3º Trimestre/2018
Texto Base: Levítico 24:1-4
09/09/2018
“Falou-lhes, pois, Jesus outra
vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas
terá a luz da vida” (João 8:12).
INTRODUÇÃO
Nesta Aula trataremos a respeito do significado de um dos objetos de
maior destaque do Tabernáculo: o Candelabro de sete hastes. Era de maior
destaque por ser todo de ouro batido e pela luz que emitia de forma contínua.
Ficava no lado esquerdo de quem entrava no Santuário. Tinha sete lâmpadas. Ele
simbolizava o povo de Deus, Israel. Ensinava que Israel devia ser “luz dos
gentios” (Is.49:6; 60:1-3; Rm.2:19), dando testemunho ao mundo por meio de uma
vida santa e da mensagem proclamada do Senhor. Israel havia sido escolhido por
Deus para testemunhar o único criador de todas as coisas. O povo não podia deixar
de representar esse reino divino um dia sequer. Por isso, a luz do Candelabro
não podia se apagar. O Candelabro, também, prefigura a Igreja de Jesus Cristo
(Ap.1:20). Assim como o tronco do candelabro unia os sete braços e suas
lâmpadas, assim também Jesus Cristo está no meio de suas igrejas e as une.
Embora as igrejas locais sejam muitas, constituem uma só Igreja em Cristo (Hb.12:23).
Hoje, pela fé em Jesus Cristo, fomos feitos reis e sacerdotes e temos a
responsabilidade de ser “luz do mundo” (Mt.5:14).
I. O CANDELABRO DE OURO
O Candelabro (hb.menorah) era
uma peça sólida fabricada em ouro puro, contendo sete hastes, cada uma
terminando em um cálice com pavio para queimar óleo. As sete lâmpadas formavam
uma única lâmpada, e em alusão a isto o bendito Espírito da graça é
representado por sete lâmpadas de fogo diante do trono (Ap.4:5).
A localização do Candelabro no Lugar Santo do Tabernáculo ficava no lado
esquerdo, para quem entrava no Lugar Santo, defronte da mesa dos pães asmos da
proposição (Êx.40:24) - “Pôs também na
tenda da congregação o castiçal defronte da mesa, ao lado do tabernáculo para o
sul”. Esta posição foi uma ordenança do Senhor (Nm.8:2,3). Nessa posição, o
candelabro, plenamente aceso, proporcionava uma visão única e emblemática da
glória de Deus. A luz brilhava sobre a “área na frente do candelabro”,
iluminando assim o Lugar Santo, que continha também o Altar de Ouro para
incenso. Se por um lado, lembrava o próprio Cristo, por outro, fazia uma clara
referência à Jerusalém Celeste (Ap.1:12,13; 21:23,24).
As lâmpadas do Candelabro precisavam ficar acessas continuamente, e para
isso o povo tinha que fornecer o azeite, o combustível que alimentava as
chamas. Era necessário encher o candelabro com azeite puro de oliveira a fim de
que ardesse e iluminasse ao seu redor. O azeite é símbolo do Espirito Santo. Se
o crente não tem a presença e o poder do Espírito em sua vida, não será uma boa
testemunha.
Todos os dias um sacerdote trazia azeite fresco para o Candelabro, de
modo que a luz ardesse desde a tarde até o amanhecer (Ex.27:20,21). Do mesmo
modo o crente necessita receber todos os dias o azeite do Espirito Santo
(Sl.92:10) para que sua luz brilhe diante dos que andam na escuridão
espiritual. Se a Igreja de Cristo vier a perder o seu fulgor, que diferença
haverá entre nós e o mundo? É chegada a hora, pois, de mantermos nossas
lâmpadas acesas, pois o Cordeiro de Deus anda por entre os candelabros, exigindo,
de cada um de nós, perfeito brilho (Ap.1:13).
1. O fabrico do Candelabro. O fabrico desse emblemático objeto foi ordenado por Deus (Êx.25:31-40). O
Senhor ordenou que fabricasse um Candelabro e o colocasse no Santuário, com
azeite para garantir a luz das lâmpadas (Êz.25:6), a fim de mostrar ao povo de
Israel que este fora separado para exercer a função profética, sacerdotal e
real no mundo. Era plano de Deus que, por intermédio dos israelitas, todos os
povos viessem a ser abençoados com a vinda do Messias, Jesus Cristo. Veja a
ordenança de Deus:
31. Também farás um castiçal de ouro puro; de
ouro batido se fará este castiçal; o seu pé, as suas canas, as suas copas, as
suas maçãs e as suas flores serão do mesmo.
32. E dos seus lados sairão seis canas: três
canas do castiçal de um lado dele e três canas do castiçal do outro lado dele.
33. Numa cana haverá três copos a modo de
amêndoas, uma maçã e uma flor; e três copos a modo de amêndoas na outra cana,
uma maçã e uma flor; assim serão as seis canas que saem do castiçal.
34. Mas no castiçal mesmo haverá quatro copos
a modo de amêndoas, com suas maçãs e com suas flores;
35. e uma maçã debaixo de duas canas que saem
dele; e ainda uma maçã debaixo de duas outras canas que saem dele; e ainda mais
uma maçã debaixo de duas outras canas que saem dele: assim se fará com as seis
canas que saem do castiçal.
36. As suas maçãs e as suas canas serão do
mesmo; tudo será de uma só peça, obra batida de ouro puro.
37. Também lhe farás sete lâmpadas, as quais
se acenderão para alumiar defronte dele.
38. Os seus espevitadores e os seus apagadores
serão de ouro puro.
39. De um talento de ouro puro os farás, com
todos estes utensílios.
40. Atenta, pois, que o faças conforme o seu
modelo, que te foi mostrado no monte.
A fabricação do Candelabro, conforme o modelo que o Senhor Jeová revelou
a Moisés (Êx.25:9,40; 39:43), foi feita sob a supervisão de Bezaleel, da tribo
de Judá (Êx.31:2), e Aoliabe, da tribo de Dã (Êx.31:6). Esse objeto sagrado foi
de tal forma trabalhado, que formava uma só peça com o seu pedestal, hastes,
cálices, maçanetas e flores. Toda a peça era rigorosamente simétrica e
harmônica para que a luz brilhasse com intensidade e a perfeição que Deus
requeria, tal como deve ser a luz que os filhos de Deus devem brilhar neste
mundo (Mt.5:16).
2. A Luz do Candelabro. Por si só o Candelabro não tinha o seu significado pleno, mas quando as
lâmpadas fossem acesas o seu real significado viria a ter a devida evidência e
importância. As lâmpadas acesas representavam a presença contínua de Deus entre
o seu povo (Jr.25:10; Ap.21:22-26). A congregação e Israel devia ter abundante
luz, vida e presença de Deus.
Mas, para que as lâmpadas fossem acessas era necessário combustível,
azeite. O Senhor ordenou que a congregação levasse o azeite para as lâmpadas. E
assim foi trazido, voluntária e generosamente, pela congregação de Israel
(Êx.25:6). Note que as lâmpadas não podiam continuar a arder sem a cooperação e
a obediência do povo.
“E falou o SENHOR a Moisés, dizendo: Ordena
aos filhos de Israel que te tragam azeite de oliveira, puro, batido, para a
luminária, para acender as lâmpadas continuamente. Arão as porá em ordem
perante o SENHOR continuamente, desde a tarde até à manhã, fora do véu do
Testemunho, na tenda da congregação; estatuto perpétuo é pelas vossas gerações.
Sobre o castiçal puro porá em ordem as lâmpadas perante o SENHOR continuamente”
(Lv.24:1-4).
O azeite do Candelabro tinha que ser puro, conforme modelo especificado
pelo Senhor Jeová. O "azeite puro" representa a graça do Espírito
Santo, baseada na obra de Cristo, representada por sua vez pelo Candelabro de
"ouro batido".
Observe que o azeite puro de oliveira era batido em vez de ser moído em
moinho – “Tu, pois, ordenarás aos filhos
de Israel que te tragam azeite puro de oliveiras, batido, para o candeeiro,
para fazer arder as lâmpadas continuamente” (Êx.27:20).
O azeite mais puro que dava melhor queima era obtido por este método,
usando azeitonas selecionadas antes de amadurecer. Este procedimento exigia
mais cuidados que o processo habitual; o azeite é amplamente considerado tipo
do Espirito Santo.
A "azeitona" era batida para dar o "azeite", e o ouro
era "batido" para formar o castiçal. Por outras palavras, a graça e
luz do Espírito estão baseadas na morte de Cristo e mantidas, com clareza e
poder, pelo sacerdócio de Cristo.
O azeite puro era para fazer arder as lâmpadas continuamente. Não
significava dia e noite, visto que as lâmpadas eram acesas à tarde (Êx.30:8;
1Sm.3:3). Este fogo tinha de estar aceso sempre pela noite inteira. Que
simbologia extraímos daqui? Jesus requer de cada um de nós uma luz de
comprovada excelência (Mt.6:23). Luz de comprovada excelência é aquela que
glorifica o Pai que está nos céus. Jesus disse: “Assim resplandeça a vossa luz
diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso
Pai, que está nos céus”. Nós somos a luz do mundo (Mt.5:14), que herdamos do
próprio Jesus (João 9:5).
A lâmpada de ouro espalhava a sua luz em todo o recinto do santuário,
durante as tristes horas da noite, quando as trevas cobriam toda a nação e
todos estavam envolvidos no sono. Em tudo isto temos uma intensa representação
da fidelidade de Deus para com o Seu povo, qualquer que pudesse ser a sua
condição exterior. As trevas e a sonolência podiam estender-se sobre eles, mas
a lâmpada devia arder "continuamente".
O sumo sacerdote tinha a responsabilidade de velar para que a luz do
testemunho ardesse durante as horas enfadonhas da noite - "Arão as porá em ordem perante o SENHOR
continuamente, desde a tarde até à manhã, fora do véu do Testemunho, na tenda
da congregação" (Lv.24:3).
Veja que a conservação da luz do Candelabro não dependia de Israel. Deus
havia ordenado alguém cujo dever era velar por ela e pô-la em ordem continuamente.
À luz do dia, Arão limpava o Candelabro e provia-o de azeite; e, quando a noite
chegava, ele já estava pronto a reluzir novamente. Portanto, para que a luz
perdurasse, era imperioso que Arão e seus filhos cuidasse diariamente do
Candelabro.
“Na tenda da congregação fora do véu, que está diante do Testemunho,
Arão e seus filhos as porão em ordem, desde a tarde até pela manhã, perante o
SENHOR” (Ex.27:21).
Tal é o trabalho dos ministros do Evangelho na Nova Aliança; eles devem
manter a Luz de Deus brilhando continuamente; eles devem apresentar a Palavra
de vida, não deve ascender novas lâmpadas, mas expor e pregar a Palavra,
tornando a sua Luz mais clara e abrangente. Não somente os ministros, mas todos
os sacerdotes da Nova Aliança (1Pd.2:9) devemos agir em relação ao mundo. Só
viremos a reluzir se nos dermos à leitura da Bíblia Sagrada, à oração, ao jejum
à comunhão dos santos e ao serviço cristão.
Observe que para manter a luz brilhando continuamente, era preciso: (a) o
trabalho do povo: a preparação (Êx.27:20a); (b) o trabalho dos ministros: a
perpetuação (Êx.27:21); (c) o trabalho do Espirito Santo: a iluminação (Êx.27:20b).
II. JESUS, A LUZ ETERNA E PERFEITA
O Candelabro de ouro apontava para Jesus Cristo, a luz eterna e perfeita,
mas também simboliza a sua Igreja e cada um de nós.
1. Jesus, a Luz do mundo. De todos os seres vivos do planeta, pouquíssimos são os que podem viver
sem luz. Para o ser humano a luz é crucial. Espiritualmente, milhões de pessoas
vivem imersas em verdadeira escuridão espiritual. Por isso Jesus disse as
palavras de João 8:12: “Eu sou a luz do
mundo; quem me segue de modo algum andará em trevas, mas terá a luz da vida”.
- Jesus é a
Luz do mundo. Ao se declarar como
sendo a própria luz, Jesus estava reivindicando a Sua própria divindade. Na
Bíblia, o termo “luz” simboliza a santidade de Deus (cf. Salmo 27:1; 36:9; Atos
9:3; 1João 1:5). Como luz, Jesus ilumina a verdade, dá às pessoas o
entendimento espiritual, nos revela o próprio Deus- e aquilo que Ele tem feito
por nós.
- Jesus é a
Luz do mundo. Afirmando ser a Luz do
mundo, Jesus definiu a sua posição incomparável como a única luz verdadeira
para todas as pessoas, não apenas para os judeus (Is.49:6). Ele veio a este
mundo exatamente para iluminar as regiões da sombra e morte (Is.9:2). A morte traz
trevas eternas, porém, seguir Jesus significa não tropeçar nas trevas, e sim,
ter a luz que conduz à vida. Os crentes não andam mais cegamente em pecado; em
vez disso, a luz de Jesus mostra o pecado e a necessidade de perdão; traz
direção e conduz cada um de nós à vida eterna com Ele.
- Jesus é a Luz
do mundo. Sem Jesus, o mundo está
mergulhado em densas trevas. Sem Jesus, prevalece a ignorância espiritual. Sem
Jesus, as pessoas estão cegas e não sabem para onde vão. Sem Jesus, as pessoas
estão perdidas, confusas e sem rumo. Sem Jesus, as pessoas caminham para as
trevas eternas.
- Jesus é a
Luz do mundo. Ele é o único que pode
trazer salvação para este mundo amaldiçoado pelo pecado. Para as trevas da
falsidade, Ele é a luz da verdade; para as trevas da ignorância, Ele é a luz da
sabedoria; paras as trevas do pecado, Ele é a luz da santidade; para as trevas
do sofrimento, Ele é a luz da alegria; e para as trevas da morte, Ele é a luz
da vida.
A Luz, portanto, está intimamente ligada à vida. João afirmou: “Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens”(João 1:4). Rejeitar a luz é recusar a vida, é morrer.
Naturalmente, nós fomos feitos para a vida, para a luz; só existimos sob o sol.
Nossos olhos foram feitos para a luz; sem ela, eles são inúteis; se não se
abrem à luz, ficam cegos. A noite é somente o manto que o sol estende sobre nós
para que repousemos, enquanto ele nos vigia e acalanta com a luz das estrelas,
acordando-nos ao amanhecer, para dele nos alimentarmos. Não fomos feitos para
viver num constante sono, às escuras. Somos como as plantas, que precisam da
luz para realizar a fotossíntese. Portanto, sem a luz não há vida; sem Jesus
não há vida. Jesus é categórico em afirmar que aqueles que o seguem não andarão
em trevas (João 8:12b), mas terão a luz da vida. A vida com Jesus é uma jornada
na luz da verdade, na luz da santidade e na luz da mais completa felicidade.
2. A Igreja é a luz do mundo. A Igreja de Cristo é a luz do
mundo, ela resplandece no mundo; Ela herdou do Senhor Jesus a responsabilidade
de brilhar no mundo como luz do Senhor. Segundo o apóstolo Paulo, nós
resplandecemos "como astros no mundo" (Fp.2:15). Assim, somos herdeiros
do nosso Senhor para iluminar o mundo.
O apóstolo João, em sua visão do Cristo glorificado, viu Jesus andando
livremente entre os candelabros – “E
virei-me para ver quem falava comigo. E, virando-me, vi sete castiçais de ouro;
e, no meio dos sete castiçais, um semelhante ao Filho do Homem, vestido até aos
pés de uma veste comprida e cingido pelo peito com um cinto de ouro”
(Ap.1:12,13).
Observe que antes de ver o Noivo, Jesus, em seu fulgor e majestade, João
viu a Noiva, a Igreja; ele a vê como a luz do mundo (Ap.1:12); antes de ter a
visão do Cristo exaltado, João teve a visão da Igreja. Isso significa que ninguém
verá a Jesus em glória senão por meio da sua Igreja aqui na terra. O mundo vê
Cristo através da Igreja e no meio da Igreja.
Você precisa da Igreja. O que é a Igreja? Ela é a luz do mundo. Por isso,
ela é comparada a candelabro (castiçais), a sete candelabros (Ap.1:20), que tem
o dever de refletir luz. Se uma lâmpada do candelabro deixar de proporcionar
luz ela será afastada (Ap.2:5).
A luz da Igreja é emprestada ou refletida, como a da lua. Se as lâmpadas
têm de luzir, elas devem permanecer na presença de Cristo. Cristo está não
apenas entre as igrejas, mas as têm em suas próprias mãos; Ele tem o controle
total de tudo.
A figura do Candelabro, portanto, é um símbolo incomum para representar o
caráter sobrenatural da Igreja, seja através dos seus membros, seja através dos
seus líderes, as estrelas (Ap.1:20). Na descrição do apóstolo, observamos que
somente a luz do Cordeiro é capaz de levar os castiçais a refulgirem.
3. O crente como luz do mundo. Jesus disse: “Vós sois a luz do
mundo...”(Mt.5:14). Veja que o Senhor Jesus declarou ser Ele próprio a Luz do
mundo enquanto estava no mundo –“enquanto
estou no mundo, sou a luz do mundo”(João 9:5). Ele quis dizer que, depois
de Sua ascensão, os discípulos seriam a luz do mundo ao refletir a Sua luz.
Assim como Jesus Cristo é a Luz do mundo, os seus seguidores devem
refletir a Sua Luz. Nós recebemos dele essa luz para alumiarmos o mundo. Os
seguidores de Jesus não devem tentar ocultar a sua luminosidade, como se
tivessem acendido uma lâmpada para depois escondê-la; não “se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas, no velador, e
dá luz a todos que estão na casa” (Mt.5:15). Ser discípulo de Cristo
significa difundir luz a todos aqueles com quem tivermos contato.
Mediante o comportamento e testemunho. O crente não pode esconder a sua
luz, mas deve irradiar a luz do Evangelho mediante o seu comportamento e
testemunho aos que se encontram ao seu redor. A finalidade disto não é granjear
agradecimentos e louvor para si, mas fazer com que o seu Pai que está nos céus
seja glorificado por aqueles que veem as boas coisas que ele faz, sendo assim
por sua vez iluminados pelo Evangelho de Cristo. Jesus disse: “Assim
resplandeça a vossa luz diante dos homens...” (Mt.1:16). Assim como a luz
brilha a partir de um pedestal, os discípulos de Cristo devem deixar sua luz
brilhar perante os outros “... para que vejam as vossas boas obras e
glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus” (Mt.5:16). Jesus deixou bem claro
que não haveria nenhum erro quanto à fonte das boas obras de um crente. A luz
do crente não brilha para ele mesmo; essa luz deve ser refletida em direção ao
Pai, levando as pessoas a Ele.
Somos exortados a brilhar não somente como um candelabro, mas como
verdadeiros astros (Fp.2:15). O crente brilha pelo Senhor Jesus, tendo em si a
luz do Evangelho, da qual dá testemunho aos que o rodeiam. Veja o exemplo de
Estêvão; a sua luz brilhou de tal forma, que os seus algozes viram-lhe o rosto
como se fosse a face de um anjo (At.6:15). Apesar de apedrejado, o seu testemunho
ainda hoje reluz, legando-nos um exemplo de pureza, fé e coragem.
Portanto, ser
Luz do mundo significa:
- Iluminar o mundo. Ou seja, fazer resplandecer a luz do
Evangelho de Cristo (2Co.4:4), o que somente se faz quando praticamos a
verdade, quando temos um comportamento de total submissão às Escrituras (2Co.4:2).
Quando vivemos conforme a Palavra de Deus, os homens veem que estamos na luz e
identificam que somos filhos de Deus e, por isso, glorificam ao nosso Pai que
está nos céus, pois sabem que nossas obras são boas (Mt.5:16).
- Ter
comunhão com Deus. O que significa viver sem
pecar e, se pecarmos por acidente, pedirmos imediatamente perdão a Deus e a
quem ofendermos, como também termos comunhão uns com os outros, com a “família
de Deus”(Ef.2:19), pois só assim teremos condição de estar debaixo do poder
purificador do sangue de Cristo (1João 1:5-7).
- Amar o
próximo como a si mesmo. Não
é apenas dizer que amamos, mas tomarmos atitudes reais que demonstram o nosso
amor pelo outro (1João 3:17-19), guardando, assim, os mandamentos do Senhor (1João
3:24).
- Trazer calor
para o mundo. A luz também produz
calor e é necessário que o cristão traga, ao mundo, fervor espiritual
(Rm.12:11). Para termos fervor espiritual, faz-se mister que vivamos uma vida
de santificação, de oração e de jejum, para que sejamos vasos de honra na casa
do Senhor e nossas palavras possam “ferver”, atingindo os corações (Sl.45:1).
Uma vida de separação do pecado é indispensável para que tenhamos “fervor”, que
não se confunde com “barulho” nem tampouco com “emocionalismo” ou “movimentos
carnais”.
- Produzir ânimo. O cristão verdadeiro traz ânimo e estimula
os demais a buscar a Deus, a temer a Deus. O verdadeiro cristão é um dínamo,
uma testemunha de Cristo que, revestida de poder, leva multidões aos pés do
Senhor com o seu exemplo (1Pd.2:21). Quando o cristão vive uma vida de
sinceridade, todos que estão à sua volta percebem a sua condição de santo homem
de Deus (2Rs.4:9) e, por isso, passam a desejar a sua companhia, ainda que
inconscientemente, pois todo homem tem dentro de si um vazio do tamanho de
Deus. Muitas vidas têm se rendido a Cristo por causa do testemunho da “luz do mundo”,
que está a brilhar pelo mundo afora (Fp.2:15).
III. MANTENDO A LUZ BRILHANDO CONTINUAMENTE
“A fim de que a nossa luz brilhe continuamente, mantenhamos estas três
coisas básicas: nossa união com Cristo, nossa comunhão fraternal e nosso
testemunho diário”.
1. Nossa união com Cristo. Para reluzirmos como luz do mundo, nossa união com Cristo é
imprescindível. Mas como saber que temos união com Cristo? Somente através de
sinais visíveis e sensíveis, que não deixa margem a dúvidas, comprovamos se uma
pessoa vive, ou não, uma vida de União com Cristo. Se nossas palavras conferem
com nossas obras, ou atos; se o nosso testemunho pessoal é compatível com o
viver em Cristo e para Cristo, então há um grande indicio de que temos união
com Cristo. Não basta apenas dizermos, com palavras, que somos cristãos, ou que
somos crentes, precisamos através de nosso testemunho, ou da nossa maneira de
viver, tornar visíveis as evidências da nossa união com Cristo.
É a nossa união com Cristo que nos mantém salvos (João 15:4,10). E essa
união não consiste numa simples relação afetiva com Jesus, mas numa inserção
integral no Ser divino (João 15:5,6).
“Eu sou a videira, vós, as varas; quem está em
mim, e eu nele, este dá muito fruto, porque sem mim nada podereis fazer. Se
alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os
colhem e lançam no fogo, e ardem”.
Portanto:
- Tornar-se evangélico
não é uma evidência de união com Cristo. Na igreja de Antioquia, as evidências da união com Cristo eram
comprovadas pela mudança de vida que as pessoas podiam constatar na vida dos
então chamados crentes ou cristãos. A denominação que se dava não era
evangélica, mas cristãos: “... e em
Antioquia foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos” (Atos
11:26). Isto aconteceu por causa das evidências da união com Cristo que havia
na vida daqueles irmãos.
- O batismo nas águas não
é uma evidência da nossa união com Cristo. O batismo nas águas é um ato material e visível, realizado pelo pastor.
Por ele o homem adquire o direito de ser membro de uma igreja evangélica, mas,
não o direito ou privilégio de ser membro do corpo de Cristo, que é a igreja
triunfante - ”A universal assembleia e
Igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus”(Hb.12:23). Nesta
Igreja só se entra através do Novo Nascimento, e este só se torna possível
quando o homem crê no evangelho de Cristo. Portanto, qualquer pessoa que tenha
sido atraída por promessas materiais, ou que tenha sido convencida por
argumento humano, vindo a passar pelo batismo nas águas, este não terá nenhum
valor, não serve como evidência de nossa união com Cristo.
- O batismo no Espírito
Santo não é uma evidência de nossa união com Cristo. Talvez esta afirmação “apriori” assuste
alguém. É evidente que o batismo no Espírito Santo, genuinamente bíblico, é uma
promessa para os salvos, conforme Pedro afirmou em Jerusalém no dia de
Pentecostes (Atos 2:38), mas, se o crente que foi batizado com o Espírito Santo
não soube conservar a santidade de seu corpo, mas entregou-se ao pecado, deixou
de ser o templo e a morada do Espírito Santo, conforme João 14:23 e 1Co.3:16.
Desta feita, o fato de ter sido batizado no Espírito Santo não é uma evidência
de estar em união com Cristo. Veja o caso de Demas, cooperador de Paulo:
“Porque Demas me desamparou, amando o presente século...” (2Tm.4:10.
- Prosperidade, riquezas materiais,
saúde física não são evidências da nossa união com Cristo. As grandes fortunas do mundo ou de nossa
cidade não estão nas mãos dos filhos de Deus, dos crentes fiéis, mas estão nas
mãos de pessoas que pecam contra Deus de forma deliberada. Assim, para o crente
fiel, o importante não é o que tem agora, mas, o que ele terá no futuro.
Portanto, todos os sinais de prosperidade, de riquezas, de saúde física,
visíveis nos pecadores, não são evidências de que estão em união com Cristo.
“...porque a vida de qualquer não consiste na
abundância do que possui”(Lc.12:15); “Se esperamos em Cristo só nesta vida,
somos os mais miseráveis de todos os homens” (1Co.15:19).
Devemos ser semelhantes a um candelabro que, para manter uma iluminação
contínua, é preciso que suas hastes conduzam o azeite para iluminação de forma
ininterrupta. Bem diz o Pr. Claudionor de Andrade: “Jesus é a “oliveira”, na
qual fomos enxertados (Rm.11:17-24). Unidos a Ele, jamais nos faltará o
precioso azeite, para vivermos uma vida plena e vitoriosa” (1João 2:20).
2. Nossa comunhão fraternal. A ”Comunhão” é a principal característica da Igreja. É a sua marca
perante a humanidade, a característica indispensável para que o Senhor possa
realizar a sua obra através do seu povo. Pela comunhão, a Igreja mostra-se como
um povo perante os demais seres humanos e, graças a ela, pode cumprir todas as
tarefas determinadas a ela.
Argumenta o Pr. Claudionor de Andrade: “o candelabro, embora se
destacasse por seus ricos e variados detalhes, formava uma única peça (Êx.25:31).
O mesmo podemos dizer da Igreja de Cristo. Embora formada por membros de várias
procedências e origens, constitui um único corpo (1Co.12:13). Agora, todos
somos um em Cristo” (Rm.12:5).
Portanto, só existe um corpo de Cristo, uma Igreja, um rebanho, uma
Noiva. Todos aqueles que nasceram de novo e foram lavados no sangue do Cordeiro
fazem parte dessa bendita família de Deus. Esta unidade é construída sobre o
fundamento da verdade (Ef.4:1-6). Esta unidade não é externa, mas interna. Ela
não é unidade denominacional, mas espiritual. Por isso, a tendência ecumênica
de unir todas as religiões, afirmando que doutrina divide enquanto o amor une é
uma falácia. Não há unidade cristã fora da Verdade.
A Igreja não é um clube de amigos ou uma associação humana secular,
também não é uma empresa; é o conjunto ou comunhão dos redimidos em Cristo, que
compartilham da “unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (Ef.4:3); é o corpo
místico de Cristo, e cada crente em particular é membro desse corpo glorioso
(1Co.12:12,13). Se os membros desse corpo se amarem como Cristo recomenda,
serão conhecidos como seus discípulos (João 13:35) – “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos
outros”.
Uma vez que o crente é Templo e habitação do Espírito de Deus (João
14:16,17; Rm.8:14; 1Co.3:16; 6:19), somos todos “um só corpo” (Ef.4:4),
servindo e amando a “um só Senhor”, compartilhando de “uma só fé”, “um só
batismo”, “uma só esperança”, “um só Deus e Pai de todos” (Ef.4:5,6). Uma
igreja unificada é uma fortaleza extraordinária contra qualquer inimigo.
Portanto, como o Candelabro de sete lâmpadas, a Igreja de Cristo deve ser
reconhecida por sua unidade, por seu amor fraternal e por sua comunhão no
Espírito Santo (2Co.13:13). Não há luz tão intensa como a comunhão cristã.
Guardemos, pois, a “unidade do Espírito pelo vínculo da paz”.
3. Nosso testemunho diário. O testemunho de uma vida transformada muitas vezes fala mais alto que as
palavras ditas na pregação do evangelho. Os descrentes não leem a Bíblia, senão
no testemunho dos crentes. Pedro orienta que as mulheres ganhem seus maridos
pelo seu procedimento (1Pd.3:1,2).
No princípio da Igreja os crentes tinham um testemunho tal que as pessoas
não ousavam se aproximar e se misturar com eles (cf. At.5:13); pela sua vida de
santidade, pela sua comunhão com o Senhor, geravam temor, respeito e estima
entre os incrédulos. Isto também já presenciamos décadas atrás na nossa
sociedade em relação à igreja evangélica brasileira. Infelizmente, nos últimos
tempos, não há mais isto em nosso meio. Pelo contrário, não são poucos os
crentes que fazem questão de se parecer com os incrédulos; não são poucos os
crentes que querem se envolver, se misturar com os incrédulos, de tal maneira
que já não é tão fácil identificar uma pessoa que se diz crente da que não é.
Não estou aqui falando de aparência, de vestimenta ou de coisas semelhantes,
mas de algo muito mais profundo: de uma espiritualidade diversa.
Segundo Paulo, o testemunho do cristão deve ser confirmado pela sua maneira de andar e pelo seu falar - “Andai com sabedoria para com os que estão de
fora... A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal...”. Fica claro que o crente não pode separar o que ele faz daquilo que
ele é. Não tendo uma maneira de andar conforme deve andar um seguidor de Jesus, então, também, não pode falar
que é um crente em Jesus. Conta-se
que um “crente” estava falando
de Jesus e de sua Palavra. Uma pessoa que o conhecia, disse-lhe: “O que você faz fala tão alto que eu não
consigo ouvir o que você diz”. Assim,
para poder dizer que é um discípulo de Jesus, para poder dar o seu testemunho
de crente, para que a sua luz continue
brilhando é preciso viver como um discípulo de Cristo e andar como Ele andou.
É bastante audível a exortação de Pedro: “Tendo o vosso viver honesto entre os
gentios, para que naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores,
glorifiquem a Deus no Dia da visitação, pelas boas obras que em vós observe”(1Pd.2:12).
Tem você vivido como cristão? Como está o seu testemunho como salvo? Pode
o mundo ver a luz de Cristo sendo refletida por você cotidianamente? Se o nosso
testemunho diário está intimamente relacionado à luz de Cristo, então nosso
candelabro cumpre fielmente a sua missão: ser luz do mundo (Mt.5:14).
O Candelabro era adornado por figuras de amendoeiras, nas quais brotavam
a luz gloriosa (Êx.25:33). Isto nos faz lembrar a visão de Jeremias. Deus
mostrou ao profeta Jeremias “uma vara de amendoeira” (Jr.1:11,12), e “vara”,
como sabemos, indica orientação, direção, julgamento. A Palavra de Deus é um
guia para o homem, é a seta que indica a Cristo, o Caminho que conduz à vida
eterna. O salmista exalta a Palavra como uma lâmpada: “Lâmpada para os meus pés
é tua palavra e luz, para o meu caminho” (Sl.119:105). A Palavra aponta qual
deve ser o Caminho a andar. No entanto, a Palavra é “uma vara de amendoeira”,
ou seja, ela nos julgará pela decisão que tomamos em relação a ela, um
julgamento que é, como a amendoeira, pronto, prioritário e que não poderá ser
impedido por ninguém – “Quem me rejeitar
a mim e não receber as minhas palavras já tem quem o julgue; a palavra que
tenho pregado, essa o há de julgar no último Dia” (João 12:48).
CONCLUSÃO
Ao herdarmos de nosso Senhor a incumbência de ser Luz deste mundo não
podemos deixá-la que se apague. Devemos mantê-la brilhando continuamente. Isto
só é possível estando em Cristo, vivendo uma comunhão verdadeira com Ele. O que
nos mantém em comunhão com o Senhor é: a santificação contínua e incessante, sem
a qual ninguém verá o Senhor (Hb.12:14); a obediência à Palavra do Senhor,
porque ela é Lâmpada para os nós pês, e luz para o nosso caminho. Seguindo os
seus ditames não erraremos o alvo. Como está a nossa lâmpada? Está brilhando
intensamente e continuamente neste mundo tenebroso? Então tem azeite, tem o
Espirito Santo. Continuemos, pois, sempre assim, porque Jesus anda por entre os
candelabros, supervisionando-os, e quem não estiver brilhando Ele remove
(Ap.2:5). Que as nossas vestes estejam sempre alvas e que nunca falte azeite,
ou seja, o Espirito Santo, em nossa vida.
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no
Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo
Pentecostal.
Bíblia de estudo
– Aplicação Pessoal.
Comentário
Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário
Bíblico popular (Antigo Testamento) - William Macdonald.
Revista
Ensinador Cristão – nº 75. CPAD.
Comentário
Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do
Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Comentário
Bíblico Bacon.
C.H. Mackintosh.
Estudo sobre o Livro de Levítico.
Pr. Claudionor
de Andrade. Adoração, Santificação e Serviço – Os princípios de Deus para sua
Igreja em Levítico. CPAD.
Paul
Hoff – O Pentateuco. Ed. Vida.
Comentário
Bíblico Beacon. CPAD.
Victor P.
Hamilton - Manual do Pentateuco. CPAD.
Rev. Hernandes Dias
Lopes. Apocalipse. Hagnos.
A Paz de Cristo!
ResponderExcluirQue Deus conceda sempre a sabedoria dos altos céus para nos ajudar.
Parabéns! Pois tem sido de grande valia para minhas ministrações nas Escolas Bíblicas.
Um grande abraço!