No 1º Trimestre de 2015
estudaremos, através das Lições Bíblicas da CPAD, sobre o tema: “A Lei de Deus – Valores imutáveis para uma
sociedade em constante mudança”. As lições serão comentadas pelo pastor
Esequias Soares, e estão distribuídas sob os seguintes títulos:
Lição 1 – Deus dá a sua
Lei ao Povo de Israel.
Lição 2 – O Padrão da Lei
Moral.
Lição 3 – Não Terás
outros deuses.
Lição 4 – Não farás
imagens de Esculturas.
Lição 5 – Não Tomarás o
Nome do Senhor Deus em Vão.
Lição 6 – Santificarás o
Sábado.
Lição 7 – Honrarás Pai e
Mãe.
Lição 8 – Não
Matarás.
Lição 9 – Não adulterarás.
Lição 10 – Não furtarás.
Lição 11 – Não darás
Falso Testemunho.
Lição 12 – Não cobiçarás.
Lição 13 – A Igreja e a
Lei de Deus.
Três meses depois da saída do Egito, Deus conduziu
os hebreus pelo deserto até o Monte Sinai, onde ficaram acampados (Êx 19:1,2).
Ali, Israel se tornou uma nação eleita e santa ao entrar em um relacionamento
de aliança com Deus (Êx 19:3-8). A eleição divina de Israel colocou essa nação
em uma posição especialmente privilegiada no mundo.
No Monte Sinai, o Senhor declarou, em particular,
a Moisés, a quem chamou à Sua presença, as orientações preparatórias para a
entrega da Lei (Êx 19:3-6). Ali, o Senhor proferiu os Dez Mandamentos
(Decálogo) que se constituíram nos estatutos perpétuos para serem obedecidos
(Êx 20:6; 24:12).
Do meio de uma tremenda tempestade, acompanhada de
terremotos e do som sobrenatural de trombetas, com a montanha toda envolta em
fumo e coroada de chamas aterradoras, Deus falou as palavras dos Dez
Mandamentos e deu a Moisés a lei. Tais ordenanças revelam os princípios
espirituais e relacionais de Deus ao Seu povo, bem como Sua natureza santa, os
quais os seres humanos devem observar como parâmetro de conduta (Dt 33:3).
Os
"Dez Mandamentos" revelam, nesta aliança de Deus com Israel, o
próprio caráter de Deus e, como tal, são uma demonstração do comportamento que
Deus requer de todo ser humano em relação a Deus e ao semelhante, cuja
profundidade e alcance foram bem demonstrados por Jesus no sermão do monte.
Deus requereu de Israel e requer, também, de nós –
Igreja do Senhor Jesus - duas atitudes em relação às Suas ordenanças: que
possamos ouvir e obedecer (Dt 11:26,27). Desse modo, tornamo-nos Sua
propriedade peculiar, Seu reino sacerdotal e Seu povo santo (Êx 19:5,6).
O
Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco, citando Meir
Matzliah Melamed, em seu comentário sobre “A Ética Cristã e os Dez Mandamentos”, diz que “... A importância
dos Dez Mandamentos não se resume unicamente no seu significado, mas ao fato de
que constituem exemplos clássicos para todas as demais leis”.
Hans
Ulrich Reifler, em sua análise sobre “a ética
dos Dez Mandamentos”, diz:
Os Dez Mandamentos foram escritos por Deus em duas
tábuas (Êx 31:18) e foram reconhecidas como o cerne ou o princípio da lei já em
Êxodo 24:12: "Então disse o Senhor a Moisés: Sobe a mim ao monte, e fica lá;
dar-te-ei tábuas de pedra, e a lei, e os mandamentos que escrevi, para os
ensinares". Além desses dois textos básicos, encontramos referências a
elas em Deuteronômio 10:1-5.
No Novo Testamento, com exceção do quarto mandamento, que se refere à
observância do sábado, encontramos todos os Dez Mandamentos em suas formas
inibidora (ou negativa) e positiva (ou construtiva).
Mandamento
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Referência Correlata no Novo Testamento
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1 e 2
|
1João 5.21
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3
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Tg 5.12
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4
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Nenhuma referencia
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5
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Ef 6.1-3
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6
|
Rm 13.9
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7
|
1Co 6.9, 10
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8
|
Ef 4.28
|
9
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CI3.9; Tg 4.11
|
10
|
Ef 5.3
|
Além dessas referências específicas, temos alusões ao Decálogo nos
ensinos de Jesus em Mateus 15; 19; 22:37-40; Lucas 10:26-28, e em outras
passagens.
A expressão "Dez Mandamentos" deriva de Êxodo
34:28 e de Deuteronômio 4:13; 10:4:
"E ali esteve com o Senhor quarenta dias e quarenta noites; não
comeu pão nem bebeu água; c escreveu nas tábuas as palavras da aliança, as dez palavras" (Êx 34:28);
"Então vos anunciou ele a sua aliança, que vos prescreveu, os dez mandamentos, e os escreveu em
duas tábuas de pedra" (Dt 4:13);
"Então escreveu o Senhor nas tábuas, segundo a primeira escritura,
os dez mandamentos que ele vos
falara no dia da congregação, no monte, no meio do fogo" (Dt 10:4).
Ao longo da história, os cristãos dividiram os Dez Mandamentos de
maneiras diferentes. De um lado temos a Igreja Ortodoxa Grega e a Igreja Ortodoxa
Russa, juntamente com as Igrejas Reformadas e os anabatistas, seguindo a divisão
proposta por Orígenes, Agostinho, Bonifácio e Calvino; e do outro lado encontramos
a divisão empregada pela Igreja Católica Romana e pelas Igrejas Luteranas.
As Igrejas Ortodoxas e Reformadas
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A Igreja Católica Romana e as Igrejas Luteranas
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1. Não terás outros deuses diante de mim (Ex
20:3).
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1. Não terás outros deuses e não farás imagens.
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2. Não farás imagens de escultura (Ex 20:4-6).
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2. Não tomarás o nome de Deus em vão.
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3. Não tomarás o nome de Deus em vão (Ex 20:7).
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3. Lembra-te do dia de sábado.
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4. Lembra-te do dia de sábado, para o santificar
(Ex 20:8-11).
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4. Honra teus pais.
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5. Honra teus pais (Ex 20:12).
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5. Não matarás.
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6. Não matarás (Ex 20:13).
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6. Não adulterarás.
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7. Não adulterarás (Ex 20:14).
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7. Não furtarás.
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8. Não furtarás (Ex 20:15).
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8. Não dirás falso testemunho.
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9. Não dirás falso testemunho (Ex 20:16).
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9. Não cobiçarás a casa de teu próximo.
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10. Não cobiçarás a casa de teu próximo, nem sua
mulher ou servo, ou animal (Ex 20:17).
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10. nem sua mulher ou servo, ou animal.
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Seguindo o modelo proposto por Calvino, baseado em Agostinho e Orígenes,
percebemos que os primeiros quatro mandamentos, correspondente a “primeira
tábua, tratam da relação vertical,
ou seja, das responsabilidades do homem para com seu Criador, enquanto a
"segunda tábua", ou os seis mandamentos restantes, trata da relação horizontal, isto é, das
responsabilidades do homem para com seu próximo. Reencontramos esta dupla
relação no ensino de Jesus Cristo, quando o Mestre respondeu a respeito do
grande mandamento: "Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de
toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro
mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti
mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas" (Mt 22:37-40).
Outra maneira
de dividir os Dez Mandamentos e agrupá-los em três partes:
Mandamentos
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Êxodo 20
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Assunto
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1-3
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vv. 2-7
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Relação correta com Deus.
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4
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vv. 8-11
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Relação correta com o trabalho.
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5-10
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vv. 12-17
|
Relação correta com a sociedade.
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Ou então:
Mandamentos
|
Êxodo 20
|
Assunto
|
1-3
|
vv. 2-7
|
Moral teológica.
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4-6
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vv. 8-14
|
Moral individual.
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7-10
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vv. 15-17
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Moral social.
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Assim, partindo da observação dos aspectos vertical e horizontal do Decálogo,
traçamos o seguinte esboço:
1. O testemunho da singularidade e exclusividade de Deus (Êx 20:3).
2. O testemunho da incomparabilidade de Deus (Êx 20:4-6).
3. O testemunho da santidade de Deus (Êx 20:7).
4. O testemunho do senhorio de Deus sobre o tempo (Êx 20:8-11).
5. A proteção da velhice (Êx 20:12).
6. A proteção da vida (Êx 20:13).
7. A proteção do matrimonio e do corpo (Êx 20:14).
8. A proteção da propriedade e do trabalho (Êx 20:15).
9. A proteção da honra (Êx 20:16).
10. A proteção contra as ambições erradas e a cobiça (Êx 20:17).
Segundo o pr.
Esequias Soares, o Decálogo é a única parte do Pentateuco escrita "pelo
dedo de Deus" (Êx 31.18), linguagem figurada que, segundo Agostinho de
Hipona, indica "pelo Espirito de Deus" e, de acordo com Clemente de
Alexandria, "pelo poder de Deus". É também a única porção da lei que
Israel ouviu partir da voz do próprio Deus no monte quando ele transmitia essas
Dez palavras (Êx 19.24, 25; 20.18-20). Os demais preceitos foram transmitidos
por Javé exclusivamente a Moisés. Além dessas características, elas servem como
esboço de toda a lei de Moisés. Todavia, isso não coloca o seu conteúdo numa
posição acima da legislação mosaica porque toda a lei veio de Deus e "toda a Escritura é inspirada por Deus"
(2Tm 3.16 - ARA).
Ainda, segundo
o pr. Esequias Soares, as Dez palavras foram dadas a Israel logo após a
libertação dos israelitas do Egito e se aplicam primariamente aos hebreus, não
a toda a humanidade. Isso fica muito claro na expressão "para que se
prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá" (Êx 20.12;
Dt 5.16), que diz respeito à terra de Canaã. E o quarto mandamento, na recapitulação em Deuteronômio, afirma "porque
te lembrarás de que foste servo na terra do Egito e que o SENHOR, teu Deus, te
tirou dali com mão forte e braço estendido; pelo que o SENHOR, teu Deus, te
ordenou que guardasses o dia de sábado" (Dt 5.15). O sábado legal era o
sinal do concerto entre Javé e o seu povo Israel (Êx 31.13,17). São peculiaridades
do sábado no sistema mosaico que o Senhor Jesus e seus apóstolos não incluíram
como parte obrigatória na fé cristã.
Alguns interpretam
que o Senhor Jesus Cristo sintetizou as duas tábuas nos dois grandes
mandamentos (Mt 22:34-40), com a ressalva do sábado, pois não há ensino no Novo
Testamento para a observância do quarto mandamento.
O sábado (mencionado pela primeira vez em Gênesis 2:1-3 e
depois juntamente com o relato do maná em Êxodo 16) agora é formalmente
instituído como lei à nação de Israel. Esse dia era um símbolo do descanso que
os cristãos hoje desfrutam em Cristo e também da redenção que a criação
desfrutará no milênio. O sábado judaico (hb.
Shabbath – “cessar, interromper”), o sétimo dia da semana, começa ao
pôr-do-sol da sexta-feira e termina ao pôr-do-sol do sábado. Nenhuma passagem
do Novo Testamento ordena os cristãos a observar o sábado.
Conquanto o
cristão não esteja mais obrigado a observar o sábado judaico, ele tem fortes
razões bíblicas para dedicar um dia, em sete, para seu repouso e adoração a
Deus:
a) O princípio de um dia sagrado
de repouso foi instituído antes da lei judaica - “E abençoou Deus o dia sétimo
e o santificou” (Gn 2:3). Isto indica que o propósito divino é que um dia, em
sete, fosse uma fonte de benção para toda a humanidade e não apenas para a
nação judaica.
b) O propósito espiritual de um
dia de descanso em sete é benéfico ao cristão. No Novo Testamento esse dia era
visto como uma cessação de labor e ao mesmo tempo um dia dedicado a Deus; um
período para se conhecer melhor a Deus e adorá-lo; uma oportunidade para
dedicar-se em casa e em público às coisas de Deus (Nm 28:9; Lv 24:8).
c) Jesus nunca ab-rogou o princípio
de um dia de descanso para o homem. O que Ele reprovou foi o abuso dos líderes
judaicos quanto à guarda do sábado (Mt 12:1-8; Lc 13:10-17; 14:1-6).
d) Jesus indica que o dia de
descanso semanal foi dado por Deus para o bem-estar espiritual e físico do
homem (Mc 2:27).
e) Nos tempos do Novo Testamento
os cristãos dedicavam um dia especial, o primeiro dia da semana, para adorar a
Deus e comemorar a ressurreição de Cristo (At 20:7; 1Co 16:2; Ap 1:10).
Muitos
identificam o Decálogo como lei moral sem fazer restrição ao quarto mandamento,
que fala do sábado. É importante que se saiba que o sábado foi dado como uma
bênção para os israelitas e posto como sinal entre Deus e Israel, como memorial
da libertação do Egito (Êx 31.13, 17; Dt 5.15). Nem a Igreja e nem nenhuma
nação têm compromisso com o sábado legal de Moisés para observar o sétimo dia
da semana (Cl 2.14-17). Jesus disse que o sábado é um preceito cerimonial (Mt
12.1-5; João 7.21, 22).
Segundo o pr.
Esequias Soares, matar, adulterar, furtar e proferir falso testemunho já existia
nos códigos mesopotâmios e do Egito como crimes, embora os fundamentos e
propósitos fossem diferentes dos revelados na lei de Moisés. Os hebreus do
período pré-Sinai sabiam que era errado desonrar a Deus pelo uso impróprio do
seu nome, como era igualmente errado faltar com o respeito aos pais e cobiçar a
propriedade alheia. Mas com a revelação do Sinai, eles tiveram uma compreensão
mais ampla desses mandamentos e passaram a entender que não se tratava de meras
normas jurídicas, mas da vontade de Deus. Foi Javé quem colocou a lei no
coração e na mente de todos os seres humanos, dando-lhes assim as condições necessárias
para discernirem entre o certo e o errado, por meio da consciência (Rm
2.14-16). O concerto do Sinai mostra a origem divina de todos esses
mandamentos.
Diz, ainda, o
pr. Esequias Soares:
Os Dez Mandamentos não aparecem
como tal na sua totalidade nenhuma vez sequer no Novo Testamento. Os
mandamentos que o Senhor Jesus citou para o moço rico (Mt 19:18,19) e os
mencionados pelo apóstolo Paulo (Rm 13:9), além de não serem a totalidade, não
estão na sequência canônica. Na fé cristã, a sua autoridade é a mesma das
demais partes das Sagradas Escrituras.
A lei cerimonial é a parte da legislação mosaica
que trata das cerimônias de sacrifícios e das festas religiosas, do kashrut, leis dietéticas, dentre outras,
que se cumpriu em Jesus. Os preceitos de caráter jurídico, como a lei civil,
também já foram cumpridas, porque não existe mais um estado teocrático, e a
Igreja não é um Estado.
A questão é se a moral cristã deve estar
fundamentada nos Dez Mandamentos e qual é o papel desses preceitos na vida
da Igreja. Quando o Novo Testamento afirma que a lei foi abolida por Cristo,
não especifica se é lei moral, cerimonial ou civil. O apóstolo Paulo inclui a
parte do sistema mosaico que foi "gravado com letras em pedras" (2Co
2:7). Assim, quando se diz que não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça
(Rm 6:14, 15), dizemos que essa lei é a Torá completa, e não parte dela. Toda a
lei resume-se na lei do amor, amor a Deus e ao próximo (Mt 22:37-40; Rm 13:8-10).
Estar debaixo da graça significa que fomos libertos da lei para servir e não
para pecar, nós somos servos de Cristo e não da lei, é o Espírito Santo que
guia o cristão no dia a dia (Rm 7:6) (Ensinador Cristão).
É válido,
ainda, ressaltar o seguinte:
Todo o
Pentateuco é considerado a Lei de Deus e não meramente os Dez Mandamentos (ler
Josué 24:26). O que de fato existem são preceitos morais, cerimoniais e civis,
mas a Lei é uma só. “É chamada de Lei de Deus porque veio de Deus, e lei de
Moisés porque foi ele o mediador entre Deus e Israel (Ne 10:29). Ambos os
termos aparecem alternadamente na Bíblia (Ne 8:1,2,8,18; Lc 2:22,23). A
cerimonia dos holocaustos, a circuncisão e o preceito sobre o cuidado dos bois
são igualmente reconhecidos como lei de Moisés (2Cr 23:18; 30:16; At 15:5; 1Co
9:9)” (LBM – CPAD).
Desejo a todos
um ditoso ano! Um trimestre letivo sobremaneira profícuo e abençoado por Deus!
____
Ev.
Luciano de Paula Lourenço
Referências
Bibliográficas:
Hans Ulrich
Reifler. A ética dos dez Mandamentos. Vida Nova.
Esequias Saores.
Os Dez Mandamentos – Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança.
CPAD.
Paul Hoff – O
Pentateuco. Ed. Vida.
Leo G. Cox - O
Livro de Êxodo - Comentário Bíblico
Beacon. CPAD.
Victor P.
Hamilton - Manual do Pentateuco. CPAD.
Dr. Caramuru Afonso
Francisco. A Ética Cristã e os Dez
Mandamentos. PortalEBD.