1º Trimestre/2017
Texto Base: Gálatas 5:16-26
"Digo, porém: Andai em Espírito e
não cumpríreis a concupiscência da carne" (G1.5:16).
INTRODUÇÃO
Pela misericórdia de Deus, iniciamos mais um
ano letivo. No primeiro trimestre, que se inicia, o currículo da CPAD estudará
sobre o Tema: “AS OBRAS DA CARNE E O
FRUTO DO ESPÍRITO - Como o crente pode vencer a verdadeira batalha espiritual
travada”. Este é um dos temas mais importantes para o cristão, até porque
vivemos tempos em que as pessoas estão muito preocupadas com prosperidade,
milagres, etc. Ao longo do trimestre será destacado o embate espiritual que se
dá na vida do cristão – no sentido de manifestar as virtudes do Espírito (Fruto
do Espirito) – contra a insistência da velha natureza humana em “não morrer”.
Qual o crente que não luta diariamente contra a velha natureza? Quem não passa
por tentações e provações de ordem estritamente pessoal? Certamente, todo
crente enfrenta uma luta interna e espiritual quanto à formação e ao
desenvolvimento do caráter cristão. Conquanto perceba que foi plenamente regenerado
e salvo pela graça de Deus, o crente em Cristo enfrenta muitas lutas de ordem
interior (psicológicas e espirituais). Quando uma pessoa aceita a Cristo como
Senhor e Salvador, em seu interior, se inicia um embate entre a carne – a velha
natureza - e o Espirito. Como vencer essa luta? Somente com a ajuda do Espirito
Santo. Ele em nós nos leva a termos uma vida frutífera para a glória de Deus.
Nesta Aula, daremos um enfoque panorâmico
sobre “As Obras da Carne e o Fruto do Espírito”. Nenhum trecho da Bíblia
apresenta um mais nítido contraste entre o modo de vida do crente cheio do
Espírito e aquele controlado pela natureza humana pecaminosa do que Gálatas
5:16-26. Paulo não somente examina a diferença geral do modo de vida desses
dois tipos de crentes, ao enfatizar que o Espírito e a carne estão em conflito
entre si, mas também inclui uma lista específica tanto das obras da carne, como
do fruto do Espírito. Como poderemos vencer esse embate entre a carne e o
Espírito? Primeiramente, deixar-nos dominar pelo Espírito Santo de Deus. É
preciso ser cheio do Espírito Santo diariamente (Ef.5:18). Se o crente tiver
uma vida controlada pelo Consolador, terá plena condição de resistir à sua
natureza pecaminosa.
É notória a pouca ênfase que a maioria dos
cristãos dá à transformação do homem interior em virtude da salvação na pessoa
de Jesus Cristo e à consequente mudança de atitudes por parte daquele que
aceita Cristo. Infelizmente, temos percebidos que, nos últimos dias, este tem
sido um aspecto negligenciado no ensino da Palavra de Deus em nossas igrejas
locais. Portanto, é bastante oportuno o estudo a respeito do tema em epígrafe a
fim de que os cristãos venham a dar o devido valor à transformação que deve
ocorrer na vida de cada um que aceita Cristo como seu Senhor e Salvador e,
deste modo, procure melhorar os seus caminhos diante de Deus e dos homens.
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I. ANDAR NA CARNE X ANDAR NO ESPÍRITO
Em nossa jornada espiritual, há um tremendo
conflito entre a carne (velha natureza) e a nossa nova natureza. Foi o que o
apóstolo Paulo disse aos Gálatas: “Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o
Espírito, contra a carne; e estes opõem-se um ao outro; para que não façais o
que quereis” (Gl.5:17). Na verdade, existem duas forças antagônicas que nos
arrastam para direções opostas. Na justificação fomos libertados da culpa do
pecado, na santificação estamos sendo libertados do poder do pecado, mas só na
glorificação seremos salvos da presença do pecado. Ainda lidamos contra o
pecado que tenazmente nos assedia.
1.
O que é a carne? “Carne” (gr. sarx) é
a natureza pecaminosa com seus desejos corruptos, a qual continua no cristão
após a sua conversão, sendo seu inimigo mortal (Rm.8:6-8,13; Gl.5:17,21). Ela
representa o que somos por nascimento natural. Ela é a sede dos apetites
carnais (Mt.26:41). Ela é tremendamente maligna. O apostolo Paulo, escrevendo à
Igreja em Roma, assim se expressa afirmando a malignidade da carne: “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha
carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o
efetuá-lo. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse faço”
(Rm.7:18,19). Aqui, “carne”, obviamente, não significa “corpo”; “carne”
descreve nossa situação antes de sermos salvos, refere-se a nossa velha
natureza. A verdade é que a velha natureza não é aniquilada na conversão. Ela
ainda habita em nós.
Embora a “carne” não tenha poder legal de
nos dominar, muitas vezes ela revela quão fracos somos. Ela tem desejos
ardentes que nos arrastam para longe de Deus, pois os impulsos da carne são
inimizade contra Deus. Os desejos da carne levam à morte. A única maneira de se
triunfar sobre os apetites da carne é andar no Espirito. Se alimentarmos a
“carne”, fazendo provisão para ela, fracassaremos irremediavelmente. Porém, se
andarmos no Espirito, jamais satisfaremos os apetites desenfreado da carne.
2.
O que é o Espirito? A palavra espírito no grego é pneuma. Este termo significa sopro,
vento, respiração e principio da vida. Esse vocábulo também descreve o espírito
que habita no homem o qual foi soprado por Deus (Gn.2:7). Também, o “Espírito”
representa o que nos tornamos pelo novo nascimento, o nascimento do Espírito. Logo,
percebemos que esta palavra tem diferentes significados.
Em Gálatas 5:16, “Espírito” refere-se à Terceira
Pessoa da Trindade. Ele está em constante conflito com a carne, e isto
continuará até o dia em que Deus nos levará para si. O que o crente deve fazer
é deixar ser guiado pelo Espírito. Nenhum cristão autêntico está dependente dos
próprios esforços. É o Espirito, e não ele, que resiste às moções do mal que
está dentro dele. Ser guiado pelo Espirito também significa ser elevado acima
da carne e ser preenchido pelo Senhor. Quando alguém é preenchido dessa
maneira, já não pensa na carne.
3.
Andar na carne x andar no Espírito. Aos irmãos da Galácia,
escreveu Paulo: "Digo, porém: Andai
em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne" (Gl.5:16). O
crente deve andar no Espírito, e não na carne. Andar no Espírito é deixar que
Ele assuma o controle. É ter comunhão com o Espirito. É tomar decisões à luz da
sua santidade. É estar ocupado com Cristo, pois o ministério do Espírito é
ocupar o crente com o Senhor Jesus. Quando andamos no Espírito, a carne, ou a
vida do meu eu, é considerada morta. Não podemos nos ocupar com Cristo e o
pecado ao mesmo tempo. Socfield
esclarece:
“O problema da vida
cristã se baseia no fato de que, enquanto o cristão vive neste mundo, ele é,
por assim dizer, duas árvores: a velha árvore da carne e a nova da natureza
divina implantada pelo novo nascimento; e o problema é este: como conseguir
manter a velha árvore infrutífera e ao mesmo tempo fazer que a nova produza
fruto. O impasse é resolvido quando andamos no Espírito”.
Gálatas 5:16 e os demais versículos deste
capítulo mostram que a “carne” está sempre presente com o cristão; o que refuta
a ideia de que a natureza pecaminosa pode ser extirpada. Longe de estar morta,
no sentido de inerte, nossa natureza caída está tão viva e ativa que somos
seriamente exortados a não obedecer aos seus desejos, e o Espírito Santo nos é
concedido para que possamos subjugá-los e controlá-los. A natureza adâmica não
é extirpada na conversão, mas recebemos poder para subjugá-la e dominá-la.
Embora pertençamos a Cristo e tenhamos
morrido para o pecado, ainda vivemos em um mundo pecaminoso e temos uma
natureza pecaminosa que é completamente corrupta. Desde a queda do ser humano,
há uma tensão: tentar fazer o bem e não ser capaz de fazê-lo. Foi o que Paulo
disse em Romanos 7:25: “Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o
faz, e sim o pecado que habita em mim”. Podemos parafrasear esse versículo da
seguinte maneira: “Se eu (a velha natureza) faço o que eu (a nova natureza) não
quero, já não sou eu (a pessoa) quem o faz, e, sim, o pecado que habita em
mim”. É bom deixar claro que Paulo não está se desculpando nem se esquivando de
sua responsabilidade como cristão salvo. Ele está apenas afirmando que a velha
natureza ainda continua habitando nele e, ao pecar, não o faz com o desejo do
novo homem. Sem a ajuda do Espírito Santo, a pessoa é dominada pelo poder do
pecado e continua a fazer o mal, embora realmente deseje fazer o bem.
Conta-se uma história sobre um velho chefe
indígena que se converteu a Cristo. Dois de seus irmãos ‘caras pálidas’ foram
visitá-lo e um deles perguntou como estava indo sua vida espiritual. O velho
chefe respondeu que era como se ele tivesse dois cachorros vivendo dentro dele
- um branco e um preto - e eles brigavam constantemente! Após conversarem um
pouco, um daqueles homens perguntou: Afinal, quem ganha a luta? A resposta do
chefe foi clássica: aquele que eu
alimento mais.
Embora seja uma ilustração simples, ela nos
dá um quadro vívido da batalha que ocorre todos os dias dentro de nós. Se
alimentarmos nossa nova natureza por meio do estudo da Palavra de Deus e da
oração, crescemos "na graça e no conhecimento do Senhor". No entanto,
se continuarmos a festejar "com as bolotas que os porcos comem", não
devemos esperar muito progresso na vida espiritual.
Essa é uma luta que todos nós passamos
quando aceitamos a Cristo, mas não devemos ficar parado esperando qual das duas
naturezas vencerá. Permitir que ações e atitudes pecaminosas e mundanas
continuem em nossas vidas, sem serem enfrentadas, é convidar problemas maiores.
Não há desculpas.
Deus podia eliminar a velha natureza dos
crentes no momento da sua conversão, mas não o faz. Por quê? Porque Ele quer
nos obrigar a se lembrar constantemente da nossa fraqueza; quer nos manter
sempre em estado de dependência de Cristo, nosso Sacerdote e Advogado, e
levar-nos a louvar incessantemente Aquele que nos salvou. Em vez de remover a
velha natureza, Deus nos deu seu Espírito para habitar em nós. O Espírito de
Deus e nossa carne estão constantemente em conflito, e isso continuará até o
dia em que Deus nos levar para Si. O que o crente tem de fazer é ceder ao
Espírito Santo. O Espírito Santo nos ajuda a viver em santidade e de maneira
que o nome do Senhor seja exaltado. Sem Ele não poderíamos agradar a
Deus. Quando o Espírito Santo tem o controle do nosso espírito, Ele faz com que
o nosso homem interior tenha forças e condições para opor-se às obras da carne.
II. OBRAS DA CARNE, UM CONVITE AO
PECADO
Depois de falar do conflito entre a “carne”
e o “ Espírito” na vida do
crente, o apóstolo Paulo passa a falar sobre as obras da carne na vida daqueles
que não herdarão o Reino de Deus. Diz o apóstolo: “Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: prostituição,
impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações,
iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices,
glutonarias e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já
antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o Reino de Deus”
(Gl.5:19-21). Esta lista, embora extensa, não é exaustiva, pois não esgota
todas as obras da carne, uma vez que Paulo conclui dizendo: “... e coisas semelhantes a estas”
(Gl.5:21).
1. Classificação. O
Rev. Hernandes Dias Lopes, em seu livro “Gálatas, a Carta da liberdade Cristã”,
classifica essas obras da carne em quatro grupos. Vejamos:
a)
Os pecados sexuais – “Porque
as obras da carne são manifestas, as quais são: prostituição, impureza,
lascívia” (Gl.5:19). John Stott diz que a nossa velha natureza é secreta e
invisível, mas as suas obras, as palavras e atos pelos quais ela se manifesta
são públicos e evidentes. Estes três primeiros pecados são suficientes para
mostrar que todas as ofensas sexuais, sejam elas públicas ou particulares,
“naturais” ou “anormais”, entre pessoas casadas ou solteiras, devem ser
classificadas como obras da carne.
- Prostituição.
Trata-se de um termo amplo que descreve toda sorte de relacionamentos sexuais
ilícitos e imorais. Indica pecado em área especifica da vida: a área das
relações sexuais, seja adultério, formicação, incesto ou homossexualismo.
-
Impureza. Indica profanação geral da personalidade, manchando
toda esfera da vida. A palavra grega akatharsia,
traduzida por “impureza”, é um termo mais geral, o qual, embora às vezes possa
denotar impureza ritual, refere-se aqui à impureza moral. Essa impureza inclui
a impureza dos atos, palavras, pensamentos e intensões do coração.
-
Lascívia. Indica amor ao pecado tão despreocupado e tão audacioso
que a pessoa deixa de se preocupar com o que Deus ou os homens pensam de suas
ações. A palavra grega aselgeia,
traduzida por “lascívia”, significa literalmente a libertinagem de modo geral,
mas sem dúvida é usada aqui para a lascívia nas relações sexuais. Aselgeia refere-se à devassidão, um
apetite libertino e desavergonhado. Trata-se daqueles atos indecentes que
chocam o público. Um homem entregue à lascívia não conhece freio algum, só
pensa no seu prazer e já não se importa com o que pensam as pessoas.
b)
Os pecados religiosos. “...
idolatria, feitiçarias...” (Gl.5:20a). Estes dois pecados falam de ofensa a
Deus, pois são uma perversão do culto a Deus.
- Idolatria. A
palavra grega “eidolatria”, traduzida
por “idolatria”, refere-se à adoração de deuses feitos pela mão do homem. É o
pecado no qual as coisas materiais chegam a ocupar o lugar de Deus. Idolatria é
colocar qualquer coisa antes de Deus e das pessoas. Devemos adorar a Deus, amar
as pessoas e usar as coisas.
-
Feitiçarias. A palavra grega “pharmakeia”, traduzida por feitiçarias, significa uso de remédios
ou drogas. O termo significa também o uso de drogas com propósitos mágicos. A
linha divisória entre a medicina e a magia não era muito nítida naqueles dias,
como continua ocorrendo em muitas culturas tribais hoje em dia.
c)
Os pecados sociais - “... inimizades, porfias, ciúmes, iras,
discórdias, dissensões, facções, invejas...” (Gl.5:20b,21a). Estes oito
pecados envolvem transgressões ligadas aos relacionamentos.
- Inimizades. Trata-se daquele sentimento
hostil nutrido por longo tempo, que se enraíza no coração. A ideia é a de um
homem que se caracteriza pela hostilidade para com seu semelhante. É o oposto
do amor.
- Porfias.
Traz a ideia de alguém que luta contra a pessoa com a finalidade de conseguir
alguma coisa, como posição, promoção, bens, honra, reconhecimento. É a
rivalidade por recompensa.
- Emulações.
A palavra grega “zelos”, traduzida
por emulações, significa querer e desejar possuir aquilo que o outro tem. Podem
ser tanto coisas materiais quando reconhecimento, honra ou posição social.
Implica entristecer-se não apenas porque não se tem algo, mas porque outra
pessoa o tem.
- Iras.
Trata-se de um temperamento violento e explosivo, presente em pessoas que estouram
por qualquer motivo e manifestam destempero emocional.
- Discórdias
ou pelejas. A palavra grega “eritheiai”,
traduzida por “discórdias”, significa conflitos, lutas, contendas. Trata-se de
um espirito partidário e tendencioso. Descreve a pessoa que busca um cargo ou
posição não para servir ao próximo, mas para auferir proveito próprio.
- Dissensões.
A palavra grega “dichostasiai”,
traduzida por “dissensões”, significa sedição, rebelião, e também posicionar-se
uns contra os outros. Trata-se daquele sentimento que só pensa no que é seu, e
não também no que é dos outros.
- Facções.
A palavra grega “aireseis”, traduzida
por facções, significa heresias, a rejeição das crenças fundamentais em Deus,
Cristo, as Escrituras e a Igreja. É muito provável que Paulo tenha usado o
termo com referência aos elementos divisores na Igreja que desembocaram em
grupos ou seitas. Tais grupos exclusivos (ou panelinhas) fragmentaram a igreja.
É mais que natural que esses grupos se considerassem certos e todos os outros
errados. Paulo condenou semelhante sectarismo, tachando-o de “obras da carne”.
- Invejas.
A palavra grega “fthonoi”, traduzida
por invejas, vai além dos ciúmes. É o espírito que deseja não somente as coisas
que pertencem aos outros, mas se entristece pelo fato de outras pessoas
possuírem essas coisas. Os invejosos não apenas desejam o que pertence aos
outros, mas anseiam que os outros sofram por perder essas coisas. Trata-se das
pessoas que se alegram com a tristeza dos outros. Não é tanto o desejo de ter
as coisas, mas o desejo de que os outros as percam. É entristecer-se por algum
bem alheio. A inveja é a maior enfermidade entre os homens.
d)
Os pecados pessoais – “...
bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas...” (Gl.5:21b). Estes
dois últimos pecados têm a ver com a intemperança ou o abuso e a falta de
domínio próprio na área de comida e bebida.
- Bebedices. A palavra grega “methai”, traduzida por bebedices,
refere-se à pessoa que se embriaga na busca de sensualidade ou prazer. No mundo
antigo tratava-se de um vício comum. Os gregos bebiam mais vinho do que leite.
Até as crianças bebiam vinho. A embriaguez, contudo, transforma homens em
feras.
- Glutonarias.
A palavra grega “komoi”,
traduzida por glutonarias, refere-se a uma busca desenfreada pelo prazer, seja
em relação à comida ou a qualquer prazer. A palavra pode ser traduzida também
por “orgias”. Segundo Hernandes Dias Lopes, Komos
era um grupo de amigos que acompanhavam o vencedor nos jogos depois de sua vitória.
Dançavam, riam e cantavam suas canções. Também descreve os grupos de devotos de
Baco, o deus do vinho. O termo significa rebeldia não refreada e desgovernada.
É diversão que se degenera em licenciosidade.
2.
Consequências do servir à Carne. Aqueles que praticam as
obras da carne não poderão herdar o reino de Deus. Paulo não deixa dúvida em
seu comentário final sobre as obras da carne (Gl.5:21) - "...a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos
preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais cousas praticam".
Por isso, essa natureza carnal pecaminosa precisa ser resistida e mortificada
numa guerra espiritual contínua, que o crente trava através do poder do Espírito
Santo. Há uma ligação inegável entre nossa conduta e nossa salvação eterna. A
pessoa que não permite ao Espírito mudar totalmente sua vida e remover tal
carnalidade não receberá o prêmio de um lar eterno com Deus. Devemos ser
transformados de dentro para fora (cf. Rm.12:1-2).
III. FRUTO DO ESPÍRITO, UM CHAMADO PARA
SANTIDADE
1.
O que é o Fruto do Espírito? Segundo o Dicionário
Bíblico Wycliffe, "o Fruto do Espírito são os hábitos e princípios
misericordiosos que o Espírito Santo produz em cada cristão". Esses
hábitos e princípios são o resultado de uma vida de comunhão com Deus. De
acordo com Romanos 6:22, depois de liberto do pecado, o crente precisa
desenvolver o Fruto do Espírito. O ensino de Jesus a respeito da videira
verdadeira mostra que não pode haver um indivíduo que seja salvo e não produza
o fruto do Espírito Santo.
É muito significativo que o apóstolo Paulo
diferencie obras da carne e Fruto do Espírito. Obras são realizadas pela força
humana. Fruto é produzido quando o ramo permanece na vide (cf. João 15:5). A
diferença é a mesma que existe entre uma fábrica e um jardim. Observe que a
palavra Fruto, em Gálatas 5:22, está no singular, e não no plural. O Espírito
Santo produz uma só qualidade de fruto, quer dizer, semelhança com Cristo. As
virtudes alistadas em Gálatas 5:22 descrevem a vida do Filho de Deus.
- Amor
é
o que Deus é e o que devemos ser. É descrito de maneira maravilhosa em
1Corintios 13 e demonstrado na sua plenitude na cruz do Calvário.
- Alegria no
Senhor é contentamento e satisfação com Deus e com sua maneira de lidar com o
homem. Cristo a manifestou em João 4:34 – “Jesus disse-lhes: A minha comida é
fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra”.
- Paz
pode incluir a Paz de Deus, assim como as relações harmônicas entre cristãos.
Para ver a Paz na vida do Redentor, deve-se olhar para Lucas 8:22-25 (Jesus
apazigua uma tempestade).
- Longanimidade
é
a paciência diante das aflições, irritações e perseguições. O exemplo supremo
disso se encontra em Lucas 23:34 – “E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não
sabem o que fazem. E, repartindo as suas vestes, lançaram sortes”.
- Benignidade é
carinho, talvez melhor ilustrado na atitude do Senhor para com as criancinhas –
“ Jesus,
porém, vendo isso, indignou-se e disse-lhes: Deixai vir os pequeninos a mim e
não os impeçais, porque dos tais é o Reino de Deus” (Mc.10:14).
- Bondade é
doçura mostrada aos outros. Para ver bondade em ação, basta ler Lucas 10:30-35
(A parábola do Bom Samaritano).
- Fidelidade
pode significar confiança em Deus e nos amigos; lealdade é ser digno de
confiança.
- Mansidão é
tomar um lugar humilde, como Jesus fez quando lavou os pês dos discípulos (João
13:1-17).
- Domínio
próprio significa literalmente controlar a si mesmo,
especialmente com respeito a sexo e dinheiro. Nossa vida deve ser disciplinada.
Luxúria, paixões, apetites e o mau gênio devem ser governados. Devemos praticar
moderação.
William
Macdonald, resumidamente, citando um jornal inglês, define Fruto do Espírito da
seguinte forma: “O Fruto do Espírito é
uma disposição afetuosa e amorosa; um espírito radiante e um gênio alegre; uma
mente tranquila e um comportamento calmo; uma paciência que persevera sob
circunstâncias provocantes e com pessoas que irritam; é ter compreensão
compassiva; é ser um ajudador com tato; é ter juízo generoso e amor de largo
coração, ser fiel e digno de confiança sob todas as circunstâncias; é humildade
que faz alguém se esquecer de si mesmo na alegria dos outros; é ser mestre de
si mesmo e ter autodomínio em todas as coisas, é o que representa a marca final
de perfeição”.
2.
Os frutos provam a nossa verdadeira santidade. A
Salvação é a condição primeira para que o Espírito Santo possa habitar no
“Coração” do homem. Sendo Deus, Ele é Santo; sendo Santo Ele não pode conviver
com o pecado. Resolvido o problema do pecado, através do Novo Nascimento, então
o homem se torna Santo, e, por conseguinte, o Espírito Santo pode habitar nele
– “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em
vós? (1Co.3:16). O Espírito Santo não pode habitar num templo que não tenha
sido purificado pelo sangue de Jesus.
A salvação é um processo que traz o homem à
comunhão com Deus, pois retira o pecado do homem, que era o que fazia separação
entre ele e Deus (Is.59:2). Este processo é uma verdadeira transformação, que
muda o homem completamente, atingindo o homem como um todo – corpo, alma e
espírito. “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2Co.5:17).
Assim sendo, a salvação, necessariamente, vem acompanhada de uma mudança de
atitudes, de uma mudança de hábitos, de uma mudança de práticas. O homem que
alcança a salvação passa a ter um novo conjunto de qualidades, um novo conjunto
de atitudes, “não anda mais segundo a carne, mas, segundo o Espírito” (Rm.8:1).
3.
A formação do Fruto do Espírito. A formação do Fruto do
Espírito cria as condições para que o homem se torne frutífero. O Fruto do
Espírito é formado pelo trabalhar do Espírito Santo na vida do homem. Isto
acontece na proporção em que o homem dá lugar ao Espírito Santo em sua vida.
Sempre lembrando que esse Fruto só pode ser formado na vida, ou no “coração” do
homem salvo, ou nascido de novo.
Na medida em que o Fruto do Espírito vai se
formando e se desenvolvendo na vida do homem de Deus, este, movido pelas
virtudes de Deus que vão sendo transmitidas e aderidas ao seu Caráter, vai se
tornando mais e mais apto a dar frutos, muitos frutos - “Nisto é glorificado
meu Pai: que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos”. “Toda árvore
que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos
os conhecereis”. É, pois, pelo que fazemos, e não pelo que falamos, que nos
tornamos discípulos de Jesus.
É válida ressaltar que a formação do Fruto
do Espírito não acontece num único ato, mas, é um processo formado por muitos
atos - “Até que todos cheguemos... a varão perfeito, à medida da estatura
completa de Cristo”(Ef.4:13). É, pois, um longo processo de formação, desenvolvimento
e maturação. A formação de qualquer fruto, da semente gerada ao fruto maduro,
será sempre um tempo prolongado. Assim, o Fruto do Espírito representa o que o
homem é, fala do seu tempo andando com Deus.
CONCLUSÃO
Como
vimos, no campo do nosso coração ainda se trava uma guerra sem pausa, o
conflito permanente entre a carne e o Espirito (cf.Gl.5:17). Para vencermos este
conflito, precisamos tão somente nos encher do Espírito Santo e crucificar a
nossa carne com suas paixões e concupiscências (Gl.5.24; Ef.5.18). É bom lembrar
que fomos salvos da condenação e do poder do pecado, mas não ainda da presença
do pecado.
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível
no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia
de Estudo Pentecostal.
Bíblia
de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário
Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário
do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Revista
Ensinador Cristão – nº 69. CPAD.
Rev.
Hernandes Dias Lopes. Gálatas, a carta da liberdade cristã.
Ev.
Caramuru Afonso Francisco. O Fruto do Espírito Santo e o caráter cristão.
PortalEBD_2005.