4º
Trimestre/2019
Texto Base:
2Smauel 23:1-7
29/12/2019
“Ainda que a
minha casa não seja tal para com Deus, contudo estabeleceu comigo um concerto
eterno, que em tudo será ordenado e guardado. Pois toda a minha salvação e todo
o meu prazer estão nele, apesar de que ainda não o faz brotar” (2Sm.23:5).
2Samuel 23:
1-E estas são as últimas
palavras de Davi. Diz Davi, filho de Jessé, e diz o homem que foi levantado em
altura, o ungido do Deus de Jacó, e o suave em salmos de Israel:
2-O Espírito do SENHOR
falou por mim, e a sua palavra esteve em minha boca.
3-Disse o Deus de Israel,
a Rocha de Israel a mim me falou: Haverá um justo que domine sobre os homens,
que domine no temor de Deus.
4-E será como a luz da
manhã, quando sai o sol, da manhã sem nuvens, quando, pelo seu resplendor e
pela chuva, a erva brota da terra.
5-Ainda que a minha casa
não seja tal para com Deus, contudo estabeleceu comigo um concerto eterno, que
em tudo será ordenado e guardado. Pois toda a minha salvação e todo o meu
prazer estão nele, apesar de que ainda não o faz brotar.
6-Porém os filhos de
Belial serão todos como os espinhos que se lançam fora, porque se lhes não pode
pegar com a mão.
7-Mas qualquer que os
tocar se armará de ferro e da haste de uma lança; e a fogo serão totalmente
queimados no mesmo lugar.
INTRODUÇÃO
Com esta Aula concluímos o estudo do trimestre sobre o “Governo Divino em
mãos humanas”. Trataremos aqui sobre “a velhice de Davi”. Mesmo nessa fase da
vida, Davi não teve sossego. As consequências do pecado de Davi invadiram a sua
terceira idade, e perturbava o ocaso de sua vida; mas, ele finda sua missão em
comunhão com Deus e com uma grandiosa ação de graças ao Senhor, que o chamara
desde a meninice. Seus salmos relatam a comunhão profunda e íntima que ele
mantinha com o Senhor, desde a sua tenra idade; e, dessa forma, o rei segundo o
coração de Deus, finda sua vida, enaltecendo o Deus de Jacó (cf.2Sm.23:1-7).
A velhice faz parte do processo evolutivo do ser humano. Todos nós
envelheceremos um dia; esta é uma realidade da qual ninguém pode fugir. As
pessoas que conseguem superar o medo de envelhecer encaram a terceira idade
como qualquer outra fase da vida, repleta de desafios a serem enfrentados. Ao
chegar a velhice, devemos viver esse período de modo que glorifique a Deus e
com alegria no coração, respeitando, claro, as limitações que ela impõe.
O envelhecimento é uma fase natural da vida que pode ser vivida de
maneira saudável ou não; isso dependerá da forma como vivemos cada fase de
nossa existência. Ter Deus como regente de nossa vida nos garantirá um final
feliz. Portanto, temamos a Deus e sejamos sábios (Ec.12:1), pois a essência da
vida consiste em viver cada momento com Deus e para Deus. Que possamos, na
nossa velhice, dar ainda frutos, ser cheios de seivas e de verdor, como lembra
o Salmo 92:14.
I. UMA VISÃO GERAL SOBRE A VELHICE
1. Concepções equivocadas acerca da Terceira Idade
Segundo a Organização Mundial de Saúde - OMS, a terceira idade começa
entre 60 e 65 anos; para os cientistas, ela começa aos 65; para outros, a
aposentadoria deve ser o referencial para determinar o início da terceira
idade. A fixação do início desta fase da vida não tem nenhum fundamento
cientifico; serve, apenas, para orientar as pesquisas cientificas e para a
elaboração da política governamental nas áreas da saúde e social. Toda
dificuldade advém do fato de que as pessoas são muito diferentes entre si.
A questão da idade é mais uma questão psíquica. É possível encontrar
alguém com 80 anos com uma cabeça melhor e uma disposição física superior à de
outra com 50 anos, ou menos; velhos que ainda sonham, que ainda possuem metas
para serem alcançadas, que não se sentem realizados - velhos com ideais ainda
vivos. Em muitas Igrejas temos exemplos desta natureza. Obreiros que já
ultrapassaram a barreira dos oitenta e que podem fazer suas as palavras de
Calebe:
“...e agora eis que já
hoje sou da idade de oitenta e cinco anos. E ainda hoje estou tão forte como no
dia em que Moisés me enviou; qual a minha força então era, tal é agora a minha
força, para a guerra, e para sair e para entrar”(Js.14:10,11).
Todavia, é possível encontrarmos pessoas com menos de 50 anos, e já
completamente velhos vivendo em plena terceira idade. Pessoas que, por razões
diversas, perderam a motivação para lutar pela vida. A velhice chega quando
sepultamos nossos sonhos!
O envelhecimento não é, pois, uma questão de idade cronológica; ele está
ligado, basicamente, a quatro fatores: biológicos, psíquico, social e
econômico. Estes fatores podem antecipar, ou retardar o início da terceira
idade.
Muitos acreditam que a velhice é sinônimo de doença e fraqueza.
Naturalmente, com o avanço da idade, a memória começa a falhar e, em face
disso, muitos passam admitir que não conseguem aprender mais nada e que suas
habilidades intelectuais entraram em declínio inevitável. Por conta dessa
imagem, o idoso acredita não mais ser criativo e priva-se de muitas atividades
temendo o fracasso ou a censura. Essa atitude, quase sempre, leva o idoso ao
isolamento e à sensação de ser rejeitado pelas gerações mais jovens.
A velhice não é um distúrbio da criação, nem muito menos um castigo
divino. Em termos de longevidade, é uma grande bênção. Acredite nisso. Se você
alcançou essa fase da vida, é porque Deus achou por bem conservá-lo aqui na
terra, acreditando que você ainda é útil e tem alguma missão a cumprir. Deus é
o Senhor do tempo. Ele tem em suas mãos o cronômetro da vida de cada um de nós.
Creia que a velhice é uma forma de bênção divina. Salomão acreditava nessa
forma de soberania divina. E todas as vezes que expressou essa sua crença, o
fez em termos de bênçãos:
”Porque eles aumentarão
os teus dias, e te acrescentarão anos e vida e paz”(Pv.3:2);
“Ouve, filho meu, e
aceita as minhas palavras, e se te multiplicarão os anos de vida”(Pv.4:10).
O único mandamento com promessa, aquele que ordena honrar pai e mãe, fala
do prêmio da longevidade:
”... para que se
prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus de dá”(Ex. 20:12).
2. Concepção bíblica
Ao analisar a velhice na Bíblia, constatamos que o idoso não é abandonado
nem rejeitado por Deus, como acontece comumente a alguns, que são jogados numa
instituição por familiares que nem sequer têm a lembrança de visitá-los,
negando-lhes o afeto e o carinho necessário. No livro do profeta Isaias lemos
que Deus permanece com os que lhe pertencem até à velhice:
“Até à vossa velhice, eu serei o mesmo, e
ainda até às cães, eu vos carregarei; já o tenho feito; levar-vos-ei, pois,
carregar-vos-ei e vos levarei”(Is.46:4).
Se enxergarmos o idoso como um ser abençoado por Deus, certamente,
teremos uma visão dele bem diversa daquela que o mundo costuma oferecer a esta
faixa etária, também chamada de terceira idade. Infelizmente, muitas pessoas
nessa faixa etária sofrem abusos e desrespeito, enquanto outras de maneira
equivocada assumem que já nada podem oferecer. Em razão disso, sentem-se
inadequadas e inferiorizadas socialmente. Mas a Bíblia, ao contrário do mundo,
ensina que os justos na "velhice ainda darão frutos; serão viçosos e
florescentes" (Sl.92:14). A Bíblia apresenta homens como Abraão, Moisés,
Simeão e outros que, na velhice, realizaram trabalhos magníficos que ainda hoje
têm grande significado para nós.
Para sabermos, hoje, como a Terceira
Idade deve ser vista e tratada no seio
das famílias e na Igreja, precisamos conhecer o pensamento bíblico a respeito dos idosos e como eles sempre foram tratados, de acordo
com a Bíblia.
a) Segundo a
Bíblia, o velho, ou idoso, deve ser tratado com honra, dignidade e respeito.
Tratar bem, e respeitosamente, uma pessoa idosa é sinal de temor a Deus. A
Bíblia, na primeira parte de Levíticos 19:32, diz: “Diante das cãs te levantarás, e honrarás a face do velho, e terás
temor do teu Deus. Eu sou o SENHOR”. A Bíblia na linguagem de hoje diz
assim: “Fiquem de pé na presença das pessoas idosas e as
tratem com todo o respeito...”. Foi o
próprio Deus quem proferiu estas palavras. Por elas é possível avaliar o
pensamento de Deus a respeito do velho, ou idoso.
“Cãs”, significa “cabelos brancos”, que antes do
uso das tinturas, eram considerados honrosos e dignos de respeito; uma
verdadeira “coroa de honra” - “Coroa de honra são as cãs...”(Pv.16:31); um símbolo de beleza - “O
ornamento dos mancebos é a sua força, e a beleza dos velhos, as cãs”(Pv.20:29).
A Bíblia também registra que os idosos devem ser respeitados pela sua
sabedoria e experiência: “Com os idosos está a sabedoria, e na abundancia de
dias o entendimento”(Jó 12:12).
Pelas declarações de Eliú, podemos compreender o respeito que havia
pelos mais velhos. Os jovens permaneciam calados diante deles e só falavam
quando estavam certos de que os mais velhos nada mais tinham para dizer: “E
respondeu Eliú, filho de Baraquel o buzita, e disse: eu sou menos de idade, e
vós sois idosos; arreceei-me e temi de vos declarar a minha opinião. Dizia
eu: falem os dias, e a multidão dos anos ensine a sabedoria” (Jó 32:6,7).
Ou como diz a Bíblia, na linguagem de hoje: “Eu sou moço, e vocês são
idosos. Foi por isso que não me atrevi a dar a minha opinião. Pensei assim, que
fale a voz da experiência, que os muitos anos mostrem a sua sabedoria”(Jó 32:6,7).
Os filhos são instruídos a ouvir e não desprezar seus pais idosos: “Ouve
a teu pai que te gerou, e não desprezes a tua mãe, quando vier a envelhecer”(Pv.23:22).
Na promessa do Pentecostes, Deus não se esqueceu dos velhos, ou idosos: “E
há de ser que, depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e os
vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os
vossos mancebos terão visões”(Joel 2:28).
Assim, a Família e a Igreja devem, também, tratar as pessoas idosas com
honra, dignidade e respeito.
b) Na Bíblia, ser velho ou idoso, não significa ser
inútil, incapaz e descartável
Está escrito: “O justo florescerá como a palmeira, crescerá como o cedro
no Líbano... Na velhice ainda darão frutos, serão viçosos e
florescentes”(Sl.92:12-14). Isto é possível devido os cuidados do Senhor:
“Os jovens se cansarão e
se fatigarão, e os mancebos certamente cairão, mas os que esperam no Senhor
renovarão as suas forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se
cansarão; caminharão, e não se fatigarão”(Is.40:30,31).
-Noé tinha seiscentos anos
quando Deus enviou o Dilúvio. Entre milhares de famílias com liderança jovem, a
Bíblia informa que Noé, embora com idade avançada foi escolhido por Deus para
coordenar a repovoação da Terra após a destruição pelo dilúvio.
“No ano seiscentos da
vida de Noé, no mês segundo, aos dezessete dias do mês, naquele mesmo dia
se romperam todas as fontes do grande abismo, e as janelas dos céus se
abriram”(Gn.7:17).
-Abraão e
Sara não eram jovens quando
seguiram para a terra que o Senhor lhes mostraria - “...e era Abraão da idade
de setenta e cinco anos quando saiu de Harã”(Gn.12:4). Sara, ou Sarai, era dez
anos mais nova que Abraão. Deus esperou que ficassem velhos para dar-lhes o
filho prometido - “E era Abraão da idade de cem anos, quando lhe nasceu Isaque
seu filho” (Gn.21:5). Cumpriu-se o que, muito depois, escreveria o Salmista:
“Na velhice ainda darão frutos...”.
-Moisés disse as seguintes palavras:
“A duração de nossa vida é
de setenta anos ...”(Sl.90:10). No entanto, quando Deus o chamou para ser o
libertador de seu povo, ele estava já com oitenta anos – “E Moisés era da idade de oitenta anos... (Êx.7:7).
Moisés necessitava de um auxiliar, mas em vez de alguém na faixa entre
trinta e quarenta anos, alguém em pleno vigor físico e mental, Deus lhe deu,
como auxiliar, o seu irmão mais velho, que estava com oitenta e três - “...e Arão da Idade de oitenta e três anos, quando falaram a Faraó”(Êx.7:7).
Quando Deus quer usar alguém não existe um limite de idade. Deus renova a
força dos cansados - “Dá esforço ao cansado, e multiplica as forças ao que não
tem nenhum vigor”(Is.40:29).
c) os homens justos na velhice ainda darão frutos
Embora os velhos, ou idosos, possam ser vistos pelos homens, com um
certo preconceito, às vezes, até com desprezo, contudo, a Bíblia Sagrada afirma
que os homens justos “na
velhice ainda darão frutos, serão viçosos e florescentes”(Sl.92:14). Moisés, Calebe e Arão confirmam
esta verdade bíblica. Calebe, aos oitenta e cinco anos, considerava-se em plena
forma para fazer a obra de Deus, segundo sua própria declaração (Js.14:10,11).
“E, agora, eis que o
SENHOR me conservou em vida, como disse; quarenta e cinco anos há agora, desde
que o SENHOR falou esta palavra a Moisés, andando Israel ainda no deserto; e,
agora, eis que já hoje sou da idade de oitenta e cinco anos. E, ainda
hoje, estou tão forte como no dia em que Moisés me enviou; qual a minha força
então era, tal é agora a minha força, para a guerra, e para sair, e para
entrar”.
Muitos outros exemplos bíblicos podem ser citados; muitos exemplos
atuais, também. Existem obreiros que já ultrapassaram a barreira dos oitenta
anos, e permanecem à frente de grandes Igrejas, como provas vivas de que homens
“na velhice ainda darão frutos, serão viçosos e florescentes”.
Outros, no entanto, que ainda poderiam estar realizando a obra do Senhor,
foram torpedeados e descartados por obreiros jovens, e pretensiosos, que não
souberam aplicar em suas vidas aquele princípio adotado por Davi, enquanto Saul
ocupava o Trono de Israel - “Esperei com
paciência no Senhor...”(Sl.40:1).
d) os homens justos na velhice ainda darão bons
conselhos
Um dos papéis mais importantes da terceira idade é o de promover o
conselho, a orientação. A Bíblia fala-nos da excelência de vivermos junto a
conselheiros (Pv.11:14) e não há melhores conselheiros do que os dos mais
idosos.
-Roboão. Quase todo o seu reino
foi perdido, porque não quis dar ouvido aos conselhos dos mais velhos de sua
corte (1Rs.12:1-15).
-Jacó, um velho, abençoador.
Aos 147 anos de idade (Gn.47:28), faz a seguinte declaração: “...o Deus, em
cuja presença andaram os meus pais Abraão e Isaque, o Deus que me sustentou,
desde que eu nasci até este dia”(Gn.48:15). Em gratidão a este Deus, Jacó nos
deixou o exemplo de um homem
avançado em idade, porém, um abençoador.
“pela fé, próximo da
morte, abençoou cada um dos filhos de José, e adorou encostado à ponta do seu
bordão”(Hb.11:21).
-Davi, na sua velhice, com
aproximadamente 70 anos de idade, deu o seguinte conselho ao seu filho Salomão
(1Rs.2:1-3):
“E aproximaram-se os dias
da morte de Davi; e deu ele ordem a Salomão, seu filho, dizendo: Eu vou pelo
caminho de toda a terra; esforça-te, pois, e sê homem. E guarda a ordenança do
Senhor teu Deus, para andares nos seus caminhos, e para guardares os seus
estatutos, e os seus mandamentos, e os seus juízos, e os seus testemunhos, como
está escrito na lei de Moisés; para que prosperes em tudo quanto fizeres, e
para onde quer que fores”.
Não importa sua idade, você pode ser um instrumento de bênção para
muitos. Deus quer isto de você. Para Deus, ser velho, ou ser idoso, não
significa ser inútil, incapaz e descartável.
Certamente, a velhice virá para todos os mortais, mas o importante é ter
Deus na vida, pois, dessa forma, poderá ser encarada com naturalidade, longe de
qualquer estereótipo.
II. PROBLEMAS NA VELHICE DE DAVI
1. A velhice de Davi
Mesmo na velhice, Davi teve alguns problemas. Sua força física havia
definhado, ele não estava bem de saúde. O texto de 1Reis 1:1-4 descreve isso.
Apesar de sua vida ter sempre sido marcada por grandes batalhas, ele teve um
problema consigo mesmo. O texto de 1Reis 1:1 descreve um problema que acometia
o rei Davi em sua velhice: ele não se aquecia, ainda que se colocasse sobre ele
qualquer veste - “Sendo, pois, o rei Davi já velho e entrado em dias,
cobriam-no de vestes, porém não aquecia”.
Pelo texto, entendemos que havia certa dificuldade para que o corpo do
rei Davi estivesse em uma temperatura adequada. Tendo em vista essa
dificuldade, e baseado nos costumes da época, buscou-se uma jovem donzela para
que ficasse ao lado do rei, a fim de que pudesse, através dela, transmitir
calor do seu corpo físico ao rei que estava enfermo. O nome da jovem era
Abisaque, de Suném. Crê-se que ela ficava bem perto de Nazaré, talvez 11
quilômetros. Diz o texto sagrado:
“Então, disseram-lhe os
seus servos: Busquem para o rei, nosso senhor, uma moça virgem, que esteja
perante o rei, e tenha cuidado dele, e durma no seu seio, para que o rei, nosso
senhor, aqueça. E buscaram por todos os termos de Israel uma moça formosa; e
acharam a Abisague, sunamita, e a trouxeram ao rei” (1Rs.1:2,3).
“...e o rei era mui velho; e Abisague, a
sunamita, servia ao rei” (1Rs.1:15).
Com aproximadamente 70 anos de idade, Davi veio a falecer (2Sm.5:4),
talvez por causa de sua saúde debilitada, devido às grandes batalhas
enfrentadas que lhes trouxeram desgastes físicos e emocionais, e, também,
muitos creem, devido aos sofrimentos que teve que enfrentar nos últimos dias de
sua vida, como a rebelião de Absalão, que lhe causou grande impacto emocional,
contribuindo sobremaneira para definhar ainda mais a sua vida.
A Bíblia não nega os problemas que a velhice traz, como aconteceu com
Davi. Dentre eles podemos destacar os seguintes:
ü No aspecto físico. O corpo vai sofrendo
diversas mudanças, passando a padecer fraquezas.
ü Aparência física. Rugas, cabelos branqueados, perda de dentes, diminuição
do tamanho, rugas, flacidez da pele, isso pode acontecer antes dos 65 anos.
ü Percepção. Vai perdendo a capacidade de ouvir bem, diminui o olfato e também a
capacidade de visão.
ü Movimentação. Não tem mais a mesma agilidade como antes e
passa a ter um andar mais lento.
ü Capacidade sexual. Os mais velhos não
perdem o prazer de estar com alguém que amam e necessitam de contato físico; é
claro, na relação sexual, há mais dificuldade para a satisfação plena.
ü Aumento de doenças. Com a idade, pode
acontecer de os mais velhos ficarem vulneráveis a doenças, tais como: artrite,
hipertensão, doenças cardíacas, diabetes, catarata....
ü Autoestima. Por vezes os mais velhos se sentem sem ânimo, coragem, não somente por
causa da idade, mas pelo desprezo que vem dos mais novos, usando conceitos e
preconceitos de que eles são idosos demais para atuarem em algo ou tomarem
certa decisão.
ü Questões existenciais. Os mais velhos temem a
velhice não somente por medo da morte, mas por se preocuparem com a saúde, com
a questão financeira, em não ficar dependendo dos outros.
É importante entender, observando a velhice de Davi, que o homem é uma
criatura, que seus dias vão chegar, e que a velhice não faz exceção, ela
alcança quem quer que seja, inclusive um rei, um missionário, um pastor….
Devemos estar preparados para este período inevitável da nossa vida, e esperar
que Deus nos dê bonança, paz com todos e estabilidade emocional.
2. Enfrentando mais um filho rebelde
Adonias, ao que parece, era o filho mais velho com vida (cf. 2Sm.2:22);
daí considerar-se o próximo na linha de sucessão ao trono. Amnom, Absalão e,
provavelmente, Quiliabe, haviam falecidos (2Sm.3:2-4).
O poder sempre fascinou o homem e não seria agora que esse estigma da
personalidade humana deixaria de manifestar-se naqueles que são obcecados pelo
poder e o querem a qualquer custo. Adonias, vendo que seu pai estava doente e
sem forças aproveita-se desse instante para declarar-se rei. Ele preparou uma
comitiva majestosa e obteve o apoio de Joabe e Abiatar. O príncipe de aparência
mui formosa (1Rs.1:6) conseguiu reunir grande número de seguidores. Adonias imaginava
que não haveria qualquer entrave para o seu plano, pois fora criado sem
qualquer disciplina; o texto de 1Reis 1:6 afirma que Davi era um pai tolerante,
e Adonias um filho mimado – “e nunca o
pai o tinha contrariado, dizendo: por que o fizeste assim?” (1Rs.1:6).
Adonias vendo que seu plano era bem arquitetado, ofereceu vários
sacrifícios perto de uma fonte chamada de Rogel,
e convidou toda a corte para a festa, exceto os servos leais a seu pai, a
saber, Natã, o profeta, Benaia, e os valentes de Davi, e a Salomão (cf.
1Rs.1:9,10). Como bem diz o pr. Osiel Gomes, Adonias representa aqueles que
querem ser líderes segundo sua própria vontade, que exaltam a si mesmos, desprezando
a vontade de Deus. Essa postura lhe custaria a vida.
Mas, antes de Salomão nascer, Deus havia dito a Davi que Salomão seria o
próximo rei de Israel (cf.1Cr.22:9,10). Natã desejava ver a palavra do Senhor
se cumprir. Preocupado com a ameaça de Adonias, expôs a questão a Davi.
Conforme as instruções do profeta, Bate-Seba apresentou-se ao rei enfermo
(1Rs.1:11) e informou-o da trama de Adonias. Lembrou-o de sua promessa (não
registrada nas Escrituras) de que Salomão, seu filho, seria o próximo rei.
Quando concluiu o pedido para que Davi apresentasse Salomão publicamente como
seu sucessor, Natã chegou, e Bate-Seba se retirou. Natã repetiu as notícias
sobre o plano de Adonias de tomar o reino e perguntou o que o rei desejava
fazer. Quando Davi chamou Bate-Seba de volta à sua presença, Natã se retirou.
Davi garantiu a Bate-Seba que Salomão seria, de fato, seu sucessor. Em seguida,
instruiu Zadoque, o sacerdote, e Natã, o profeta, e Benaia, a levarem Salomão a
Giom, uma fonte do lado de fora da cidade, montado na mula do rei, e ungi-lo
rei sobre Israel.
O primeiro erro de Adonias foi tentar antecipar um título que não lhe
pertencia - “Então, Adonias, filho de Hagite, se levantou, dizendo: Eu
reinarei. E preparou carros e cavalheiros e cinquenta homens que corressem
adiante dele” (1Rs.1:5). O texto deixa bem claro o desejo de Adonias em usurpar
o trono de seu pai Davi. Ele seguiu os mesmos passos de Absalão, seu irmão. Mas
Davi tomou ciência do fato e constituiu Salomão rei, acabando assim com a
rebelião de Adonias.
O fim de Adonias foi a morte, visto que, quando ele pede para que
Bate-Seba interceda junto ao rei a fim de que pudesse tomar Abisague como esposa,
Salomão entendeu o que estava por trás daquele pedido: o trono. Nesse caso, ele
sempre iria ser uma ameaça ao rei, por isso é sentenciado à morte. Esse é o
destino de todos quantos têm sede de poder, que, a qualquer custo, sem
disciplina, honra, respeito, contrariando a todos e a tudo, busca alcançar
destaque.
3. Constituindo Salomão como rei
Como
nesta vida tudo é passageiro, chegou o momento de Davi apresentar o seu
sucessor. Ele chama Zadoque, Natã e Benaia, e passa-lhes as necessárias
instruções, seguindo os costumes da escolha de um rei: a unção e o anúncio
público. A unção de Salomão foi feita por Zadoque com o óleo do tabernáculo,
perante todo o povo. Desta forma, Davi cumpre a vontade de Deus, quando
confirma Salomão no trono:
“E, de todos os meus filhos (porque muitos
filhos me deu o Senhor), escolheu Ele o meu filho Salomão para se assentar no
trono do reino do Senhor sobre Israel. E me disse: Teu filho Salomão, ele
edificará a minha casa e os meus átrios, porque o escolhi para filho e eu lhe
serei por pai. E estabelecerei o seu reino para sempre, se perseverar em
cumprir os meus mandamentos e os meus juízos, como até ao dia de
hoje”(1Cr.28:5-7).
A unção pública por Zadoque, o sacerdote, foi motivo de grande alegria
(1Rs.1:40) para os seguidores de Davi, mas de consternação para Adonias e todos
os convidados de sua festa. Quando estes ouviram que Salomão estava assentado
no trono e que Davi expressara gratidão a Deus por isso, perceberam que a trama
de Adonias não teria sucesso (1Rs.1:49). Este buscou asilo no tabernáculo, onde
pegou nas pontas do altar, ato que supostamente lhe concederia segurança contra
qualquer punição. Salomão decretou que o irmão seria poupado, caso se mostrasse
ser um homem de bem, mas que morreria se agisse com maldade no futuro. Depois
de pronunciar a sentença, o novo rei mandou Adonias para casa.
Salomão foi o escolhido de Deus para dar continuidade a linhagem
davídica, de onde, séculos depois, viria o Senhor Jesus. Salomão, portanto,
chegou ao trono por uma escolha divina, e esta escolha fora feita antes mesmo
de Salomão nascer, e Davi era cônscio disso (1Cr.22:8-10).
“Eis que o filho que te
nascer será homem de repouso; porque repouso lhe hei de dar de todos os seus
inimigos em redor; portanto, Salomão será o seu nome, e paz e descanso
darei a Israel nos seus dias. Este edificará casa ao meu nome; ele me será por
filho, e eu a ele por pai; e confirmarei o trono de seu reino sobre Israel,
para sempre” (1Cr.22:9,10).
4. As palavras de Davi a Salomão e sua morte
Davi tinha consciência de que estava morrendo; é isto o que se constata
em 1Reis 2:1-4. Pouco antes de morrer, ele incumbiu Salomão de algumas tarefas,
instou-o a ser obediente ao Senhor e o instruiu a tomar as providencias
cabíveis em relação a certos indivíduos. Nessa hora, brotam dos seus lábios
profundas palavras com as quais aconselha seu filho Salomão:
1.E aproximaram-se os
dias da morte de Davi e deu ele ordem a Salomão, seu filho, dizendo:
2.Eu vou pelo caminho de
toda a terra; esforça-te, pois, e sê homem.
3.E guarda a observância
do SENHOR, teu Deus, para andares nos seus caminhos e para guardares os seus
estatutos, e os seus mandamentos, e os seus juízos, e os seus testemunhos, como
está escrito na Lei de Moisés, para que prosperes em tudo quanto fizeres, para
onde quer que te voltares.
4.Para que o SENHOR
confirme a palavra que falou de mim, dizendo: Se teus filhos guardarem o seu
caminho, para andarem perante a minha face fielmente, com todo o seu coração e
com toda a sua alma, nunca, disse, te faltará sucessor ao trono de Israel.
Davi tinha consciência plena de que uma vida de santidade só era, e é possível
pela observância e obediência completa à Palavra de Deus.
Após reinar quarenta anos, Davi faleceu e foi sepultado em Jerusalém
(1Rs.2:10,11).
“E Davi dormiu com seus
pais e foi sepultado na Cidade de Davi. E foram os dias que Davi reinou sobre
Israel quarenta anos: sete anos reinou em Hebrom e em Jerusalém reinou trinta e
três anos”.
O escritor de 1Crônicas assim descreve: “E morreu numa boa velhice, cheio
de dias, riquezas e glória; e Salomão, seu filho, reinou em seu lugar”
(1Cr.29:28). Quando um homem de Deus morre, nada de Deus morre. Quando um homem
de Deus morre, nenhum dos princípios divinos morre. Em lugar algum isso é visto
mais claramente do que na vida de Davi.
Que lições podemos aprender desse homem? Aprendemos esperança, apesar da
sua humanidade; aprendemos coragem, mesmo em meio ao seu próprio medo; aprendemos
encorajamento e louvor nas canções que brotaram em suas horas de desespero; aprendemos
perdão em seus momentos sombrios de pecado; e aprendemos o valor de servir o
desígnio de Deus em nossa geração, embora nossos sonhos, algumas vezes, não
sejam realizados.
III. O LEGADO DE DAVI
1. O legado político institucional
Davi foi nada mais e nada menos do que o maior monarca na história
judaica. Ele derrotou os seus inimigos; conquistou Jerusalém e transformou-a no
centro político e religioso; consolidou as 12 tribos de Israel em uma única
nação, forte e unida; e transformou Israel em uma terra segura e próspera, que
legou de herança a seu filho, o rei Salomão.
Davi, enquanto governou, esboçou as bases organizacionais, criou o
exército, estabeleceu o regime administrativo e firmou a unidade do povo com a
capital Jerusalém, centro da vida civil, política e religiosa de Israel.
Seu reinado foi um período marcado por um grande número de guerras, contudo, no
final do seu reinado encontramos as instituições de Israel bastante
consolidadas:
§ Montou e organizou um
exército capaz de vencer grandes batalhas – havia 288 mil homens no exército,
divididos em 12 turmas de 24 mil que serviam de mês em mês, todos os meses do
ano (1Cr.27:1-15), e aparelhou a guarda real (1Cr.18:15-17).
§ Embora agisse como juiz
do povo de Israel (1Cr.18:14), ele organizou o sistema judiciário - nomeara
oficiais e juízes para cuidar da política externa e dos negócios da coroa real:
1.700 oficiais e juízes foram constituídos do lado oeste do Jordão para cuidar
dos negócios do rei e dois mil e setecentos do lado leste (1Cr.26:29-32).
§ Foi hábil na organização
até mesmo das minúcias do reino, como, por exemplo: 12 mordomos responsáveis
pelos tesouros (1Cr.27:25-31); 8 outros oficiais e conselheiros (1Cr.27:32).
Enfim, Davi entregou o governo ao seu filho Salomão em perfeita ordem com
suas instituições bastantes sólidas. Salomão, quando assume o governo, ao invés
de guerrear, vai diplomaticamente criar alianças e manter a paz, bem como
finalizar algumas obras civis iniciadas por seu pai; moderniza o exército com
carros e armas, vai fortificar as cidades e criar uma linha de praças fortes;
implanta uma via comercial que ia do Egito até a Síria.
2. O legado religioso
Sem dúvida, o maior legado deixado por Davi ao seu filho Salomão foi o
espiritual. Este mesmo testemunhou isso, quando o Senhor lhe apareceu em sonho
em Gibeão:
“E disse Salomão: De
grande beneficência usaste tu com teu servo Davi, meu pai, como também ele
andou contigo em verdade, e em justiça, e em retidão de coração, perante a tua
face; e guardaste-lhe esta grande beneficência e lhe deste um filho que se
assentasse no seu trono, como se vê neste dia”(1Rs.3:6).
Davi, líder justo e inteiramente devotado a seu povo, foi, acima de tudo,
um homem da mais profunda fé, responsável por abrir as portas do arrependimento
para todas as gerações futuras. Ele deixou a todos os judeus e a toda a
humanidade, um legado de fé e coragem, bem como a dinastia real de Israel da
qual viria o Messias. Escreveu 73 salmos dos 150 que fazem parte do livro de
Salmos.
Ao longo de sua vida, Davi demonstrou por diversas vezes que era
dependente da orientação divina para realização de suas conquistas e de seus
planos (1Sm.23:2; 30:8; 2Sm.2:1). E ele sabia que para o seu sucessor obter
êxito no seu governo era necessária uma dependência total aos ditames da
Palavra de Deus. Por isso, antes de morrer, deu a Salomão suas últimas
instruções:
“E tu, meu filho Salomão,
conhece o Deus de teu pai e serve-o com um coração perfeito e com uma alma
voluntária; porque esquadrinha o SENHOR todos os corações e entende todas as
imaginações dos pensamentos; se o buscares, será achado de ti; porém, se o
deixares, rejeitar-te-á para sempre” (1Cr.28:9).
Este texto traz uma ordem, uma promessa e uma advertência:
- A ordem: “Tu, meu
filho Salomão, conhece o Deus de teu pai e serve-o com um coração perfeito
e com uma alma voluntária”.
- A promessa: “Se o
buscares, será achado de ti” (ou, “ele deixará achar-se por ti”).
- A Advertência: “Se o
deixares, rejeitar-te-á para sempre”.
Isto foi bastante instrutivo, firme e contundente, e cabia a Salomão,
juntamente com seus súditos, observar esse importante legado. E o povo de
Israel não ficou livre dessa advertência, pois antes disso Davi lembrou ao povo
a guardar todos os mandamentos do Senhor (1Cr.28:8):
“Agora, pois, perante os
olhos de todo o Israel, a congregação do SENHOR, e perante os ouvidos do nosso
Deus, guardai e buscai todos os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, para que
possuais esta boa terra e a façais herdar a vossos filhos depois de vós, para
sempre”.
E isto se aplica, também, a nós, povo de Deus da Nova Aliança.
3. O que não devemos aprender com Davi
Embora a Bíblia o apresente como o grande rei de Israel, o construtor do
apogeu da história israelita, o grande guerreiro, o escolhido para fundar a
dinastia de onde proviria o Messias, o mavioso salmista de Israel, não esconde
as suas falhas, os seus vergonhosos erros. Além do compromisso com a verdade,
até porque a Palavra de Deus é a verdade (João 17:17) e a revelação de um Deus
que é a Verdade (Jr.10:10), a narrativa das falhas e erros dos grandes homens e
mulheres de Deus são, também, uma lição para os salvos, contraexemplos, ou
seja, ao vermos os erros destas personagens, aprendemos como não devemos fazer,
para que não se repitam as drásticas consequências constantes da narrativa
bíblica.
a) não devemos ser impulsivos no aspecto conjugal
Nossos relacionamentos sentimentais não podem ser guiados pela “paixão”,
entendida esta como sendo “inclinação emocional violenta, capaz de dominar
completamente a conduta humana e afastá-la da desejável capacidade de autonomia
e escolha racional”. Na “paixão”, a pessoa perde o controle de seus
sentimentos, é “passivo”, não domina, mas é dominado pelo seu “coração”, pela
sua própria natureza.
O verdadeiro cristão não pode ser movido por paixões, pois, como ensina o
apóstolo Paulo, “todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm;
todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma” (1Co.6:12).
A paixão é passageira, superficial e não corresponde ao sentimento que se deve
ter em um relacionamento que tem de ser duradouro e para toda a vida, como é o
casamento. Agindo por paixão nos seus casamentos, Davi acabou por construir
relacionamentos temporários e fugazes, sendo, até por causa disto, um
contraexemplo como pai de família.
Veja o caso que aconteceu com Abigail (esposa de Nabal); Davi afeiçoou-se
a Abigail por causa da intervenção dela em favor de seu então marido Nabal,
desposando-a logo após a sua viuvez (1Sm.26:39-42). Como se isto fosse pouco,
também, não muito tempo depois de ter se casado com Abigail, casou-se com Ainoã
(1Sm.26:43), tendo, uma vez estabelecido no reino, demonstrado toda esta
inconstância ao tomar para si mais mulheres e concubinas (2Sm.5:13).
Estas narrativas mostram-nos que, em termos sentimentais, Davi era
impulsivo, guiava-se pela paixão, pelo desejo incontido em relação ao sexo
oposto, circunstância que foi habilmente explorada pelo adversário para que o
rei cometesse o adultério com Bate-Seba e, por causa dele, o homicídio de
Urias, o heteu. Evitemos, pois, esse erro de Davi!
b) não se deve casar por interesse
Desde o primeiro casamento de Davi, vemos que, com relação a este
aspecto, Davi é um contraexemplo. Ao chegar aonde estava o exército, Davi fica
sabendo que o rei Saul havia prometido dar a mão de sua filha em casamento a
quem enfrentasse Golias. Embora o motivo de sua ação contra o gigante tenha
sido a indignação causada pelo Espírito de Deus quanto às afrontas de Golias a
Deus, o fato é que o jovem Davi demonstrou grande interesse em se tornar genro
do rei (1Sm.17:25-27). A filha em questão era Merabe (1Sm.18:19), que, porém,
foi dada para casar com outrem, apesar de Davi ter vencido o gigante. Mas, como
o objetivo de Davi era ser genro do rei e não o amor que devotasse à mulher,
não se importou com tal fato, resolvendo casar-se com Mical, mesmo sem amá-la,
embora por ela fosse amado (1Sm.18:20-29).
Casamento por interesse não é um casamento que agrade a Deus e o
resultado foi que esta união nunca foi salutar. Mical acabou sendo dada a
Palti, quando da fuga de Davi, e este, embora tenha tomado de volta Mical,
quando se tornou rei, com ela nunca teve um bom relacionamento.
c) o servo de Deus nunca deve ficar ocioso na
missão que lhe foi confiado pelo Senhor
Era tempo de os reis saírem à guerra, mas Davi preferiu ficar em seu
palácio, mandando que Joabe fizesse aquilo que o rei deveria fazer (1Sm.11:1).
Qual foi o resultado dessa desocupação? O adultério com Bate-Seba e o
consequente homicídio de Urias, considerado o pecado mais lembrado de Davi.
Quando deixamos de fazer aquilo que nos é necessário fazer, notadamente
quando servimos a Deus, armamos uma arapuca para nós mesmos. Ao ficar no
palácio em vez de sair à guerra, Davi ficou à mercê do adversário de nossas
almas que, sabedor da fraqueza de Davi para com as mulheres, armou-lhe uma
astuta cilada. Não podemos ignorar os ardis do inimigo (2Co.2:11).
d) o servo de Deus não deve esconder as suas
culpas, mas urge confessá-las ao Senhor
A tentativa de cobertura de um pecado leva a outros. Um abismo chama
outro abismo (Sl.42:7), e o resultado desta batalha para esconder o adultério
foi o homicídio de Urias, um leal soldado, um de seus valentes (2Sm.23:39).
Não devemos esconder as nossas faltas, mas confessá-las e deixar de pecar
se quisermos ter vitória, pois ao cobrirmos um pecado, tão somente estaremos
iniciando um monturo de faltas que, a seu tempo, serão reveladas para vergonha
nossa e escândalo que pode abalar a fé de outros, sobre os quais seremos
responsabilizados (Mt.10:26; 18:16; Mc.4:22).
e) não se deve desprezar a família, pois na escala
de prioridade da vida do cristão ela está em segundo lugar
A Bíblia mostra-nos Davi como sendo um pai ausente durante toda a sua
vida. Sua ausência e seu distanciamento para com os seus filhos foi a brecha
para que houvesse tantas tragédias na família real. Amnom, o primogênito de
Davi, era um jovem mimado, que se deixou levar pela paixão pela sua meia-irmã
Tamar e o levou a cometer a loucura de violentá-la sexualmente (2Sm.13:1-22).
Davi nada fez para reprovar a conduta de seu primogênito, e Absalão acabou por
assassinar o próprio meio-irmão (2Sm.13:23-36).
A distância com que Davi tratou o caso e como se comportou com relação a
Absalão, mesmo depois de permitir a sua volta para Israel, foi a brecha
utilizada para que Absalão costurasse a sua rebelião (assunto estudada na Aula
anterior), tendo-o feito à porta do palácio do pai, a demonstrar quão distante
era Davi de seus filhos (2Sm.15:1-6). Aliás, o fato de Absalão ter abusado
publicamente das concubinas de seu pai é um exemplo de quanto era abominado
pelos filhos de Davi a sua conduta “apaixonada” em relação às mulheres. Esta
mesma distância é demonstrada no que toca a Adonias, um filho a quem jamais
Davi disse não, ou seja, um filho criado sem qualquer disciplina (1Rs.1:6). O
próprio Salomão somente desfrutou de uma intimidade maior com seu pai nos
instantes finais de vida de Davi, pois até sua entronização necessitou de uma
intervenção de Bate-Seba, que, pelo que se verifica do texto sagrado, também já
vivia num certo distanciamento do rei (cf.1Rs.1:13-17).
f) o servo de Deus não se deve levar pela vaidade,
pelo orgulho
Devemos estar sempre vigilantes para que não entendamos que a posição de
destaque que nos for concedida por Deus seja fruto de nossa capacidade. A
Bíblia afirma que Davi, grande em poder, se deixou levar pelo inimigo (1Cr.21:1)
e quis saber sobre quantos israelitas estava sob o seu domínio, sem que, para
tanto, fizesse qualquer expiação a Deus, mediante a oferta à tenda da
congregação, como mandava a lei (Ex.30:11-16). Contudo, aqui se vê, mais uma
vez, a humildade de espírito de Davi que se arrependeu de ter determinado a
contagem, arrependimento genuíno, vindo do interior do rei (2Sm.24:10), e que
se traduziu num gesto público de humilhação, com a compra da eira de Ornã, o
jebuseu, e a oferta de sacrifício ao Senhor para aplacar a Sua ira, no local
onde, aliás, mais tarde seria construído o Templo (1Cr.21:18-30).
Portanto, a arrogância, a vaidade, é fatal para o servo de Deus. Se é
verdade que o inimigo procura derrubar aqueles que Deus exalta, não é menos
verdadeiro que também busca exaltar o homem acima da posição que Deus lhe
confiou, pois, em assim fazendo, a queda será inevitável. Veja o exemplo de
Saul. Que o Senhor nos guarde e que nos dê um coração segundo a sua vontade!
CONCLUSÃO
O legado de Davi para a história bíblica e universal e, particularmente,
para a Igreja atual, é muito importante, pois nele está materializada a
história de Israel, bem como uma marcante experiência espiritual. Apesar dos
seus maus e reprováveis procedimentos, que a Bíblia não omite por ser ela
imparcial, tinha o propósito de amar ao Senhor, buscá-lo e consultá-lo em
oração, adorá-lo e sempre fazer sua vontade. Por isso, o seu reinado em Israel
tornou-se forte e estável.
Que Deus abençoe, sobremaneira, a todos que me acompanharam nesta empreitada!
Que o Senhor conceda a todos um feliz 2020, com muita saúde física, emocional,
relacional e espiritual! E até o próximo trimestre letivo, quando estudaremos
sobre o seguinte Tema: “A raça humana – Origem, Queda e Redenção”. Até lá,
então, se Deus quiser!
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Luciano de Paula Lourenço
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo
Pentecostal.
Bíblia de estudo –
Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular
(Antigo e Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário Bíblico
Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo
Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Pr. Osiel Gomes. O
Governo divino em mãos humana. CPAD.
Bíblia da Liderança
Cristã. Sociedade Bíblica do Brasil.
Comentário Bíblico
Beacon. CPAD.
Roberto B. Chisholm Jr. 1
& 2 Samuel. Vida Nova.
Dr. Caramuru Afonso
Francisco. A promessa de uma velhice feliz e frutífera. PortalEBD_2007.
Dr. Caramuru Afonso
Francisco. Davi e o seu sucessor. Portal EBD_2009.