou resoluto para ela como um rei caminha para sua coroação. Portanto, a cruz de Cristo além de ser um fato já planejado na eternidade, expressa para você e para mim o gesto do maior amor de Deus por nós.

Se você ainda tem dúvida do amor de Deus, entenda que não há possibilidade de nós expressarmos de forma mais eloquente e mais profunda o amor de Deus por nós do que a manifestação da cruz. Ali aconteceu o maior de todos os sacrifícios. O Filho de Deus deixou o Céu, deixou a companhia dos anjos, deixou a glória do Pai, e veio e se humilhou, se fez servo; foi perseguido, foi preso, foi insultado, foi cuspido, foi zombado, foi escarnecido, foi pregado na cruz.

Com a morte de Jesus, ativou-se o contato da criatura com o Criador que fora quebrado no Éden e se tornou visível a ação de Deus na vida dos homens, de maneira que o céu, que parecia ser inatingível, tornou-se acessível aos homens por meio de Cristo Jesus. A morte de Jesus na cruz, que seria uma vitória do diabo, na verdade representou a própria derrota de Satanás.

I. AS ÚLTIMAS ADVERTÊNCIAS E RECOMENDAÇÕES

1. Aflição interior. Na plena certeza de que era chegado o momento que seria entregue nas mãos de seus inimigos, Jesus trata de dar as últimas advertências e recomendações aos seus discípulos. Citando o profeta Zacarias, Ele fala que todos os apóstolos, sem exceção, iam se escandalizar com Ele, quando Ele fosse ferido (Mc 14:27). Todos disseram que isso nunca aconteceria (Mc 14:31). Um pouco mais tarde, todos o abandonaram e fugiram (Mc 14:50). Mas Jesus se apressa em acrescentar que nem sua morte nem a fuga dos discípulos seriam definitivas. Ele ressuscitaria e iria antes deles para a Galileia. O lugar do começo deles (Mc 3:14) haveria de ser também o lugar do novo começo deles (Mc 16:7). Ser cristão é seguir a Cristo. Ele vai adiante de nós. Ele nos encontra e nos restaura nos lugares comuns da nossa vida.

Mas Pedro não concordou que isso aconteceria com Ele, isto é, que se escandalizaria em Jesus. Ele disse: “Ainda que todos se escandalizem, nunca, porém, eu” (Mc 14:29). Foi uma pretensão vaidosa. Pedro julgou-se melhor que os seus colegas. Ele pensou ser mais crente, mais forte, mais confiável que seus pares. Ele queria ser uma exceção na totalidade apontada por Jesus. Pensou que jamais se escandalizaria com Cristo. Achou que estava pronto para ir para a prisão e até para a morte (Lc 22:33). Jesus, entretanto, revela a Pedro que naquela mesma noite, sua fraqueza seria demonstrada e suas promessas seriam quebradas – “Digo-te, Pedro, que não cantará hoje o galo antes que três vezes negues que me conheces” (Lc 22:34). Isso ocorreu como Jesus falou (cf Lc 22:54-62). Os outros falharam, mas a falha de Pedro foi maior. A Palavra de Deus alerta: “O que confia no seu próprio coração é insensato” (Pv 28:26). O apóstolo Paulo adverte: “Aquele, pois, que pensa estar em pé, veja que não caia” (1Co 10:12).

Foram momentos de muita aflição na vida dos discípulos, mas para Pedro deve ter sido um verdadeiro terror, com os verdugos da sua consciência lhe acusando de traição. Ainda bem que horas antes Jesus tinha rogado por ele para que a sua fé não desfalecesse (Lc 22:32). Jesus, porém, jamais desistiu de Pedro. No primeiro dia da semana, Jesus ressuscita dentre os mortos e dá um recado: “ide e dizei aos meus discípulos e a Pedro que eu quero encontrar com eles na Galileia” (Mc 16:7). Jesus faz menção especial a Pedro. Jesus nunca desiste de nós!

2. Aflição exterior. O texto de Lc 22:35-38 mostra a grande tensão que passou Jesus e os discípulos nos momentos que antecederam a prisão de Jesus. Os discípulos ainda não percebiam que Jesus seria contado com os transgressores, isto é, entre os criminosos sociais. O caminho de Jesus exigia resistência e luta. E Jesus já tinha treinado os seus discípulos. Eles tinham constatado que, tanto na primeira como na segunda missão, nada lhes tinha faltado (Lc 9:6;10:17). Aquelas primeiras experiências foram alegres e compensadoras. Mas as consequências sempre seriam duras: perseguição, traição, prisão, tortura e morte.

Chegara a hora de lutar, mas não com a espada que fere e mata (Lc 22:36). A espada a que Jesus se referiu neste versículo era simbólica, lembrando a resistência e a ousadia de não voltar atrás. Por isso é possível entender porque Jesus tinha dito que o reino seria conquistado pelo esforço (Lc 16:16). Não se trata de esforço que produz mérito diante de Deus. Não! Nenhum mérito pode nos levar à salvação. O esforço refere-se à atitude daqueles que estão convencidos de que vale a pena lutar para que outros também conquistem a liberdade e a vida.

Lucas 22:37 é uma prova de que Jesus estava bem consciente do seu sacrifício, pois citou Isaías 53:12 como uma profecia a seu respeito que estava para se cumprir – “pois vos digo que importa que se cumpra em mim o que está escrito: Ele foi contado com os malfeitores. Porque o que a mim se refere está sendo cumprido”.

Os discípulos pareciam não entender nada do que estava acontecendo. Arranjaram duas espadas normais, as mesmas armas que os poderosos usavam. Mas Jesus, entendendo a falta de visão espiritual deles, certamente com amor e talvez com sorriso levemente irônico no rosto, disse: “Basta!” (Lc 22:38). Os discípulos só entenderiam mais tarde que Jesus, sabendo que as perseguições a eles iriam começar, estava apenas alertando-os para os sofrimentos que teriam que enfrentar. Os discípulos só entenderiam, mais tarde, através do Espírito Santo que viria e os conduziria a toda a verdade (João 14:16,26).

II. JESUS É ATRAÍDO E PRESO

1. A ambição. A traição de Jesus é um dos relatos mais dramáticos que o Novo Testamento registra. O evangelista Mateus aponta a motivação de Judas em procurar os principais sacerdotes: “que me quereis dar, e eu vo-lo entregarei? E pagaram-lhe trinta moedas de prata” (Mt 26:15). A motivação de Judas em entregar Jesus era o amor ao dinheiro. Seu deus era o dinheiro. Ele vendeu sua alma, seu ministério, suas convicções, sua lealdade. Tornou-se um traidor. O dinheiro recebido por Judas era o preço de um escravo ferido por um boi (Êx 21:32). Por essa insignificante soma de dinheiro, Judas traiu o seu Mestre!

Antes disso, Judas participou da Páscoa com Jesus e os demais apóstolos. No Cenáculo, Jesus demonstrou seu amor por Judas, lavando-lhe os pés (João 13:5), mesmo sabendo que o diabo já tinha posto no coração de Judas o propósito de traí-lo (João 13:2). Nesse momento, na hora da Páscoa, Jesus acentua a ingratidão de Judas, de estar traindo a seu Mestre (Mc 14:20,21). Jesus declara que ele sofrerá severa penalidade por atitude tão hostil ao seu amor: “[...] ai daquele por intermédio de quem o Filho do Homem está sendo traído! Melhor lhe fora não haver nascido!” (Mc 14:21). Judas não se quebranta nem se arrepende, ao contrário, finge ter plena comunhão com Cristo, ao comer com Ele (Mc 14:18). Nesse momento, o próprio Satanás entra em Judas (João 13:27) e ele sai da mesa para unir-se aos inimigos de Cristo e entregá-lo a eles. Judas trai a Jesus na surdina, na calada da noite.

Segundo alguns estudiosos, Judas traiu Jesus por livre vontade, não como um robô. A soberania divina não diminui a responsabilidade humana. Somos responsáveis pelos nossos próprios pecados. Judas foi seduzido pelo amor ao dinheiro. A sua indisposição de arrepender-se e de orar pela renovação da sua vida casou-lhe a sua ruína. “Quando o responsabiliza por seu ato, as Escrituras mostram que Judas não estava predestinado a ser o traidor de Jesus (Mc 14:21). Ele o fez porque não vigiou (Lc 6:13; 22:40). Quem não vigia termina vendendo ou negociando a sua fé”.

No Getsêmani, o Senhor Jesus ainda falava com os discípulos sobre o valor da oração quando os inimigos chegaram, tendo Judas Iscariotes à frente como guia. O beijo era um gesto de cumprimento entre pessoas íntimas. Mas o gesto de afeto se transformara em instrumento de traição. Judas estava sendo instrumento do diabo.

2. A negociação. Os principais sacerdotes e os escribas conspiravam incessantemente sobre como poderiam matar o Senhor Jesus, mas reconheceram que deveriam fazê-lo sem causar tumulto, porque temiam o povo e sabiam que muitos ainda tinham Jesus em alta estima (Lc 22:2). Sabendo que Judas estava dominado pela ambição, Satanás incita-o a procurar os líderes religiosos para vender Jesus. Judas entendeu-se com os principais sacerdotes e os capitães (Lc 222:4), isto é, os comandantes da guarda do templo judaico. Cuidadosamente ele formou um plano pelo qual ele poderia entregar Jesus nas suas mãos sem causar tumulto. O plano era inteiramente aceitável, e eles combinaram em lhe dar dinheiro: trinta moedas de prata (Mt 26:15). Portanto, Judas saiu para formular os detalhes de seu esquema traiçoeiro e maligno. Como era bastante natural, os inimigos se alegraram com esta apostasia de Judas. Isto simplificava a tarefa deles. Visto que Jesus desfrutava de tanto apoio popular, era importante que fosse preso quando não havia multidões presentes para começar um tumulto. Judas negociou a sua fé com os inimigos para trair o seu Mestre que só lhe fez bem. Porventura muitos hoje não estão fazendo a mesma coisa com Jesus?

III. JULGAMENTO E CONDENAÇÃO DE JESUS

Lucas nos mostra que Jesus se tornou um grande problema para as autoridades religiosas judaicas. Eles perseguiam Jesus querendo julgá-lo e condená-lo à morte, mas havia um problema para atingir esse objetivo: eles não tinham autorização para executar um condenado à morte. João 18:31 mostra que o Sinédrio podia julgar qualquer pessoa do povo, e até condená-la à morte, porém, não podia executar a sentença. Isso era reservado ao poder romano. Obviamente Roma não permitiria que um povo súdito usasse seus próprios processos legais para matar os apoiadores dele, de modo que o poder de aplicar a pena de morte permaneceu nas mãos do governador. Do ponto de vis­ta dos judeus, o crime de Jesus era blasfêmia, a alegação de que era o Filho de Deus. Aos olhos dos romanos, esta não era uma transgressão que merecia a pena de morte. Desta feita, os judeus tinham uma grande questão a dirimir: como despertar interesse do poder romano pela causa contra Jesus? A desculpa de um motivo “religioso” não era suficiente. Diante do poder político romano a causa devia ser política e contra Roma. Então, logo no inicio do capítulo 23 de Lucas, vemos a mobilização dos judeus para confirmar a condenação de Jesus.

O Sinédrio não po­dia ter uma reunião juridicamente válida à noite. Por isso, logo pela manhã, fizeram uma sessão para legalizar a decisão que já tinham tomado durante a noite, mesmo que baseada em falsas testemunhas. Logo depois, ainda nas primeiras horas da manhã, tiveram que levar Jesus perante Pilatos. Porque o Senédrio havia sido destituído da possibilidade de executar um condenado à morte, seus membros tiveram que ir até o palácio de Pilatos.

Os membros do Sinédrio levaram Jesus a Pilatos, junta­mente com a acusação. Claro, uma acusação falsa. O motivo fundamental apresentado foi que Jesus era um subversivo e havia provocado distúrbios nas três áreas fundamentais da sociedade: (a) Ideológica - "Ele alvoroça o povo com seu ensinamento" (Lc 23:30). Aqui, eles alegaram que Jesus provocara uma sedição con­tra a "ordem romana"; (b) Econômica - "Ele proíbe pagar tributo ao imperador". Isto era uma distorção das palavras de Lucas 20:20-25, quando Jesus disse para dar a César o que era de César e a Deus o que era de Deus; (c) Política - "Ele afirma ser Messias, o Rei". Isto era um crime capital de usurpação de poder contra o imperador roma­no. Mas, de acordo com Lucas 22:67, Jesus não confirmou essa acusação.

Estas acusações davam real motivo para classificar Jesus de indivíduo sedicioso. Desviar os judeus de sua fé não era crime para Roma, mas a sedição, fazer o povo se levantar contra o império, era. Os romanos não toleravam nenhuma forma de levante contra o Estado e estipulavam para esse tipo de crime a pena capital.

Jesus, com seu ensino e suas ações servindo aos excluídos da sociedade, tinha abalado os privilégios dos poderosos e a na­ção inteira (Galileia, Judéia e Jerusalém), pois valorizava os que a sociedade rejeitava. O fato de Ele comer com os publícanos e pecadores, valorizar as mulheres e crianças, perdoar prostitutas, curar e aceitar os samaritanos, e ainda exigir arrependimento e fé para entrar no reino de Deus, causava grande incômodo às autori­dades religiosas dos judeus. Tudo isso era acobertado pela más­cara da religião, atitude que Jesus também denunciou direta­mente. Por não terem o poder de determinar a morte, os religiosos foram buscar o braço do governo romano que podia promover a execução. Usando a falsidade os judeus julgaram e condenaram, injustamente, Jesus à pena capital.

IV. A CRUCIFICAÇÃO E A MORTE DE JESUS

1. A crucificação de Jesus (Lc 23:33-38). O momento culminante do plano de Deus para salvar o ser humano tinha chegado. Não houve nenhuma reação de sua parte, a despeito do injusto julgamento e condenação. Ele era cônscio de que para esse momento havia sido enviado pelo Pai, numa demonstração do seu grande amor por todos nós (João 3:16). Jesus já tinha realizado seu ministério, preparado os discípulos para continuar a obra de evangelização e lutado até o fim contra as tentativas do diabo de afastá-lo da cruz. Agora, Ele sabia que a hora da sua morte havia chegado.

a) Os soldados levaram Jesus para ser crucificado. Jesus foi forçado a carregar a cruz, porém, estava sem condições físicas para isso, pois tinha ficado a noite inteira acordado, provavelmente em pé, e ha­via sofrido maltratos e muitas torturas. Estava esgotado fisicamente. No caminho, Simão, cireneu, provavelmente uma pessoa de pele escura, vindo de fora dos termos de Israel para a celebração da Páscoa, foi obrigado a levar a cruz de Jesus (Lc 23:26). Nesse Simão foi revelado o que deve ser o discípulo, pois, conforme Jesus disse em Lc 14:27, “qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo”. A cruz que o discípulo deve carregar é a da humilhação, como a de Jesus, pois naquela cultura só os condenados a carre­gavam. Há muitos cristãos que se envergonham de levar a cruz de Cristo. Mas os verdadeiros seguidores de Cristo consideram uma bênção serem identificados com Ele, levando a cruz alegre e esponta­neamente. Você está disposto a isso? Ou de vez em quando se envergonha de dizer que é cristão, que é discípulo de um crucifi­cado?

b) Jesus segue para o Calvário (Lc 23:27-32). No trajeto para a cruz, Jesus atraiu numerosa multidão. A mesma multidão que alguns dias antes o tinha aclamado, cha­mando-o de Filho de Davi, agora o seguia por causa do espetáculo da crucificação. E seguiam, também, para serem crucificados dois criminosos que, provavelmente, não eram revolucionários como Barrabás, mas malfeitores, bandidos comuns (Lc 23:32). Mas isto ocorreu para se cumprir a profecia de Isaías 53:12 que diz: “Foi contado com os transgressores; contudo, levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu”. Você tem carregado a sua cruz? Mas qual é a sua cruz? A da condenação por suas más ações, por suas práticas iníquas, ou a do discipulado de Jesus? Não se envergonhe nunca da cruz do evangelho!

Finalmente chegaram ao lugar chamado Gólgota, talvez um pouco antes do meio-dia. Lá, Jesus foi crucificado entre dois malfeitores (Lc 23:33). Seus inimigos estavam presen­tes e o insultavam, mas Ele orou ao Pai pedindo que Ele lhes perdoasse o pecado, pois não sabi­am o que estavam fazendo (Lc 23:34). Presente também estava o povo, as autoridades religiosas e os soldados romanos que, zombando dele, mandavam que descesse da cruz para provar que era o Cristo, o escolhido de Deus (Lc 23:35-37). Era horrível estar pendurado numa cruz, cercado de inimigos que persistiam em zombar e insultar. Mas, se Jesus tivesse descido da cruz, certamente, todos nós desceríamos ao inferno.

Jesus, portanto, sofreu os horrores da cruz. De acordo com os evangelistas, Ele foi açoitado, escarnecido, ridicularizado, blasfemado, torturado, forçado a levar a cruz e por fim crucificado (João 19:1-28). Cícero, historiador romano, ao se referir à crucificação, afirmou que não havia palavra para descrever ato tão horrendo.

2. A morte de Jesus. Segundo Lucas 23:44, Jesus morreu ao meio dia. Foi um dia de escuridão. Foram horas em que o Sol parou de brilhar. Foi um dia em que a própria natureza expressou a sua dor pela morte do Criador.

Segundo Lucas 23:45, o véu do santuário se rasgou. Isto significava que Deus não estaria mais encerrado num templo nacional. Deus es­taria presente em ação, através dos cristãos verdadeiros e guiados pelo Espírito Santo, nos lugares em que fosse dado o testemunho de Jesus.

Jesus morreu pronunciando as palavras do Salmo 31:5:Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito! E, dito isto, expirou” (Lc 23:46). Nessa frase está o ponto culminante do Evange­lho de Lucas.

A morte de Jesus teve sete aspectos que devem ser compreendidos por todos nós para que a valorizemos corretamente. A morte de Jesus foi:

a) Amorosa, pois revela o supremo amor de Deus por todos nós – “Mas Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5:8).

b) Expiatória, pois ela foi a oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave – “e andai em amor, como também Cristo vos amou e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave (Ef 5:2).

c) Vicária, pois Ele morreu por nós – “E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou”(2Co 5:15).

d) Substitutiva, pois Ele que não co­nheceu pecado, o fez pecado por nós - “Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus” (2Co 5:21).

e) Propiciatória, pois Ele satisfez a Deus que tinha sido ofendido pelo pecado do ho­mem – “sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus, ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus” (Rm 3:24-25).

f) Redentora, pois Ele nos resgatou, nos re­miu, nos comprou com Seu próprio sangue - “o qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos, para servir de testemunho a seu Tempo” (1Tm 2:6);o qual se deu a si mesmo por nós, para nos remir de toda iniquidade e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras” (Tt 2:14).

g) Triunfante, pois Ele foi vitorioso sobre todos os poderes cósmi­cos, bons ou maus, triunfando sobre eles na cruz – “E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo” (Cl 2:15).

3. Reações diversas. Várias foram as reações diante da morte de Jesus:

a) A reação do centurião. Lucas 23:47 diz: “Vendo o centurião o que tinha acontecido, deu glória a Deus, dizendo: verdadeiramente este homem era justo”. Um destaque importante em relação a esse centurião foi o louvor que prestou a Deus. Mas só declarar que Jesus é justo não é suficiente. Temos que louvar a Deus e declarar que Jesus é Deus, o nosso Salvador, o nosso Senhor pessoal! Aquele centurião estava su­bordinado ao poder que matou Jesus através de suas mãos. Mas ele reconheceu a perversidade do sistema que estava servindo e declarou quem, de fato, era Jesus: “Verdadeiramente este era Filho de Deus” (Mt 27:54).

b) A reação das multidões. Lucas 23:48 relata que “todas as multidões reu­nidas para este espetáculo, vendo o que havia acontecido, retiraram-se a lamentar, batendo nos peitos”. As pessoas, batendo no peito, lastimaram aquele desfecho. Perceberam o grande engano que haviam cometido ao rejeitar Aquele que lhes propunha a liberdade e a vida. Caindo em si, perceberam que tinham sido enganadas pelas autoridades. Mas só o choro não era suficiente. Era necessário que tivessem se arrependido e crido em Jesus, recebendo-o como Salvador e Senhor! Era ne­cessária uma mudança de rumo! Era necessário trilhar o novo e único caminho!

c) A reação dos seguidores de Cristo. Todos os conhecidos de Jesus, as mulhe­res e os discípulos que o tinham seguido desde a Galileia, permaneceram a contemplar de longe estas coisas (Lc 23:49). Eles ficaram à distância, num ponto em que podiam testemunhar tudo. Mas naquele momento não fizeram nada. Estavam perplexos. O Mestre deles estava morto. Obser­varam todos os detalhes para tentar compreender. Na verdade, seriam as futuras testemunhas que continuariam o que Jesus co­meçou e, principalmente, contariam a todos que houve morte para o perdão dos pecados, para que todos pudessem novamente se relacionar com Deus. O chamado de se colocar à disposição para ser uma teste­munha fiel dessa morte singular é para todos nós. Temos que anunciar essa morte que nos dá vida. Esse é um grande privilégio que temos.

CONCLUSÃO

Jesus morreu, mas é o Rei da nossa vida!  Jesus morreu, mas ressuscitou. Ele disse: “fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém! E tenho as chaves da morte e do inferno” Ap 1:18). Valorizemos a morte do Justo pelos injustos! Alegremo-nos por essa tão grande salvação! “Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação” (Hb 2:3).

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Luciano de Paula Lourenço - Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Revista Ensinador Cristão – nº 62. CPAD.

Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD

Comentário Lucas – à Luz do Novo Testamento Grego. A.T. ROBERTSON. CPAD

Guia do Leitor da Bíblia – Lawrence O. Richards

John Vernon McGee. Através da Bíblia – Lucas. RTM.

Leon L. Morris. Lucas (Introdução e Comentário). VIDA NOVA.

MARCOS – O Evangelho dos Milagres. Hernandes Dias Lopes.

HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. CPAD.