domingo, 29 de janeiro de 2017

Aula 06 - PACIÊNCIA: EVITANDO AS DISSENSÕES


1º Trimestre/2017

Texto Base: Tiago 5:7-11

“Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação [...]" (Rm.12:12).

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INTRODUÇÃO

Nesta Aula estudaremos a respeito da Paciência ou Longanimidade, como Fruto do Espírito, e as Dissensões, como obra da carne. Poucas pessoas podem fazer suas as palavras do Salmista Davi: “Esperei com paciência no Senhor...” (Salmos 40:1). O mundo vive, hoje, numa ansiedade neurótica. As pessoas, a cada dia, estão mais ansiosas, o que contribui para o aumento das dissensões. Basta ler ou assistir os noticiários para vermos casos de brigas e confusões por coisas frívolas. Muitos desses casos acabam em tragédia e famílias destruídas. Mas o crente fiel precisa fazer a diferença: mostrar amor, tolerância, dar provas de paciência, pois “... o Fruto do Espírito é... Paciência...”, ou Longanimidade.

I. PACIÊNCIA: ATO DE RESISTÊNCIA À ANSIEDADE

1. A Paciência como Fruto do Espírito. O termo Paciência no grego é “makrothümia” (em que "makros" é "grande", "longo" e "thumos" quer dizer "paixão", "sentimento") e significa Longanimidade - “Mas o fruto do Espírito é....Longanimidade...” (Gl.5:22). Longanimidade, aqui, significa ser equilibrado em vez de ter pavio curto, ser demorado em irritar-se, ter boa vontade para com quem fere, sofrer por um longo tempo. No latim, longânimo é ânimo longo.
Conforme as Escrituras Sagradas, ser longânimo é não retaliar, é não vingar a ofensa; é amar os inimigos, que são todos aqueles que nos fazem mal (Mt.5:43-45); é andar a segunda milha (Mt.5:41).

No Antigo Testamento, Longanimidade é geralmente atribuída a Deus, por sua capacidade de reter sua indignação diante da provocação humana - “Misericordioso e piedoso é o Senhor, longânimo e grande em benignidade” (Salmo 103:8). Nosso pecado provoca a ira de Deus, mas Ele não a descarrega sobre nós, bem diferente daqueles discípulos de Jesus referidos em Lucas 9:51-56. Diante da falta de hospitalidade por parte dos samaritanos os apóstolos Tiago e João perguntaram: “Senhor, quer que mandemos descer fogo do céu para os consumir?”. A resposta de Jesus foi rápida e incisiva: “Vocês não sabem de que espírito são vocês, pois o Filho do Homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las”.

A Longanimidade de Deus nos salva. Se não fosse, há muito tempo, o homem e a Terra não mais existiriam. É o Espírito Santo que, na formação de Seu Fruto, em nós, nos transmite esta virtude de Deus. Isto faz a diferença entre o homem de Deus e o ímpio – “O longânimo é grande em entendimento, mas o de animo precipitado exalta a loucura” (Pv.14:29).

Portanto, para ser discípulo de Jesus, para ser um crente frutífero, é necessário ter Longanimidade – “Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de [...] longanimidade” (Cls.3:12). Você é um discípulo de Jesus?

2. A Paciência e a Ansiedade. Você sabe o que significa a palavra Ansiedade na língua grega? Significa estrangulamento, apertar o pescoço, tirar o oxigênio, sufocar. É uma perturbação interior causada pela incerteza, pelo medo. Ela gera angústia e sofrimento, porém Deus não quer que seus filhos vivam com o coração perturbado, ansioso (João 14:1).

A Ansiedade é a maior doença do século. De acordo com a organização mundial de saúde, mais de 50% das doenças são psicossomáticas. A maioria das pessoas que passam pelos hospitais é vítima da ansiedade. Hoje, o remédio mais receitado é o Rivotril, um ansiolítico (ou, popularmente, um calmante); é prescrito por psiquiatras a pacientes em crise de ansiedade. Vivemos hoje o império dos medicamentos ansiolíticos.  As pessoas dormem um sono artificial. As pessoas estão buscando uma "paz química".

A Ansiedade atinge homens e mulheres, jovens e velhos, doutores e analfabetos, religiosos e ateus; as pessoas andam com os nervos à flor da pele; são como um vulcão prestes a entrar em erupção; são como um barril de pólvora pronto para explodir. Este aspecto assustador por que passa o homem e a mulher é uma prova contundente da ausência da presença de Deus em suas vidas.

A Ansiedade tem afastado muitas pessoas de Deus; ela é o útero aonde é gestada a incredulidade. Onde começa a ansiedade termina a fé. A ansiedade nos leva a perder o testemunho cristão.  

Muitos cristãos vivem sofrendo por antecipação, pois se esquecem do que Jesus nos ordenou: "[...] Não andeis ansiosos quanto à vossa vida [...]" (Mt.6:25). O Eterno, o Guardador da nossa vida, é tão preocupado conosco que realmente não precisamos estar ansiosos por nada. É uma honra para Ele assumir todas as nossas preocupações. Por isso, Pedro diz: "lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós" (1Pd.5:7). Certamente, uma coisa não funciona sem a outra. Somente quando lançamos todas as nossas ansiedades sobre Jesus, Ele cuida de nós. Mas se arrastamos as nossas ansiedades junto conosco, então nós mesmos criamos muita aflição, muito sofrimento e muita inquietação. Além disso, toda preocupação não adianta nada, pois o próprio Senhor Jesus diz: "Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida... vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas" (Mt.6:27,32b).

Você crê que o Senhor Jesus ouve as orações? Você crê que Deus cuida de nós? Você crê que Deus zela pelos nossos interesses? Você crê que Deus consegue resolver as nossas maiores dificuldades? Você crê que nada em nossa vida passa despercebido para o Senhor Jesus? Você crê que Deus é o Todo-Poderoso? Você crê que Deus nos dirige e faz com que tudo contribua para o nosso bem? Se você pode responder a todas estas perguntas afirmativamente, então por que ainda se preocupa? Muitos sabem decorado o Salmo 23: “O Senhor é o meu Pastor, nada me faltará…”; mas, mesmo assim, ainda não aprenderam a entregar as suas preocupações totalmente ao Senhor. Quando surgem novos problemas, voltam a se preocuparem e ficam ansiosos, exatamente como fez Israel no deserto. Assim vemos que a ordem "não andeis ansiosos" é de fato uma das tarefas mais difíceis para o verdadeiro cristão.

Nós devemos decidir quem deve carregar os fardos da nossa vida: Deus ou nós. É preferível que entreguemos a Deus. É claro que não se preocupar mais com os problemas não quer dizer que eles são retirados de nós instantaneamente, mas, sim, que é levado o peso que esses fardos representam em nossas vidas. Os problemas nem sempre são solucionados imediatamente, mas somos libertos da pressão deles. Então podemos experimentar o que diz o Salmo 68:19: "Bendito seja o Senhor que, dia a dia, leva o nosso fardo! Deus é a nossa salvação". Portanto, não devemos andar ansiosos por nada desta vida, pois o Pai Celeste está atento a todas as nossas necessidades (Ler Mt.6:25-33).

Os sofrimentos ao longo de nossa jornada não são para nos destruir, mas servem para nos lapidar, para nos tornar mais pacientes e perseverantes (Hb.12:7-11). Precisamos aprender a esperar com paciência e tranquilidade em Deus, tendo a certeza de que todas as coisas cooperam para o nosso bem (Rm.8:28). Creia nisso!

3. Jó, exemplo de Paciência em meio à dor. Paciência é a capacidade de resistir as aflições, com resignação. Jó é um exemplo de crente paciente, de fé e persistente diante das tribulações. Foi pela capacidade de resistir às aflições, com resignação, que Jó se tornou um símbolo da paciência – “Eis que temos por bem-aventurado os que sofreram. Ouvistes qual foi a paciência de Jó e vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso” (Tg.5:11).

Jó era um homem piedoso, justo, próspero, bom pai, sacerdote da família, preocupado com a glória de Deus. O próprio Deus dá testemunho a seu respeito. Deus o constitui Seu advogado na terra. Satanás prova Jó com a permissão de Deus. Jó perdeu todos os seus bens, perdeu todos os seus filhos e perdeu também a sua saúde (Jó 1:22; 2:10). Jó perdeu o apoio da sua mulher. Jó perdeu o apoio dos seus amigos. Jó faz 16 vezes a pergunta: “por quê?”. Jó expressa sua queixa 34 vezes. Mas, no auge da sua dor, ele disse para Deus: "Ainda que Deus me mate, nele esperarei..." (Jó 13:15).

Deus restaura a sorte de Jó, dando-lhe o dobro dos bens. Jó esperou pacientemente no Senhor e Deus o honrou. Ele não explicou nada para Jó, mas apesar de Jó não conhecer os porquês de Deus, ele pôde conhecer o caráter de Deus (Jó 42:5). A maior bênção que Jó recebeu não foi saúde e riqueza, mas um conhecimento mais profundo de Deus. Jó passou a conhecer o Senhor de uma forma nova e mais profunda.

O propósito de Satanás era fazer de Jó um homem impaciente com Deus, isto porque um homem impaciente com Deus é uma arma nas mãos do maligno. Mas o propósito de Deus em permitir Jó sofrer foi fortalecê-lo e fazer dele uma bênção maior para o mundo inteiro.

Como Jó, devemos esperar para que o Senhor complete seu amoroso propósito em nós, mesmo em meio ao sofrimento. Não perca a sua paciência! Em tudo dê graças, pois neste mundo tudo é passageiro, até mesmo as aflições (1Ts.5:18).

II. DISSENSÕES, RESULTADO DA IMPACIÊNCIA

Só lembrando, Dissensão significa sedição, rebelião, e também posicionar-se uns contra os outros. Trata-se daquele sentimento que só pensa no que é seu, e não também no que é dos outros.

1. Exemplos bíblicos de impaciência. A impaciência é um dos males que atormenta a humanidade, a causa de muitas doenças psíquicas, e até somáticas. Nos dias em que vivemos, em que a imediatidade e a pressa são a regra, falar em paciência soa estranho e se apresenta como um desafio. Ninguém quer esperar, mas em qualquer lugar aonde se vá, impõe-se a necessidade de esperar. Para saber esperar é preciso ter paciência: paciência para esperar o transporte coletivo; paciência para esperar nos congestionamentos do trânsito; paciência nos bancos, nos supermercados; paciência para pagar e receber; paciência para ser atendido nos consultórios e nos hospitais públicos, até mesmo particulares; paciência para registrar uma queixa, ou elaborar um Boletim de Ocorrência; paciência de Jó, se precisar bater às portas do Poder Judiciário; paciência para com tudo e para com todos. Em consequência, os homens sem Deus vivem no limite de poder suportar as tensões motivadas pelo ritmo da vida moderna. Todos estão prestes a explodir. Mas o crente fiel precisa dar provas de paciência, pois “... o fruto do Espírito é... paciência...”, ou longanimidade.

Na Bíblia encontramos exemplos de pessoas que foram extremamente pacientes e impacientes:

- No teste final de Pedro, Jesus fez questão de ressaltar ao apóstolo, que até então fora um depósito de impaciência e precipitação, que ele deveria apascentar suas ovelhas (João 21:15-17). Vemos, portanto, que a própria ideia de apascentar o rebanho de Deus está relacionada com a indispensável longanimidade que deve acompanhar o ministério pastoral. Nas chamadas epístolas pastorais de Paulo (1 e 2Timóteo e Tito), vemos quanto esta qualidade é importante para o exercício do dom ministerial de pastor. Paulo, em 1Timóteo, na saudação inicial, lembra a incumbência que havia dado a Timóteo quando determinou que ele ficasse em Éfeso; ele aconselhava a Timóteo que também fosse paciente, procurando antes ser um intercessor, alguém que escolhesse homens igualmente ponderados para o ministério, bem como persistente no ensino da Palavra e perseverante na doutrina, bem como cuidadoso no trato com os irmãos. Vemos, portanto, que a paciência é uma qualidade extremamente necessária para os ministros do Evangelho e que deve sobressair dentre as demais.

- Sarai, esposa de Abrão, é outro exemplo de impaciência registrada na Bíblia. Devido à sua esterilidade e idade avançada, ela é tomada pela impaciência e decide agir por conta própria, oferecendo sua serva Agar a Abraão para que ele tivesse um filho com ela (Gn.16:1-4). Esperar com paciência até que as promessas de Deus se cumpram não é fácil. Por isso, precisamos estar cheios do Espírito Santo a fim de que não venhamos a tomar decisões por nossa conta (Ef.5:18).

- Saul, primeiro rei de Israel, é outro exemplo de impaciência. O Senhor havia ordenado que Ele ficasse em Gilgal até a chegada de Samuel (1Sm.13:1-9). Saul esperou durante sete dias, mas depois perdeu a paciência e ofereceu ele mesmo os holocaustos. Essa era uma tarefa exclusiva dos sacerdotes (cf. Hb.9:7). O texto bíblico afirma que, acabando ele de oferecer sacrifício, Samuel chegou (1Sm.13:10). A impaciência de Saul e a sua desobediência o levaram a perder o trono e a alma (1Sm.13:11-14).

2. Deixe de lado toda Dissensão. Dissenção significa “desunião, divisão, sedição”. É a ação de dividir, de desunir, algo que é sinal da ausência do Espírito Santo na vida da pessoa (cf. Jd.19). Segundo o apóstolo Paulo, “Dissensão” é uma manifestação da Carne (Gl.5:20). Se em uma igreja há brigas e divisões, isso mostra que os crentes são carnais (cf. 1Co.3:3). Quem é guiado pelo Espírito Santo não incentiva e nem faz parte de discussões, contendas e nem de divisões.

O homem carnal vive separado de Deus por causa do pecado e, portanto, a sua natureza é própria da divisão, da separação, do desconhecimento do que é unir. Todos quantos estão a fomentar a desunião entre os irmãos, que estão a promover dissensões, separações e divisões são pessoas diretamente envolvidas com a carne, pessoas dominadas pelo pecado e que, portanto, jamais podem ter lugar em nossas vidas ou em nossas igrejas locais.

Não nos esqueçamos de que o semear contendas entre os irmãos é algo abominável diante de Deus (Pv.6:16-19). Deus opera na união (Sl.133). Quantos ministérios já foram despedaçados e as ovelhas dispersadas por causa de contendas. Paulo, em Romanos 16:17, exorta os crentes a ficarem atentos àqueles que estavam promovendo dissensões e escândalos a fim de se apartarem deles. Onde há dissensões não existe vencedor, pois todos saem perdendo. Exorta o apóstolo Paulo: “Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo parecer”(1Co.1:10). Dissensões é resultado da impaciência, é resultado da ausência de maturidade espiritual.

3. Evitando o partidarismo. O partidarismo na igreja traz severos prejuízos à espiritualidade e ao desenvolvimento da obra de Deus. Contudo, o maior prejuízo está ligado aos relacionamentos entre os irmãos em Cristo. Paulo foi severo e contundente no combate a espírito divisionista que imperava na igreja de Corinto, que a despeito de sua pretensa espiritualidade, ficou na história como um alerta às igrejas cristãs de todo o mundo, registrado na carta que Paulo lhes escreveu. Ele comparou a igreja a um corpo - “Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros do corpo, embora muitos, formam um só corpo, assim também é Cristo”(1Co.12:12); “E o olho não pode dizer à mão: Não tenho necessidade de ti; nem ainda a cabeça aos pés: Não tenho necessidade de vós” (1Co.12:21); “Para que não haja divisão no corpo, mas que os membros tenham igual cuidado uns dos outros”(1Co.12:25); “Ora, vós sois corpo de Cristo, e individualmente seus membros” (1Co.12:27).

Nada debilita mais a unidade do que os crentes estarem engajados no serviço de Deus sem unidade. A obra de Deus não pode avançar quando cada um puxa para um lado, quando cada um busca mais seus interesses do que a glória de Cristo. O sentimento partidarista promove rupturas relacionais motivadas por inimizades.

Como é possível estarem duas pessoas ligadas ao mesmo Deus e inimigas? O profeta Amós escreveu: “Andarão dois juntos se não houver entre eles acordo?” (Am.3:3).

Como é possível duas pessoas afirmarem viver no amor de Deus e se odiarem? O apóstolo João orienta: “Se alguém disser: amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê” (1João 4:20).

Como é possível duas pessoas louvar a Deus, cantar ao seu Santo nome, se estão em desacordo? O Senhor Jesus afirmou: “Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma cousa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta” (Mt.5:23,24).

A igreja precisa resgatar a sua identidade de comunidade unida, de um grupo de pessoas que irmanadas na cruz de Cristo, trabalham, se motivam mutuamente e se doam ao próximo. Jesus não morreu na cruz por uma igreja dividida, mas para formar um só corpo a fim de que os perdidos possam se voltar para o Pai (João 17:21). Que venhamos a fazer todo o possível para manter o vínculo da paz, e não deixar que as disputas e partidarismos venham macular a Igreja do Senhor. Jesus disse que todo reino dividido não subsistirá, por isso, tenhamos cuidado (Mt.12:25).

III. PACIÊNCIA, PROVA DE ESPIRITUALIDADE E MATURIDADE CRISTÃ

1. Pacientes até a volta de Jesus. Devemos ser pacientes até Jesus voltar. Tiago consolou os irmãos que estavam sofrendo com a opressão dos ricos injustos, afirmando que a vinda de Jesus estava próxima (Tg.5:8); está às portas (Tg.5:9). Enquanto Jesus não volta não esperamos vida fácil neste mundo (João 16:33); Paulo nos lembra que é em meio a muita tribulação (At.14:22).

Se você está sofrendo e enfrentando alguma situação de injustiça, não se desespere, pois em breve Jesus voltará e dará fim a toda a dor, sofrimento e injustiça - “Sede, pois, irmãos, pacientes até a vinda do Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva temporã e serôdia. Sede vós também pacientes, fortalecei o vosso coração, porque já a vinda do Senhor está próxima” (Tg.5:7,8).

Mas, como podemos experimentar esse tipo de paciência até Jesus voltar? Tiago dá três exemplos de paciência para encorajar os crentes:

a) A paciência do lavrador (Tg.5:7,8). O lavrador ilustra a necessidade de paciência, pois não colhe no mesmo dia em que planta. Antes, vêm as primeiras chuvas que fazem a semente germinar; depois, no final da estação, vêm as ultimas chuvas, necessárias para a plantação produzir os frutos. Por que o agricultor espera? Porque o fruto é precioso (Tg.5:7).

Se uma pessoa é impaciente, ela nunca deve ser um agricultor. Em Israel o agricultor dependia totalmente das primeiras chuvas que vinham em outubro (para o plantio), e das últimas chuvas que vinham em março (para a colheita). O tempo está fora do seu controle. Ele tem que confiar e esperar. É Deus quem faz a semente brotar, germinar, crescer e frutificar. Ele não pode fazer nada nesse processo (Mc.4:26-29). Uma vez que as injustiças da Terra serão corrigidas quando o Senhor voltar, o povo de Deus deve ser paciente como o lavrador. Seu coração deve estar firmado na certeza da vida do Senhor.

b) A paciência dos profetas – “Meus irmãos, tomai por exemplo de aflição e paciência os profetas que falaram em nome do Senhor” (Tg.5:10). Os profetas foram homens que andaram com Deus, ouviram a voz de Deus, falaram em nome de Deus, mas passaram também por grandes aflições. Eles trilharam o caminho estreito das provas e foram pacientes. Os profetas foram perseguidos sem piedade por terem proclamado a Palavra de Deus fielmente. Ainda assim, permaneceram firmes “como quem vê aquele que é invisível” (Hb.11:27,32-40).

Admiramos profetas como Isaias, Jeremias e Daniel com grande respeito. Honramos esses homens por sua vida e zelo e devoção. Devemos nos lembrar, porém, de que passaram por grandes tribulações e sofrimentos e os suportaram com paciência.

Privilégio e sofrimento, sofrimento e ministério caminharam lado a lado na vida dos profetas. Isaías não foi ouvido pelo seu povo; ele foi serrado ao meio. Jeremias foi preso, jogado num poço e maltratado por pregar a verdade; ele viu o cerco de Jerusalém e chorou ao ver o seu povo sendo destruído. Daniel foi banido da sua terra e sofreu pressões quando jovem; sofreu ameaça e perseguição por causa da sua fidelidade a Deus, a ponto de ser jogado na cova dos leões. Ezequiel também foi duramente perseguido. Estêvão denunciou o sinédrio da seguinte forma: "A qual dos profetas não perseguiram vossos pais? Até mataram os que dantes anunciaram a vinda do justo, do qual vós agora vos tornastes traidores e homicidas" (At.7:52).

Quando você estiver enfrentando sofrimento, não coloque em dúvida o amor de Deus, pois pessoas que andaram com Deus como você, também passaram pelas aflições. Seja paciente!

c) A paciência de Jó – “Ouvistes qual foi a paciência de Jó e vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso” (Tg.5:11). Jó é um excelente exemplo de paciência ou firmeza. Talvez ninguém na história do mundo tenha sofrido tantas perdas em tão pouco tempo quanto Jó. Em momento algum, porém, amaldiçoou a Deus ou se afastou dele. No final, sua perseverança foi recompensada. Deus se revelou a ele cheio de terna misericórdia e compassivo, como sempre. Veja mais sobre a Paciência de Jó no item I.3.

2. Quando a paciência é provada. O Senhor prova a paciência e a fé dos seus filhos. O alvo de Deus em nossa vida é a maturidade cristã (Tg.1:2-4,12; Rm.8:29; Cl.1:28). À medida que somos provados, precisamos pedir a Deus para nos mostrar o que Ele está fazendo. Deus nos prova para nos fazer desmamar de atitudes infantis.

Deus trabalhou 25 anos na vida de Abraão antes de lhe dar o filho da promessa. Deus trabalhou 13 anos na vida de José antes de colocá-lo no trono. Deus trabalhou oitenta anos na vida de Moisés antes de usá-lo como líder do seu povo. Jesus trabalhou três anos na vida dos apóstolos antes de enviá-los ao mundo.

As provações, portanto, visam a glória de Deus. Jesus disse que o cego de nascença nasceu cego para que nele se manifestasse a glória de Deus (João 9:1-7). De Lázaro, Jesus disse: "Esta enfermidade não é para morte, e sim para a glória de Deus..." (João 11:4). Depois de provado por Deus e restaurado por Ele, Jó disse: "Com os ouvidos eu ouvira falar de ti; mas agora te veem os meus olhos" (Jó 42:5).

Qual deve ser a atitude com que vamos enfrentar as provações da vida? Tiago responde: "... tende por motivo de grande gozo..." Tg.1:2). Em vez de murmurar, de reclamar, de ficar amargo, de enfiar-se em uma caverna, devemos nos alegrar intensamente. Essa alegria é confiança segura na soberania de Deus, de que Ele está no controle, de que Ele sabe o que está fazendo e sabe para onde está nos levando.

Se você está sendo provado, não desanime, permaneça firme no Senhor. Disse Tiago: “em que vós grandemente vos alegrais, ainda que agora importa, sendo necessário, que estejais por um pouco contristados com várias provações, para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória na revelação de Jesus Cristo” (1Pd.1:6,7).

3. Maturidade cristã. A Paciência é uma característica da maturidade cristã e do crescimento espiritual. Os crentes imaturos são sempre impacientes. A impaciência pode acarretar graves consequências: Abraão coabitou com Agar; Moisés matou o egípcio; Sansão contou seu segredo para Dalila e; Pedro quase matou Malco.

Como você descreveria alguém espiritualmente maduro? Leonard Wedel diz: "Uma pessoa madura não se leva a sério demais... mantém sua mente alerta... não entra em pânico sempre que uma situação adversa se levanta... É alguém notável demais para passar despercebida, mas nunca se sente importante demais para fazer coisas nem tão importantes assim. Nunca é orgulhosa demais para assumir tarefas humildes... nunca aceita o sucesso ou o fracasso como permanentes... é capaz de controlar seus impulsos... não tem medo de cometer erros... tem fé em si mesma, e essa fé torna-se mais forte ao ser fortalecida pela fé em Deus".

E então? Considerando esse padrão, como você avalia sua maturidade espiritual? É bom ressaltar que maturidade não se alcança apenas lendo um livro, é preciso passar pelas provas. O crente maduro permanece firme diante das perseguições e aflições. Jesus disse: "Bem-aventurado sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa. Alegrai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram aos profetas que foram antes de vós" (Mt.5:11,12).

Quando somos provados, desenvolvemos a paciência triunfadora. Quando somos provados somos aprovados por Deus. Quando somos provados somos galardoados por Deus. Quando somos provados temos a oportunidade de demonstrar nosso amor por Deus. A Bíblia diz que nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória (2Co.4.17). Como Lutero expressou no hino Castelo Forte, ainda que percamos família, bens, prazeres, Deus continua sendo nosso Castelo Forte.

- Maturidade é atitude prudente. As Escrituras Sagradas dizem que são as suas atitudes que determinam se você é maduro ou não. Deus quer que você cresça e tenha atitudes como as de Cristo (cf. Ef.4:13, Gl.4:19, Cl.1:28). A atitude faz a diferença, é o seu caráter; Caráter é o que você é no escuro. Não busque apenas o reconhecimento, dê prioridade ao caráter. Reconhecimento é o que as pessoas dizem a seu respeito, Caráter é o que Deus diz de você.

- Maturidade é saber reagir positivamente diante das adversidades e correções. Diz Tiago: “Meus irmãos, tende grande gozo quando cairdes em várias provações, sabendo que a prova da vossa fé produz a paciência. Tenha, porém, a paciência a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, sem faltar em coisa alguma” (Tg.1:2-4).

As provações de nossa fé trabalham por nós, e não contra nós, visto que produzem perseverança. A perseverança visa nos levar à maturidade. Paulo diz em Romanos 5:3-5 que as tribulações são pedagógicas, levam-nos à maturidade.

Deus está no controle de nossa vida. Tudo tem um propósito. Diz o apóstolo Paulo: "Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus..." (Rm.8:28). Paulo diz ainda que a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória (2Co.4:17). Em Efésios 2:8-10, Paulo diz que Deus trabalha por nós, em nós e através de nós. Ele trabalhou em Abraão, em José, em Moisés, antes de trabalhar através deles. É assim que Deus faz com você ainda hoje. Lembre-se disso!

- Maturidade é sinônimo de estabilidade emocional. O crente maduro sabe administrar suas emoções de raiva, de ódio, de ira, de tristeza, ele sabe conviver com tudo isto, sabe sentir, porém, não permite isto dominar. Dizem as Sagradas Escrituras: “Irai-vos, mas não pequeis” (Ef.4:26); “Perturbai-vos e não pequeis; falai com o vosso coração sobre a vossa cama, e calai-vos” (Salmos 4:4); “De maneira que nós mesmos nos gloriamos de vós nas igrejas de Deus por causa da vossa paciência e fé, e em todas as vossas perseguições e aflições que suportais (2Ts.1:4); “Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija?” (Hb.12:7).

CONCLUSÃO

A Paciência é seguramente a virtude que torna o homem semelhante a Deus. Que venhamos crescer na graça e na sabedoria de Deus, buscando desenvolver esta virtude do Fruto do Espírito e deixando de lado as dissensões, pois em breve o Senhor Jesus voltará. Israel é o maior sinal de sua volta; é o relógio de Deus. Esteja atento!

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Luciano de Paula Lourenço

Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Revista Ensinador Cristão – nº 69. CPAD.

Rev. Hernandes Dias Lopes. Gálatas, a carta da liberdade cristã.

Antônio Gilberto. O Fruto do Espírito. CPAD.

Ev. Caramuru Afonso Francisco. Paciência: Fruto da esperança.PortalEBD_2005.

domingo, 22 de janeiro de 2017

Aula 05 - PAZ: ANTÍDOTO CONTRA AS INIMIZADES


1º Trimestre/2017

Texto Base: Efésios 2:11-17

 "Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize" (João 14:27).

INTRODUÇÃO

Dando continuidade ao estudo do trimestre trataremos nesta Aula da Paz como Fruto do Espírito e a Inimizade como fruto da carne. Em Ezequiel 7:25,26 está escrito: “Vem a destruição; e eles buscarão a paz, mas não há nenhuma. Miséria sobre miséria virá, e se levantará rumor sobre rumor...”. Vivemos hoje, um tempo muito parecido com este descrito pelo profeta Ezequiel. A Terra não tem paz! Em todas as camadas das sociedades em todas as nações há uma demonstração de falta de paz: há conflitos entre nações, conflitos no seio das famílias, conflitos dentro do próprio homem, conflitos entre denominações religiosas e entre “evangélicos”. Todavia, conforme veremos nesta Aula, há uma Paz real, verdadeira e possível de ser alcançada pelo homem, é a Paz de Deus. Esta Paz começa a ser gerada dentro do homem, pelo Espírito Santo, logo após a conversão, ou logo após o homem aceitar o Senhor Jesus como seu único e suficiente Senhor e Salvador. Assim sendo, a Paz que trataremos aqui não é um estado de ausência de conflitos, mas o resultado da restauração da comunhão entre Deus e o homem por intermédio de Cristo Jesus. Ela independe de situações e circunstâncias.

I. A PAZ QUE EXCEDE TODO ENTENDIMENTO

E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus” (Fp.4:7).

A Paz que excede todo entendimento é a Paz de Deus. Em Jesus, temos esta Paz. Não é a Paz que o mundo oferece, é a Paz que, mesmo em um mundo cheio de guerras e conflitos, podemos afirmar que vivemos em Paz. Só as pessoas eminentemente espirituais, ou seja, aquelas que nasceram de novo, compreendem e vivenciam isso.

1. Paz. A Paz é o desejo mais profundo do ser humano. Não por acaso ela é uma promessa de Deus aos seus filhos. Desde muito cedo os homens de bem se cumprimentava assim: “Paz seja convosco” (Gn.43:23). Os anjos de Deus se apresentavam do mesmo modo: “Paz seja contigo!“ (Jz.6:23). O Antigo Testamento ensina-nos a abençoar assim: “O Senhor sobre ti levante o rosto e te dê a paz” (Nm.6:26). Jesus saudava seus discípulos e amigos com a expressão: “A paz seja com vocês!”(Lc.24:36). Ele recomendou expressamente aos seus discípulos, quando entrassem na residência de alguém, que dissessem: “Paz seja nesta casa!” (Lc.10:5). Os apóstolos pediam que o Deus da Paz estivesse com todos - “E o Deus de paz seja com todos vós. Amém”(Rm.15:33). Mas a saudação que ficou favorita na igreja do Novo Testamento era: “Graça e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo” (1Co.1:3).

Nas suas últimas instruções aos discípulos Jesus afirmou que lhes deixava a sua Paz, que não era a paz do mundo (João 14:27). A paz do mundo é uma paz precária, insegura e sujeita a temores constantes, porque é apenas a ausência de conflitos, uma ausência que não é garantida por coisa alguma. Era a situação vivida pelos contemporâneos de Cristo, que viviam a chamada “pax romana” (isto é, a paz romana), que era o período de ausência de guerras e de conflitos nas regiões que estavam sob o domínio romano, nos governos dos imperadores César Augusto e Tibério, que logo passaria, pois se tratava de apenas uma acomodação política instável e que dependia, fundamentalmente, da eficiência dos exércitos e dos órgãos de controle do poder romano. A Paz de Cristo é diferente, é um estado de quietude interior, embora as circunstâncias externas demonstrem a existência de conflitos sociais, econômicos, religiosos, etc.

Conta-se que a Prefeitura de uma determinada cidade, patrocinou um concurso de pintura, cujo tema era a Paz. O pintor que melhor retratasse, em seu quadro, o verdadeiro sentido da paz, seria o vencedor do concurso, recebendo um prêmio significativo. Muitos candidatos se inscreveram. Cada um procurou retratar através de sua pintura o que imaginava ser a verdadeira paz. Apareceram quadros com casinhas brancas; lagos azuis, mansos, serenos; alegres e lindo pôr do sol; crianças brincando, etc. Porém, um candidato pintou um quadro, aparentemente dantesco, sem casinha branca, sem pôr do sol; sem crianças e velhos, sem lago azul; ele pintou os efeitos de uma tempestade, com ventos arrancando os telhados, árvores sendo dobradas, céu escuro e assustador; todavia, no galho de uma daquelas árvores, ameaçada de ser arrancada pelo vendaval, ele pintou um pássaro, cantando, indiferente a qualquer ameaça ou perigo. O pássaro, pelo seu instinto natural, sabe que ainda que o galho quebre, ou que a árvore seja arrancada, ele tem asas para voar. Este quadro, por unanimidade dos jurados foi considerado vencedor. Isto nos ensina que a verdadeira Paz se manifesta na hora da tempestade. Talvez por isto o Senhor Jesus tenha dito: “Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (João 16:33).

Ter Paz, viver em Paz, quando tudo está bem, pode ser fácil, porém, é na hora da tempestade e do vendaval que o filho de Deus comprova se, de fato, tem a Paz verdadeira, a Paz de Deus, a paz que o Senhor Jesus deixou aos Seus discípulos. Jó tinha esta paz! Daniel tinha esta Paz! Paulo tinha esta Paz, quando estava preso em Roma! Na Igreja, os verdadeiros cristãos têm essa Paz!

A Paz, assim como o Amor, faz parte da própria natureza de Deus. Sendo assim, ela faz parte, também, da natureza de seus filhos - “Pelas quais nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina...” (2Pd.1:4).

2. Paz com Deus. Como podemos estar em Paz com Deus? Só existe uma maneira para estarmos em Paz com o nosso Criador: mediante a nossa justificação - “Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm.5:1). Portanto, a Paz com Deus é a reconciliação entre o homem e Deus, a união de Deus com o homem mediante o perdão dos pecados por intermédio da aceitação de Cristo como único e suficiente Senhor e Salvador.

Uma das nefastas consequências da Queda foi a ausência da Paz entre Deus e o homem. Adão fugiu e se escondeu de Deus - “... e escondeu-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim” (Gn.3:8). Nós não fugimos e nos escondemos de alguém com quem temos Paz. Adão havia perdido a Paz com Deus, por isso fugiu. Esta Paz, quebrada lá no Paraíso, por causa do pecado, só se tornaria possível através da morte expiatória de Jesus, na Cruz do Calvário, pela qual alcançamos a nossa Redenção – “Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados... Porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse e que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra como as que estão nos céus”(Cl.1:14,19,20).

Portanto, o restabelecimento da Paz entre o homem e o seu Criador foi uma obra de Deus. Ele quis que a Paz fosse restabelecida. Para nós custou tão pouco, mas para Ele teve um preço muito elevado, o sacrifício de nosso Senhor Jesus Cristo. Adão, antes de pecar, tinha Paz com Deus; nós, depois da remissão, ou perdão de nossos pecados, temos Paz com Deus.

3. Paz de Jesus Cristo. Em João 14:25-31, Jesus promete, aos seus discípulos, uma Paz que o mundo não conhece. Diz assim o Senhor no versículo 27: "Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize". Estas palavras de Jesus são um tom de despedida. Seus seguidores sabiam que aqueles seriam seus últimos momentos entre eles na terra. O Mestre percebe o sentimento de insegurança e desolação na face daqueles com quem andou nos últimos anos. Em resposta ao temor da solidão, o Senhor promete não os deixar sozinhos, antes enviar um Consolador para que estejam sempre com eles. A Paz de Jesus, nesse sentido, é a própria presença do Seu Espírito em nós.

O mundo não conhece essa Paz, por isso, aqueles que seguem seus princípios, fiam sua fé no dinheiro, na autoconfiança e/ou no poder. A paz do mundo é efêmera e fraca; ela dura enquanto durar o efeito das drogas; ela dura enquanto se goza de uma perfeita saúde; ela dura enquanto dura um bom relacionamento amoroso; ela pode durar enquanto dura a glória do poder; ela pode durar enquanto dura o sucesso de uma carreira; ela pode durar enquanto uma crise financeira não bater à porta. A paz do mundo, ou a paz que o mundo dá, não resiste às adversidades. Porém, o Senhor Jesus disse: “Deixo-vos a paz a minha paz vos dou...”.

A Paz de Cristo excede todo o nosso entendimento, ou seja, não é resultado de um controle sobre a nossa mente, não é fruto de “exercícios espirituais”, de “meditação” ou “técnicas de relaxamento”, mas é obra do Espírito Santo na vida do crente. A Bíblia diz que a finalidade da Paz é guardar os nossos sentimentos e os nossos corações em Cristo Jesus. Foi por isso que Jesus, ao se apresentar aos discípulos na tarde do dia da sua ressurreição, logo os saudou com a Paz: “Paz seja convosco”. Naquele momento o que os discípulos mais precisavam era da Paz de Cristo, que dá alento ao crente e que o permite conservar-se santo e irrepreensível aguardando o Senhor. Na Bíblia está registrada a expressão “não temais” 365 vezes, uma para cada dia do ano, precisamente para que os salvos não tenham medo, não se deixem abalar, mas desfrutem da Paz de Deus.

A Paz de Cristo não é alcançada pelo simples fato de alguém pedir. Ela não precisa ser pedida, ela já foi dada. O Profeta Miquéias, falando de Jesus, havia dito: “E este será a nossa paz...” (Mq.5:5). Sendo Ele o “Príncipe da Paz” (Is.9:6), vindo à terra, ele trouxe a Paz. Ao retornar para o Céu, não a levou de volta, mas disse: “Deixo-vos a paz...”. Todavia, ninguém terá a Paz de Deus, se o Espírito Santo não puder habitar em seu “coração”, ou em sua vida. Assim, para ter a Paz de Cristo não basta ser somente “evangélico”, é preciso ser o templo, a morada do Espírito, e isto requer que o homem seja santo – “... porque o templo de Deus, que sois vós, é santo” (1Co.3:17). A falta de Santidade é a causa da existência de muitos crentes “evangélicos”, sem Paz. Ser santo é uma exigência de Deus – “mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver, porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo” (1Pd.1:15,16).

Portanto, para poder gozar a Paz de Cristo, não basta ser um crente evangélico, é necessário ser um evangélico santo. Na medida em que o mundo avança em direção à Igreja, a Paz de Cristo vai se tornando cada vez mais distante. É tempo de refletir sobre a verdadeira vida cristã!

4. Paz Interior. Muito se tem falado, ultimamente, sobre a “Paz Interior”, chegando, mesmo, a defenderem uma “cura interior”, um processo de superação de traumas e de feridas existentes no homem interior, na alma, que prejudicariam nossa saúde espiritual. No entanto, se bem avaliarmos o que nos ensina a Palavra de Deus, a Paz com Deus promove a “harmonia”, o “equilíbrio”, pois o homem volta a ter comunhão com o Senhor e, portanto, o Espírito Santo produz a Paz como o rio, ou seja, sara as feridas existentes, sem que seja necessário qualquer outro “processo” ou qualquer “procedimento” a não ser a própria salvação.

A Paz, diz-nos a Bíblia, é de Deus, de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo (Rm.1:7), de tal maneira que não tem fundamento qualquer “experiência mística” que pretenda conceder “cura interior”, “paz interior” a quem já é salvo. O Espírito Santo promove esta Paz no instante da salvação. Portanto, a Paz é da parte de Deus, nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo (1Co.1:3).

Quem está em Cristo tem Paz, logo não precisamos correr atrás de experiências mágicas ou de procedimentos de “gurus” ou “entendidos”, ainda que eles se travistam de servos de Deus. Paulo afirma que é a Paz de Deus, que excede o nosso entendimento, que guardará os nossos sentimentos e os nossos corações. Busquemos a Deus e não corramos atrás de “mágicas”, de “encontros de cura interior” ou coisas similares, pois nada disso tem fundamentação bíblica.

5.  Paz com o Próximo. Quem tem Paz com Deus, transmite aos outros homens e a si mesmo a Paz de Deus, ou seja, um sentimento de tranquilidade e confiança que é gerado em nós pelo Espírito Santo, mediante o qual, mesmo nas maiores aflições e dificuldades, não somos abalados, não perdemos a nossa confiança em Deus, nem muito menos a direção que devemos seguir.

Um dos principais trabalhos do adversário é, precisamente, tirar a Paz da Igreja (Rm.16:17; 1Co.11:18). Entretanto, devemos ter discernimento espiritual e, sabendo que a origem da dissensão nunca é divina, mas carnal e diabólica (1Co.3:3; Gl.5:20; Tg.3:14-16; Jd.19), devemos sempre nos desviar de todo e qualquer movimento contrário à paz na igreja local.

O salvo deve procurar a Paz, persegui-la sempre. É dever do servo de Deus buscar a Paz, evitar conflitos e quaisquer contendas com quer que seja. Entretanto, o salvo nunca terá Paz com todos os homens, pois não há comunhão entre a luz e as trevas e, assim sendo, sempre haverá aqueles que o perseguirão, os agentes do nosso adversário, Satanás, cujo nome significa “aquele que se opõe”, “inimigo”, mas isto não depende de nós. Assim, no que depender de nós, devemos sempre buscar a paz e a conciliação, mesmo que isto represente uma momentânea e aparente desvantagem em nossas vidas. Exorta o apóstolo Paulo: “Se possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens” (Rm.12:18).

II. INIMIZADES E CONTENDAS, AUSÊNCIA DE PAZ

Na Epístola aos Gálatas, Paulo apresenta a inimizade, as contendas e as disputas como obras da carne (cf. Gl.5:20) – “Porque as obras da carne são manifestas, as quais são:...inimizades, porfias, emulações...pelejas, dissensões...”.

1. Inimizade e contenda. A Igreja em Filipos era muito querida pelo apóstolo Paulo. Ela muito contribuiu financeiramente para o seu Ministério. Mas, nem tudo era maravilhoso e perfeito na igreja filipense. Ali estava acontecendo algo que é muito comum nestes últimos dias da Igreja: a contenda, oriunda de problemas de relacionamentos. Evódia e Síntique eram duas irmãs que ocupavam posição de liderança na igreja. Elas haviam se esforçado com Paulo no evangelho, mas agora estavam em discórdia na igreja. Paulo rogou a essas duas servas de Deus que a inimizade entre elas fosse logo debelada - “Rogo a Evódia e rogo a Síntique que sintam o mesmo no Senhor” (Fp.4:2).

Essas irmãs tinham nomes bonitos: Evódia significa “doce fragrância”; Síntique significa “boa sorte”. Mas elas estavam vivendo de maneira repreensível. Muitas pessoas haviam se tornadas crentes através de seus esforços (cf. Fp.4:3), mas a sua briga estava causando uma dissensão na igreja. Não temos detalhes da causa de sua discórdia (talvez seja bom assim!), mas Paulo rogou a elas que resolvessem a situação. O apóstolo emprega a palavra “rogo” duas vezes, para mostrar que essa exortação é dirigida a uma e outra. Paulo as incentiva que “sintam o mesmo no Senhor”. É impossível sermos unidos em todas as coisas da vida diária, mas quanto às coisas “no Senhor” é possível reprimir pequenas diferenças a fim de que o Senhor possa ser magnificado e para que sua obra avance. É válido ressaltar que:

- Na vida cristã não há comunhão vertical sem comunhão horizontal. Não podemos estar unidos a Cristo e desunidos com os irmãos. A lealdade mútua é fruto da lealdade a Cristo. A irmandade humana é impossível sem o senhorio de Cristo. Ninguém pode estar em paz com Deus e em desavença com os seus irmãos. Devemos ser um povo diferente do mundo ímpio, senão, nossa evangelização é inócua.

- A cizânia é contrária à natureza da igreja (Fp.4:3). A igreja deve ser marcada pelo trabalho conjunto, pelo auxílio recíproco e pela esperança futura. Há uma realidade celestial acerca da igreja, a saber, o nome dos crentes está escrito no livro da vida, e lá no céu não há divisão; a igreja na Terra deve ser uma réplica da igreja do Céu. A igreja que seremos deve ensinar a igreja que somos. É contrária à natureza da igreja confessar a unidade no Céu e praticar a desunião na Terra. Todos os crentes, lavados no sangue do Cordeiro, têm seus nomes escritos no livro da vida e serão introduzidos na cidade santa (Lc.10:17-20; Hb.12:22,23; Ap.3:5; 20:11-15). O fato de irmos morar juntos no Céu deveria nos ensinar a viver em harmonia na Terra.

2. Inimizade e facção. As inimizades, muitas vezes, acabam gerando na igreja as facções e divisões. A Bíblia diz que isto aconteceu na Igreja de Corinto. Embora tenha sido reconhecida por Paulo como uma igreja fervorosa, a ponto de destacar os seus integrantes como “santificados”(1Co.1:2), “alvos da Graça de Deus”, “enriquecidos espiritualmente na Palavra e no conhecimento”(1Co.1:5), “nenhum dom lhes faltava”(1Co.1:7), “esperavam a volta de nosso Senhor Jesus Cristo”(1Co.1:7), mesmo assim existia entre eles facções ou partidos em que cada um afirmava ter um líder distinto. Chamamos isso de partidarismo. Partidarismo é dividir-se por ordem de preferência, opção ideológica, etc. Alguns declaravam sua preferência por Paulo, outros se identificavam com Apolo, outros, ainda, com Cefas, e alguns afirmavam pertencer somente a Cristo, sugerindo, provavelmente, que somente eles pertenciam ao Senhor (1Co.1:12). Mas na Igreja não é assim, pois há um só Espírito, um só Senhor. Quando pensamos que o alvo é um só, não há como andarmos em direções diferentes.

Sabe qual era causa dessas facções na igreja de Corinto? Carnalidade, ou seja, modo de vida de acordo com os desejos descontrolados da natureza pecaminosa (Gl.5:19-23). É o próprio Paulo quem nos revela a causa interna principal para as divisões entre os coríntios: eles ainda eram carnais (1Co.3:1-4). A igreja de Corinto tinha inúmeros dons em operosidade, tinha fama de espiritual, de carismática, mas estes irmãos são identificados por Paulo como crianças espirituais e crentes carnais (crentes sem o controle do Espírito Santo), impossibilitados de alimento sólido (1Co.3:1-3).

Muitas igrejas estão confusas, atualmente, com a pregação de falsos avivamentos e de doutrinas inovadoras dos nossos dias. As divisões presentes nestes movimentos não são expostas como Fruto do Espírito, mas como obra da carne, segundo a Palavra de Deus. Em Atos dos Apóstolos vemos a igreja Cristã iniciante, cheia da presença do Espírito, evidenciando às pessoas o amor de Deus, a comunhão, alegria, a singeleza de coração, mas acima de tudo a unidade de propósito e de serviço (At.2:42-47; 9:31). Quando as divisões impedem a existência desse ambiente, fica evidente a carnalidade da igreja.

Portanto, a inimizade é obra da carne e seu alvo é destruir a unidade na Igreja do Senhor. E se pertencemos a Ele não podemos aceitar as inimizades e as facções.

3. Inimizade e soberba. O Rev. Hernandes Dias Lopes, em seu livro “Gotas de sabedoria para a alma”, diz que um indivíduo soberbo é aquele que deseja ser mais do que é e ainda se coloca acima dos outros para humilhá-los e envergonhá-los. O soberbo superdimensiona a própria imagem e diminui o valor dos outros. É o narcisista que, ao se olhar no espelho, dá nota máxima e aplaude a si mesmo. A soberba é a sala de espera da desonra. É por isso que o sábio diz que, em vindo a soberba, sobrevém a desonra (Pv.11:2). A soberba é o corredor do vexame, é a porta de entrada da vergonha e da humilhação.

A Bíblia diz que Deus resiste ao soberbo (Tg.4:6), declarando guerra contra ele. “Glória ao homem nas maiores alturas”, esse é o grito de guerra da humanidade orgulhosa e ímpia que continua desafiando Deus e tentando construir o céu na terra (Pv.11:1-9; Ap.18). Deus aborrece “olhos altivos” (Pv.6:16,17) e promete destruir “a casa dos soberbos” (Pv.15:25).  O sábio Salomão alerta: “A soberba precede a ruína, e altivez do espírito precede a queda” (Pv.16:18).

O Rev. Hernandes Dias Lopes diz que a soberba é a porta de entrada do fracasso e a sala de espera da ruína. O orgulho leva a pessoa à destruição, e a vaidade a faz cair na desgraça. Na verdade, o orgulho vem antes da destruição, e o espírito altivo, antes da queda. Nabucodonosor foi retirado do trono e colocado no meio dos animais por causa da sua soberba (cf. Dn.4:30-37). O rei Herodes Antipas I morreu comido de vermes porque ensoberbeceu seu coração em vez de dar glória a Deus (At.12:21-23). O reino de Deus pertence aos humildes de espírito, e não aos orgulhosos de coração.

Esse terrível mal também tem grassado igrejas locais. A Bíblia registra um exemplo: a igreja de Laodicéia. Esta igreja, a começar do seu líder, enchia o peito e dizia para todos, com evidente e louca arrogância: “Rico sou e de nada tenho falta” (Ap.3:17). Ora, é nesta tola manifestação de arrogância que se verifica a fraqueza espiritual. Só temos força espiritual quando reconhecemos a nossa insignificância, a nossa pequenez, o nosso nada diante de Deus. A autoglorificação é desprezível. A igreja de Laodicéia exaltou-se dando nota máxima a si mesma em todas as áreas, mas Cristo a reprovou em todos os itens (Ap.3:17,18)

Deus detesta o louvor próprio. A Bíblia diz: ”Louve-te o estranho, e não a tua boca; o estrangeiro, e não os teus lábios”(Pv.27:2). Jesus explicou essa verdade na parábola do fariseu e do publicano (Lc.10:30-37). Aquele que se exaltou foi humilhado, mas o que se humilhou, desceu para sua casa justificado.

III. VIVAMOS EM PAZ

1. Vivamos em Paz com Deus.  A Paz que Jesus oferece é diferente da paz ilusória que o mundo dá. Quantos acordos fracassaram, quantas relações são desfeitas por estarem baseadas apenas nas boas e frágeis intenções humanas, que não resistem ao primeiro sinal de fraqueza das partes. Em razão disso, precisamos ter sempre o Senhor como o nosso grande parceiro em todas as nossas decisões. Essa Paz é diferente porque cumpre o propósito mais sublime do Senhor para o ser humano: restaura a nossa paz com Deus (Rm.5:1). O nosso relacionamento com Deus, antes rompido pelo pecado, é agora restaurado mediante a justificação por Ele outorgada (Rm.5:1; Fp.3:9; Gl.2:16). Sim, Jesus é a nossa Paz (Ef.2:14-17).

2. Vivamos em Paz uns com os outros. Quando estamos em Cristo, a Paz com Deus é restaurada, e daí passamos a ter harmonia uns com os outros na dimensão do amor de Deus derramado em nossos corações (Rm.5.5). Assim sendo, somos capazes de empenharmo-nos pela concórdia entre as pessoas. O que fazemos quando há confusão em casa, no colégio, no trabalho ou na igreja? Pomos fogo ou promovemos a união? Se promovemos a união, somos da paz, como Deus, que é apresentado como sendo de paz (1Tes.5:23) e não de confusão (1Co.14:33).

“Davi declarou que a união é agradável e preciosa (Sl.133:1-3). Infelizmente, a união que deveria ser encontrada na Igreja nem sempre o é. As pessoas discordam e causam divisões por causa de assuntos sem importância. Alguns sentem prazer em causar tensão, depreciando e desacreditando os outros. Mas a união é importante porque: faz da igreja um exemplo para o mundo e ajuda a aproximar as pessoas do Senhor; ajuda-nos a cooperar conforme a vontade de Deus, antecipando um pouco do gozo que teremos no céu; renova e revigora o ministério, porque existe menos tensão para extrair a nossa energia. Viver em união não significa que concordaremos com tudo; haverá muitas opiniões, da mesma maneira que existem muitas notas em um acorde musical. Mas devemos concordar em nosso propósito na vida: trabalhar juntos para Deus. A união reflete a nossa concordância de propósitos" (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.822).

No que depender de nós, devemos viver em paz com todas as pessoas (Rm.12:18). Nós seremos bem-sucedidos quando Cristo for o nosso árbitro - “Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração, à qual, também, fostes chamados em um só corpo” (Cl.3:15).

Deixemos que essa Paz flua com mais intensidade em nossos corações, e isso ocorrendo, cuidaremos mais do bem-estar do próximo. Os conflitos externos serão ajustados a uma realidade mais harmoniosa; o ódio não terá espaço em nossas vidas e a nossa boca jamais se abrirá para proferir maledicências, porque Cristo, o Senhor da Paz, habita ricamente em nosso coração.

3. Vivamos em Paz conosco mesmo. Como tudo o que diz respeito à vida espiritual do salvo, a Paz deve ser constantemente guardada e preservada. A Paz interior é indispensável, pois é pelo seu vínculo que temos guardado a unidade do Espírito – “procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (Ef.4:3).

É bom ressaltar que a Paz pode ser perdida por aqueles que se descuidarem da vida espiritual. Quando há o desvio espiritual, não se perde apenas a salvação, mas a Paz que é um dos efeitos desta salvação. Davi perdeu essa Paz quando pecou contra Deus. Ao lermos o Salmo 51, vemos, nitidamente, como Davi estava perturbado por causa do seu pecado, como havia perdido a paz.

A santificação nada mais é que um processo para nos mantermos em Paz com Deus. Por isso, o apóstolo Paulo diz que quem nos santifica em tudo é o “Deus de paz” (1Ts.5:23), tendo, também, sido recomendado que “vivamos em paz” para que o Deus de amor e de Paz seja conosco (2Co.13:11), pois fomos chamados para a Paz (cf.1Co.7:15).

Salientamos que a Paz não se consegue pelo pedir, ou pela oração. Ela vem como resultado do trabalhar do Espírito Santo na vida do homem, formando o Seu Fruto – “... o fruto do Espírito é:...Paz...”. Assim, se o templo não é santo e se o Espírito não encontra lugar na vida do crente, ocupado que está com as coisas do mundo, então ele não pode desenvolver o Seu Fruto, razão porque existem, hoje, muitos crentes “evangélicos” sem Paz.

CONCLUSÃO

A Paz, assim como o Amor, faz parte da própria natureza de Deus. Sendo assim, ela faz parte, também, da natureza de seus filhos - “Pelas quais nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina...” (2Pd.1:4). Assim, se alguém diz que é filho de Deus, mas, vive sem paz, em desarmonia com Deus, em conflito consigo mesmo, em guerra, contenda e até inimizade com seu próximo, incluindo aquele chamado de irmão, alguma coisa deve estar errada, e, certamente, não é a Bíblia. Pela Bíblia, o filho de Deus tem que viver em Paz, porque Deus é Paz. Você é filho de Deus?

Ora, o mesmo Senhor da paz vos dê sempre paz de toda maneira. O Senhor seja com todos Vós” (2Tes.3:16).

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Luciano de Paula Lourenço

Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Revista Ensinador Cristão – nº 69. CPAD.

Rev. Hernandes Dias Lopes. Gálatas, a carta da liberdade cristã.

Antônio Gilberto. O Fruto do Espírito. CPAD.

Ev. Caramuru Afonso Francisco. Paz: o Fruto da Harmonia.PortalEBD_2005.