2º Trimestre/2016
Texto Base: Romanos 13:1-8
“Toda alma esteja sujeita às
autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as
autoridades que há foram ordenadas por Deus”.
Objetivo desta Aula:
“Conscientizar que o crente tem deveres civis, morais e espirituais para com a
sociedade na qual está inserido” (LBP).
INTRODUÇÃO
Nesta Aula, estudaremos o relacionamento do
cristão como cidadão de dois mundos: terrestre e celeste. Teremos como texto
base o capítulo 13 da Epístola aos Romanos. Em Romanos 12, o apóstolo Paulo
abordou nosso relacionamento com Deus (Rm 12:1,2), com nós mesmos (Rm 12:3-8),
com nossos irmãos (Rm 12:9-16) e com nossos inimigos (Rm 12:17-21). Agora, no
capítulo 13, ele tratará de três aspectos importantes: o relacionamento com as
autoridades (Rm 13:1-7), com a lei (Rm 13:8-10) e o comportamento do cristão
diante da iminência da volta do Senhor Jesus (Rm 13:11-14). Após dar regras de
como viver na igreja, o apóstolo agora explica no capítulo 13 de Romanos como
os cristãos podem praticar o cristianismo no mundo secular, político e
cotidiano. O cristão é um cidadão de dois mundos, de duas ordens, e Paulo
parece dizer como disse Jesus: "Dai, pois, a César que é de César e a Deus
o que é de Deus”' (Mt 22:21).
I. DEVERES CIVIS (Rm 13:1-7)
1. A natureza do Estado (Rm 13:1). “Toda alma esteja sujeita às autoridades
superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades
que há foram ordenadas por Deus”.
O Estado é o agente organizador da
sociedade. Não haverá nação sem uma sociedade organizada política, jurídica e
administrativamente, sobre uma base territorial definida. Todavia, para se
processar uma organização social não se fará com simples distribuição de
flores, de sorrisos, de conselhos, isto porque interesses terão que ser
contrariados. Daí a necessidade do agente organizador, que, no caso de uma
nação, é o Estado que necessita da força coercitiva necessária, e esta vem do
poder. Não haverá o Estado sem que haja o poder. O Estado no uso do poder
constitui o governo, e este é que vai gerir os interesses da sociedade.
Para preservar a boa ordem da sociedade é
preciso haver autoridades e sujeição a estas autoridades. De outro modo,
teríamos um Estado de anarquia, no qual ninguém sobrevive por muito tempo.
Qualquer governo é melhor que a ausência total de autoridade. Assim, Deus
instituiu o governo humano, e nenhum governo existe fora da vontade divina.
Isso não significa que Deus concorda com todos os atos de governantes humanos.
Por certo, Ele não aprova corrupção, injustiça, brutalidade e tirania. Ainda
assim, não há autoridade que não proceda de Deus.
Com relação à autoridade
constituída, Paulo destaca três aspectos importantes:
a)
A autoridade procede de Deus. Disse o apóstolo Paulo: “...
porque não há autoridade que não venha de
Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus” (Rm 13:1). Paulo
não defende aqui nenhuma forma específica de governo, mas afirma que esse
governo é uma instituição divina. É Deus quem levanta e depõe reis. É ele quem
coloca no trono aqueles que governam e os tira do trono. Ele é quem governa o
mundo e faz isso mediante as autoridades constituídas. Deus é Deus de ordem, e
não de desordem. Ele instituiu o governo, e não a anarquia.
b)
O compromisso de obedecer à autoridade – “Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores...” (Rm 13:1a). Neste
texto de Romanos 13:1, ao mencionar "autoridades superiores", Paulo
está referindo-se ao Estado, com seus representantes oficiais. A atitude que
devemos ter em relação às autoridades é sujeição. O apóstolo ainda afirma: “é necessário que lhe estejais sujeitos, não
somente por causa do temor da punição, mas também por dever de consciência“(Rm
13:5).
Segundo Hernandes Dias Lopes, a obediência à
autoridade não tem o caráter de resignada submissão inspirada por temor ou medo.
Sua obediência não se dá só por medo das consequências. Você obedece por
questão de consciência, pois aceita que a autoridade vem de Deus e, quando
obedece à autoridade, obedece a Deus. Segundo William Macdonald, Paulo escreveu
este capítulo 13 sobre a sujeição ao governo humano num período em que o infame
Nero era imperador. Foram dias difíceis para os cristãos.
Os cristãos podem viver vitoriosamente numa
democracia, numa monarquia constitucional e até mesmo sob um regime
totalitário. Os governos humanos são apenas um reflexo dos homens que os
constituem. Por isso, nenhum governo é perfeito. O único governo ideal e
perfeito será o governo do Rei e Senhor Jesus Cristo, no Milênio.
c)
A atitude de não resistir à autoridade (Rm 13:2) –
“Por isso, quem resiste à autoridade
resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a
condenação”. Paulo fala sobre uma resistência formal, planejada, proposital
e sistemática. Aquele que se lança em batalha contra a autoridade legal, atrai
sobre si castigo merecido. Essa sujeição, contudo, não implica obediência cega,
tem limites. É simplesmente uma atitude de reconhecimento das pessoas que
ocupam posição de comando numa sociedade juridicamente organizada.
A resistência que podemos ter não é ao
princípio de autoridade, mas aos desmandos da autoridade. O cristão não tem a
obrigação de obedecer às ordens do governo que o levem a pecar ou trair sua lealdade
a Jesus Cristo (Atos 5:29). Nenhum governo tem o direito de dominar a
consciência do individuo. Há ocasiões em que, ao obedecer a Deus, o cristão provocará
a ira do homem. Nesses casos, deve estar preparado para arcar com as
consequências sem se queixar. John Scott é enfático: "Se o Estado exige
aquilo que Deus proíbe, ou então proíbe o que Deus ordena, então, como
cristãos, nosso dever é claro: resistir, não sujeitar-nos, desobedecer ao
Estado a fim de obedecer a Deus (1Rs 21:3; Dn 3:18; 6:12; Mc 12:17; At 4:19;
5:29; Hb 11:23). Contudo, em nenhuma circunstância, deve se rebelar contra o
governo ou participar de complôs para derrubá-lo.
2.
O propósito do Estado (Rm 13:3,4). “Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as
más. Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela.
Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois
não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus e vingador para castigar o
que faz o mal”.
Pelo texto supracitado, o Estado tem dois
propósitos, ambos importantes, ambos fundamentais para o progresso e a paz da
sociedade.
a)
Promover o bem. O ofício
que Deus confiou ao Estado é o ofício que tem a ver com o bem e o mal. Paulo já
disse que devemos detestar o mal e apegar-nos ao bem (Rm 12:9); que não devemos
retribuir a ninguém mal por mal, mas fazer o bem perante todos os homens (Rm 12:17),
e que não devemos deixar-nos vencer pelo mal, mas vencer o mal com o bem (Rm 12:21).
Agora, ele descreve o papel que cabe ao Estado com respeito ao bem e ao mal. O
papel do Estado é promover o bem e coibir o mal (Rm 13:4).
O objetivo do governo civil não é promover o
bem-estar dos governantes, mas dos governados. Eles são ordenados e investidos
de autoridade a fim de agir como pavor para os malfeitores e louvor para
aqueles que fazem o bem. Se a autoridade é representante de Deus e se Deus é
justo e bom, a autoridade precisa compatibilizar-se com o caráter de quem ela
representa.
b)
Castigar o que pratica o mal. Além de ser “ministro de
Deus” para o nosso bem, o governante também serve a Deus aplicando castigo aos
que transgridem a lei. Deus proíbe ao cristão aplicar vingança pessoal e ordena
ao Estado fazê-lo (Rm 12:17,19). A autoridade deve ser austera no combate ao
mal, pois liberdade sem restrição resulta em anarquia. O governo não pode ser
complacente com a justiça, com o mal, com a anarquia, com as forças desintegradoras
que tentam anarquizar a sociedade.
Cabe ao Estado o exercício da autoridade
civil, a manutenção da ordem e a promoção do bem-estar público. Desta feita, o
governo não pode agir com frouxidão no castigo do mal. Ele precisa punir
exemplarmente os promotores do mal. Tem de reagir com rigor e firmeza contra
toda forma de violência, crime, suborno e corrupção (Rm 13:4; Gn 9:6; Pv
17:11,15; 20:8,26; 24:24; 25:4,5).
3.
A Igreja e o Estado (Rm 13:7). O fato de os cristãos serem
cidadãos do Céu (Fp 3:20) não os exime das responsabilidades junto ao governo
humano. Deve obediência ao Estado e obediência a Deus. Como cidadãos, as nossas
obrigações principais para om o Estado são:
a)
Políticas. Sendo um país governado por um regime democrático é
dever de todo cidadão cumprir o seu papel, exercendo o direito de escolha de
seus representantes e governantes. As obrigações legais impostas pela
constituição de um país, desde que não sejam contrárias ou colidentes com a
Bíblia Sagrada, que é a constituição do Reino de Deus, precisam e devem ser
cumpridas. Biblicamente, a ideia de dividir a população da terra em povos e
nações não foi do homem, mas, sim de Deus. Até onde sabemos não há qualquer
veto bíblico ao processo de escolha de nossos governantes, inclusive pelo voto,
e nenhuma proibição à prestação do serviço militar, muito menos de seguir a
carreira militar.
b)
Contributivas. Pagar impostos é um dever de todo o
cidadão, e fazendo assim estamos obedecendo à orientação de Jesus: “Dai a César
o que é de César...”(Lc 20:25). Exorta Paulo: “Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem
imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra” (Rm 13:7).
O apóstolo Paulo determina que o salvo, em
primeiro lugar, como verdadeiro cidadão, leve em conta os seus deveres,
cumprindo-os rigorosamente, a fim de que seja exemplo para os demais
concidadãos, sejam eles crentes ou não. Começa pelo dever de pagamento de
tributos, que, sem dúvida, é o que mais dói em cada cidadão, notadamente na
época de Paulo, vez que era o ponto prioritário de todo o sistema de dominação
do império de Roma. Lamentavelmente, são muitos os crentes, na atualidade,
notadamente num país como o Brasil, que é o país de mais alta carga tributária
do mundo, que tentam justificar, à luz da Bíblia, a sonegação de impostos,
apelando, para tanto, para o altíssimo nível de corrupção do governo, para a
evidente falta de aplicação dos recursos nas necessidades básicas da população.
Tais argumentos, entretanto, se analisados à luz da Palavra de Deus, não têm
qualquer efeito. Paulo é claríssimo: “por esta razão também pagais tributos,
porque são ministro de Deus, atendendo sempre a isto mesmo. Portanto, dai a
cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto”
(Rm.13:6,7a).
O cumprimento de nossos deveres para com o
Estado demonstra a qualidade de nossa vida cristã e engrandece o nome do Senhor
Jesus e nos torna partícipes da manutenção da ordem publica e da promoção do
bem comum.
II. DEVERES MORAIS (Rm 13:8-10)
1. A dívida que todos devem ter. “A ninguém devais coisa alguma, a não ser o
amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei”
(Rm 13:8). A primeira parte deste versículo significa, em essência: “paguem
suas contas em dia”. Devemos livrar-nos de todas as dívidas, não negando,
ignorando ou fugindo delas, mas pagando-as. Existe apenas uma dívida de que
ninguém pode livrar-se, a dívida do amor. Orígenes, um dos personagens
relevantes no início da igreja, dizia que “a dívida de amar é permanente e
nunca a saldamos; por isso devemos pagá-la diariamente”.
A prática desenfreada de aquisição de bens
tem sido uma das marcas de nossa era materialista. Isso tem trazido diversos
problemas, inclusive para os servos de Deus, que não conseguem resistir a
determinadas “promoções imperdíveis” oferecidas pelo comércio e adentram por
endividamentos e financiamentos, sem mesmo avaliar se sua situação financeira
comportará tais compromissos. Quando esquecemos de planejar nossas finanças e
cedemos às pressões “urgentes”, para adquirir coisas supérfluas, corremos o
risco de manchar o nome do Senhor e o nosso diante dos homens. O consumismo nos
faz comprar coisa que não precisamos, com um dinheiro que não temos, para
impressionar pessoas de que não gostamos. Isso é perigoso!
Aquele que cristão diz ser precisa ser
disciplinado na administração das suas finanças a fim de honrar os seus
compromissos. O ato de comprar parece simples e prazeroso, mas não é. Exige
planejamento e reflexão. Jamais podemos comprar por impulso, sem pensar no
quanto estamos gastando. Quem compra por impulso e não segue um planejamento,
cedo ou tarde acabará tendo problemas financeiros. Devemos lembrar que honrar
os nossos compromissos contratuais é um dever cristão e isto é bastante
agradável a Deus, pois trará bom testemunho no meio em que vivemos. Você deseja
ser bem sucedido financeiramente? Então:
a)
Evite o desperdício e o supérfluo. É nossa tendência pensar
que só entre os que têm muitos bens materiais há desperdício de recursos. A
verdade, porém, é que entre a classe pobre há tantos ou mais pessoas que
desperdiçam seus recursos de forma dissoluta. Na parábola de Jesus, aquele que
menos tinha, foi quem não soube administrar sua porção. Na experiência diária
vemos que crentes sem recursos, que vivem somente do seu ordenado, são muitas
vezes aqueles que não sabem direcionar o seu dinheiro. Os pobres podem, nesse
caso, ser tão esbanjadores como os ricos, levando-se em conta as devidas
proporções.
Em João 6:12 Jesus ordenou que seus
discípulos recolhessem os alimentos que sobrara para que nada se perdessem.
Algumas vezes o orçamento acaba porque gastamos com insensatez, com aquilo que
não se deve ou não se pode gastar (Is 55:2; Lc 15:13,14).
b)
Economize, poupe e fuja das dívidas. Se os membros das nossas
igrejas fossem mais econômicos, seu dinheiro duraria mais. O mal de muitos é
não saber direcionar o seu dinheiro, é não ter método no gastar. Se tiver muito,
gastam tudo; quando não tem bastante, toma emprestado. Por isso a vida
financeira de muitos evangélicos é uma pedra de tropeço diante dos incrédulos.
Sejamos cuidadosos na maneira de gastar o nosso dinheiro, busquemos a direção
do Senhor de nossas vidas, para que Ele nos ensine a usar o pouco que nos foi
entregue. Economize comprando no estabelecimento que é mais em conta.
Racionalize os gastos com água, luz, telefone, etc. (ler Gn 41:35,36; Pv
21:20). Abra uma conta-poupança e guarde um pouco de dinheiro, por menor que
seja a quantia. Fuja das dívidas!
2. O
amor ao próximo é o cumprimento da lei – “... porque quem ama aos outros cumpriu a
lei” (Rm 13:8b). O termo usado para “amor” neste versículo significa uma
afeição profunda, abnegada e sobre-humana entre duas pessoas. Esse “amor”
sobrenatural não é despertado por nenhuma virtude na pessoa amada; é um amor
completamente imerecido. Distingue-se de todas as outras formas de amor, pois é
oferecido não apenas às pessoas amáveis, mas também aos inimigos. Certa vez
Jesus disse: “Eu, porém, vos digo: amai
os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem” (Mt 5:44). Jesus exige
que cumpramos normas diametralmente opostas ao nosso comportamento natural.
Essa ética estabelecida por Jesus só pode ser seguida por pessoas que nasceram
de novo, que entregaram todo o seu ser ao Senhor: “Porei no seu coração as minhas leis e sobre a sua mente as inscreverei”
(Hb 10:16). Um incrédulo não pode manifestar esse amor divino. Na verdade, até
mesmo o cristão não é capaz de demonstrá-lo com forças próprias. Esse amor só
pode ser expresso pelo poder do Espírito Santo que habita nos cristãos.
O apóstolo diz que quem ama o próximo tem
cumprido a lei (Rm 13:8b), ou pelo menos a parte da lei que ensina a amar nosso
semelhante. Em Romanos 13:9, o apóstolo Paulo destaca os mandamentos que
proíbem atos de desamor contra o nosso próximo: “Com efeito: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás
falso testemunho, não cobiçarás, e, se há algum outro mandamento, tudo nesta
palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”.
Ao contrário da imoralidade, o amor não
explora o corpo do outro. Ao contrário do homicídio, o amor não tira a vida do
outro. Ao contrário do furto, o amor não se apropria dos bens do outro. Ao
contrário da cobiça, o amor nem sequer cogita desejar indevidamente a
propriedade alheia.
- “e,
se há algum outro mandamento”. Paulo poderia ter mencionado outros dois
mandamentos: “não dirás falso testemunho”
e “honra teu pai e tua mãe”.
Todos eles podem ser resumidos no mesmo preceito: “amarás o teu próximo como a
ti mesmo”. Trate o seu próximo com a mesma afeição, consideração e bondade com
que você trata a si mesmo.
3.
O amor não pratica o mal contra o próximo (Rm 13:10) –
“O amor não faz mal ao próximo; de sorte
que o cumprimento da lei é o amor”. O amor não procura fazer o mal contra o
próximo. Antes, busca ativamente o bem-estar e a honra de todos. O amor é
benigno, e não maligno. O amor é altruísta, e não egoísta. O amor coloca sempre
o outro na frente do eu. O amor respeita a vida do outro, por isso quem ama não
mata. O amor respeita a honra e a família do outro, por isso quem ama não
adultera. O amor respeita os bens e a propriedade do outro, por isso quem ama
não furta. O amor respeita o bom nome do outro, por isso quem ama não se presta
ao falso testemunho. O amor não deseja o que é do outro; antes, está contente
com o que Deus lhe deu, por isso quem ama não cobiça. Portanto, quem age com
amor cumpre as exigências da segunda tábua da lei.
III. DEVERES ESPIRITUAIS (Rm 13:11-14).
Depois
de falar da conduta cristã em relação ao Estado e ao próximo, Paulo estabelece
um fundamento escatológico para essa conduta. Duas verdades são destacadas: o
discernimento do tempo em que vivemos (Rm 13:11,12a) e o discernimento da
conduta apropriada que devemos ter nesse tempo (Rm 13:12b -14).
1.
Consciência escatológica (Rm 13:11). “E isto digo, conhecendo o tempo, que é já hora de despertarmos do sono;
porque a nossa salvação está, agora, mais perto de nós do que quando aceitamos
a fé”.
Encabeçando a lista dos deveres de natureza
espiritual, Paulo apresenta um de natureza escatológica: “E isto digo, conhecendo o tempo, que é já hora de despertarmos do sono;
porque a nossa salvação está, agora, mais perto de nós do que quando aceitamos
a fé”. A volta de Jesus e a nossa plena salvação estão agora mais perto de
nós do que quando aceitamos a fé. Desta feita, os crentes devem estar alerta e
vigilantes para não serem surpreendidos. Paulo sabe que a antiga natureza
pecadora ainda irá, ocasionalmente, provocar problemas, por isso o apóstolo
pede que os destinatários da Epístola se mantenham acordados. Permanecer muito
tempo num estado de letargia espiritual, onde o pecado é tolerado e as boas
obras não são praticadas, pode levar a um coma espiritual que nos transforma em
seres irresponsáveis perante Deus. Passou a hora de dormir. É hora de acordar e
levantar-se. Escrevendo aos efésios, Paulo diz: “Desperta, ó tu que dormes,
levanta-te de entre os mortos, e Cristo te iluminará” (Ef 5:14).
Cada dia que passa nos leva mais próximo ao
instante da volta de Cristo, quando seremos conduzidos ao Céu para ficar ao seu
lado para sempre. O tempo está se acabando, portanto, precisamos utilizar cada
momento para vivermos uma vida correta diante de Deus e dos homens.
2.
Discernimento da conduta apropriada que devemos ter nesse tempo em que vivemos
(Rm 13:12b-14) - “Deixemos, pois, as
obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz. Andemos dignamente, como em
pleno dia, não em orgias e bebedices, não em impudicícias e dissoluções, não em
contendas e ciúmes; mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais
para a carne no tocante às suas concupiscências”.
Veja o argumento do Rev. Hernandes Dias Lopes,
com relação a este aspecto exortativo do apóstolo Paulo, direcionado a todos os
cristãos da igreja em Roma, bem como a todos os cristãos do tempo presente. Depois
de explicar acerca do tempo, Paulo faz algumas exortações sobre como devemos
viver nesse tempo. Paulo usa três imperativos nesta passagem: "deixemos", "revistamos" e
"andemos". Estes três
verbos governam o pensamento do apóstolo.
a)
Deixemos as obras das trevas. "Deixemos, pois, as obras das trevas e
revistamo-nos das armas da luz" (13:12b). Não basta estarmos
acordados, precisamos despojar-nos das obras das trevas. Não é suficiente
apenas tirarmos as vestes noturnas, precisamos vestir-nos das armas da luz. Um soldado
não vive de pijamas, ele se atavia com roupas próprias para o combate. A vida
cristã não é um spa espiritual, mas
um campo de batalha.
b)
Andemos como filhos da luz. "Andemos dignamente como em pleno dia, não em orgias e bebedices, não em
impudicícias e dissoluções, não em contendas e ciúmes (Rm 13:13). Paulo
passa da vestimenta adequada ao comportamento apropriado. Paulo lista aqui seis
pecados, em três pares: trata da falta de controle nas áreas da bebida, do sexo
e dos relacionamentos. Concordo com John Stott quando ele diz: "A falta de
controle próprio nas áreas de bebida, do sexo e dos relacionamentos sociais
contradiz totalmente um comportamento cristão decente”.
c)
Revistamo-nos do Senhor Jesus. "Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne
no tocante às suas concupiscências" (Rm 13:14). Em vez de viver
premeditando como satisfazer os desejos da carne, o cristão deve revestir-se do
Senhor Jesus Cristo, tornando-se semelhante a Ele. Todos os deveres cristãos
estão incluídos no "revestir-se do Senhor Jesus", em ser como Ele,
tendo aquela semelhança de temperamento e conduta resultante de estar intimamente
unido a Ele pelo Espírito Santo. Essa união proíbe a tolerância para com toda
inclinação pecaminosa. A salvação é do pecado e para a santidade. Devemos andar
como Jesus andou, falar como Jesus falou, agir come Jesus agiu, sentir como
Jesus sentiu. Jesus deve dominar-nos da cabeça aos pés!
É válido ressaltar que foram os textos de
Romanos 13:13,14 que Deus usou para converter Agostinho a Cristo e à pureza.
Quando Agostinho terminou de ler o versículo 14, entregou-se ao Senhor e, desde
então, é conhecido historicamente como “santo” Agostinho.
CONCLUSÃO
As autoridades Eclesiásticas também são
constituídas por Deus e precisam ser obedecidas. Existem crentes prontos a
obedecer às autoridades civis e militares, porém, ignoram as eclesiásticas. A
Bíblia Sagrada que manda obedecer às autoridades constituídas – “Sujeitai-vos, pois, a toda ordenança humana
por amor do Senhor, quer ao rei, como superior, quer aos governadores, como por
ele enviados para castigo dos malfeitores...” -, é a mesma Bíblia que também
diz: “Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos
a eles...” (Hb 13:17). Não importa quem seja o Pastor da Igreja, nem suas
qualidades intelectuais, ou aparência física. Se nós cremos na Bíblia, se
cremos que nossa igreja é aquela que Jesus chamou de “a minha Igreja” (Mt 16:18),
se cremos que é Jesus quem dá pastores para Sua Igreja e, se cremos que o pastor
prestará contas de seu governo ao Senhor, então devemos fazer o que a Bíblia
ordena, no sentido da obediência e sujeição. Amém?
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível
no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia
de Estudo Pentecostal.
Bíblia
de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário
Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário
do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Guia
do Leitor da Bíblia – Lawrence O. Richards
Revista
Ensinador Cristão – nº 66. CPAD.
Romanos – O Evangelho segundo Paulo. Rev. Hernandes Dias Lopes.
Hagnos.
A Mensagem de Romanos. John Stott. ABU.
Maravilhosa
Graça. José Gonçalves. CPAD.
Caramuru
Afonso Francisco. O cristão e o Estado. PortalEBD_2006.