1º Trimestre/2017
Texto Base: Efésios 4:1-7
“[…] que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados, com
toda a humildade e mansidão, com longanimidade suportando-vos uns aos outros em
amor” (Ef.4:1,2).
INTRODUÇÃO
Nesta Aula trataremos a respeito de mais uma virtude do Fruto do
Espírito - a Mansidão, considerada por nós como uma das virtudes que está
vinculada ao relacionamento com o nosso próprio eu, com aquilo que somos em
nosso interior, pois isso representa o resultado da submissão do homem com Deus
– e as Pelejas, obra da carne, que se opõe à brandura. A arrogância, assim como
as pelejas, são obras da carne e quem as pratica não pode agradar a Deus, pois
Ele abomina o altivo de coração (Pv.16:5). Na Palavra de Deus, os crentes são
comparados a ovelhas, porque elas são animais dóceis, mansos e submissos ao
pastor (João 10:14,15). Se você é ovelha de Jesus, então aprenda a ser manso e
humilde. Ouça a voz do Bom Pastor.
I. MANSIDÃO, O OPOSTO DA ARROGÂNCIA
Mansidão, mais que tudo, é uma das qualidades do Espírito Santo -
"Mas o fruto do Espírito é: [...[ mansidão [...]" (Gl.5:22). O crente
que é vestido do fruto de Mansidão é gentil no trato para com o próximo. Moisés
revelava este traço de caráter em notável medida; e Jesus é o nosso paradigma
superlativo; esta virtude foi uma das bases para Ele convidar homens e mulheres
cansados e oprimidos e achar alívio e descanso nEle (Mt.11:28,29). Os mansos se
humilham diante de Deus por reconhecerem sua total dependência dEle. Quando
Deus tiver destruído todos os que em sua arrogância resistem à sua vontade, os
mansos serão os únicos a herdar a Terra - "Mas os mansos herdarão a terra,
e se deleitarão na abundância de paz" (Sl.37:11)
1. Mansidão não é covardia. A Mansidão
caracteriza-se por uma atitude de brandura, de suavidade no que precisa ser
feito, mas, de modo algum, significa o recuo, o medo que impede a tomada de
atitudes. O crente deve ser alguém firme e pronto a testemunhar, com palavras e
obras, a fé que tem em Cristo Jesus, sem que para isto precise ser ríspido,
duro ou que venha maltratar o próximo. Enquanto é dito que os mansos herdarão a
terra (Mt.5:5), também as Escrituras mostram que os tímidos, os covardes
ficarão de fora da Nova Jerusalém (Ap.21:8). Ser manso não é ser covarde nem
tímido. Muitos podem pensar que Paulo era um tanto rígido com os irmãos, mas
ele era muito equilibrado. Quando era preciso usava de firmeza para com aqueles
que, não querendo andar na verdade, desafiavam sua autoridade apostólica
(1Co.4:21), mas, no trato com os crentes, era como uma paciente e amorosa ama
(1Ts.2:7).
2. Ser manso é ser corajoso. Mansidão não é fraqueza, mas poder sob controle. Uma pessoa que não tem
controle pessoal ou domínio próprio não é sábia. Mansidão é o uso correto do
poder, assim como sabedoria é o uso correto do conhecimento. Ter um coração
corajoso não significa que devemos ser duros e rudes. É possível ser delicado e
forte ao mesmo tempo, e a chave é saber quando ser manso e quando ser forte. Precisamos
ser mansos e dóceis para com as pessoas, mas corajosos, fortes e decididos com
o diabo, porque é assim que ele é conosco. Moisés era manso, mas, ao mesmo
tempo, demonstrou força e coragem (Nm.11:15; 12:3). Moisés, por quarenta anos
liderou o povo através do deserto, com mãos firmes e fortes. Sem perder sua
mansidão, fez uso, sempre que foi necessário, de sua autoridade e do poder que
o Senhor Deus lhe outorgara. No entanto, dele está escrito: “E era o varão
Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra”
(Nm.12:3).
Não poderíamos nos esquecer de José, que ocupando o segundo maior lugar,
em poder, naquela época, teve em suas mãos aqueles que um dia o venderam como
escravo. A vingança estava ao seu dispor. Poderia punir, com a morte, àqueles
que lhe haviam feito grande mal. Porém, José, como homem de Deus, mostrou toda
grandeza de sua mansidão, perdoando.
Jeremias era um forte proclamador das verdades divinas, mas disse que
não passava de um manso cordeiro (Jr.11:19).
3. Mansidão não é acomodação. Os mansos não são
passivos; são famintos e sedentos de justiça, e alimentam-se da indignação
contra o mal. Por isso superam, resistem e vencem o mal (Rm.12:9-21); conseguem
confrontar sem medo seus inimigos, mas podem também orar por eles. A ação dos
mansos não depende da maneira como os outros agem. Para eles, preservar a
integridade e a dignidade significa conservar seu próprio modo de agir, sem se
deixar manipular pelo poder do mal.
4. A mansidão, fruto do Espírito. “Mas o fruto do Espírito é: ...mansidão...”. Assim, se “...o fruto do
Espírito é...mansidão...”, segue-se ser ela parte integrante da natureza de
Deus. Davi reconheceu esta verdade quando declarou: “Também me deste o escudo
da tua salvação; a tua mão direita me susteve, e a tua mansidão me engrandeceu”
(Salmo 18:35). Por isto, o Senhor Jesus podia dizer: “...aprendei de mim, que
sou manso e humilde de coração...” (Mt.11:29). Era um prazer enorme estar ao
lado de Jesus. Estar ao lado de pessoas audazes, altivas, é muito difícil. Em
geral, os altivos gostam de pelejas, pois acreditam que estão sempre com a
razão e que são os donos da verdade.
Esta virtude do Fruto do Espírito ocorre no momento do Novo Nascimento,
ou Regeneração; no momento do Novo Nascimento surge um novo homem, ou na
expressão usada por Paulo, uma “nova criatura” (2Co.5:17). Esta “nova criatura”
é feita em santidade, tornando-se a “morada” de Deus, na Pessoa do Espírito
Santo – “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus
habita em vós?...porque o templo de Deus, que sois vós, é santo” (1Co.3:16,17).
Assim, conforme temos aprendido, o Espírito Santo passa, não apenas a
habitar, como também a trabalhar na vida do “novo homem”, formando nele o Seu
Fruto. Na medida em que damos lugar ao Espírito Santo em nossa vida, Ele,
através da formação do Seu Fruto, vai nos transmitindo as virtudes existentes
em Deus, pois, que Ele é Deus. Desta forma o “novo homem” vai se tornando, mais
e mais, parecido com Deus, visto que a Sua Imagem, apagada, ou desfigurada pela
ação do pecado, vai, agora, sendo reconstruída, conforme a do original que foi
criado à imagem e conforme a semelhança de Deus (Gn.1:26,27).
No seu sentido bíblico, mansidão é firmeza e retidão de caráter; é ter
consciência de sua força, ou autoridade, permanecendo imperturbável quando se
faz necessário fazer uso dela; é a capacidade de exigir o que é reto, o que é
justo; é a coragem de fazer cumprir a força do direito, mesmo que seja
necessário usar o direito da força.
Portanto, aqueles que conhecem Deus e Sua Palavra, sabem que não pode
existir qualquer semelhança entre Mansidão e fraqueza, timidez, medo,
subserviência, passividade, negligência, e outros sentimentos correlatos.
II. EVITANDO AS PELEJAS E CONTENDAS
“Porque as obras da carne são
manifestas, as quais são: [...] pelejas, dissensões [...]” (Gl.5:20).
Todos são irmãos e, portanto, devem amar-se uns aos outros, não devem
promover contendas, lutas e pelejas entre si, porque produzem o fruto do
Espírito e não as obras da carne. A bênção do Senhor depende da existência de
um ambiente de união entre os irmãos. O salmo 133 mostra com clareza esse fato:
“Oh! Quão bom e quão suave é que os
irmãos vivam em união! É como o óleo
precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce
à orla das suas vestes. Como o orvalho do Hermom, que desce sobre os montes de
Sião; porque ali o SENHOR ordena a bênção e a vida para sempre”(Sl.133).
Este salmo revela que, somente num ambiente de união, o Espírito Santo
atua plenamente; somente num ambiente de união, cada membro em particular do
corpo de Cristo (figurado por Arão, o escolhido para o sacerdócio) se deixa
envolver plenamente pelo Espírito Santo (figurado pelo azeite); somente num
ambiente de união, o refrigério do Espírito Santo pode nos consolar e nos
permitir, mesmo neste mundo de sequidão e necessidade, termos a paz, a alegria
e o amor divinos (figurados pelo orvalho de Hermom); somente num ambiente de
união, a Igreja prossegue vitoriosa para se encontrar com o seu Senhor nos
ares, cheia de vida espiritual e abençoada nos lugares celestiais em Cristo (João
15:5,6; Ef.1:3), porque é no ambiente de união, e não de pelejas e contendas,
que “…o Senhor ordena a vida e a bênção para sempre”.
Infelizmente, a união que deveria ser encontrada na Igreja nem sempre o
é. As pessoas discordam e causam divisões, pelejas, por causa de assuntos sem
importância. Alguns sentem prazer em causar tensão, depreciando e
desacreditando outros. Mas a união é importante porque: (a) faz da igreja um
exemplo para o mundo e ajuda a aproximar as pessoas do Senhor; (b) ajuda-nos a
cooperar conforme a vontade de Deus, antecipando um pouco do gozo que teremos
no Céu.
Viver em união não significa que concordaremos em tudo; haverá muitas
opiniões, da mesma maneira que existem muitas notas em um acorde musical. Todavia,
devemos concordar em nosso propósito na vida: trabalhar juntos para Deus. A
união reflete a nossa concordância de propósitos.
III. BEM-AVENTURADOS OS MANSOS
1. O Sermão da Montanha. Encontramos nos
capítulos 5 a 7 do Evangelho de Mateus os princípios estabelecidos por Jesus
para todos os que querem fazer parte do Reino dos Céus. Um dos princípios do
Mestre é a Mansidão (Mt.5:5) - “Bem-aventurado os mansos, porque eles herdarão
a terra”. Jesus teve a ousadia de proferir esta Bem-Aventurança, numa época, e
por que não dizer ainda hoje, em que ser manso era sinônimo de fraqueza, e a
fraqueza não era uma virtude, mas, sim, um defeito. Nenhum homem gostaria de
declarar ser manso. O mundo, de então, vivia sob a influência da cultura grega e
sob o domínio dos romanos. Os gregos não teceram louros à força física, mas,
também, não cultuaram a fraqueza. Exaltaram o poder da mente, da sabedoria, do
sentido da beleza. Não erigiram nenhum altar à mansidão.
Os Romanos foram cultores do poder físico, da força bruta, do domínio
dos fortes sobre os fracos. Formaram o exército mais poderoso do mundo e
subjugaram todos os povos da terra. Os gladiadores eram os ídolos de Roma e os conquistadores
seus verdadeiros deuses. Certamente que não poderia haver para eles algo mais
abjeto do que a mansidão ou fraqueza. Pilatos governava a Judéia com vara de
ferro, e, para Roma era um governador ideal.
Os Judeus, um povo rebelde, orgulhoso, não desprezava uma guerra; um povo
que não se curvava. No entanto, sem qualquer possibilidade de reação estava
subjugado pelo poderoso Império Romano. Os Judeus, contudo, alimentavam uma
esperança, uma esperança na promessa bíblica da vinda do Messias. Todavia, a
última coisa que eles poderiam desejar seria um Messias manso e exaltando o
poder da mansidão. Esperavam, na verdade, um Messias guerreiro, conquistador,
que os libertaria do jugo Romano, alguém semelhante ao grande rei Davi, que
devolveria a glória à nação de Israel.
Portanto, mansidão era algo que os judeus não gostariam de ouvir; queriam
poder tratar Roma e os romanos de acordo com os princípios da lei de Moisés:
“olho por olho, dente por dente”. Assim, quando apareceu João Batista, pregando
no deserto, um homem com aparência rude, que em nada se parecia com um homem
manso, que tinha a coragem de apontar o dedo para o poderoso governador Herodes
e denunciar seus erros, certamente que sua pregação avivou os ânimos do povo judeu.
Ele anunciava a chegada do Reino predito pelos profetas, a restauração do trono
de Davi. As multidões afluíam para ouvir aquele destemido e irreverente profeta,
a “Voz do que clama no deserto” - “Então,
ia ter com ele Jerusalém, e toda a Judéia, e toda a província adjacente ao
Jordão” (Mt.3:5).
João Batista, contudo, deixava claro que ele não era o Messias – “E
pregava, dizendo: após mim vem aquele que é mais forte do que eu, do qual não
sou digno de, abaixando-me, desatar a correia das sandálias” (Mc.1:7). O
anúncio desse que seria mais forte do que João Batista, acendia em cada coração
a esperança de glória e de liberdade. Eles sonhavam com um Messias guerreiro e
com um reino político. Assim, quando apareceu Jesus, João o identificou como
sendo aquele mais forte do que ele – “João
testificou dele e clamou, dizendo: Este era aquele de quem eu dizia: o que vem
depois de mim é antes de mim, porque foi primeiro do que eu” (João 1:15). É
certo que a mensagem de João se espalhou rapidamente e, de todas as partes
crescia o desejo de conhecer Jesus – “E seguia-o uma grande multidão da
Galiléia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judéia e dalém do Jordão” (Mt.4:25).
Jesus sabia qual era a grande aspiração do povo de Israel. Sabia que
falar de mansidão era como jogar um balde de água fria no ânimo e na esperança
de cada um. Alguém que desejasse ganhar o coração do povo, alguém que almejasse
o poder, alguém que sonhasse com um trono e uma coroa, teria a devida cautela
em não pronunciar as palavras manso e mansidão. Jamais os judeus iriam pensar
na possibilidade de vencer e expulsar os Romanos usando a mansidão.
Na época, exaltava-se a força, a coragem. Mansidão era coisa dos fracos, era símbolo de fraqueza. Cultuava-se
a bravura, enaltecia-se a violência. Falar de mansidão seria falar de brandura,
de meiguice, de educação, de diplomacia. Era tudo que o judeu, naqueles dias
vivendo sob o domínio Romano, não desejava ouvir.
Um homem de Deus tem que ter a coragem para decidir entre falar o que o povo
quer ouvir, ou falar o que Deus quer que o povo ouça; entre defender seus ideais
ou interesses imediatos, ou ficar na vocação em que foi chamado; entre
assegurar o seu futuro, na terra, ou a sua eternidade, no céu.
Jesus deixou-nos o exemplo. É pena que muitos erram por não conhecerem a
Palavra de Deus. É lamentável que outros erram, embora conhecendo, porém, não
se dispondo a pagar o preço da obediência.
Jesus estava iniciando Seu Ministério. Certamente que, lá no deserto,
Satanás tinha colocado diante dele o caminho plano e florido que leva o homem à
glória terrena, e o caminho íngreme e espinhoso da Cruz que leva o homem a
fazer a vontade de Deus.
Pela Bíblia sabemos que Jesus não se afastou jamais do cumprimento da
missão para a qual ele fora enviado, conforme deixou bem claro em João 6:38:
“Porque eu desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele
que me enviou”. Jesus começara Seu Ministério há tão pouco tempo, e já uma
multidão O seguia – “Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e,
assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos”(Mt.5:1).
Jesus sabia que a grande maioria não estava entendendo nada sobre Seu
Reino e que seus pensamentos estavam postos nas coisas materiais e terrenas.
Sabia que se falasse aquilo que o povo queria ouvir, o número cresceria cada
vez mais, porém, ele estaria se afastando dos propósitos do Pai. Sabia que se
falasse do Reino de Deus, do Reino Espiritual, sem promessas terrenas, teria
que se contentar com um pequeno número de discípulos a segui-lo; pequeno,
porém, consciente e fiel. Isto quer nos parecer que este drama, ou esta difícil
escolha tem sido vivida pelas denominações e líderes evangélicos: encher os templos
com grandes multidões, mesmo sabendo que estão ali por interesses materiais e
terrenos, ou contentar-se com um número muito menor e com um crescimento lento
e difícil, porém sabendo que aquelas pessoas estão ali, conscientes e lutando
pelas coisas eternas e celestiais; bater muitas palmas e falar o mínimo
possível da Palavra de Deus, ou fazer menos festas e pregar, e ensinar mais as doutrinas
bíblicas. Entre estas opções, um homem de Deus, não perde tempo para pensar.
Ele sabe como Jesus fez e é seu discípulo.
O Senhor Jesus estava determinado a ensinar ao povo as leis de Seu Reino
– “E abrindo a boca, os ensinava, dizendo...” (Mt.5:2). Certamente que cada
enunciado era como um jato de “água gelada” no ideal político e nos interesses
materiais do povo. Ele contrariava tudo o que os romanos criam e usaram para
erguer o maior império da época; ele frustrava os ideais de liberdade política
de seu povo.
Corajoso, e decididamente não vacilou em declarar: “Bem-aventurados os
mansos, porque eles herdarão a terra”. É claro que muita gente se escandalizou
com esta afirmação de Jesus. Imaginemos se algum soldado, ou algum oficial do exército
romano tenha ouvido isto! Pensariam que Jesus não tinha qualquer noção de
guerra e de conquistas. No entanto, o tempo e a história provaram que Jesus
estava certo. O grande, poderoso, cruel e imbatível exército romano,
estruturado sobre a força do homem, que abominava e desprezava os mansos,
considerando-os fracos e indignos de viver, não pode sustentar por muito tempo
o colossal império.
No ano 395 d.C., ele se dividiu em dois: em 476 d.C., caiu o Império
Romano do Ocidente e em 1453, caiu o do Oriente. Do Império Romano que exaltava
a força e o poder, só restaram ruínas. Porém, a Igreja, fundada por Jesus e que
declarou “... ser manso e humilde de coração...”, e que no Sermão do Monte
afirmou a bem-aventurança dos mansos; a Igreja que, através dos séculos
cultivou a virtude da mansidão, esta Igreja viu a queda de todos os grandes e
poderosos imperadores, a derrota do exército invencível, o esfacelamento do império.
Esta Igreja, dirigida e composta por homens mansos, conquistou a Terra e fincou
a bandeira ensanguentada de Cristo em todos os seus quadrantes. Esta Igreja
prosseguirá invencível até o Dia do seu arrebatamento. Verdadeiramente são
bem-aventurados os mansos.
2. Os mansos herdarão a Terra. Há uma recompensa para os mansos: “[…] eles herdarão a terra” (Mt.5:5).
Jesus nunca pregou o mundo terreno e carnal, apesar dos benefícios adjacentes
neste mundo; logo, aqui não poderia ser diferente. A Terra Prometida no Antigo
Testamento estava associada à ideia de descanso, e no Novo Testamento a
referência a terra diz de coisas melhores: do descanso de Deus e a Nova
Jerusalém. O Manso não receberá como herança um hectare de terra, antes será
herdeiro de novos céus e nova terra: "Mas nós, segundo a sua promessa,
aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça" (2Pd.3:13 );
“E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus e
coerdeiros de Cristo” (Rm.8:17).
O Manso viverá eternamente com o Senhor na Nova Jerusalém (Ap.21:1-3),
cujo lugar Ele foi preparar para nós (João 14:2,3). Esta Terra passará, mas não
as palavras do Senhor (Mt.24:35), de modo que temos de concluir que a promessa
dada aos mansos não diz respeito a esta Terra onde habitamos hoje, mas a uma
herança eterna, incorruptível. Muitos poderão dizer que a terra prometida aos
mansos seria a terra restaurada no reino milenial de Cristo, mas, em primeiro
lugar, esta Terra, durante o milênio, não estará destinada à Igreja
glorificada. Como se não bastasse, mesmo no milênio, teremos uma guerra, a
última guerra de rebelião contra o Senhor, no final do milênio, de modo que
também não é este o instante da “abundância de paz”, como afirma o salmista no
Salmo 37:11. Portanto, Manso é alguém que procura a paz e faz o bem, e será
coerdeiro em Cristo do Reino dos céus.
3. A Mansidão de Cristo. Jesus foi o exemplo maior de mansidão, dentre todos os homens. Vamos
considerar aqui apenas dois dos exemplos deixados por Jesus.
a) O Senhor Jesus demonstrou sua mansidão condenando o uso da força
física e das armas materiais. Mansidão e
violência são duas coisas antagônicas. Pedro, que naquela última semana vira
Jesus, no Templo, usar de toda sua autoridade e impor a ordem na Casa de Deus,
pode ter pensado que ele fosse favorável ao uso da violência, ou da força
física, contra seus inimigos. Foi assim que, no Jardim do Getsêmani, Pedro
esqueceu-se da mansidão e “...estendendo a mão, puxou da espada e, ferindo o
servo do sumo sacerdote, cortou-lhe uma orelha” (Mt.26:51). Pedro não havia,
ainda, aprendido bem sobre o significado da mansidão. Ele não sabia que a
mansidão não impede que um homem de Deus se transforme num gigante espiritual
capaz de desprezar a própria vida quando movido pelo zelo de Deus, sentir a
necessidade de fazer cumprir o que está escrito na Palavra de Deus. Foi o que
aconteceu com Jesus, no Templo.
Porém, essa mesma mansidão é a virtude do Fruto do Espírito que faz com
que um gigante espiritual se transforme num cordeiro, diante de seus
“tosquiadores”. Assim, de acordo com o ensino de Jesus, o homem manso, por
submissão completa ao seu Senhor, quando o “tosquiador” lhe tirar a “capa”,
deve lhe entregar também a túnica, quando lhe “ferir numa face”, deve
oferecer-lhe também a outra e quando o obrigar a “caminhar uma milha”, deve ir
com ele duas (Lc.6:29; Mt.5:41).
O homem manso não lança mão de sua própria espada, mas, entrega seu
caminho ao Senhor. Pois, como disse Jesus a Pedro: “...Mete no seu lugar a tua
espada, porque todos os que lançarem mão da espada à espada morrerão” (Mt.26:52).
O homem manso aprende a confiar em Deus, assim, com a mansidão ele conquistará
o céu, mas, a terra ele herdará, sem o uso da “espada” - “Bem-aventurado os
mansos, porque eles herdarão a terra”(Mt.5:5).
Se a vida cristã é assim, e assim é, então o homem, por si só, não pode
viver a vida cristã. Para viver a vida cristã o homem necessita ser revestido
de mansidão. Então, baseado em Gálatas 5:22, o homem salvo pode viver a vida
cristã, pois “...o fruto do Espírito é: ...mansidão...”. A mansidão não é uma
virtude gerada pelo homem, mas oriunda do Espírito Santo.
b) O Senhor Jesus comprovou toda sua
mansidão ao entregar-se nas mãos dos homens. Jesus era um Mestre que vivia o que ensinava e ensinava o que vivia.
Ele ainda tinha uma lição para ministrar aos seus discípulos, sobre a mansidão.
Esta seria uma lição prática, duraria cerca de quase vinte horas, do Jardim do
Getsêmani até o “está consumado”, na Cruz do Calvário. Ele que, no Templo, foi
um gigante, no Getsêmani se transformou num cordeiro que, sem qualquer
resistência, entregou-se nas mãos dos que o foram prender. Deixou claro que
poderia reagir e não ser preso – “Quando, pois, lhes disse: Sou eu, recuaram e
caíram por terra” (João 18:6). Foi dele a iniciativa de, mansamente, estender
suas mãos para ser manietado. Durante toda aquela noite, na presença do Sumo
Sacerdote, dos anciãos e do Sinédrio, de Herodes e de Pilatos, o Senhor Jesus
comprovou ter dito a verdade quando afirmou ser “...manso e humilde de
coração...”.
Demonstrou todo o poder da sua mansidão suportando sem qualquer revide e
sem nenhum lamento toda dor moral causada pelas calúnias, injúrias e
difamações, toda dor física causada pelas agressões sofridas, bem como pelas
seis horas em que esteve na Cruz. Durante todo tempo ele teve consciência de
que estava sofrendo porque, voluntariamente, havia se entregado nas mãos dos
homens para que a Palavra de Deus pudesse ser cumprida. Ela havia dito: “Eu sou
o bom Pastor, o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas.... Ninguém ma tira de
mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar e poder para a tornar a
tomá-la...” (João 10:11,18).
CONCLUSÃO
Se o Espírito Santo habita em nós, podemos ser mansos, porque “...o
fruto do Espírito é:...mansidão...”. A mansidão do crente precisa ser manifesta
para com todos, sem qualquer exceção – “E
ao servo do Senhor não convém contender, mas, sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor”
(2Tm.2:24). Sejamos mansos e humildes de coração, sempre seguindo o exemplo de
nosso Salvador. Ele mesmo nos exorta: “[...] prendei de mim, que sou manso e
humilde de coração [...] (Mt.11:29).
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível
no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia
de Estudo Pentecostal.
Bíblia
de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário
Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário
do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Revista
Ensinador Cristão – nº 69. CPAD.
Rev.
Hernandes Dias Lopes. Gálatas, a carta da liberdade cristã.
Antônio
Gilberto. O Fruto do Espírito. CPAD.
Ev.
Caramuru Afonso Francisco. Mansidão, o fruto da obediência.PortalEBD_2005.
Comentário
Bíblico Pentecostal. Novo Testamento. CPAD.