SUBSÍDIO PARA A LIÇÃO 09
Texto
Basse: Ester 3:7-11; 4:1-4
“E
odiados de todos sereis por causa do meu nome; mas aquele que perseverar
até ao fim será salvo” (Mateus 10:22).
Ester 3:
7.No
primeiro mês (que é o mês de nisã), no ano duodécimo do rei Assuero, se lançou
Pur, isto é, a sorte, perante Hamã, de dia em dia e de mês em mês, até ao
duodécimo mês, que é o mês de adar.
8.E
Hamã disse ao rei Assuero: Existe espalhado e dividido entre os povos em todas
as províncias do teu reino um povo cujas leis são diferentes das
leis de todos os povos e que não cumpre as leis do rei; pelo que não
convém ao rei deixá-lo ficar
9.Se
bem parecer ao rei, escreva-se que os matem; e eu porei nas mãos dos que
fizerem a obra dez mil talentos de prata, para que entrem nos tesouros do rei.
10.Então,
tirou o rei o anel da sua mão e o deu a Hamã, filho de Hamedata, agagita,
adversário dos judeus.
11.E
disse o rei a Hamã: Essa prata te é dada, como também esse povo, para fazeres
dele o que bem parecer aos teus olhos.
Ester 4:
1. Quando
Mardoqueu soube tudo quanto se havia passado, rasgou Mardoqueu as suas vestes,
e vestiu-se de um pano de saco com cinza, e saiu pelo meio da cidade,
e clamou com grande e amargo clamor;
2.e
chegou até diante da porta do rei; porque ninguém vestido de pano de saco podia
entrar pelas portas do rei.
3.E
em todas as províncias aonde a palavra do rei e a sua lei chegavam havia entre
os judeus grande luto, com jejum, e choro, e lamentação; e muitos
estavam deitados em pano de saco e em cinza.
4.Então,
vieram as moças de Ester e os seus eunucos e fizeram-lhe saber, com o que a
rainha muito se doeu; e mandou vestes para vestir a Mardoqueu e tirar-lhe o seu
cilício; porém ele não as aceitou.
INTRODUÇÃO
Nesta
lição, estudaremos o tema: "A Conspiração de Hamã contra os Judeus".
Este é um episódio crucial do Livro de Ester que nos revela a profundidade da
maldade humana e a importância da fé e coragem diante da adversidade. Hamã, um
alto oficial do rei Assuero, ao se sentir desrespeitado por Mardoqueu, decidiu
exterminar não só ele, mas todo o povo judeu. Esse plano genocida, baseado em
orgulho ferido e ódio étnico, colocou em risco a sobrevivência de todo um povo.
O
cenário que se desenrola destaca a importância da providência divina e a
capacidade de um indivíduo, através da sabedoria e coragem, influenciar o curso
da história. Ester, escolhida como rainha, se torna a peça central na
resistência contra essa conspiração, demonstrando que Deus pode usar pessoas
comuns para cumprir Seus propósitos extraordinários.
À
medida que exploramos este tema, refletiremos sobre as motivações de Hamã, as
reações de Mardoqueu e Ester, e a intervenção divina que transforma uma
situação desesperadora em um testemunho de fé e salvação. Este estudo nos
desafia a confiar em Deus, mesmo quando as circunstâncias parecem
intransponíveis, e a agir com coragem e sabedoria frente às injustiças.
I. O PLANO ODIOSO DE HAMÃ
1. Intrigas e patologias do poder
A conduta de Mardoqueu
ao se recusar a se prostrar diante de Hamã não apenas desafiou uma ordem real,
mas também revelou a vulnerabilidade do orgulho e do ego de Hamã. O desconforto
dos demais servos do rei, que questionavam repetidamente Mardoqueu, sugere que
suas motivações não eram inteiramente puras. Todos os dias eles questionavam
Mardoqueu: “porque traspassas o mandado do rei” (Ester 3:3). Em vez de uma
preocupação genuína com a ordem do rei, parecia haver um desejo de incitar a
fúria de Hamã e ver até onde Mardoqueu manteria sua postura.
Hamã, ao saber da
desobediência de Mardoqueu, reagiu com uma fúria desproporcional. Ele não
apenas queria punir Mardoqueu, mas planejou exterminar todo o povo judeu. Essa
reação revela uma personalidade profundamente perturbada, capaz de genocídio
por um insulto pessoal. Tal comportamento exemplifica o perigo do abuso de
poder. Em posições de autoridade, é fundamental agir com equilíbrio e justiça,
lembrando sempre que todos estamos sob a autoridade de Deus (Efésios 6:9;
1Pedro 5:2,3).
A atitude de Hamã
também expõe a fragilidade da estrutura de poder onde um indivíduo pode usar
sua posição para propósitos malignos. O abuso de poder, como mostrado na reação
de Hamã, não apenas corrompe o indivíduo, mas também ameaça a estabilidade e a
justiça da comunidade. As Escrituras nos alertam sobre o perigo do orgulho e a
necessidade de humildade e justiça na liderança (Provérbios 16:18). Hamã,
consumido pelo ódio e pela vingança, demonstra como o poder pode ser mal
utilizado quando não é temperado pela sabedoria e pelo respeito aos outros.
O plano de Hamã contra
os judeus é um lembrete solene da responsabilidade que acompanha a liderança.
Líderes, em qualquer contexto, devem ser exemplos de justiça e equidade,
evitando que suas emoções pessoais influenciem decisões que podem afetar muitas
vidas. Além disso, essa história sublinha a importância de resistir às intrigas
e fofocas que podem corroer a confiança e a unidade dentro de qualquer grupo
social.
A conduta de Mardoqueu
e a reação de Hamã nos desafiam a considerar cuidadosamente como lidamos com o
poder e a influência que possuímos.
2. A extensão do plano
de Hamã
Hamã
não apenas planejou a morte de Mardoqueu, mas a aniquilação de todos os judeus
espalhados pelo vasto Império Persa. Este império era uma das maiores entidades
políticas do mundo antigo, abrangendo uma vasta região que ia desde o rio Indo,
na Índia (atual Paquistão), até o Mediterrâneo Oriental. Incluía também partes
do norte da África até a Etiópia e se estendia além do mar Egeu até a Trácia,
na Europa, englobando partes da atual Turquia, Grécia e Bulgária. Em linha
reta, o império se estendia por mais de 4000 km.
Esse
enorme território albergava inúmeras comunidades judaicas. Os judeus estavam
dispersos por todas as 127 províncias do reino, resultado de séculos de exílio
e migração forçada, bem como de assentamentos voluntários. A intenção de Hamã
de exterminar todos os judeus significava uma ameaça existencial a um povo
espalhado por uma vasta área geográfica, incluindo aqueles que haviam retornado
para Jerusalém após o exílio babilônico.
A
amplitude do plano genocida de Hamã demonstra a profundidade de seu ódio e a
extensão de seu poder dentro do império. Ele conseguiu obter do rei Assuero um
decreto que autorizava a destruição de todos os judeus, sem exceção, em um
único dia. Isso não só envolvia uma enorme logística, mas também a cooperação e
a cumplicidade de funcionários e súditos em todo o reino.
Esse
decreto foi enviado a todas as províncias, garantindo que a ordem de Hamã fosse
conhecida e executada em toda a extensão do império. A abrangência do plano de
Hamã revela um componente importante do livro de Ester: a vulnerabilidade dos
judeus dispersos e a necessidade de intervenção divina para a sua proteção.
Esse
plano genocida não foi um simples ato de vingança pessoal, mas um movimento
para erradicar um povo inteiro do mapa político e social do império persa. O
plano incluía até mesmo os judeus que haviam retornado a Jerusalém, ameaçando
assim a própria sobrevivência e continuidade do povo judeu.
A
história destaca a magnitude da ameaça enfrentada pelos judeus e a
extraordinária providência que levou à sua eventual salvação. A extensão do
plano de Hamã sublinha a gravidade da situação e prepara o cenário para a
intervenção decisiva de Ester e Mardoqueu, bem como para a celebração do
livramento que se seguiria, perpetuado através da festa de Purim.
3. Astúcia e oportunismo
Hamã
utilizou-se de grande astúcia e oportunismo para convencer o rei Assuero a
sancionar seu plano genocida. Ele disfarçou sua verdadeira motivação, que era
pessoal e baseada em seu ódio por Mardoqueu e os judeus. Hamã apresentou a
questão de maneira a parecer uma ameaça ao reino, dizendo que havia um povo
disperso por todas as províncias que possuía leis próprias e não cumpria as
leis do rei (Ester 3:8). Ele argumentou que era no melhor interesse do reino
exterminar esse povo.
Para
tornar sua proposta mais atraente, Hamã ofereceu um incentivo financeiro
massivo: 10 mil talentos de prata, o equivalente a cerca de 350 toneladas,
representando dois terços da renda anual do Império Persa (Ester 3:9). Esse
suborno substancial era suficiente para influenciar o rei, especialmente quando
considerado em termos de recursos financeiros do reino.
Assuero,
aparentemente sem questionar ou investigar a fundo, concordou com a proposta de
Hamã. Ele simplesmente tirou seu anel de sinete e o entregou a Hamã,
conferindo-lhe a autoridade para redigir o decreto real (Ester 3:10-12). Essa
atitude revela a vulnerabilidade de Assuero à manipulação e sua falta de prudência.
Hamã soube como apelar ao ego do rei, oferecendo uma solução aparentemente
pragmática para um problema que ele exagerou ou inventou.
O
episódio demonstra como o poder pode ser usado de maneira capciosa e como
líderes podem ser facilmente influenciados se não forem vigilantes e
criteriosos. Hamã conseguiu seu objetivo ao mascarar sua vingança pessoal com
uma falsa preocupação pelo bem-estar do reino. A falta de questionamento por
parte de Assuero resultou em um decreto que autorizava um genocídio, mostrando
que decisões precipitadas e mal informadas podem ter consequências desastrosas.
Liderar,
portanto, requer mais do que autoridade e poder; demanda também sabedoria,
discernimento e a habilidade de identificar motivações ocultas. Os líderes
devem estar atentos às desavenças pessoais disfarçadas de motivações nobres e
devem evitar tomar decisões baseadas em informações parciais ou enviesadas. A
história de Hamã e Assuero ilustra a importância de uma liderança justa e bem
informada, capaz de resistir à manipulação e de agir no melhor interesse de
todos os súditos.
II. A TRISTEZA DE
MARDOQUEU, DOS JUDEUS E DE ESTER
1. O pavor da
violência
O
decreto de Hamã, aprovado pelo rei Assuero, especificava um dia em que todos os
judeus deveriam ser exterminados, independentemente de idade ou gênero. A ordem
era clara: "que destruíssem, matassem e aniquilassem todos os judeus,
desde o moço até ao velho, crianças e mulheres, em um mesmo dia”, além de
permitir que todos os seus bens fossem saqueados (Ester 3:13). Hamã conseguiu
destilar todo o seu ódio na redação desse decreto, planejando uma violência
generalizada contra um povo pacífico.
Não
há relatos de qualquer levante ou rebelião dos judeus contra o Império Persa
que justificassem tal violência. O decreto de Hamã, portanto, não foi uma
resposta a uma ameaça real, mas sim um ato de pura maldade e vingança pessoal.
Esse ato de violência planejada visava não apenas eliminar os judeus, mas
também espalhar o terror entre eles e entre qualquer outro grupo que pudesse se
sentir vulnerável a um decreto real injusto e brutal.
Desde
os tempos de Caim, a violência tem sido uma constante na história da
humanidade. A Bíblia registra que a Terra se encheu de violência nos dias de
Noé, resultando na decisão divina de trazer o Dilúvio como juízo (Gn.6:11-13).
Nos tempos modernos, a violência continua a ser um flagelo, com uma crescente
frequência de atos brutais e injustos, refletindo a descrição de Paulo sobre os
últimos dias como tempos de dificuldades, com as pessoas sendo "amantes de
si mesmas, avarentas, presunçosas, soberbas, blasfemas, desobedientes a pais e
mães, ingratas, profanas" (2Tm.3:1-4).
A
história do plano de Hamã contra os judeus destaca a necessidade urgente de
justiça, compaixão e resistência contra a violência e a injustiça em todas as
suas formas. Ela serve como um lembrete sombrio dos perigos do ódio desenfreado
e da violência institucionalizada, enquanto também inspira a busca por soluções
pacíficas e justas em face da opressão e da maldade.
2. Bebida, confusão e
tristeza
O
Império Persa era conhecido por seu eficiente sistema de correios, essencial
para a comunicação rápida em um território vasto que se estendia de Susã até
Sardes, na província da Lídia (hoje, território turco). Quando as cartas
decretando a aniquilação dos judeus foram enviadas a cada província, Assuero e
Hamã, alheios ao sofrimento iminente, puseram-se a beber. Em contraste, os
moradores de Susã ficaram confusos e atordoados, incapazes de compreender a
lógica por trás de uma ordem tão repentina e cruel.
Mardoqueu,
ao receber a notícia, entrou em profunda tristeza. Rasgando suas vestes em
sinal de luto e desespero, vestiu-se de pano de saco e cobriu-se de cinzas,
caminhando pela cidade e clamando em alta voz, expressando sua amargura e dor
(Ester 4:1). A notícia causou um impacto similar em Ester, que ficou muito
aflita ao saber do sofrimento iminente de seu povo. À medida que as cartas
chegavam às diferentes províncias, a reação era universal: um clima de luto
tomou conta dos judeus, com jejum, choro e lamentação (Ester 4:3,4).
A
aparente indiferença de Assuero e Hamã, celebrando enquanto uma tragédia se
desenrolava, destaca a impetuosa maldade humana e a insensibilidade do poder
corrupto. Em contraste, a resposta de Mardoqueu e dos judeus ilustra a dor
coletiva e o desespero diante de uma ameaça existencial. O luto público de
Mardoqueu também sinaliza um ato de resistência, trazendo visibilidade ao
sofrimento e buscando a intervenção divina.
Nesse
momento de crise, a história bíblica nos lembra que só Deus pode frear a
maldade humana e trazer justiça. O Salmo 22:28 afirma que "o reino é do
Senhor, e ele governa entre as nações", e Romanos 1:18-20 adverte sobre a
ira de Deus contra a impiedade e a injustiça dos homens. Apocalipse 19:11-16 pinta
uma imagem do retorno de Cristo como o justo juiz que destruirá o mal e
restaurará a justiça. Essa narrativa reitera a soberania divina e a esperança
na intervenção de Deus diante da maldade humana.
3. Crise e clamor
O
decreto de Assuero trouxe uma profunda crise entre os judeus do Império Persa,
perturbando sua tranquilidade e levando-os a buscar socorro divino (Ester 4:3).
Essa situação contrastava com a bravura dos 50 mil judeus que, liderados por
Zorobabel, voltaram a Jerusalém para reconstruí-la (Esdras 2:1,2, 64-70). Esses
judeus demonstraram fé ao empreender a difícil tarefa de reconstrução em meio a
adversidades. Por outro lado, muitos judeus que permaneceram no Império Persa
viviam uma aparente tranquilidade. Até mesmo muitos dos que foram a Jerusalém
se dedicaram a construir casas luxuosas para si, dando pouco valor a
reconstrução do Templo, como denunciam os profetas pós-exílios Ageu e Zacarias
(Ageu 1:9; Zc.8:9-13). Agora, diante da ameaça de extermínio, todos os judeus,
independentemente de sua localização, enfrentavam uma crise que os forçou a
clamar a Deus com fervor.
A
história nos mostra que, muitas vezes, as crises servem como um despertar
espiritual, levando-nos a buscar a Deus de todo o coração. Isaías 55:6 nos
exorta a buscar o Senhor enquanto se pode achar, sugerindo que não devemos
esperar até que as dificuldades nos forcem a fazê-lo. O exemplo de Daniel, que
orava consistentemente, mesmo em tempos de paz, ilustra a importância de uma
vida de oração contínua (Daniel 6:10). Ele não esperava a crise para buscar a
Deus; a oração era uma prática constante em sua vida.
A
Bíblia nos ensina a manter uma vida de oração constante, tanto em casa quanto no
Templo. Efésios 6:18 nos exorta a orar em todo o tempo, com toda oração e
súplica no Espírito, e 1Tessalonicenses 5:17 nos encoraja a orar sem cessar.
Essa disciplina espiritual é crucial para enfrentar as adversidades e vencer o
mal. Apenas uma vida dedicada à oração e à busca contínua de Deus nos prepara
para enfrentar crises e desafios com fé e coragem.
III. O PERIGO E A
CRUELDADE DO ANTISSEMITISMO MODERNO
1. Faces do
antissemitismo
Antissemitismo,
em sua essência, é a hostilidade sistemática e irracional contra os judeus,
manifestada de diversas maneiras ao longo da história. Este ódio obstinado pode
ser categorizado em três principais faces: religiosa, nacionalista e racial.
Antissemitismo religioso
Historicamente,
o antissemitismo religioso tem sido uma das formas mais persistentes e
virulentas. Durante a Idade Média, os judeus foram frequentemente perseguidos
sob acusações infundadas, como a de serem responsáveis pela peste negra que
devastou a Europa em 1348. A Inquisição, que começou no século XIII e se
intensificou no final do século XV, visava os judeus convertidos ao
cristianismo, conhecidos como "conversos" ou "marranos",
suspeitos de praticarem secretamente o judaísmo. Na Espanha, a Inquisição foi
oficialmente estabelecida em 1478 por ordem do papa Sisto IV, e em Portugal, o
Tribunal do Santo Ofício foi instituído pelo papa Paulo III em 1536. O objetivo
era erradicar o que chamavam de "heresia judaica", resultando em
confisco de bens, tortura, execuções e a imposição de guetos.
Vale
notar que o confinamento de judeus em guetos não foi uma inovação do regime
nazista. O papa Paulo IV, em 1555, decretou que todos os judeus nos Estados
papais deveriam ser confinados em guetos, uma política que durou mais de 300
anos. Este decreto reflete a longa história de segregação e discriminação
institucionalizada contra os judeus na Europa.
2. Antissemitismo nacionalista
e racial
a)
Antissemitismo nacionalista. O antissemitismo
nacionalista emergiu com a formação dos estados-nação modernos, onde os judeus
eram vistos como estrangeiros e inimigos internos que ameaçavam a coesão
nacional. Este tipo de antissemitismo ganhou força particular no século XIX,
com a ascensão dos nacionalismos europeus. Os judeus eram frequentemente
acusados de dualidade de lealdade, sendo suspeitos de conspirar contra os
interesses nacionais. Este sentimento culminou em eventos como os Pogroms na
Rússia czarista, e na Ucrânia, e mais tarde, na França com o caso Dreyfus, onde
um oficial judeu foi falsamente acusado de traição, gerando uma onda de
sentimentos antijudaicos. A prosperidade dos judeus causava ódio, alimentado
por teorias de conspiração. O povo judeu
era apontado como culpado pelas crises econômicas de países do Leste Europeu,
levando-os a reagir violentamente contra as comunidades judaicas. Um sentimento
que ainda prevalece hoje em muitos países.
b)
Antissemitismo racial. O antissemitismo racial ganhou
destaque no final do século XIX e início do século XX, caracterizado pela
pseudociência do racismo, que classificava os judeus como uma raça inferior.
Este tipo de antissemitismo foi tragicamente levado ao extremo pelo regime
nazista de Adolf Hitler, durante a segunda guerra mundial (1939-1945), que
implementou políticas de genocídio sistemático durante o Holocausto. Sob o terceiro
Reich, milhões de judeus (cerca de 6 milhões) foram exterminados em campos de
concentração, em um esforço para "purificar" a raça ariana. Políticas
advindas das entranhas de Satanás, claro.
O
antissemitismo, em todas as suas formas, tem sido uma constante dolorosa na
história judaica. Cada manifestação trouxe consigo um conjunto único de
horrores e desafios, refletindo as particularidades do contexto social,
político e econômico de cada época. No entanto, todas compartilham um
denominador comum: a injustificada e irracional hostilidade contra um grupo que
tem sido incessantemente perseguido. Compreender essas diferentes faces do
antissemitismo é essencial para reconhecer suas manifestações contemporâneas e
combater este ódio milenar de maneira eficaz.
3. Antissemitismo hoje
O
antissemitismo contemporâneo continua a ser uma realidade perturbadora e
crescente, manifestando-se de diversas formas ao redor do mundo. Apesar da
criação do Estado de Israel em 1948, que deveria oferecer um lar seguro para o
povo judeu, a paz ainda é um objetivo elusivo devido aos conflitos contínuos na
região.
Os
ataques terroristas perpetrados contra Israel, muitas vezes em nome da causa
palestina, são exemplos dramáticos do nível de violência e ódio direcionados
aos judeus. O recente e brutal ataque de 07 de outubro de 2023, coordenado por
grupos armados palestinos contra Israel, resultou em um número devastador de
mortos e reféns, destacando a intensidade do conflito. Cinco grupos palestinos
armados uniram-se ao Hamas e, a partir a Faixa de Gaza, atacaram Israel por ar,
terra e mar, cometendo barbáries inimagináveis contra civis e deixando cerca de
1200 mortos, além de levar cerca de mais de 200 pessoas reféns, cuja maioria
ainda continua no cativeiro sem paradeiro, não sabendo se estão vivos ou
mortos.
Depois
disso, os casos de antissemitismo aumentaram em várias partes do mundo. Incidentes
de violência, discriminação e retórica antissemita têm aumentado, refletindo um
fenômeno preocupante que afeta comunidades judaicas em muitos países. Esse
crescimento do antissemitismo é um lembrete sombrio de que o ódio contra os
judeus persiste, muitas vezes disfarçado de críticas políticas ou
posicionamentos ideológicos.
Para
os inimigos de Israel, a questão vai além de buscar um acordo ou compromisso.
Muitos expressam abertamente o desejo de exterminar o Estado de Israel, o que
coloca em evidência uma ameaça existencial para o povo judeu. Esta luta não é
apenas geopolítica, mas também existencial e cultural, alimentada por
narrativas profundamente arraigadas de ódio e intolerância.
À
luz desse cenário sombrio, a esperança para Israel e para todos os povos está
em encontrar caminhos para a paz genuína e na redenção das relações humanas. Pelo
que se percebe, só Jesus, o Messias, salvará Israel, quando de sua conversão
nacional (Is.11:10-16; Ez.37:12-14; Zc.12; 13; 14:4-9; Rm.11:26; Ap.17). A
despeito dos pecados do povo judeu, Deus tem um plano com Israel e vai
restaurá-lo, quando arrependido aceitar o Messias Jesus (Rm.11:25-32). É a mais sublime esperança!
Enquanto
isso, é imperativo que todos os indivíduos de consciência limpa e moral elevada
denunciem veementemente o antissemitismo em todas as suas formas e trabalhem
incansavelmente para promover um mundo onde a diversidade e o respeito mútuo
sejam os fundamentos de uma sociedade justa e pacífica.
CONCLUSÃO
Este
estudo sobre a “conspiração de Hamã contra os judeus” nos ensina lições
profundas sobre o poder do ódio, a crueldade da injustiça e a importância da
resistência e da esperança. A história narrada no Livro de Ester revela como a
intolerância pode levar a planos malignos de destruição, como vimos na
tentativa de Hamã de exterminar todo o povo judeu. Essa narrativa não é apenas
um evento histórico, mas também um lembrete vívido das realidades
contemporâneas de ódio e discriminação que ainda enfrentamos.
A
resposta dos judeus, marcada pelo luto, jejum e clamor a Deus, demonstra a
necessidade de fé e de união diante das adversidades. É um lembrete de que,
mesmo diante de ameaças existenciais, a esperança e a ação coletiva podem
resistir ao mal. A intervenção divina, representada na coragem de Ester e na
reversão dos planos de Hamã, também destaca a importância da justiça e da
proteção dos inocentes.
Portanto,
neste estudo, somos confrontados com a necessidade contínua de combater o
antissemitismo e todas as formas de ódio e injustiça, promovendo a paz, a
compreensão mútua e o respeito pela diversidade. É um chamado para todos os
tempos a nos mantermos vigilantes contra a intolerância e a defendermos os
direitos humanos de todas as pessoas, independentemente de sua origem ou
crença.
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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD
William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo
Testamento).
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. CPAD.
Pr. Elinaldo Renovato de Lima. O caráter do cristão. CPAD.
Comentário Bíblico Beacon. Volume 2.
História dos Hebreus. Flavio Josefo. CPAD.