domingo, 28 de julho de 2019

Aula 05 – A MORDOMIA DA IGREJA LOCAL – Subsídio


3º Trimestre/2019
Texto Base: Atos 9:31; 1Coríntios 1:1,2; Hebreus 10:24,25
04/08/2019
 “Escrevo-te estas coisas [...] para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade" (1Tm.3:14,15).
Atos 9
31-Assim, pois, as igrejas em toda a Judéia, e Galileia, e Samaria tinham paz e eram edificadas; e se multiplicavam, andando no temor do Senhor e na consolação do Espírito Santo.
1Coríntios 1
1-Paulo (chamado apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus) e o irmão Sóstenes,
2-à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados santos, com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso.
Hebreus 10
24-E consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras,
25-não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns; antes, admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais quanto vedes que se vai aproximando aquele Dia.

INTRODUÇÃO

Continuando o nosso estudo sobre Mordomia Cristã, trataremos nesta Aula a respeito da Mordomia da Igreja Local.
A “Igreja Local” nada mais é que um conjunto de pessoas que dizem crer em Jesus Cristo, que professam a sua doutrina e que se encontram numa determinada localidade. É uma reunião de pessoas que, chamadas por Deus, passam a obedecer às Escrituras e aos ensinos do Senhor Jesus, e, por isso mesmo, pregam a Cristo e ensinam a Palavra de Deus a todos quantos vivem naquele determinado lugar. A “igreja local”, portanto, é um grupo social, uma reunião de pessoas, uma partícula da “Universal Assembleia dos Santos”, do “Corpo de Cristo”.
A comunhão é a principal característica da Igreja local, é a sua marca perante a humanidade, é a característica indispensável para que o Senhor possa realizar a sua obra através do seu povo.
Pela comunhão, a Igreja mostra-se como um povo perante os demais seres humanos e, graças a ela, pode cumprir todas as tarefas determinadas a ela. Tanto assim é que o relato de Lucas a respeito da igreja do primeiro século termina com o cumprimento da principal missão da Igreja: “E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar”(At.2:47). Portanto, o modelo bíblico para o cristão envolve, necessariamente, o pertencimento a uma igreja local.
Nesta Aula refletiremos sobre as nossas responsabilidades na igreja local, na qual desenvolvemos nossa comunhão com o Pai Celeste e com os irmãos em Cristo.

I. A MORDOMIA DOS BENS ESPIRITUAIS

A mordomia dos bens espirituais envolve a valorização da Palavra de Deus, a evangelização, o discipulado e o uso dos dons espirituais.

1. A mordomia e a valorização da Palavra de Deus

Todos os cristãos genuínos reconhecem que a Bíblia é a Palavra de Deus porque ela mesma, diversas vezes, o afirma. “Assim diz o Senhor”, por exemplo, é uma expressão que aparece dezenas de vezes no Antigo Testamento. E mais, o cumprimento exato de tudo quanto nela está desde os primórdios da história da humanidade é a prova irrefutável de que ela é, sem sombra de dúvida, a Palavra de Deus, a revelação de Deus aos homens.
Muitos têm tentado, ao longo dos séculos, levantar-se contra o divino Livro, mas todos têm fracassado em seu intento de calá-lo ou desacreditá-lo, precisamente porque não se trata de uma obra feita pela mente, vontade ou imaginação humana, mas tem sua origem, sua concepção e o zelo pelo seu cumprimento diretamente em Deus.
Todos nós – membros, congregados, ministério eclesiástico – devemos, como mordomos das coisas sagradas, zelar pela Palavra de Deus, lendo-a, estudando-a em profundidade e realçando o seu inestimável e infinito valor.
Se a mordomia da Palavra for negligenciada, os prejuízos espirituais da congregação serão grandes e, quiçá, irremediáveis.
A Bíblia é um livro que não se destina a uma mera leitura; é um livro para se estudar, para que possa ser aplicado. Do contrário, é como engolir a comida sem mastigar, e depois colocá-la para fora novamente; não se ganha valor nutricional assim.
Estudar a Bíblia pode ser comparado a procurar por ouro. Se você fizer pouco esforço e simplesmente "procurar entre as pedras do rio" você apenas encontrará pó de ouro. Mas, quanto mais você se esforçar para "cavar o ouro", mais recompensa obterá por seus esforços.
Devemos ler e estudar a Bíblia porque é a palavra de Deus. Paulo escrevendo a Timóteo afirma que a Bíblia é "divinamente inspirada"(2Tm.3:16). Em outras palavras, é a Palavra de Deus a nós.
Muitas pessoas, cultas e simples, crentes e descrentes, fazem as seguintes perguntas: Qual o propósito da vida? De onde venho? Há vida após a morte? O que acontece após a morte? Como posso chegar ao céu? Por que o mundo está cheio do mal? Como posso ter um casamento bem-sucedido? Como posso ser um bom amigo? Como posso ser um bom pai ou uma boa mãe? Como posso mudar? O que realmente importa na vida? Como posso viver de modo a não olhar para trás e me arrepender? Como posso agradar a Deus? Como posso obter perdão? Como posso lidar com as circunstâncias injustas e acontecimentos ruins na vida de forma vitoriosa? Para todas essas perguntas a Bíblia tem a resposta.
A Bíblia Sagrada é a nossa regra de fé e prática, é o mapa do viajor, o cajado do peregrino, a bússola do piloto, a espada do soldado e o mapa do cristão; leia-a para ser sábio, creia nela para estar seguro e pra­tique o que nela está escrito, para ser santo; ela contém luz para dirigi-lo, alimento para sustê-lo, e consolo para animá-lo.

2. A mordomia na evangelização e no discipulado

Uma das melhores formas de se exercer a mordomia da Palavra de Deus é evangelizar todos os tipos de pessoas (Mc.16:15,16).
Quando os cristãos têm consciência que a tarefa primordial da Igreja é a evangelização, passam a entender que sua existência gira em torno desta missão dada a cada crente, que é membro do corpo de Cristo em particular (1Co.12:27), missão esta que deve ser cumprida “a tempo e fora de tempo” (2Tm.4:2).
Todas as nossas ações, todo o nosso cotidiano deve ser criado e executado diante da perspectiva de que somos testemunhas de Cristo Jesus (At.1:8) e que devemos, portanto, testificar do Senhor, mostrar ao mundo, através de nossas boas obras, que Deus é nosso Pai, que somos filhos de Deus e, por meio deste comportamento, levar os homens a glorificar o nosso Pai que está nos céus (Mt.5:16).
Mas, além de evangelizar, a Igreja tem outra tarefa fundamental: a de aperfeiçoar os santos, a de promover o ensino da sã doutrina a tantos quantos chegam aos pés do Senhor. Ensinar é, também, um imperativo, uma ordem do Senhor (cf.Mt.28:19).
Sem essa importante atividade, não há aprofundamento da fé, perseverança, fidelidade e maturidade cristã da pessoa evangelizada.
Onde há eficácia no ministério do discipulado, a maior parte das pessoas que aceitam Cristo como Senhor e Salvador permanece em Cristo.

3. A mordomia no uso dos Dons espirituais

Os Dons espirituais foram confiados unicamente à Igreja de Jesus Cristo; é o que a Bíblia diz:
"Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus" (1Pd.4:10).
Os dons não são concedidos como presentes, mas como instrumentos de trabalho para serem usados na obra de Deus. Eles são dados “conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um”, e são distribuídos pelo Espírito Santo “a cada um para o que for útil”(1Co 12:7).
Portanto, cada um recebe segundo a sua capacidade e habilidade no seu uso. O Senhor Deus conhece essa capacidade e habilidade de cada um. Um estetoscópio é um instrumento de trabalho de grande utilidade nas mãos de um médico, porém, não terá nenhuma serventia nas mãos de um pedreiro. Da mesma forma um prumo é um instrumento de trabalho de grande utilidade nas mãos de um pedreiro, porém, de nada servirá nas mãos de um médico. O Espírito Santo dá o instrumento à pessoa certa, àquela que tem condições de usá-lo.
Concordo com o Pr. Elinaldo Renovato quando diz que “certas práticas estranhas ao Movimento Pentecostal não devem ser estimuladas nem toleradas no culto público, tais como marchar, pular, rodopiar ao som de batidas, correr de um lado para outro, sapatear, fazer "aviõezinhos", etc. Segundo a Bíblia, isso é meninice, imaturidade e, muitas vezes, revela apenas carnalidade e infantilidade (1Co.3:1) ”.
Assim, meu irmão, se você recebeu um, ou mais dons, eles não lhes foram dados para você exibir sua espiritualidade, mas, para você mostrar serviços na obra de Deus. Se você recebeu um dom é porque você pode e deve usá-lo em benefício da obra de Deus, nunca em benefício pessoal, porque você é um servo, um mordomo.

II. A MORDOMIA DA AÇÃO SOCIAL DA IGREJA

“Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe fechar o seu coração, como permanece nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obras e em verdade”(1João 3:17,18).
O binômio evangelização e ação social são duas atividades complementares da igreja. Infelizmente, muitos evangélicos fazem uma dicotomia entre esses elementos, considerando-os como mutuamente excludentes. Acham que a igreja deve preocupar-se apenas com atividades “espirituais” ou religiosas, como a evangelização, deixando a esfera social para outras instituições, principalmente o Estado.
Entendemos que a evangelização e a ação social são partes essenciais e complementares da missão da igreja no mundo. Cremos existirem abundantes argumentos bíblicos que apontam para o fato de que Deus quer dar plenitude de vida às suas criaturas, e essa plenitude inclui tanto o conhecimento de Deus e um relacionamento vital com ele, quanto o suprimento das necessidades humanas mais fundamentais no plano material.
Não só o desconhecimento de Deus, mas também a fome, a doença, a ignorância e a violência são fatores que atentam contra a dignidade humana. Portanto, a evangelização e a ação social devem caminhar lado a lado, como dois aspectos integrais da missão e do testemunho da igreja junto à sociedade.

1. A assistência social no Antigo Testamento

No Antigo Testamento, uma das funções dos profetas era denunciar contra a nação quando os necessitados eram negligenciados, pois esse tipo de injustiça feria a santidade de Deus (Jr.34:8-11,16,17).
A injustiça social, o suborno que torcia a justiça para exercer poder contra os pobres, a exploração dos comerciantes sem escrúpulos, o desprezo aos menos favorecidos (órfãos e viúvas), a exploração dos latifundiários, uma vida luxuosa contrastando ostensivamente com a miséria dos indigentes, tudo era alvo da crítica profética (ler: Isaías 1:17,23; 3:14-15,18-23; 58:5-10; Miquéias 2:1; 6:8-11; 7:3; Amós 2:6-7; 4:1;5:12-15; 8:4-6).
a) O socorro aos pobres. Quando os israelitas estavam para entrar na Terra Prometida, Deus ordenou-lhes que ajudassem os pobres que viessem a conviver com eles (ler Dt.15:11). Esta era uma importante ação a ser observada no momento da posse da terra.
“Pois nunca cessará o pobre do meio da terra; pelo que te ordeno, dizendo: Livremente abrirás a tua mão para o teu irmão, para o teu necessitado e para o teu pobre na tua terra”.
Quem são os pobres em sua comunidade? Como sua igreja pode ajudá-los? Deus observa nossa atitude e desejo de ajudar os pobres e necessitados, principalmente aqueles que se congregam com você.
Devemos usar nossos recursos materiais para ajudar os realmente necessitados. O espírito de cobiça e de egoísmo que não se preocupa com as necessidades dos outros, priva-nos da bênção de Deus (Dt.15:9,10).
“Guarda-te que não haja palavra de Belial no teu coração, dizendo: Vai-se aproximando o sétimo ano, o ano da remissão, e que o teu olho seja maligno para com teu irmão pobre, e não lhe dês nada; e que ele clame contra ti ao SENHOR, e que haja em ti pecado”.
“Livremente lhe darás, e que o teu coração não seja maligno, quando lhe deres; pois por esta causa te abençoará o SENHOR, teu Deus, em toda a tua obra e em tudo no que puseres a tua mão”.
b) Práticas estabelecidas para socorrer os pobres, no Antigo Testamento.
ü  O ano do jubileu (Lv.25:10-17). Significava que ao fim de cada período de 50 anos a terra voltava aos donos originais sem qualquer pagamento. Ocorria que algumas pessoas, por circunstâncias variadas (doenças, morte da pessoa que sustentava a família, endividamento ou até pela falta de capacidade – física ou administrativa), eram obrigadas a vender sua terra.
A terra, portanto, não podia ser vendida definitivamente (Lv.25:23), pelo fato de Deus ser o proprietário absoluto de toda terra. No período anterior e posterior ao Jubileu a terra podia ser vendida ou comprada, porém, o que era comprado ou vendido, era o direito de usufruto e não a terra em si (Lv.25:16). A pessoa assim, adquiria o direito de plantar e colher, consciente de que no jubileu toda terra adquirida voltava, gratuitamente, aos donos originais ou seus descendentes.
ü  O Ano Sabático (Ex.23:10,11; Lv.25:1-7). Tinha dupla função: humanitária e ecológica. Ao final de cada período de 6 anos o proprietário deveria deixar a terra em repouso. O que estivesse plantado deveria ser deixado e os frutos não deveriam ser colhidos pelo dono. Eram deixados para que os pobres da terra tivessem como se alimentar.
Também, no ano sabático eram libertos todos os escravos. As situações de pobreza provocavam endividamentos e isto forçava muitos hebreus a se venderem ou a seus filhos como escravos (cf. Ne.5). No ano sabático todos deveriam ser libertos (Dt.15:12-18). É muito interessante notar que os escravos libertos não deveriam ser despedidos de mãos vazias (cf. Dt.15:13,14). Além disso, no ano sabático todas as dívidas deveriam ser canceladas (Dt.15:1-6).
Não era permitido a um hebreu escravizar outro hebreu nem tratá-lo com tirania (Lv.25:39,40,43), Mesmo assim, há registros de tal ocorrência no livro de Neemias (cap. 5).
ü  O Dízimo Trienal (Dt.14:28,29). De 3 em 3 anos o povo deveria tirar o dízimo de tudo quanto havia produzido em sua terra e colocá-lo à porta para que os levitas, os estrangeiros, o órfão e a viúva se alimentassem.
ü  A Lei da Rebusca (Lv.19:9,10). Obedecendo a essa lei, na época da colheita o agricultor não deveria colher todo o seu fruto, mas deveria deixar algum “para o pobre e para o estrangeiro” (cf. Rt.2:2,3,7). Pode-se ver aqui que, apesar de ser um direito dos pobres, dependia da boa vontade dos proprietários.
Todas essas recomendações demonstram o cuidado de Deus para proteger os mais pobres ou, mesmo evitar que as pessoas chegassem a situações de necessidades extremas. Assim, também, o povo de Deus da Nova Aliança precisa encaminhar projetos que amenize o sofrimento das pessoas mais carentes.

2. Assistência social no Novo Testamento

No Novo Testamento, um dos principais ministérios exercidos é o da Assistência Social. Se tomarmos o exemplo da Igreja Primitiva, veremos o quanto ela atentou às necessidades do seu tempo e realizou um trabalho social que beneficiou muitas pessoas (At.2:42; 4:32), e o apóstolo Paulo incentivou a coleta de recursos que amparassem as necessidades da Igreja em Jerusalém quando esta passava por um período de sérias provações (Rm.15:25-29).
Além de assistir os domésticos da fé, o serviço social nos move para fazer melhor as boas obras. Isso não significa que essas ações tenham o poder de nos salvar, e sim que, por sermos salvos, fazemos boas obras para agradar a Deus e partilhar o que temos com aqueles que pouco tem.
É função da igreja praticar a assistência social, algo que os apóstolos consideraram um “importante negócio” (Atos 6:3).
Por que ajudar aos necessitados é importante?
-Em primeiro lugar, porque é um ato pelo qual demonstramos nosso amor ao próximo. Por isso, não pode o salvo se isentar de toda e qualquer ação que venha a promover o bem-estar da coletividade, a bênção de Deus sobre as pessoas, que venha mitigar o sofrimento daquele que está ao nosso redor.
Na parábola do bom samaritano (Lc.10:25-27), Jesus mostrou que próximo é qualquer um que esteja em nosso caminho e, em algumas oportunidades, o apóstolo Paulo ensinou que fazer o bem a outrem é uma qualidade que não pode faltar àqueles que dizem servir a Deus (Rm.12:13-21; Cl.3:12-14; 1Ts.4:9-12).
-Em segundo lugar, porque é um mandamento divino. Este mandamento é dito tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento, ou seja, ele foi dado para Israel e para Igreja.
Deus reconheceu a existência dos pobres no meio do seu povo e ordenou providência a respeito deles - “Pois nunca cessará o pobre do meio da terra”(Dt.15:11a). Esta é a frase que mais contraria a pregação contemporânea da teologia da prosperidade.
Pretende-se exterminar a pobreza no meio da igreja, no entanto, o texto declara: "Pois nunca cessará o pobre do meio da terra". E Jesus ratifica: "Porque os pobres sempre os tendes convosco"(João 12:8). O sábio Salomão enfatiza que o pobre foi feito por Deus – “O rico e o pobre se encontram; a um e a outro faz o SENHOR” (Pv.22:2).
Compete àqueles que tem recursos, minimizar a situação dos pobres. Deus não prometeu riquezas para todos, porém, daqueles a quem ele deu e dá riqueza, no exercício da Mordomia Cristã das Finanças, Ele quer que os pobres não sejam esquecidos, tal como aconteceu na Igreja de Jerusalém.
Não havia entre eles necessitado algum...”(Atos 4: 34). Pobres, sim; necessitados, não. Esta é a regra a ser seguida pela Igreja, hoje.
-Em terceiro lugar, porque é um ato de benignidade – "Que o teu coração não seja maligno, quando lhe deres"(Dt.15:10a).
Pobreza não é maldição, é consequência do sistema controlado por homens gananciosos. Os pobres estão no nosso meio para que tenhamos oportunidade de exercitar amor.
“Livremente lhe darás, e não fique pesaroso o teu coração quando lhe deres; pois por esta causa te abençoará o Senhor teu Deus em toda a tua obra, e em tudo no que puseres a mão"(Dt.15:10).
Não se arrependa de haver dado, nem sinta dor no coração. O apóstolo João é enfático: quem vir a seu irmão padecer necessidade e não suprir essa necessidade não é cristão.
“Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe fechar o seu coração, como permanece nele o amor de Deus?”(1João 3:17).
2.1. O ministério diaconal. O ministério diaconal foi criado pela igreja primitiva com a finalidade precípua de cuidar dos necessitados da igreja e serviços materiais, a fim de que os apóstolos se dedicassem à oração e ao ministério da Palavra (At 6:4). Atualmente, o diaconato tem se desviado de seus propósitos bíblicos.
Hoje em dia, o diaconato nada mais é que um “passo inicial” do ministério; nada mais é que uma atividade ritual de norma interna, de recolhimento e contabilidade de contribuições e de serviço do pão e do vinho na ceia do Senhor, atividades que podem, sim, ser exercidas pelos diáconos, mas que não se constitui, em absoluto, no papel do diaconato.
Urge voltarmos ao modelo bíblico, com diáconos que administrem a ação social da Igreja, que cuidem da parte material e espiritual desta assistência, que é um “importante negócio”, que deve ser dirigido pelo Espírito Santo através de homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria.
A total ausência do diaconato neste assunto é uma demonstração clara e inequívoca de quanto temos negligenciado a missão social da Igreja.
2.2. A prática de Jesus. Jesus estabeleceu uma comunidade de discípulos cujo relacionamento se baseava no amor e na partilha.
a) Eram recolhidas ofertas/doações para os pobres. Essa comunidade dispunha de uma bolsa comum onde eram recolhidas ofertas/doações que eram administradas por Judas Iscariotes. Dessa bolsa, sob as ordens de Jesus eram feitas doações aos pobres (cf. João 12:6; 13:29). Algumas mulheres seguidoras do Mestre colocavam seus bens a serviço dessa causa (cf. Mc.15:40,41; Lc.8:1-3).
b) A proposta de Jesus ao jovem rico (Lc.19:16-22). Aqui Jesus propõe ao jovem uma alteração radical no seu estilo de vida que trazia implicações profundas na área financeira: repartir com os pobres.
c) A multiplicação dos pães e dos peixes (Mc.6:30-44). Ao multiplicar estes elementos Jesus se utiliza do pouco que alguém se dispôs a partilhar. Partilhar o que se tem mexe com o nosso egoísmo.  A grande lição que Jesus queria ensinar é que a disposição para repartir o que se tem promove o suprimento de todos.
“O que oprime ao pobre insulta ao seu Criador; mas honra-o aquele que se compadece do necessitado”(Pv.14:31).
“Bem-aventurado é aquele que atende ao pobre; o Senhor o livrará no dia do mal”(Sl.41:1).

III. A MORDOMIA DOS CRENTES NA IGREJA LOCAL

1. Primeiro é preciso congregar

Somos parte da Universal Assembleia dos Santos. O Senhor faz-se presente de forma toda especial quando dois ou três estão reunidos em Seu nome (Mt.18:20), ou seja, para que Deus esteja no meio dos cristãos, e se apresente como Consolador, como Propiciador, faz-se mister que haja uma reunião, que haja uma Igreja Local. Tanto assim é que, no dia de Pentecostes, a Bíblia relata-nos que os salvos se agregaram (At.2:41), ou seja, passaram a viver reunidos, em grupo (At.2:44,46).
É importante verificarmos que este é o modelo bíblico, porque há muitos sendo iludidos, nos nossos dias, com o falso ensinamento do "self service", ou seja, que é possível servir a Deus isoladamente, quando muito em família, sem que se esteja filiado a qualquer Igreja Local.
Dizem estes falsos mestres que as igrejas locais são imperfeitas, estão repletas de injustiças, de hipocrisia e de falso moralismo, e que Deus não Se agrada disto, sendo, pois, melhor que cada um, na sua própria sinceridade de coração, sirva a Deus em casa, sozinho, sem se arriscar a ser conivente com coisas erradas que sempre ocorrem nas igrejas locais. Este pensamento, que, aparentemente, parece ser correto, é totalmente contrário à Palavra de Deus e jamais deve ser adotado por um verdadeiro e sincero cristão.
A Bíblia é enfática quando diz que não devemos deixar de nos congregar (Hb.10:25) - "não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns". Uma brasa sozinha tende a se apagar rapidamente, mas junta com outras brasas permanece acesa.
A Igreja é um corpo, um rebanho, uma família. Não podemos viver isolados. Não podemos ficar "desigrejados". Pertencemos uns aos outros e devemos congregar-nos para servir uns aos outros, exortar uns aos outros e ser bênção uns para os outros.
A comunhão entre os irmãos sempre foi considerada um dos principais meios pelos quais se manifesta a graça de Deus. O Novo Testamento não oferece apoio algum à ideia de cristãos isolados. A comunhão estreita e regular não é apenas uma ideia agradável, mas também uma absoluta necessidade para o encorajamento dos valores cristãos.
A Bíblia ensina-nos que devemos nos amar uns aos outros (Jo.13:35), preferirmo-nos em honra uns aos outros (Rm.12:10), recebermo-nos uns aos outros (Rm.15:7), saudarmo-nos uns aos outros (Rm.16:16), servimo-nos uns aos outros pela caridade (Gl.5:13), suportarmo-nos uns aos outros em amor (Ef.4:2; Cl.3:13), perdoarmo-nos uns aos outros (Ef.4:32; Cl.3:13), sujeitarmo-nos uns aos outros no temor de Deus (Ef.5:21), ensinarmos e admoestarmo-nos uns aos outros (Cl.3:16; Hb.10:25), não mentirmos uns aos outros (Cl.3:9), consolarmo-nos uns aos outros (1Ts.4:18), exortamo-nos e edificarmo-nos uns aos outros (1Ts.5:11; Hb.3:13), considerarmo-nos uns aos outros para nos estimularmos à caridade e às boas obras (Hb.10:24), confessarmos as culpas uns aos outros (Tg.5:16). É difícil realizar tudo isso sem congregar-nos.

2. Líderes cristãos como mordomos

Os pastores das igrejas locais não são apenas líderes, são, principalmente, despenseiros de Deus; cuidam do “rebanho” do Senhor; eles têm grande responsabilidade diante de Deus pelas almas que lhe são confiadas.
As pessoas compradas pelo sangue e o sacrifício de Jesus são os seus maiores bens. Por esta razão os Ministros de Jesus são alertados a não se apossarem do rebanho de Deus chamado de “herança” - “nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho”(1Pd 5:3). O rebanho pertence a Jesus e não a um líder-pastor.
“Além disso, requer-se nos despenseiros que cada um se ache fiel” (1Co.4:2). Responsabilidade é a mãe da lealdade e honestidade. Exige-se do Ministro de Cristo que seja rigorosamente leal e honesto por uma razão especial: terá acesso irrestrito aos bens e valores de seu Senhor - a sua Igreja (as pessoas compradas pelo seu sangue) e a sua Palavra.
Essa responsabilidade de cuidar da propriedade de seu patrão, que é Jesus Cristo, não pode ser assumida sem que o despenseiro seja fiel. Ao bispo, Paulo enfatiza que sejam responsáveis e irreprováveis como despenseiros de Deus (Tt.1:7).
“Porque convém que o bispo seja irrepreensível como despenseiro da casa de Deus…”.
 “Que os homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus”(1Co.4:1). 

3. A mordomia dos membros e congregados

Numa Igreja Local, além dos líderes serem despenseiros, ou seja, de cuidar dos bens do seu Senhor, os membros e congregados, também, tem as suas responsabilidades como mordomos perante o Senhor, no seu Reino.
A cada um de nós foi dado responsabilidades, conforme a capacidade de cada um. Na parábola dos dois servos, Jesus nos mostra, claramente, que cada salvo é um servo e que todo servo é alguém que tem de servir, que tem de prestar um serviço, serviço que deve ser “assim”, ou seja, segundo um modelo, um padrão estabelecido pelo Senhor. Ele disse: “Bem-aventurado aquele servo que o Senhor, quando vier, achar servindo assim”(Mt.24:46).
 “Agora, pois, ó Israel, que é o que o SENHOR, teu Deus, pede de ti, senão que temas o SENHOR, teu Deus, e que andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas ao SENHOR, teu Deus, com todo o teu coração e com toda a tua alma”(Dt.10:12).
Estas palavras foram ditas ao povo de Israel e que se aplicam, literalmente, a todos nós que pertencemos à Igreja do Senhor.
A vida cristã é uma vida de serviço, de um serviço em todas as áreas da vida, de um cumprimento de tarefas determinadas pelo Senhor e da qual prestaremos contas quando chegarmos no Céu.
O Senhor concedeu a todos os que creem pelo menos o dom da salvação e da fala, e é com este talento que devemos negociar até que Ele volte.
Paulo revela-nos que “todos devemos comparecer ante o Tribunal de Cristo para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal” (2Co.5:10). Em vista disso, urge que cada cristão cumpra bem a sua missão - louvando, adorando, testemunhando, evangelizando, ensinando, liderando departamentos e realizando outras atividades -, e quando Jesus voltar receberemos o galardão da felicidade eterna.

CONCLUSÃO

A Mordomia na Igreja Local abrange muitas tarefas. Precisamos saber a nossa vocação e perseverar nela para servir melhor ao Senhor e à sua Igreja. Cada um na função que foi estabelecida pelo Senhor, temos de servi-lo: pregando o Evangelho; integrando os salvos na Igreja Local; aperfeiçoando os santos mediante o ensino da Palavra de Deus; adorando a Deus; buscando influenciar o mundo para que ele viva de acordo com a vontade de Deus; dando um bom testemunho para que os homens glorifiquem ao Senhor, inclusive ajudando ao próximo, tanto material quanto espiritualmente; lutando pela preservação da sã doutrina e pela manutenção de uma vida avivada na Igreja Local a que pertencemos. Temos feito isto que o Senhor nos determina? Temos cumprido as tarefas cometidas pelo Senhor?
Sejamos mordomos fieis na igreja em que congregamos. Amém?
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 79. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. A Importância da Mordomia Cristã. PortalEBD_2003.
Louis Berkhof. Teologia Sistemática.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. O cristão e a igreja local_ PortalEBD.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. A missão social da igreja_PortalEBD_2011.



domingo, 21 de julho de 2019

Aula 04 – A MORDOMIA DA FAMÍLIA - Subsídio


3º Trimestre/2019
Texto Base: Josué 24:14,15; Efésios 5:22-25,28
"Porém, se vos parece mal aos vossos olhos servir ao Senhor, escolhei hoje a quem sirvais: [...] porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor" (Js.24:15).
Josué 24
14-Agora, pois, temei ao Senhor, e servi-o com sinceridade e com verdade, e deitai fora os deuses aos quais serviram vossos pais dalém do rio e no Egito, e servi ao Senhor.
15-Porém, se vos parece mal aos vossos olhos servir ao Senhor, escolhei hoje a quem sirvais: se os deuses a quem serviram vossos pais, que estavam dalém do rio, ou os deuses dos amorreus, em cuja terra habitais; porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor.
Efésios 5
22-Vós, mulheres, sujeitai-vos a vosso marido, como ao Senhor;
23-porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo.
24-De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seu marido.
25-Vós, mandos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela,
28-Assim devem os maridos amar a sua própria mulher como a seu próprio corpo. Quem ama a sua mulher ama-se a si mesmo.

INTRODUÇÃO

Continuando o estudo sobre Mordomia Cristã, trataremos nesta Aula da Mordomia da Família. A Família é uma instituição divina, é a base de nossa vivência; nela, nascemos, criamo-nos e dela dependemos por toda a vida, e a Palavra de Deus estabeleceu uma maneira de ser e de agir de cada um dos seus membros. Se queremos ser bons Mordomos, faz-se então necessário entendermos o nosso papel no exercício da Mordomia da Família.
A Palavra de Deus nos ensina a valorizar a família, e deixa clara a missão dos pais em ensinar a criança no ambiente familiar tradicional (Dt.6:1-9). É vontade de Deus que cada criança tenha um pai e uma mãe para zelar por ela e cuidá-la. As infelizes exceções não podem subjugar um modelo instituído por Deus, que deu e está dando certo ao longo de milhares de anos.

I. A FAMÍLIA NO PLANO DE DEUS

A Família é o conjunto de pessoas que vivem sob o mesmo teto, proteção ou dependência do dono da casa ou chefe, que visam ao bem-estar do lar; enfim, que se comunicam, se amam e se ajudam. É a base de toda a sociedade.
A vida social da humanidade foi construída por Deus a partir da família. O homem nasce dentro de uma família e é neste ambiente que será socializado, ou seja, que aprenderá a viver em sociedade.
Não é por outro motivo que o inimigo de nossas almas busca atacar a família, pois, a partir do ataque à família, estará destruindo, a um só tempo, os membros da família e ao restante da sociedade.
Basta verificar que, após o início de processos acentuados de desintegração familiar, na história da humanidade, civilizações inteiras sucumbiram, como nos mostram os casos das cidades gregas e de Roma.
A preservação da família, portanto, é fundamental, pois, deste modo, preservaremos a própria sociedade humana.

1. A instituição do Casamento

Antes de estabelecer a família, Deus instituiu o casamento - “E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma adjutora que esteja como diante dele” (Gn.2:18). Pelo matrimônio, Adão recebeu de Deus uma mulher - “E da costela que o Senhor Deus tomou do homem, formou uma mulher e trouxe-a Adão” (Gn.2:22). 
Ao dar nome a todos os animais, Adão tinha conhecido todas as fêmeas do reino animal. Por nenhuma delas sentiu atração física ou afeto. Porém, ao ver Eva, a impressão que se tem, tendo em vista a sua declaração, é a de que seu coração bateu forte e que foi amor à primeira vista. Adão alegrou-se ao ver a mulher e manifestou seu desejo de recebê-la.
 E disse Adão: esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada varoa, porquanto do varão foi tomada” (Gn.2:23).
E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a” (Gn.1:28).
Com a bênção de Deus foi realizado o primeiro casamento, e a partir dali não houve segredo entre os dois seres racionais - um passou a pertencer ao outro. Assim, pelo casamento, o homem recebeu das mãos de Deus uma mulher; essa mulher, por direito de criação, é propriedade de Deus, é um bem pertencente a Deus.
O homem não é obrigado a se casar; casamento é uma opção, não é uma obrigação, como ensinou Paulo: “Digo, porém, aos solteiros e as viúvas, que lhes é bom se ficarem como eu” (1Co.7:8). Todavia, aceitando uma mulher para casar com ela, assume um compromisso de cuidar dela, como Mordomo dos bens pertencentes a Deus. 

2. Origem da Família

A família foi criada por Deus com elevados propósitos em todos os sentidos da vida. A primeira família, formada pelo próprio Deus, teve como princípio a formação de um casal, ou seja, Deus uniu, com a sua bênção, um homem e uma mulher (Gn.1:28). Estava, assim, realizado, pelo próprio Deus, o primeiro casamento, a primeira família, e determinado uma de suas principais funções: a perpetuação da raça humana através da geração de filhos (Gn.1:28).
Portanto, segundo o plano de Deus, o modelo para formação de uma Família é a união de um casal - de um homem e de uma mulher -, ou seja, de um macho e de uma fêmea.
 “Portanto deixará o varão o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne”(Gn.2:24).
Qualquer tentativa de formar uma família contrariando este princípio estabelecido por Deus, é contrária à Bíblia Sagrada. O Senhor Jesus Cristo fez questão de confirmar este princípio declarando o seguinte:
“Desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea. Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á à sua mulher. E serão os dois uma só carne; e assim já não serão dois mas uma só carne”(Mc.10:6-8).
Portanto, pelo casamento entre um homem e uma mulher, forma-se uma família. Essa família poderá, ou não, ter filhos. Os filhos são um complemento da família, porém, a família pode subsistir sem eles.

3. Deveres no exercício da Mordomia da Família

No exercício da Mordomia da Família, pelo casamento, o homem e a mulher assumem diante de Deus, deveres, das quais consideraremos apenas cinco.
a) O dever de prover as necessidades materiais. Ter suas necessidades materiais supridas pelo marido é um direito da mulher e uma obrigação do homem no exercício da Mordomia da Família. Foi ao homem que Deus disse: “No suor do teu rosto comerás o teu pão...” (Gn.3:19). A mulher foi-lhe dada como adjutora. Isto significa que a responsabilidade primeira com o sustento material da família compete ao homem. 
Quando Adão recebeu Eva como sua esposa, ele declarou: “Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne“ (Gn.2:23). O Senhor Jesus confirmou a declaração de Adão ao dizer: “Assim não são mais dois, mas uma só carne...”.
Portanto, prover as necessidades materiais para a esposa é o mesmo que provê-las para si mesmo, conforme argumenta Paulo: “Porque nunca alguém aborreceu a sua própria carne, antes a alimenta e sustenta...” (Ef.5:19). 
Um homem de Deus, no exercício da Mordomia da Família procura por todas as formas dar o melhor possível à sua família, suprindo suas necessidades materiais.
O homem é o responsável pelo sustento material da família, mas isto não significa que a mulher não possa auxiliar nessa tarefa. Nada impede que uma mulher se desenvolva, que estude e que se forme, que trabalhe para ajudar a família, e que faça a Obra do Senhor, desde que estas atitudes não desfigurem o propósito de Deus de dar ao homem uma “adjutora” - para que o homem não estivesse só. “Adjutora” é uma auxiliadora; é alguém que Deus colocou junto do homem para ajudá-lo.
b) O dever de prover as necessidades afetivas. Suprir as necessidades afetivas do cônjuge é uma obrigação no exercício da Mordomia da Família. Ser amada pelo seu marido é um direito da mulher. Também, ser amado pela sua mulher é um direito do marido.
Biblicamente, o casamento deve ter como fundamento principal o amor. Do contrário, não haverá como suprir as necessidades afetivas do cônjuge.
No exercício da Mordomia da Família o homem tem o dever de amar sua esposa, de suprir suas necessidades afetivas; é o que a Palavra de Deus ensina:
“Vós maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a Igreja, e a si mesmo se entregou por ela. Assim devem os maridos amar a suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo” (Ef.5:25,28).
Foi o próprio Adão quem declarou: “...esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne...”. Nesta declaração está implícito o seu reconhecimento de que a mulher não era um simples objeto, mas que era uma pessoa semelhante a ele. Uma pessoa com sentimentos, com emoções, com vontade própria; uma pessoa capaz de amar e com necessidade de ser amada. 
c) O dever de prover as necessidades sexuais. No casamento, suprir a esposa com bens materiais - como casa, carro, roupas, alimento, dinheiro -, não é o bastante; ela necessita também de afeto e de sexo. Isso deve ser aplicado, também, ao marido. Foi o que Paulo ensinou com outas palavras:
“O marido pague à mulher a devida benevolência, e da mesma sorte a mulher, ao marido. A mulher não tem poder sobre o seu corpo, mas tem-no o marido; e também da mesma maneira o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no a mulher. Não vos defraudeis um ao outro, senão por consentimento mútuo por algum tempo, para vos aplicardes à oração; e depois ajuntai-vos outra vez, para que Satanás vos não tente pela vossa incontinência” (1Co.7:3-5).
Assim, no exercício da Mordomia da Família o sexo é um dever e também um direito de ambos os cônjuges.
Portanto, aquela eterna justificativa de que “hoje estou muito cansado(a)”, precisa ter uma solução. Pela Lei de Moisés Deus exigiu que o homem descansasse um dia por semana, talvez para que pudesse cumprir, também, suas obrigações conjugais.
Essa advertência se aplica plenamente à mulher. Portanto, aquela velha e surrada desculpa de que “hoje estou com dor de cabeça” precisa ter uma solução. Essa dor de cabeça tem que ser curada, ou pela oração da fé, ou pela medicina.
d) O dever de proteger o cônjuge. Embora as “feministas”, por inspiração diabólica, não aceitem, a Bíblia diz que a mulher é um vaso mais fraco (1Pd.3:7), e que, portanto, deve ser protegida pelo homem. 
“Igualmente vós, maridos, coabitai com ela com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco...”.
Esta talvez tenha sido a segunda mensagem que Deus quis transmitir quando formou a mulher de uma costela do homem (Gn.2:21,22). 
A costela foi tirada de bem perto do coração - a mensagem, por primeiro, é a necessidade da mulher ser amada.
A costela foi tirada de sob o braço do homem; braço, na Bíblia, é símbolo de força, de proteção - a segunda mensagem é a necessidade da mulher ser protegida, como vaso mais fraco. 
Assim, no exercício da Mordomia da Família o homem precisa transmitir confiança e segurança para que sua mulher possa viver tranquila ao seu lado. Se o homem não for a “cabeça” (Ef.5:23), não haverá segurança no seu lar e ele estará falhando como Mordomo da Família.
e) O dever da mulher de ser diligente e boa dona-de-casa. A mulher casada tem deveres e responsabilidades diferentes das que tem a mulher quando solteira. Quando casada, ela deve ser diligente e boa dona-de-casa. Assim sendo e assim agindo, a esposa está contribuindo para o equilíbrio das finanças do lar e da família.
Mesmo aquela que tenha recursos para manter uma empregada doméstica, é bom lembrar que cabe-lhe dar as ordens; portanto, deverá conhecer o que será melhor para o bom andamento do seu lar.
“Toda mulher sábia edifica sua casa, mas a tola derruba-a com a suas mãos”(Pv.14.1).
A mulher é considerada negligente com sua casa quando a sua prioridade não é cuidar dos seus encargos familiares e agradar seu marido, seja ele crente ou não.
É bom enfatizar que a administração do cotidiano do lar, segundo os planos e diretrizes decididos pelo marido, deve ficar com a mulher, pois sua intuição e sensibilidade são fundamentais para que a família possa suprir todas as suas necessidades econômico-financeiras, de higiene e vestuário entre outras (Pv.31:13-27).
Verdade é que, em virtude de a mulher estar, cada vez mais, trabalhando fora de casa, deve haver um compartilhamento de tarefas com o marido, mas jamais deve a mulher deixar de responder pela coordenação e supervisão desta parte, pois é este o modelo bíblico e as condições culturais não alteram a natureza do homem e da mulher.
Uma mulher que sabe discernir entre o certo e o errado, que é cônscio de seus deveres no lar, que sabe respeitar o seu cônjuge e admoestar os seus filhos, é considerada uma mulher sábia, virtuosa - “Os seus filhos a respeitam e falam bem dela, e o seu marido a elogia”(Pv.31:28).

II. A MORDOMIA DA FAMÍLIA

1. Os princípios que regem o casamento cristão

Deus estabeleceu a Família para companheirismo mútuo, felicidade e para uma convivência amorosa. Ela tem como fundamento basilar o casamento, que, conforme a declaração de Gênesis 2:24 – “Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne" -, apresenta três princípios básicos: monogamia (1Co.7:2), heterossexualidade (Gn.4:1,25) e monossomia (Mt.19:6,7).
A evolução da humanidade só foi possível com a organização social e pelo casamento heterossexual, monogâmico e monossomático.
a) O princípio da Monogamia. Monogamia é o ideal divino. O Criador instituiu o matrimônio com a união de um homem e uma mulher (Gn.2:18-24; Mt.19:5; Mc.19:7).
“Por isso, deixará o homem a seu pai e a sua mãe e unir-se-á a sua mulher”. Aqui, não é dito que o homem deve unir-se às suas mulheres.
Deus não criou mais de uma mulher para Adão nem mais de um homem para Eva. Tanto a poligamia - um homem ter mais de uma mulher -, quanto a poliandria - uma mulher ter mais de um marido -, estão em desacordo com o ensino das Escrituras Sagradas para o casamento (cf. Dt.28:54,56; Sl.128:3; Pv.5:15-21; Ml.2:14).
A Monogamia não foi estabelecida apenas na criação, mas também foi reafirmada na entrega da Lei Moral. A lei de Deus ordena: “Não cobiçarás a mulher do teu próximo...”(Ex.20:17). O uso do singular é enfático. Moisés não deu provisão à questão da poligamia.
Em o Novo Testamento a poligamia é condenada por Jesus e pelo apóstolo Paulo.
Jesus, em Sua resposta aos fariseus, quando estes lhe interrogaram acerca do divórcio, foi clarividente com relação ao casamento monogâmico criado por Deus. Ele disse: “Portanto, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher...”(Mt.19:5). Ele não disse: “suas mulheres”, e sim, “sua mulher”. A resposta do Senhor remonta às origens do casamento e da própria criação (cf. Gn.2:24).
Paulo, ao mencionar as qualificações do presbítero, adverte: “É necessário, portanto, que o bispo seja (...) esposo de uma só mulher...” (1Tm.3:2). O diácono também deve ser “marido de uma só mulher” (1Tm 3:12). Portanto, a liderança eclesiástica deve ser o exemplo dos fiéis em tudo, e esse exemplo inclui o casamento bíblico (1Tm.4:12).
Lameque foi o primeiro a rejeitar o princípio do casamento monogâmico, ordenado por Deus – “E tomou Lameque para si duas mulheres; o nome de uma era Ada, e o nome da outra, Zilá” (Gn.4:19). A partir daí a depravação hereditária se alastrou progressivamente no lar e na família. Deus tolerou a poligamia, mas nunca a aprovou, por ser prática estranha ao seu projeto para a constituição da família.
b) O princípio da Heterossexualidade. O relacionamento sexual aprovado na Bíblia é o de um homem e de uma mulher dentro do matrimônio. Aliás, um dos propósitos divinos na criação do homem e da mulher é a procriação, visando a conservação dos seres humanos na terra.
“E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra" (Gn.1:27,28).
Não existe outra forma de procriação a não ser por meio de uma relação heterossexual. O homem se une sexualmente à sua esposa, como resultado do amor conjugal, não somente para procriar, mas também para uma vivência afetuosa, agradável e prazerosa (Pv.5:18). Em 1Co.7:2, Paulo afirma: “Cada um tenha a sua própria esposa, e cada uma tenha o seu próprio marido”. Aqui está clara a ideia de uma relação heterossexual.
Embora a união homossexual fosse algo comum no tempo de Paulo, ele define essa prática como uma paixão infame, um erro, uma disposição mental reprovável, uma abominação para Deus.
A relação homossexual pode chegar a ser aprovada pelas leis dos homens, por causa da corrupção dos costumes, mas jamais será chancelada pela Lei de Deus.
Portanto, Deus criou a Família com propósitos que exigem a heterossexualidade, entre as quais, a procriação e a complementaridade afetiva e emocional, que só é possível diante de uma união entre pessoas de sexos diferentes.
Se não fosse a união heterossexual, promovida por Deus, desde o princípio, a raça humana não teria subsistida.
c) O princípio da monossomia - “uma só carne” (Mt.19:6,7) - “Portanto, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher, e serão dois numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne...”.
Neste texto, Jesus afirma que o casamento é monossomático, que o homem e a mulher foram feitos complementarmente um para o outro.
O propósito de Deus é que no casamento, o homem e a mulher se tornem uma “só carne”, numa intimidade tal que não pode ser separada. É como se dois copos d’água incolores se misturassem; depois disso, não dá mais para separar, pois não se saberá quem é quem. É para ser desta maneira, mas, infelizmente, essa união inquebrável está dissociada da realidade bíblica, numa clara atitude de rebelião contra Deus e a Sua Palavra. Certamente, Deus requererá isso dos que procedem assim.
A união conjugal é a mais próxima e intima relação de todo relacionamento humano. A união entre marido e mulher é mais estreita do que a relação entre pais e filhos. Os filhos de um homem são parte dele mesmo, mas sua esposa é ele mesmo. O apóstolo Paulo exorta:
“Assim também os maridos devem amar a sua mulher como ao próprio corpo. Quem ama a esposa a si mesmo se ama. Porque ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a alimenta e dela cuida, como também Cristo o faz com a Igreja” (Ef.5:28,29).
O apóstolo Paulo diz que a união do casamento só termina com a morte (1Co.7:10,11).
“Aos casados, mando, não eu, mas o Senhor, que a mulher se não aparte do marido. Se, porém, se apartar, que fique sem casar ou que se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher”.

2. A prioridade da família

Conquanto o cônjuge, ou o líder da igreja local, seja zeloso em sua fé em Deus e diligente no cumprimento dos deveres demandados pela igreja, jamais deve privilegiar estes em detrimento dos pleitos do lar.
Na escala de prioridade está: Deus, a família e a igreja. Portanto, deve-se evitar a compatibilidade dos momentos necessários para os afazeres domésticos com aqueles reservados à igreja.
Normalmente, há muitos cônjuges e, até mesmo líderes de igrejas locais, que invertem esta prioridade. As consequências são bem notórias em inúmeros lares.
Com relação à mulher, ela não deve deixar sua casa desorganizada, as refeições por fazer e as roupas da família sujas, sob a alegação de que a reunião da igreja encerrou fora do horário normal. O cônjuge descrente poderá não gostar da atitude da esposa e poderá alegar que a igreja está sendo uma pedra de tropeço à sua família.
“Alguém poderá indagar: mas, a Bíblia não diz que devemos priorizar o Reino de Deus? (Mt.6:33). Sim, é verdade. Entretanto, dentro da economia divina, há uma hierarquia muita clara para que a mordomia com a família seja plenamente atendida. A Palavra de Deus diz que se alguém não cuida de sua família não se encontra preparado para liderar a Igreja de Cristo (1Tm.3:4,5). É muito triste quando o obreiro encontra-se empenhado em ganhar outras famílias para Cristo, mas perde sua própria casa por falta de atenção, responsabilidade, zelo e amor (1Tm.5:8)” (LBM.CPAD).

3. O papel dos pais em relação aos filhos no exercício da Mordomia da Família

“Eis que os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão” (Salmos 127:3).
No exercício da Mordomia da Família os pais assumem para com Deus o compromisso de criar seus filhos para glória de Deus. Para isto faz-se necessário criá-los de acordo com a Palavra de Deus. 
E vós, pais, não provoqueis a ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do Senhor” (Ef.6:4).
-“E vós, pais...” (Ef.6:4). Certamente que a responsabilidade pela criação dos filhos é tanto do pai como da mãe. Contudo, não devemos esquecer que a responsabilidade maior, numa família, é do pai. A mãe é chamada de adjutora. O pai, segundo a Bíblia, é “cabeça” da família, cabendo-lhe, pois, a responsabilidade primeira pela criação, manutenção, e educação dos filhos. 
-“Criar na doutrina” (Ef.6:4). Doutrina, como sabemos, significa ensino, instrução. No exercício da Mordomia da Família alguns pais falham na educação dos filhos, uns por falta de tempo, outros porque não sabem como ensinar. Aos pais está ordenado:
“Instrui o menino no caminho em que deve andar...” (Pv.22:6).
“E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as intimarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te” (Dt.6:6,7).
- Evitem os extremos. No exercício da Mordomia da Família, os pais, em relação aos filhos precisam evitar dois extremos perigosos: não confundir fraqueza com amor, e severidade com autoridade. 
Ø  Não confundir fraqueza com amor. Os que cometem este erro deixam os filhos à vontade, por negligência ou por desconhecimento da Palavra de Deus. A psicologia moderna afirma que a criança não pode ser contrariada, muito menos castigada; porém, a Bíblia Sagrada diz: “A estultice está ligada ao coração do menino, mas a vara da correção a afugentará dele”(Pv.22:15). 
-Davi cometeu este erro em relação ao seu filho Adonias. A Bíblia diz a respeito de Adonias: “...E nunca seu pai o tinha contrariado...” (1Reis 1:6). Mais tarde este menino que nunca tinha sido contrariado liderou uma rebelião contra seu pai, dizendo: “Eu reinarei...” (1Reis 1:5).
-O sacerdote Eli cometeu o mesmo erro de Davi: “...porque fazendo-se os seus filhos execráveis, não os repreendeu” (1Sm.3:13).
Estes filhos, do rei Davi e do sacerdote Eli, que não foram repreendidos pelos seus pais, tiveram um fim trágico. Portanto, os pais não devem confundir fraqueza com amor no processo de educação de seus filhos.
Ø  Não confundir severidade com autoridade. Paulo exorta os pais da seguinte maneira: “E vós, pais, não provoqueis a ira a vossos filhos...”. Quando os filhos são tratados com severidade e sem amor, quando o princípio da autoridade é mal interpretado, normalmente os filhos permanecem na Igreja enquanto são obrigados. Depois, quando se tornam independentes, se afastam dos caminhos do Senhor.
Portanto, no exercício da Mordomia da Família os pais precisam educar os filhos com verdade e amor. Um diálogo honesto, sem fraquezas e sem severidade pode funcionar como anestésico. A cirurgia pode até nem doer. Pense nisso!

III. A FAMÍLIA CRISTÃ SOB ATAQUE

A família está sob ataque do estado materialista, ateísta e da ideologia de gênero.

1. O ataque do Estado materialista

Não há dúvida de que estamos vivendo hoje no mais cruel e engenhoso império do mal, com ataque de Satanás às instituições, dentre elas a família, pois atingindo a família, atinge a igreja, que é formada de células familiares.
Satanás tem se utilizado do meio político, das estruturas governamentais, legislativas e do judiciário, que unidos em conluio, tramam ataques contra as instituições divinas.
A perseguição não se dá apenas pelo uso da força bruta, da proibição clara e objetiva de desconstruir a pregação do evangelho e a igreja, mas de forma sutil e camuflada. A perseguição se dá no campo das ideias e com leis que parecem inofensivas, mas que são totalmente antagônicas aos ditames da Bíblia Sagrada.
Muitos governantes tornam-se agentes do Diabo, visando a destruição da família e da Igreja de Cristo.
A “perseguição silenciosa, astuta, camuflada” é a mais dura de todas as perseguições, porque não é aparente, não traz repugnância aos olhos da sociedade e se apresenta como algo normal e compreensível.
Se as dez perseguições cruentas do império romano aumentaram o número de cristãos, a perseguição sutil, camuflada, praticamente destruiu a Igreja, depois que foi instituída por Constantino, o imperador que decretou o “Édito da Tolerância”, nome bem apropriado para a lei que permitiu que os cristãos tivessem liberdade de culto no Império Romano, datado de 313.
O “Édito da Tolerância” de Constantino é o protótipo da “perseguição camuflada”. Através deste tipo de perseguição, não se proíbe a Igreja de pregar o Evangelho e de cultuar a Deus, mas, sim, de combater o pecado.
Vivemos um período similar. A Igreja não é proibida de servir a Deus, de pregar o Evangelho, mas é proibida de combater o pecado. O poder político é ardilosamente orientado pelo inimigo de nossas almas para impedir que o pecado seja combatido.
A ideia básica da “perseguição camuflada” é a pregação da “tolerância máxima”, ou seja, a elaboração de leis, regras e regulamentos que exijam das pessoas a “máxima tolerância”, tolerância não entendida como o respeito ao livre-arbítrio das pessoas, mas, sim, de consentimento e concordância com o pecado.
O poder político tem sido utilizado para que as pessoas sejam obrigadas a consentir e concordar com o pecado, sejam impedidas de combater contra o pecado.
Sob o nome de “tolerância”, de “democracia” e até mesmo de “proteção aos direitos fundamentais da pessoa humana”, inúmeras iniciativas têm procurado forçar as pessoas a aceitar o pecado, a consentir com a sua prática.
Passou-se a considerar que a defesa da Palavra de Deus e de seus valores e princípios, sem qualquer tolerância com o pecado, é uma atitude de “fundamentalismo religioso”. Sob este nome, o inimigo tem alardeado e convencido muitas pessoas que os defensores de uma autêntica vida cristã são tão nocivos e perniciosos quanto os terroristas do chamado “fundamentalismo islâmico”.
A utilização, aliás, da mesma palavra (“fundamentalismo”) já faz parte da estratégia do adversário de criar ojeriza e repugnância da sociedade a tudo quanto representar a defesa da Bíblia Sagrada e do seu teor.
Vivemos dias em que todo aquele que diz que não há comunhão entre a luz e as trevas e que quem não aceitar a Cristo sofrerá a morte eterna é considerado um elemento “intolerante”, “preconceituoso”, “ignorante” e “indigno de conviver ou ter sucesso na sociedade”. Tem-se, assim, uma evidente perseguição religiosa, ainda que camuflada; certamente, isto é mais uma atuação das “portas do inferno”.
Que deve fazer o servo do Senhor diante de um quadro de perseguição camuflada?
Deve agir como agem os nossos irmãos em Cristo da igreja abertamente perseguida, como agiram os irmãos da igreja primitiva e dos outros períodos da história da igreja.
Temos de combater o bom combate (2Tm.4:7). Apesar de toda a oposição, continuar a proclamar e a viver o que diz a Palavra de Deus.
Não devemos titubear nem vacilar, mas seguir em frente dizendo que Jesus salva, cura o pecador da lepra do pecado e leva para o Céu.
Dizer que pecado é pecado, que Deus ama o pecador, mas abomina o pecado e que há uma solução para o pecado do homem: crer em Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1:29).
Se, por causa da manutenção da fé em Deus e na Sua Palavra, viermos a ser discriminados, ridicularizados e a “perseguição camuflada” tornar-se perseguição aberta, o servo do Senhor deve exultar e se alegrar, porque é grande o galardão nos céus (Mt.5:12), regozijar-se de ter sido julgado digno de padecer afronta pelo nome de Jesus (At.5:41).
Sabemos que não é fácil agir desta maneira, mas o genuíno e autêntico servo do Senhor tem de ter este sentimento. Quem não toma a sua cruz e não segue após o Senhor, quem ama mais a si ou a outrem do que ao Senhor não é digno do Senhor (Mt.10:37,38). Pense nisso!

2. O ataque da famigerada Ideologia de Gênero

A ideologia de gênero trata-se de uma teoria sem fundamento científico algum. Todas as teorias em sua defesa são meramente ideológicas e se baseiam em premissas falsas, desmentidas pela biologia.
Os defensores deste segmento maligno promovem a inversão dos valores e afrontam os princípios cristãos, que tem como fundamento as Escrituras Sagradas, que advertem aos cristãos a viverem em santidade em todas as épocas e culturas (1Pd.1:15,23-25).
A ideologia de gênero tem penetrado em todos os segmentos sociais como uma erva daninha, destruindo o caráter familiar e os bons costumes.
Essa teoria deletéria difunde com muita penetração que o sexo biológico dado pela natureza não tem valor algum, e que ninguém nasce homem ou mulher, mas, sim, um indivíduo indefinido, que, obviamente, definiria com o tempo se deseja ser homem, mulher ou neutro (isto é, nem um nem outro), independentemente de suas características fisiológicas.
Ensinam que as diferenças entre os sexos são resultados da relação histórica de opressão e preconceito entre homem e mulher. Estes malévolos ensinos são de grandes riscos às famílias e, por conseguinte, à sociedade e à igreja.
Sem dúvida, a mais malévola sequela da ideologia de gênero é a eliminação das relações afetivas e os vínculos familiares. Ela tende a destruir a família, obra prima da criação.
Os defensores da Ideologia de Gênero se opõem à família na­tural, considerando-a responsável por "repressão sexual" e "opressão social".
Insistem na necessidade de desconstruir a família, o matrimônio e a maternidade, e deste modo, fomentam um estilo de vida que incentiva todas as formas de experimentação sexual desde a mais tenra idade.
Para a Ideologia de Gênero os critérios familiares são secundários; a figura do pai, da mãe e dos irmãos é completamente relativa.
A igreja e aqueles que defendem a família precisam combater a ideologia de gênero com rigor e destemor. Caso contrário:
  • Os pais e educadores poderão ser punidos pelo Estado, caso tratem as crianças como menino e menina, já que isto "seria uma opressão, considerando-se que eles ainda não decidiram o que vão ser”.
  • A família, a obra prima do Criador, corre o risco de ser destruída, “já que não haveria mais um núcleo natural formado por um homem e uma mulher, mas, sim, por qualquer aglomerado de pessoas”.
  • Haverá uma afronta ao matrimônio monogâmico e heterossexual, que é união natural estabelecida por Deus.

3. Um ataque a Deus e à ciência

Deus criou o homem e a mulher (Gn.1:26,27), mas a falsa ciência e os idealizadores da falaciosa ideologia de gênero pregam que ninguém nasce homem ou mulher, e que a pessoa pode mudar de sexo quando bem quiser. Só que a mudança de sexo contraria a Lei divina e é uma violência frontal à ciência. Aliás, é impossível mudar o sexo.
Segundo os cientistas entendidos neste assunto, “é impossível fisiologicamente mudar o sexo de uma pessoa, uma vez que o sexo de cada um está codificado em seus genes: XX para a mulher, XY para o homem. A cirurgia pode somente criar uma aparência do outro sexo, pois a identidade sexual está escrita em cada célula do corpo e pode ser determinada por meio do teste do DNA, não podendo ser mudada”.
A tentativa de mudar o sexo com que se nasceu contraria não somente a realidade biológica, ela vai, sobretudo, contra a vontade de Deus. Ninguém nasce homem ou mulher por mero acaso, mas em virtude dos inescrutáveis desígnios da divina providência.
“Eu te louvarei, porque de um modo terrível e tão maravilhoso fui formado; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem. Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra. Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe, e no teu livro todas estas coisas foram escritas, as quais iam sendo dia a dia formadas, quando nem ainda uma delas havia” (Salmos 139:14-16).
Ir contra os desígnios divinos é um ato de revolta contra o Criador.
“Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e a mulher. Deus os abençoou: Frutificai, disse Ele, e multiplicai-vos, enchei a Terra e submetei-a” (Gn.1:27,28).

CONCLUSÃO

Como dissemos, a Família é uma instituição criada por Deus. Tendo sido criada por Deus, a Família é um bem que pertence a Ele. Nós somos os Mordomos dos seus bens. 
É natural que Satanás envide todos seus esforços no sentido de enfraquecer e destruir a instituição familiar; este é o seu trabalho. Impedir que Satanás consiga êxito no seu propósito de enfraquecer a Família, é o nosso dever. Este dever será exercido se cada um cumprir o seu papel nos moldes estabelecidos pela Palavra de Deus.
Josué tomou uma posição firme e corajosa diante de seu povo de proteger a sua família nos caminhos do Senhor. Diante dos desvios do povo, sua declaração solene e exemplar foi esta: "escolhei hoje a quem sirvais: [...], porém, eu e a minha casa serviremos ao Senhor" (Js.24:15). Assim devemos proceder.
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 79. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. A Importância da Mordomia Cristã. PortalEBD_2003.
Louis Berkhof. Teologia Sistemática.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. A Mordomia da Família. PortalEBD_2003.