4º Trimestre/2014
Texto Base: Dn 4:10-18
“Agora, pois, eu, Nabucodonosor, louvo,
e exalço, e glorifico ao Rei dos céus; porque todas as suas obras são verdades;
e os seus caminhos, juízo, e pode humilhar aos que andam na soberba” (Dn 4:37).
INTRODUÇÃO
Nesta Aula trataremos acerca do
capítulo 4 de Daniel. Neste capítulo, Daniel traz a imagem de uma árvore
florescente representando a figura de Nabucodonosor, o imperador da Babilônia. Na
imagem apresentada um homem anuncia que a árvore seria cortada e ficaria apenas
o tronco com suas raízes. Isto demonstra o desastroso efeito da soberba. O
sábio Salomão alerta: “A soberba precede a ruína, e altivez do espírito precede
a queda” (Pv 16:18).
Um indivíduo soberbo é aquele
que deseja ser mais do que é e ainda se coloca acima dos outros para
humilhá-los e envergonhá-los. O soberbo superdimensiona a própria imagem e
diminui o valor dos outros. É o narcisista que, ao se olhar no espelho, dá nota
máxima e aplaude a si mesmo. É por isso que o sábio diz que, em vindo a
soberba, sobrevém a desonra. A soberba é a sala de espera da desonra. É o
corredor do vexame. É a porta de entrada da vergonha e da humilhação. A Bíblia
diz que Deus resiste ao soberbo (Tg 4:6), declarando guerra contra ele. “Glória
ao homem nas maiores alturas”, esse é o grito de guerra da humanidade orgulhosa
e ímpia que continua desafiando Deus e tentando construir o céu na terra (Pv
11:1-9; Ap 18). Deus aborrece “olhos altivos” (Pv 6:16,17) e promete destruir “a
casa dos soberbos” (Pv 15:25).
I. A PROVA DA SOBERANIA DIVINA (Dn
4:1-3)
A soberania de Deus é a autoridade
inquestionável que o Senhor detém sobre o Universo, pelo fato óbvio de que Ele
é o Criador de todas as coisas(Is 44:6;45:6; Ap 11:17). Sua soberania está
baseada em sua onipotência, onipresença e onisciência. Quando afirmamos que
Deus é soberano, estamos dizendo que Ele controla o Universo e pode fazer o que
lhe aprouver. A soberba é um dos pecados da alma que afeta diretamente a
soberania de Deus.
1. Nabucodonosor, chamado por Deus para um desígnio especial (Jr
25:9. “... Nabucodonosor
[...] meu servo”.
Esta expressão não significa que
o monarca babilônico adorava o Deus de Israel, mas apenas que era usado pelo
Senhor para cumprir seus propósitos (à semelhança de Ciro, que é chamado de
ungido do Senhor, em Isaías 45:1). Não há dúvida que ele foi submetido a um
desígnio especial do Deus do Céu, o Deus de Daniel. Mesmo sendo um rei ímpio
cumpria um desígnio especial de correção divina ao reino de Judá, por ter se
corrompido com o sistema mundano, iniquo, inimigo de Deus. Ora, Deus tinha e tem
o domínio de todos os reinos do mundo, e poder para fazer com que o ímpio
Nabucodonosor, por um desígnio especial, se tornasse próspero em seu reino e
crescesse em extensão, a ponto de se autodenominar “rei de reis”. O profeta
Jeremias, que presenciou a investida babilônica contra o reino de Judá e seu
exílio para Babilônia, diz que Deus chamou Nabucodonosor de “meu servo” (Jr 25:9).
Na verdade, Nabucodonosor foi a “vara” de Deus de punição ao seu povo por ter
abandonado o Senhor e tomado o caminho proibido da idolatria e dos costumes
pagãos dos reinos vizinhos. Aprendemos que Deus, em sua soberania é Aquele “que
muda os tempos e as horas; ele remove os reis e estabelece os reis” (Dn 2:21).
2.
A soberba de Nabucodonosor. Conquanto tenha sido um
instrumento que Deus utilizou para corrigir e disciplinar o seu povo, Nabucodonosor
foi traspassado pela arrogância, pela soberba. Por causa disso, Deus mostrou
que ele seria punido severamente; ele seria, como a árvore do sonho,
cortado até o tronco (Dn 4:18). Isto cumpriu-se literalmente na vida de
Nabucodonosor, e ele, depois de humilhado, perdeu a capacidade moral de pensar
e decidir porque seu coração foi mudado - de “coração de homem” (Dn 4:16) para
“um coração de animal”. Ele foi dominado por uma insanidade sem precedente. A
punição levaria “sete tempos”, período em que Nabucodonosor estaria agindo de forma irracional à semelhança dos animais do campo
(Dn 4:28-33), tendo o seu corpo molhado pelo orvalho do céu. Esse estado de
decadência do rei foi resultado de sua soberba.
O Rev. Hernandes Dias Lopes diz que a
soberba é a porta de entrada do fracasso e a sala de espera da ruína. O orgulho
leva a pessoa à destruição, e a vaidade a faz cair na desgraça. Na verdade, o
orgulho vem antes da destruição, e o espírito altivo, antes da queda.
Nabucodonosor foi retirado do trono e colocado no meio dos animais por causa da
sua soberba (cf. Dn 4:30-37). O rei Herodes Antipas I morreu comido de vermes
porque ensoberbeceu seu coração em vez de dar glória a Deus (At 12:21-23). O
reino de Deus pertence aos humildes de espírito, e não aos orgulhosos de
coração.
Esse terrível mal também tem grassado
igrejas locais. A Bíblia registra um exemplo: a igreja de Laodicéia. Esta
igreja, a começar do seu líder, enchia o peito e dizia para todos, com evidente
e louca arrogância: “Rico sou e de nada
tenho falta” (Ap 3:17). Ora, é nesta tola manifestação de arrogância que se
verifica a fraqueza espiritual. Só temos força espiritual quando reconhecemos a
nossa insignificância, a nossa pequenez, o nosso nada diante de Deus. A
autoglorificação é desprezível. A igreja de Laodicéia exaltou-se dando nota
máxima a si mesma em todas as áreas. Mas Cristo a reprovou em todos os itens. A
Bíblia diz: ”Louve-te o estranho, e não a
tua boca; o estrangeiro, e não os teus lábios”(Pv 27:2). Deus detesta o
louvor próprio. Jesus explicou essa verdade na parábola do fariseu e do
publicano. Aquele que se exaltou foi humilhado, mas o que se humilhou, desceu
para sua casa justificado.
3.
Nabucodonosor proclama a soberania de Deus (Dn 4:1-3).
“Nabucodonosor, rei, a todos os povos,
nações e línguas que moram em toda a terra: Paz vos seja multiplicada!
Pareceu-me bem fazer conhecidos os sinais e maravilhas que Deus, o Altíssimo,
tem feito para comigo. Quão grandes são os seus sinais, e quão poderosas, as
suas maravilhas! O seu reino é um reino sempiterno, e o seu domínio, de geração
em geração”.
Nabucodonosor dá testemunho da grandeza e do
poder de Deus. Chegou a esta conclusão depois da sua experiência humilhante de
loucura. Foi restaurado de sua demência depois que se humilhou diante do
Altíssimo. Reconheceu a soberania do Deus Onipotente e fez uma proclamação
acerca do Eterno domínio de Deus (Dn 4:34-37). Ele aprendeu que o Senhor, em
sua soberania, é “quem muda o tempo e as estações, remove reis e
estabelece reis” (Dn 2:21).
II. DEUS FALA NOVAMENTE A NABUCODONOSOR
POR MEIO DE SONHOS (Dn 4:4-9).
1. Deus adverte Nabucodonosor através
de um sonho. Nabucodonosor sentia-se senhor de tudo a
ponto de, mais uma vez, se permitir dominar por uma arrogância inconcebível.
Então, Deus o adverte através de um sonho.
"tive um sonho" (Dn 4:5). À
semelhança do capítulo dois quando teve o sonho da grande estátua representando
seu reino e os reinos que o sucederiam, mais uma vez Deus fala com Nabucodonosor;
mais uma vez ele ficou aflito por não entender o seu significado.
É interessante perceber que o modo como Deus
falava com os homens nos antigos tempos era diverso. Ele utilizava de canais
possíveis para se fazer inteligível aos seus servos. Pelo fato dos antigos,
especialmente os caldeus, darem muita importância aos sonhos e a sua
interpretação, Deus usou esse canal de comunicação para revelar o significado
das imagens do sonho na cabeça do rei. É claro que esse modo de falar e revelar
a sua vontade não seja o único modo da comunicação divina. Portanto, essa via
de comunicação não era e não é uma regra que obrigue Deus ter que falar somente
por meio de sonhos. Mas Ele o fez, porque os antigos acreditavam piamente que
os sonhos tinham um sentido divino. Hoje, temos a Palavra de Deus como o canal
revelador da fala de Deus aos homens. É bom que se diga que não existe dom de
sonhar como afirmam alguns cristãos. Mas é certo que Deus pode usar esse meio e
outros mais para revelar a sua vontade soberana aos seus servos (Elienai Cabral. Integridade Moral e
Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD).
2.
Daniel é convocado (Dn 4:8,9). “Mas, por fim, entrou na minha presença Daniel, cujo nome é Beltessazar,
segundo o nome do meu deus, e no qual há o espírito dos deuses santos; e eu
contei o sonho diante dele: Beltessazar, príncipe dos magos, eu sei que há em
ti o espírito dos deuses santos, e nenhum segredo te é difícil; dize-me as
visões do meu sonho que tive e a sua interpretação”.
Há um contraste entre o sonho do capítulo 2
e o sonho do capítulo 4. O primeiro sonho foi esquecido pelo rei, mas o segundo
sonho ele não o esqueceu (Dn 2:1,6 e 4:10-17). Como da vez passada (capítulo
2), todos os sábios da Babilônia, com seus magos, astrólogos, caldeus e os
adivinhadores foram convocados à presença do rei para darem a interpretação do
sonho e, mais uma vez, falharam (Dn 4:6,7). Finalmente, foi convocado Daniel, e
este, ao ouvir do rei o relato pediu-lhe um tempo porque, por quase uma hora,
estava atônito e sem coragem para revelar a verdade do sonho ao rei. Daniel
ficou perturbado, e disse: “O sonho seja contra os que te têm ódio, e a sua
interpretação para os teus inimigos” (Dn 4:19).
3.
Daniel ouve o sonho e dá a sua interpretação (Dn 4:19-26). O rei
conta a Daniel todo o seu sonho. Ele viu uma grande árvore de dimensões enormes
que produzia belos frutos e que era visível em toda a terra. Os animais do
campo se abrigavam debaixo dela e os pássaros faziam seus ninhos nos seus ramos
(Dn 4:10-12). O rei viu descer do céu “um vigia, um santo” (Dn 4:13) e esse
vigia clamava forte: “Derribai a árvore e cortai-lhe os ramos” (Dn 4:14).
“Então Daniel... esteve atônito quase uma hora” (4:19). O tempo que Daniel
levou para interpretar o sonho significava que ele ficou amedrontado em contar
ao rei a verdade. De certo modo, Daniel gozava da confiança do rei como
conselheiro e preferia, como homem, que as revelações do sonho não atingissem a
pessoa do rei. Mas Daniel não pôde evitar, porque o próprio rei, percebendo a
perplexidade de Daniel, o instou a que não tivesse medo e contasse exatamente o
que o seu Deus havia revelado.
a) Uma árvore majestosa (Dn 4:11,12). A
“árvore” do sonho de Nabucodonosor era formosa e bela. A visão esplêndida dessa
árvore indicava a formosura, a grandeza, o poder e a riqueza que representavam
a glória de Nabucodonosor. Ninguém na terra havia alcançado todo esse poder
antes dele. Daniel declarou ao rei que aquela árvore que seria cortada era o
próprio rei e disse: “Es tu, ó rei”
(Dn 4:22). Imaginemos o semblante de espanto de Nabucodonosor ao ouvir esta
declaração. Como resignar-se serenamente ante um fato inevitável revelado pelo
Deus de Daniel. Assim é a glória dos homens, como uma árvore que cresce e se
torna frondosa e, de repente, é derribada. Assim Deus destrói os soberbos (Elienai Cabral. Integridade Moral e
Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD).
b) Juízo e misericórdia são demonstrações
da soberania divina. “Esta
é a interpretação, ó rei; e este é o decreto do Altíssimo, que virá sobre o
rei, meu senhor: serás tirado de entre os homens, e a tua morada será com os
animais do campo, e te farão comer erva como os bois, e serás molhado do
orvalho do céu; e passar-se-ão sete tempos por cima de ti, até que conheças que
o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens e o dá a quem quer” (Dn
4:24,25).
Aqui é mostrado como Daniel começou a interpretação
da “grande árvore” que o rei tinha visto no sonho. Daniel declarou que aquele
monarca era a árvore e que seria cortada como quando o lenhador corta a árvore
do bosque. Mas Daniel acrescentou que um tronco, com suas raízes, seria deixado
na terra (Dn 4:15). Nabucodonosor devia saber que, ao passar o tempo de
castigo, seria restaurado novamente no seu posto como governador do império
babilônico. Isto mostra que a intenção divina não era destruir Nabucodonosor
sem dar-lhe a oportunidade de se converter e reconhecer a glória de Deus. Ele
foi tirado do meio dos homens e ficou completamente louco, indo conviver com os
animais do campo por “sete tempos” (Dn 4:25). Depois desse período de demência,
Nabucodonosor voltou ao normal e louvou ao Deus Altíssimo – “Mas, ao fim daqueles dias, eu,
Nabucodonosor, levantei os meus olhos ao céu, e tornou-me a vir o meu
entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei, e glorifiquei ao que vive
para sempre, cujo domínio é um domínio sempiterno, e cujo reino é de geração em
geração” (Dn 4:34).
O Deus Todo Poderoso sempre que aplica uma
sentença, ela vem mesclada de misericórdia. Porém, é evidente que chegará o Dia
quando não mais essa misericórdia existirá, e, a partir daí, Deus dará aos seus
inimigos o cálice da sua ira (Ap 14:10). No presente século, o ser humano é
convidado a tomar parte no “dia da salvação”, porém em breve chegará o momento
em que ele tomará parte da ira de Deus e do Cordeiro (Ap 6:17).
III. A PREGAÇÃO DE DANIEL
“Portanto,
ó rei, aceita o meu conselho e desfaze os teus pecados pela justiça e as tuas iniquidades,
usando de misericórdia para com os pobres, e talvez se prolongue a tua tranquilidade”
(Dn 4:27).
O texto mostra que Daniel aconselhou o rei a
arrepender-se dos seus maus caminhos – “desfaze
os teus pecados pela justiça e as tuas iniquidades, usando de misericórdia para
com os pobres” -, mas tudo indica que o rei continuou a sua vida como antes:
soberbo e arrogante. A Bíblia diz que a soberba torna os olhos altivos (Pv
21:4). Quando o homem não escuta a voz da graça, ouve a trombeta do juízo. Deus
abriu para o rei a porta da esperança e do arrependimento, ele, porém, não
entrou. Então, Deus o empurrou para o corredor do juízo. Deus o humilhou. O
orgulho é algo abominável para Deus, pois Ele resiste ao soberbo (1Pe 5:5).
Após 12 meses o sonho se cumpriu
literalmente (Dn 4:29-32). Nabucodonosor morou com os animais, comeu erva como
boi, e seu corpo foi molhado pelo orvalho. Depois de restabelecido, o rei
entendeu que tudo aconteceu por causa de seu orgulho. Então, ele declarou:
“Agora,
pois, eu, Nabucodonosor, louvo, e exalço, e glorifico ao Rei dos céus; porque
todas as suas obras são verdades; e os seus caminhos, juízo, e pode humilhar
aos que andam na soberba”.
Nabucodonosor, finalmente, foi restaurado,
tanto da doença mental como da alma. Deus o transformou através das duras
provas.
“A conversão de Nabucodonosor pode ser vista
por intermédio de quatro evidências:
- ele
glorificou a Deus (Dn 4:34). Agora, ele olha para o céu, para cima. Nossa vida
sempre segue a direção de nosso olhar. Até agora ele só olhava para baixo, para
a terra. Como aquele rico insensato que construiu só para esta vida, e Deus o
chamou de louco. Muitos levantam os olhos tarde demais, como o rico que
desprezou Lázaro. Ele levantou seus olhos, mas já estava no inferno.
- “ele
confessou a soberania de Deus (Dn 4.35).
- “ele
testemunhou sua restauração (Dn4.36) e adorou a Deus (Dn 4.37)”.
(Rev.
Hernandes Dias Lopes – Daniel, um homem amado no céu).
CONCLUSÃO
Se desejamos viver vitoriosamente, tenhamos
muito cuidado, para não sermos contagiados pela soberba, que tem levado muitos
à queda, pois Deus resiste e continuará resistindo aos soberbos (Tg 4:6).
Todavia, o Pai Celeste dá e dará graças, misericórdia e ajuda em todas as
situações da vida, àqueles que têm o coração quebrantado e contrito, que se
chega a Ele com humildade.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço
– Assembleia de Deus. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação
Pessoal.
Integridade Moral e Espiritual – Elienai
Cabral. CPAD.
Roy
E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
Daniel – As visões para estes últimos dias.
Severino Pedro da Silva. CPAD.
Hernandes Dias Lopes – Daniel (Um homem
amado do Cé). Hagnos.
Revista Ensinador Cristão – nº
60 – CPAD.