Texto Base: 1Coríntios 2.9-13
"O qual, noutros séculos, não foi manifestado aos filhos dos homens, como, agora, tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas" (Ef 3.5).
"O qual, noutros séculos, não foi manifestado aos filhos dos homens, como, agora, tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas" (Ef 3.5).
INTRODUÇÃO
No Novo Testamento, o ministério profético foi instituído por Cristo (Ef 4:7,11), para a Igreja, com o propósito de ser o porta-voz de Deus não mais para a revelação do plano de Deus ao homem, mas para trazer mensagens divinas ao Seu povo no sentido de encorajar o povo a se manter fiel à Palavra e para nos fazer lembrar as promessas contidas nas Escrituras. Neste Novo Pacto, a profecia precisa ser entendida dentro de um contexto específico. Ela não pode ser considerada superior à revelação escrita, ou seja, a própria Escritura Sagrada. Nenhuma palavra “profética” pode ter o objetivo de substituir ou revogar a Revelação Escrita, pois esta é a suprema profecia.
I. JESUS CRISTO, O PROFETA QUE HAVIA DE VIR
1. Características do autêntico profeta. À luz da Palavra de Deus, o autêntico profeta possui as seguintes características:
a) É reconhecido como homem de Deus, não havendo, pois, como ignorar o seu caráter e a sua mensagem - ele prega a Palavra com a voz e com a vida. Nem todas as pessoas que proferem a Palavra de Deus são boca de Deus. Uma coisa é proferir a Palavra de Deus, outra coisa é ser boca de Deus. Uma coisa é pregar aos ouvidos, outra coisa é pregar também aos olhos. Algumas pessoas pregam a Palavra e os corações permanecem insensíveis. Outras pessoas pregam a mesma verdade e os corações se derretem. Por que essa diferença? É que algumas pessoas são boca de Deus e outras não são (Jr 15.19). Geazi, o moço de Elizeu, colocou o bordão profético no rosto do menino morto e o menino não se levantou (2Rs 4:31). O problema não era o bordão, mas quem carregava o bordão. O bordão na mão de Geazi não funcionava porque a vida de Geazi não era reta diante de Deus como a vida de Eliseu. O poder não está no homem, está em Deus, mas Deus usa vasos de honra e não vasos sujos. Hoje, os homens escutam de nós belas palavras, mas não vêem em nós vida. Precisamos pregar aos ouvidos e também aos olhos. Precisamos falar e demonstrar. Precisamos pregar e viver. Precisamos de homens que sejam semelhantes a Elias, homens de Deus, em cuja boca a palavra seja verdade. A viúva de Sarepta disse que a Palavra de Deus na boca de Elias era verdade(1Rs 17:24).
b) É alguém que tem estreito relacionamento com Deus, e que se torna confidente do Senhor (Am 3.7). Ele vê o mundo e a Igreja sob a perspectiva divina, e não segundo o ponto de vista humano.
c) É um porta-voz de Deus, ou seja, ele não fala o que quer, mas o que o Senhor lhe ordena(Jr 1:7). Em qualquer instância da mensagem profética, e seja qual for o destinatário, o profeta de Deus falará apenas o que recebeu do Senhor, nem mais nem menos.
d) O verdadeiro profeta, por estar próximo de Deus, acha-se em harmonia com Deus, e em simpatia com aquilo que Ele sofre por causa dos pecados do povo. Compreende, melhor que qualquer outra pessoa, o propósito, vontade e desejos de Deus. Experimenta as mesmas reações de Deus. Noutras palavras, o autêntico profeta não somente ouve a voz de Deus, como também sente o seu coração (Jr 6.11; 15.16,17; 20.9).
e) À semelhança de Deus, o autêntico profeta ama profundamente o povo. Quando o povo sofre, o profeta sente profundas dores (ver o Livro das Lamentações). Ele almeja para o povo o melhor da parte de Deus (Ez 18.23). Por isso, suas mensagens contem, não somente advertências, como também palavras de esperança e consolo.
f) O autêntico profeta tem a profunda sensibilidade diante do pecado e do mal (Jr 2.12,13, 19; 25.3-7; Am 8.4-7; Mq 3.8). Não tolera a crueldade, a imoralidade e a injustiça. O que o povo considera “leve” desvio dos Mandamentos divinos, o verdadeiro profeta interpreta, às vezes, como funesto. Não suporta transigência com o mal, complacência, fingimento e desculpas do povo (Jr 6.20; 7.8-15; Am 4.1; 6.1). Compartilha, mais que qualquer outra pessoa, do amor divino à retidão, e do ódio que o Senhor tem à iniqüidade (cf. Hb 1.9).
g) O autêntico profeta desafia constantemente a santidade superficial e oca do povo, procurando desesperadamente encorajar a obediência sincera aos ditames que Deus revelara na Sua Palavra. Permanece totalmente dedicado ao Senhor; foge da transigência com o mal e requer fidelidade integral a Deus.
h) Finalmente, o autêntico profeta tem uma visão do futuro, revelada em condenação e destruição (por exemplo: Jr 11.22,23; 13.15-21; Ez 14.12-21; Am 5.16-20,27), bem como em restauração e renovação (por exemplo: Jr 33; Ez 37).
2. Jesus Cristo, o Profeta. A promessa de um grande Profeta feita a Israel cumpriu-se em Jesus. Os seus procedimentos, sejam em palavras sejam em ações, trazia a marca de que Ele não era apenas um profeta enviado por Deus, mas o Profeta de Deus - “O que aconteceu a Jesus, o Nazareno, que era varão profeta, poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo o povo” (Lc 24.19). Assim como os verdadeiros profetas no Antigo Testamento, Ele foi reconhecido e aclamado como tal (Mt 21.11; João 4.19 cf. 1Sm 3.20). As maravilhas operadas pelo Senhor Jesus confirmava-lhe o Seu autêntico ministério profético: na ressurreição do filho da viúva (Lc 7.11-17 cf. 1Rs 17.17-23); na multiplicação de víveres (Lc 9.11-17 cf. 1Rs 17.13-16); na autoridade do ensino (Mt 7.28,29 cf. Dt 18.18,19); na resposta imediata das orações (João 11.41-45 cf. 1Rs 18.37-39), na mensagem convocatória ao arrependimento do povo(Mt 3:17; Mc 1:15b cf Jr 7:3), entre outros extraordinários eventos. Sem dúvida, Ele era o Messias, o Profeta de Deus que havia de vir(João 6.14; 7.40).
Jesus, também, revelou os acontecimentos futuros, especialmente em seu sermão escatológico. Entre as suas profecias que já se cumpriram acha-se o anúncio da queda de Jerusalém, que se deu no ano 70, e a segunda diáspora dos judeus (Lc 21.24). Nos dias atuais, percebemos que as enunciações de Jesus quanto aos últimos tempos estão se cumprindo fielmente (Mt 24.5-12). Levemos em conta também suas proclamações escatológicas (Mt 24; Mc 13; Lc 21). Jesus Cristo, o Filho de Deus, é o Profeta por excelência.
Quando esteve aqui Ele exerceu como ninguém seu ofício profético. Suas obras e ensino apontavam para aquele profeta anunciado por Moisés: “O Senhor, vosso Deus, levantará dentre vossos irmãos um profeta semelhante a mim; a ele ouvireis em tudo quanto vos disser. E acontecerá que toda a alma que não escutar esse profeta será exterminada entre o povo” (Dt 18:15; At. 3.22-23).
a) O profeta aguardado por Israel, anunciado por Moisés, deveria ser do povo de Israel, ser um israelita (Dt.18:18). Jesus era um perfeito israelita, como demonstra a sua genealogia. Satisfeito estava, pois, este requisito previsto nas Escrituras.
b) O profeta aguardado por Israel, anunciado por Moisés, deveria ter as palavras de Deus na sua boca (Dt.18:18). Ter as palavras de Deus na boca significa que o profeta deve dizer a verdade. Vemos que Jesus, ao iniciar a sua pregação, tão somente pregou e falou aquilo que o seu Pai havia determinado. Jesus não só dizia a verdade e tinha a verdade em sua boca (João 8:45,46), boca onde jamais se achou engano (1Pe.2:22), como era cheio de graça e de verdade (João 1:14), tendo trazido a verdade até nós, para junto de nós (João 1:17), até porque é a própria verdade (João 14:6). Por isso, ao falar a verdade, mostrou que era profeta e, mais, ao ser a própria verdade, é o maior de todos os profetas.
c) O profeta aguardado por Israel, anunciado por Moisés, deveria falar tudo o que o Senhor ordenasse (Dt.18:18). Neste ponto, também Jesus se notabiliza entre os profetas, pois foi o único profeta a ser obediente até a morte (Fp 2:8). A obediência a Deus é um elemento decisivo, indispensável na vida de um verdadeiro profeta na casa do Senhor.
d) O profeta aguardado por Israel, anunciado por Moisés, por fim, tinha de ser humilde, não ser soberbo nem orgulhoso (Dt.18:19-22). Jesus sempre fez questão de dizer que era “enviado do Pai” (Mt.15:24; Lc.4:43; Jo.5:36; 20:21). Em momento algum, Jesus tomou para si a glória do Pai ou demonstrou soberba ou orgulho.
Todo profeta baseava seu ministério na humilhação diante da potente mão de Deus e, por isso, era um instrumento nas mãos do Senhor. Jesus é manso e humilde de coração (Mt.11:29). Por isso, não podemos admitir, nos dias hodiernos, que pessoas arrogantes, soberbas e orgulhosas se arvorem em “profetas” e “profetisas” na casa de Deus. Nada mais contraditório do que alguém se dizer portador do dom espiritual de profecia ou ser profeta na igreja sendo arrogante e presunçoso. As Escrituras Sagradas, aliás, são claras em mostrar a arrogância e soberba como uma das principais características dos falsos mestres, que, a exemplo dos falsos profetas da antiga aliança, estão a perturbar o povo de Deus (2Tm.3:2; 2Pe.2:10,18; Judas 12,16).
2. A perfeição de Cristo. Jesus é descrito de vários modos nas Escrituras. Ele é o bom pastor, o Pastor Supremo (João 10:11; 1Pedro 5:4), Rei (Ap 19:16; Atos 2:29-36), Profeta (Dt 18:17-19; Atos 3:22-23; Lucas 13:33), Mediador (Hb 8:6) e Salvador (Ef 5:23). Cada uma destas descrições salienta alguma função que Jesus desempenha no plano da salvação. Ao contrário dos outros profetas, que não eram a luz, mas testificavam da luz, Jesus era a verdadeira luz que alumiava os homens(João 12:46). Ao contrário dos outros profetas e apóstolos, Ele não precisava de revelações para prevê o futuro, pois sendo verdadeiro Deus(1João 5:20), Ele sabe todas as coisas(João 16:30; 21:17; Cl 2:2,3). Portanto, Ele é o perfeito Profeta, o profeta por Excelência, o profeta que havia de vir.
Jesus foi distinto dos demais profetas porque trouxe uma mensagem integral, uma mensagem inteira, completa, que não seria mais sombra ou figura daquilo que viria, mas a própria realização da vontade de Deus. Seria o Profeta que teria as palavras do Senhor na sua boca e que falaria tudo o que o Senhor ordenasse (Dt 18:18). Moisés pôde dizer a Israel tudo aquilo que Deus lhe dizia (Ex.19:9), mas Jesus revelou aquilo que Ele mesmo compartilhava com o Pai, que é um com Ele (João 17:3-8). O que foi revelado por Jesus, a respeito de Deus, era do próprio Jesus, de Si mesmo, já que Ele é o Edificador da casa, o Verbo de Deus. Na Sua humanidade, fez notório e conhecido tudo quanto se referia a Deidade, sendo, pois, o “Deus conosco”, o profeta por excelência, o próprio Deus falando aos homens.
II. A ATIVIDADE PROFÉTICA EM O NOVO TESTAMENTO
1. A Grande Comissão (Mt 28.18-20). A missão profética da Igreja está implícita na Grande Comissão que lhe foi outorgada por Cristo. Vários textos dos Evangelhos e dos Atos dos Apóstolos falam da abrangência ilimitada da missão profética da Igreja (Mt 28.18-20; Mc 16.15-20; Lc 24.46,47; At 1.8). Essa missão profética de pregar o evangelho tem seu alicerce na autoridade de Jesus. É função da Igreja proclamar a todos que se arrependam, para que sejam perdoados os seus pecados (Mc 1.14), e possam ingressar no Reino de Deus.
Nos tempos do Antigo Testamento, a pregação não era uma atividade constante do povo de Deus. Seus líderes espirituais, sacerdotes e profetas e, às vezes, alguns reis tementes a Deus proferiam discursos exortativos ao povo, mas a pregação não era essencial na liturgia do Tabernáculo, do Templo ou das sinagogas. Foi Jesus quem estabeleceu e exerceu o ministério da pregação. Para exercício desse ministério, confiou aos seus discípulos a Grande Comissão (Mt 28.19,20).
A Grande Comissão é, sem sombra de dúvidas, a suprema atividade profética no Novo Testamento. As palavras de Jesus Cristo, relatadas nos Evangelhos e nos Atos dos Apóstolos, apontam para alvo e objetivo que a igreja deva alcançar. Templos, escolas, orfanatos, asilos para idosos, creches e hospitais devem ser encarados no contexto da igreja local como acessórios, entretanto, a evangelização dos povos deve ocupar a primazia dos recursos financeiro e pessoal. A igreja pode fazer tudo aqui na terra, mas se não fizer missões e evangelismo, não fez nada. A igreja fundada por Jesus Cristo é um organismo vivo, dinâmico e atuante neste mundo de miséria e pecado, mas para que isto ocorra é necessário canalizar mais recursos financeiros, colocando missões em primeiro lugar na administração e atividades da igreja, sem isto não estamos contribuindo de forma efetiva para divulgação do Reino de Deus aqui na terra.
2. A mensagem profética da Igreja (At 3.18-26). A mensagem profética da igreja é constituída, principalmente: (a) pela anunciação do arrependimento dos pecados, (b) proclamação do retorno triunfante de Cristo para buscar a sua Igreja e julgar os ímpios.
a) Arrependimento (At 2.38; 3.19; 17.30). Jesus ordenou que em seu nome se pregasse o arrependimento a todas as nações (Lc 24.47). A mensagem de João Batista (Mt 3.2), de Jesus (Mt 4.17) e dos apóstolos (At 2.38) era uma veemente chamada ao arrependimento: “Arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc 1.15). Uma igreja morna perde sua função profética e não prega o arrependimento dos pecados. Todavia, a Igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade (1Tm 3.15), não se associa ao mundo inconverso e perdido; ao contrário, conclama a todos que se arrependam e se convertam, para que sejam perdoados de seus pecados (At 3.19).
b) A segunda vinda de Cristo (1Ts 4.13-18). O mundo precisa ouvir uma mensagem que será a última que a Igreja tem para anunciar. Não se trata de um aspecto doutrinário secundário. Trata-se de uma mensagem essencial que sempre fez parte integrante do evangelho de Cristo e sem a qual este se torna incompleto e até difícil de entender. Essa mensagem é: Jesus Cristo vai voltar! “O Senhor vem!” - é esse o significado de “Maranata” (1Co 16:22), expressão (em língua aramaica) freqüentemente usada pelos primeiros cristãos.
O mundo precisa ouvir esta mensagem e é responsabilidade da Igreja transmiti-la. Mas esta mensagem é difícil de ser aceite pelo mundo e desperta reações desencontradas. Muitas seitas bizarras e falsos ensinadores poluíram a mente das pessoas com ensinos deturpados e fantasiosos. Usando o nome de Jesus e manipulando a Bíblia de forma falaciosa, colocaram a ridículo a mais nobre esperança da Igreja. Uma dessas seitas, que nos escusamos de nomear, marcou várias datas para a vinda de Cristo, falhando, obviamente, em todas elas. Finalmente, resolveu o problema afirmando que Cristo já veio, embora ninguém o tenha visto. O que contradiz claramente a Escritura. O Apóstolo Paulo assim nos ensina sobre a primeira fase da segunda vinda de Cristo: “Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais como os demais, que não têm esperança. Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem Deus os tornará a trazer com ele. Dizemo-vos, pois, isto pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras”(1Ts 4:13-18). O apóstolo João, sob a revelação do Espírito Santo, assim nos fala sobre a segunda fase da segunda vinda de Cristo: “Eis que vem com as nuvens, e todo o olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele” (Ap 1:7).
Esperar Jesus voltar uma segunda vez é hoje para muitos tão difícil de aceitar como era a ressurreição de Jesus no primeiro século. Mas esta mensagem tem de ser entregue, porque é demasiado importante e urgente para ser desconhecida.
Por que podemos ter a certeza de que Cristo vai voltar? Porque, da mesma forma que as profecias relativamente à sua primeira vinda se cumpriram há 2.000 anos, as que dizem respeito à sua 2ª vinda se irão cumprir também. O próprio Senhor o prometeu (João 14:1-3;ler Atos 1:10,11).
III. O EXERCÍCIO PROFÉTICO DOS APÓSTOLOS
Os apóstolos de Jesus Cristo exerceram na Igreja autoridade semelhante a dos profetas do Antigo Testamento. A missão principal dos profetas do Antigo Testamento era transmitir a mensagem divina através do Espírito, para encorajar o povo de Deus a permanecer fiel, conforme os preceitos da antiga aliança. Às vezes eles também prediziam o futuro conforme o Espírito lhes revelava.
Os apóstolos são um exemplo do ideal do Antigo Testamento (At 3.22,23; 13.1,2). Além do mais, viveram o clímax da revelação de Jesus (Hb 1:1); eles viram o que todos os profetas desejaram ver: o Filho de Deus, encarnado; não apenas viram, mas, tocaram nEle; não apenas tocaram nEle, mas conviveram com Ele; viram a sua glória bem de perto(no monte da transfiguração). Além disso, desfrutaram da dimensão do Espírito Santo em uma época em que sua atuação não era mais esporádica, mas plena e abundante. Desta feita, consideramos que os apóstolos receberam uma revelação superior a dos profetas do Antigo Testamento (ver 2Co 3. 5-11).
Os apóstolos canônicos foram profetas de Deus não apenas em seu tempo, mas em nosso tempo também, pois seus escritos, inspirados por Deus, cumprem a função da profecia: edificam, exortam e consolam.
A função profética dos apóstolos na igreja incluía o seguinte: a) Proclamava e interpretava, cheio do Espírito Santo, a Palavra de Deus, por chamada divina. Sua mensagem visava admoestar, exortar, animar, consolar e edificar (At 2.14-36; 3.12-26; 1Co 12.10; 14.3).
b) Quanto ao futuro: Profetizaram acerca do surgimento de falsos mestres, de seitas e heresias(At 20:29,30; 1Tm 4:1; 2Pe2:1-3; 2Pe 3:7-18)); Predisseram pelo Espírito Santo o arrebatamento da Igreja e a ressurreição dos mortos(1Ts 4:13-17); a manifestação do Anticristo e o período da grande Tribulação(2Ts 2:3-11); o galardão dos justos(1Co 3:12-15; 2Co 5:10); a vinda de Jesus, o fim do mundo e a eternidade dos salvos(2Pe 3:7-18), dentre outros acontecimentos futuros. O livro de Apocalipse, escrito por João, é essencialmente profético; é a conclusão de todas as Escrituras e lança luz sobre as profecias do Antigo Testamento, principalmente as de Ezequiel, Daniel e Zacarias, de Jesus em Mateus 24, 25 e do apóstolo Paulo (1Ts 4-5; 2Ts 2).
c) Como ocorria no Antigo Testamento, os apóstolos desmascaravam o pecado, proclamavam a justiça, advertiam do juízo vindouro e combatiam o mundanismo e frieza espiritual entre o povo de Deus. Por causa da sua mensagem de justiça, o profeta pode esperar ser rejeitado por muitos nas igrejas, em tempos de mornidão e apostasia.
Os profetas continuam sendo imprescindíveis ao propósito de Deus para a igreja. A igreja que rejeitar os profetas de Deus caminhará para a decadência, desviando-se para o mundanismo e o liberalimo quanto aos ensinos da Bíblia (1Co 14.3; cf. Mt 23.31-38; Lc 11.49; At 7.51,52). Se ao profeta não for permitido trazer a mensagem de repreensão e de advertência denunciando o pecado e a injustiça (João 16.8-11), então a igreja já não será o lugar onde se possa ouvir a voz do Espírito. A política eclesiástica e a direção humana tomarão o lugar do Espírito (2Tm 3.1-9; 4.3-5; 2Pe 2.1-3,12-22).
CONCLUSÂO
A tarefa profética de Jesus não foi limitada ao tempo de duração de sua vida terrena, como os demais antes dEle, mas por meio do Espírito Santo e de sua vitoriosa e profética Igreja, o seu ministério profético continuou depois da sua assunção à sua Glória.
O exercício do ministério profético da Igreja só é possível porque, a exemplo do que ocorria com o Senhor Jesus, a Igreja também recebeu o Espírito Santo e Deus está com e na Igreja (Mc 16:20 e At.10:38). Sem a presença de Deus, em suas três Pessoas (Pai, Filho e Espírito Santo), nada pode ser feito por parte da Igreja (João15:5). O segredo para o eficaz exercício não só do ministério profético, mas dos outros ofícios da Igreja (real e sacerdotal), está na comunhão que há entre a Igreja e o Senhor. Por isso, tudo o que a Igreja liga na Terra, é ligado no céu e tudo o que é desligado na Terra, é desligado no céu (Mt.16:19). Não se trata de qualquer “privilégio” ou “poder sobrenatural” dado a Pedro, isoladamente, ou mesmo aos apóstolos, mas, sim, uma afirmação de Cristo a respeito da sua Igreja, que, enquanto em comunhão com a única cabeça, que é Jesus Cristo, atua em unidade com Ele (João 17:22,23), nada havendo que possa, pois, prevalecer contra a Igreja, nem mesmo as portas do inferno, ainda que os anjos sejam superiores aos homens (Sl.8:5). É por isso, aliás, que Tiago nos ensina que devemos nos sujeitar a Deus que, aí, então, poderemos resistir ao diabo e ele fugirá de nós (Tg 4:7).
-------
Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
-------
Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. Bíblia de Estudo das Profecias. O novo dicionário da Bíblia. Revista Ensinador Cristão – CPAD nº 43. Guia do leitor da Bíblia. A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck. Comentário Bíblico Beacon – CPAD - volume 4. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdonald. Através da Bíblia – Lucas – John Vernon McGee