1º
Trimestre/2017
Texto Base:
Tiago 5:7-11
“Alegrai-vos na esperança,
sede pacientes na tribulação [...]" (Rm.12:12).
Nesta Aula estudaremos a
respeito da Paciência ou Longanimidade, como Fruto do Espírito, e as Dissensões,
como obra da carne. Poucas pessoas podem fazer suas as palavras do Salmista
Davi: “Esperei com paciência no Senhor...” (Salmos 40:1). O mundo vive, hoje,
numa ansiedade neurótica. As pessoas, a cada dia, estão mais ansiosas, o que
contribui para o aumento das dissensões. Basta ler ou assistir os noticiários
para vermos casos de brigas e confusões por coisas frívolas. Muitos desses
casos acabam em tragédia e famílias destruídas. Mas o crente fiel precisa fazer
a diferença: mostrar amor, tolerância, dar provas de paciência, pois “... o Fruto
do Espírito é... Paciência...”, ou Longanimidade.
I. PACIÊNCIA: ATO DE RESISTÊNCIA À ANSIEDADE
1. A Paciência
como Fruto do Espírito. O
termo Paciência no grego é “makrothümia”
(em que "makros" é
"grande", "longo" e "thumos" quer dizer "paixão", "sentimento")
e significa Longanimidade - “Mas o fruto
do Espírito é....Longanimidade...” (Gl.5:22). Longanimidade, aqui, significa
ser equilibrado em vez de ter pavio curto, ser demorado em irritar-se, ter boa
vontade para com quem fere, sofrer por um longo tempo. No latim, longânimo é
ânimo longo.
Conforme as Escrituras Sagradas, ser longânimo é não retaliar, é não vingar a ofensa; é amar os inimigos, que são todos aqueles que nos fazem mal (Mt.5:43-45); é andar a segunda milha (Mt.5:41).
Conforme as Escrituras Sagradas, ser longânimo é não retaliar, é não vingar a ofensa; é amar os inimigos, que são todos aqueles que nos fazem mal (Mt.5:43-45); é andar a segunda milha (Mt.5:41).
No Antigo Testamento, Longanimidade
é geralmente atribuída a Deus, por sua capacidade de reter sua indignação
diante da provocação humana - “Misericordioso
e piedoso é o Senhor, longânimo e grande em benignidade” (Salmo 103:8). Nosso
pecado provoca a ira de Deus, mas Ele não a descarrega sobre nós, bem diferente
daqueles discípulos de Jesus referidos em Lucas 9:51-56. Diante da falta de
hospitalidade por parte dos samaritanos os apóstolos Tiago e João perguntaram:
“Senhor, quer que mandemos descer fogo do céu para os consumir?”. A resposta de
Jesus foi rápida e incisiva: “Vocês não sabem de que espírito são vocês, pois o
Filho do Homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las”.
A Longanimidade de Deus
nos salva. Se não fosse, há muito tempo, o homem e a Terra não mais existiriam.
É o Espírito Santo que, na formação de Seu Fruto, em nós, nos transmite esta
virtude de Deus. Isto faz a diferença entre o homem de Deus e o ímpio – “O longânimo é grande em entendimento, mas o
de animo precipitado exalta a loucura” (Pv.14:29).
Portanto, para ser
discípulo de Jesus, para ser um crente frutífero, é necessário ter Longanimidade
– “Revesti-vos, pois, como eleitos de
Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de [...] longanimidade”
(Cls.3:12). Você é um discípulo de Jesus?
2. A Paciência e a Ansiedade. Você sabe o que
significa a palavra Ansiedade na língua grega? Significa estrangulamento,
apertar o pescoço, tirar o oxigênio, sufocar. É uma perturbação interior
causada pela incerteza, pelo medo. Ela gera angústia e sofrimento, porém Deus
não quer que seus filhos vivam com o coração perturbado, ansioso (João 14:1).
A Ansiedade é a maior
doença do século. De acordo com a organização mundial de saúde, mais de 50% das
doenças são psicossomáticas. A maioria das pessoas que passam pelos hospitais é
vítima da ansiedade. Hoje, o remédio mais receitado é o Rivotril, um
ansiolítico (ou, popularmente, um calmante); é prescrito por psiquiatras a
pacientes em crise de ansiedade. Vivemos hoje o império dos medicamentos
ansiolíticos. As pessoas dormem um sono
artificial. As pessoas estão buscando uma "paz química".
A Ansiedade atinge homens
e mulheres, jovens e velhos, doutores e analfabetos, religiosos e ateus; as
pessoas andam com os nervos à flor da pele; são como um vulcão prestes a entrar
em erupção; são como um barril de pólvora pronto para explodir. Este aspecto
assustador por que passa o homem e a mulher é uma prova contundente da ausência
da presença de Deus em suas vidas.
A Ansiedade tem afastado
muitas pessoas de Deus; ela é o útero aonde é gestada a incredulidade. Onde
começa a ansiedade termina a fé. A ansiedade nos leva a perder o testemunho
cristão.
Muitos cristãos vivem sofrendo por antecipação, pois se esquecem do que
Jesus nos ordenou: "[...] Não andeis ansiosos quanto à vossa vida
[...]" (Mt.6:25). O Eterno, o Guardador da nossa vida, é tão preocupado
conosco que realmente não precisamos estar ansiosos por nada. É uma honra para
Ele assumir todas as nossas preocupações. Por isso, Pedro diz: "lançando sobre ele toda a vossa
ansiedade, porque ele tem cuidado de
vós" (1Pd.5:7). Certamente, uma coisa não
funciona sem a outra. Somente quando lançamos todas as nossas ansiedades sobre Jesus,
Ele cuida de nós. Mas se arrastamos as nossas ansiedades junto conosco, então
nós mesmos criamos muita aflição, muito sofrimento e muita inquietação. Além
disso, toda preocupação não adianta nada, pois o próprio Senhor Jesus diz: "Qual
de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua
vida... vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas" (Mt.6:27,32b).
Você crê que o Senhor Jesus ouve as orações? Você crê que Deus cuida de
nós? Você crê que Deus zela pelos nossos interesses? Você crê que Deus consegue
resolver as nossas maiores dificuldades? Você crê que nada em nossa vida passa
despercebido para o Senhor Jesus? Você crê que Deus é o Todo-Poderoso? Você crê
que Deus nos dirige e faz com que tudo contribua para o nosso bem? Se você pode
responder a todas estas perguntas afirmativamente, então por que ainda se
preocupa? Muitos sabem decorado o Salmo 23: “O Senhor é o meu Pastor, nada me
faltará…”; mas, mesmo assim, ainda não aprenderam a entregar as suas preocupações
totalmente ao Senhor. Quando surgem novos problemas, voltam a se preocuparem e
ficam ansiosos, exatamente como fez Israel no deserto. Assim vemos que a ordem "não
andeis ansiosos" é de fato uma das tarefas mais difíceis para o
verdadeiro cristão.
Nós devemos decidir quem deve carregar os fardos da nossa vida: Deus ou
nós. É preferível que entreguemos a Deus. É claro que não se preocupar mais com
os problemas não quer dizer que eles são retirados de nós instantaneamente, mas,
sim, que é levado o peso que esses fardos representam em nossas vidas. Os
problemas nem sempre são solucionados imediatamente, mas somos libertos da
pressão deles. Então podemos experimentar o que diz o Salmo 68:19: "Bendito
seja o Senhor que, dia a dia, leva o nosso fardo! Deus é a nossa
salvação". Portanto, não devemos andar ansiosos por nada desta vida,
pois o Pai Celeste está atento a todas as nossas necessidades (Ler Mt.6:25-33).
Os sofrimentos ao longo de nossa jornada não são para nos destruir, mas
servem para nos lapidar, para nos tornar mais pacientes e perseverantes
(Hb.12:7-11). Precisamos aprender a esperar com paciência e tranquilidade em
Deus, tendo a certeza de que todas as coisas cooperam para o nosso bem
(Rm.8:28). Creia nisso!
3. Jó, exemplo de Paciência em meio à dor. Paciência é a
capacidade de resistir as aflições, com resignação. Jó é um exemplo de crente paciente,
de fé e persistente diante das tribulações. Foi pela capacidade de resistir às
aflições, com resignação, que Jó se tornou um símbolo da paciência – “Eis que
temos por bem-aventurado os que sofreram. Ouvistes qual foi a paciência de Jó e
vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e
piedoso” (Tg.5:11).
Jó era um homem piedoso, justo, próspero, bom pai, sacerdote da família,
preocupado com a glória de Deus. O próprio Deus dá testemunho a seu respeito.
Deus o constitui Seu advogado na terra. Satanás prova Jó com a permissão de
Deus. Jó perdeu todos os seus bens, perdeu todos os seus filhos e perdeu também
a sua saúde (Jó 1:22; 2:10). Jó perdeu o apoio da sua mulher. Jó perdeu o apoio
dos seus amigos. Jó faz 16 vezes a pergunta: “por quê?”. Jó expressa sua queixa
34 vezes. Mas, no auge da sua dor, ele disse para Deus: "Ainda que Deus me
mate, nele esperarei..." (Jó 13:15).
Deus restaura a
sorte de Jó, dando-lhe o dobro dos bens. Jó esperou pacientemente no Senhor e Deus o
honrou. Ele não explicou nada para Jó, mas apesar de Jó não conhecer os porquês
de Deus, ele pôde conhecer o caráter de Deus (Jó 42:5). A maior bênção que Jó
recebeu não foi saúde e riqueza, mas um conhecimento mais profundo de Deus. Jó
passou a conhecer o Senhor de uma forma nova e mais profunda.
O propósito de Satanás era fazer de Jó um homem impaciente com Deus, isto
porque um homem impaciente com Deus é uma arma nas mãos do maligno. Mas o
propósito de Deus em permitir Jó sofrer foi fortalecê-lo e fazer dele uma
bênção maior para o mundo inteiro.
Como Jó, devemos esperar para que o Senhor complete seu amoroso propósito
em nós, mesmo em meio ao sofrimento. Não perca a sua paciência! Em tudo dê
graças, pois neste mundo tudo é passageiro, até mesmo as aflições (1Ts.5:18).
II. DISSENSÕES, RESULTADO DA IMPACIÊNCIA
Só lembrando, Dissensão significa sedição, rebelião, e também
posicionar-se uns contra os outros. Trata-se daquele sentimento que só pensa no
que é seu, e não também no que é dos outros.
1. Exemplos
bíblicos de impaciência. A impaciência é um dos males que atormenta a
humanidade, a causa de muitas doenças psíquicas, e até somáticas. Nos dias em
que vivemos, em que a imediatidade e a pressa são a regra, falar em paciência
soa estranho e se apresenta como um desafio. Ninguém quer esperar, mas em
qualquer lugar aonde se vá, impõe-se a necessidade de esperar. Para saber
esperar é preciso ter paciência: paciência para esperar o transporte coletivo;
paciência para esperar nos congestionamentos do trânsito; paciência nos bancos,
nos supermercados; paciência para pagar e receber; paciência para ser atendido
nos consultórios e nos hospitais públicos, até mesmo particulares; paciência
para registrar uma queixa, ou elaborar um Boletim de Ocorrência; paciência de
Jó, se precisar bater às portas do Poder Judiciário; paciência para com tudo e
para com todos. Em consequência, os homens sem Deus vivem no limite de poder
suportar as tensões motivadas pelo ritmo da vida moderna. Todos estão prestes a
explodir. Mas o crente fiel precisa dar provas de paciência, pois “... o fruto
do Espírito é... paciência...”, ou longanimidade.
Na Bíblia encontramos exemplos de pessoas que foram extremamente
pacientes e impacientes:
- No teste
final de Pedro, Jesus fez questão de ressaltar ao apóstolo, que até então fora um
depósito de impaciência e precipitação, que ele deveria apascentar suas ovelhas
(João 21:15-17). Vemos, portanto, que a própria ideia de apascentar o rebanho
de Deus está relacionada com a indispensável longanimidade que deve acompanhar
o ministério pastoral. Nas chamadas epístolas pastorais de Paulo (1 e 2Timóteo
e Tito), vemos quanto esta qualidade é importante para o exercício do dom
ministerial de pastor. Paulo, em 1Timóteo, na saudação inicial, lembra a
incumbência que havia dado a Timóteo quando determinou que ele ficasse em Éfeso;
ele aconselhava a Timóteo que também fosse paciente, procurando antes ser um
intercessor, alguém que escolhesse homens igualmente ponderados para o ministério,
bem como persistente no ensino da Palavra e perseverante na doutrina, bem como
cuidadoso no trato com os irmãos. Vemos, portanto, que a paciência é uma
qualidade extremamente necessária para os ministros do Evangelho e que deve
sobressair dentre as demais.
- Sarai, esposa
de Abrão,
é outro exemplo de impaciência registrada na Bíblia. Devido à sua esterilidade
e idade avançada, ela é tomada pela impaciência e decide agir por conta
própria, oferecendo sua serva Agar a Abraão para que ele tivesse um filho com ela
(Gn.16:1-4). Esperar com paciência até que as promessas de Deus se cumpram não
é fácil. Por isso, precisamos estar cheios do Espírito Santo a fim de que não
venhamos a tomar decisões por nossa conta (Ef.5:18).
- Saul,
primeiro rei de Israel, é outro exemplo de impaciência. O Senhor havia ordenado que Ele ficasse
em Gilgal até a chegada de Samuel (1Sm.13:1-9). Saul esperou durante sete dias,
mas depois perdeu a paciência e ofereceu ele mesmo os holocaustos. Essa era uma
tarefa exclusiva dos sacerdotes (cf. Hb.9:7). O texto bíblico afirma que,
acabando ele de oferecer sacrifício, Samuel chegou (1Sm.13:10). A impaciência
de Saul e a sua desobediência o levaram a perder o trono e a alma (1Sm.13:11-14).
2. Deixe de
lado toda Dissensão. Dissenção significa “desunião, divisão, sedição”. É a ação de dividir,
de desunir, algo que é sinal da ausência do Espírito Santo na vida da pessoa (cf.
Jd.19). Segundo o apóstolo Paulo, “Dissensão” é uma manifestação da Carne
(Gl.5:20). Se em uma igreja há brigas e divisões, isso mostra que os crentes
são carnais (cf. 1Co.3:3). Quem é guiado pelo Espírito Santo não incentiva e
nem faz parte de discussões, contendas e nem de divisões.
O homem carnal vive separado de Deus por causa do pecado e, portanto, a
sua natureza é própria da divisão, da separação, do desconhecimento do que é
unir. Todos quantos estão a fomentar a desunião entre os irmãos, que estão a
promover dissensões, separações e divisões são pessoas diretamente envolvidas
com a carne, pessoas dominadas pelo pecado e que, portanto, jamais podem ter
lugar em nossas vidas ou em nossas igrejas locais.
Não nos esqueçamos de que o semear contendas entre os irmãos é algo
abominável diante de Deus (Pv.6:16-19). Deus opera na união (Sl.133). Quantos
ministérios já foram despedaçados e as ovelhas dispersadas por causa de
contendas. Paulo, em Romanos 16:17, exorta os crentes a ficarem atentos àqueles
que estavam promovendo dissensões e escândalos a fim de se apartarem deles.
Onde há dissensões não existe vencedor, pois todos saem perdendo. Exorta o
apóstolo Paulo: “Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus
Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões;
antes sejais unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo parecer”(1Co.1:10). Dissensões
é resultado da impaciência, é resultado da ausência de maturidade espiritual.
3. Evitando o
partidarismo. O partidarismo na igreja traz severos prejuízos à espiritualidade e ao
desenvolvimento da obra de Deus. Contudo, o maior prejuízo está ligado aos
relacionamentos entre os irmãos em Cristo. Paulo foi severo e contundente no
combate a espírito divisionista que imperava na igreja de Corinto, que a
despeito de sua pretensa espiritualidade, ficou na história como um alerta às
igrejas cristãs de todo o mundo, registrado na carta que Paulo lhes escreveu.
Ele comparou a igreja a um corpo - “Porque, assim como o corpo é um, e tem
muitos membros, e todos os membros do corpo, embora muitos, formam um só corpo,
assim também é Cristo”(1Co.12:12); “E o olho não pode dizer à mão: Não tenho
necessidade de ti; nem ainda a cabeça aos pés: Não tenho necessidade de vós” (1Co.12:21);
“Para que não haja divisão no corpo, mas que os membros tenham igual cuidado
uns dos outros”(1Co.12:25); “Ora, vós sois corpo de Cristo, e individualmente
seus membros” (1Co.12:27).
Nada debilita mais a unidade do que os crentes estarem engajados no
serviço de Deus sem unidade. A obra de Deus não pode avançar quando cada um
puxa para um lado, quando cada um busca mais seus interesses do que a glória de
Cristo. O sentimento partidarista promove rupturas relacionais motivadas por
inimizades.
Como é possível estarem duas pessoas ligadas ao mesmo Deus e inimigas? O
profeta Amós escreveu: “Andarão dois juntos se não houver entre eles acordo?”
(Am.3:3).
Como é possível duas pessoas afirmarem viver no amor de Deus e se
odiarem? O apóstolo João orienta: “Se alguém disser: amo a Deus, e odiar a seu
irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão a quem vê, não pode
amar a Deus, a quem não vê” (1João 4:20).
Como é possível duas pessoas louvar a Deus, cantar ao seu Santo nome, se
estão em desacordo? O Senhor Jesus afirmou: “Se, pois, ao trazeres ao altar a
tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma cousa contra ti, deixa
perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e,
então, voltando, faze a tua oferta” (Mt.5:23,24).
A igreja precisa resgatar a sua identidade de comunidade unida, de um
grupo de pessoas que irmanadas na cruz de Cristo, trabalham, se motivam
mutuamente e se doam ao próximo. Jesus não morreu na cruz por uma igreja
dividida, mas para formar um só corpo a fim de que os perdidos possam se voltar
para o Pai (João 17:21). Que venhamos a fazer todo o possível para manter o
vínculo da paz, e não deixar que as disputas e partidarismos venham macular a
Igreja do Senhor. Jesus disse que todo reino dividido não subsistirá, por isso,
tenhamos cuidado (Mt.12:25).
III. PACIÊNCIA, PROVA DE ESPIRITUALIDADE E
MATURIDADE CRISTÃ
1. Pacientes até a volta de Jesus. Devemos ser pacientes
até Jesus voltar. Tiago consolou os irmãos que estavam sofrendo com a opressão
dos ricos injustos, afirmando que a vinda de Jesus estava próxima (Tg.5:8); está
às portas (Tg.5:9). Enquanto Jesus não volta não esperamos vida fácil neste
mundo (João 16:33); Paulo nos lembra que é em meio a muita tribulação
(At.14:22).
Se você está sofrendo e enfrentando alguma situação de injustiça, não se
desespere, pois em breve Jesus voltará e dará fim a toda a dor, sofrimento e
injustiça - “Sede, pois, irmãos,
pacientes até a vinda do Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso fruto da
terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva temporã e serôdia.
Sede vós também pacientes, fortalecei o vosso coração, porque já a vinda do Senhor
está próxima” (Tg.5:7,8).
Mas, como podemos experimentar esse tipo de paciência até Jesus voltar? Tiago
dá três exemplos de paciência para encorajar os crentes:
a) A paciência
do lavrador (Tg.5:7,8). O lavrador ilustra a necessidade de paciência, pois não
colhe no mesmo dia em que planta. Antes, vêm as primeiras chuvas que fazem a
semente germinar; depois, no final da estação, vêm as ultimas chuvas,
necessárias para a plantação produzir os frutos. Por que o agricultor espera?
Porque o fruto é precioso (Tg.5:7).
Se uma pessoa é impaciente, ela nunca deve ser um agricultor. Em Israel o
agricultor dependia totalmente das primeiras chuvas que vinham em outubro (para
o plantio), e das últimas chuvas que vinham em março (para a colheita). O tempo
está fora do seu controle. Ele tem que confiar e esperar. É Deus quem faz a
semente brotar, germinar, crescer e frutificar. Ele não pode fazer nada nesse
processo (Mc.4:26-29). Uma vez que as injustiças da Terra serão corrigidas
quando o Senhor voltar, o povo de Deus deve ser paciente como o lavrador. Seu
coração deve estar firmado na certeza da vida do Senhor.
b) A paciência
dos profetas – “Meus irmãos, tomai por exemplo
de aflição e paciência os profetas que falaram em nome do Senhor” (Tg.5:10).
Os profetas foram homens que andaram com Deus, ouviram a voz de Deus, falaram
em nome de Deus, mas passaram também por grandes aflições. Eles trilharam o caminho
estreito das provas e foram pacientes. Os profetas foram perseguidos sem
piedade por terem proclamado a Palavra de Deus fielmente. Ainda assim,
permaneceram firmes “como quem vê aquele que é invisível” (Hb.11:27,32-40).
Admiramos profetas como Isaias, Jeremias e Daniel com grande respeito. Honramos
esses homens por sua vida e zelo e devoção. Devemos nos lembrar, porém, de que
passaram por grandes tribulações e sofrimentos e os suportaram com paciência.
Privilégio e sofrimento, sofrimento e ministério caminharam lado a lado
na vida dos profetas. Isaías não foi ouvido pelo seu povo; ele foi serrado ao meio.
Jeremias foi preso, jogado num poço e maltratado por pregar a verdade; ele viu
o cerco de Jerusalém e chorou ao ver o seu povo sendo destruído. Daniel foi
banido da sua terra e sofreu pressões quando jovem; sofreu ameaça e perseguição
por causa da sua fidelidade a Deus, a ponto de ser jogado na cova dos leões.
Ezequiel também foi duramente perseguido. Estêvão denunciou o sinédrio da
seguinte forma: "A qual dos profetas
não perseguiram vossos pais? Até mataram os que dantes anunciaram a vinda do
justo, do qual vós agora vos tornastes traidores e homicidas" (At.7:52).
Quando você estiver enfrentando sofrimento, não coloque em dúvida o amor
de Deus, pois pessoas que andaram com Deus como você, também passaram pelas
aflições. Seja paciente!
c) A paciência
de Jó
– “Ouvistes qual foi a paciência de Jó e
vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e
piedoso” (Tg.5:11). Jó é um excelente exemplo de paciência ou firmeza.
Talvez ninguém na história do mundo tenha sofrido tantas perdas em tão pouco tempo
quanto Jó. Em momento algum, porém, amaldiçoou a Deus ou se afastou dele. No
final, sua perseverança foi recompensada. Deus se revelou a ele cheio de terna
misericórdia e compassivo, como sempre. Veja mais sobre a Paciência de Jó no
item I.3.
2. Quando a
paciência é provada. O Senhor prova a paciência e a fé dos seus filhos. O alvo de Deus em
nossa vida é a maturidade cristã (Tg.1:2-4,12; Rm.8:29; Cl.1:28). À medida que
somos provados, precisamos pedir a Deus para nos mostrar o que Ele está
fazendo. Deus nos prova para nos fazer desmamar de atitudes infantis.
Deus trabalhou 25 anos na vida de Abraão antes de lhe dar o filho da
promessa. Deus trabalhou 13 anos na vida de José antes de colocá-lo no trono.
Deus trabalhou oitenta anos na vida de Moisés antes de usá-lo como líder do seu
povo. Jesus trabalhou três anos na vida dos apóstolos antes de enviá-los ao
mundo.
As provações, portanto, visam a glória de Deus. Jesus disse que o cego de
nascença nasceu cego para que nele se manifestasse a glória de Deus (João
9:1-7). De Lázaro, Jesus disse: "Esta enfermidade não é para morte, e sim
para a glória de Deus..." (João 11:4). Depois de provado por Deus e
restaurado por Ele, Jó disse: "Com os ouvidos eu ouvira falar de ti; mas
agora te veem os meus olhos" (Jó 42:5).
Qual deve ser a atitude com que vamos enfrentar as provações da vida? Tiago
responde: "... tende por motivo de grande gozo..." Tg.1:2). Em vez de
murmurar, de reclamar, de ficar amargo, de enfiar-se em uma caverna, devemos
nos alegrar intensamente. Essa alegria é confiança segura na soberania de Deus,
de que Ele está no controle, de que Ele sabe o que está fazendo e sabe para
onde está nos levando.
Se você está sendo provado, não desanime, permaneça firme no Senhor.
Disse Tiago: “em que vós grandemente vos
alegrais, ainda que agora importa, sendo necessário, que estejais por um pouco
contristados com várias provações, para que a prova da vossa fé, muito mais
preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e
honra, e glória na revelação de Jesus Cristo” (1Pd.1:6,7).
3. Maturidade
cristã. A Paciência é uma característica da maturidade cristã e do crescimento
espiritual. Os crentes imaturos são sempre impacientes. A impaciência pode
acarretar graves consequências: Abraão coabitou com Agar; Moisés matou o
egípcio; Sansão contou seu segredo para Dalila e; Pedro quase matou Malco.
Como você descreveria alguém espiritualmente maduro? Leonard Wedel diz:
"Uma pessoa madura não se leva a
sério demais... mantém sua mente alerta... não entra em pânico sempre que uma
situação adversa se levanta... É alguém notável demais para passar
despercebida, mas nunca se sente importante demais para fazer coisas nem tão
importantes assim. Nunca é orgulhosa demais para assumir tarefas humildes...
nunca aceita o sucesso ou o fracasso como permanentes... é capaz de controlar
seus impulsos... não tem medo de cometer erros... tem fé em si mesma, e essa fé
torna-se mais forte ao ser fortalecida pela fé em Deus".
E então? Considerando esse padrão, como você avalia sua maturidade
espiritual? É bom ressaltar que maturidade não se alcança apenas lendo um
livro, é preciso passar pelas provas. O crente maduro permanece firme diante
das perseguições e aflições. Jesus disse: "Bem-aventurado sois vós, quando
vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por
minha causa. Alegrai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus;
porque assim perseguiram aos profetas que foram antes de vós"
(Mt.5:11,12).
Quando somos provados, desenvolvemos a paciência triunfadora. Quando
somos provados somos aprovados por Deus. Quando somos provados somos
galardoados por Deus. Quando somos provados temos a oportunidade de demonstrar
nosso amor por Deus. A Bíblia diz que nossa leve e momentânea tribulação produz
para nós eterno peso de glória (2Co.4.17). Como Lutero expressou no hino
Castelo Forte, ainda que percamos família, bens, prazeres, Deus continua sendo
nosso Castelo Forte.
- Maturidade é
atitude prudente. As Escrituras Sagradas dizem que são as suas atitudes que determinam se
você é maduro ou não. Deus quer que você cresça e tenha atitudes como as de
Cristo (cf. Ef.4:13, Gl.4:19, Cl.1:28). A atitude faz a diferença, é o seu
caráter; Caráter é o que você é no escuro. Não busque apenas o reconhecimento, dê
prioridade ao caráter. Reconhecimento é o que as pessoas dizem a seu respeito, Caráter
é o que Deus diz de você.
- Maturidade é
saber reagir positivamente diante das adversidades e correções. Diz Tiago: “Meus
irmãos, tende grande gozo quando cairdes em várias provações, sabendo que a
prova da vossa fé produz a paciência. Tenha, porém, a paciência a sua obra
perfeita, para que sejais perfeitos e completos, sem faltar em coisa alguma”
(Tg.1:2-4).
As provações de nossa fé trabalham por nós, e não contra nós, visto que
produzem perseverança. A perseverança visa nos levar à maturidade. Paulo diz em
Romanos 5:3-5 que as tribulações são pedagógicas, levam-nos à maturidade.
Deus está no controle de nossa vida. Tudo tem um propósito. Diz o
apóstolo Paulo: "Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles
que amam a Deus..." (Rm.8:28). Paulo diz ainda que a nossa leve e
momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória (2Co.4:17). Em
Efésios 2:8-10, Paulo diz que Deus trabalha por nós, em nós e através de nós. Ele
trabalhou em Abraão, em José, em Moisés, antes de trabalhar através deles. É
assim que Deus faz com você ainda hoje. Lembre-se disso!
- Maturidade é
sinônimo de estabilidade emocional. O crente maduro sabe administrar suas
emoções de raiva, de ódio, de ira, de tristeza, ele sabe conviver com tudo
isto, sabe sentir, porém, não permite isto dominar. Dizem as Sagradas
Escrituras: “Irai-vos, mas não pequeis” (Ef.4:26); “Perturbai-vos e não
pequeis; falai com o vosso coração sobre a vossa cama, e calai-vos” (Salmos
4:4); “De maneira que nós mesmos nos gloriamos de vós nas igrejas de Deus por
causa da vossa paciência e fé, e em todas as vossas perseguições e aflições que
suportais (2Ts.1:4); “Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque,
que filho há a quem o pai não corrija?” (Hb.12:7).
CONCLUSÃO
A Paciência é seguramente a virtude que torna o homem semelhante a Deus. Que
venhamos crescer na graça e na sabedoria de Deus, buscando desenvolver esta
virtude do Fruto do Espírito e deixando de lado as dissensões, pois em breve o
Senhor Jesus voltará. Israel é o maior sinal de sua volta; é o relógio de Deus.
Esteja atento!
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível
no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia
de Estudo Pentecostal.
Bíblia
de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário
Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário
do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Revista
Ensinador Cristão – nº 69. CPAD.
Rev.
Hernandes Dias Lopes. Gálatas, a carta da liberdade cristã.
Antônio
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