1º Trimestre/2022
Texto Base: Salmos
119:97-105
“Lâmpada para os meus
pés é tua palavra e luz, para o meu caminho” (Sl.119:105).
Salmos 119:
97.Oh!
Quanto amo a tua lei! É a minha meditação em todo o dia.
98.Tu,
pelos teus mandamentos, me fazes mais sábio que os meus inimigos, pois estão
sempre comigo.
99.Tenho
mais entendimento do que todos os meus mestres, porque medito nos teus
testemunhos.
100.Sou
mais prudente do que os velhos, porque guardo os teus preceitos.
101.Desviei
os meus pés de todo caminho mau, para observar a tua palavra.
102.Não
me apartei dos teus juízos, porque tu me ensinaste.
103.Oh!
Quão doces são as tuas palavras ao meu paladar! Mais doces do que o mel à minha
boca.
104.Pelos
teus mandamentos, alcancei entendimento; pelo que aborreço todo falso caminho.
105.Lâmpada
para os meus pés é tua palavra e luz, para o meu caminho.
INTRODUÇÃO
Nesta
Aula trataremos da Bíblia como um verdadeiro guia para a nossa vida. Ela é o
livro divino que nos ensina a sabedoria de todas as áreas da vida. Ela é
lâmpada para os nossos pés e luz que clareia o nosso caminho (Sl.119:105). Quando
atentamos para os seus ditames, ela transforma a nossa natureza e nos conduz
pela vereda da salvação (Tg.1:21). Quem põe em prática seus ensinamentos será
considerado um verdadeiro sábio. Cristo nos adverte a examinarmos as Escrituras
porque nelas estão reveladas as palavras de vida eterna (João 5:39).
I. A
BÍBLIA É UM ALICERCE PARA A VIDA
1. A Palavra de Deus é alicerce
A
Palavra de Deus é um alicerce para aqueles que obedecem e praticam os seus
ditames. Jesus disse:
“Todo aquele que vem a
mim, e ouve as minhas palavras, e as pratica, eu vos mostrarei a quem é
semelhante. É semelhante a um homem que, edificando uma casa, cavou, abriu
profunda vala e lançou o alicerce sobre a rocha; e, vindo a enchente, arrojou-se
o rio contra aquela casa e não a pôde abalar, por ter sido bem-construída. Mas
o que ouve e não pratica é semelhante a um homem que edificou uma casa sobre a
terra sem alicerces, e, arrojando-se o rio contra ela, logo desabou; e
aconteceu que foi grande a ruína daquela casa” (Lc.6:47-49).
Nessa
ilustração de Jesus, a casa simboliza a vida. A vida deve ser edificada nos
ensinos de Cristo a fim de alcançar a virtude e um destino glorioso (João 5:24).
Nesse texto, Jesus usa a figura do construtor sábio que investiu na fundação de
sua casa, cavando, abrindo profunda vala e lançando o alicerce sobre a rocha, e
a figura do construtor insensato que construiu sua casa sobre a terra sem
alicerces. As duas casas, aos olhos desatentos, eram iguais. A diferença não
estava naquilo que era visto pelos homens, mas naquilo que só podia ser visto
por Deus. Sobre ambas as casas aconteceu a mesma coisa: a enchente chegou e
arrojou o rio contra elas. A casa construída sobre a rocha (que simboliza o
próprio Cristo - 1Co.10:4) não se abalou, por ter sido bem construída; porém, a
outra casa logo desabou e foi grande a sua ruína. Ouvir a Palavra sem obedecer
é insensatez. Falar a Palavra sem praticar é tolice. Não é suficiente conhecer
a Palavra, é preciso praticar a Palavra. Não é suficiente ter boa teologia, é
preciso ter uma ética consistente. Não é suficiente ter uma fé ortodoxa, é
preciso ter piedade. Não podemos separar o que Deus uniu: teologia e ética, doutrina
e vida, ortodoxia e piedade. Portanto, o construtor sábio edifica a sua casa –
isto é, sua vida – sobre Cristo, a Rocha sólida. Ele empenha-se, em oração,
para regular sua vida em harmonia com as palavras de Jesus, reveladas nas
Escrituras Sagradas. Portanto, o cristão que edifica sua vida na Palavra de
Deus e que espera a vinda do Salvador, dificilmente será enganado por falsos
mestres. Como bem diz o pr. Douglas, “a síntese desse grande ensinamento de
Jesus é que nem as crises dessa vida e nem a eternidade poderá abalar quem está
firmado em Cristo e na sua Palavra” (Mt.7:25).
2. A Palavra de Deus é luz
O
apóstolo Pedro compara a Palavra de Deus a uma luz que brilha na escuridão – “E
temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos,
como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia esclareça, e a estrela
da alva apareça em vosso coração” (2Pd.1:19). A Palavra de Deus aponta o
caminho, que é Jesus Cristo (Joao 14:6), e mostra os perigos, porque ela é
“lâmpada para os nossos pés” e “luz para o caminho” (Sl.119:105); ela dissipa a
escuridão espiritual e nos conduz em segurança pelo caminho da vida eterna. O
caminho da vida eterna é Jesus Cristo (João 14:6).
A
Palavra de Deus, portanto, tem uma dupla finalidade: revelar-nos a vontade de
Deus e levar-nos a uma experiencia pessoal com Cristo, a “Estrela da alva”; Jesus
é essa “estrela da alva” (Nm.24:17; Ap.22:16). Não somente Ele é a estrela da
alva, mas também a Luz do mundo, e quem O segue não andará em trevas (João
8:12); trevas do pecado.
3. A Palavra de Deus é imutável
A
Palavra de Deus é imutável porque a sua origem está ancorada em Deus
(2Pd.1:20,21), que não muda. A Bíblia tem sua origem no Céu, e não na terra;
procede de Deus, e não do homem. Ela é inspirada por Deus; é o sopro de Deus, e
não o destilar dos pensamentos humanos. Os seus escritores foram instrumentos
usados para escrever o seu conteúdo e as profecias. Foi o Espírito Santo quem
os inspirou, revelando-lhes o conteúdo infalível e imutável. Portanto, a
Palavra de Deus é imutável porque o seu autor é imutável. Está escrito: “Eu, o Senhor,
não mudo” (Ml.3:6).
Em
Deuteronômio, capítulo 4, versículo 2, Deus exorta o povo de Israel: “Não
acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis
os mandamentos do Senhor vosso Deus, que eu vos mando”. Israel recebeu a ordem
de obedecer aos estatutos e juízos do Senhor quando entrasse na terra de Canaã.
Não podia acrescentar nem remover nada dos mandamentos. Isto se aplica também a
nós cristãos, hoje; não devemos ter a pretensão de querer alterar o que está
escrito nas Escrituras Sagradas, pois elas são imutáveis. Em Apocalipse
22:18,19, Jesus advertiu que, quem fizer qualquer acréscimo ao Livro de
Apocalipse, sofrerá os flagelos descritos nele. Uma vez que os temas do livro
de Apocalipse encontram-se entretecidos com todas as Escrituras, então esses
textos condenam a alteração da Palavra de Deus em geral. O castigo é a
condenação eterna - Deus “tirará a sua parte da árvore da vida”. Essa pessoa
não terá parte nas bençãos daqueles que possuem vida eterna.
“Eu, a todo aquele que ouve as palavras da
profecia deste livro, testifico: Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus
lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro; e, se alguém tirar qualquer
coisa das palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore
da vida, da cidade santa e das coisas que se acham escritas neste livro”
(Ap.22:18,19).
Portanto,
a Palavra de Deus nunca pode ser mudada; ela permanece para sempre (Mc.13:31).
Os homens morrem, mas a Palavra vive. As experiências passam, mas a Palavra
permanece. O mundo escurece, mas a luz profética resplandece cada vez mais.
Sendo assim, segundo argumenta o pr. Douglas, “os princípios bíblicos têm aplicação
hoje, assim como o tiveram antigamente (Is.55:11). Os padrões da ética e da
moral cristã não sofrem mudanças (1Pd.1:20). Portanto, os valores cristãos são
permanentes, pois a fonte de autoridade é permanente “(Mt.5:18).
II. A
BÍBLIA NOS TORNA PESSOAS SÁBIAS
1. O conceito de sabedoria
O
que é sabedoria? Sabedoria é olhar para a vida com os olhos de Deus; é viver
regido pelo ensino da Palavra de Deus; é andar nos conselhos de Deus, e não
segundo os ditames do mundo. O pr. Marcelo Gomes, em seu livro “Sabedoria –
para viver e ser feliz”, argumenta que somos a sociedade do conhecimento. Nossa
informação é produzida em larga escala e está disponível amplamente. Avançamos
em ciência, tecnologia e comunicação. Temos satélites, e internet, e muito mais
vem por aí. Somos a sociedade das especialidades. Na medicina, nas ciências
humanas, nas ciências da natureza, nos esportes, na tecnologia, enfim, em todas
as áreas temos especialistas em alguma questão ou campo de interesse. Apesar de
tudo isso, somos também uma sociedade desigual, injusta, corrupta e violenta,
sob vários aspectos. O mesmo conhecimento que nos trouxe conquista e conforto,
trouxe-nos guerras e morte. Contudo, não nos trouxe redenção. O sonho da modernidade
fracassou. Tanto não alcançamos felicidade pelo livre e pleno exercício da
razão, como multiplicamos alternativas emocionais, hedonista, utilitárias e
egocêntricas para a vida comum.
Diante
desse quadro, uma conclusão: temos muito conhecimento, mas pouca sabedoria. Conhecimento
é domínio da informação que se refere ao objeto de interesse; sabedoria é a
capacidade de utilizar o conhecimento em prol da vida e dos relacionamentos. O sábio
não é, necessariamente, aquele que tem muito conhecimento, mas aquele que
canaliza adequadamente para as ações e decisões do dia-a-dia todo o
conhecimento que tem. Assim, um morador da periferia, um profissional artesanal,
um administrador de negócio próprio sem formação acadêmica, uma dona de casa ou
um jovem que trabalha no campo, pode ser mais sábio que um doutor ou um
professor universitário.
Precisamos
de sabedoria, carecemos compreender sua essência e importância prática. Devemos
associá-la ao conhecimento, de forma que este seja sempre usado para o bem
comum. O conselho do sábio Salomão é: “porque melhor é a sabedoria do que joias
e, de tudo o que se deseja, nada se pode comparar com ela” (Pv.8:11). Diz mais:
“Quem procura ter sabedoria ama a sua vida, e quem age com inteligência
encontra a felicidade” (Pv.19:8).
Sabedoria
faz a diferença - capacita para a vida e os relacionamentos; tranquiliza o
coração, valoriza os cuidados com a alma, aquieta os pensamentos; lembra que a
vida não é feita só de acertos, sucessos e ascensões meteóricas, mas também de
fracassos, frustrações, decepções e derrotas, com os quais sempre é possível aprender.
Segue a sugestão do apóstolo Tiago: “Se, porém, algum de vós necessita de
sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e
ser-lhe-á concedida” (Tiago 1:5). E do aposto Paulo: “examinem todas as coisas
e retenham o que é bom” (1Tes.5:21).
2. Deus é a fonte da sabedoria
Está
escrito em Provérbios 2:6 que Deus é a fonte da sabedoria – “Porque o SENHOR dá
a sabedoria, e da sua boca vem o conhecimento e o entendimento”. Portanto, a
verdadeira sabedoria não se recebe nos bancos de uma escola nem se aprende com
a leitura de bons livros. Sabedoria não é um dote natural, é um dom exclusivo
de Deus; emana das alturas; procede do Céu.
Existe
uma sabedoria terrena, mas não é sobre essa sabedoria que estamos falando; falamos
sobre a sabedoria divina, celestial; esta deve ser desejada e pedida, deve ser
buscada como o garimpeiro busca a prata e o ouro. Aqueles que pedem a Deus
sabedoria, esses a recebem. Só Deus concede esse dom. Só de Deus procede essa
boa dádiva. Da boca de Deus emanam a inteligência e o entendimento. A
compreensão da vida e o discernimento dos propósitos da existência são o
resultado de conhecermos a Deus. Aqueles que andam com Deus são sábios. Aqueles
que amam a Deus tem inteligência e compreensão para discernir entre o bem e o
mal, para separar o precioso do vil. É da boca de Deus, ou seja, de sua
Palavra, que procede a verdadeira compreensão acerca de Deus e da humanidade,
do tempo e da eternidade, da vida e da morte.
Se
Deus é a fonte da sabedoria, então ousemos a pedir a Ele sabedoria, pois
somente ela confere a lucidez necessária para uma autocrítica que promova
mudanças de atitude. Se eu for mais sábio, pensarei melhor antes de agir, falarei
com melhores intensões e palavras, prevenir-me-ei de armadilhas que minhas emoções
preparam e conhecerei mais profundamente minhas motivações ou anseios íntimos.
Se for mais sábio, pararei de fingir que a culpa de todas as minhas desgraças é
dos outros; estarei pronto a assumir erros e mais propenso a pedir perdão – a
Deus e aos que me cercam.
3. O temor é o princípio da sabedoria
Em
Provérbio 9:10 está escrito: ”O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e o
conhecimento do Santo é prudência” (Pv.9:10). Temer ao Senhor não é ter medo de
Deus, mas demonstrar a Ele reverência. A motivação para um filho obedecer a seu
pai deve ser o respeito e o amor a ele, mais do que o medo de ser castigado.
Aqui está a gênese de toda a sabedoria e também a sua própria essência. O temor
ao Senhor é o grande freio moral que nos protege das propostas sedutoras do
enriquecimento ilícito e nos blinda da sedução perigosa das aventuras sexuais.
Foi o temor a Deus que livrou José do adultério e Neemias da corrupção. O temor
ao Senhor nos afasta dos caminhos escorregadios e firma os nossos passos nas
veredas da justiça. O temor ao Senhor nos desvia de companhias erradas e de
lugares errados. Temer a Deus é conhecê-lo, honrá-lo, obedecer-lhe. Temer a
Deus é colocar os pés na estrada da santidade e beber das torrentes da
felicidade. Quando tememos a Deus, nossos dias são dilatados na terra e somos
poupados de muitas aflições. Este é o grande conselho que Deus nos dá:
“De tudo o que se tem
ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto é o
dever de todo homem. Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as
que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más” (Ec.12:13,14).
4. Os benefícios da sabedoria
Muitos
são os benefícios da sabedoria. Dentre eles, citamos:
Ø Acumula conhecimento
(Pv.10:14).
Como já foi dito, o sábio não é, necessariamente, aquele que tem muito
conhecimento, mas aquele que canaliza adequadamente às ações e decisões do
dia-a-dia todo o conhecimento que tem. Quanto mais conhecimento, maiores as
chances de uma sabedoria que oriente a vida. O conhecimento, portanto, é melhor
do que o ouro, é mais seguro do que a moeda mais valorizada do mercado. Os
ladroes podem roubar nossos tesouros, e as traças podem corroer nossas relíquias,
mas o conhecimento é uma riqueza que ninguém pode nos tirar. Os sábios
entesouram o conhecimento e, com ele, vem a reboque as riquezas da terra. O
conhecimento é a melhor poupança, o mais lucrativo investimento.
Ø Ganha almas (Pv.11:30). A maior expressão da
sabedoria é investir na salvação dos perdidos. Aquele que ganha almas faz um
investimento eterno e ajunta tesouros que os ladrões não podem roubar nem a
traça pode destruir. Investir na salvação de almas é investir numa causa de consequências
eternas. Uma alma vale mais do que o mundo inteiro. De nada adianta ganhar o
mundo inteiro e perder a sua alma. De nada adianta ajuntar tesouros na terra se
esses bens não estão a serviço de Deus para ganhar almas. O melhor e mais
duradouro investimento que podemos fazer é investir na salvação de vidas.
Ø Torna-se próspero (Pv.19:8). A sabedoria traz consigo
a vitória e a realização; não porque acerte sempre ou seja um roteiro de
sucesso pessoal, mas porque faz crescer com os maus resultados e levantar após
a queda. Não pode ser considerada sábia uma pessoa apenas porque tudo lhe vai
bem, mas porque, quando as coisas vão mal, encontra alternativas, absorve
prejuízos e repara danos ocasionais. Na crise, reinventa a si mesma, escolhe
com melhores critérios e avança na construção de alicerces mais sólidos.
Prospera. Desenvolve-se. Chega longe. Alarga as fronteiras de sua alma e de sua
mordomia neste mundo.
Ø Exerce domínio próprio
(Pv.29:11).
O domínio próprio não é apenas uma virtude natural; é, sobretudo, fruto do Espírito
Santo. Quando o Espírito de Deus assume o controle de nossos sentimentos -
palavras, ações e reações -, então temos domino próprio. O individuo
descontrolado, rixoso, briguento, explosivo é uma ameaça à sua família e à
sociedade; suas palavras são incendiárias; suas ações são intempestivas; sua
vida é uma tragédia. O sábio, porém, sabe lidar com seus sentimentos; ele é
senhor de suas emoções, e não escravo delas. Por dominar a si mesmo, é mais
forte do que aquele que conquista uma cidade. Ao reprimir sua ira, torna-se uma
ponte de contato, em vez de ser um abismo de separação. Em vez de jogar uma pessoa
contra a outra, torna-se um pacificador.
Precisamos
de sabedoria porque ela nos faz ser diferentes e nos possibilita fazer a
diferença. O salmista declara que o ato de meditar na Palavra de Deus, o tornou
mais sábio do que todos à sua volta (Sl.119:98-100). Acredito que nenhuma outra
virtude traz mais benefícios a seu portador do que a sabedoria. Bondade sem
sabedoria, por exemplo, vira frustração. Coragem sem sabedoria, temeridade.
Paciência sem sabedoria, complacência. Humildade sem sabedoria, acanhamento.
Sinceridade sem sabedoria, inconveniência. Honestidade sem sabedoria,
estagnação. Erudição sem sabedoria, arrogância. Assim por diante. Qualquer virtude,
por mais importante que seja, precisa estar acompanhada da sabedoria que ensina
a praticá-la segundo a necessidade e a correção, e não segundo as inclinações
da autoestima ou da vontade de reconhecimento e valorização. Em vista disso, somos advertidos a empregar
esforços na busca da sabedoria (Pv.4:7).
III. A
BÍBLIA E A PRUDÊNCIA PARA A VIDA
1. O conceito de prudência
Prudência
é a virtude por excelência da vida prática. De um modo geral, essa virtude está
associada à sabedoria, à introspecção e ao conhecimento. Trata-se da capacidade
de julgar entre ações maliciosas e virtuosas, não só num sentido geral,
mas com referência a ações apropriadas num dado tempo e lugar. Ela ajuda a
razão a discernir em todas as circunstâncias o verdadeiro bem e a escolher
os justos meios para o atingir. Segundo Hernandes Dias Lopes, “prudência é a
percepção lúcida daqueles que compreendem o âmago das coisas e não se deixam
enredar pelas meras aparências. Prudência é evitar o caminho escorregadio do
erro e colocar os pés na estrada da virtude, mesmo quando instigado pela
pressão da maioria. Até as pessoas mais simples, quando são governadas pela
Palavra de Deus, agem com prudência”.
A
sabedoria e a prudência andam juntas, é como um barco a remo, temos que remar
de ambos os lados para seguirmos na direção certa. O mundo seria menos violento
se as pessoas agissem com prudência e sabedoria; muitas questões seriam
resolvidas pacificamente sem precisar de ir a julgamento se as pessoas fossem
coerentes e usassem a prudência e sabedoria.
Em
termos gerais, a prudência é a virtude que evita ações temerárias. Nesse
aspecto, com cautela e bom senso, uma pessoa prudente é capaz de discernir e
fazer a escolha correta. Na Parábola das dez virgens (Mt.25:1-13) as prudentes
conheciam o que se passava à sua volta, conheciam o noivo, seus atributos e
tinham como provável a sua demora e, portanto, a necessidade de um
abastecimento de azeite até o momento de sua chegada. Jesus mostra-nos,
portanto, que não há como entrar na casa do “noivo” a não ser através da prudência,
ou seja, do prévio conhecimento do noivo, do prévio conhecimento das circunstâncias
que nos rodeiam.
As
Virgens Prudentes estavam dispostas a seguir o cerimonial estabelecido, em
seguir o noivo para sua nova casa, mas queriam tanto fazê-lo que não aceitaram
a hipótese de faltar azeite durante a iluminação do caminho até a casa do noivo.
O dia já declinava, durante todo o dia haviam procurado preparar a noiva, e não
iriam, no último instante, descuidar deste importante pormenor: o azeite. Vejamos
que a única coisa que poderia dar errado, nesta altura do dia, em que todos os
preparativos já haviam sido tomados, era a falta de azeite. As lâmpadas já
estavam em suas mãos, e tinha apenas de esperar o noivo, que certamente viria.
Assim, o que dependia das virgens era apenas tomar o cuidado de não deixar faltar
o azeite até a chegada na nova moradia dos nubentes. Esta é, precisamente, a
situação em que se encontra a Igreja genuína, a Igreja militante, a Igreja que
está preparada para se encontrar com o Senhor. Ela percebe que se está no final
do Dia, ou seja, no final da dispensação da graça. A noite está chegando,
quando ninguém mais poderá trabalhar (João 9:4) e, desta forma, é hora de
segurar a lâmpada, mas devemos tomar todo o cuidado para que não falte o azeite
para abastecê-la.
Outro
exemplo de prudência na Bíblia é a de Neemias. Ele foi um líder prudente. Quando
chegou a Jerusalém, ele agiu com muita prudência e discrição. Neemias chegou
discretamente a Jerusalém e passou vários dias observando e avaliando
cuidadosamente o estado dos muros. Ele manteve em segredo a sua missão e
inspecionou os muros sob a luz do luar para evitar comentários sobre a sua
chegada e para evitar que os inimigos conhecessem os seus planos. Um anúncio
prematuro poderia ter causado rivalidade entre os judeus sobre o melhor modo de
começar o trabalho. Neste caso, Neemias não precisou de tediosas reuniões de
planejamento; ele precisava de um plano que produzisse resultados imediatos. Está
escrito: “Todo prudente procede com conhecimento, mas o insensato
espraia a sua loucura” (Pv.13:16). Portanto, um líder prudente e sábio
analisa os problemas discretamente antes de encorajar seus liderados
publicamente. Quando o líder sabe o que precisa ser feito, e aonde quer chegar,
e como chegar, seus liderados são encorajados a realizar a obra.
2. A prudência dos justos
Este
termo é empregado pelo evangelista Lucas quando descreve o ministério de João
Batista. A missão dele era converter o coração “dos pais aos filhos” e os
rebeldes à “prudência dos justos” (Lc.1:17). Segundo o pr. Douglas Baptista, isto
significa que o Evangelho tem como desígnio trazer as pessoas de volta para
Deus. E, quando isso acontece, os ignorantes, desobedientes e rebeldes de
outrora se tornam sábios, justos e prudentes. Essa sabedoria prática que
orienta e corrige o viver diário é o resultado da verdadeira conversão a
Cristo. Aqueles que experimentam o novo nascimento desenvolvem o caráter e
praticam a boa conduta dos justos. Neste sentido, a mensagem da salvação em
Cristo não apenas restaura o pecador, mas também o faz andar por veredas de
retidão. Salomão assegura que “a vereda dos justos é como a luz da aurora, que
vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito” (Pv.4:18). O pr. Hernandes Dias
Lopes analisando este texto afirma que “a vereda dos justos não se trata apenas
de um caminho iluminado, mas um caminho cuja luz vai crescendo como a luz do
sol até ser dia perfeito. A vida do justo vai sendo aperfeiçoada de glória em
glória. O brilho da face de Cristo resplandece no justo. O fulgor da glória de
Deus irradia sobre ele. O justo cresce no conhecimento e na graça. Avança para
o alvo. Sua história começa na conversão e avança no processo da santificação,
mas seu alvo é a glorificação, o dia perfeito”. Para estarmos em tal patamar
espiritual é imprescindível nos manter em oração constante, dedicação à leitura
e ao estudo das Escrituras e ter comunhão inquebrável com o Espírito Santo (1Ts.5:17;
2Tm.3:14,15; Ef.5:18).
3. Os benefícios da prudência
Muitos
sãos os benefícios da prudência. O pr. Douglas Baptista, em seu livro didático,
destaca alguns: o autocontrole para não revidar ofensas (Pv.12:16); a humildade
para exibir conhecimento (Pv.12:23); a correta tomada de decisões (Pv.13:16); o
pensar antes de agir para não ser influenciado (Pv.14:15); o alcance de boa
reputação e alta posição (Pv.14:35); a sujeição ao aprendizado e a correção (Pv.15:5);
o desviar-se do perigo por meio de soluções antecipadas (Pv.22:3). Jesus Cristo
enfatizou que a pessoa prudente tem a Palavra de Deus como regra de vida (Mt.7:24);
procede com retidão e cumpre seus deveres com fidelidade (Mt.24:45); por fim, a
pessoa prudente cuida com esmero da sua vida espiritual e mantém acesa a chama
do Espírito (Mt.25:4). O benefício da prudência de Neemias foi o êxito da
construção dos muros de Jerusalém. O benefício das virgens prudentes foi a luz
permanente de suas lamparinas e, consequentemente, a entrada na casa do noivo. Myer
Pearlman considera que “as virgens prudentes representam aqueles crentes que,
reconhecendo possível demora do Noivo, não somente o aguardam pacientemente,
como conservam-se diligentemente num estado espiritual apropriado a qualquer
chamada repentina”. Em vista disso, a Bíblia nos exorta a viver prudentemente,
e não como néscios (Ef.5:15).
CONCLUSÃO
A
Bíblia é a revelação escrita de Deus aos seres humanos. Ela nos oferece todos
os propósitos da vida; é um guia seguro para a nossa caminhada cristã. Ela é o consolo
do aflito, regozijo dos fiéis, a prova irrefutável da existência do Altíssimo. Ela
é útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na
justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado
para toda boa obra” (2Tm.3:16,17). Ela nos mostra o caminho da salvação, que é
Cristo Jesus (João 14:6). Nela encontramos o antídoto que afasta o inimigo de
nossas almas. Como filhos
de Deus, não podemos afastar-nos jamais das Sagradas Escrituras; delas, todos
dependemos vitalmente. Quanto mais as estudarmos, mais íntimos seremos de seu
Autor. Ela é a nossa regra de fé e prática, é o mapa do viajor, o cajado do
peregrino, a bússola do piloto, a espada do soldado e o mapa do cristão. Devemos
lê-la para sermos sábios, crermos nela para estarmos seguros e devemos praticar
o que nela está escrito para sermos santos. Ela contém luz para nos dirigir,
alimento para nos suster e consolo para nos animar.
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Luciano
de Paula Lourenço – EBD/IEADTC
Disponível
no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia
de Estudo Pentecostal.
Bíblia
de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia
de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD
William
Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).
Comentário
Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário
do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Norman
L Geisler. Introdução geral à Bíblia. Vida Nova.
Pr.
Douglas Baptista. A Supremacia das Escrituras – A inspirada, Inerrante e Infalível
Palavra de Deus. CPAD.
Pr.
Hernandes Dias Lopes. Provérbios – Manuel de sabedoria para a vida. Hagnos.
Pr.
Hernandes Dias Lopes. Lucas – Jesus, o homem perfeito. Hagnos.
Marcelo
Gomes. Sabedoria – para viver e ser feliz.