4º
Trimestre/2019
Texto Base:
2Samuel 12:1-15
15/12/2019
“Agora, pois, não se apartará a espada jamais
da tua casa, porquanto me desprezaste e tomaste a mulher de Urias, o heteu,
para que te seja por mulher” (2Sm.12:10).
2 Samuel 12:
1-E o SENHOR enviou Natã
a Davi; e, entrando ele a Davi, disse-lhe: Havia numa cidade dois homens, um
rico e outro pobre.
2-O rico tinha
muitíssimas ovelhas e vacas;
3-mas o pobre não tinha
coisa nenhuma, senão uma pequena cordeira que comprara e criara; e ela havia
crescido com ele e com seus filhos igualmente; do seu bocado comia, e do seu
copo bebia, e dormia em seu regaço, e a tinha como filha.
4-E, vindo um viajante ao
homem rico, deixou este de tomar das suas ovelhas e das suas vacas para guisar
para o viajante que viera a ele; e tomou a cordeira do homem pobre e a preparou
para o homem que viera a ele.
5-Então, o furor de Davi
se acendeu em grande maneira contra aquele homem, e disse a Natã: Vive o SENHOR,
que digno de morte é o homem que fez isso.
6-E pela cordeira tornará
a dar o quadruplicado, porque fez tal coisa e porque não se compadeceu.
7-Então, disse Natã a
Davi: Tu és este homem. Assim diz o SENHOR, Deus de Israel: Eu te ungi rei
sobre Israel e eu te livrei das mãos de Saul;
8-e te dei a casa de teu
senhor e as mulheres de teu senhor em teu seio e também te dei a casa de Israel
e de Judá; e, se isto é pouco, mais te acrescentaria tais e tais coisas.
9-Por que, pois,
desprezaste a palavra do SENHOR, fazendo o mal diante de seus olhos? A Urias, o
heteu, feriste à espada, e a sua mulher tomaste por tua mulher; e a ele mataste
com a espada dos filhos de Amom.
10-Agora, pois, não se
apartará a espada jamais da tua casa, porquanto me desprezaste e tomaste a
mulher de Urias, o heteu, para que te seja por mulher.
11-Assim diz o SENHOR:
Eis que suscitarei da tua mesma casa o mal sobre ti, e tomarei tuas mulheres
perante os teus olhos, e as darei a teu próximo, o qual se deitará com tuas
mulheres perante este sol.
12-Porque tu o fizeste em
oculto, mas eu farei este negócio perante todo o Israel e perante o sol.
13-Então, disse Davi a
Natã: Pequei contra o SENHOR. E disse Natã a Davi: Também o SENHOR traspassou o
teu pecado; não morrerás.
14-Todavia, porquanto com
este feito deste lugar sobremaneira a que os inimigos do SENHOR blasfemem,
também o filho que te nasceu certamente morrerá.
15-Então, Natã foi para
sua casa. E o SENHOR feriu a criança que a mulher de Urias dera a Davi; e a
criança adoeceu gravemente.
INTRODUÇÃO
Trataremos nesta Aula das consequências do pecado de Davi; é uma sequência da Aula anterior, em que estudamos sobre o "pecado do homem segundo o coração de Deus". O pecado é uma
violação à lei de Deus. Sua consequência imediata na vida da pessoa que o
pratica é culpa, bem como o castigo quanto a consequência direta do ato iníquo.
Davi, após pecar, ouviu um dos mais duros julgamentos pronunciados pelo profeta
Natã (2Sm.12:10-14). O julgamento atingiu não somente sua vida pessoal, mas
também toda a sua existência, incluindo o reino e a família dele. Embora Davi
tenha se arrependido dos seus pecados e recebido o perdão da parte de Deus, as
consequências disso não foram eliminadas. Deus não deixou passar, nem desculpou
os pecados de Davi, sob pretexto de ele ser um mero ser humano e ungido, que
seus pecados eram simples fraquezas ou falhas humanas, ou que ele, como rei,
teria o direito natural de recorrer à injustiça e à crueldade. Davi não podia
jamais fazer o que fez.
Semelhantemente, um crente da Nova Aliança que venha a cometer pecados
terríveis, pode receber, através do arrependimento sincero, a graça e o perdão
da parte de Deus. Mas, a restauração do nosso relacionamento com Deus não
significa que escaparemos do castigo temporal, nem que ficaremos isentos das
consequências dos pecados específicos. Deus não tolera o pecado de quem quer
que seja. Contudo, devemos nos conscientizar de que o sacrifício de Cristo foi
perfeito e eficaz, e que o Seu sangue nos purifica de todo pecado (1João 1:7).
I. O CONCEITO DE PECADO NO ANTIGO E NOVO TESTAMENTO
Talvez a melhor definição do pecado seja encontrada em 1João 3:4: “O
pecado é iniquidade” – “Qualquer que
comete o pecado também comete iniquidade, porque o pecado é iniquidade”.
Iniquidade é aquilo que é iníquo, ato contrário à justiça, à
equidade; é ato perverso; maldade.
No Antigo Testamento e no Novo Testamento, pecado sugere a ideia de
“errar o alvo” ou “desviar-se do rumo”, como o arqueiro que atira suas flechas
e erra o alvo. O ser humano não foi criado para o pecado e, se pecou, foi por
seu livre-arbítrio, sua livre escolha (Lv.16:21; Sl.1:1; 51:4; 103:10; Is.1:18;
Dn.9:16; Os.12:8; Rm.5:12; Hb.3:13).
“Antes, exortai-vos uns
aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de
vós se endureça pelo engano do pecado” (Hb.3:13).
A abrangência do conceito do pecado pode ser observada pelo texto de
1Co.10:31, que diz:
“Portanto, quer comais,
quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus”.
O que se nota neste texto é que mesmo as atividades mais simples, como
comer e beber, podem ser maculadas pela presença de motivos ou propósitos
distintos ao padrão estabelecido no referido versículo. Ou seja, qualquer
atividade que não tenha como motivo primeiro a Glória de Deus, é pecado. Assim,
o pecado pode ser observado como a incapacidade de viver em conformidade com o
que Deus espera de nós no que diz respeito a ato, natureza e a culpa.
Poderíamos, ainda, dizer que o pecado é um ato livre e voluntário do
homem, porque ele é um ser moral, dotado da capacidade de perceber o certo e o
errado. O homem é um agente moral livre para decidir o que fazer da sua vida
(Ec.11:9).
“Alegra-te, jovem, na tua mocidade, e
alegre-se o teu coração nos dias da tua mocidade, e anda pelos caminhos do teu
coração e pela vista dos teus olhos; sabe, porém, que por todas essas coisas te
trará Deus a juízo”.
O pecado é, de fato, uma ativa oposição a Deus, uma transgressão das suas
leis, que o homem, por escolha própria, resolveu fazer (Gn.3:1-6; Is.48:8;
Rm.1:18-22; 1João 3:4).
Rm.1:18-22.
“18.Porque
do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda impiedade e injustiça dos homens
que detêm a verdade em injustiça;
19.porquanto
o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou.
20.Porque
as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder
como a sua divindade, se entendem e claramente se veem pelas coisas que estão
criadas, para que eles fiquem inescusáveis;
21.porquanto,
tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças;
antes, em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se
obscureceu.
22.Dizendo-se
sábios, tornaram-se loucos”
O pecado não é apenas aquilo que se pratica erradamente, mas é algo
entranhado na natureza pecaminosa adquirida da raça humana. É um estado
pecaminoso que desenvolve hábitos pecaminosos os quais se manifestam na vida
cotidiana. Todas aquelas tendências e propensões pecaminosas típicas da
natureza corrompida de cada um de nós demonstram o estado pecaminoso do ser
humano. A Bíblia denomina “carne” a este estado que pode ser controlado por uma
vida regenerada (2Co.5:17).
Embora, ao crermos em Jesus, estejamos, de pronto, livres do poder do
pecado, pois Jesus nos libertou (Jo.8:36), bem como adquirimos uma nova
natureza, pois nascemos de novo (Jo.3:5), o fato é que não nos livramos, de imediato,
do “corpo do pecado”, ou seja, embora nasçamos de novo, este “corpo da morte”
(Rm.7:24) ainda continua convivendo com o ser humano, pois ainda ele não
alcançou a glorificação, que é o instante em que ingressaremos na dimensão
celestial, onde estaremos livres da presença do pecado para sempre, pois no Céu
não entra pecado. O Crente que foi liberto da condenação do pecado, na
justificação; do poder do pecado, na santificação; em breve, estará livre da
presença do pecado, na glorificação.
Indiscutivelmente, o pecado trouxe graves consequências ao universo,
especialmente à vida na terra. A Bíblia faz várias declarações a respeito da
universalidade do pecado. No Antigo Testamento, temos alguns exemplos, tais
como: “não há homem que não peque” (1Rs.8:46); e “porque à tua vista não há
justo nenhum vivente” (Sl.143:2).
No Novo Testamento, Paulo, na Carta aos Romanos, disse: “Não há um justo,
nenhum sequer; não há quem faça o bem, nenhum sequer” (Rm.3:10-12); “Pois todos
pecaram e carecem da gloria de Deus” (Rm.3:10-12). O apóstolo João afirma: “Se
dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade
não está em nós” (1João 1:8).
A punição final do pecado é a morte eterna, ou seja, o juízo contra o
pecado (Hb.9:27). A morte eterna é a culminância e complementação da morte
espiritual; diz respeito à repugnância da santidade divina que requer justiça
contra o pecado e contra o pecador impenitente; significa a retribuição
positiva de um Deus pessoal, tanto sobre o corpo como sobre a sua alma e
espírito (Mt.10:28; 2Ts.1:9; Hb.10:31; Ap.14:11).
A questão do pecado encontra resposta e solução quando encontramos na
Bíblia a declaração de Paulo de que Deus propôs Jesus Cristo como a propiciação
pelo seu sangue, para receber toda a carga da ira de Deus contra o pecado
(Rm.3:25). Significa que a cruz foi a forma pela qual Deus castiga o pecado. O
próprio Deus, perfeito em justiça, tornou possível a expiação dos pecados por
Aquele que se fez nosso justificador completo – Jesus (Rm.3:26).
A Salvação é encontrada quando entregamos a nossa vida por inteiro ao
Senhor Jesus, reconhecendo, arrependidos, os nossos pecados, e também
reconhecendo o sacrifício de Cristo como suficiente para a nossa expiação,
procurando agora vivermos sempre conforme a Sua vontade, expressa na Sua
Palavra, a Bíblia Sagrada.
II. A REPREENSÃO DO PROFETA NATÃ AO REI DAVI
Graças à ajuda de Joabe e ao silêncio de Bate-Seba, Davi parecia que
escaparia impune do assassinato de Urias e até acrescentou a bela esposa de
Urias a seu harém. Contudo, as últimas palavras do capítulo 11 de 2Samuel
sugerem que uma reviravolta para pior estava por acontecer na história de Davi.
O capítulo 12 relata como o Senhor confrontou Davi com o seu pecado. O Senhor
anunciou que castigaria Davi com severidade, e o restante do relato se
concentra nas consequências trágicas de seu pecado, registrando como ele pagou
a restituição quádrupla que ele mesmo determinou (2Sm.12:6). Ainda assim,
também há um aspecto positivo: o Senhor atenuou o castigo imposto a Davi com
misericórdia.
1. Uma consciência morta
Tudo
nos leva a crer que Davi não iria confessar seus pecados. É provável que se
tenha passado um ano entre os capítulos 11 e 12. Nesse interim, a mão do Senhor
pesou sobre Davi. É claro que Deus não o deixaria impune, pois o Senhor é justo
e Seu compromisso é para com os que andam em sinceridade. Não importa a posição
que alguém exerça, se pecar, pagará pelos seus pecados (Ez.33:12). Foi o que
ocorreu com Davi. Os salmos 32 e 51 descrevem a luta espiritual dele.
Os pecados sequenciais praticados por Davi, em desespero, denotam que a
consciência dele parecia estar morta. Foi necessário o profeta Natã contar-lhe
uma parábola e pediu que ele julgasse a questão.
“Um homem rico com muitas
ovelhas não quis abater um de seus próprios animais para dar de comer a uma
visita. Tomou, portanto, a única cordeirinha de um homem pobre e a abateu”.
Davi era capaz de julgar com mais facilidade o pecado dos outros do que
os próprios. Enfurecido, declarou que o homem devia pagar quatro vezes o que
havia tomado e ser morto por causa de seu pecado.
Davi se mostrou irado com o procedimento do rico e, prontamente, queria
condená-lo à morte. Davi tornara-se tão insensível aos seus pecados que não
percebeu ter sido o vilão na história do profeta Natã.
Muitas vezes os defeitos que condenamos nos outros são exatamente as
imperfeições de nosso próprio caráter. Quais são os amigos, companheiros ou
membros de nossa família que criticamos com facilidade e temos dificuldade de
aceitar? Em vez de procurar mudá-los, devemos pedir a Deus que nos ajude a
compreender seus sentimentos e a perceber mais claramente nossas falhas.
Poderemos descobrir, então, que ao condenar os outros sentenciamos a nós
mesmos.
2. Mostrando a gravidade do seu pecado
Natã
amava e honrava a Davi como rei, mas seu compromisso era primeiramente com Deus
e sua Palavra, por isso teve que ir ao rei e denunciar energicamente seus
pecados, suas transgressões, sua sujeira. À semelhança de Samuel e Elias, Natã
agiu com energia e coragem para com Davi, denunciando-lhe os gravíssimos
pecados cometidos. Com grande intrepidez, Natã lhe apontou o dedo acusador e
afirmou, de forma direta: “Tu és este homem”. Não houve rodeio. Ele foi direto
ao ponto e falou do duplo pecado do rei: adultério e homicídio. Essa acusação
de Natã foi como uma espada traspassando o coração do rei. Não poderia ser de
outra forma, pois Davi, transgrediu o sétimo e o décimo mandamentos e, para
encobrir seu crime, quebrou o sexto e o oitavo mandamentos do Decálogo (Êx.20:13,14).
Portanto, a punição divina seria inevitável. Não poderia haver suavidade
para o pecado de Davi em relação ao adultério, pois ele atingira uma família;
e, no tocante à morte de Urias, tirou injustamente a vida de um soldado
honrado, leal e valente. Natã, portanto, anunciou a desaprovação de Deus e a
sentença de juízo que viria sobre o rei. E ainda saiu no lucro, pois a Lei era
clara: o adúltero seria morto (Lv.20:10) – “Também
o homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado com a mulher do
seu próximo, certamente morrerá o adúltero e a adúltera”.
O cristão deve evitar o pecado a todo custo, pois seus resultados são
sempre maléficos; primeiro ele afasta o homem de Deus e, segundo, seus efeitos
são sentidos constantemente. Uma pessoa que comete pecado pode tê-los todos
perdoados por meio da fé no sacrifício de Jesus Cristo (2Co.5:17; 1João 1:9),
todavia, ainda que perdoado, seus efeitos são manifestados.
Quantos cristãos que tinham uma vida bonita, limpa, mas que trilharam o
caminho do adultério, da mentira, do roubo, manchando páginas lindas do seu
viver. Mesmo perdoado, sente ainda seus efeitos destruidores. Por isso é sempre
bom atentar para o conselho bíblico de andarmos no Espírito para não
sucumbirmos aos desejos da carne (Gl.5:16).
3. Traindo a generosidade divina
Além
de mostrar o tamanho do pecado de Davi, o profeta Natã destaca que ele não fez
caso da bondade divina, de tudo quanto o Senhor tinha feito por ele, ou melhor,
agido em seu favor. Foi por ordem divina que Davi foi ungido rei na presença
dos seus irmãos. Durante as perseguições envidadas por Saul, sempre Deus o
livrou dos seus sutis planos, inclusive da morte. Fora isso, concedeu a Davi a
capacidade para vencer as crises emocionais.
Ainda assim, ele tomou Bate-Seba do marido dela e o matou para encobrir
seu crime (2Sm.23:18-24). Mesmo tendo muitas mulheres, Davi não se contentou, queria
mais e mais. Diante de tudo isso, ainda o profeta diz que se tudo isso era
pouco aos seus olhos, Deus lhe acrescentaria mais, todavia, a mulher de Urias
não, pois era casada.
Davi não soube louvar, agradecer a Deus por sua generosidade divina, pela
potencialidade que se tornou, pelas riquezas que alcançou, por tamanha bondade
em sua vida, mas desprezou a Palavra de Deus, tomando para si uma coisa que não
poderia ser sua.
É triste ver um homem como Davi, abençoado em tudo por Deus, conhecedor
dos seus mandamentos, não andar nem viver conforme a iluminação que tinha da
parte dEle, mas que se sujou no pecado depravadamente. Jamais devemos proceder
como Davi, esquecendo da generosidade divina. É sempre importante termos em
mente o que disse o salmista, para não nos esquecermos de nenhum dos benefícios
divinos (Sl.103:2).
III. AS CONSEQUÊNCIAS DO PECADO DE DAVI
O homicídio e o adultério eram apenados com a morte, mas a Bíblia nos
mostra que Deus, ao revelar o duplo pecado de Davi, não lhe aplicou a pena de
morte prevista na lei, mas, expressamente, através do profeta, afirma que a
morte não lhe seria aplicada (2Sm.12:13). Por que isto aconteceu? Podemos
sugerir duas hipóteses:
-Em primeiro
lugar, por
causa da misericórdia do Senhor. Ele afirmou a Moisés as seguintes
palavras: “...terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia e me
compadecerei de quem me compadecer” (Ex.33:19). É Deus quem decide. É Deus quem
determina quem e quando uma pessoa deve morrer (1Sm.2:6). Neste caso, Deus
tratou pessoalmente do pecado de Davi (2Sm.12:10-12).
-Em segundo
lugar, o
compromisso pactual do Senhor com Davi. Embora Natã não diga nessa
passagem, ao que parece, se tomarmos por base 2Smauel 7, o compromisso pactual
do Senhor com Davi, fundamentado em sua escolha soberana de Davi, leva o Senhor
a conceder perdão a alguém tão indigno de sua misericórdia. O Antigo Testamento
afirma que, por sua própria natureza, o Senhor é um Deus perdoador (Êx.34:6,7;
Nm.14:19; Mq.7:18,19). Seu perdão brota de sua compaixão, de sua graça, de sua
paciência e de seu amor fiel (cf. Ne.8:17; Sl.86:15; 103:8-10; 145:8; Jl.2:13).
Embora a própria natureza do Senhor o predisponha a perdoar seu povo
pecador quando este se arrepende (cf. Ez.33:11), suas promessas pactuais e sua
preocupação com a própria reputação também o motivaram a isso. Salomão, ao
interceder por futuras gerações pecaminosas, lembra o Senhor de que Israel é
seu povo e sua herança, que Ele tomou para si do Egito (1Rs.8:51). Vemos
relatado em Miqueias 7:18-20 o perdão misericordioso e amoroso de Deus a partir
de suas promessas incondicionais aos patriarcas.
Davi foi perdoado pela graça e pela misericórdia divinas, mas teve de
arcar com as consequências de seus pecados, tanto em sua vida familiar quanto
em seu reinado, pelo restante de sua vida. Davi e sua casa iriam passar por
duros sofrimentos, diversos ais; a lei da semeadura seria implacável com Davi.
Podemos avaliar as consequências do pecado e Davi em dois grupos:
consequências emocionais e físicas, e consequências espirituais.
1. Consequências emocionais e físicas
O
adultério com Bate-Seba teve desdobramentos dolorosos para Davi, sua família e
toda a nação. O pecado de Davi não atingiu apenas a ele e sua geração, mas
também a todas as gerações pósteras. Durante todos os séculos esse pecado tem
sido relembrado e a memória de Davi manchada. O fiel pastor de ovelhas, o
inspirado compositor, o músico de qualidades superlativas, o líder
influenciador, o rei conquistador teve sua biografia maculada por esse grave
pecado e seus tenebrosos desdobramentos.
O pecado é como a nascente do Rio Amazonas: no seu nascedouro, as águas
são rasas e até uma criança pode brincar em seu leito, mas depois, com a soma
dos muitos afluentes, esse rio se torna um mar instransponível e
inadministrável.
Por causa do seu grave pecado, Davi:
ü Perdeu sua reputação - os
ímpios blasfemaram do nome de Deus.
ü Perdeu o filho do
adultério - a criança morreu a despeito da insistente petição de Davi.
ü Perdeu sua filha Tamar -
foi desonrada pelo próprio irmão Amnon, e Absalão, irmão de Tamar, mandou matar
seu próprio irmão Amnon para vingar o que este havia feito com ela.
ü Perdeu Absalão – este rebelou-se
e conspirou contra Davi, seu pai, para tirar-lhe a vida e tomar-lhe o reino, e
nessa empreitada, Absalão foi assassinado por Joabe, comandante do exército de
Davi.
Tragédias e mais tragédias desabaram sobre a vida de Davi. Jamais ele
podia imaginar que o pecado fosse ter um preço tão alto em sua vida. Tudo isso,
certamente, mexeu com o seu emocional.
Quantas lágrimas Davi derramou? Não há como aferir, entretanto, em Salmos
6:6, temos uma noção: "Já estou cansado do meu gemido; toda noite faço
nadar a minha cama; molho o meu leito com as minhas lágrimas".
Devemos ter cuidado com o pecado, pois ele vai nos custar mais caro do
que queremos pagar.
2. Consequências espirituais
O
pecado de Davi lhe custou muito caro. Ele perdeu a intimidade com Deus. Durante
um longo período, viveu atrás de máscaras, escondendo o seu pecado e atraindo
sobre si o justo juízo de Deus. A mão de Deus pesava sobre ele dia e noite, e o
seu vigor se tornou em sequidão de estio. A sua alma doente refletia com todo
ímpeto a sua vida física. Os especialistas advertem que há muitas doenças
psicossomáticas, isto é, doenças da alma ou de origem psicológica que afetam o
corpo físico.
O pecado parece doce, inofensivo e natural, no entanto, suas
consequências são amargas. O Salmo 51 mostra a profundidade do remorso de Davi.
Ele assumiu plena responsabilidade pelo pecado, e pediu a ajuda de Deus para
renovar seu coração. Ele roga contritamente a plena restauração da sua
salvação, a pureza, a presença de Deus, a vitalidade espiritual e a alegria
(Sl.51:7-13). É este arrependimento que Deus quer. O pecador que volta para
Deus precisa reconhecer seu pecado, e retornar ao seu estado original sem
fingimento (Jr.3:10,13).
As consequências do pecado de Davi mostram um fato importante: Deus pode
perdoar o pecador, sem tirar todas as consequências do pecado. Há muitas
pessoas arrependidas de seus pecados que ainda vão ficar muitos anos
encarceradas. Há famílias destruídas por causa de pecados já confessados e
perdoados por Deus.
ü Deus pode perdoar um
assassino, mas este perdão não ressuscita a vítima.
ü Ele pode perdoar a mãe
que abusou do álcool ou de outras drogas durante sua gravidez, mas a criança
que nasceu com defeitos físicos ou mentais por causa desses vícios continua
sofrendo.
ü Deus é capaz de perdoar
as mulheres e médicos que fazem abortos, mas as crianças já mortas nunca
nascerão vivas.
Muitos outros exemplos provam que o pecador perdoado, ou suas vítimas,
podem continuar sofrendo depois do perdão. Através da fé e arrependimento, Deus
apaga os pecados e nos purifica com seu sangue (1João 1:7); assim, escaparemos
das consequências eternas do pecado.
CONCLUSÃO
Davi reconheceu sua transgressão; sabia que havia pecado contra o Senhor.
Alguns de seus salmos revelam o sofrimento que ele passou por ter ocultado o
seu pecado, entristecendo profundamente o Espírito de Deus (Sl.32:3-5; 51:12).
Pela misericórdia divina, Davi foi perdoado, mas teve de arcar com as
consequências de seus pecados. Devemos estar conscientes de que o
preço do pecado é demasiado alto; seus frutos geram a morte, principalmente a
morte eterna, a chamada segunda morte (Ap.2:11). Só os loucos zombam do pecado!
“Os loucos zombam do pecado, mas entre os
retos há boa vontade” (Pv.14:9).
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo
Pentecostal.
Bíblia de estudo –
Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico
popular (Antigo e Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário Bíblico
Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo
Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Pr. Osiel Gomes. O
Governo divino em mãos humana. CPAD.
Bíblia da Liderança
Cristã. Sociedade Bíblica do Brasil.
Comentário Bíblico
Beacon. CPAD.
Roberto B. Chisholm Jr. 1
& 2 Samuel. Vida Nova.
Dr. Caramuru Afonso
Francisco. O pecado de Davi e suas consequências. PortalEBD_2009.
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