quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Aula 06 - O MINISTÉRIO DA RECONCILIAÇÃO


Leitura Bíblica: 2Coríntios 5.14,15,17-21
07 de fevereiro de 2010

"E tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo e nos deu o ministério da reconciliação" (2Co 5:18).

INTRODUÇÃO
Estudamos na aula anterior sobre a opção de Deus em oferecer a sua mensagem(o Evangelho – o grande tesouro) por meio de receptáculos frágeis(vasos de barro), cujo texto base foi 2Corintios 4:7-18. Nesta aula, estudaremos sobre o ministério da reconciliação. Mas antes, destacaremos a continuidade, nos versículos 5 a 10, a defesa do ministério de Paulo, o qual argumenta acerca de seus sofrimentos e das consolações do Senhor. No contexto destes versículos, Paulo explica o contraste entre a vida terrena - mortal e limitada, e a imortal - eterna e espiritual. Do versículo 11 até o 21, Paulo trata do ministério da reconciliação propriamente dito. Reconciliar, na definição do Dicionário Aurélio, é estabelecer paz entre inimigos ou adversários, ou ainda tornar amigos pessoas que se malquistaram. No aspecto relacionado à salvação, a reconciliação é o ato pelo qual Deus oferece a redenção à humanidade por meio de seu Filho Jesus Cristo, apagando a inimizade existente entre o homem caído e o Deus Santo. Deus trata o homem que recebe Jesus como uma pessoa justa e amiga. Essa mensagem de reconciliação está de acordo com o que o apóstolo Paulo vive, demonstrando que como ministro do Senhor, ele buscava a reconciliação com os coríntios tanto quanto Deus buscava.
I. A VIDA PRESENTE E A FUTURA (5.1-10)
Paulo contrasta nosso corpo terreno com o nosso futuro corpo da ressurreição. Ele declara claramente que nosso corpo presente nos faz gemer e que quando morremos e formos ressuscitados na vinda do Senhor, teremos novos corpos que serão perfeitos para a nossa vida eterna.
Paulo escreveu desse modo porque a igreja em Corinto estava cercada pela cultura grega, e muitos crentes tinham dificuldades com o conceito da ressurreição do corpo porque os gregos não criam nisso. A maioria deles via a vida após a morte como algo que acontecia somente com a alma, com o verdadeiro ser que está preso a um corpo físico. Acreditavam que, com a morte, a alma era libertada; não existia imortalidade alguma para o corpo, e a alma entrava em um estado eterno. Mas a Bíblia ensina que o corpo e a alma não estão permanentemente separados. Há uma promessa que o nosso corpo será ressuscitado, o qual se unirá novamente a alma e ao espírito. Paulo descreve nosso corpo ressuscitado com maiores detalhes em 1Corintios 15:46-58.
O futuro corpo do cristão é descrito no versículo 1 do capítulo 5 como eterno, nos céus, não mais sujeito a doença, decomposição e morte(ver Fp 3:21; Ap 21:4). O corpo glorificado durará para sempre no lar celestial. Os salvos só receberão o corpo glorificado quando Cristo voltar para buscar sua igreja(1Ts 4:13-18). Quando o cristão falece, sua alma vai para junto de Cristo, onde desfruta conscientemente as glórias do Céu. O corpo fica na sepultura. Quando o Senhor voltar, o pó será ressuscitado da sepultura, e Deus o transformará em um corpo novo e glorificado que será reunido ao espírito e à alma. Entre a morte dos santos e a vinda de Cristo para buscá-los, pode-se dizer que os cristãos permanecem em um estado desencarnado. Isso não significa, porém, que eles não tem consciência plena da alegria do Céu. Pelo contrário!
1. A confiança doutrinária de Paulo (5:1). “Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus”.
Paulo está usando uma figura de linguagem para retratar a morte e a ressurreição. Ele menciona o tabernáculo para falar do corpo físico, transitório, temporário,que se debilita, enfraquece, adoece e morre; e menciona a casa não feita por mãos, para falar do corpo glorioso da ressurreição, que é permanente e eterno.
Enquanto a tenda(“tabernáculo”), é apenas uma moradia transitória para um viajante ou peregrino, a casa, ou edifício, é uma residência permanente. A tenda(“tabernáculo”), que é o corpo físico, é apenas um lugar de habitação, e não o ser humano essencial. Agora caminhamos pelo deserto numa tenda provisória, mas há uma casa ou um templo permanente preparado para a alma, onde haverá estabilidade, poder e beleza.
Paulo não olha para essa verdade, como se fosse uma tênua esperança. Ele não lida com essa questão com a linguagem da conjectura hipotética, mas com a convicção da certeza experimental:”sabemos”.
Um dia precisaremos afrouxar as estacas dessa tenda e levantar acampamento. Para Paulo, a morte é uma mudança de endereço(2Tm 4:6-8). É deixar uma tenda frágil e temporária e mudar-se para uma casa permanente, uma mansão feita não por mãos, eterna nos céus.
Nos dias de Paulo, tanto a filosofia grega como a romana desprezava o corpo. Para eles, o corpo era apenas uma prisão, uma tumba. Paulo, porém, se distancia, aqui, dessas filosofias e ensina que a morte não é a libertação da alma da prisão do corpo, mas uma mudança de um corpo de fraqueza para um corpo de poder; de um corpo temporário para um corpo permanente; de um corpo terreno para um corpo celestial; de um corpo mortal para um imortal; de um corpo corruptível para um corpo incorruptível. Paulo descreve o corpo ressurreto assim: “Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade e que isto que é mortal se revista da imortalidade.E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então, cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória”(1Co 15:53,54).
2. O anelo de Paulo pela vida além-túmulo (5:1-5). Paulo em muitas partes de suas epístolas expressou o desejo do além-túmulo. Para ele, a morte não era uma tragédia. Ele chegou a dizer:”Para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro”(Fp 1:21). Para ele, morrer é partir para estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor(Fp 1:23). Ele desejava, preferencialmente, estar com o Senhor: “Desejamos, antes, deixar este corpo, para habitar com o Senhor”(2Co5:8). Somente aqueles que têm o Espírito Santo como penhor(2Co5:5) podem ter essa confiança do além-túmulo. O penhor do Espírito é uma garantia de que caminhamos não para um fim tenebroso, mas para um alvorecer glorioso. Caminhamos não para a morte, mas para a vida eterna. Caminhamos não para o desmoronamento de uma tenda(“tabernáculo”) rota, mas para habitação de uma mansão permanente.
Mas, enquanto estivermos aqui, neste corpo mortal, muitas vezes somos levados a gemer(5:2) devido à forma pela qual ele nos limita e dificulta nossa vida espiritual. Nosso grande anseio é ser revestidos da nossa habitação celestial.
Aqueles que vivem sem essa garantia se desesperam na hora da morte. Na verdade, eles caminham para um lugar de trevas, e não para a cidade iluminada; caminham para um lugar de choro e ranger de dentes, e não para a festa das bodas do Cordeiro; caminham para o banimento eterno da presença de Deus, e não para o bendito lugar onde Deus armará seu “tabernáculo” para sempre conosco.
3. O Tribunal de Cristo para todos os crentes (5:7-10). “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal”(5:10).
O julgamento da Igreja é o chamado “Tribunal de Cristo”, que ocorrerá logo após o arrebatamento, antes das bodas do Cordeiro. Acontecerá nas regiões celestiais. Neste tribunal, os crentes serão julgados pelas obras que tiverem feito por meio do corpo, ou bem, ou mal (Rm.14:10; 2Co.5:10). Este julgamento não envolve salvação ou perdição, pois todos os crentes que forem arrebatados estarão salvos, mas serão julgadas as obras com vistas à entrega de recompensas, do “galardão”. Nesta oportunidade, muitos serão surpreendidos, pois Deus conhece o coração do homem (1Sm.16:7) e sabe a qualidade de tudo o que está sendo feito em Sua obra, não atentando para a aparência. Diante disto, muitos que, aparentemente, terão feito muito pela obra do Senhor, nada receberão, porquanto suas obras serão consideradas como palha, como madeira, sem condição de resistir ao crivo divino e outros, que, aparentemente, nada teriam feito pelo Senhor, receberão galardões, pois trabalharam em silêncio, sem alarde, mas com dedicação e real devoção. Os critérios do julgamento e o seu tratamento são descritos em 1Co.3:12-15.
O Tribunal de Cristo será revelador. Ele revelará com precisão como foi a nossa vida de serviço a Cristo. Avaliará não apenas a quantidade de serviço, mas também a qualidade e até as motivações para realizá-los. O termo traduzido por “comparecer” também pode ser traduzido por “ser revelado”. O verdadeiro caráter de nossas obras será exposto diante dos olhos perscrutadores do Salvador. A revelação envolverá tanto o caráter de nosso serviço (1Co3:13) quando as motivações que nos impeliram (1Co4:5). O tribunal dos homens julga apenas as ações, mas o Tribunal de Cristo julgará as intenções (1Co 4:5).
É bom ressaltar que, apesar de os pecados cometidos depois da conversão afetarem o serviço cristão, não serão julgados nessa ocasião solene. O julgamento dos nossos pecados ocorreu há mais de dois mil anos, quando o Senhor Jesus levou nossos pecados sobre si na cruz. Cristo pagou o valor total da dívida resultante de nossas ofensas e Deus não as julgará novamente (João 5:24). O Juiz desse julgamento é Cristo(João 5:22). Deus examinará e revelará abertamente, na sua exata realidade: (a) nossos atos secretos(Mt 4:22; Rm 2:16); b) nosso caráter(Rm 2:5-11); c) nossas palavras(Mt 12:36,37); d) nossas boas obras(Ef 6:8); e) nossas atitudes(Mt 5:22); f) nossos motivos(1Co 4:5); g) nossa falta de amor(Cl 3:23 – 4:1) e h) nosso trabalho e ministério(1Co 3:13). Em fim, o crente terá que prestar contas da sua fidelidade ou infidelidade a Deus (Mt 25:21,23; 1Co 4:2-5) e das suas práticas e ações, tendo em vista a graça, a oportunidade e o conhecimento que recebeu (Lc 12:48; João 5:24; Rm 8:1).
II. O AMOR DE CRISTO CONSTRANGE E TRANSFORMA (5.11-17)
O texto deste tópico indica que Paulo ainda estava se defendendo dos ataques dos falsos apóstolos. Eles o acusavam de pregar a mensagem errada e com a motivação errada. A resposta do veterano apóstolo é que dois fatores basilares governavam suas motivações no ministério: o temor a Deus(5:11) e o amor de Cristo(5:14).
1. A força da persuasão à fé em Cristo (5:11). “Assim que, sabendo o temor que se deve ao Senhor, persuadimos os homens à fé, mas somos manifestos a Deus; e espero que, na vossa consciência, sejamos também manifestos”. Aqui, Paulo destaca o "temor ao Senhor" como um modo de convencer as pessoas acerca da fé recebida. Paulo não está enfatizando o terror de Deus para os incrédulos, mas, sim, o temor reverente com o qual devemos procurar servir e agradar ao Senhor. O apóstolo sabe que sua vida é um livro aberto para Deus. Ainda assim, gostaria que os coríntos não tivessem dúvida de sua integridade e fidelidade no ministério do evangelho. Dessa forma, em outras palavras, ele está dizendo: Uma vez que conhecemos o temor do Senhor, procuramos persuadir os homens quanto à nossa integridade e sinceridade como ministros de Cristo. No entanto, sejamos ou não bem-sucedidos nisso, Deus sabe tudo sobre nós. Esperamos que nosso verdadeiro caráter também fique claro na consciência dos corintios.
Somente aqueles que temem ao Senhor podem manter a consciência limpa diante dos homens. Paulo andava de forma íntegra com Deus e com os homens. Ele temia a Deus, por isso, nada tinham a esconder dos homens. Seus motivos e suas ações estavam abertos diante de Deus. Não existia nenhum engano embutido em suas tentativas de persuadir os homens.
2. A grande motivação do ministério de Paulo: o amor de Cristo (vv.12,13). “ Porque não nos recomendamos outra vez a vós; mas damo-vos ocasião de vos gloriardes de nós, para que tenhais que responder aos que se gloriam na aparência e não no coração. Porque, se enlouquecemos, é para Deus; e, se conservamos o juízo, é para vós”.
O apóstolo Paulo descreve seus críticos como homens que se gloriam na aparência e não no coração. Em outras palavras, eles estavam interessados na aparência, e não na realidade, na integridade e na honestidade interiores. Consideravam apenas a aparência física, eloqüência ou suposto zelo. Eles estavam centrados em si mesmos, e não centrados em Deus. Eles valorizavam cartas de recomendação(3:1), eloqüência(10:10; 11:6), nascimento e herança judaica(11:22), visões e revelações(12:1) e a realização de milagres(12:12). Eles se gloriavam em possuir essas coisas externas. Visões e revelações faziam parte da vida de Paulo, mas ele nunca exibiu essas experiências como distintivos de autoridade apostólica. Paulo estava interessado não em se promover, mas em expandir a igreja de Cristo. Ele fazia isso motivado pelo amor de Cristo.
Você pode identificar os falsos mestres, os falsos pregadores, descobrindo o que realmente os motiva. Se estiverem mais preocupados consigo mesmo do que com a causa de Cristo, evite tanto a eles quanto a mensagem que pregam.
3. Um amor que nos constrange a viver integralmente para Cristo (vv.14-17). “ Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo, todos morreram”(5:14).
O que levava o apóstolo Paulo a servir de forma tão incansável e abnegada na pregação do Evangelho? Neste versículo, uma das mais importantes, da carta de 2Corintios, Paulo revela sua motivação: o amor de Cristo. Aqui, o amor de Cristo é o seu amor por nós ou o nosso amor por ele? Sem dúvida, é o amor de Cristo por nós. Nós o amamos apenas porque ele nos amou primeiro. É o seu amor que nos constrange, nos impele, como uma pessoa é impelida em uma multidão. Ao contemplar o amor extraordinário que Cristo havia demonstrado por ele, Paulo não podia deixar de ser impelido a servir a esse Senhor maravilhoso.
Ao morrer por todos nós, Jesus agiu como nosso Representante. Quando Ele morreu, todos morreram nele. Assim como o pecado de Adão se tornou o pecado de seus descendentes, também a morte de Cristo se tornou a morte daqueles que nele creem(Rm 5:12-21; 1Co 15:21,22). Por causa de seu sacrifício vicário somos agora nova criatura(5:17), ou seja, temos uma nova posição em relação a Deus e ao mundo. Temos agora uma nova forma de viver, na qual desaparece a vida pregressa e os velhos costumes. Por ocasião da conversão, não apenas viramos uma página de nossa vida velha, começamos um novo estilo de vida sob o controle do Espírito Santo. Esse novo estilo de vida é consequência lógica da conversão, pois o amor de Deus pela humanidade (Jo 3.16) constrange-nos a viver integralmente para Ele.
III. O MINISTÉRIO DA RECONCILIAÇÃO (5.18-21)
Muitos desastres de proporções gigantescas a história já registrou. Mas o maior desastre cósmico foi a queda de nossos primeiros pais. Ela afetou toda a criação e jogou toda a raça humana no abismo do pecado. O pecado divide, desintegra e separa. O pecado provocou um abismo espiritual, pois separou o homem de Deus. Provou um abismo social, pois separou o homem de seu próximo. Provocou um abismo psicológico, pois separou o homem de si mesmo, e provocou também um abismo ecológico, pois separou o homem da natureza, fazendo dele um depredador ou um adorador dessa mesma natureza.
O mundo está profundamente marcado pelas tensões do pecado. O homem é um ser em guerra com Deus, consigo, com o próximo e com a natureza. Nesse mundo cheio de ódio, ferido pelo pecado e distante de Deus, a reconciliação é uma necessidade imperiosa.
A Bíblia não fala de Deus tendo necessidade de reconciliar-se com o homem. É o homem que precisa se reconciliar com Deus. Nós mudamos; Deus nunca mudou(Ml 3:6). Seu amou por nós é eterno e incessante.
Deus poderia ter nos tratado como tratou os anjos rebeldes. Eles foram conservados em prisões(Jd 6:13) e em permanente estado de perdição. Mas Deus providenciou, para nós, um caminho de volta para Ele. Cristo é esse caminho(João 14:6).
1. Reconciliação, palavra-chave da nova criação (5:18,19). “E tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados, e pôs em nós a palavra da reconciliação”.
A palavra “reconciliação”,do grego katallagē, é caracteristicamente a palavra que expressa a idéia de unir duas partes que estavam em conflito. A palavra katallagē é usada no Novo Testamento especialmente para descrever o restabelecimento das relações entre o homem e Deus. Paulo diz: ”[...] Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo[...]”(5:19).
A reconciliação é iniciativa divina - “ E tudo isso provém de Deus[...]”(5:18). O homem é o ofensor, e Deus é o ofendido. A reconciliação deveria ter partido de nós, a parte ofensora, mas partiu de Deus, a parte ofendida. É a parte ofendida que toma a iniciativa da reconciliação. Deus restaurou o relacionamento entre si mesmo e nós. O Evangelho não é o homem buscando a Deus, mas Deus buscando o homem. Foi o homem quem caiu, afastou-se e rebelou-se. Mas é Deus quem o busca. É Deus quem corre para abraçar. “Com amor eterno eu te amei e com benignidade eu te atraí”(Jr 31:3).
A cruz de Cristo foi o preço que Deus pagou para nos reconciliar consigo. A cruz de Cristo é a ponte entre a terra e o Céu. Nenhuma pessoa pode chegar até Deus a não ser por meio dessa ponte. Deus nos amou e nos deu seu Filho(João 3:16). Deus nos amou, e Cristo sofreu em nosso lugar. Deus nos amou e Cristo morreu por nós. Na verdade, não foi a cruz de Cristo que gerou o amor de Deus; foi o amor de Deus que gerou a cruz(Rm 5:8;8:32). A cruz é o maior arauto do amor de Deus por nós. A cruz é a prova cabal de que Deus está de braços abertos para nos receber de volta ao lar.
A nossa reconciliação com Deus custou-lhe um preço infinito: a morte do seu próprio Filho. Ele nos comprou não com coisas corruptíveis como prata e ouro, mas com o sangue do seu Filho bendito(1Pe 1:18,19).
2. O ministério da reconciliação. “[...]e nos deu o ministério da reconciliação”. Por sermos reconciliados com Deus, temos o privilégio de encorajar outros a fazerem o mesmo. Temos o privilégio maravilhoso de levar essa mensagem gloriosa a todas as pessoas, em toda parte. Não foi dada essa incumbência aos anjos, mas a pessoas frágeis e insignificantes. Deste modo, temos “o ministério da reconciliação”.
3. Embaixadores de Deus (5:20). “De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamos-vos, pois, da parte de Cristo que vos reconcilieis com Deus”.
Um embaixador é um ministro de Estado, um representante de seu governante em um terra estrangeira. Paulo sempre fala do ministério do cristão como um chamado nobre e digno. Aqui, ele se compara a um enviado de Cristo ao mundo. Ele era um porta-voz de Deus por intermédio do qual Deus exortava a outros.
Como crentes, somos embaixadores de Cristo, enviados a pregar sua mensagem de reconciliação ao mundo. Antes, inimigos; agora, somos seus representantes neste mundo pecaminoso. Zelamos pelos interesses do Seu Reino, além de sermos seus porta-vozes às nações em todos os aspectos. Prestamos assistência neste mundo aos nascidos de novo, e convidamos outros para que, pelo novo nascimento, partilhem das bênçãos que Deus tem preparado a todos aqueles que o aceitarem como Senhor e Salvador.
CONCLUSÃO
Deus não só reconciliou o mundo consigo mesmo, através da morte vicária de Jesus Cristo na cruz do calvário, mas também comissionou mensageiros para proclamar essas boas novas. Todos quantos derem ouvidos ao chamado para o arrependimento e a fé, experimentarão a alegria da reconciliação com Deus. Antes nós éramos inimigos de Deus, agora, somos embaixadores da reconciliação. Antes estávamos perdidos; agora, buscamos os perdidos. Neste mundo marcado pelo ódio, pela guerra e por relacionamentos quebrados entre o homem e Deus, e entre o homem e seu próximo, temos um gloriosos ministério: o ministério da reconciliação.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no site: www.adbelavista.com.br, e no Blog: luloure.blogspot.com
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. Bíblia de estudo DAKE. O novo dicionário da Bíblia. Revista o Ensinador Cristão. Guia do leitor da bíblia – 2Corintios. 2Corintios – Rev. Hernandes Dias Lopes. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdnald.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Aula 05 - Tesouro em vasos de barro



Leitura Bíblica: 2Corintios 4:7-18
31/01/2010

“Temos, porém, esse tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós”(2Co 4:7)


INTRODUÇÃO
Depois de ressaltar, nos versículos 1 a 6 do capítulo 4, a responsabilidade solene de todo servo de Cristo de transmitir a mensagem do evangelho de forma clara, Paulo reflete agora sobre o instrumento humano ao qual foi confiado este tesouro maravilhoso: a mensagem do evangelho. Para ensinar aos crentes de Corinto o valor da humildade, ele utiliza a figura de um vaso de barro contendo um grande tesouro. Qualquer pessoa escolheria um lugar mais seguro e resistente para colocar seus bens. Pela estrutura do receptáculo esse seria o lugar mais inseguro e frágil para se esconder um tesouro. Mas é desta forma que Deus escolheu trazer o Evangelho ao mundo: através da fraqueza humana, para que a grandeza extraordinária de seu poder de salvação possa ser vista como sua obra, e não como uma ação humana. Paulo compara e contrasta o evangelista com o evangelho, o pregador, com a pregação. O foco não deve estar no instrumento que prega a mensagem, mas no conteúdo da mensagem. Nesta aula, mostraremos que, a despeito de nossa fragilidade, o Senhor nos usa para expandir o seu Reino.
I. PAULO APRESENTA O CONTEÚDO DOS VASOS DE BARRO (4.1-6)
1. Um conteúdo genuíno (4:1). Em 2Co 3:7-18,que estudamos no tópico III da aula anterior, Paulo faz o contraste entre a Antiga Aliança(a Lei) e a Nova Aliança(o Evangelho), e mostra que esta é superior à aquela. Nos versículos de 1 a 6 do capítulo 4, Paulo prossegue na defesa de seu ministério, e apresenta o glorioso ministério da nova aliança, o ministério que oferece às pessoas vida, salvação, justificação e tem poder para transformar vidas, a saber, o evangelho. Ao usar a figura do "vaso de barro", indica a debilidade e a pequenez de tal utensílio diante de sua riqueza interior.
O Evangelho não é produto da mente humana, mas da revelação divina. Sua origem está no Céu, não na Terra. Sua oferta é graciosa, seu poder é irresistível, sua evidência é luminosa. Paulo também nos conta como a mente de algumas pessoas ainda estão embotadas perante esse evangelho, e conclui explicando o conteúdo do seu evangelho: Cristo é Senhor. Naqueles dias, surgiram falsos apóstolos, mercadores da Palavra de Deus, que não tinham compromisso nenhum com a veracidade daquilo que pregavam. Proferiam discursos vazios com conteúdo adulterado, à semelhança dos comerciantes desonestos, que adulteram as substâncias originais de seus produtos, misturando-as com algo mais barato para enganar seus clientes.
Destacamos aqui dois pontos importantes acerca do evangelho genuíno: Em primeiro lugar, o Evangelho é concedido pela misericórdia divina, e não pelo mérito humano – “ Pelo que, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita[...]”(4:1). Paulo foi um implacável perseguidor da Igreja. Respirava ameaça contra os discípulos de Cristo. Ele não buscava a Cristo, mas Cristo o buscou, transformou-o, capacitou-o, comissionou-o e o fez ministro da nova aliança(1Tm 1:12-17). Jesus demonstrou a ele misericórdia não levando em conta suas misérias, mas oferecendo a ele sua graça.
Em segundo lugar, o Evangelho nos dá forças para enfrentar o sofrimento – “[...] não desfalecemos”(4:1b). Paulo não desfaleceu. Não agiu com covardia, mas, sim, com coragem, diante de obstáculos aparentemente intransponíveis. Ele enfrentou toda sorte de sofrimento: perseguição, rejeição, oposição, abandono, apedrejamento, açoites, prisão, acusação, naufrágio e a própria morte. Mas esses sofrimentos todos, além da preocupação que tinha com todas as igrejas, não puderam demovê-lo nem desencoraja-lo, porque o chamado divino é sempre acompanhado da capacitação divina. Paulo jamais desistiu de pregar.
Sem dúvida, há motivos de sobra para desânimo e depressão no serviço cristão, mas o Senhor concede misericórdia e graça em todos os momentos de necessidade. Assim, não obstante os desânimos, os encorajamentos são sempre maiores.
2. Um conteúdo que rejeitava coisas falsificadas (v. 2). “Antes, rejeitamos as coisas que, por vergonha, se ocultam, não andando com astúcia nem falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade”(2Co 4:2). Aqui, Paulo está pensando, mais uma vez, nos falsos mestres que se haviam infiltrados na igreja de Corinto. Seus métodos eram os mesmos usados pelas forças do mal, a saber, a vergonhosa sedução ao pecado, a astuta distorção da verdade, o uso de argumentos ardilosos e a falsificação da Palavra de Deus.
Os falsos obreiros que estavam invadindo a igreja de Corinto e fazendo oposição a Paulo buscavam a promoção pessoal, e não a glória de Cristo. Eles estavam interessados no dinheiro do povo, e não na salvação do povo. Eles estavam envoltos em densas trevas do engano, e não na refulgente luz da verdade. Eles buscavam resultados, e não fidelidade. Queriam mais os aplausos dos homens do que a aprovação de Deus. Então, Paulo disse:”rejeitamos”...
Os falsos obreiros em Corinto estavam usando astúcias e truques para pregar. Eles usavam atrativos enganosos para atrair as pessoas. Esses falsos obreiros estavam imitando a astúcia da serpente que enganou Eva no Éden(2Co 11:3,14,15). Esses falsos obreiros astuciosamente usavam manobras psicológicas, táticas para impressionar e apelos emocionais para seduzir as pessoas com as suas falsas mensagens. Mas, Paulo diz: “rejeitamos”...
Os falsos obreiros, como mascates espirituais, estavam falsificando(adulterando) a Palavra de Deus, ministrando suas idéias heterodoxas ao evangelho, adicionando a palha de seus ritos ao trigo da verdade. Quando Paulo diz “nem falsificando a palavra de Deus”,ele certamente está se referindo ao passatempo preferido desses indivíduos, a saber, tentar misturar a lei com a graça. Hoje muitos pregadores estão adulterando a Palavra de Deus, pregando ao povo o que ele quer ouvir, e não o que ele precisa ouvir. Mas, Paulo diz: “rejeitamos”...
3. Um conteúdo de coisas espirituais transparentes. Paulo diz: “e assim nos recomendamos à consciência de todo homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade”(2Co 4:2b). O cristão verdadeiro vive de forma transparente na presença de Deus e dos homens. Os cristãos judaizantes, opositores de Paulo, acusavam-no de haver distorcido a mensagem, todavia, a vida do apóstolo é um mapa aberto. Não tem nada a esconder. Está pronto a submeter-se ao escrutínio dos homens, um vez que vive na presença de Deus. Contudo, seu propósito não é apenas receber o aval dos homens, mas ser aprovado por Deus(1Co 4:3,4). O ministério de Paulo tem como alvo “a manifestação da verdade”. A verdade, tal como revelada em Jesus, é tão universal e essencial à vida humana que não há necessidade de expedientes psicológicos para elevá-la ou torná-la mais eficiente e interessante.
A manifestação da verdade pode ser entendida de duas formas. Manifestamos a verdade quando a declaramos de forma explícita e compreensível. Também a manifestamos quando a colocamos em prática em nossa vida diante de outros, para que eles a vejam em nosso exemplo. Paulo usava os dois métodos. Pregava o evangelho e o obedecia em sua própria vida. Ao fazê-lo, procurava recomendar-se à consciência de todo homem, na presença de Deus.
No versículo 3 do capítulo 4, Paulo fala de sua extrema dedicação à tarefa de manifestar a verdade de Deus, tanto em preceito quanto na prática. Ele diz: “Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto”. Se o evangelho ainda está encoberto para alguns, não é por culpa de Deus, e Paulo não deseja que seja por sua própria culpa. No entanto, enquanto escreve essas palavras, o apóstolo está ciente da existência de indivíduos que simplesmente não conseguem compreende-lo. Quem são eles? São os que se perdem. Por que estão cegos desse modo? A resposta se encontra no versículo 4: “nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus”. Satanás é culpado. Aqui, ele é chamado de deus deste século (“era”, “época” ou “tempo”). O inimigo conseguiu colocar um véu sobre a mente dos incrédulos. Seu desejo é mantê-los em escuridão perpétua, para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo e não sejam salvos.
No universo físico, o sol está sempre brilhando. Quando não o vemos brilhar é porque há algo entre nós e ele. O mesmo pode ser dito do evangelho. A luz do evangelho está sempre brilhando. Deus procura o tempo todo fazê-la resplandecer no coração dos homens. Satanás, porém, levanta várias barreiras entre os incrédulos e Deus. Podem ser nuvens de orgulho, rebelião, justiça própria ou várias outras coisas. Todas elas, porém, conseguem impedir que a luz do evangelho brilhe no coração dessas pessoas. Satanás simplesmente não deseja que os homens sejam salvos.
II. PAULO EXPÕE A FRAGILIDADE DOS VASOS DE BARRO (4.7-12)
1. A metáfora do vaso de barro (4:7). Paulo, apontando a si mesmo e aos coríntios como um vaso de barro, deixa claro que não tem a intenção de estar em evidência, como se fosse uma pessoa de extrema importância. Ele coloca a mensagem que traz consigo como a verdadeira coisa importante em sua vida. O vaso em si mesmo pode ter pouco valor, mas o conteúdo é precioso demais para ser desprezado. Quem poderia imaginar que um bem precioso pudesse ser guardado em um recipiente facilmente quebrável e de pouca importância? Paulo encanta-se diante do contraste entre o glorioso Evangelho e a indignidade e fragilidade de seus proclamadores.
Que extraordinário é um tesouro tão valioso ser confiado a um recipiente tão frágil como um vaso de barro! O homem é apenas um vaso de barro, frágil, quebradiço e barato, mas dentro desse vaso existe um tesouro de inestimável valor: o evangelho. Mesmo sendo fracos, Deus nos usa para transmitir suas Boas Novas e nos dá poder para fazer a sua obra. Saber que o poder é de Deus, e não nosso, deve nos afastar do orgulho e nos motivar a manter nosso contato diário com Ele, nossa fonte de poder. Deus é glorificado por meio de vasos frágeis. A fraqueza do vaso ressalta a excelência do poder de Deus. Por isso, o vaso não pode se orgulhar por ser portador de um tesouro. A glória não está no vaso, mas no tesouro. É preciso concentrar-se no tesouro, não no vaso, ou seja, o foco não deve estar no instrumento que prega a mensagem, mas no conteúdo da mensagem. O vaso é perecível, mas o evangelho é indestrutível. O vaso é frágil, mas o evangelho é poderoso. O vaso não tem beleza em si mesmo, mas o evangelho traz o fulgor da glória de Deus na face de Cristo. O vaso se quebra e precisa ser substituído, mas o evangelho é eterno e jamais pode ser mudado.
2. O paradoxo dos sofrimentos (4:8,9). “Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos”. O princípio geral enunciado no verso 7 é ilustrado aqui numa série de quatro declarações paradoxais. Elas refletem, de uma lado, a vulnerabilidade de Paulo e de seus companheiros, e, de outro lado, o poder de Deus que os sustenta.
Não há ministério indolor. A vida cristã não é uma estufa espiritual nem uma sala vip. Ser cristão não é pisar tapetes aveludados, mas cruzar desertos abrasadores. Ser cristão não é ser aplaudido pelas pessoas, mas carregar no corpo as marcas de Jesus Cristo. Paulo faz aqui quatro contrastes:
a) Atribulados, mas não angustiados(4:8
). A tribulação é uma prova externa, enquanto a angústia é um sentimento interno. A tribulação produz angústia(Sl 116:3), mas Paulo mesmo enfrentando circunstâncias tão adversas era fortalecido pelo Senhor. As tribulações de Paulo foram muitas. Citamos algumas, tais como: foi perseguido em Damasco; rejeitado em Jerusalém; esquecido em Tarso; apedrejado em Listra; açoitado em Filipos; escorraçado de Tessalônica e Beréia; chamado de impostor em Corinto; enfrentou feras em Éfeso; foi preso em Jerusalém; acusado em Cesaréia; enfrentou um naufrágio a caminho de Roma; foi picado por uma cobra em Malta; sofreu prisões, açoites, apedrejamento, fome, frio e pressões de todos os lados. Contudo, Deus o assistiu não o deixando sucumbir diante de tantas adversidades.
b) Perplexos, mas não desanimados(4:8). Do ponto de vista humano, Paulo muitas vezes não sabia se suas dificuldades teriam solução, mas o Senhor jamais permitiu que ele perdesse todas as esperanças. Jamais foi colocado em um lugar estreito do qual não havia saída.
c) Perseguidos, mas não desamparados(4:9). Paulo sofreu duras perseguições desde o começo de sua conversão até o último dia da sua vida na terra. Não teve folga nem alívio. Foi perseguido pelos judeus e pelos gentios, pelo poder religioso e pelo poder civil. No entanto, jamais se sentiu desamparado. Quando foi apedrejado em Listra, levantou-se para prosseguir o projeto missionário. Quando foi preso em Filipos, cantou e orou à meia-noite. Quando foi preso em Jerusalém, deu testemunho diante do Sinédrio. Quando foi levado para Roma como prisioneiro de Cristo, testemunhou ousadamente aos membros da guarda pretoriana. Mesmo quando ficou só em sua primeira defesa, em Roma, foi assistido pelo Senhor(2Tm 4:16-18). Deus jamais o desamparou.
d) Abatidos, mas não destruídos(4:9). Paulo enfrentou circunstâncias desesperadoras, acima de suas forças(1:8). Foi acusado, perseguido, açoitado, aprisionado, mas jamais sucumbiu. Mesmo quando foi levado à guilhotina romana e teve seu pescoço decepado pelo verdugo, não foi destruído(2Tm 4:17,18), porque sabia que sua morte não era uma derrota, mas uma vitória, uma vez que morrer é lucro, é deixar o corpo e habitar com o Senhor, o que é incomparavelmente melhor(Fp 1:23).
Talvez nos perguntemos por que o Senhor permitiu que seu servo passasse por tantas provas e tribulações? Talvez nos pareça que o apóstolo Paulo poderia ter servido ao Senhor com mais eficiência se seu caminho não estivesse tão repleto de obstáculos. Mas as Escrituras Sagradas ensinam justamente o contrário. Em sua sabedoria maravilhosa, Deus julga mais apropriado permitir que seus servos sofram enfermidades, aflições, perseguições, dificuldades e angústias. As tribulações têm por objetivo quebrar os vasos de barro para que a luz do evangelho possa brilhar mais intensamente.
3. Sofrer pela Igreja (4:10-12).Trazendo sempre por toda parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também em nossos corpos. E assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também em nossa carne mortal. De maneira que em nós opera a morte, mas em vós, a vida”.
Se sofremos, é por amor a Jesus. Se morremos para o nosso ego, é para que a vida de Cristo seja revelada em nós. Se passamos por tribulações, é para que Cristo seja glorificado. Ao servir a Cristo, a morte opera em nós, mas a vida opera naqueles para os quais é ministrado a Palavra.
No versículo 12, Paulo resumo tudo o que disse até aqui, lembrando aos coríntios que foi por meio do seu sofrimento constante que a vida chegou até eles. Paulo teve de enfrentar inúmeras dificuldades para levar o evangelho a Corinto, mas valeu a pena, pois os coríntios aceitaram Cristo e receberam a vida eterna.
Nossa tendência é sempre clamar ao Senhor em meio a uma enfermidade e pedir que Ele nos cure a fim de podermos servi-lo melhor. Algumas vezes, porém, talvez devamos agradecer a Deus essas aflições em nossa vida e gloriar-nos em nossas fraquezas para que o poder de Cristo repouse sobre nós.
III. PAULO FALA DA GLORIFICAÇÃO FINAL DESSES VASOS DE BARRO (4.13-18)
1. O poder que transformará os vasos de barro (4:13,14). “ E temos, portanto, o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri; por isso, falei. Nós cremos também; por isso, também falamos, sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará também por Jesus e nos apresentará convosco”.
As aflições e perseguições da vida de Paulo não selaram seus lábios. A fé lhe permite prosseguir com a pregação do evangelho, pois ele sabe que glórias indescritíveis o aguardam além dos sofrimentos desta vida. Paulo fundamenta sua fé não nas suas ricas experiências, mas na eterna Palavra de Deus. Ele cita o salmo 116:10 para firmar sua fé: “Eu cri; por isso é que falei”. Ele creu no Senhor e suas palavras nasceram dessa fé com raízes profundas. Paulo se identifica com as palavras e a fé do salmista ao proferi-las e, portanto, declara:”Também nós cremos; por isso, também falamos”(4:13).
O versículo 14 do capítulo 4 revela o segredo da fé de Paulo e do seu destemor ao proclamar o evangelho de Cristo Jesus. Ele sabia que esta vida não é tudo. Sabia que o cristão tem a certeza da ressurreição. O mesmo Deus que ressuscitou o Senhor Jesus também ressuscitaria o apóstolo Paulo e o apresentaria com os coríntios.
A ressurreição de Cristo é um conforto na aflição. O fato é certo: Cristo levantou-se da morte pelo poder de Deus. Também, Deus nos ressuscitará e nos apresentará em glória. A conclusão é inevitável: Deus nos libertará de todas as nossas aflições. Portanto, a esperança que dominava o coração de Paulo é a mesma que abrange todos os crentes em Cristo: a glorificação do corpo mortal. Nossos corpos transitórios e corruptíveis serão transformados em corpos gloriosos.
2. A esperança capaz de superar os sofrimentos (4:5,16). “ Porque tudo isso é por amor de vós, para que a graça, multiplicada por meio de muitos, torne abundante a ação de graças, para glória de Deus. Por isso, não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia”.
Paulo explica que sua disposição de suportar sofrimentos e perigos era motivada pela inabalável esperança da ressurreição. Por isso ele não desanimava. Por um lado, o processo de deterioração física, do homem exterior, estava sempre em andamento; por outro, havia uma renovação espiritual que lhe permitia prosseguir apesar de todas as circunstâncias adversas. Paulo sabia que um dia os sofrimentos, aflições e a angústia ao pregar o evangelho, terminariam e que ele obteria o descanso e as recompensas de Deus.
Quando enfrentamos grandes dificuldades, é fácil enfocarmos a dor em vez de nossa meta final(a vida eterna). Da mesma maneira que os atletas se concentram na linha de chegada e ignoram seu desconforto, nós também devemos enfocar a recompensa por nossa fé e a alegria que dura para sempre. Não importa o que nos aconteça nesta vida, temos a garantia da vida eterna, quando todo o sofrimento terminar e toda a tristeza desaparecer.
3. Tribulação temporária e glória eterna (4:17,18). “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente, não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas”.
Depois de ler sobre as terríveis aflições que o apóstolo Paulo suportou, podemos ter dificuldade em entender como ele é capaz de chamá-las de leve e momentânea tribulação. Em certo sentido, sua tribulação não tinha nada de leve. Era amarga e cruel. A explicação, porém, se encontra na comparação que Paulo faz. A tribulação em si é extremamente pesada, mas, ao ser comparada com o peso eterno de glória que nos espera, pode ser considerada leve. Além disso, é momentânea, ao passo que a glória é eterna. As lições que aprendemos com as aflições neste mundo redundarão em frutos abundantes no mundo por vir.
Nossa maior esperança quando estamos experimentando uma enfermidade terrível, perseguição ou dor é a certeza de que esta vida não é tudo o que há – existe vida após a morte! Saber que viveremos para sempre com Deus em um lugar sem pecado e sofrimento pode nos ajudar a viver acima da dor que enfrentamos nesta vida.
Por isso, o apóstolo Paulo com firmeza nos exorta para não atentarmos nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas. Paulo refere-se principalmente às dificuldades, provações e sofrimentos que ele suportou. Eram elementos secundários de seu ministério; seu objetivo maior eram as coisas que se não vêem, como, por exemplo: a glória de Cristo, a bênção dos semelhantes e a recompensa reservada para o servo fiel no tribunal de Cristo. Que o Senhor Jesus esteja conosco nessa jornada rumo à glorificação!
CONCLUSÃO
Deus nos escolheu dentre milhares e nos honrou com a sua presença, fazendo que vasos de barros, passivos a se quebrarem, pudessem ter o direito de comportar em si um tesouro incomparável - o conhecimento do Evangelho e o próprio Deus, na pessoa do Espírito Santo (somos o templo do Espírito Santo). Ele nos comprou por bom preço, usando o sangue de Jesus como uma moeda corrente para pagar todos os nossos pecados e nos preparou para toda a boa obra, para que através de nossas vidas o seu nome fosse glorificado no Céu.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no site: www.adbelavista.com.br, e no Blog: luloure.blogspot.com
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. Bíblia de estudo DAKE. O novo dicionário da Bíblia. Revista o Ensinador Cristão. Guia do leitor da bíblia – 2Corintios. 2Corintios – Rev. Hernandes Dias Lopes. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdnald.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Aula 02
O CONSOLO DE DEUS EM MEIO À AFLIÇÃO
Leitura Bíblica: 2Corintios 1:1-7
10/01/2010

Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e o Deus de toda consolação”(2Co 1:3)

INTRODUÇÃO
Algumas vezes as coisas ficam obscuras, incapacitando-nos de ver que há uma saída. Algumas dessas situações parecem oferecer perigo de vida para nós, e sentimo-nos como se Deus tivesse nos abandonado. Foi o que aconteceu com o apóstolo Paulo, como se depreende no texto de 2Corintios 1:8-10. Mas, ele sabia que Deus estava com ele, e que, certamente, receberia dele o consolo, assim como Davi recebeu. O Salmista Davi, em meio a tantos percalços que o rodeavam, reconheceu que somente Deus era o seu verdadeiro amigo e pastor. Ele declarou: "Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam"(Salmo 23:4). O "vale da sombra da morte" representa toda situação obscura que venhamos a passar e que humanamente não conseguimos ver uma saída, uma luz no final do túnel. Porém há uma declaração muito interessante neste verso: "a tua vara e o teu cajado me consolam".
A função do cajado era preservar a ovelha no caminho seguro, e conduzi-la ao pasto verdejante e às águas tranqüilas, dando-lhe a direção certa. Se ela quisesse desviar-se o pastor passava a extremidade arcada do cajado pelo seu pescoço para protegê-la de cair em alguma ribanceira ou meter-se em meio a espinhos. Caso a ovelha se debatesse, tentando escapar do cajado, o pastor batia-lhe com a vara na cabeça para atordoá-la. Feito isso ele a tomava em seus ombros e a carregava até que ela recobrasse as forças para caminhar. A vara servia também para espantar as feras que tentassem atacar qualquer ovelha do rebanho.
Quando o Salmista declara que a vara e o cajado nos consolam ele está declarando que, mesmo em meio do vale da sombra da morte, mesmo em meio às lutas nas quais ficamos como que atordoados sem saber para onde ir, sem conseguirmos ver uma saída, o Deus de toda consolação, o nosso Pastor, que nos consola em todas as nossas tribulações, nos toma em seus braços e nos conduz à vitória, mesmo que às vezes Ele precise usar a vara e o cajado.
Às vezes pensamos que estamos sendo açoitados por Deus, mas na verdade, embora não consigamos perceber ou aceitar, estamos sendo preservados por Deus, e com certeza sairemos daquela situação mais maduros, crescidos. Consolar é colocar-se ao lado encorajando e ajudando a encontrar a saída em tempos de aflição. Deus desempenha essa função, na vida das suas ovelhas, através do Espírito Santo que é o nosso Consolador, aquele que nos conduz a toda verdade, ao lugar de descanso e alívio para a nossa alma cansada, que é junto ao Bom Pastor - “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve"((Mt 11:28 a 30 ).
I – UMA SAUDAÇÃO ESPECIAL E INSPIRADA(1:1,2)
1. Sua identificação pessoal e os destinatários(1:1). Era de praxe iniciar a carta com o seu primeiro nome, seguindo uma forma predominante na época em que aparecia o nome do autor, o nome do destinatário e, finalmente, a saudação. Por isso, logo no início da Epístola, Paulo se apresenta como “Paulo...”.. Em seguida, ele se apresenta como representante de Cristo: “... apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus”. A palavra “apóstolo” quer dizer “enviado”. O próprio Senhor Jesus apareceu a Saulo, salvou-o, chamou-o e comissionou-o para ser apóstolo junto aos gentios. As credenciais de um apóstolo eram: ser testemunha ocular da ressurreição de Cristo e realizar, pelo poder de Deus, sinais e maravilhas(12:12). Paulo, embora chamado fora do tempo viu a Jesus ressurreto(1Co 15:8) e selou seu apostolado com milagres e prodígios.
Paulo, embora chamasse a si mesmo de o maior pecador, o menor de todos os santos e o menor dos apóstolos, foi o maior evangelista da igreja, o maior pastor, o maior missionário, o maior plantador de igrejas e o maior teólogo. Muitos falsos apóstolos passavam pela igreja de Corinto se intitulando de “apóstolos de Cristo”, mas estavam usurpando um título que não lhes pertencia. E não são poucos os que agem assim nos dias de hoje.
Nesta sua saudação à igreja de Corinto, Paulo inclui Timóteo, que cooperava com ele em suas atividades missionárias. Timóteo tinha servido a igreja local de Corinto(At 18:5). Alguns anos depois, Paulo o mandou de Éfeso a Corinto(1Coc4:17; 16:10; At 19:22). Deduz-se que Timóteo tinha voltado de sua visita aos corintios e estava agora na presença de Paulo. Ele foi um jovem obreiro, fiel companheiro de Paulo durante todo o seu ministério(At 16:1,3; 17:14,15; 1Co 4:17).
A despeito dos problemas que a igreja de Corinto possuía, é digno de menção a forma utilizada por Paulo ao dirigir esta sua nova carta àquela igreja:
a) À igreja de Deus que está em Corinto(1.1).
A expressão “igreja de Deus”, neste versículo, significa que era uma congregação de cristãos pertencentes a Deus. Não se tratava de uma assembléia de pagãos ou de uma reunião não religiosa, mas de um grupo de cristãos nascidos de novo, chamados do mundo para pertencer ao Senhor. Sem dúvida, ao escrever essas palavras, Paulo se lembrou de sua ida a Corinto para pregar o evangelho. Homens e mulheres mergulhados na idolatria e na sensualidade haviam aceitado Jesus Cristo como Senhor e sido salvos por sua maravilhosa graça. Apesar de todas as dificuldades enfrentadas posteriormente pela igreja de Corinto, o coração do apóstolo certamente se regozijava ao recordar a transformação realizada na vida desses irmãos queridos.
Aprendemos aqui que, apesar de existir naquela igreja alguns rebeldes que se punham contra o ministério do apóstolo Paulo, ele trata a igreja como um todo, como parte da igreja universal e mística de Cristo. Onde há pessoas lavadas no sangue do Cordeiro, adorando o Deus vivo, ali está a igreja de Deus.
b) [...] Todos os santos que estão em toda a Acaia(1:1). Na sua saudação Paulo inclui “todos os santos em toda a Acaia”. Deduz-se que essa carta não foi escrita exclusivamente para a igreja de Corinto, mas também para todos os crentes espalhados pela província da Acaia que estavam ligados à igreja de Corinto. Só para lembrar, a Acaia representava a região sul da Grécia, enquanto a Macedônia, também mencionada na epístola, correspondia à região norte.
A palavra “santos”, usada aqui pelo apóstolo, reflete o fato de que todos os crentes são chamados por Deus para ser sua possessão especial. A igreja de Deus está em Corinto, está em toda a Acaia, está no Ceará, está em São Paulo, em Nova Iorque, em Londres, na China e em qualquer lugar que houver um santo, ou seja, alguém chamado das trevas para a luz, da escravidão para a liberdade e da perdição para a salvação. A igreja de Deus é transcultural, interdenominacional e universal. Glórias a Deus por isso!!
2. O apostolado Paulino e a vontade de Deus(1:1). Paulo tinha convicção de seu chamado quando diz: “[...] apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus[...]”(1:1). Alguns em Corinto questionavam se Paulo havia, de fato, sido comissionado pelo Senhor. Ele respondeu àqueles que duvidavam de seu apostolado, que não escolheu o ministério por sua própria vontade, nem foi ordenado pelos homens; antes, foi escolhido por Cristo Jesus pela vontade de Deus. Ele não havia constituído a si mesmo apóstolo, nem estava desempenhando o apostolado por indicação humana, mas era apóstolo pela vontade de Deus. Seu chamado veio do Céu. Sua vocação tinha origem na própria vontade de Deus.
“Paulo foi o último dos apóstolos no sentido de receber um mandato especial através de um encontro com o Senhor ressurreto para integrar a formação do testemunho inicial e fundamental de Jesus Cristo(cf At 8:3-8;22:6-11;26:12-18). Esses apóstolos do Novo Testamento constituíram o início do alicerce da igreja(ver Ef 2:20; Mt 16:18; Ap 21:14). Por essa razão, este ofício inicial de apóstolo do Novo Testamento é ímpar e não repetido. Como testemunhas e mensageiros diretos do Senhor ressurreto, eles edificaram o alicerce da igreja de Jesus Cristo, alicerce este que nunca poderá ser alterado, nem admitir acréscimo. Daí, aquele grupo de apóstolos não ter sucessores. São “apóstolos do Cordeiro” num sentido único(Ap 21:14; 1Ts 2:6; Jd 17)”(Bíblia de estudo Pentecostal).
3. Sua saudação especial – “ Graça a vós e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e da do Senhor Jesus Cristo”(1:2). Esta era a típica saudação apostólica aos crentes. Ao dirigir essa saudação, Paulo quer expressar seu maior anseio para o povo de Deus: graça e paz. Essas duas bênçãos sintetizam a essência da salvação. A graça é a causa da salvação e a paz o resultado dela. Graça e paz incluem todas as coisas boas que podem vir a acontecer a um pobre pecador aqui na Terra.
A palavra “graça” refere-se ao dom imerecido de Deus que nos revela seu cuidado e ajuda. Tal graça foi primeiramente demonstrada pelo envio de seu Filho ao mundo a fim de efetuar a salvação da humanidade. Já a palavra “paz” – a estabilidade espiritual perfeita – é a obra consumada de Cristo na alma. Ela traz a idéia de bem-estar, integridade, e prosperidade desfrutados por todos os recipiendários da graça de Deus. Tanto a graça quanto a paz tem sua origem em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo. Não há graça sem a paz, nem há paz sem a graça. Não há graça nem paz fora do Pai e do Filho.
II – A AFLIÇÃO E CONSOLO
“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e o Deus de toda consolação, que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, com a consolação com que nós mesmos somos consolados de Deus. Porque, como as aflições de Cristo são abundantes em nós, assim também a nossa consolação sobeja por meio de Cristo. Mas, se somos atribulados, é para vossa consolação e salvação; ou, se somos consolados, para vossa consolação é, a qual se opera, suportando com paciência as mesmas aflições que nós também padecemos. E a nossa esperança acerca de vós é firme, sabendo que, como sois participantes das aflições, assim o sereis também da consolação”(2Co 1:3-7).
1. Paulo, sua fé e gratidão. Nestes versículos, o apóstolo expressa sua gratidão pela consolação recebida em meio às angústias e tribulações. Por certo, a consolação se refere às boas notícias que Tito lhe deu na Macedônia. Em vez de iniciar a Epístola salientando os variados problemas da vida, ele enfatiza a pessoa e a obra de Deus em nosso favor.
Essa é uma das mais belas doxologias do Novo Testamento. Paulo não podia cantar acerca das circunstâncias, mas podia exaltar aquele que estava acima e no controle das circunstâncias. As ações de graças são dirigidas ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o título completo de Deus no Novo Testamento. Ele não é mais chamado de Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Agora, ele é o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Esse nome indica, ainda, que o Senhor Jesus é Deus e Homem. Deus é o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, uma referencia à sua relação com Jesus, o Filho do homem. Ao mesmo tempo, Deus é descrito como Pai de misericórdias e Deus de toda consolação. Dele fluem todas as misericórdias e toda consolação.
Paulo faz três declarações distintas acerca de Deus:
a) Deus é o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. O Filho é eternamente gerado do Pai, a exata expressão do Pai. O Filho é a exegese do Pai. O Filho é co-igual, co-eterno e consubstancial com o Pai. O Filho e o Pai são um. Alguns estudiosos interpretam essa correlação da seguinte forma: “Para Jesus, em sua natureza humana, Deus é o seu Deus; e para Jesus, em sua divindade, Deus é seu Pai; seu Deus desde a encarnação, seu Pai desde toda a eternidade”. É por causa de Jesus Cristo que podemos chamar Deus de “Pai” e nos aproximar dele como seus filhos. Deus vê em nós seu Filho e nos ama como ama seu Filho(João 17:23).
b) Deus é o Pai de misericórdias. Misericórdia é um atributo moral de Deus, que o leva a dar ao pecador o que ele não merece. Merecemos seu castigo, mas ele nos dá sua graça imerecida. Toda as misericórdias têm sua origem em Deus e só podem ser recebidas dele - “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos”(Lm 3:22). A Bíblia fala da riqueza das misericórdias de Deus(Sl 5:7;69:16); da sua eterna misericórdia(Tg 5:11); da grandeza da sua misericórdia(Nm 14:19); e, também fala da multidão das suas misericórdias(Sl 51:1).
2. O consolo divino e o consolo comunitário – “que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, com a consolação com que nós mesmos somos consolados de Deus”(1:4). A palavra "consolar", aqui, (gr. paraklesis), significa colocar-se ao lado de uma pessoa, encorajando-a e ajudando-a em tempos de aflição. Deus desempenha incomparavelmente esse papel, pois Ele envia aos seus filhos o Espírito Santo, que é chamado "O Consolador" (gr. Parakletos; ver Jo 14:16). O apóstolo aprendeu, nas suas muitas aflições, que nenhum sofrimento, por severo que seja, poderá separar o crente dos cuidados e da compaixão do seu Pai celeste (Rm 8.35-39). Em meio às suas aflições, Paulo tinha consciência da presença consoladora de Deus. Ele sabia que não há consolação verdadeira, profunda e eterna a não ser em Deus. Dele emana toda sorte de consolo para nossa vida. Somente em Deus nossa alma encontra abrigo e refúgio. Só ele é a cidade refúgio do nosso coração. Fora dele prevalece uma tempestade avassaladora que traz inquietação e perturbação para nossa alma.
Neste versículo, Paulo expõe um dos vários motivos pelos quais Deus o consolava. Fazia-o para que o apóstolo pudesse consolar outros com a mesma consolação com que ele próprio era consolado por Deus. É uma lição prática para todos nós. Ao sermos consolados, devemos lembrar-nos de transmitir essa consolação a outros. Não devemos evitar a cabeceira dos leitos de enfermidade ou de morte, mas nos apressar ao encontro daqueles que precisam de nosso encorajamento. Não somos confortados para ficar confortáveis, mas para ser confortadores.
Portanto, o nosso consolo deve ser uma fonte de consolação para os outros, um lenitivo para aliviar a dor dos outros, um remédio para as feridas dos outros. Quando somos consolados, esse consolo serve de estímulo e exemplo para os demais que estão passando pela tribulação a permanecerem firmes, certos de que sua consolação também virá.
3. A aflição na experiência cristã. Deus permite o sofrimento na vida de seus filhos - “Porque, como as aflições de Cristo são abundantes em nós, assim também a nossa consolação sobeja por meio de Cristo”(2Co 1:5). As aflições de Cristo, referidas neste versículo, não se referem as aflições expiatórias do Salvador, pois elas são únicas, e nenhum ser humano pode participar delas. Mas os cristãos podem sofrer, e de fato sofrem, devido à sua associação com o Senhor Jesus. Sofrem humilhação, rejeição, hostilidade, ódio, negação, traição, etc. Tais aflições são chamadas de sofrimento de Cristo, pois ele as suportou quando estava na Terra e ainda as suporta quando elas sobrevêm aos membros de seu Corpo.
Quando sofremos por Cristo Ele sofre em nós e por nós. Paulo já havia suportado muitas provações e sofrimentos por causa de Cristo. Ele já havia sido insultado(At 13:45); tinha sido objeto de complôs assassinos(At 14:5); tinha sido apedrejado(At 14:19,20); açoitado e lançado em prisão(At 16:22,23); escorraçado e enxotado por multidões alvoroçadas(At 17:8-10). Estava claro para Paulo que Deus não nos livra do sofrimento, mas no sofrimento. Deus não nos poupa dos problemas, mas nos problemas. Ele não nos livra das fornalhas, mas nas fornalhas. Ele não nos livra das covas dos leões, mas nas covas dos leões.
Outra verdade que aprendemos com Paulo é: o nosso sofrimento produz consolo e salvação para outros - “Mas, se somos atribulados, é para vossa consolação e salvação; ou, se somos consolados, para vossa consolação é, a qual se opera, suportando com paciência as mesmas aflições que nós também padecemos”(2Co 1:6). O apóstolo via o bem resultante tanto das aflições quanto da consolação. Se ele era atribulado, era para consolo e salvação dos santos. Não se trata, aqui, de uma referência à salvação da alma, mas à força que sustentaria os salvos em meio às aflições. Eles seriam encorajados e desafiados pela perseverança de Paulo e concluiriam que, se Deus dava graça ao apóstolo em meio ao sofrimento, podia fazer o mesmo por eles.
A consolação recebida por Paulo encheria os coríntios de conforto e os inspiraria a ser pacientes ao passar pelo mesmo tipo de perseguição que ele. Somente quem passou por provações intensas tem a palavra certa para aqueles que são chamados a trilhar o mesmo caminho.
III – AMARGURA E LIBERTAÇÃO(1:8-11)
1. Paulo enfrenta uma terrível tribulação – “Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a tribulação que nos sobreveio na Ásia, pois que fomos sobremaneira agravados mais do que podíamos suportar, de modo tal que até da vida desesperamos” (2Co 1:8). Depois de falar em termos gerais sobre aflição e consolo, Paulo menciona mais especificamente numa intensa provação pela qual ele havia passado pouco tempo antes. O apóstolo não deseja que os irmãos coríntios ignorem a natureza da tribulação que lhe sobreveio na Ásia. A que tribulação o apóstolo de refere? Talvez, ao violento tumulto ocorrido em Éfeso(At 19:23-41). A provação foi tão severa que o apóstolo se viu oprimido acima das suas forças naturais, a ponto de desesperar até da própria vida.
Em Éfeso, ele enfrentou severa oposição tanto dos judeus como dos idólatras. Sua passagem por Éfeso revolucionou a cidade e trouxe grandes abalos para as estruturas espirituais da cidade. O Culto à deusa Diana ficou seriamente abalado depois da estada de Paulo na capital da Ásia Menor. Possivelmente Paulo foi vitima de uma orquestração mortífera tanto dos judeus(At 20:19;21:27) como dos gentios(At 19:23-40). Talvez tenha sido até mesmo sentenciado à morte.
Alguns estudiosos comentam que não está fora de cogitação pensar que Paulo tenha sido arrastado para várias sinagogas locais a fim de ser julgado perante as cortes judaicas. O castigo que recebia eram as 39 chicotadas prescritas. Ele revela: “Cinco vezes recebi dos judeus uma quarentena de açoites menos um”(11:24). Essas surras podiam ser perigosas quando administradas com severidade, especialmente se fossem repetidas em curto espaço de tempo. Além disso, as autoridades romanas fustigaram Paulo três vezes com varas(11:25). Lucas registra somente as chicotadas que Paulo e Silas receberam em Filipos(At 16:22), e deixa de registrar os outros dois incidentes. Não importa, porém, que fato tenha acontecido ao apóstolo, o certo é que sua natureza o levou a desesperar-se da própria vida. Deus, porém, estava no controle das tribulações de Paulo. Ele se sentia oprimido como um animal de carga levando um peso grande demais. No entanto, Deus sabia exatamente quanto Paulo poderia suportar e manteve a situação sob controle.
2. Paulo confia em Deus para sua libertação – “o qual nos livrou de tão grande morte e livrará; em quem esperamos que também nos livrará ainda”(1:10). A expressão “tão grande morte” indica que o fim da vida de Paulo parecia-lhe inevitável. Paulo sabia que o mesmo Deus que o livrou no passado podia livra-lo a cada dia e continuaria a faze-lo até o maravilhoso momento final em que ele seria inteiramente libertado das tribulações e perseguições deste mundo.
O crente é indestrutível até cumprir o propósito de Deus na terra. O Deus que agiu ontem, age hoje e continuará agindo amanhã. O Deus que fez é o Deus que faz e fará. Ele está no trono e trabalha até agora. Ele jamais abdicou do seu poder de intervir milagrosamente na vida do seu povo.
3. Paulo confiou em Deus e foi liberto – “ajudando-nos também vós, com orações por nós, para que, pela mercê que por muitas pessoas nos foi feita, por muitas também sejam dadas graças a nosso respeito”(1:11). O livramento do apostolo é resultado de uma ação natural e de uma sobrenatural. Deus livra seu povo com mão forte e estendida por meio das orações dos santos. Nenhuma força é tão poderosa na terra quanto a oração da igreja. Os céus se movem pela oração. Os atos soberanos de Deus na história são respostas às orações da igreja. Paulo estava convencido da eficácia da oração intercessória e, reiteradamente, pedia orações a seus irmãos(Rm 15:30-32; Ef 6:18-20). Paulo pede as orações da igreja e conta com elas. Ele sabe que por meio delas ele será ajudado, e muitos outros crentes serão encorajados a dar graças a Deus. Pela oração, encorajamos uns aos outros a prosseguir em meios às provas. A oração conecta o altar ao trono; a fraqueza humana à onipotência divina. Quando a igreja ora, o nome de Deus é exaltado. Quando os joelhos se dobram na terra, o nome de Deus é elevado no céu. Nada exalta tanto a Deus quanto um crente prostrado em oração. Por causa disso, devemos nos animar a interceder por aqueles que enfrentam necessidades(cf Rm 1:9; Ef 1:16;Fp 1:3; Cl 1:3; 1Ts 1:2).
CONCLUSÃO
Deus não promete uma vida livre de dificuldades, mas promete que estará conosco: “... e eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt 28.20). O consolo de Deus nos dá esperança de que o amanhã será melhor. A cura virá ou se não vier nós conseguiremos andar sobre as águas; a nossa fé será guardada, o consolador estará continuamente ao nosso lado. Entenda que Deus pode consolar sem nos tirar da adversidade. Jesus não nos prometeu um mar de rosas nesta vida. Ele afirmou que no mundo nós teríamos aflições (João 16:33). Mas, saiba que por sua imensa bondade, assegurou-nos bênçãos, alegria e paz. Quando vêm tristezas e angústias, muitos ficam decepcionados e abandonam a carreira cristã, mas a Palavra do nosso Deus nos ensina que, quando estamos no centro da vontade de Deus, as tribulações têm efeito positivo. Nosso supremo consolo é saber que um dia estaremos para sempre com Ele.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no site: www.adbelavista.com.br
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. Bíblia de estudo DAKE. O novo dicionário da Bíblia. Revista o Ensinador Cristão. Guia do leitor da bíblia – 2Corintios. 2Corintios – Rev. Hernandes Dias Lopes. Por que os justos sofrem – Pr. David Wilkerson. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdnald

Aula 01
A DEFESA DO APOSTOLADO DE PAULO
Leitura Bíblica:2Corintios 1:12-14;10:4,5
03/01/2010

“Porque, como as aflições de Cristo são abundantes em nós, assim também a nossa consolação sobeja por meio de Cristo”(2Co 1:5).

INTRODUÇÃO
Iniciamos mais um ano letivo, e estudaremos mais uma Epístola do nosso compêndio doutrinária: a Segunda Carta de Paulo aos Coríntios. Esta Carta é a mais pessoal e autobiográfica do apóstolo Paulo. Nela, o apóstolo Paulo conta suas lutas mais renhidas e suas aflições mais agônicas. Nessa carta, Paulo abre as cortinas da alma e mostra suas dores íntimas e suas experiências mais arrebatadoras. O seu tema está definido da seguinte forma: Consolar aqueles que se arrependeram por meio de suas repreensões e correções na primeira epístola(1:1-2:17; 7:1-16); instruir acerca do verdadeiro ministério cristão(3:1-6:18); ensinar a graça no contribuir e dar instruções acerca de coletas para os santos pobres na Judéia(8:1-9:15);defender seu apostolado(10:1-12:18)e advertir os desobedientes(12:19-13:14).Também, Paulo aborda algumas verdades nessa carta que não trata em nenhuma das outras cartas, como a doutrina da nova aliança, o ministério da reconciliação, a habitação celeste, sua experiência de arrebatamento e visão beatífica do céu e seu espinho na carne.
I. A CIDADE DE CORINTO
1. Uma metrópole estratégica do século 1 D.C. Na época de Paulo, a cidade de Corinto ocupava posição estratégica junto às rotas comerciais da região. Era uma das cidades comerciais mais importantes da época e controlava grande parte das navegações entre o Oriente e o Ocidente. Situava-se na parte da Grécia e a península de Peloponeso. Era, em muitos aspectos, a metrópole grega de maior destaque nos tempos de Paulo. Seu colossal centro cultural se destacava com uma grande diversidade de riqueza, religiões e padrões morais. Tinha uma reputação de ser extremamente independente e tão decadente quanto qualquer cidade no mundo. Os romanos destruíram Corinto em 146 a.C. depois de uma rebelião. Mas em 46 a.C o imperador romano Júlio César a reconstruiu por causa de seu ponto estratégico. Na época de Paulo (50 d.C), os romanos fizeram de Corinto a capital da Acácia(atual Grécia). Era uma cidade grande, que oferecia à Roma grande lucros provenientes do comércio, como também a proteção militar de seus portos. Mas a prosperidade da cidade tornou-a passível de todos os tipos de corrupção. A idolatria floresceu. Existia, ainda, mais de uma dúzia de templos pagãos empregando pelo menos mil prostitutas. Em função da reputação de Corinto, até as prostitutas de outras cidades passaram a ser chamadas de “meninas coríntias”.
2. Uma cidade história e libertina. Nos dias de Paulo, a cidade de Corinto era um “pólo” terrível e vergonhoso de idolatria. Os gregos eram conhecidos por sua idolatria. E graças à religião depravada de seus habitantes, se transformou em centro de imoralidade e sinônimo de toda espécie de impureza e sensualidade. A reputação da cidade era tão abjeta que seu nome tornou-se um provérbio notório: “corintizar” significava praticar prostituição.
A principal divindade da cidade era Afrodite (Vênus), deusa do amor licencioso, e milhares de prostitutas profissionais serviam no templo dedicado à sua adoração. Os antigos pagãos podem ter associado algumas das extravagâncias frenéticas do paganismo com o exercício de dons espirituais (12.2). Paulo não tolerou o mundanismo na igreja e repreendeu aqueles crentes com muita firmeza e autoridade espiritual, o que levou muitos a fazerem oposição ao apóstolo.
Apesar de ter sido uma cidade tão idólatra e devassa, Deus não viu nisso obstáculo para que fosse criada uma igreja no meio desse povo. Paulo foi usado grandiosamente pelo Espírito Santo para pregar o evangelho na cidade de Corinto. A pregação do evangelho salvou almas e resultou na formação de uma igreja na cidade. É animador saber que nenhum lugar da terra é tão imoral a ponto de ser impossível fundar ali uma congregação pertencente a Deus.
3. Local e data da carta de 2Corintos. Após ter escrito a primeira epistolo aos corintios de Éfeso, Paulo sentiu a necessidade de fazer uma “visita dolorosa” a Corinto e voltar. Dolorosa por causa das relações tensas entre Paulo e os crentes dali, naquela época. Lucas não registra essa visita no livro de Atos. Entretanto, ela pode ser deduzida dos trechos de 2Corintios 12:14 e 13:12, em que Paulo alude à sua futura visita como a “terceira” que faria. A declaração constante em 2Corintios 2:1: “Isto deliberei por mim mesmo: não voltar a encontrar-me convosco em tristeza”, subentende que houvera no passado uma visita dolorosa, que dificilmente pode ser identificada com a primeira vez que Paulo esteve com eles, levando o evangelho.
Paulo escreveu essa carta da província da Macedônia(2:13; 7:5; 9:2), possivelmente em Filipos, no decurso da sua terceira viagem missionária, logo depois que recebeu o relato otimista de Tito após sua visita à igreja de Corinto. Segundo estudiosos, a epístola inteira foi completada em 56 d.C., provavelmente na segunda metade do ano. Da Macedônia, Paulo foi a Corinto, onde passou o inverno de 56/57, supervisionou a obra da coleta e compôs a epístola aos romanos.
II – OBJETIVO DA CARTA
Essa é uma epístola apostólica enérgica e corajosa. O principal objetivo de Paulo, claramente expresso pela maneira fraternal, mas firme, com que profetiza a verdade e aplica a Palavra de Deus, é evitar que falsos mestres, que haviam se infiltrado na igreja, minassem a pureza do cristianismo, contestando sua integridade pessoal e autoridade apostólica.
Paulo não escreve como mero líder autoritário, temeroso pela possível perda de sua posição de comando, mas sim como verdadeiro pai espiritual dos cristãos de Corinto, aos quais amava profundamente e se preocupava em que tivessem o maior e melhor crescimento espiritual, alimentando-se da verdade bíblica, e livres das ideologias pagãs, místicas e judaizantes, que se propagavam por toda a Corinto da época.
A situação da Igreja em Corinto era de tamanha carnalidade e desrespeito às autoridades espirituais, que Paulo precisou falar sobre sua própria pessoa e testemunho imaculado em Cristo. Embora tivesse apelado para o próprio conhecimento pessoal e íntimo que os coríntios tinham dele e de seu caráter, e ainda que tivesse recordado os enormes sofrimentos incorridos com o objetivo de levar-lhes a mensagem regeneradora e salvadora do Senhor, ele agiu com sensível humildade, transparência e sinceridade, expressando muitas vezes seu embaraço com a necessidade de evidenciar tais aspectos da sua vida e ministério em Cristo. Por todo o texto desta notável e rica epístola, percebemos a mais elevada dignidade, devoção, fé serena e inabalável, bem como a mais autêntica e intensa paixão do pastor por seu Deus e povo.
Esta epístola apostólica se aplica aos nossos dias em que o estrelato “gospel” parece ofuscar o brilho sublime e poderoso da glória de Deus nos homens de fé. Por isso, seu estudo e aplicação prática são mais do que oportunos.
1. Autoria e características da carta. “Paulo, apóstolo de Jesus Cristo pela vontade de Deus, e o irmão Timóteo, à igreja de Deus que está em Corinto, com todos os santos que estão em toda a Acaia: graça a vós e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e da do Senhor Jesus Cristo”(1:1-2). Há um consenso praticamente unânime acerca de sua autoria. Não há dúvidas de que essa carta foi escrita pelo apóstolo Paulo. O fato de Timóteo ser mencionado no versículo 1 não significa que ele ajudou a redigir a carta. Indica apenas que ele estava com Paulo quando a epístola foi escrita. Como era seu costume, Paulo incluiu seu co-obreiro na saudação, mas a carta é do próprio apóstolo. Por este motivo, ele refere a si mesmo na primeira pessoa, e comenta sobre Timóteo na terceira pessoa (veja 1:19). Paulo e Timóteo mandaram esta carta à igreja dos coríntios e aos demais santos na Acaia. A Acaia representava a região sul da Grécia, enquanto a Macedônia, também mencionada na epístola, correspondia à região norte.
A expressão “igreja de Deus” significa que era uma congregação de cristãos pertencentes a Deus. Não se tratava de uma assembléia de pagãos ou de uma reunião não religiosa, mas de um grupo de cristãos nascidos de novo, chamados do mundo para pertencer ao Senhor.
Características da Epistola. Quatro fatos principais caracterizam esta Epístola: (a) É a mais autobiográfica das epístolas de Paulo. Suas muitas referências pessoais são feitas com humildade, desculpas e até mesmo constrangimento, mas foi necessário, tendo em vista a situação em Corinto; (b) Ultrapassa todas as demais epístolas paulinas no que tange à revelação da intensidade e profundidade do amor e cuidado de Paulo por seus filhos espirituais; (c) Contém a mais completa teologia do Novo Testamento sobre o sofrimento do crente(1:3-11;4:7-18;6:3-10;11:23-30;12:1-10), e de igual modo, sobre a contribuição cristã(ver cap 8 a9); (d) Termos-chave, tais como fraqueza, aflições, lágrimas, perigos, tribulação, sofrimento, consolação, vanglória, verdade, ministério e glória, destacam o conteúdo incomparável da Epistola de 2Corintios.
2. A carta tem um caráter pessoal. Como foi dito acima, esta Segunda Epístola aos Corintios é a mais autobiográfica das cartas do apóstolo Paulo e, portanto, possui uma marca bastante pessoal. Muitos estudiosos afirmam que mais do que qualquer outra epístola de Paulo, 2Corintios permite-nos sondar os sentimentos íntimos do apóstolo sobre si mesmo, sobre seu ministério apostólico e sobre seu relacionamento com as igrejas que fundava e nutria. Nenhum outro livro do Novo Testamento retrata uma angústia emocional física e espiritual com tanta profundidade e amplitude. Ao ler esta Epístola, temos a sensação de nos aproximar mais do coração de Paulo do que em seus outros escritos. Sentimos um pouco do tremendo entusiasmo do apóstolo pela obra do Senhor. Entrevemos a excelência do maior de todos os chamados. Lemos com admiração silenciosa a longa lista de sofrimentos que ele suportou. Experimentamos o calor da indignação com a qual ele respondeu aos críticos inescrupulosos. Em resumo, Paulo parece revelar-nos todos os segredos de sua alma.
3. A exposição do ministério e apostolado paulinos e a coleta para os necessitados. A Segunda Carta aos Corintios contém: uma defesa pessoal e comovente de seu apostolado e ministério(1-7); instruções que definem a teologia do Novo Testamento sobre a oferta(8-9); e uma afirmação poderosa de sua autoridade apostólica(10-13).
a) A exposição do ministério Paulino(capítulos 1-7). Observe nos primeiros versículos do capítulo primeiro que o apóstolo Paulo se apresenta como apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus. É significativo ele começar com essa observação, pois alguns em Corinto questionavam se Paulo havia, de fato, sido comissionado pelo Senhor. Ele responde que não escolheu o ministério por sua própria vontade, nem foi ordenado pelos homens; antes, foi escolhido por Cristo Jesus pela vontade de Deus.
Os judaizantes que foram a Corinto questionaram a autoridade apostólica de Paulo. Negaram que ele era, verdadeiramente, um servo de Cristo. Talvez tenham gerado dúvidas entre os coríntios a fim de que estes exigissem uma carta de recomendação do apóstolo Paulo da próxima vez que ele fosse visitá-los. Paulo pergunta se precisará de tal carta. Acaso não tinha ido a Corinto quando ainda eram idólatras pagãos? Não os havia levado a Cristo? O Senhor não havia colocado seu selo sobre o ministério do apóstolo dando-lhe almas preciosas em Corinto? Eis a resposta: os próprios coríntios eram a carta de Paulo, escrita em seu coração, mas conhecida e lida por todos os homens(2Co 3:2). Neste caso, não havia necessidade de uma carta escrita com pena e tinta. Os coríntios eram fruto do ministério de Paulo e objeto de sua afeição. Além disso, eram conhecidos e lidos por todos os homens, ou seja, sua conversão se tornara conhecida em toda a região. Quem via os cristãos de Corinto podia perceber que sua vida tinha sido transformada, que eles haviam deixado os ídolos e se voltado para Deus, e que estavam vivendo de forma separada. Comprovavam, portanto, o ministério divinamente autorizado de Paulo.
b) A coleta para os necessitados (capítulos 8-9). Era comum na Igreja Primitiva, não só a pregação do Evangelho, mas também a prática de ajudar aos pobres em suas necessidades (At 2.43-46; 4.34-37).
Os cristãos em Jerusalém estavam sofrendo devido a pobreza e escassez. Por esta razão, Paulo sentiu a necessidade de fazer uma coleta entre os crentes coríntios, para enviar à Jerusalém, pois isto seria, não só uma demonstração de solidariedade, mas também de gratidão, àquela igreja. Paulo dá-lhes, então, as seguintes instruções:
Paulo esperava que os coríntios fizessem o mesmo que as igrejas da Galácia. “Ora, quanto à coleta que se faz para os santos, fazei vós também o mesmo que ordenei às igrejas da Galácia” (1Co 16.1).
A contribuição deve ser proporcional ao que ganhamos: ” No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade” (1Co 16.2).
A contribuição deve ser realizada de forma voluntária, e com alegria: “Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria” (2Co 9.7).
Quando Deus nos dá em abundância, é para que multipliquemos as boas obras: “E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a graça, a fim de que tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em toda a boa obra” (2Co 9.8).
Nossa prioridade máxima no cuidado aos pobres e necessitados, são os irmãos em Cristo: “Então, enquanto temos tempo, façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé” (Gl 6.10).
A colheita é proporcional ao plantio. “E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará”(2Co 9.6).
c) A defesa do apostolado(capítulos 10-13). Nos últimos capítulos da epístola, Paulo volta a defender seu ministério, desta vez contra os ataques dos super-apóstolos(11:5) que, do mesmo modo, são falsos apóstolos(11:3). O argumento de Paulo é que os que ainda lhe são antagônicos “nos julgam como se andássemos em disposições de mundano proceder”. Na qualidade de apóstolo, sua autoridade é tanto de natureza espiritual quanto soberanamente poderosa(10:1-11). A seguir, de forma indireta, ridiculariza os falsos apóstolos que vieram para Corinto e se vangloriam da superioridade de sua sabedoria e ensinamentos sobre os outros. Paulo defende tão somente o seu próprio ministério e ação, sem se preocupar com as cousas já realizadas em campo alheio(10: 12-16). Com efeito, toda vanglória é ilegítima. É Deus quem realiza o trabalho(10:17). A aprovação do Senhor é a única que tem validade(10:18).
Os falsos apóstolos haviam se infiltrado na igreja de Corinto, fazendo com que "desprezassem" os sofrimentos de Paulo. Na verdade, tais pessoas diziam o seguinte sobre ele: "Se Deus está de verdade com esse homem, então por que tantas acusações vergonhosas estão se acumulando contra ele? Por que Paulo está sendo jogado na prisão? E como um homem de Deus pode dizer que está 'desesperançado da vida'? Não dá para entender como que um homem de oração pode ser tão atacado e diminuído. Se Paulo tivesse realmente fé, ele não estaria vivendo esses problemas".
Acusações como essas ainda são lançadas hoje contra servos consagrados que enfrentam sofrimentos e críticas. Quantas vezes você já ouviu um cristão falando assim de outro cristão: "Alguma coisa de errado deve ter na vida dele para enfrentar tanto sofrimento". No caso de Paulo, o ponto era seus críticos querendo quebrar a sua autoridade espiritual.
No entanto, Paulo diz que não se arrependeu por ter enviado a carta aos coríntios. Antes, ele instrui seu filho espiritual Tito para ir a Corinto, e explicar qual o propósito que havia na carta: "Diga a eles que os amo, e não quero que nada de mal lhes aconteça, mas que essa situação tem de ser tratada”.
III – AS LIÇÕES QUE APRENDEMOS COM PAULO
“Sede meus imitadores, como também eu, de Cristo” (1Co 11:1). Muitas são as lições que este obreiro amado do Senhor deixou como legado para todos aqueles que querem exercer o chamado para o ministério eclesiástico.
1. ZELOSO na obra do Senhor. A maior lição que o apóstolo Paulo nos transmite é o ZELO que ele praticava na obra do Senhor - "Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo" (2 Co 11.2). Aqui Paulo confessa ser “zeloso” em relação à igreja em Corinto, zelo que não se limitava àquela igreja local mas que era uma característica do seu ministério, pois todas as suas cartas mostram a preocupação do apóstolo com a Noiva de Cristo. Este zelo é o “zelo de Deus”, o “ciúme” que o apóstolo Tiago identifica no Espírito Santo (Tg.4:5) e que o próprio Deus revela através do profeta Ezequiel (Ez.16:42).
Este “zelo de Deus” é a preocupação de que a Igreja não se desvie dos caminhos do Senhor, é a forte disposição de fazer com que os salvos perseverem até o fim, não sejam enganados pelo inimigo, é o esforço para que os integrantes da igreja local permaneçam puros até a volta de Cristo, que não abandonem a simplicidade de Cristo, cujos sentimentos espirituais não sejam corrompidos.
Este zelo traduz-se, portanto, no empenho, no esforço através do ensino da Palavra de Deus, exortação e admoestação para que os irmãos em Cristo Jesus não se desviem espiritualmente, mas permaneçam firmes até a volta do Senhor. Paulo, em seu convívio com Cristo, aprendeu que não é com força ou com violência que se obtém a adesão dos salvos a uma vida de santificação e crescimento espiritual, mas por meio do Espírito Santo, motivo por que jamais cessou de ensinar, admoestar e exortar o povo de Deus, seja pessoalmente, seja através de epístolas.
2. Caráter firme para tomar decisões. O líder deve ter um caráter firme para tomar decisões que nem sempre são simpáticos, mas necessárias. Paulo disciplinou o crente coríntio que tinha relações sexuais com mulher de seu pai(1 Co 5); chamou a atenção de Pedro quando este dissimulava suas atitudes entre os crentes de Antioquia( Gl 2:11-14). Também repreendeu Elimas, o feiticeiro que tentava desviar o procônsul Sérgio Paulo( At 13:6-12), e considerou insensatos os gálatas que estavam abandonando a liberdade do Evangelho. Entretanto, seu zelo era demonstrado também no carinho que tinha para com as igrejas, mesmo quando estavam em dificuldades.
3. AUTENTICIDADE. Ser “autêntico” é “ter origem comprovada”, “em que não há falsidade, espontâneo, real”, “que tem autoridade, válido”. Paulo sempre foi um homem autêntico, alguém que jamais escondeu as suas convicções e que as defendia em todo lugar, sob quaisquer circunstâncias. Fosse diante do Sinédrio, de César ou dos apóstolos, Paulo jamais escondeu as suas convicções e o seu modo de pensar. Falava e escrevia sempre as mesmas coisas, não se cansando de defender a verdade (At.13:42; Fp.3:1). Por isso, podia exortar aos irmãos para que se mantivessem firmes e constantes na obra do Senhor (1Co 15:58).
O preço da autenticidade é alto e, por vezes, Paulo muito sofreu por causa de seu apego à verdade (2Co 11:23-28). Aliás, ao resumir o ministério, o Senhor disse que Paulo aprenderia quanto se deve padecer pelo nome de Cristo (At.9:16). O preço da autenticidade é o vitupério de Cristo (Hb 11:26), ou seja, o desprezo que sofremos, a desonra que ganhamos por parte do mundo em virtude de nossa submissão ao Senhor, pois, como nos diz Jesus: “Se o mundo vos aborrece, sabei que, primeiro do que a vós, me aborreceu a Mim” (Jo 15:18). Todavia, hoje muitos não querem pagar o preço da autenticidade, preferindo os tesouros do Egito ao vitupério de Cristo. Servir a Jesus é ter aflições neste mundo (Jo 16:33). Paulo sofreu muito, mas jamais desanimou, correu a carreira que lhe estava proposta e pôde, ao seu final, declarar a sua vitória. Temos, assim, em Paulo, não só a lição da autenticidade, mas, também, da perseverança até o fim, do pagamento do preço, do suporte do vitupério de Cristo.
Temos em Paulo, portanto, um bom exemplo da necessidade de sermos autênticos em todos os nossos relacionamentos. Leia Pv 27.5,6; 28.23 e 2 Pe 3.15,16.
4. Amar sem ser conivente com o erro. A razão para essa carta foi um vergonhoso ato de fornicação para o qual estavam sendo feitas vistas grossas. Paulo escreve aos coríntios algo assim: "Vocês estão cheios de si e orgulhosos, se recusando a chorar por esse pecado feito abertamente em seu meio. Vocês não julgaram a situação corretamente. Deveriam ter tirado de sua comunhão aquele que perpetrou isso, até que vissem nele arrependimento genuíno". Paulo então os instrui para que tal seja "entregue a Satanás para a destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor [Jesus]" (1Co 5:5). Foi uma mensagem forte e dura. E após um tempo, Paulo se lamenta tê-la enviado (ver 2Co 7:8). Em verdade, a partir daquele dia, Paulo sofria, se preocupando sobre como os coríntios reagiriam a tal instrução. Será que eles não compreenderiam bem os seus motivos? Ou saberiam que ele a havia escrito em amor, com interesse profundo quanto aos caminhos da igreja? Ele mais tarde lhes escreve dizendo, "não falo para vos condenar" (7:3).
Paulo consola os corintios(7:8-13a). Ele explica para a igreja que o propósito de enviar-lhes a carta dolorosa não foi para feri-los com a espada da tristeza, mas curá-los com o bisturi do genuíno arrependimento. O propósito de Paulo em escrever a carta dolorosa não foi apenas para desmascarar o malfeitor nem mesmo se defender, mas para que a igreja pudesse manifestar seu amor por ele diante de Deus(7:12).
5. Estar disposto a sofrer perseguições, por amor a Cristo. Apesar de seu desempenho ministerial, Paulo viu-se obrigado a provar aos coríntios que em nada era inferior aos mais excelentes apóstolos. Nesta apologia, faz questão de ressaltar os seus sofrimentos por amor a Cristo. Aliás, estas são as maiores credenciais que um homem de Deus pode apresentar. Por intermédio de seus sofrimentos, o apóstolo Paulo deixou-nos um exemplo que, apesar dos séculos já transcorridos, continua a ecoar de maneira eloquente e irrefutável.
A lista de sofrimentos de Paulo aparece três vezes na carta de 2Corintios(4:7-12; 6:4-10; 11:23-28). A primeira lista demonstra que o sofrimento revela a gloria de Deus(4:10-12,15). A segunda lista foi escrita pra que o ministério de Paulo não fosse achado culpado(6:3), e, sim, para que Deus fosse glorificado. A terceira lista Paulo escreve para dizer aos seus leitores que ele serve a Cristo como servo bom e fiel.
CONCLUSÃO
Paulo se submeteu à “loucura” de ter que apresentar suas credenciais apostólicas e defender sua própria pessoa e ministério, não para manter seu prestígio elevado e reputação ilibada perante os cristãos de Corinto, mas especialmente por causa do nome do Senhor. É diante de Deus que ele se levanta, pois sua posição está na pessoa e na obra de Cristo. Longe de ser egocêntrico, sua preocupação está em cooperar com o crescimento espiritual dos irmãos em Cristo. Essa é a principal finalidade de sua vida e ministério (10:8).
Sigamos, pois, os exemplos de Paulo. Através deles poderemos de igual modo glorificar o nome de Cristo em nossas vidas. O propósito de Paulo era glorificar a Deus; que este também seja o nosso eterno propósito! Que os líderes atuais tirem as escamas dos olhos e procurem enxergar sem viés o caráter, a integridade e o zelo pela obra do Senhor, e que procurem imitar o triunfante ministério do apóstolo Paulo(1Co 11:1). Que haja nos lideres atual uma integridade irrefutável. Veja que exemplo a ser seguido pelos líderes hodiernos: “Porque nós não somos, como muitos, mercadejando a Palavra de Deus; antes, falamos de Cristo com sinceridade, como de Deus na presença de Deus”(2Co2:17). Paulo denuncia os falsos apóstolos que estavam entrando na igreja de Corinto pregado um falso evangelho, com um falso comissionamento e com uma falsa motivação. Esses obreiros fraudulentos eram mascates da religião. Eles não tinham compromisso com Deus, com sua Palavra, nem com seu povo; visavam apenas o lucro. Faziam da religião um instrumento para se abastar. Faziam da igreja uma empresa; do evangelho um produto; do púlpito, um balcão; e dos crentes, consumidores. Que Deus nos guarde desses líderes!
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no site: www.adbelavista.com.br
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. Bíblia de estudo DAKE. O novo dicionário da Bíblia. Revista o Ensinador Cristão. Guia do leitor da bíblia – 2Corintios. 2Corintios – Rev. Hernandes Dias Lopes. Por que os justos sofrem – Pr. David Wilkerson.

sábado, 16 de janeiro de 2010

AULA 04 - A GLÓRIA DAS DUAS ALIANÇAS

Aula 04
A GLÓRIA DAS DUAS ALIANÇAS
Leitura Bíblica: 2Corintios 3:1-18
24/01/2010

“Porque, se o que era transitório foi para glória, muito mais é em glória o que permanece”(2Co 3:11)

INTRODUÇÃO

No texto básico desta aula, Paulo mostra aos corintios a diferença da aliança feita entre Deus e a nação de Israel, dada por Moisés, e a aliança trazida pelo Senhor Jesus Cristo, onde o Santo Espírito atua no coração do ser humano. Em cada aliança existem responsabilidades e direitos, mas a Nova Aliança é em tudo superior a primeira. Foi Deus quem tomou a iniciativa de fazer as alianças, a antiga e a nova: a Antiga no Sinai e a Nova em Sião. A Antiga Aliança é a tentativa de o homem fazer o seu melhor para agradar a Deus, mas a Nova Aliança é Deus fazendo tudo por nós. A Antiga Aliança foi entregue aos israelitas por intermédio de Moisés; a Nova Aliança foi entregue a humanidade mediante a pessoa de Jesus Cristo. A Antiga Aliança é a aliança da lei; a Nova Aliança é a aliança da graça. A Antiga Aliança tinha em seu conteúdo a sentença de morte sobre o culpado; a Nova Aliança tem em seu conteúdo a justificação e a salvação do culpado. A Antiga Aliança revelou o ministério da morte; a Nova Aliança revelou o ministério da vida e da graça. Paulo nos ensina que a Antiga Aliança nunca foi um caminho para a salvação, pois Deus já havia predito uma Nova Aliança com Israel. Somente a Nova Aliança é capaz de oferecer perdão e um novo coração. A Nova Aliança não estaria registrado em pedras, mas gravada nos corações de judeus e gentios que crêem em Cristo como Senhor e Salvador. A aliança pode ser rejeitada ou aceita por quem a ouve, mas nunca alterada. A humanidade pode aceitar Jesus ou rejeitá-lo, mas nunca poderá alterar ou colocar como válida outra forma de ser salva de seus pecados.


I – PAULO JUSTIFICA SUA AUTORECOMENDAÇÃO(3:1,2)


Antes de estudarmos a distinção entre as duas alianças destacaremos neste primeiro tópico a continuação da defesa de Paulo diante dos ataques dos falsos apóstolos. Eles acusavam Paulo de ser um impostor. Diziam que ele não era um apóstolo legitimo. Ao mesmo tempo, para acicatar Paulo, esses obreiros ostentavam diante da igreja de Corinto, cartas de recomendação, enquanto Paulo não as portava.
Os três primeiros versículos do capítulo três são versículos de transição e constituem uma ponte entre a última parte do capítulo dois, que estudamos na aula anterior, e o restante do capítulo três. Eles apresentam a defesa que Paulo faz do seu ministério apostólico; ou seja, dele mesmo, do seu trabalho e da sua mensagem. A apostolicidade de Paulo, sua integridade, suas cartas, suas palavras e conduta estavam em jogo. É diante dessa situação que Paulo mais uma vez apresenta sua defesa. Ele diz: Porventura, começamos outra vez a recomendar-nos a nós mesmos? Ou necessitamos, como alguns, de cartas de recomendação para vós ou de recomendação de vós? Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens, porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós e escrita não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração.
1. A recomendação requerida(3:1). Paulo inicia o capitulo três com uma pergunta: Porventura, começamos outra vez a recomendar-nos a nós mesmos? As palavras “outra vez” não sugerem que ele se havia recomendado em alguma ocasião anterior. Indicam apenas que ele havia sido acusado de faze-lo e, agora, antevê a repetição dessa acusação. Paulo pergunta novamente: Ou necessitamos, como alguns, de cartas de recomendação para vós ou de recomendação de vós? Para certos comentaristas, a palavra alguns é uma referência aos falsos apóstolos de 2:17 que chegaram a Corinto com cartas de recomendação, talvez de Jerusalém. É possível, ainda, que ao deixar Corinto, eles tenham levado cartas de recomendação daquela igreja.
Na igreja primitiva, era comum cristãos que viajavam de um lugar para outro levar cartas desse tipo. O apóstolo não desestimula tal prática, mas afirma com certa sutileza que a única coisa que esses falsos apóstolos possuíam para recomenda-los eram as cartas que levavam consigo. Se não fosse por elas, não teriam nenhuma credencial para apresentar. Os crentes para quem Paulo e seus companheiros pregavam já eram como uma carta de recomendação. Uma vida transformada pelo evangelho é um argumento irresistível, irrefutável e irrevogável em favor da verdade. A vida transformada dos crentes de Corinto era a carta de recomendação de Paulo(1Co 6:9-11).
2. Paulo defende sua autorecomendação. Os judaizantes que foram a Corinto questionaram a autoridade apostólica de Paulo. Negaram que ele era, verdadeiramente, um servo de Cristo. Talvez tenham gerado dúvidas entre os coríntios a fim de que estes exigissem uma carta de recomendação do apóstolo Paulo da próxima vez que ele fosse visitá-los. Paulo pergunta se precisará de tal carta. Acaso não tinha ido a Corinto quando ainda eram idólatras pagãos? Não os havia levado a Cristo? O Senhor não havia colocado seu selo sobre o ministério do apóstolo dando-lhe almas preciosas em Corinto? Eis a resposta: os próprios coríntios eram a carta de Paulo, escrita em seu coração, mas conhecida e lida por todos os homens. Nesse caso, não havia necessidade de uma carta escrita com pena e tinta. Os corintios eram fruto do ministério de Paulo e objeto de sua afeição. Além disso, eram conhecidos e lidos por todos os homens, ou seja, sua conversão se tornara conhecida em toda a região. Quem via os cristãos de Corinto podia perceber que sua vida tinha sido transformada, que eles haviam deixado os ídolos e se voltado para Deus, e que estavam vivendo de forma separada. Comprovavam, portanto, o ministério divinamente autorizado de Paulo, logo desnecessário seria qualquer tipo de recomendação por escrito.
3. A mútua e melhor recomendação(3:1). Necessitamos, como alguns, de cartas de recomendação para vós ou de recomendação de vós? Neste questionamento, Paulo apela para uma reciprocidade que havia entre ele e a igreja, a qual dispensava a recomendação de Jerusalém requerida por alguns opositores do seu ministério, uma vez que ele o havia desenvolvido entre os corintios. Nem os corintios precisavam de recomendação escrita, porque dizia: “Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens”.
O mundo nem sempre lê as Escrituras, mas ele está sempre nos lendo. Somos uma carta aberta diante dos holofotes do mundo. Nossa vida é um outdoor de Deus estampado diante dos olhos do mundo. Somos como uma cidade iluminada no alto de um monte. Nossa vida é uma espécie de megafone de Deus aos ouvidos da história. Cada cristão é uma propaganda de Cristo. Nós somos o quinto evangelho lido pelo mundo. Cada crente é uma espécie de tradução do Evangelho.
Enquanto as cartas de recomendação usadas pelos inimigos de Paulo eram escritas com tinta, a epístola de Paulo era escrita pelo Espírito de Deus vivo e, portanto, era de natureza divina. A tinta pode desbotar, ser apagada e destruída, mas aquilo que o Espírito de Deus escreve no coração humano é eterno.
Com estes termos, Paulo afirma que a recomendação do seu ministério é simplesmente o caráter evidente dos próprios coríntios. Eles são como uma carta escrita pelo próprio Cristo, tendo Paulo como o escriba ou mensageiro.


II – A CONFIANÇA DA NOVA ALIANÇA(3:4-11)


1. A suficiência que vem de Deus. No estudo do tópico anterior, percebemos que Paulo fala com bastante segurança sobre seu apostolado e sobre o ministério do qual o Senhor o havia incumbido. Desta feita, podemos perguntar: “Como o apóstolo ousa falar de tais coisas com tanta convicção? A resposta está no versículo 4: “E é por Cristo que temos tal confiança em Deus”. A defesa do apostolado pode dar a impressão de que Paulo estava louvando a si mesmo, mas aqui ele nega que seja esse o caso. Declara que sua certeza é por intermédio de Cristo, ou seja, é uma confiança que não sucumbe sob o exame minucioso divino. Paulo não deposita nenhuma confiança em si mesmo nem em suas aptidões, mas por intermédio de Cristo, e na obra que Cristo havia realizado na vida dos corintios, encontra a comprovação da realidade de seu ministério. A notável mudança ocorrida na vida dos corintios recomendava o apóstolo.
Depois de tratar das suas próprias credenciais e qualificações ministeriais, Paulo dá início ao relato do ministério propriamente dito. Ele mostra nos versículos seguintes que a Nova Aliança (o evangelho) é superior a Antiga Aliança(a lei); e mais confiante. Seus críticos mordazes em Corinto eram judaizantes e, portanto, procuravam misturar a lei com a graça. Ensinavam aos cristãos que eles deviam observar determinadas partes da lei de Moisés a fim de serem plenamente aceitos por Deus. Tendo essa situação em mente, o apóstolo demonstra em seguida como a Nova Aliança é superior à Antiga, porque veio mediante a pessoa de Jesus Cristo, que consumou todas as coisas da Antiga Aliança, em um único ato sacrifical(Hb 7:27; 12:24; 1Pe 1:2).
2. A distinção entre as duas alianças(3:6). Está escrito em Hb 8:8, 9: Eis que virão dias, diz o Senhor, em que com a casa de Israel e com a casa de Judá estabelecerei uma Nova Aliança(ou novo concerto), não segundo a Aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito. Podemos dizer que a Nova Aliança nos apresenta aspectos bem diferentes da Antiga Aliança.
A Antiga Aliança era o código legal que havia sido transmitido por Deus a Moisés. Nela, as bênçãos eram condicionadas pela obediência. Era uma aliança de obras. Nesse acordo entre Deus e a humanidade, se o ser humano fizesse a sua parte, Deus faria a parte dele. Uma vez que dependia do ser humano, porém, essa aliança não tinha poder de produzir justiça.
A Nova Aliança é o evangelho. Nela, Deus assume o compromisso de abençoar a humanidade pela graça e por intermédio da redenção em Cristo Jesus. Todos os aspectos da Nova Aliança dependem de Deus, e não do ser humano. Logo, a Nova Aliança tem poder de realizar aquilo que era impossível à Antiga Aliança.
Como foi dito, a Antiga era uma Aliança de obras. Era material. Era externo. A sua materialidade foi mostrada através de leis e preceitos escritos e que precisavam ser cumpridos à risca, se o povo quisesse ser abençoado por Deus. A não observância de tais preceitos conduziria a nação, e, conseqüentemente, o cidadão individual às maldições transcritas pela lei. A lei era "seca". Obedecendo, o homem era feliz; desobedecendo caia em desgraça! Porém, como sabemos, o povo de Deus não cumpriu a sua parte, até mesmo devido a intransigência da própria lei, incapaz de ser observado pelo homem pecador. A lei em si mesmo era santa, proclamada por um Deus Santo, mas não podia ser guardada, observada pelo homem pecador. Se a justificação do pecador era possível somente ao guardar os preceitos legais, isto se tornou impossível, pois o homem não cumpriu a sua parte em razão de sua natureza pecaminosa herdada de Adão. O mero ouvir dos preceitos legais não poderia levar o homem a qualquer lugar, mas sim a uma postura de obediência irrestrita aos mandamentos escritos - "Porque os simples ouvidores da lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados"(Rm 2.13).
Já na Nova Aliança, a lei foi escrita não em tábuas de pedra, mas nos corações daqueles que o aceitaram, mediante o lavar regenerador do sangue do Cordeiro. Estas condições foram anunciadas por Deus através de seus profetas: Jeremias (Jr 31.33-34); (Ez 36.26-27).
Portanto, a Nova Aliança é melhor do que a Antiga(cf Rm 7) porque perdoa totalmente os pecados dos que se arrependem(Rm 8:12), transforma-os em filhos de Deus(Rm 8:15,16), dá-lhes novo coração e nova natureza para que possam, espontaneamente, amar e obedecer a Deus(Hb 8:10), os conduz a um estreito relacionamento pessoal com Jesus Cristo e o Pai(Hb 8:11) e provê uma experiência maior em relação ao Espírito Santo(Rm 8:14,15,26).
3. A ‘letra” que mata(3:6) – “o qual nos fez também capazes de ser ministros dum Novo Testamento, não da letra, mas do Espírito; porque a letra mata, e o Espírito vivifica”. A interpretação mais comum para essa declaração é: Se tomarmos apenas as palavras explícitas e literais das Escrituras e procurarmos obedecer-lhes ao pé da letra sem o desejo de ser obedientes ao espírito da passagem,tais palavras nos farão mal, e não bem. Os fariseus são um exemplo disso. Eram dizimistas extremamente meticulosos,mas não demonstravam misericórdia e amor para com os outros(Mt 23:23). Aqui neste versículo, a letra diz respeito à lei de Moisés, e o espírito, ao Evangelho da graça de Deus. Ao afirmar que a letra mata, Paulo se refere ao ministério da lei. A lei condena todos aqueles que não guardam seus preceitos sagrados. “Pela lei vem o conhecimento do pecado”(Rm 3:20). “Todos quantos, pois,são das obras da lei estão debaixo de maldição; porque está escrito: maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas escritas no livro da lei, para praticá-las”(Gl 3:10). Deus jamais teve a intenção de usar a lei como meio de dar vida. Antes, ela foi criada para trazer conhecimento e convicção do pecado. Aqui, Novo Testamento(ou Nova Aliança) é chamada de espírito. Representa o cumprimento espiritual dos tipos e sombras da Antiga Aliança. O Evangelho realiza aquilo que a lei exigia,mas não tinha poder de produzir.

III – A GLÓRIA DA NOVA ALIANÇA(3:7-18)

Durante a peregrinação de Israel no deserto, Moisés mantinha contato regular com o Senhor, na tenda da congregação. Sempre que Moisés entrava para falar com o Senhor, sua face começava a brilhar, refletindo a glória da presença de Deus. Quando ele saía, tinha que cobrir seu rosto para que o povo não cegasse com o fulgor. O brilho começava a desvanecer gradativamente, mas os israelitas não o percebiam por causa do véu que Moisés usava. Quando ele retornava à tenda da congregação, sua face começava a luzir, novamente, com a glória do Senhor. Este evento histórico, registrado em Êxodo 34:33-35, é a base para os comentários de Paulo em 2 Coríntios 3:7-18.
1. A superioridade da Nova Aliança sobre a Antiga Aliança(3:7-12). A Antiga Aliança é chamada de ministério da morte, gravado com letras em pedras. Trata-se, sem dúvida, de uma referência aos Dez Mandamentos, os quais ameaçavam de morte quem não os guardasse(Ex 19:13). Paulo não diz que não houve glória na entrega da lei. Sem dúvida, quando Deus entregou os Dez Mandamentos a Moisés no Monte Sinai, houve manifestações momentosas da presença e do poder divino(Ex 19). Na verdade, depois que Moisés passou algum tempo com Deus, seu rosto começou a brilhar, refletindo o esplendor de Deus. Assim, os filhos de Israel não puderam fitar a face de Moisés, por causa da glória do seu rosto. O resplendor era intenso demais para ser fitado continuamente. Em seguida, porém, Paulo acrescenta um comentário importante: a glória da face de Moisés era desvanecente. Isso significa que tal resplendor não era permanente, mas apenas uma glória passageira. Em termos espirituais, a glória da antiga aliança também era temporária. A lei possuía a função claramente definida de revelar o pecado. Era gloriosa pelo fato de constituir uma demonstração das exigências santa de Deus. No entanto, foi dada apenas até o tempo de Cristo, pois ele é o cumprimento da Lei para justiça de todo aquele que crê(Rm 10:4). Era uma sombra, enquanto Cristo é a substância. Era uma imagem de coisas melhores por vir que se concretizaram no Salvador do mundo.
A nova aliança é superior também porque ela ainda permanece, enquanto a glória da antiga aliança desvaneceu. Essa superioridade é bastante notável: “Porque também o que foi glorificado, nesta parte, não foi glorificado, por causa desta excelente glória”(3:10). Embora, em certo sentido, a lei tenha sido glorificada, quando comparada com a Nova Aliança a lei não resplandece. O versículo expressa uma forte comparação e afirma que, se as duas alianças forem colocadas lado a lado, o brilho de uma excederá em muito o da outra, ou seja, a Nova Aliança sobrepujará a antiga. A glória superabundante da Nova Aliança faz, de certo modo, a Antiga parecer não ter glória nenhuma. Quando o sol brilha com toda a sua força, não há nenhuma outra glória no céu. Assim como a lua e as estrelas desvanecem quando o sol levanta, assim a glória da Antiga Aliança empalideceu quando a Nova Aliança raiou em Cristo. Uma vez que sua glória foi suplantada, a Antiga Aliança não é mais nossa lei.
2. A glória com rostos desvendados(3:13-16,18). Este texto destaca comparações e contrastes entre nós e Moisés. Na Antiga Aliança, somente Moisés teve permissão de ver a glória do Senhor. Na Nova Aliança, todos nós temos o privilégio de contemplar a glória do Senhor. Depois de falar com o povo, Moisés teve de cobrir o rosto com um véu, mas nós podemos ter o rosto desvendado. Como Moisés, nosso rosto é transformado e começa a luzir com a glória do Senhor. Isto não é físico, em nosso caso, mas representa a radiante transformação espiritual que experimentamos. Cada cristão, em certo sentido, repete as experiências de Moisés.
Todo cristão hoje contempla o Senhor. Nos dias do Sinai, somente Moisés viu-o. O povo, por causa da culpa do pecado, era incapaz de contemplar o Senhor, ou de ver o resplendor da face de Moisés. Agora que a culpa dos pecados do cristão foi perdoada por Cristo, ele pode contemplar a glória de Deus na face de Cristo (4:6) e ansiosamente antever a contemplação final da glória do Senhor no céu (João 17:24).
Diferente de Moisés, nosso rosto não deve ser vendado. A luz de Cristo dentro de nós não deve ficar escondida; antes, outros devem ver a glória do Senhor refletida em nossa 'face', em nosso caráter. Somos diferentes de Moisés no fato que a glória de Moisés desvaneceu, e a nossa deve intensificar "de glória em glória".
3. A liberdade do Espírito e a nossa permanente transformação(3:17,18). Ora, o Senhor é Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. Mas todos nós, o rosto desvendado, refletindo, como um espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória, na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.
A liberdade do Espírito - “[...] onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade[...]”. A liberdade que vem de Cristo é, acima de tudo, libertação da condenação e escravidão do pecado(Rm 6:6-14) e do domínio total de Satanás(Cl 1:13). A liberdade proporcionada por Cristo não é uma liberdade para o crente fazer o que quer, mas para fazer o que deve(Rm 6: 18-23). A liberdade espiritual nunca deve ser usada como justificativa para conflitos(Tg 4:1,2; 1Pe 2:16-25). A liberdade cristã deixa o crente livre para servir a Deus(1Ts 1:9) e ao próximo(1Co 9:19). Agora somos servos de Cristo, vivendo para agradar a Deus, pela graça(Rm 5:21; 6:10-13).
“[...] Mas todos nós, o rosto desvendado, refletindo, como um espelho, a glória do Senhor[...]”. O espelho é a Palavra de Deus. Na Bíblia, encontramos o Senhor revelado em todo o seu esplendor.Ainda não o vemos face a face, mas apenas espelhado na Palavra. Observe que é glória do Senhor o que contemplamos. Paulo não está enfatizando a beleza moral de Jesus como homem aqui na Terra, mas sua glória presente como Filho exaltado à destra do Pai.
A nossa permanente transformação – “somos transformados de glória em glória”. Na Antiga Aliança, colhemos escravidão, morte e condenação, mas na Nova Aliança somos convertidos, libertos e transformados progressivamente na imagem de Cristo. O véu é retirado do coração não apenas no ato da conversão, mas o processo da santificação é um contínuo remover de máscaras.
Deus não apenas nos destinou para a glória, mas está empenhado em nos transformar à imagem do Rei da glória(Rm 8:29). O projeto eterno de Deus é nos transformar à imagem de Cristo e esculpir em nós o caráter de Cristo. O plano de Deus é que aqueles que foram convertidos a Cristo e foram libertos pelo Espírito Santo alcancem o pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo(Ef 4:13). A transformação na imagem do Senhor não acontece num certo ponto do tempo, mas trata-se de um processo contínuo. O termo de glória em glória enfatiza sua natureza progressiva.
Sob a Antiga Aliança, somente Moisés subiu ao monte e teve comunhão com Deus, mas sob a Nova Aliança todos os cristãos têm o privilégio de desfrutar a comunhão com o Senhor. Por meio de Cristo, podemos entrar no Santo dos Santos(Hb 10:19,20); e não precisamos escalar montanha.


CONCLUSÃO

A Nova Aliança, ao contrário da Antiga Aliança, é eterna. O Senhor disse: “Farei com eles aliança de paz; será aliança perpétua” (Ez 37.26). Depois de servir ao seu propósito, o pacto mosaico tornou-se sem efeito. As palavras “velho” e “envelheceu” em Hebreus 8.13, mostram que o pacto mosaico, ou seja, a Antiga Aliança, estava esgotado, perdendo as forças e prestes a ser dissolvido. Através de Sua morte, Cristo tornou-se o Mediador da Nova Aliança, e possibilitou a reconciliação de todos aqueles que confiam em Sua obra redentora. Glórias a Deus!
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no site: www.adbelavista.com.br
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. Bíblia de estudo DAKE. O novo dicionário da Bíblia. Revista o Ensinador Cristão. Guia do leitor da bíblia – 2Corintios. 2Corintios – Rev. Hernandes Dias Lopes. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdnald. Guia do Novo Pacto - pelo Pr. José Antônio Corrêa.