4°
Trimestre/2016
Texto
Base: 2Crônicas 20:1-12
INTRODUÇÃO
Nesta
Aula, estudaremos acerca da provisão de Deus em meio à calamidade. Teremos como
exemplo o grande livramento que Deus deu a Josafá, rei de Judá, quando ele teve
que enfrentar as nações inimigas, moabitas e amonitas, que se levantaram para
atacar Judá, e que diante da força delas, Josafá não teria como escapar, não
tinha nenhuma saída; a destruição de Judá seria inevitável. Então, ele decide
buscar o Senhor em oração e jejum, confessando a Ele que não tinha nenhuma
capacidade para sair daquela situação critica. O rei e seu povo se depararam
com o tipo de dilema que todos nós enfrentamos mais de uma vez na vida, e
nós não sabemos o que faremos. Olhamos para todos os lados e não encontramos
saída; a saída está acima de nós; a saída está em Deus, o nosso socorro bem
presente na hora da angústia. Este era o único recurso disponível para Josafá, que
se apropria dele para obter a solução do grande problema que se agigantava
diante do seu povo. Este recurso está à disposição de todo o verdadeiro servo
de Deus: os nossos olhos estão postos em ti (2Cr.20:12). Josafá teve fé, por
isso, recebeu a vitória contra os seus inimigos. Diante da vitória, em um gesto
de gratidão, Josafá louva e adora ao Senhor. Seu coração foi afligido pelo
temor, mas o tempo de cantar chegou. Assim como Deus deu o livramento a Judá,
em meio à calamidade, Ele dará o livramento a todos nós, quando o buscamos de
todo o coração. Está escrito: “Eis que a
mão do SENHOR não está encolhida, para que não possa salvar; nem o seu ouvido,
agravado, para não poder ouvir” (Is.29:1).
I.
A DIVISÃO DO REINO DE ISRAEL
Salomão
foi o terceiro rei de Israel. Ele era filho de Davi com Bate-Seba; teve um
início de governo excelente. Tratou de obedecer às ordens de Davi seu pai e
eliminou os inimigos do reino. Salomão subiu ao trono em condições muitíssimo
favoráveis; seu pai, Davi, havia derrotado todos os inimigos ao redor e Israel
passava por um tempo de sossego. Sob seu governo, Israel prosperou e conquistou
sua maior amplitude territorial (1Rs.4:20-28).
Deus
aparece em sonhos a Salomão no início do seu reinado e lhe pergunta o que
gostaria de receber (1Rs.3:5). Salomão responde pedindo a Deus sabedoria ao
invés de riquezas ou qualquer outro desejo material (1Rs.3:6-9); esta atitude agrada a Deus que lhe concede sabedoria e
muito mais (1Rs.3:10-15).
Salomão tornou-se o homem mais sábio de sua época (1Rs.4:29-34) e em nenhum outro período da monarquia a nação proveu
de contatos internacionais, riquezas e ausência de guerras, necessários para a
produtividade literária, como durante o período do seu governo. O próprio
Salomão, conforme relata a Bíblia, compôs provérbios e cânticos (1Rs.4:32).
Salomão
procurou com zelo construir o templo do Senhor, iniciando a obra no quarto ano
do seu reinado, concluindo sete anos depois (1Rs.5:1-5; 6:1,37,38; 2Cr.3:1,2). Salomão fez os utensílios do
templo e trouxe as ofertas de Davi seu pai para a casa do Senhor. Após
concluir a construção e trazer todos os objetos para o templo (1Rs.7:51; 2Cr.5:1), a arca foi colocada
em seu lugar, ou seja, no Santo dos Santos, no interior do templo; para isso,
Salomão convocou os anciãos de Israel, os cabeças das tribos e os príncipes das
famílias dos israelitas para transportarem a arca para o templo. Uma grande
multidão compareceu para a festa de consagração do templo e a nuvem da Glória
do Senhor encheu o santuário (1Rs.8:1-11;
2Cr.5:2-14).
Durante
a consagração do templo, Salomão fala ao povo e mostra reconhecer as promessas
feitas por Deus a Davi, bem como o cumprimento das mesmas (1Rs.8:12-21; 2Cr.6:1-11). Então ora ao
Senhor em agradecimento e adoração, abençoa ao povo, oferece sacrifícios a Deus
e conclui a solenidade despedindo toda a multidão.
Depois de acabar a construção da Casa
do Senhor e da casa do rei, Deus fala com Salomão pela
segunda vez e faz com ele aliança, advertindo-o acerca da necessidade de
obediência (1Rs.9:1-9; 2Cr.7:11-22). Todavia, mesmo sabendo que o Senhor lhe
fizera prosperar e o advertira sobre a necessidade de obediência, Salomão pecou
e apartou-se do Senhor. A princípio, seu pecado começou com uma série de casamentos
mistos. Além de se casar com a filha de Faraó, Salomão casou-se com várias
mulheres pagãs, as quais o Senhor havia advertido para que Israel não se
misturasse; chegou a ter 700 mulheres e 300 concubinas. Estas mulheres levaram
Salomão a pecar na sua velhice, adorando aos seus deuses (1Rs.11:1-8,33).
Por
causa da desobediência de Salomão, conforme o Senhor lhe advertira
anteriormente, no final do seu reinado houve uma certa quebra da tranquilidade
que perdurou por um bom tempo; Salomão enfrentou dois problemas, a saber: ao
sul houve uma revolta do príncipe edomita Hadade e; ao norte, Damasco foi
ocupada por Rezom que a transformou em um reino, tornando-se adversário de
Israel durante todo os dias de Salomão. Certamente, esses problemas trouxeram
dificuldades para o governo de Salomão. Entretanto, a mais dura consequência do
pecado de Salomão, viria durante o governo do seu filho, Roboão, quando Israel
seria dividido em duas partes (1Rs.11:9-13): Reino do Norte e Reino do Sul. O
Reino do Norte era formado por dez tribos e a capital era Samaria. O
Reino do Sul era formado por duas tribos, Judá e Benjamim, e a capital era
Jerusalém.
O
período do reino unido, correspondente a Saul, Davi e Salomão, teve a
duração de 120 anos aproximadamente, considerando-se que cada reino tenha
durado 40 anos: Saul - 1.051 (ou 1050) até 1.011(ou 1.010) a. C.; Davi -
1011(ou 1.010) até 971(ou 970) a. C.; Salomão - 971(ou 970) até 931(ou 930) a.
C.
A idolatria, a injustiça social e a degradação moral do povo
estão na base da divisão do reino de Israel (1Rs.11:33). Deus havia advertido a
Salomão por duas vezes sobre a adoração de deuses estrangeiros, mas o rei não
levou isso em consideração (1Rs.11:10). Por esse motivo o Senhor disse-lhe que
o reino lhe seria tirado, embora não durante a sua vida. Isso nos trás uma
grande lição: a obediência a Deus é a base fundamental do progresso, da
prosperidade do povo de Deus. Obedecer à Palavra de Deus é o que faz a
diferença no reino de Deus (Mt.5:16).
1.
O Reino do Norte. O Reino do Norte conseguiu sobreviver por
aproximadamente 200 anos. Foi governado por 20 diferentes reis, e experimentou
diferentes crises: políticas, sociais e religiosas. A apostasia personificou-se
no primeiro rei de Israel, Jeroboão, que se tornou para todas as gerações
subsequentes um modelo de iniquidade e mau comportamento.
Devido
à forte idolatria, a injustiça social e a degradação moral do povo de Israel (reino
do Norte), Deus suscitou nações poderosas para punir o povo. Em 2Rs.17:7-41, o
Espírito Santo cita as razões teológicas e morais por que Deus levou a efeito a
ruína do seu povo redimido segundo o concerto e o removeu de diante da sua face
(2Rs.17:18):
a) Os
israelitas esqueceram-se do amor e da graça de Deus, manifestos na sua redenção
do Egito, e pecaram contra o Senhor - “Porque
sucedeu que os filhos de Israel pecaram contra o Senhor seu Deus, que os fizera
subir da terra do Egito, de debaixo da mão de Faraó, rei do Egito e serviram a
outros deuses” (2Rs.17:7).
b)
serviam aos deuses dos povos pagãos em derredor, imaginando que obteriam
sucesso, bem-estar e orientação (2Rs.17:7,12,17).
c)
adotaram os costumes e modos de vida do mundo ímpio (2Rs.17:8-11,15-17).
d)
Rejeitaram os profetas de Deus com sua mensagem de retidão (2Rs.17:13-15; cf.
At.7:51).
e)
Rebelaram-se abertamente contra a revelação escrita de Deus e seu
concerto(2Rs.17:13-16).
f)
entregaram-se ao espiritismo e a todos os tipos de imoralidade (2Rs.17:16,17).
g) Israel andou nos
estatutos das nações ímpias - “E andaram
nos estatutos das nações que o SENHOR lançara fora de diante dos filhos de
Israel e nos costumes dos reis de Israel” (2Rs.17:8). Israel aceitou, com
facilidade, os modos e padrões de vida dos povos que não conheciam a Deus.
Por
causa de todos estes terríveis pecados, Deus decretou a queda final e o exílio
de Israel – “Assim diz o Senhor: ...
Israel certamente será levado cativo" (Amós 7:17). “No ano nono de
Oséias, o rei da Assíria tomou a Samaria, e transportou a Israel para a
Assíria, e fê-los habitar em Hala e em Habor, junto ao rio Gozã, e nas cidades
dos medos” (2Rs.17:6).
O
rei da Assíria chamava-se Salmaneser V (filho de Tiglate- Pileser III -
2Rs.15:29) (2Rs.7:3). Em 722 a.C, depois de 200 anos de idolatria, de rebeldia
espiritual e de corrupção moral, Deus decretou a queda final e o exílio de
Israel (as dez tribos do Reino do Norte). O avança implacável do mal entre o
povo de Deus chegara ao ponto culminante e irreversível. Oséias foi o último
rei do Reino do Norte. No seu governo, o reino foi varrido para sempre.
Os
resultados de abandonar a Deus são o castigo, a ruína, o sofrimento e a
rejeição final (cf. Ap.2:5;3:15,16). Embora a separação entre Israel e as
demais nações fosse uma das exigências fundamentais de Deus para o seu povo
(Lv.18:3,30; Dt.12:29-31; 18:9-14), Israel, ao contrário, foi adotando os
costumes pagãos daquelas nações em derredor. Conformar-se com o modo mundano de
viver é um dos grandes perigos que o povo de Deus enfrenta em cada geração e
cultura. Para nós, Igreja do Senhor, o Espírito Santo nos adverte: “E não vos conformeis com este mundo, mas
transformai-vos pela renovação do vosso entendimento...”(Rm.12:2).
2.
O Reino do Sul. O reino do Sul foi regido por 19 reis que
pertenciam à linhagem de Davi. Seu primeiro rei foi Roboão, filho de Salomão.
Este reino, também, enfrentou muitas crises: políticas, sociais e religiosas, e
teve que lutar com muitos inimigos, inclusive os seus irmãos do Reino do Norte.
Por causa da iniquidade deste reino, Deus também puniu os judeus do reino do
Sul. Às vezes não aprendemos com os exemplos de pecado e tolice que ocorrem à
nossa volta - “Até Judá não guardou os
mandamentos do SENHOR, seu Deus; antes, andaram nos estatutos que Israel fizera”
(2Rs.17:19).
Apesar
de ver seus irmãos serem levados para o exílio, o povo de Judá cai em pecado. O
rei Ezequias e o rei Josias começaram muitas reformas, mas isto não foi o
bastante para converter permanentemente a nação a Deus. A iniquidade saturara o
Reino do Sul, e a ira de Deus inflamou-se contra os judeus. A Babilônia conquistou
a Assíria e tornou-se a nova potência mundial. O exército caldeu marchou contra
Jerusalém, queimou o Templo, derrubou os grandes muros da cidade e levou o povo
cativo para a Babilônia. O pecado sempre traz disciplina e as suas
consequências são às vezes irreversíveis. Pense nisso!
II.
O REI JOSAFÁ
1.
Quem era Josafá (1Rs.22:41-43). O seu nome significa “Yahweh julgou”. Ele foi o quarto rei de
Judá, o sexto da linhagem de Davi. Reinou no período de 870 a 848 a.C. Com 35
de idade ele se tornou co-regente com seu pai, o rei Asa, até a morte deste em
870. Governou por 25 anos (1Rs.22:42) e foi contemporâneo de vários reis de
Israel: Onri, Acabe, Acazias e Jeorão. Os profetas Elias e Eliseu atuaram nesse
tempo, com mais intensidade no reino do Norte.
Josafá
foi um rei piedoso, e reviveu antigas práticas religiosas do judaísmo. Desde o
início foi zeloso na fé. De maneira geral eliminou a idolatria, mas com êxito
apenas parcial. Preocupou-se em ensinar a Lei do Senhor ao povo, indo até às
suas casas. Os seus atos foram protegidos pelo Senhor - “E o SENHOR foi com Josafá, porque andou nos
primeiros caminhos de Davi, seu pai, e não buscou baalins. Antes, buscou ao
Deus de seu pai e andou nos seus mandamentos e não segundo as obras de Israel.
E o SENHOR confirmou o reino nas suas mãos, e todo o Judá deu presentes a
Josafá; e teve riquezas e glória em abundância” (2Cr.17:3-5).
Ao
assumir o poder, Josafá fortificou seu reino contra o reino do Norte, Israel.
Apesar de ter fortificado o reino, o segredo do sucesso de seu governo foi
seguir ao Senhor como Davi fizera. As Escrituras Sagradas afirmam que Deus era
com ele, pois "andou nos primeiros caminhos de Davi, seu pai"
(2Cr.17:3). É interessante observar como Davi constitui o padrão pelo qual os
reis são medido. Se andavam segundo seu exemplo, prosperavam e eram abençoados;
do contrário, fracassavam. A terra teve paz sob Josafá, e seus inimigos pagavam
tributos (2Cr.17:10-12). Seu governo foi próspero (2Cr.17:5). Ele morreu com
sessenta anos de idade, e foi sepultado na cidade de Davi (1Rs.22:50).
2.
O cuidado de Josafá em instruir o povo (2Cr.17:7-9).
Uma das principais providências do rei Josafá, logo após assumir o trono de
Judá, foi dar prioridade ao ensino da Palavra de Deus ao povo. No
terceiro ano de seu reinado, enviou uma comissão especial de príncipes, levitas
e sacerdotes a percorrer Judá para ensinar ao povo os caminhos do Senhor,
conforme a instrução de Deuteronômio 6:6-12. Diz o texto sagrado: “No terceiro ano do seu reinado, enviou ele
os seus príncipes Ben-Hail, Obadias, Zacarias, Natanael e Micaías, para
ensinarem nas cidades de Judá; e, com eles, os levitas Semaías, Netanias,
Zebadias, Asael, Semiramote, Jônatas, Adonias, Tobias e Tobe-Adonias; e, com
estes levitas, os sacerdotes Elisama e Jeorão. Ensinaram em Judá, tendo consigo
o Livro da Lei do SENHOR; percorriam
todas as cidades de Judá e ensinavam ao povo”.
Josafá
dava grande importância à palavra de Deus. Era zeloso em observar seus
preceitos e se deleitava em obedecê-los. Fez da Palavra de Deus a norma para
seu reino. De cidade em cidade, esses homens reuniam o povo nas praças, uma vez
que não havia sinagogas nem templos fora de Jerusalém, e ali ensinavam as
pessoas. O ensino da Palavra de Deus a todo o povo explica o grande nível
espiritual de Judá nos dias de Josafá, bem assim os grandes milagres ocorridos
durante este reinado (cf.2Cr.20:1-29). Só há sinais e maravilhas quando, antes,
o povo dá prioridade à Palavra do Senhor.
Uma
das características mais virtuosas de um autêntico líder é o desvelo pelo
ensino sistemático das Escrituras Sagradas. O verdadeiro pastor do rebanho do
Senhor, como despenseiro de Deus, procura cumprir com responsabilidade a tarefa
indelegável de alimentar as ovelhas do aprisco do Senhor. A Palavra de Deus é o
puro, insubstituível e nutritivo alimento.
3.
O ensino da Palavra de Deus promoveu um grande avivamento e temor no coração de
todos (2Cr.17:10).. Diz o texto sagrado: “E veio o temor do SENHOR sobre todos os
reinos das terras que estavam em roda de Judá e não guerrearam contra Josafá”.
O temor a Deus é o princípio da sabedoria. Um povo que teme a Deus se tornará
próspero.
Segundo
Roberto L.Sawyer, "este foi um
estudo sistemático da mensagem, da parte do Antigo Testamento que é chamada de
Pentateuco, composta pelos cinco livros de Moisés. Cada Levita tinha sua
própria cópia, e indica que elas podem ter sido raras. Este foi o início da
educação religiosa fora de casa e do Templo. É o único registro deste tipo de
missão (cf. 2Rs.23:2 e Neemias 8:3-18, onde a Lei também foi ensinada, embora
sob circunstâncias diferentes)". Concordo com Roberto L.Sawyer,
quando diz que “nenhum avivamento é possível sem que se honre a Palavra de
Deus”.
Desde
o Antigo Testamento, sempre vemos que os momentos de avivamento do povo de Deus
são caracterizados por uma busca da Palavra de Deus, por uma renovação no
interesse e na observância das Escrituras. Todo e qualquer movimento que
menosprezar a Palavra de Deus, que não der espaço ao estudo e ao ensino da
Palavra, não é um verdadeiro avivamento espiritual, mas um movimento místico,
que se misturará facilmente com manifestações sobrenaturais de procedência
duvidosa. Não há como se concordar com um “avivamento” que deixa de lado as
Escrituras Sagradas e se apegam a invencionices humanas.
Uma
igreja avivada, ao contrário do que muita gente pensa e faz na atualidade, não
é uma igreja que não estude a Palavra de Deus, nem uma igreja que, por achar
que “a letra mata”, não frequenta ou nem tem cultos de ensino e de doutrina,
procurando apenas “reuniões de poder”. O verdadeiro avivamento faz com que o
crente seja guiado pelo Espírito Santo e esta direção exige, em primeiro lugar,
a perseverança na doutrina dos apóstolos. Crente avivado é crente que conhece a
doutrina dos apóstolos e permanece nela, e que, por isso, não se deixa levar
por qualquer “vento de doutrina”.
III.
O EXTRAORDINÁRIO LIVRAMENTO DE DEUS
1.
A perigosa aliança feita com Acabe (2Cr.18:1-3) –
“Tinha, pois, Josafá riquezas e glória em
abundância e aparentou-se com Acabe”
(2Cr.18:1). O reino de Judá e o reino de Israel haviam mantido uma relação
mutuamente hostil, até o casamento do filho de Josafá com a filha de Acabe,
Atália (cf. 2Cr.21:5,6; 2Rs.8:18). Este casamento proporcionou uma aliança
entre os dois reis. Certamente o objetivo era bom – tentar unir os reinos; fizeram
o correto, porém da maneira errada. Os fins não justificam os meios. Os nossos
métodos ou planos devem estar dentro da vontade de Deus. Este enlace abriu a
porta à adoração a Baal no reino de Judá, causando-lhe uma derrota moral,
física e espiritual por muito tempo. Alianças feitas sem a orientação e a
permissão de Deus sempre trazem prejuízos.
Além
desse enlace matrimonial, Acabe pediu a Josafá que o ajudasse a atacar os
sírios que ainda controlava parte do território de Israel (cf. 1Rs.22:3,4);
isso ocorreu em 853 a.C (cf. 2Cr.18:2-34). Sem hesitar, e sem consultar o
Senhor, Josafá concordou em ajudar o rei do Norte. Antes, o profeta Micaías foi
consultado se a batalha seria ganha. Ele disse que a batalha seria perdida e
que os quatrocentos profetas do rei Acabe foram induzidos ao erro, e que Acabe
seria morto. O profeta foi severamente punido pelo rei por causa de sua
profecia, que vinha do Senhor. Também, Josafá não deu
ouvidos ao profeta Micaías. Nessa batalha, Acabe foi mortalmente ferido,
mas Josafá, pela misericórdia de Deus, sobreviveu (cf. 1Rs.22:1-38). Contudo,
Deus usou o profeta Jeú para repreender Josafá. O profeta mostrou ao rei o
quanto a aliança que ele havia feito com Acabe aborrecera ao Senhor (2Cr.19:2).
O rei aceitou a repreensão e se arrependeu da sua aliança com Acabe
(2Cr.19:1-9).
Ao
se relacionar com o idólatra Acabe, Josafá dera mau exemplo a seus súditos. O
rei percorreu todo o reino, portanto, para fazer o povo tornar ao Senhor.
Também instituiu um sistema judiciário segundo a lei mosaica (Dt.16:18-20).
Essa medida, junto com o envio de mestres a todas as partes do reino
(2Cr.17:7-9), revelou o respeito tremendo que Josafá tinha pelas Escrituras
Sagradas. Seus atos indicaram, ainda, preocupação por seus súditos e o desejo
de agir com retidão como regente escolhido por Jeová.
2.
Josafá enfrenta a ameaça dos inimigos (2Cr.20:1-12). Um
grande exército, de Moabe, de Edom e de Amom, atravessou o mar Morto para lutar
contra Josafá; eles se coligaram para atacar o reino de Judá e destronar o rei.
Cercaram Jerusalém. Josafá teve medo, com razão.
Observe
que nos dois capítulos anteriores há o relato de um grande avivamento que
ocorreu no governo de Josafá (cf. 2Cr.17:7-9 e 19:4-11); toda a nação tornou-se
para o Senhor com temor e tremor, porque a Palavra de Deus foi exaustivamente
ensinada – “Eles percorreram todas as
cidades do reino de Judá, levando consigo o Livro da Lei do Senhor e ensinando
o povo" (2Cr.17:9). Todavia, em vez de bênçãos, vem um inimigo feroz e
destruidor. Por que aconteceu isso, quando a nação já se havia optado por
servir ao Senhor? Deus sabe melhor que nós as razões, entretanto, sabemos que,
sem provações, nossas decisões duram pouco; sem fortalecimento, nossas
determinações são fracas, e não persistem, não resistem ao tempo. Por isso,
quando tomamos uma decisão certa de seguir a Jesus, então vêm as provas que são
destinadas a reforçar a decisão, e, pela luta, manter a convicção ao lado do
Senhor cada vez mais forte. O que vale aqui é ganhar a vida eterna, não uma
vida um pouco melhor na Terra.
Sem
dúvida, foi uma experiência aterrorizante para Josafá, mas Deus deu o
livramento ao seu servo, porque ele resolveu confiar no seu Deus. Ele tinha
consciência plena que Deus não desampara aqueles que estão em plena comunhão
com Ele. Ora, Josafá vinha de uma experiência de altos e baixos em termos de
fidelidade a Deus. Ele se mostrava um bom rei, hoje diríamos um bom pastor
cristão. Mas cometia erros por atitudes negligentes, como a sua aliança com o
rei Acabe. Ele era alguém que precisava de uma forte provação para ser
refinado. A essa altura, ele e toda a nação precisavam de uma provação para
reforçar a fidelidade a Deus. Por vezes, provações nos aproximam
definitivamente de Deus, e essa era a situação de Josafá e de seu povo naquele
tempo. Concordo com o Pr. Elienai Cabral quando diz que muitos só se lembram de
buscar a Deus quando estão cercados pelas dificuldades. Não deixe para buscar a
Deus somente nos tempos de crise; busque-o continuamente.
3.
A ação de Josafá. O exército inimigo era muito superior ao de
Josafá. A destruição de Jerusalém era iminente. Só tinha uma saída para Josafá
naquele momento tenebroso: para cima, para o Deus de Israel. E foi isto que
Josafá fez. Naquele momento, certamente, ele se lembrou das palavras do
salmista: "O meu socorro vem do
Senhor que fez o Céu e a terra" (Sl.121:2). Josafá invocou o nome do
Senhor, e apregoou um jejum em toda a nação (cf.2Cr.20:3). Seguindo uma
liderança temente e obediente ao Senhor, a nação inteira - os homens, as
mulheres e as crianças - ouviu o apelo do rei e buscou a Deus de coração. O rei
invocou o Deus de seus pais, e relembrou libertações ocorridas no passado (veja
2Cr.6:28-31). Sob a sombra do Templo, Josafá lembrou ao Senhor que o povo de Judá
era seu povo da aliança; que a Casa do Senhor, onde ele estava orando, era o
santuário de Deus e o lugar onde Ele prometera ouvir as orações e responder a
elas; que aqueles aos quais Israel havia demonstrado bondade estavam prestes a
destruí-lo e a tomar sua terra. Em momentos de crise, a oração é uma fonte de
força capaz de nos fazer recordar experiências prévias em que fomos ajudados
por Deus. Nenhum crente deve duvidar do poder da oração.
Josafá
encerrou sua súplica fervorosa, e todo o povo de Judá ficou em pé diante do
Senhor, à espera da resposta (cf.2Cr.20:7-13). Então
o Senhor, por intermédio do profeta Jaaziel, respondeu dizendo que a peleja não
era deles, mas de Deus (2Rs.20:15). O povo só precisaria sair no dia
seguinte e ver o que o Senhor faria (cf.2Cr.20:14-17).
Pela
fé, o povo se alegrou, antecipadamente, com a vitória. Na manhã seguinte, se
levantaram bem cedo e saíram para ver o que o Senhor fizera. Marcharam ao campo
de batalha precedidos de cantores, como quem vai a um festival (cf.2Cr.20:18-21).
Ao ouvir seu povo entoar o cântico de fé, Deus confundiu os inimigos de tal
modo que lutaram uns contra os outros. Quando Judá chegou, restou-lhe apenas
juntar os despojos, uma tarefa que os ocupou por três dias. Transbordantes de
alegria, louvaram o Senhor e voltaram a Jerusalém cantando. Os reinos vizinhos
souberam do ocorrido, e temeram; Judá desfrutou paz (cf. 2Cr.20:22-30).
CONCLUSÃO
Aprendemos
com a história de Josafá que não há crise que não possa ser vencida quando
oramos, jejuamos e confiamos no Senhor. Também aprendemos que o inimigo não
pode resistir ao povo de Deus quando há oração, jejum e verdadeira adoração. Jesus
declarou que determinadas castas de demônios só podem ser expelidas pela
"oração e pelo jejum" (Mt.17:21). Se você está enfrentando, como o
rei Josafá, uma terrível crise, não desanime. Não se renda diante das ameaças
do inimigo. Ore, jejue, adore e veja o livramento do Senhor.
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Luciano
de Paula Lourenço
Disponível
no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Antigo
Testamento) - William Macdonald.
Comentário do Novo Testamento –
Aplicação Pessoal. CPAD.
Revista Ensinador Cristão – nº 68.
CPAD.
Elienai Cabral. O Deus da Provisão –
Esperança e sabedoria divina para a Igreja em meio às crises. CPAD.
Comentário Bíblico Beacon.