No 4º Trimestre letivo de 2018,
estudaremos, através das Lições Bíblicas da CPAD, sobre o tema: “As
Parábolas de Jesus – As Verdades e Princípios Divinos para uma Vida Abundante”. O comentarista das lições é o pastor Wagner Tadeu dos Santos Gaby - Pastor-presidente da Assembleia de Deus em Curitiba (PR),
advogado, mestre em Teologia e em Educação, conferencista, comentaristas de
Lições Bíblicas e autor de livros publicados pela CPAD. As Lições estão
distribuídas sob os seguintes temas:
Lição 1 -
Parábola: Uma Lição Para a Vida.
Lição 2 - Para
Ouvir e Anunciar a Palavra de Deus.
Lição 3 - O
Crescimento do Reino de Deus.
Lição 4 -
Perseverando na Fé.
Lição 5 -
Amando e Resgatando a Pessoa Desgarrada.
Lição 6 -
Sinceridade e Arrependimento Diante de Deus.
Lição 7 -
Perdoamos Porque Fomos Perdoados.
Lição 8 -
Encontrando o Nosso Próximo.
Lição 9 - O
Perigo da Indiferença Espiritual.
Lição 10 -
Precisamos de Vigilância Espiritual.
Lição 11 - Despertemos
para a Vinda do Grande Rei.
Lição 12 -
Esperando, mas Trabalhando no Reino de Deus.
Lição 13 - A
Humildade e o Amor Desinteressado.
Após estudarmos o Livro de Levítico, cujas lições
proporcionaram profundos ensinamentos a respeito da adoração, da santidade e do
serviço que prestamos ao Senhor, estudaremos neste 4º trimestre de 2018 a
respeito das Parábolas de Jesus. Elas são uma forma instrutiva para se ensinar
grandes lições, e delas podemos extrair as inspirações e os ensinamentos
divinos para a vida cristã.
Por ser uma das principais
formas de ensino utilizadas pelo Mestre, as parábolas merecem dedicada atenção
e profundo interesse de nossa parte. O próprio Senhor Jesus quer que as
entendamos, pois isso produzirá mudanças necessárias e resultará em
transformação de vida (Mt.15:15,16).
As Parábolas de Jesus são
uma das mais eloquentes demonstrações da “simplicidade que há em Cristo”
(2Co.11:3). São histórias que foram retiradas do dia-a-dia dos Seus
contemporâneos, cuja profundidade é mostrada com elementos absolutamente
triviais e simples. A parábola ilustra verdades por meio de símbolos. Exemplos:
"o campo é o mundo", "o inimigo é o Diabo", "a boa
semente são os filhos do reino", etc..
Ao se utilizar do método
das parábolas, Jesus mostra que Seu interesse era descrever realidades
espirituais, que estavam acima da compreensão humana, de um modo que pudesse
ser acessível a todos os Seus ouvintes.
As Parábolas de Jesus nos
mostram, claramente, que, no ensino da Palavra de Deus, jamais devemos
menosprezar ou desprezar o ambiente cultural do ouvinte, como também nunca
poderemos deixar de lado a necessidade extrema de nos fazer entendidos pelos
que nos assistem.
Ao se dirigir aos
discípulos e aos fariseus, seus adversários, Jesus adotou o método de ensino
por parábolas com a finalidade de convencer aqueles e condenar estes. Em Mateus
13:10, os discípulos perguntaram a Jesus o porquê de Ele falar por parábolas.
Jesus usava esse método em razão da diversidade de caráter, de nível
espiritual e de percepção moral de seus ouvintes (Mt.13:13). Em Marcos 4:10-12,
ao ser inquirido sobre o uso de parábolas, Jesus respondeu que as usava nos
seus ensinamentos por duas razões distintas: para ilustrar a verdade para
aqueles que estavam dispostos a recebê-la, e para obscurecer a
verdade daqueles que a odiavam.
Embora o método de
parábolas tenha sido praticado pelo Senhor Jesus com tanta maestria e esplendor
que, inevitavelmente, ainda hoje, quando falamos em parábolas, associemos esta
figura ao ministério de Jesus, o fato é que a parábola não foi uma criação do
Senhor, mas se tratava de um método muito comum entre os escribas e mestres
israelitas, para não falar até nos povos antigos, em geral.
As Parábolas estão
registradas em toda a Bíblia Sagrada, só que em maior quantidade no Novo Testamento.
Parábolas no Antigo Testamento.
Segundo R.N. Champlin, o
Antigo Testamento registra 11(onze) parábolas. Veja, a seguir, algumas:
·
Os moabitas e os israelitas. O
narrador foi Balaão, no monte Pisga (Nm.23:24).
·
As árvores que escolheram um rei. Foi
contada por Jotão, no monte Gerizim (Jz.9:7-15), parábola que alguns consideram
como sendo uma fábula[observação nossa].
·
A ovelha e o pobre. Foi narrada pelo
profeta Nata, em Jerusalém (2Sm.12:1-5)
·
O conflito entre irmãos. Uma mulher
de Tecoa contou-a, emJerusalém (2Sm.14:9)
·
O prisioneiro que escapou. Um jovem
profeta, perto de Samaria, apresentou essa parábola (1Rs.20:25-49)
·
O espinheiro e o cedro. O rei Joás a
contou, em Jerusalém (2Rs.14:9)
·
A videira que deu uvas bravas. Isaías
contou essa parábola, em Jerusalém (Is.5:1-7).
·
As águias e a vinha (Ez.17:3-10).
Autor: Profeta Ezequiel, na Babilônia.
·
Os filhotes de leão (Ez.19:2-9).
Autor: Profeta Ezequiel, na Babilônia.
·
O caldeirão fervente (Ez.24:3-5).
Autor: Profeta Ezequiel, na Babilônia.
·
Israel como a vinha perto da água
(Ez.24:10-14). Autor: Ezequiel, na Babilônia.
Desta maneira, ao usar do
método das parábolas, Jesus mostra que não inovava, se bem que, como ninguém,
usaria este método.
No Antigo Testamento, quase
sempre a Parábola está vinculada ao ofício profético. Eram os profetas, na
maioria das vezes, quem usavam deste expediente para trazer suas mensagens ao
povo, a mostrar, assim, que a Parábola era um meio pelo qual Deus procurava
transmitir um ensinamento, uma orientação, fazer uma advertência para o seu
povo. Na Antiga Aliança, esta era a função do ofício profético, que era o
porta-voz do Espírito do Senhor para Israel.
A Parábola, assim,
desempenha este papel de comunicação direta entre Deus e o homem. Deste modo,
vemos que Jesus não poderia deixar de usar do expediente das parábolas na
pregação do Evangelho.
Sendo o ofício profético um
de seus ofícios, Cristo também teria de, a exemplo dos profetas que o
antecederam, usar deste método que, afinal de contas, era um método bem
conhecido do povo israelita. Tendo a missão de fazer conhecido o Pai aos homens
(João 15:15), o Senhor tinha de trazer Deus ao nível do intelecto humano, e
isto impunha o uso de uma linguagem que fosse acessível ao ser humano.
O uso das Parábolas,
portanto, era um dos métodos mais apropriados, porque, além de ser conhecido da
população em geral, dava plenas condições para que houvesse a compreensão da
parte dos ouvintes.
Parábolas
no Novo Testamento.
Os eruditos divergem quanto
ao número de Parábolas que os Evangelhos registram. Entendem alguns que as
parábolas seriam 30(trinta), enquanto outros chegam até ao número de
41(quarenta e uma) ou 45 (quarenta e cinco) Parábolas de Jesus, todas elas
constantes dos chamados “evangelhos sinóticos”, ou seja, Mateus, Marcos e
Lucas, evangelhos que têm como objetivo principal fazer um resumo histórico da
vida de Jesus sobre a face da Terra; diferentemente do Evangelho segundo
escreveu João, que, sem se preocupar em fazer uma síntese biográfica do Senhor,
tenta apenas mostrar a sua divindade, através dos seus discursos e de sete
milagres escolhidos pelo apóstolo evangelista. Assim, em João, em lugar das
Parábolas, temos discursos.
O que podemos afirmar, com
segurança, é que Jesus, o Mestre por Excelência, proferiu muitas, mas muitas
parábolas. Quantas foram? Não sabemos. A Bíblia não fala de números, apenas em
“muitas” - “E falou-lhe de muitas coisas
por parábolas...”(Mt.13:3); “E com muitas parábolas tais lhes dirigia a
palavra...E sem parábolas nunca lhes falava...”(Mc.4:33,34).
De tudo o que o Senhor
Jesus fez, e falou, nos seus três anos de Ministério, somente uma amostra foi
registrada nos quatro evangelhos. O Espírito Santo orientou o registro daquilo
que fosse necessário e suficiente para que pudéssemos crer.
“Jesus,
pois operou também, em presença de seus discípulos, muitos outros sinais, que
não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para que creiais
que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu
nome”(João 20:30,31).
Certamente que o mesmo
ocorreu quanto ao número das Parábolas por Ele proferidas. Ninguém pode afirmar
o número delas. Cremos que acertam aqueles que não arriscam a dizer quantas
foram, até porque a Bíblia diz que “com
muitas parábolas tais lhes dirigia a palavra...”. O Apostolo João
acrescentou que “há, porém, ainda muitas
outras coisas que Jesus fez; e, se cada uma das quais fosse escrita, cuido que
nem ainda o mundo todo poderia conter os livros que se escrevessem. Amém!”
(João 21:25).
Você poderá dizer que não
sabemos quantas Parábolas o Senhor proferiu, mas podemos afirmar quantas foram
registradas nos quatros Evangelhos. Também não podemos afirmar isso.
Alguns afirmam não existir
uma só parábola no Evangelho de João; outros, no entanto, identificam várias,
tais como a Parábola do Bom Pastor (João 10:1-16) e a Parábola da Videira e os
Ramos (João 15:1-6).
Dos quatro Evangelistas, Lucas
foi o que mais fez uso das Parábolas de Jesus – 32 Parábolas são encontradas no seu Evangelho. Acreditamos que
Lucas, como escreveu o seu Evangelho para os gregos, ele quis mostrar-lhes que
Jesus, o Mestre por Excelência, foi muito superior aos maiores de seus mestres
e filósofos, como Sócrates, Platão e Aristóteles.
Eis a relação das Parábolas
de Jesus nos Evangelhos sinóticos. São 45(quarenta e cinco):
- O
Semeador (Mt.13.5-8; Mc.4:3-20).
- O
Joio (Mt.13.24-30).
- O
Grão de Mostarda (Mt.13.31,32; Mc.4:30-32; Lc.13:18,19).
- O
Fermento (Mt.13.33; Lc.13:20,21).
- O
Tesouro Escondido (Mt.13.44).
- A
Pérola (Mt.13.45,46).
- A
Rede (Mt.13.47-50).
- A
Ovelha Perdida (Mt.18.12-14; Lc.15:3-7).
- O
Credor Incompassivo (Mt.18.23-35).
- Os
Trabalhadores da Vinha (Mt.20.1-16).
- Os
Dois Filhos (Mt.21.28-32).
- Os
Lavradores Maus (Mt.21.33-46; Mc.12:1-12; Lc.20:9-19).
- As
Bodas (Mt.22.1-14).
- As
Dez Virgens (Mt.25.1-13).
- Os
Talentos (Mt.25.14-30).
- A
Semente (Mc.4.26-29).
- Os
Dois Devedores (Lc.7.41-43).
- O
Bom Samaritano (Lc.10.25-37).
- O
Amigo Importuno (Lc.11.5-8).
- O
Rico Louco (Lc.12.16-21).
- A
Figueira Estéril (Lc.13.6-9).
- A
Grande Ceia (Lc.14.16-24).
- A
Dracma Perdida (Lc.15.8-10).
- O
Filho Pródigo (Lc.15.11-32).
- O
Administrador Infiel (Lc.16.1-9).
- O
Rico e Lázaro (Lc.16.19-31).
- Os
Servos Inúteis (Lc.17.7-10).
- O
Juiz Iníquo (Lc.18.1-8).
- O
Fariseu e o Publicano (Lc.18.9-14).
- As
Dez Minas (Lc.19.12-27).
- Os
dois alicerces (Mt.7:24-27).
- Remendo
novo em vestes velhas (Mt.9:16, Mc.2:21, Lc.5:36).
- Vinho
novo em odres velhos (Mt.9:17; Mc.2:22; Lc.5:37,38).
- O
espírito imundo (Mt.12:43-45, Lc.11:24-26).
- A
figueira florescente (Mt.24:32,33; Mc.13:28,29; Lc.21:29-31).
- O
dono de casa e o ladrão (Mt.24:42-44, Lc.12:36-40).
- O
mordomo sábio (Mt.24:45-51; Lc.12:42-48).
- As
ovelhas e os bodes (Mt.25:31-37).
- Os
servos vigilantes (Mc.13:34-37; Lc.12:35-38).
- O
conviva importuno (Lc.14:7-11).
- A
torre (Lc.14:28-30).
- O
rei em preparativos de guerra (Lc.14:31-33).
- Coisas
novas e coisas velhas (Mt.13:51,52).
- Jejum
e casamento (Mt.9:14,15; Mc.2:18-22; Lc.5:33-35).
- Os
meninos na praça (Mt.11:16-19; Lc.7:31-35).
Embora tenhamos relacionado
45 parábolas, somos do entendimento de que a história de rico e Lázaro não é
uma Parábola, mas uma história verídica narrada por Jesus, tanto que uma
personagem é chamada pelo nome, o que não ocorre em nenhuma outra Parábola.
Ao lermos as Parábolas de
Jesus, devemos sempre lembrar que o ministério do ensino na Igreja deve ser
exercido com simplicidade, pois não será a complicação, a erudição excessiva,
que conferirá profundidade ao ensino, e as Parábolas são a prova disto.
O ensino da Palavra de Deus
deve ser universal, deve visar a todos os que se dispuserem a ouvi-lo, e nós
temos o dever de transmitir a Palavra da forma mais acessível possível, para
que sejamos entendidos pelos ouvintes. A mensagem do Evangelho é para todo o
mundo, para toda a criatura (Mc.16:15) e, por isso, temos de usar de uma
linguagem facilmente acessível, como eram as Parábolas de Jesus.
Ao usar Parábolas em Seu
ensino, Jesus confirma que veio para todos os homens, não para alguns
escolhidos. Trazendo ensinos que eram acessíveis a todos, o Senhor deu real
oportunidade a pessoas de todas as camadas sociais, grandes e pequenos, sábios
e indoutos, homens e mulheres, para que O conhecessem e a Deus Pai. Estudar as
Parábolas de Jesus, portanto, faz-nos ver, de forma simples e profunda, quanto
Deus está interessado em que O conheçamos e quanto Ele nos ama.
Por fim, assim como Jesus
utilizou de realidades do cotidiano das pessoas para ensinar as verdades
eternas, também precisamos, na atualidade, contextualizar a Palavra de Deus,
fazendo com que as Parábolas sejam, também, fontes de ensinos preciosos para os
nossos dias, até porque, como ensinava Salomão, “não há nada de novo debaixo do
sol” (Ec.1:9,10).
Que, ao término deste
trimestre letivo, tenhamos não só aprendido as profundas realidades espirituais
contidas nas Parábolas do nosso Supremo Mestre, como também tenhamos aprendido
com Ele como devemos ensinar a Sua Palavra com profundidade, mas sem nunca
deixar a simplicidade que nEle há.
Ev.
Luciano de Paula Lourenço