4º Trimestre/2019
Texto Base: 2Samuel 5:1-12
01/12/2019
“E entendeu Davi que o SENHOR o
confirmava rei sobre Israel e que exaltara o seu reino por amor do seu povo”
(2Sm.5:12).
2Samuel
5:
1.Então, todas as tribos de
Israel vieram a Davi, a Hebrom, e falaram, dizendo: Eis-nos aqui, teus ossos e
tua carne somos.
2.E também dantes, sendo Saul
ainda rei sobre nós, eras tu o que saías e entravas com Israel; e também o
SENHOR te disse: Tu apascentarás o meu povo de Israel e tu serás chefe sobre
Israel.
3.Assim, pois, todos os
anciãos de Israel vieram ao rei, a Hebrom; e o rei Davi fez com eles aliança em
Hebrom, perante o SENHOR; e ungiram Davi rei sobre Israel.
4.Da idade de trinta anos era
Davi quando começou a reinar; quarenta anos reinou.
5.Em Hebrom reinou sobre Judá
sete anos e seis meses; e em Jerusalém reinou trinta e três anos sobre todo o
Israel e Judá.
6.E partiu o rei com os seus
homens para Jerusalém, contra os jebuseus que habitavam naquela terra e que
falaram a Davi, dizendo: Não entrarás aqui, a menos que lances fora os cegos e
os coxos; querendo dizer: Não entrará Davi aqui.
7.Porém Davi tomou a
fortaleza de Sião; esta é a Cidade de Davi.
8.Porque Davi disse naquele
dia: Qualquer que ferir os jebuseus e chegar ao canal, e aos coxos, e aos
cegos, que a alma de Davi aborrece, será cabeça e capitão. Por isso, se diz:
Nem cego nem coxo entrará nesta casa.
9.Assim, habitou Davi na
fortaleza e lhe chamou a Cidade de Davi; e Davi foi edificando em redor, desde
Milo até dentro.
10.E Davi se ia cada vez mais
aumentando e crescendo, porque o SENHOR, Deus dos Exércitos, era com ele.
11.E Hirão, rei de Tiro,
enviou mensageiros a Davi, e madeira de cedro, e carpinteiros, e pedreiros, que
edificaram a Davi uma casa.
12.E entendeu Davi que o
SENHOR o confirmava rei sobre Israel e que exaltara o seu reino por amor do seu
povo.
INTRODUÇÃO
Nesta Aula trataremos do reinado de Davi. Após
passar pela escola preparatória, no exílio, e concluído todas as etapas de
formação, com louvor, Davi é considerado apto para assumir a posição de líder
máximo de todo o povo de Deus, Israel. Conquanto fora ungido para ser rei sobre Israel, quando ainda era bem
jovem, Davi esperou muitos anos para vir, de fato, a sê-lo. Ele
esperou, e perseverou em esperar.
Davi tinha convicção de que era o ungido de
Deus e que ocuparia o trono de Israel (cf. 1Sm.16:1, 12,13). Sua unção não era
uma promessa apenas; ele tinha sido ungido, realmente, porém, não tomou
qualquer iniciativa para destituir Saul, embora pudesse. Perseguido sem trégua, refugiando-se
em vários lugares, Davi esperou com paciência pelo tempo de Deus. Essa espera
pode ter durado mais ou menos quatorze anos. Quando assumiu o trono de Israel,
sobre as doze tribos, ele tinha 30 anos de idade - “Da idade de trinta anos era Davi quando começou a reinar; quarenta anos
reinou” (2Sm.5:4).
Quem tem promessas, deve esperar com paciência. Disse Davi: “Esperei com
paciência no Senhor...”(Sl.40:1). Muitas vezes queremos que as coisas aconteçam
no nosso tempo, mas Deus sabe o momento certo para agir na nossa vida. Essa é
uma grande lição: saber esperar o tempo certo, pois é assim que o livro de
Eclesiastes 3:1-10 nos ensina.
I.
DAVI É CONSTITUÍDO REI
Davi teve uma unção e duas coroações. Primeiramente ele foi coroado para
reinar sobre a tribo de Judá; por sete anos e seis meses Davi reinou somente
sobre esta tribo, tendo Hebrom como sua capital.
“Então, vieram os homens
de Judá e ungiram ali a Davi rei sobre a casa de Judá...” (2Sm.2:4).
“E foi o número dos dias
que Davi reinou em Hebrom, sobre a casa de Judá, sete anos e seis meses”
(2Sm.2:11).
Davi aceitou ser rei de uma única tribo, até que o Senhor lhe abrisse a
porta para reinar sobre todo Israel. Ele não se precipitou para assumir o
controle da nação inteira. Antes de tomar uma decisão difícil, buscava o Senhor
(2Sm.2:1).
Sete anos e meio após a primeira coroação, Davi tornou-se rei da nação
inteira (2Sm.5:1-5); reinou sobre as doze tribos por 33 anos, totalizando
quarenta anos de reinado (2Sm.5:4,5). Foi somente no governo de Davi que houve
a apropriação de todo território prometido a Abraão (ver Gn.15:18).
“Da idade de trinta anos
era Davi quando começou a reinar; quarenta anos reinou. Em Hebrom reinou sobre
Judá sete anos e seis meses; e em Jerusalém reinou trinta e três anos sobre
todo o Israel e Judá” (2Sm.5:4,5).
Em momento algum Davi reivindicou seu direito ao trono, e não o fez após
a morte de Saul. Antes, escolheu deixar a questão nas mãos do Senhor. Se o
Senhor o ungira rei, também conquistaria seus inimigos e lhe daria o reino
pleno.
O Senhor Jesus, o Davi celestial, da mesma forma, aguarda o tempo do Pai
para reinar sobre todo o mundo. Hoje, apenas uma minoria da humanidade
reconhece seu domínio, mas, no Dia estabelecido pelo Pai, todo joelho se
dobrará e toda língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor (Fp.2:10-11).
Aleluia!
1. Motivos para a escolha de Davi
“...já tem buscado o
SENHOR para si um homem segundo o seu coração e já lhe tem ordenado o SENHOR
que seja chefe sobre o seu povo, porquanto não guardaste o que o SENHOR te
ordenou” (1Sm.13:14).
Biblicamente, o que motivou Davi ser escolhido
para ser o segundo rei de Israel não estava à vista de nenhuma pessoa, nem
mesmo do profeta Samuel (cf. 1Sm.16:7). Sob a ótica humana, inicialmente, Davi
não seria escolhido; seu curriculum o
reprovava logo de imediato: não tinha experiência militar; era o menor dos
filhos de Jessé; e sua principal experiência era pastorear umas “poucas ovelhas
no deserto” (1Sm.17:28). No dia em que foi ungido por Samuel, o próprio pai de
Davi apresentou a Samuel o seu curriculum:
“...o menor, e eis que apascenta as ovelhas...” (1Sm.16:11). Portanto,
humanamente falando, Davi não tinha nenhum motivo aparente que o levasse a ser
escolhido a tão nobre posição.
O motivo que levou Davi ser escolhido por Deus
não veio de fatores exógenos, mas do seu interior, do seu caráter, que somente
Deus podia ver. Nem mesmo Samuel, que era vidente (1Sm.9:19), enxergou
qualidades atrativas em Davi; aliás, se dependesse de Samuel, tinha escolhido
Eliabe, o primogênito de Jessé, o qual tinha uma aparência e uma estatura
espetacular, a ponto de Samuel, por conta própria, dizer: “Certamente, está perante o SENHOR o seu Ungido” (1Sm.16:6). Porém,
foi advertido pelo Senhor: “.... Não atentes para a
sua aparência, nem para a altura da sua estatura, porque o tenho rejeitado;
porque o SENHOR não vê como vê o homem. Pois o homem vê o que está diante dos
olhos, porém o SENHOR olha para o coração” (1Sm.16:7).
Está escrito que Jessé fez passar diante de
Samuel os seus sete filhos; porém, Samuel disse a Jessé: “O SENHOR não tem
escolhido estes” (1Sm.16:10). Mas, quando Davi foi apresentado ao profeta,
advindo do curral das ovelhas, o Senhor disse a Samuel: “Levanta-te e unge-o, porque este mesmo é [o escolhido]” (1Sm.16:12).
Hoje, se os líderes do povo de Deus fossem
escolhidos sob a ótica dEle, a Igreja não estaria passando por tantas oscilações
espirituais. Não precisa ter um padrão de espiritualidade elevado para perceber
o que está ocorrendo em muitas igrejas locais: divisões; secularidade; valores
morais judaico-cristãos inobservados de forma consciente e deliberada; falsas
doutrinas que estão levando milhões ao abismo espiritual, etc. Tudo isso por
causa de líderes, pastores e mestres, que foram escolhidos segundo a ótica
humana. Estamos vivendo a síndrome de Samuel: escolher pela aparência, pelo Ter
e não pelo Ser.
O apóstolo Paulo, inspirado pelo Espírito
Santo, deu as diretrizes corretas para escolher aqueles que liderarão o povo de
Deus (cf.1Tm.3:1-13); só precisa cumprir, rigorosamente, o que está escrito
aqui, nada mais!
2. Davi como pastor e chefe
No
Antigo Testamento, o termo “pastor”, literalmente,
refere-se aos cuidados de um indivíduo alimentando, disciplinando e protegendo
seu rebanho. A partir dessa interpretação, surgiu o conceito acerca de Deus
como “Pastor de Israel” (Gn.48:15; Sl.80:1): alimentando (Is.40:11),
protegendo (Am.3:12), disciplinando (Sl.23:2) e resgatando as
ovelhas desgarradas (Jr.31:10; Ez.34:12) de seu rebanho.
Essa ideia de “pastoreio” foi estendida aos
líderes do povo de Israel, os quais atuavam sob a supervisão de Deus; como, por
exemplo, os juízes, reis, profetas e sacerdotes, os quais também foram
denominados “pastores” (cf. Nm.27:17; 1Rs.22:17; Jr.2:8; Ez.34:2). Era
frequente a reclamação de Deus contra os líderes
de Israel, como esta, por exemplo:
“Filho do homem, profetiza contra os pastores
de Israel; profetiza e dize aos pastores: Assim diz o Senhor JEOVÁ: Ai dos
pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não apascentarão os pastores
as ovelhas?” (Ez.34:2).
Deus escolheu Davi e o ungiu para ser o pastor e chefe do Seu povo,
Israel. O “homem segundo o coração de Deus” foi convocado do campo onde estava
cuidando do rebanho para ser ungido rei de Israel. Deus o chamou para pastorear
um rebanho diferente - Seu povo, Israel (1Sm.16:1-13; 2Sm.5:2, Sl.78:70,71).
“Achei a Davi, meu servo;
com o meu santo óleo o ungi” (Sl.89:20).
Davi, muito do que ele aprendeu conduzindo ovelhas, aplicou como líder do
povo de Deus, Israel. Em 2Samuel 5:2, o oráculo descreve Davi como pastor que
cuidaria do povo do Senhor.
“E também dantes, sendo
Saul ainda rei sobre nós, eras tu o que saías e entravas com Israel; e também o
SENHOR te disse: Tu apascentarás o meu povo de Israel e tu serás chefe sobre
Israel” (2Sm.5:2).
Esta profecia parece referir-se à declaração de Samuel a Saul a respeito
daquele que o sucederia (cf. 1Sm.13:14), e é semelhante às palavras
encorajadoras de Abigail a Davi (cf.1Sm.25:30).
Um dos diversos cuidados que
o bom pastor tem é fortalecer as ovelhas que são fracas, curar as doentes, atar
as feridas das que estão machucadas e buscar as que se encontram extraviadas. É
desse amor sacrificial que os pastores precisam, hoje, pois muitas vezes os
seres humanos, assim como as ovelhas, podem se desviar do caminho que deve
seguir.
Jesus considerou os apóstolos como seus
sucessores na missão de pastoreio da Igreja. Ele disse a Pedro:
“Simão, filho de Jonas,
amas-me? Disse-lhe: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta as
minhas ovelhas” (João 21:17).
A mesma simbologia foi perpetuada nos escritos
dos apóstolos com referência aos líderes que exerciam suas funções de governo das igrejas locais.
“Apascentai o rebanho de
Deus que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas
voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; nem como tendo
domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho”
(1Pd.5:2,3).
Portanto, o verdadeiro pastor cuida das
ovelhas com zeloso amor e compaixão, entregando-se totalmente às suas demandas
e dando-lhes alimento espiritual através do ensino da Palavra de Deus.
3. Entrando em aliança com o povo
Com a derrota e morte de Saul, o reino de Israel entra em crise e passa a
estar sob o domínio dos filisteus. A única exceção é a tribo de Judá, que tem
Davi como seu rei (2Sm.2:4), que, naquele tempo, já estava à frente de um
exército próprio de cerca de seiscentos homens.
O filho de Saul, Isbaal (denominado pejorativamente na Bíblia como
Isbosete – homem tolo) tenta assumir o comando das demais tribos, contando com
o apoio do general de Saul, Abner, o que ele consegue por apenas dois anos -
cinco anos após a morte de Saul. Como divisão não vem de Deus, logo haveria um
definhamento moral e espiritual do povo e, por conseguinte, os conflitos entre
as tribos de Israel.
Davi era o rei legítimo por desígnio divino, mas como governar uma casa
dividida? Em uma situação como esta, o líder precisa unificar os grupos que
estão separados para que haja harmonia entre os irmãos. Davi não tentou
conquistar essas tribos à força, mas colocou o assunto nas mãos de Deus.
Davi, naquela ocasião, era o único rei ungido por Deus para governar
sobre Israel (1Sm.16:1); nenhuma promessa divina havia sobre Isbosete. A
Escritura deixa claro que a profecia que prenunciava a Davi um reinado sobre
toda a nação hebraica, era de conhecimento não só do filho de Jessé, mas também
dos nobres e até mesmo do povo mais comum (2Sm.5:2). Esse fato é visto na
declaração de Abner em 2Samuel 3:9,10. Sendo assim, Isbosete (que significa
tolo) era realmente um tolo se deixar indicar pelo general de seu pai, Abner. O
texto sagrado diz que foi Abner, capitão do exército de Saul, quem constituiu
Isbosete rei sobre as tribos do Norte (cf.2Sm.2:8-10).
“Porém Abner, filho de
Ner, capitão do exército de Saul, tomou a Isbosete, filho de Saul, e o fez
passar a Maanaim. E o constituiu rei sobre Gileade, e sobre os assuritas, e
sobre Jezreel, e sobre Efraim, e sobre Benjamim, e sobre todo o Israel”.
Tendo em vista que o seu general, Abner, sabia que Davi era o legitimo
rei indicado por Deus em substituição a Saul (cf.2Sm.3:18), então, certamente,
Isbosete também sabia. Desta feita, ao assumir o trono do reino do Norte,
Isbosete estava se rebelando contra o Senhor Deus de Israel. A Bíblia diz que
rebelião é como pecado de feitiçaria (1Sm.15:23). Sendo assim, o fracasso seria
inevitável, pois o seu reinado não tinha aprovação divina, seu governo era
ilegítimo.
O próprio Isbosete se desentendeu com Abner, por causa de uma mulher,
cujo nome era Rispa, amante de Saul (2Sm.3:7,8); por causa disso, Abner buscou
a Davi e propôs uma aliança entre as tribos do Sul e do Norte (cf.2Sm.3:7-21).
“Então, disse Abner a
Davi: Eu me levantarei, e irei, e ajuntarei ao rei, meu senhor, todo o Israel,
para fazerem aliança contigo; e tu reinarás sobre tudo o que desejar a tua
alma. Assim, despediu Davi a Abner, e foi-se ele em paz” (2Sm.3:21).
Após algum tempo, Isbosete foi assassinado pelos seus capitães de tropas
(2Sm.4:5,6). É o fim trágico de quem se rebela e causa divisão entre o povo de
Deus. Com a morte de Isbosete, o único herdeiro ao trono de Saul que restou foi
um menino aleijado, chamado Mefibosete, filho de Jônatas (2Sm.4:4).
Estando, pois, Isbosete fora de ação, Davi recebeu, finalmente, o apoio das
11(onze) tribos, sendo aclamado rei de todo o Israel (2Sm.5:1-5). Com uma
declaração de lealdade e sujeição, as onze tribos de Israel se juntaram a Judá
e reconheceram Davi como rei legítimo.
1.Então, todas as tribos
de Israel vieram a Davi, a Hebrom, e falaram, dizendo: Eis-nos aqui, teus ossos
e tua carne somos.
2.E também dantes, sendo
Saul ainda rei sobre nós, eras tu o que saías e entravas com Israel; e também o
SENHOR te disse: Tu apascentarás o meu povo de Israel e tu serás chefe sobre
Israel.
3.Assim, pois, todos os
anciãos de Israel vieram ao rei, a Hebrom; e o rei Davi fez com eles aliança em
Hebrom, perante o SENHOR; e ungiram Davi rei sobre Israel.
4.Da idade de trinta anos
era Davi quando começou a reinar; quarenta anos reinou.
5.Em Hebrom reinou sobre
Judá sete anos e seis meses; e em Jerusalém reinou trinta e três anos sobre
todo o Israel e Judá.
A coroação de Davi foi uma grande festa, de união e de unidade entre o
povo de Israel, pois Deus, naquele momento, estava consolidando a Sua promessa
na vida do Seu servo Davi. Em 1Crônicas 12:38-40 é narrado a alegria daquele
momento:
38.Todos estes homens de
guerra, postos em ordem de batalha, com coração inteiro, vieram a Hebrom para
levantar a Davi rei sobre todo o Israel; e também todo o resto de Israel tinha
o mesmo coração para levantar a Davi rei.
39.E estiveram ali com
Davi três dias, comendo e bebendo; porque seus irmãos lhes tinham preparado as
provisões.
40.E também seus vizinhos
de mais perto, até Issacar, e Zebulom, e Naftali, trouxeram pão sobre jumentos,
e sobre camelos, e sobre mulos, e sobre bois, provisões de farinha, pastas de
figos, e cachos de passas, e vinho, e azeite, e bois, e gado miúdo em
abundância; porque havia alegria em Israel.
Assim começou o reinado de Davi sobre a nação unida que duraria trinta e
três anos. No total, Davi reinou quarenta anos (2Sm.5:4).
II. A
CONSOLIDAÇÃO DO REINO DE DAVI
Com a morte dos rivais de Davi - Abner e Isbosete -, o cargo de rei fica
vago. Mas, logo Deus trata de cumprir sua promessa feita a Davi e fazer dele o
grande rei de Israel. Ele já é um homem maduro, preparado espiritualmente e
militarmente para assumir a grande responsabilidade sobre o povo de Deus. O
exílio lhe ensinara a depender exclusivamente de Deus.
Davi assume, portanto, o reino pleno de Israel, com a idade de trinta
anos (2Sm.5:4). Os próprios anciãos de Israel procuraram Davi e lembraram-lhe
da promessa que o Senhor lhe fizera. Foi uma demonstração pública de
reconhecimento da legitimidade da unção real de Davi.
"Então, todas as
tribos de Israel vieram a Davi, a Hebrom, e falaram, dizendo: Eis-nos aqui,
teus ossos e tua carne somos. E também dantes, sendo Saul ainda rei sobre nós,
eras tu o que saías e entravas com Israel; e também o Senhor te disse: Tu
apascentarás o meu povo de Israel e tu serás chefe sobre Israel"
(2Sm.5:1,2).
O reino de Davi antecedeu e preparou através das lutas o reinado de
Salomão. Da mesma forma a Igreja tem que lutar e guerrear contra o inimigo para
concretizar o Reino de Deus. Nós, cristãos, precisamos decidir se queremos
andar como Saul, que reinou sobre si mesmo, ou como Davi, que andava segundo o
coração de Deus, isto é, era governado por Ele.
1. A edificação de Jerusalém (2Sm.5:6-11)
Assim que Davi se estabeleceu como rei sobre todo o Israel, tratou ele de
unir o reino, mas para tanto, era necessário derrotar os jebuseus, cujos
domínios impediam a união entre o Sul, ocupado pela tribo de Judá e de Simeão,
e as tribos do Norte.
Jebus era uma fortaleza inexpugnável sobre o Monte Sião. Os guerreiros
pagãos consideravam a cidade tão invencível que achavam que ela podia ser
defendida por “cegos e aleijados” (2Sm.5:6). Davi, porém, detectou um ponto
vulnerável no sistema de abastecimento de água. Ordenou que seus homens subissem
pelo canal subterrâneo que os jebuseus usavam para levar até a cidade a água de
uma fonte que ficava debaixo dela.
A estratégia funcionou, Jebus foi tomada e se tornou Jerusalém, também
chamada de Cidade de Davi, a capital eterna da nação de Israel (2Sm.5:9). O
relato paralelo em 1Crônicas, capitulo 11, revela que Joabe liderou o ataque
vitorioso e, desse modo, garantiu seu posto como comandante do exército de Davi
(1Cr.11:6).
Escolher Jerusalém para ser a capital de Israel faz sentido em termos da
fronteira entre o Norte e o Sul (Judá). A cidade também representava a perícia
militar de Davi e sua intenção de executar a ordem antiga do Senhor de derrotar
os inimigos de Israel. Afinal, ele expulsou de Jerusalém um povo que havia
permanecido entrincheirado na cidade e desafiado Israel desde a primeira
conquista da terra.
Com a conquista de Jebus, quebraria assim o obstáculo que impediria a
união territorial e religiosa entre a tribo de Judá e as tribos do Norte.
Temos, assim, mais uma vez, a demonstração da preocupação de Davi de estar na
direção de Deus e de apenas agir de acordo com a vontade divina.
“E Davi se ia cada vez
mais aumentando e crescendo, porque o SENHOR, Deus dos Exércitos, era com ele”
(2Sm.5:10).
2. As reformas religiosas
Depois que Davi conquistou Jerusalém e
construiu seu palácio na cidade, resolveu transformá-la no centro religioso de
Israel. Para que isso acontecesse era preciso que a Arca, símbolo da presença
de Deus no meio de seu povo, fosse trazida para a cidade. Era apropriado que o Senhor
habitasse no santuário central na cidade, pois Ele exercia autoridade suprema
sobre Israel e escolheu Davi como seu vice-regente (2Sm.6:2,21). A chegada da
Arca foi o prelúdio para a decisão de Davi de construir o Templo (2Sm.7).
À época que Davi tomou a decisão de transferir
a Arca para Jerusalém (2Sm.6:1-7) este objeto sagrado encontrava-se na casa de
um homem chamado Abinadabe. Quando os filisteus a devolveram, os israelitas a
colocaram na casa deste homem, em Quiriate-Jearim (1Sm.7:1,2). Vários anos se
passaram – segundo alguns estudiosos, aproximadamente setenta e oito anos - até
que Davi resolveu levá-la a Jerusalém, a fim de tornar a cidade não somente a
capital política de Israel, como também seu centro religioso. O rei tomou
trinta mil homens e partiu para onde estava a Arca a fim de levá-la a
Jerusalém.
Só que a Arca foi conduzida de maneira
inapropriada. Deus havia ordenado que a Arca fosse carregada em varas apoiadas
sobre os ombros dos coatitas (Nm.7:9). Em vez disso, Davi mandou fazer um “carro
novo” e, com grande júbilo, levou a Arca à eira de Nacom (chamada de Quidom em
1Cr.13:9). Nesse local, os bois tropeçaram e a Arca pareceu que ia cair do
carro. Um dos filhos de Abinadabe, Uzá, segurou a Arca com a mão, e o Senhor o
matou instantaneamente. Foi uma tragédia que deprimiu a todos naquele momento. Davi
se queixou ao Senhor desse juízo severo (2Sm.6:8-10).
“E Davi se contristou,
porque o SENHOR abrira rotura em Uzá; e chamou aquele lugar Perez-Uzá, até ao
dia de hoje. E temeu Davi ao SENHOR naquele dia e disse: Como virá a mim a arca
do SENHOR? E não quis Davi retirar para si a arca do SENHOR, para a Cidade de
Davi; mas Davi a fez levar à casa de Obede-Edom, o geteu”.
Por que essa atitude, aparentemente normal,
não teve a aprovação de Deus?
·
Porque
a Arca não podia ser tocada, nem mesmo pelos sacerdotes (Nm.4:15). A
Arca era a representação visível de Deus com a qual os homens teriam contato
mais próximo até Jesus vir. Uzá desconsiderou esse fato, e sua morte foi uma
lição duradoura para os israelitas levarem a sério a glória de Deus. Nós somos
sinceros quando oramos “Santificado seja o teu nome”?
·
Porque
a Arca fora conduzida de forma errada. De acordo com a orientação
divina, a Arca deveria ser transportada pelos levitas (Êx.25:14; Dt.31:25;
Js.3:3), e não por meio de carros puxados por bois. Aquele carro de bois não
deveria fazer parte do cortejo sagrado (2Sm 6:6,7).
Hoje, em muitos lugares, há aqueles que pregam
o evangelho, utilizando-se de "carros de bois” - inserindo inovações e
modismos contrários aos ensinos da Palavra de Deus. Tais pessoas têm até boas
intenções, todavia, o que elas realmente desejam é adequar o evangelho à
cultura secular. Às vezes, não percebem que estão misturando o sagrado com o
profano. Portanto, na adoração ao Senhor, devemos obedecer aos mandamentos das
Escrituras de modo irrestrito, sem as muletas da inovação e dos modismos.
Por um tempo, Davi desistiu da ideia de levar
a Arca à Cidade e deixou-a na casa de um homem chamado Obede-Edom,
provavelmente perto de Jerusalém. Durante os três meses que a Arca permaneceu
ali, o Senhor abençoou ricamente aquela casa.
Veja a grande diferença entre a casa de
Abinadabe a casa de Obede-Edom. Na primeira, houve maldição, na segunda ouve
bênçãos. Estas duas casas referem-se os dois tipos de igrejas locais na
atualidade: a secular e a ortodoxa; a que segue os ditames do mundo e a que
segue os ditames da Palavra de Deus; uma propensa a receber maldição, a outra a
receber bênçãos de Deus. Pergunto: qual é a nossa Igreja?
Quando Davi soube da benção de Deus derramada
na casa de Obede-Edom, ele decidiu levar a Arca de Deus para Jerusalém
(2Sm.6:12-15). De acordo com o relato de 1Crônicas 15:13-15, ao longo desses
três meses, Davi estudou as Escrituras Sagradas para descobrir a forma correta
de transportar a Arca. Dessa vez, ela foi conduzida corretamente, sobre os
ombros dos levitas. Com danças nas ruas, a Arca foi levada a uma tenda
temporária na Cidade de Davi. O próprio rei estava tão alegre que dançava com
todas as suas forças diante do Senhor. Em vez de usar os trajes reais
costumeiros, estava cingido com uma estola sacerdotal de linho, que foi
criticado pela sua esposa Mical, filha de Saul (cf. 2Sm.6:16,20).
Agora, a Arca do Concerto e o Tabernáculo
estavam inseparáveis na magnífica cidade de Jerusalém. Consequentemente, o
sacerdócio, as festas sagradas, os sacrifícios, todos os ritos mosaicos
referentes ao culto foram reativados e centralizados.
Jerusalém tornara-se a capital política e
religiosa de Israel. De um lado estava o trono do rei Davi, símbolo das
conquistas políticas da nação; de outro, o Trono do Senhor, símbolo da presença
de Deus entre o Seu povo. Jerusalém tornou-se o centro da adoração e do culto
ao Senhor Jeová, ao mesmo tempo em que era o coração político do reino.
3. Jerusalém: “um cálice de tontear... uma
pedra pesada para todos os povos" (Zc.12:2,3).
Deus declarou que nos últimos dias, antes da
segunda vinda do Messias, Jerusalém se tornaria "um cálice de tontear...
uma pedra pesada para todos os povos" (Zc.12:2,3). Quando Zacarias fez
esta profecia, há mais de 2.500 anos, Jerusalém permanecia em ruínas e cheia de
animais selvagens. A profecia de Zacarias parecia conflitar com a lógica humana,
mesmo após o renascimento de Israel em 1948. Hoje, porém, exatamente como foi
profetizado, um mundo de quase sete bilhões de pessoas tem os seus olhos
voltados para Jerusalém, temendo que a próxima guerra mundial, se explodir,
seja travada sobre essa pequenina cidade. Que incrível cumprimento da profecia
de Zacarias!
Os olhos do mundo inteiro estão sobre
Jerusalém, mais do que sobre qualquer outra cidade do mundo. Jerusalém se
tornou realmente uma pedra pesada ao redor do pescoço de todas as nações do
mundo, o problema mais irritante e volátil que as Nações Unidas hoje enfrenta.
E não há explicação lógica para isso. O que os profetas hebreus declararam há
milhares de anos e que parecia absolutamente fantástico em seu tempo, está se
cumprindo hoje. Essa é apenas uma parte da evidência de que os "últimos
dias" profetizados estão chegando para nós e que a nossa geração talvez
veja o restante da profecia cumprida.
Jerusalém permanece a Cidade Eterna do mundo,
símbolo da Nova Jerusalém, que se há de estabelecer na consumação dos séculos,
quando ela será a metrópole mundial. Isso, durante o Milênio, período em que
terá muito esplendor (Is.2:3; Zc.8:22), pois Israel estará à frente das nações
que subsistirem ao seu julgamento.
“Se eu me esquecer de ti,
ó Jerusalém, esqueça-se a minha destra da sua destreza. Apegue-se-me a língua
ao paladar se me não lembrar de ti, se não preferir Jerusalém à minha maior
alegria”(Sl.137:5,6).
4. A suprema aliança davídica (2Sm.7:8-16)
Uma vez unificado o reino de Israel, e organizado o culto ao Senhor em
Jerusalém, com a presença da Arca na Tenda do Tabernáculo, Davi desejou
construir um Templo ao Senhor. Ele achou descabido habitar em sua própria casa,
enquanto a Arca do Senhor se encontrava numa Tenda. Comunicou ao profeta Natã,
portanto, a intenção de edificar uma Casa para a Arca. Ao que parece, a princípio,
Natã não consultou ao Senhor e aprovou a ideia; “Porém [...] veio a palavra do
Senhor” a ele e o informou de que Davi não teria permissão de construir um
templo para Jeová (2Sm.7:1-5).
O Senhor revelou ao profeta, ainda, a Aliança incondicional que faria com
Davi. De acordo com a Aliança, o rei teria um filho (Salomão) que construiria o
Templo; o trono do filho de Davi seria estabelecido para sempre e, quando o rei
pecasse, Deus o corrigiria, mas, em sua misericórdia, não se apartaria dele
(2Sm.7:12-15).
12. Quando teus dias
forem completos, e vieres a dormir com teus pais, então, farei levantar depois
de ti a tua semente, que procederá de ti, e estabelecerei o seu reino.
13. Este edificará uma
casa ao meu nome, e confirmarei o trono do seu reino para sempre.
14. Eu lhe serei por pai,
e ele me será por filho; e, se vier a transgredir, castigá-lo-ei com vara de
homens e com açoites de filhos de homens.
15. Mas a minha
benignidade se não apartará dele, como a tirei de Saul, a quem tirei de diante
de ti.
Deus prometeu, também, que a casa, o reino e o trono de Davi seriam
estabelecidos para sempre e que um de seus descentes se assentaria no trono
(2Sm.7:16).
“Porém a tua casa e o teu
reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será firme para Sempre
(2Sm.7:16).
A partir dessa Aliança, o povo de Israel ficou ciente de que o Messias,
aquele que viria para salvar Israel, seria descendente de Davi, daí porque a
imagem do Cristo ter ficado relacionada com a imagem do Libertador político, do
Rei, daquele que haveria de livrar Israel dos seus inimigos, imagem esta que se
intensificou a partir do cativeiro da Babilônia, quando Israel perdeu a sua
independência política, como fruto dos seus pecados, o que era explicitamente
reconhecido pelas autoridades judias (cfr. Ed.9:6-9). Até mesmo os discípulos
de Jesus, mesmo depois da ressurreição, não tinham deixado de associar a imagem
do Messias ao do libertador político (Atos 1:6).
“Aqueles, pois, que se
haviam reunido perguntaram-lhe, dizendo: Senhor, restaurarás tu neste tempo o
reino a Israel?”.
A dinastia davídica foi interrompida no cativeiro babilônico, mas será
restaurada quando Cristo, a Raiz de Davi, voltar para reinar sobre toda a
Terra.
“Disse-lhe, então, o
anjo: Maria, não temas, porque achaste graça diante de Deus, E eis que em teu
ventre conceberás, e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus. Este
será grande e será chamado Filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono
de Davi, seu pai, e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu Reino não terá
fim” (Lc.1:30-33).
III.
A GRANDEZA POLÍTICA DO REINADO DE DAVI
1. As realizações militares
A política de Davi de expulsar do reino todos os habitantes pagãos que se
rebelavam contra seu governo resultou na expansão do território de Israel. Em
2Samuel 8, observamos as vitórias de Davi sobre todos os seus inimigos em
redor.
O reino de Davi preparou o caminho para o período de maior glória em toda
a história de Israel, que foi o reinado de Salomão. Somente nestes dois
reinados, Israel ocupou todo o território prometido por Deus a Abraão
(Gn.15:18).
Uma das promessas dadas pelo Senhor a Davi foi
que os inimigos de Israel seriam derrotados e não mais o oprimiriam
(2Sm.7:10,11). Deus cumpriu esta promessa, ajudando Davi a vencer as nações que
se lhe opunham. Muitos inimigos derrotados são citados no capítulo 8. Veja
alguns:
ü Os
filisteus. Eram
um inimigo perpétuo e inveterado de Israel. Após ter conquistado Jerusalém, Davi, sob a direção divina, lançou uma
ofensiva sobre os filisteus, derrotando-os totalmente.
“E
sucedeu, depois disso, que Davi feriu os filisteus e os sujeitou; e Davi tomou
a Metegue-Amá das mãos dos filisteus” (2Sm.8:1).
Com
efeito, a partir dessa vitória de Davi sobre os filisteus, não mais se encontra
relatos de dominação dos filisteus sobre os israelitas, o que havia sido uma
constante desde a conquista da Terra Prometida. Davi terminou a tarefa de
expulsá-los, não só do território de Israel, mas mesmo das suas próprias
fronteiras. Eles habitavam em uma grande parte daquela terra, especialmente ao
sul.
Com
Davi, portanto, completa-se a obra de livramento destes terríveis inimigos, que
se iniciara com Sansão, mais de cem anos antes. O segredo da vitória de Davi
estava em sua completa submissão a Deus. Sempre consultava o Senhor antes de
enfrentar um desafio difícil ou tomar alguma decisão (2Sm.5:19).
ü Os moabitas. Eram descendentes
de Ló e que viviam ao oriente do mar morto. Eram uma ameaça militar e religiosa
constante a Israel (Nm.25:1-3; Jz.3:12-30; 1Sm.14:47). Davi eliminou os maiores
e fez dos menores servos para pagar-lhe tributo.
“Também
feriu os moabitas, e os mediu com cordel, fazendo-os deitar por terra, e os
mediu com dois cordéis para os matar, e com um cordel inteiro para os deixar em
vida; ficaram, assim, os moabitas por servos de Davi, trazendo presentes”
(2Sm.8:2).
ü O rei de Zobá,
Hadadezer, filho de Reobe. Ao ser derrotado, permitiu que se cumprisse a
promessa de Deus a Abraão que Israel iria controlar o território ao norte até o
rio Eufrates (Gn.15:18). O rei de Hamate, Toí, ao saber da vitória de Davi
sobre Hadadezer, mandou seu filho levar-lhe objetos de prata, de ouro e de
bronze para o saudar e congratular-se com ele porque era seu inimigo também
(2Sm.8:3-8).
ü Os edomitas. Eram descendentes
de Esaú (Gn.36:1), também eram grandes inimigos de Israel (veja 2Reis 8:20;
Jr.49:7-22; Ez.25:12-14). Davi os submeteu e fez deles seus servos (2Sm.8:14).
“E
pôs guarnições em Edom, em todo o Edom pôs guarnições, e todos os edomitas
ficaram por servos de Davi; e o SENHOR ajudava a Davi por onde quer que ia”.
Com as vitórias sobre os inimigos, Davi obteve
grande e valioso despojo, que ele consagrou ao Senhor. O território de Israel
se expandiu consideravelmente para o norte, sul e leste - não para o oeste
porque já terminava nas praias do mar Mediterrâneo. Esta expansão territorial
foi a maior registrada a qualquer tempo pela nação de Israel.
Davi julgava e fazia justiça a todo o seu
povo. O seu poder militar estava à altura dos grandes reinos daquele tempo, e o
país tinha uma posição estratégica no Oriente Médio que favorecia o comércio.
“Reinou, pois, Davi sobre
todo o Israel; e Davi julgava e fazia justiça a todo o seu povo” (2Sm.8:15).
2. As administrações de Davi
E Davi se ia cada vez
mais aumentando e crescendo, porque o SENHOR, Deus dos Exércitos, era com
ele" (2Sm.5:10).
Sob a liderança de Davi, o reino de Israel
experimentou um vertiginoso crescimento, que acarretou diversas mudanças em
diferentes áreas (política e espiritual), apesar da pressão dos inimigos
externos - as nações vizinhas -, e também dos conflitos internos, familiares e
governamentais.
O segredo do sucesso do reino de Davi era o
seu coração totalmente voltado para Deus e, também, graças a sua habilidade
administrativa e governamental. Ele era um líder inato, proativo, com uma visão
futurista extraordinária.
A visão de Davi deu energias ao povo de Israel
muito além do que Saul podia imaginar. Note o que a visão de Davi realizou em
favor da nação israelita.
a) Uniu
o povo (2Sm.5:1-3). Pela primeira vez em muitos anos, “todas as tribos” e
“todos os anciãos” se reuniram.
b) Forneceu
um centro de liderança (2Sm.5:4,5). Davi começou o seu reino em Hebrom, mas
desejou unir a terra dividida e liderar a partir de Jerusalém.
c) Inspirou
grandeza (2Sm.5:9,10). O sonho de Davi para Jerusalém ajudou tanto a ele quanto
ao povo a atingirem o grande alvo em conjunto.
d) Atraiu
outros à causa (2Sm.5:11,12). Depois que Davi havia conquistado Jerusalém,
outros começaram a juntar-se à causa.
e) Priorizou
o culto de adoração ao Senhor (2Sm.6:17). Ao chegar ao trono, a preocupação com
o culto ao Senhor foi prioridade na administração de Davi, e fez o que pode
para restaurar a adoração ao Senhor, e isto na capital do reino, Jerusalém. Ele
o fez estabelecendo a adoração do povo de Israel de acordo com a Lei Mosaica,
como se pode ver no ritual da Arca. Colocando a Arca, símbolo do Deus
invisível, no centro do país, Davi centralizou a adoração em Jerusalém e
preparou o caminho para o templo. Ele estabeleceu um programa elaborado para os
levitas, os quais estavam espalhados por toda a nação, fazendo com que sua
participação nos cânticos, na adoração e no ensino fosse mais efetiva.
Sem dúvida, Davi foi um rei que governou o
povo por meio dos princípios de Deus e, por esta razão, Deus o abençoou. Está
escrito em 2Samuel 5:25a: “E fez Davi assim como o Senhor lhe tinha ordenado”.
Com isso, aprendemos que, se o líder escolhido pelo Senhor para realizar a sua
obra, for fiel e obediente a Ele, o crescimento e a prosperidade (espiritual e
material) virão.
3. O Culto público.
O triunfo do reinado de Davi estava no desvelo
pelo culto ao Senhor. Esta é uma das fortes e notórias diferenças entre Davi e
Saul. Enquanto Saul não demonstrava muita preocupação com o culto ao Senhor e
com os ministros do culto, Davi comprova um zelo especial pela adoração a
Deus.
Ele otimizou a liturgia do culto dando mais
esplendor e vigor, e incentivando o povo a adorar ao Deus de Israel. Ele
procurou ser um patrono do culto religioso e com a inspiração do Espírito Santo
ele teve oportunidade de fazer uso do talento musical para escrever a letra e
compor a música de vários salmos de louvor e proféticos que passaram a ser
cantados no Tabernáculo, e mais tarde no Templo. Muitos estão transcritos para
o livro de Salmos, em nossas Bíblias.
Davi trouxe a alegria ao povo em servir ao
Senhor em seu santo Tabernáculo. No Salmo 122:1 ele declara: “Alegrei-me quando
me disseram: vamos à casa do Senhor”. A primeira pergunta que vem a nós é: o
que havia na Casa do Senhor, que gerava no coração do salmista e do povo
tamanha alegria e desejo de ir para aquele lugar? Eram os sacrifícios
oferecidos? O louvor produzido pelos levitas? Era a construção em si mesma? O
que era afinal? Havia quatro coisas pelo menos: O privilégio de estar na Casa
do Senhor; muito louvor espiritual; fidelidade e santidade de Deus, ou seja, a
sua própria presença e; a sua Palavra viva.
O desejo do Pai Celeste é que em nossas vidas
haja o mesmo anseio do rei Davi, que no salmo de número 27:4 diz: “Uma coisa
peço ao Senhor e a buscarei; que eu possa morar na Casa do Senhor todos os dias
da minha vida, para contemplar a beleza do Senhor e meditar no seu templo”.
Como vemos o Santuário e o Culto consagrado a
Deus em nossos dias? Com certeza não pode e nem deve ser o lugar de uma simples
reunião religiosa ou um encontro social de pessoas que durante as semanas ficam
distantes uma das outras devido a seus afazeres de estudo, trabalho,
compromissos diversos, etc.
Jesus, certa feita, quando Ele foi ao Templo
em Jerusalém, Ele mesmo declarou qual a real finalidade da Casa consagrada a
Deus: “a minha casa será chamada casa de oração para todas as
nações”(Mc.11:17b). Naquele Templo, vieram a Ele, cegos e coxos, e Ele os curou
(Mt.21:14).
Diante de tantas maravilhas que o Senhor Jesus
operava, as crianças não aguentaram em si de tanta alegria e começaram a
declarar: ”Hosana ao Filho de Davi” (Mt.21:15b), mas muitos religiosos da época
“indignaram-se e disseram-lhe: ouves o que estes dizem? E Jesus lhes disse:
Sim; nunca lestes: pela boca dos meninos e das criancinhas de peito tiraste o
perfeito louvor? (Mt.21:15,16). Jesus estava declarando: ”A minha casa é lugar
de oração, adoração, cura e muito louvor”.
Atualmente, o que temos visto e vivido na Casa
consagrada para culto ao Senhor? Qual a nossa intenção no culto, dar ou
receber? O culto é para o Senhor ou para os homens? Programamos o culto para
agradar a igreja ou o Senhor Jesus?
O desejo de Deus é que o culto a Ele prestado
seja não somente uma demonstração de amor à sua Pessoa, a seu Filho Jesus, e ao
seu Santo Espírito, mas, também, ser um veículo para atrair vidas ao santuário
e ali encontrarem a sua gloriosa presença, e que sejam salvas, libertas
curadas, e encontrem vida abundante.
CONCLUSÃO
A partir de um reino despedaçado, que Saul havia
deixado como herança, Davi construiu uma potência forte e unida. Quarenta anos
depois, esta seria transmitida a seu filho Salomão. O segredo do sucesso do
reino de Davi era o seu coração totalmente voltado para Deus. Foi um rei que
governou o povo de Deus por meio dos princípios da Sua Palavra e, por esta
razão, Deus o abençoou.
Pode ser que não alcancemos o sucesso terreno
de Davi, no entanto, obedecer a Deus é, certamente, a melhor e mais acertada
decisão. Há muitos crentes que são insubmissos a Deus e à sua Palavra; os tais
se esquecem que obedecer é um princípio fundamental da vida cristã. O Deus de
Davi continua o mesmo; Ele ainda requer obediência incondicional. Davi é um
exemplo de que, sem obediência a Deus, sem estar no centro de Sua vontade, o
líder não conseguirá obter o bom êxito e a expansão da Obra de Deus.
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo
Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 80. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação
Pessoal. CPAD.
Pr. Osiel Gomes. O Governo divino em mãos
humana – Liderança do povo de Deus em 1ª e 2ª Samuel. CPAD.
Bíblia da Liderança Cristã. Sociedade Bíblica
do Brasil.
Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
Roberto B. Chisholm Jr. 1 & 2 Samuel. Vida
Nova.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. Davi unifica o
Reino de Israel. PortalEBD_2009.