domingo, 25 de setembro de 2011

Aula 01 -QUANDO A CRISE MOSTRA A SUA FACE

4º Trimestre/2011

Texto Básico: Ne 1:1-11
"E disseram-me: Os restantes, que não foram levados para o cativeiro, lá na província estão em grande miséria e desprezo, e o muro de Jerusalém, fendido, e as suas portas, queimadas a fogo"(Ne 1:3).

INTRODUÇÃO
Pela inefável misericórdia de Deus estamos começando mais um trimestre letivo da EBD. O tema geral é: “Neemias, integridade e coragem em tempos de crise”. Vamos estudar a vida, a obra e o ministério de Neemias. Como líder, ele enfrentou um tempo de crise espiritual e moral. Foi um homem extraordinário, usado por Deus na reconstrução dos muros de Jerusalém, quando Israel encontrava-se no cativeiro, e uma parte da nação tentava sobreviver e reconstruir a cidade que um dia fora orgulho do povo hebreu. Era um tempo de crise geral, consequência da desobediência a Deus. Deus havia advertido ao seu povo a que não seguisse os costumes dos outros povos, adorando seus deuses e desviando-se do verdadeiro Deus. Todavia, não seguiu as ordens divinas, e pagou o preço de sua desobediência. Mas Deus não se esqueceu do Seu povo. Ele utilizaria a pessoa de Neemias para restaurar a cidade de Jerusalém e deixá-la pronta para o retorno dos exilados.
O exemplo de Neemias é de um tempo muito longínquo, de milênios atrás, mas seu exemplo é de grande valor para a igreja do Senhor Jesus Cristo. Estamos percebendo uma escassez de nomes de peso na liderança na obra do Senhor. Ela nos conclama a espelhar-nos na vida, exemplo e testemunho de líderes como Neemias.
A Igreja do Senhor Jesus está vivendo, certamente, o momento mais difícil de sua história. As forças do mal querem amordaçá-la. Como destruí-la é impossível, os inimigos querem silenciá-la. Mas, confiamos no Líder Maior, que é o Senhor e Salvador Jesus Cristo, que dará vitória ao Seu povo.
I. A CRISE EM JERUSALÉM
O povo voltou para Jerusalém, mas a restauração ainda não havia acontecido. O Templo, a cidade e o povo estavam debaixo de grande miséria e opróbrio. Jerusalém estava em plena crise.
Neemias recebeu a visita de Hanani na cidadela de Susã, a residência de inverno dos reis persas, no ano 444 a.C, no vigésimo ano de Artaxerxes I (464-423), ou seja, treze anos depois de Esdras subir a Jerusalém, e 142 anos depois do cativeiro babilônico (Ed 7:7). Essa visita de Hanani foi providencial. A partir dela um novo horizonte se abriu na vida de Neemias e um novo futuro chegou para a cidade de Jerusalém. Aquele foi o kairós de Deus, o tempo da oportunidade. E Neemias não perdeu a oportunidade dada por Deus de restaurar a cidade dos seus pais.
1. Aspectos da crise em Jerusalém. A feição da crise é tenebrosa, amedrontadora. Ela se acomoda com maior incidência nos mais fracos e nos desvalidos. Para combatê-la é necessário conhecer bem a sua causa. A seguir, apresentamos alguns aspectos da crise em Jerusalém na época de Neemias.
a) Insegurança pública. Hanani disse a Neemias:
"[...] os muros de Jerusalém estão derribados" (1:3). A cidade estava desguarnecida, o povo estava sem defesa; não havia segurança; os invasores podiam entrar a qualquer hora. Um povo sem segurança sente-se vulnerável e ameaçado.
Esse é o maior problema das grandes cidades hoje. Vivemos sob o espectro do medo. Trancamo-nos dentro de casa e temos medo de sair às ruas. Há violência, arrombamentos, assaltos e sequestros. Nossas cidades estão se transformando num campo de sangue, num anfiteatro onde tombam as vítimas indefesas da criminalidade incontrolável. Nossas cidades estão sem muros e entregues ao furor de hordas de criminosos.
b) Injustiça social. Disse ainda Hanani: "[...] e as suas portas, queimadas" (1:3). Os juízes que julgavam as causas do povo ficavam junto às portas da cidade. Com suas portas queimadas, Jerusalém estava desassistida do braço repressor da lei, desprovida da ação do ministério público e sem o ministério vital dos juízes. O judiciário estava falido. Campeavam a corrupção e o desmando. Não havia lei, nem justiça.
A sociedade se desespera quando a justiça é torcida e quando aqueles que a aplicam se corrompem. O povo fica com a esperança morta quando aqueles que deviam ser os guardiões da lei mancomunam-se com esquemas criminosos para praticarem toda sorte de injustiça. As portas das nossas cidades também estão queimadas. Não somente estamos expostos às gangues do narcotráfico, aos esquemas mafiosos dos crimes de mando, aos ataques cada vez mais violentos daqueles que zombam do valor da vida e ceifam os inocentes sem que estes ofereçam resistência, mas também estamos assombrados com o conluio criminoso dos poderes constituídos, com essas forças ocultas do mal que espalham o pavor e se embriagam com o sangue da nossa gente. A tragédia que se abateu sobre Jerusalém no passado é uma dolorosa realidade também dos nossos dias.
c) Pobreza. Hanani concluiu seu relato: "Os restantes, que não foram levados para o cativeiro e se acham lá na província, estão em grande miséria..." (1:3). O povo judeu tinha voltado para Jerusalém. Cento e vinte anos haviam se passado desde que foram levados para a Babilônia, mas a pobreza ainda assolava o povo. Viviam no meio de escombros. Eles perderam o ânimo para lutar. Viviam oprimidos pelos seus inimigos. Cada um corria atrás da sua própria sobrevivência e, assim, o povo perdeu a noção de cidadania. Um povo achatado pela opressão política, esmagado sob a bota cruel da pobreza, capitula e enfrenta o maior de todos os naufrágios: o naufrágio da esperança.
d) Desprezo. Hananias conclui, dizendo: "... e desprezo" (1:3). Além de viverem numa cidade sem segurança e sem justiça; além de estarem golpeados pela pobreza, eram também ultrajados pelo desprezo. Era um povo esquecido, abandonado à sua sorte.
Maior do que a dor da pobreza é a dor do abandono. O povo estava desassistido e ainda encurralado pelos inimigos. Muitos vivem assim ainda hoje. O desprezo não dói apenas no bolso e no estômago, mas, sobretudo, na alma. Ele atinge o âmago, o íntimo. Ele tenta destruir o homem de dentro para fora.
2. Antecedentes históricos. Com a morte de Salomão, em 931 a.C, o reino de Israel foi dividido. O Reino do Norte teve dezenove reis e oito dinastias. Em um período de 209 anos, nenhum desses reis buscou a Deus, sendo todos rebeldes. Deus enviou-lhes profetas, mas os nobres e o povo não se arrependeram. Então, Deus enviou o “chicote” e os entregou nas mãos da Assíria, em 722 a.C. Eles foram levados cativos e nunca foram restaurados.
O Reino do Sul teve vinte reis na mesma dinastia davídica. Judá não aprendeu a lição do Reino do Norte e também começou a se desviar de Deus. Os reis taparam os ouvidos à voz profética, prenderam e mataram os profetas. Então, Deus os entregou nas mãos de seus inimigos. Em 586 a.C, veio Nabucodonosor contra Jerusalém, derribou os seus muros e destruiu o Santo Templo. Em seguida, os judeus foram levados cativos para a Babilônia e lá permaneceram setenta anos(Jr 25:11).
O que aconteceu com Israel nos adverte sobre uma nação que afronta o Deus vivo. Maldições, cativeiro e miséria são o resultado de um comportamento que escarnece a Deus. Nosso país está tomando um rumo perigoso. Os líderes da nação brasileira, em seus variados poderes, estão afrontando e escarnecendo da Lei de Deus. Leis infames e injustas que aprovam o que Deus condena estão tendo o apoio até do Judiciário. Nuvens negras baixam sobre nossa terra. É hora de clamar e orar para que Deus tenha misericórdia de nossa nação.
3. Deus dá o escape. A megalomaníaca Babilônia caiu. Ela confiou na sua grandeza, orgulhou-se de sua pujança e a soberba a levou ao chão. Um novo império se levantou e dominou o mundo: o Império Medo-Persa. A política desse reino era diferente. A Babilônia arrancava os súditos da sua terra e os levava cativos, enquanto, o Império Medo-Persa adotava a política de manter os súditos em seu próprio território. Instigado por Deus, o rei Ciro permite que um grupo de judeus retorne a Jerusalém, a fim de reconstruir os muros da cidade e reerguer o Santo Templo(Dn 8:3; Ed 1:1). Ele cumpre as suas promessas(Jr 29:10-14), mesmo que tenha que usar um ímpio como Ciro(vide Ed 1:1-4; Is 45:1). Sejam quais forem as circunstâncias, Deus dá sempre o escape àqueles que o honram e obedece a sua Palavra.
4. A volta com Zorobabel. De 3 milhões de pessoas que eram, ao sair do Egito, menos de 50 mil retornaram a Jerusalém, com Zorobabel, Esdras e Neemias. Muitos ficaram na Babilônia e não quiseram voltar. A geração que fora para o cativeiro já estava idosa e a que nascera na Babilônia havia se aculturado.
“O povo voltou em três levas: a) Sob a liderança de Zorobabel para reconstruir o Templo; 2) Sob a liderança de Esdras para ensinar a Lei; 3) Sob a liderança de Neemias para reconstruir os muros. Tanto Esdras como Neemias voltaram sob o governo de Artaxerxes I (465-424 a. C). Os judeus que voltaram para Jerusalém foram profundamente influenciados pela fé dos seus pais mesmo no cativeiro. A criação das sinagogas no exílio para o estudo da lei e dos profetas exerceu uma grande influência na inspiração da fé religiosa daqueles que retornaram à Jerusalém” (ELLISEN,Stanley A.Conheça melhor o Antigo Testamento).
Os que voltaram enfrentaram a proposta sedutora dos samaritanos para se associarem na reconstrução do Templo. Os judeus rejeitaram a proposta veementemente. Perceberam que os samaritanos não estavam interessados na reconstrução de Jerusalém, mas na destruição do próprio povo judeu (Ed 4:1-3; 2Rs 17:24,33,34). A rejeição foi motivada por sentimentos religiosos e não por preconceito racial (Ed 6:21). A questão não era racismo, mas fidelidade doutrinária.
A rejeição da oferta samaritana provocou forte oposição e a construção do Templo foi paralisada por ordem do rei Artaxerxes (Ed 4:11-21). Mas, com a subida de Dario ao trono, a reforma do Templo foi retomada e concluída (Ed 6). O Santo Templo foi reinaugurado em 516 a. C (Ed 6:13-22).
II. O CHAMADO DE NEEMIAS
1. Quem era Neemias.
Três fatos são dignos de destaque a respeito de Neemias:
a) O seu nome (1:1). O nome Neemias significa "aquele que consola". Neemias era um consolador, um homem de coração aberto e sensível aos problemas dos outros. Neemias era um servo de Deus, servindo ao rei da Pérsia e disposto também a servir o seu desprezado povo. Possivelmente, Neemias tenha nascido no cativeiro e tenha crescido num ambiente cercado por influências pagãs. No entanto, mesmo cercado por ambiente hostil, cresceu como um homem comprometido com Deus.
b) Sua ocupação(Ne 1:11). Neemias provavelmente não conhecia Jerusalém. Ele cresceu num contexto de politeísmo. Contudo, por causa de sua integridade, capacidade e lealdade, ocupou um cargo de grande confiança no reinado de Artaxerxes, em Susã, principal palácio e residência de inverno do monarca. Ele era copeiro do rei Artaxerxes.
Pelo grande temor que os reis tinham de ser envenenados, o copeiro era um homem de grande confiança. Ele provava o vinho do rei e cuidava dos seus aposentos. Ele supervisionava toda a alimentação do palácio e, antes de o rei ingerir qualquer bebida, devia tomar o copo, ingerindo-a ele mesmo. Isso tinha por fim demonstrar que nenhuma traição ocorrera e que, portanto, não havia perigo de envenenamento. O rei da Pérsia colocava a vida em suas mãos. Além de copeiro, ele era uma espécie de primeiro-ministro, o braço direito do rei Artaxerxes.
c) Sua empatia(Ne 1:4). Seus ouvidos estavam abertos ao clamor do seu irmão e seu coração profundamente sensível às necessidades do seu povo. Neemias vivia no luxo, mas também vivia de forma piedosa. Ele vivia com Deus e se importava com aqueles que viviam na miséria.
Jerusalém estava a 1.500 km de Susã. Neemias nunca vira antes a cidade dos seus pais, mas ele se importava com ela. Os problemas da cidade eram os seus problemas, a dor da sua gente era a sua dor. Na sua agenda havia espaço para receber aqueles que estavam sofrendo. Era um homem que tinha conhecimento, influência e poder, mas não se afastava daqueles que viviam oprimidos pelo sofrimento. Muitos homens que vivem encastelados no poder aproximam-se do povo apenas para auferir benefícios próprios; correm atrás do povo apenas à cata de votos para depois se locupletarem com lucros abusivos, esquecendo-se deliberadamente daqueles que os guindaram ao poder. Neemias caminha na direção do povo para socorrê-lo e não para explorá-lo.
2. Chamado por Deus. Conquanto o Templo estivesse funcionando conforme as leis leviticas, os muros estavam fendidos “e as suas portas queimadas a fogo”(Ne 1:1-3). Neeemias, então, sente o chamado de Deus para deixar o conforto palaciano e viajar a Jerusalém, a fim de reconstruir os muros e as portas da cidade. Isto ocorreu em 444 a. C, 14 anos após a expedição de Esdras a Jerusalém.
Bem disse o pr. Elinaldo Renovato, “Templo sem muros é igreja sem doutrina. E as portas queimadas representam o liberalismo que, infelizmente, predomina em muitas igrejas, facilitando a entrada de costumes mundanos entre os santos”.
Portanto, cumprir os propósitos de Deus é mais importante do que viver encastelado no nosso próprio conforto. Por isso, Neemias deixou sua zona de conforto, o palácio de Artaxerxes, e foi reconstruir os muros caídos de Jerusalém. O reverendo Hernandes Dias Lopes escreveu: “O verdadeiro líder é aquele que abre mão do seu conforto pessoal para lutar pelas causas do seu povo ainda que isso lhe custe a própria vida. O verdadeiro líder compreende que se um ideal é maior do que a vida, vale a pena dar a vida pelo ideal”.
O grande esportista londrino Charles Studd, ao ser questionado sobre as razões de ter abdicado da sua riqueza e sucesso para ser missionário, respondeu: "Se Jesus Cristo é Deus e morreu por mim, então nenhum sacrifício que eu faça por Ele pode ser grande demais". Moisés, Ester, Davi, Neemias e Paulo aprenderam o que é viver para realizar os propósitos do coração de Deus. E nós? Certamente, melhor do que realizar os nossos próprios “sonhos” é cumprir o soberano projeto de Deus.
3. Orando em tempos de crise – “... assentei-me e chorei”(Ne 1:4). Ao tomar conhecimento da situação lastimável do seu povo (que estavam em grande miséria e desprezo), em Jerusalém, e das condições do muro (fendido) e das portas da cidade (queimadas a fogo), Neemias derrama a sua alma em fervente oração (ler Ne 1:4-11); oração essa que foi regada com abundantes lágrimas; não somente com lágrimas, mas, também, com jejum, lamento, adoração e confissão. Em tempo de crise, não há modelo melhor a seguir pelo um líder responsável do que este.
Neemias sempre foi um homem muito ocupado, mas não tão ocupado a ponto de não ter tempo para Deus. Você encontrará dez de suas orações no livro de Neemias (1:4s; 2:4; 4:4; 5:19; 6:9,14; 13:14,22,29,31). Sua confiança estava no Todo-poderoso que ouve a atende as nossas orações.
Um dos truques do diabo é manter-nos tão ocupados que não encontramos tempo para orar. Se Neemias não fosse um homem de oração, o futuro de Jerusalém teria sido outro. A força da oração é maior do que qualquer combinação de esforços na terra. A oração move o céu, aciona o braço onipotente de Deus, desencadeia grandes intervenções de Deus na história. Quando o homem trabalha, o homem trabalha, mas quando o homem ora, Deus trabalha.
III. A INTERCESSÃO DE NEEMIAS
Neemias começa seu ministério orando. Sua oração é uma das mais significativas registradas na Bíblia. Vemos nela os elementos da adoração, petição, confissão e intercessão. Como consolador, Neemias viveu perto das pessoas; como intercessor, perto de Deus.
Um intercessor é alguém que se levanta diante do trono de Deus a favor de alguém. Esquilos foi condenado à morte pelos atenienses e estava para ser executado. Seu irmão Amintas, herói de guerra, tinha perdido a mão direita na batalha de Salamis, defendendo os atenienses. Ele entrou na corte, exatamente na hora que seu irmão estava para ser condenado e, sem dizer uma palavra, levantou o braço direito sem mão na presença de todos. Os historiadores dizem que quando os juízes viram as marcas do seu sofrimento no campo de batalha e relembraram o que ele tinha feito por Atenas, por amor a ele, perdoaram o seu irmão.
1. Ele adorou a Deus. Um intercessor aproxima-se de Deus com um profundo senso de reverência. Neemias começa a sua intercessão adorando a Deus - "Ah! Senhor, Deus dos céus, Deus grande e temível..." (v. 5). Neemias entende que Deus é o governador do mundo. Ele focaliza sua atenção na grandeza de Deus, antes de pensar na enormidade do seu problema. Um intercessor aproxima-se de Deus sabendo que Ele é soberano, onipotente, diante de quem precisamos nos curvar cheios de temor e reverência.
2. Ele intercedeu por seu povo - "Estejam, pois, atentos os teus ouvidos, e os teus olhos, abertos, para acudires à oração do teu servo, que hoje faço à tua presença, dia e noite, pelos filhos de Israel, teus servos..." (1:6). Um intercessor é alguém que se coloca na brecha a favor de alguém. Ele sente a dor dos outros em sua própria pele. Um egoísta jamais será um intercessor. Só aqueles que têm compaixão podem sentir na pele a dor dos outros e levá-la ao trono da graça. Neemias chorou, lamentou, orou e jejuou durante quatro meses pela causa do seu povo. Muitas vezes, começamos a interceder por uma causa e logo a abandonamos. Neemias, porém, orou 120 dias com choro, com jejum, dia e noite. Ele insistiu com Deus. Sua oração foi persistente e fervorosa.
3. Ele fez confissão de pecados(Ne 1:6b). Neemias orou: "[...] e faço confissão pelos pecados dos filhos de Israel, os quais temos cometido contra ti; pois eu e a casa de meu pai temos pecado". Neemias não ficou culpando o povo, mas identificou-se com ele. Um intercessor não é um acusador, jamais aponta o dedo para os outros, antes, levanta as mãos para o céu em fervente oração.
Um intercessor faz confissões específicas. Muitas confissões são genéricas e inespecíficas, por isso sem convicção de pecado e sem quebrantamento. Neemias foi específico: "Temos procedido de todo corruptamente contra ti, não temos guardado os mandamentos, nem os estatutos, nem os juízos que ordenaste a Moisés, teu servo" (1:7). Para que a oração tenha efeito, precisa ser acompanhada de confissão. Quem confessa seus pecados e os deixa alcança misericórdia (Pv 28:13).
4. Um intercessor ora e age. Os homens práticos são aqueles que oram e agem. Oração sem ação é fanatismo; ação sem oração é presunção. Neemias orou, jejuou, lamentou e chorou por 120 dias. Ele colocou essa causa diante de Deus, mas também colocou a mesma causa diante do rei. Neemias ora e toma medidas práticas: vai ao rei, informa-o sobre a condição do seu povo, faz pedido, pede cartas, verifica o problema, mobiliza o povo e triunfa sobre dificuldades e oposição.
Neemias compreende que o maior rei da terra está debaixo da autoridade e do poder do Rei dos reis. Neemias compreende que o mais poderoso monarca da terra é apenas um homem. Ele sabe que só Deus pode inclinar o coração do rei para atender ao seu pedido. Neemias compreende que a melhor maneira de influenciar os poderosos da terra é ter a ajuda do Deus todo-poderoso. Ele vai ao rei confiado no Rei dos reis. Ele conjuga oração e ação. Pela oração de Neemias um obstáculo aparentemente intransponível foi reduzido a proporções domináveis. O coração do rei se abriu, os muros foram levantados e a cidade reconstruída. A oração abre os olhos para coisas antes não vistas. Nossas orações diárias diminuem nossas preocupações diárias.
CONCLUSÃO
Neemias ergue-se como um dos maiores modelos do mundo de um líder servo. Ele continua sendo uma referência depois de mais de dois mil anos de como exercer a liderança no centro da vontade de Deus. Ele “foi um líder que orava e agia, que falava e fazia, que planejava e motivava, que confrontava e consolava, que buscava a glória de Deus e o bem do povo e não sua própria promoção. Sua vida é um exemplo, sua liderança é um estandarte, seu trabalho é um monumento. A poeira do tempo não pode apagar seus feitos. Sua abnegação e coragem são tônicos que ainda fortalecem os braços de muitos líderes. Sua piedade e engenho administrativo são faróis que alumiam a estrada daqueles que abraçam a vida pública. Sua compaixão e lágrimas pelos desassistidos de esperança são bálsamo que aliviam as feridas de muitos peregrinos. Suas orações e zelo pela verdade balizam o caminho de muitos embaixadores de Deus na História”(Dias Lopes, Hernandes – Neemias – O líder que restaurou uma nação).
Seu modelo de liderança é apropriado, oportuno e necessário nestes dias, pois atravessamos uma crise profunda de liderança no orbe evangélico e até mesmo familiar. Estamos vivendo uma epidêmica crise de identidade, em que as palavras "cristão" e "evangélico" em muito se esvaziaram de seu real significado. Nossa oração é que Deus levante líderes destemidos e comprometidos com os valores do reino de Deus; que promovam a unidade e união do povo de Deus; que sejam desprovidos de interesses egoístas; líderes de oração e de ação; líderes que promovam a restauração moral e espiritual de nossa gente. Amém!
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular(Novo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal
Revista Ensinador Cristão – nº 48.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico Beacon - CPAD
Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA
Hernandes Dias Lopes – Neemias(o líder que restaurou uma nação).

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Hoje é o dia “D”: 23 de setembro de 2011.













Neste dia,


Subirão ao palco (entenda-se: tribuna) das nações os 2 representantes das forças que constantemente se digladiam por justiça, respeito, dignidade e pelo simples direito à existência.
Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestiniana, apelará aos representantes dos países presentes para que votem a favor do reconhecimento pela ONU de um estado palestiniano em Terras de Israel.
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro do estado de Israel, defenderá o direito a que o seu povo (judeu) viva em paz e segurança, e apelará aos palestinianos para que voltem à mesa das conversações.
23 de Setembro: um dia que ficará para a História. O dia em que um satélite da NASA cairá algures na terra; o dia em que o "falso profeta", Bento XVI, se reunirá com uma comitiva de representantes judeus na Alemanha. O mesmo dia em que as forças de segurança israelitas se encontram em prevenção máxima; o mesmo dia em que os palestinianos já içam bandeiras e celebram a pseudovitória nas Nações Unidas. É neste dia que se confrontarão no palco das nações as duas forças irreconciliáveis de Isaac e Ismael, num conflito milenar que os líderes do mundo acham poder sanar a todo o custo, mas que se torna cada vez mais o foco das preocupações e atenções mundiais.
Vários atores estão “casualmente” em cena: desde Obama a Sarkosy, desde Netanyahu a Abbas, desde Bento XVI a Ahmadinejad... Qual irá liderar o trágico processo de destruição?
Só Deus sabe...
Neste dia, cada minuto conta. É o futuro da humanidade que se decidirá. Uma coisa eu sei: com todas as voltas que o mundo possa dar, é o Soberano e Eterno Deus Quem está no controle de todas as coisas, e é esse mesmo Deus Quem designou um povo, chamando-lhe de “povo eleito” para habitar numa Terra que Ele chama “Sua”.
"Por que se amotinam as nações, e os povos imaginam coisas vãs? Os reis da terra se levantam, e os príncipes juntos se mancomunam contra o Senhor e contra o Seu Ungido, dizendo: rompamos as suas ataduras e sacudamos de nós as suas cordas. Aquele que habita nos céus se rirá; o Senhor zombará deles. Então, lhes falará na Sua ira e no Seu furor os confundirá”(Salmos 2:1-5).
E, para que neste dia possamos ter alguma esperança, o Salmo conclui com estas palavras: "Bem-aventurados todos aqueles que n'Ele confiam!”.
Amém!
Fonte: http://shalom-israel-shalom.blogspot.com/

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Lições Bíblicas do 4º Trimestre de 2011






No 4º Trimestre de 2011, estaremos estudando, através das Lições Bíblicas da CPAD, sobre o tema: “NEEMIAS – Integridade e coragem em tempos de crise”. As lições serão comentadas pelo pastor Elinaldo Renovato. Os assuntos são os seguintes:
Lição 1 – Quando a crise mostra sua face.
Lição 2 – Liderança em tempos de crise.
Lição 3 – Aprendendo com as portas de Jerusalém.
Lição 4 – Como enfrentar a oposição à obra de Deus.
Lição 5 – A conspiração dos inimigos contra Neemias.
Lição 6 – Neemias lidera um genuíno avivamento.
Lição 7 – Arrependimento, a base para o conserto.
Lição 8 – O compromisso com a palavra de Deus.
Lição 9 – A organização do serviço religioso.
Lição 10 – O Exercício ministerial na casa do Senhor.
Lição 11 – O Dia de adoração e serviço a Deus.
Lição 12 – As conseqüências do jugo desigual.
Lição 13 – A integridade de um líder.


O LIVRO DE NEEMIAS



Considerações Preliminares

O livro de Neemias encerra a história do Antigo Testamento, ocasião em que os expatriados judeus foram autorizados a retornarem a seu país, estando cativos na Babilônia. Juntamente com o livro de Esdras(com o qual forma um só livro no Antigo Testamento hebraico), Neemias relata os três retornos dos exilados a Jerusalém. Esdras trata de fatos dos dois primeiros retornos (538 a.C; 457 a C), e Neemias, de fatos ligados ao terceiro(444 a C). Enquanto o enfoque de Esdras recai na reconstrução do templo, o de Neemias recai na reconstrução dos muros de Jerusalém. Os dois livros frisam a importância da renovação espiritual e da consagração a Deus e à Sua Palavra.
Neemias, um contemporâneo de Esdras, servia a corte de Artaxerxes I(rei da Pérsia), como copeiro, quando soube que os exilados que já se encontravam em Judá, estavam sob opróbrio e os muros de Jerusalém continuavam em ruínas. Depois de orar em favor da triste condição de Jerusalém, Neemias recebeu uma munificente autorização do rei Artaxerxes para viajar a Jerusalém como governador, e reedificar os muros da cidade. Como líder dinâmico ele motivou seus compatriotas a reedificar todo o muro em apenas cinquenta e dois dias, apesar da ferrenha oposição. Serviu como governador por doze anos. Depois de um breve retorno à Pérsia, exerceu um segundo mandato de governador de Judá(cf Ne 2:1; 13: 6,7).
Esdras, o sacerdote, auxiliou Neemias na promoção do avivamento e renovação espiritual do remanescente que voltara. É possível que Neemias tenha ajudado Esdras a escrever esse livro. A historicidade do livro de Neemias é confirmado por documentos antigos descobertos em 1903, chamados Papiros de Elefantina, que mencionavam Sambalate(Ne 2:19), Joanã(Ne 12:23), e a substituição de Neemias como governador em cerca de 410 a C.

Visão panorâmica

Os capítulos 1 a 7 narram o desempenho de Neemias como governador e como responsável pela reedificação dos muros de Jerusalém. O capítulo 1 revela a profunda espiritualidade de Neemias como homem de oração. Estando a serviço do rei da Pérsia, foi informado da triste situação de Jerusalém e começou zelosamente a interceder em oração, pedindo que Deus interviesse em favor da cidade e dos seus habitantes. O capítulo 2 descreve como Deus usou Artaxerxes para nomear Neemias como governador de Jerusalém, e como este chegou ali. Os capítulos 3:1 a 7:1 revelam a liderança corajosa, sábia e decisiva de Neemias ao mobilizar Jerusalém para reconstruir seus muros, e isto em apenas cinquenta e dois dias, a despeito de forte oposição dentro e fora da cidade.
A segunda metade do livro descreve: (1) a restauração espiritual que teve lugar entre os habitantes de Jerusalém, liderada por Esdras, o sacerdote(cap. 8 a 10), e (2) certos problemas nacionais abordados por Neemias(cap. 11 a 13). De muita importância para a renovação espiritual do povo, foram a leitura pública da Lei de Deus, o arrependimento do pecado e uma nova resolução do remanescente no sentido de ter em memória o seu concerto com Deus e de cumpri-lo. O último capítulo trata de reformas que Neemias iniciou durante seu segundo período de governo(cap. 13).

Características Especiais

Cinco características principais destacam-se no livro de Neemias: (1) Registra os últimos eventos da história judaica do Antigo Testamento, antes do período intertestamentário; (2) Fornece o contexto histórico de Malaquias, o último livro do Antigo Testamento, posto que Neemias e Malaquias foram contemporâneos; (3) Neemias é um excelente modelo bíblico de um líder crente no governo: um homem de coragem, sabedoria, convicção, integridade a toda prova, fé firme, compaixão pelos oprimidos, e possuidor de ricos dons de liderança e organização. Durante todos os seus anos como governador, Neemias foi um homem justo, humilde, isento de cobiça, abnegado e que não se corrompeu pela sua posição ou poder; (4) Neemias é um dos exemplos mais notáveis do Antigo Testamento de um líder que ora. Umas onze vezes, o registro descreve Neemias dirigindo-se a Deus em oração ou intercessão (vide Ne 1:4-11; 2:4; 4:4,9; 5:19; 6:9,14; 13:14,22,29,31). Foi um homem que executou tarefas que pareciam impossíveis, por causa da sua total dependência de Deus; (5) O livro ilustra de modo claro o fato de que a oração, o sacrifício, o trabalho árduo e a tenacidade operam em conjunto na realização de uma visão dada por Deus.
Fonte: Bíblia de Estudo Pentecostal

sábado, 17 de setembro de 2011

Aula 13 - A PLENITUDE DO REINO DE DEUS

Texto Básico: Isaias 11:1-9

Porque brotará um rebento do tronco de Jessé, e das suas raízes um renovo frutificará”(Is 11:1).

INTRODUÇÃO
A Plenitude do Reino de Deus é a bendita esperança da Igreja. Em breve, Jesus Cristo voltará e seu glorioso Reino será definitivamente estabelecido sobre a Terra. Na Plenitude do Reino haverá uma renovação de toda a criação, que atualmente geme esperando por este ditoso Dia(Rm 8:19-21). Durante este período, que a Bíblia chama de governo milenar de Cristo, Satanás estará preso (Ap 20:2) e o mundo gozará de uma genuína Paz que nunca houve até então. Nesse período, haverá a perfeita justiça, “e o efeito da justiça será paz, e a operação da justiça, repouso e segurança para sempre”(Is 32:17); “... a justiça e a paz se beijaram”(Sl 85:10). Nossa Esperança é a efetivação do Reino de Deus, que terá seu inicio na Segunda vinda de Cristo.
I. A PLENITUDE DO REINO: UMA BENDITA ESPERANÇA
O Senhor Jesus, na Oração Dominical, ensinou aos seus discípulos a orar assim: ”Venha o teu Reino”(Mt 6:10). A resposta desta oração será plenamente respondida quando o Senhor Jesus vier estabelecer o seu Reino Milenar, aqui na terra, juntamente com os seus santos (a Igreja glorificada).
A manifestação de Cristo, de volta para receber seu reino milenar e reinar com grande poder é retratada na Bíblia nas seguintes conexões: Salmos 2; 25; 46; 47; 50; 68;110; Isaias, capítulos 11;24;25;26;63;65; Daniel, capítulos 2;7;8;12; Joel, capítulo 3; Zacarias, capítulo 14; Mateus 19:28; At 3:21; Ap 11:15; 20:1-6, etc.
1. O que é o Milênio. “... e reinarão com Cristo durante mil anos”(Ap 20:4b). O milênio é o período de mil anos, que virá depois da Grande Tribulação, em que Jesus Cristo reinará sobre toda a Terra, como Rei dos reis e Senhor dos senhores. Será, também, Rei sobre Israel, ocupando o trono de Davi e instituindo um tempo de justiça e de paz sobre todas as nações. Será o melhor período da história de toda a humanidade. O Milênio também é um cumprimento das profecias preditas por intermédio dos profetas nas escrituras do antigo Testamento (Is 11:4-9; 60:1-62:12; Zc 14:6-9; 16-21). Portanto, todas as doutrinas que apresentam o Reino como algo apenas espiritual ou simbólico, bem como os falsos ensinamentos de que já estamos no Milênio são falsos!
É importante observar que Deus sempre reina e está no controle de todas as coisas (1Cr 16:31; Sl 99:1), mas, durante o milênio, este domínio será exercido sem qualquer oposição por parte do diabo e de seus anjos, ou seja, as condições para que o homem sirva a Deus serão as mais amplas que já houve em toda a história da humanidade.
Nesse período, o homem se relacionará com Deus através do governo pessoal de Cristo sobre a Terra, através da manifestação visível da justiça e do amor de Deus em todas as coisas. Enquanto, atualmente, Deus se mostra aos homens através da Igreja, Deus se manifesta através do reino de Deus que está em cada um dos salvos, nessa época o reino de Deus se mostrará através de todas as coisas: da Igreja glorificada, que participará do reino de Cristo juntamente com os mártires da Grande Tribulação; da natureza, que deixará de ser maldita por causa do pecado do homem, mas passará a ser a expressão do amor e da soberania divinos; e de Israel, que será, enfim, a nação sacerdotal, a propriedade peculiar de Deus dentre os povos.
Os judeus serão a cabeça federativa do governo. Cristo reinará e a glória do Senhor encherá toda a terra. A sede do governo milenial será em Israel e Jerusalém será a capital do mundo. O domínio de Cristo será universal(Is 2:2-4; 4:2,3; Jl 3:17-20; Mq 4:2).
Ele reinará em Jerusalém – “..quando o Senhor dos Exércitos reinar no monte de Sião e em Jerusalém”(Is 24:23). Quem olhar este versículo apressadamente pode pensar que se refere a Jerusalém Celestial. Mas esta aplicação não se harmoniza com as palavras do anjo que anunciou a Maria o nascimento de Jesus: “...O Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai. E reinará eternamente na casa de Jacó...”(Lc 1:32,33). Davi e Jacó morreram muitos séculos antes. Não existia mais o trono de um nem a casa de outro. A casa de Jacó é a terra que Deus deu por herança eterna aos seus descendentes, o povo de Israel. E o trono de Davi é em Jerusalém, que foi a cidade onde Davi se fortaleceu e manteve o seu trono. Jesus Cristo é descendente de Jacó e de Davi( Mt 1:1,2). O anjo afirmou que o Filho de Deus reinará em Jerusalém, e seu reino não terá fim. Entre as outras profecias confirmando o ponto referido, basta citar mais uma, de Zacarias: “...de todas as nações que vieram contra Jerusalém, subirão de ano em ano, para adorarem o Rei, o Senhor dos Exércitos...”(Zc 14:16)(Joel Leitão de Melo - Sombras, Tipos mistérios da Bíblia).
O Reino de Cristo será eterno, porque quando o Milênio se findar, o Reino do Senhor continuará para todo o sempre (Dn 7:13,14).
2. Quem estará na Terra durante o Milênio. Haverá dois grupos de povos distintos no Milênio:
a) Os crentes glorificados, que consistem dos salvos do Antigo Testamento; dos do Novo Testamento (a Igreja), e dos oriundos da Grande Tribulação(Ap 20:4). No estado glorificado, os salvos não estarão limitados à Terra. Terão o constante privilégio de acesso ao trono do Pai, no Céu. Seus corpos ressurretos não estarão limitados pelas coisas físicas como os mortais. Serão como os anjos, que por terem corpos espirituais não são limitados pela matéria. Nossos corpos serão apropriados para estarmos na Terra e no Céu. Veja o exemplo de Jesus: quando apareceu aos discípulos; quando ele foi reconhecido pela Maria Madalena; Estando entre os homens seu corpo era tão semelhante ao de um homem comum que dois de seus discípulos no caminho de Emaús, nada de mais notaram até o momento em que ele desapareceu de vez da presença deles.
b) Os povos naturais, em estado físico normal, vivendo na Terra, a saber: os judeus salvos saídos da Grande Tribulação, os gentios poupados no julgamento das nações; e o povo nascido durante o próprio Milênio.
“... Paulo sempre teve o cuidado de dizer ”nós” quando se referia aos judeus, Ef 1:12,13: ”Nós que antes havíamos esperado em Cristo...”. No verso 13 ele faz referência aos gentios, dizendo:” No qual vós, tendo ouvido a palavra da verdade, o Evangelho da salvação...”. Note-se que Paulo faz distinção entre judeu(nós) e gentio(vós). Nesta altura, dirá alguém: mas, nas suas Epístolas, Paulo escrevendo aos coríntios(gentios) deixa transparecer que as promessas com respeito ao Milênio ou reino do céu são acessíveis a todos. De fato, a Igreja participará do reino celeste, mas num estado de glória. O reino Messiânico, no entanto, é inteiramente para os judeus, ainda que todas as demais nações gozem dos benefícios do reino milenial. Com respeito ao Milênio, as promessas de Deus aos judeus são irrevogáveis, e eles as estão esperando. Os gentios, os que não tiverem a marca da besta, certamente terão privilégio e gozarão da bênção do reino do Messias(Ap 20:4). Quanto a prioridade, ela é dos judeus”(João de Oliveira – O Milênio).
3) Como estará a Igreja no Milênio e qual o seu papel? A Igreja estará glorificada na Jerusalém celeste. Essa maravilhosa Cidade foi vista por João, não na Terra, mas, descendo do Céu. É, pois, outra Jerusalém - “E levou-me em espírito a um grande e alto monte e mostrou-me a grande cidade, a Santa Jerusalém, que de Deus descia do céu”(Ap 21:10).
Esta não pode ser a velha Jerusalém terrestre; também não é o Céu, pois, João a viu descendo do Céu. Ela é “... a cidade que tem fundamento, da qual a artífice e construtor é Deus”(Hb 11:10), na qual Abraão, pela fé, esperava morar. Abraão não morou e nem irá morar, jamais, na Jerusalém terrestre. Porém, juntamente com todos os outros santos, tal como ele creu, ele morará na Jerusalém Celestial.
Ela é a cidade desejada por Paulo, quando disse: “Mas a nossa cidade está nos céus...”(Fp 3:20). Ela é “... o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo e o mesmo Deus estará com eles e será o seu Deus”(Ap 21:3).
João a viu descendo do Céu. Isto, por certo, deverá acontecer no inicio do Milênio. Ao descer do Céu, ela não tocará a Terra, mas, como um Satélite, ficará entre o céu e a terra, sobre a Jerusalém Terrestre, de onde poderá ser vista, quando, durante o Milênio, as nações e os reis da Terra subirem à Jerusalém para adorar a Deus, conforme declara Zacarias 14:16: “E acontecerá que todos os que restarem de todas as nações que vieram contra Jerusalém, subirão de ano em ano para adorarem o Rei, o Senhor dos Exércitos...”.
Da Jerusalém terrestre, acreditamos que levantarão seus olhos e verão, de longe, a Formosa Jerusalém Celestial, pois, “... não entrará nela coisa alguma que contamine e cometa abominação e mentira, mas só os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro”(Ap 21:27).
Não sabemos os detalhes de que forma a Igreja participará deste reino, sabemos apenas aquilo que o Senhor nos revelou em sua Palavra, a saber: teremos um corpo glorioso; espiritual; incorruptível; imortal (1Co 15:42-44; 53,54), e reinaremos com Cristo. Sabemos também que o Senhor Jesus, após a sua ressurreição, passou quarenta dias na Terra e apareceu aos seus discípulos e a vários irmãos (1Co 15:1-8); andou (Lc 24:15), apareceu repentinamente dentre eles estando as portas fechadas (João 20:19,20), foi tocado (Mt 28:9; Lc 24:36-40) e comeu com eles (Lc 24:41-43). Teremos igualmente um corpo glorioso (Rm 8:29,30; 1Co 15:49; 1João 3:2), sem limitações e superior a matéria (Lc 24:15,30,31,36-43; João 20:19,26,27; João 21:4-14; Fp 3:21).
Não podemos querer descobrir detalhes os quais Deus não nos revelou; para isso devemos saber apenas que existem realidades que a nossa mente jamais poderá imaginar por serem coisas sublimes e inexistentes nesta vida, as quais homem algum ou a nossa própria experiência pôde vivenciar ou ao menos ver(Dt 29:29).
4) Qual o papel de Israel no Milênio? Israel também é um povo especial para Deus, e terá uma missão exclusivamente terrena (Dt 7:6). Israel acolherá a Jesus como Senhor e Messias; Rei dos reis e Senhor dos senhores (Zc 12:10; 13:6; 14:8,9,16,20,21). Será a nação líder do mundo (Is 28:13). As nações procurarão em Israel as bênçãos do Senhor (Zc 8:22,23).
A sede do culto ao Senhor na Terra será Jerusalém. Os cultos não terão a finalidade de sacrifícios para bênçãos ou como tipos visando profecias futuras, e sim, como memoriais. É como se fosse a ceia para nós hoje.
Os Judeus e gentios vivos que entrarem no milênio, estarão no mesmo corpo que temos hoje, ou seja, não estarão em um corpo glorioso, logo, poderão multiplicar e encher a Terra novamente.
É válido ressaltar que o Antigo Testamento traz mais detalhes sobre o Milênio do que o Novo Testamento, isto se deve ao fato do Milênio ser uma promessa referente a Israel e as bênçãos do Milênio se estenderão sobre as nações da Terra partindo do governo de Jesus em Israel.
II. COMO SERÁ O MILÊNIO
a) No início,
haverá um grande derramamento do Espírito Santo. Sendo o Milênio o reino do Messias, e sendo o Espírito Santo aquele que glorifica a Cristo(João 16:14), é de se esperar um sublime e incomparável derramamento do Espírito Santo. O profeta Zacarias enfatizou muito bem o dia em que o Espírito Santo será derramado em toda a sua plenitude sobre o povo de Israel: “Mas sobre a casa de Davi, e sobre os habitantes de Jerusalém, derramarei o Espírito de graça e de súplicas; e olharão para mim, a quem traspassaram; e pranteá-lo-ão sobre ele, como quem pranteia pelo filho unigênito; e chorarão amargamente por ele, como se chora amargamente pelo primogênito”(Zc 12:10). Esse derramamento do Espírito será no momento mais cruciante da história de Israel, será quando os israelitas se virem cercados pelas nações da Terra (o exército do Anticristo e os advindos do Oriente), para destruí-los, e neste instante, sabendo que não escaparão da destruição fatal, clamarão ao Senhor por socorro. Nessa ocasião crucial, Jesus haverá de se manifestar com grande poder e majestade sobre Jerusalém e, juntamente com a sua Igreja glorificada, livrará Israel da certeira destruição. Israel pranteará, humilhado e arrependido, aceitando o Senhor Jesus, a quem rejeitaram na sua primeira vinda(Ap 1:7, Is 66:15,16; Zc 12:9,10). A leitura de Zc 12:10 dá a entender que nesse momento Israel experimentará uma grande efusão do Espírito Santo.
b) Será uma Teocracia. Cristo reinará diretamente através de seus representantes. A profecia inicial disto está em Gn 49:10. Outras referências são Isaias 1:25, 26 e Daniel 7:27. Todos os reinos da terra estarão sob o senhorio de Cristo. Cumprir-se-á em sua plenitude Filipenses 2:10,11: ”Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai”.
c) Os judeus possuirão toda a Terra Prometida. Esse território vai do Mediterrâneo ao rio Eufrates(Gn 15:18;17:8; Ex 23:31). Atualmente a maior parte da terra é um deserto seco e estéril. A fim de restaurá-lo, Deus fará fluir de sob o templo milenar um volumoso rio(Ez 47:1-12 – o mar morto será local de muitos peixes – v.10), o qual, juntamente com as copiosas chuvas que cairão, fará esse deserto florescer(Is 35:1). Haverá em Israel um vasto programa de reconstrução (Ez 36:33-36).
d) O conhecimento de Deus será Universal. Haverá abundância de salvação(Is 33:6). Os judeus serão os mensageiros do Rei(Mq 4:1-3). Os judeus realizarão um grande movimento missionário (Is 52:7). Está escrito: “... porque a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar”(Is 11:9b,34; Zc 8:22,23).
e) Prevalecerá a paz e a justiça entre as nações(Ler Mq 4:3 e Zc 9:10). Não haverá mais guerras! Haverá um desarmamento total (Is 2:4). Nada de armas, nem de serviço militar. A justiça será para todos. Ninguém se queixará de opressão ou injustiça: “Mas julgará com justiça os pobres, e decidirá com equidade a favor dos mansos da terra; ferirá a terra com vara da sua boca, e com o sopro dos seus lábios matará o perverso”(Is 11:4).
f) A vida humana será prolongada como no princípio da história humana(ler Is 65:20,22 e Zc 8:4). Haverá abundância de saúde para todos (Is 33:24). Isso em muito contribuirá para prolongar a vida(Is 33:24). Não haverá deformado, nem paralíticos, nem aleijados (Is 35:5,6). Haverá muito mais luz(Is 30:26). Isso resultará em benefícios em muitos sentidos; influenciará no clima, na vegetação. Haverá prosperidade para todos; todos terão suas casas(Is 65:20,21). Haverá um elevado índice de natalidade (Zc 8:5; 10:8). Com o prolongamento da vida e muita saúde, será elevado o índice de natalidade e a população da Terra durante o Milênio será restaurada da redução que sofreu durante a Grande Tribulação (Zc 10:8).
g) A fertilidade do solo será maravilhosa (Am 9:13,14). Os desertos desaparecerão (Is 35:1,6). Haverá muita abundância de água (Is 30:25; Jl 3:18). Haverá, pois, muita abundância de víveres e fartura para todos(Is 30:23; Jr 31:12).
h) Haverá mudança no reino animal. Será uma mudança na natureza dos animais. A ferocidade deles será removida. Não mais se atacarão, nem atacarão o homem(Ler Is 11:6-8; 65:25; Ez 35:25). Os animais passarão a comer erva como no princípio (Gn 1:30). A última exceção será a serpente que comerá o pó da terra, certamente por ter sido o instrumento da queda do homem, ato que trouxe o mal a todo o mundo.
i)Os velhos terão prazer (Is 65:21,22).
j) Durante o milênio ainda haverá morte na Terra,
pois os seus habitantes não estarão em corpo glorioso; entretanto, a morte será exceção e não regra e terá um caráter punitivo pela desobediência e rebeldia (Is 66:24).
III. O FIM DO MILÊNIO
Após os mil anos Satanás será solto por um pouco de tempo (Ap 20:1-3,7). Deus permitirá que Satanás seja solto pelas seguintes razoes:
1) Como os nascidos durante o Milênio não foram provados por não haver maldade na época, serão agora provados com a soltura de Satanás.
2) Deus quer revelar a dureza do coração do homem e sua natureza pecaminosa. Mesmo com os benefícios físicos, morais e espirituais do Milênio o homem ainda terá a audácia de se juntar a Satanás para lutar contra Cristo e os santos.
3) Satanás é incorrigível. Isto é o que Deus também provará ao soltá-lo da prisão. Solto, Satanás sairá a enganar as nações para lutarem contra Deus(Ap 20:8,9). O próprio Satanás será o líder dessa guerra. A ação será dupla: cercarão o arraial dos santos (os Judeus) e assolarão a cidade amada (Jerusalém). Cristo só intervém depois de se completar o cerco à nação de Israel; de Deus descerá fogo dos céus e os devorará (Ap 20:9). E o diabo será lançado no lago de fogo e enxofre, preparado para ele e seus anjos (Mt 25:41; Ap 20:10). A besta e o falso profeta estarão ali desde o inicio do Milênio, entregues ao seu eterno destino (Ap 19:20). Com o ato de lançar Satanás no lago de fogo, findará toda rebelião do povo da terra – findará todo pecado e toda morte na terra. Será um novo Céu e uma nova Terra.
Amém!!!!
CONCLUSÃO
No Arrebatamento,
a Igreja será removida da Terra e estará presente com Cristo por toda a Tribulação. A Igreja será julgada por suas obras no tribunal de Cristo depois do Arrebatamento e participará das bênçãos do Reino Milenar (Rm 14:10-12; 1Co 3:11-16; 4:1-5; 9.24-27; 2Co 5:10-11; 2Tm 4:8).
Em Mateus 19:28, Jesus disse aos seus discípulos que estariam com Ele no reino e reinariam sobre as 12 tribos de Israel. Além disso, em 2Timóteo 2:12, Paulo escreve: "se perseveramos, também com ele reinaremos". Em Apocalipse 20:4 aprendemos que os santos martirizados na Grande Tribulação também participarão do reinado de Cristo. Dois versículos depois, em Apocalipse 20:6, lemos que todos os que fizeram parte da primeira ressurreição reinarão com Cristo.
Já que o Céu fica acima da Terra, algumas pessoas sugerem que o papel celestial da Igreja como Noiva de Cristo é maior que qualquer papel terreno, inclusive superior ao lugar de Israel como líder das nações. Talvez seja melhor ver cada um na liderança das suas respectivas esferas, distintas, mas equivalentes – Israel na esfera terrena e a Igreja na celestial. De qualquer forma, o propósito principal do Milênio é a restauração de Israel e o reinado de Cristo sobre ele; a Igreja como Noiva de Cristo não estará ausente das atividades do Milênio.
Amém?


Com esta aula, concluímos os estudos do 3ºTrimestre/2011. Analisamos de forma detalhada a Missão Integral da Igreja. Agradeço de coração a todos aqueles que não levaram em consideração a minha pequenez pedagógica, e sim o forte desejo e amor em dar conhecimento (subsídio teológico) àqueles que se dedicam ao precioso ministério do ensino na Escola Bíblica Dominical. Vejam que a linguagem foi a mais simples possível, sem nenhum feitio acadêmico, pois o fim principal destas aulas é fazer com que os professores e alunos entendam, objetivamente, a genuína doutrina cristã, que é o alvo da EBD.
No 4ºTrimestre/2011, estudaremos a vida, a obra e o ministério de Neemias. As treze lições falam dos principais desafios do mundo contemporâneo para a liderança cristã. A Igreja do Senhor Jesus, que se constitui dos que o aceitaram como Salvador, nas igrejas locais, carece de modelos autênticos de liderança, pautados nos princípios da Palavra de Deus. Neemias fornece exemplo de vida plenamente útil à liderança eclesiástica no século presente. Minha oração é que as lições desse trimestre alcancem e abençoe milhares de vidas em nossa pátria, quiçá, além fronteiras. Então, até lá, se Deus quiser!
Amém!
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular(Novo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal
Revista Ensinador Cristão – nº 47.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Thomas Ice e Timothy Demy – O Milênio.
Caramuru Afonso Francisco – O Milênio, o reino do Messias.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Votação na ONU sobre a criação de um Estado palestino - Perguntas & Respostas










O que acontecerá na Assembleia Geral da ONU em setembro de 2011?










A Autoridade Nacional Palestina anunciou que irá propor na abertura anual da Assembleia Geral (AG) da ONU, em Nova York, uma votação em favor da criação de um Estado palestino nas fronteiras pré-1967, ou seja, Cisjordânia e Gaza, tendo Jerusalém Oriental como capital. Ainda não estão claros todos os contornos da resolução a ser apresentada, mas o fato é que com esta iniciativa a liderança palestina opta por uma saída unilateral para o conflito com Israel, abandonando as negociações e utilizando a ONU como canal para impor seu ponto de vista.

Quais as chances de esta proposta ser aprovada na Assembléia Geral?
Há 193 integrantes na ONU e, historicamente, o bloco de países islâmicos e seus aliados têm votos suficientes para impor seguidas derrotas diplomáticas a Israel. Nas últimas décadas, mais de 100 países já reconheceram o Estado palestino. Líderes palestinos dizem já ter confirmados cerca de 130 votos para setembro e esperam aumentar este número até a reunião da AG.
Como se posicionará o governo brasileiro nesta votação?
O Brasil já afirmou que votará a favor da resolução. Em um de seus últimos atos no governo, o então presidente Lula anunciou o reconhecimento do Estado palestino nas fronteiras pré-1967.






A votação na ONU significará a criação de um Estado palestino?
Não. Mesmo que os palestinos tenham aprovada sua solicitação de ingresso como país membro pleno da ONU, esta decisão depende de aprovação no Conselho de Segurança das Nações Unidas, onde cinco países são integrantes permanentes e têm direito a veto: EUA, China, Rússia, França e Reino Unido. Tudo indica que o governo norte-americano irá vetar a aceitação de um Estado palestino como integrante pleno da ONU sem que ele seja fruto de negociações com Israel.
É importante lembrar que a resolução 181, aprovada pela ONU em 1947, já previa a criação de um Estado palestino na região, ao lado de Israel. No entanto, os árabes rejeitaram a resolução e iniciaram uma guerra de extermínio contra o Estado judeu. Derrotados no campo de batalha, a liderança palestina e os países árabes tentam agora usar um mecanismo da ONU como ferramenta de pressão política.





Qual seria, então, o impacto desta votação na Assembléia Geral?
Ao promover a votação na ONU, a liderança palestina toma uma atitude unilateral e abandona o processo de paz marcado por negociações bilaterais. Marca, portanto, o fim de um processo de diálogo. Apesar das grandes dificuldades encontradas para obter um acordo definitivo, o fato é que muito já se avançou desde que israelenses e palestinos iniciaram o chamado Processo de Paz. Através de negociações, os palestinos já conseguiram, por exemplo, autonomia governamental em grande parte das áreas que desejam como Estado. A economia na Cisjordânia cresce a taxas asiáticas.

Até 2010, quando os palestinos abandonaram as negociações, diversos temas importantes estavam sendo discutidos, como fronteiras, segurança, refugiados, água e Jerusalém. A opção por ações diplomáticas unilaterais pode fazer com que a criação do Estado palestino torne-se uma realidade mais distante e não mais próxima, como deseja a Autoridade Palestina.
Israel é contra a criação de um Estado palestino?

Não. A criação de um Estado palestino que conviva pacificamente com Israel é uma realidade já aceita não apenas pelo governo, mas também pela grande maioria da sociedade israelense. Israel, no entanto, considera fundamental obter garantias de segurança. Basta lembrar que a Faixa de Gaza é controlada desde 2007 pelo Hamas, grupo palestino fundamentalista que assumiu o controle do território através de um golpe e que prega abertamente a destruição do Estado judeu. No sul do Líbano impera o Hezbolá, outra entidade fundamentalista que deseja o fim de Israel e que conta com apoio político, financeiro e militar do Irã.
Insistir em uma solução negociada não é uma desculpa utilizada por Israel para adiar indefinidamente a criação do Estado palestino?

Todas as vezes em que líderes árabes entraram em negociações com seriedade, coragem e boa vontade, conseguiram de Israel praticamente tudo o que desejavam, mesmo que isto tenha significado enormes desafios aos israelenses. Isto foi verdade nos acordos de paz com o Egito, em 1979 e com a Jordânia em 1994. Não será diferente com os palestinos, caso estes retornem à mesa de negociações e sejam capazes de assumir os difíceis compromissos necessários pelas duas partes para o estabelecimento de uma paz justa e duradoura. (Israel na Web - http://www.beth-shalom.com.br)

domingo, 11 de setembro de 2011

Aula 12 - A INTEGRIDADE DA DOUTRINA CRISTÃ

Texto Básico: 2Timóteo 3:14-14; Tito 2:1,7,10
Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra”(2Tm 3:16,17).

INTRODUÇÃO
A Bíblia Sagrada é a revelação de Deus para a humanidade. Esta revelação contém ensinos preciosos e indispensáveis para que o homem viva. Estes ensinos é que constituem a “doutrina bíblica” ou “sã doutrina”. Não pode ser confundida com costumes, que são hábitos guardados por determinados grupos de pessoas dentro de um período de tempo.
Foi fundamentada na doutrina bíblica que a Igreja primitiva em apenas três anos chegou aos pontos mais distantes do Império Romano. Em pouco tempo o evangelho foi pregado em todo o mundo de então(Rm 1:8).
Estamos vivendo tempos trabalhosos, onde muitos crentes, por falta de conhecimento bíblico, estão sendo seduzidos pelas falsas doutrinas. Sem doutrina bíblica a Igreja não tem condições de cumprir sua Missão Integral.
I. A DOUTRINA BÍBLICA E O HOMEM
Doutrina” é palavra de origem latina que significa “o ensino dos doutores”, ou seja, o “ensino dos sábios”, o “ensino de quem sabe”. No caso da Bíblia Sagrada, dizemos que a “doutrina” ou a “sã doutrina” é o ensino constante das Escrituras, fruto da inspiração do Espírito Santo aos escritores dos diversos livros bíblicos, ou seja, aquilo que Deus quer que o homem saiba para se salvar e ter a vida eterna.
Seguir a doutrina Bíblica é seguir a vontade de Deus para o homem e é por isso que muitos se têm levantado contra a doutrina, porque ela implica na renúncia do eu, na renúncia do ego, na renúncia de nós mesmos, sem o que é impossível seguir a Jesus (Mt 16:24). Daí porque Jesus foi interrogado pelo sumo sacerdote a respeito de sua doutrina (João 18:19).
A doutrina de Jesus é impressionante. Ela traz mudança de caráter e mudança de direção. Veja Mateus 7:28; 22:33. Nestas referencias de Mateus, a doutrina de Jesus é apresentada como algo que admira, que causa assombro para os ouvintes, mostrando ser algo diferente, algo que não se confundia nem com a religiosidade existente, nem com as filosofias que também faziam parte dos discursos e ensinos ministrados naquela época. A doutrina de Jesus, portanto, como se pode observar é algo que não obedece a culturas, a costumes, nem à lógica humana.
O apóstolo Paulo, em seus escritos, sempre demonstrou sua preocupação para que a doutrina tivesse sempre um espaço privilegiado não só na vida de cada crente, mas nas igrejas locais, pois entendia que ser salvo era ter adotado uma nova doutrina (Rm 6:17); que os inimigos dos crentes são os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina (Rm 16:17); que um culto não tem sentido se não houver doutrina (1Co 14:6,26); que a vida familiar deve ser construída, notadamente a educação dos filhos, pela doutrina do Senhor (Ef 6:4); que a vida do ministro está indissociavelmente vinculada ao ensino e à observância da sã doutrina (1Tm 1:3,10; 4:6,16; 5:17; 6:1,3; 2Tm 4:2,3; Tt 2:1,7,10).
1. Alimentando o rebanho de Deus com a Palavra. As igrejas locais constituem parte do rebanho de Cristo, razão porque devem ser adequadamente alimentadas. A principal obrigação do pastor é alimentar o rebanho de Deus com a Palavra de Deus. Não cabe a ele prover o alimento, mas oferecer o alimento. O alimento é a Palavra. Reter a Palavra ao povo de Deus é um grave pecado.
Infelizmente, vivemos dias difíceis; dias em que é notório o abandono do ensino da Palavra de Deus nas igrejas. Muitos dentre os crentes se dizem ser, como nos afirmam as Escrituras, terão comichões nos ouvidos e não sofrerão mais a sã doutrina (2Tm 4:3), ou seja, não quererão se dobrar aos ensinos da Palavra de Deus e os distorcerão, a fim de poderem praticar os seus pecados, construindo para si doutores que justifiquem seus pecados e iniquidades. São dias difíceis, mas nós, que conhecemos a Palavra, que fomos ensinados na boa doutrina, sabendo que estas coisas iriam mesmo acontecer, só devemos ser cautelosos e, sobretudo, submissos aos ensinos do Senhor, pois o ensino da Palavra de Deus é essencial para o crescimento espiritual do cristão.
2. Doutrina é vida(Dt 32:2). Jesus, certa feita, disse que tinha vindo para trazer vida e vida em abundância (João 10:10). Disse, também, que Ele próprio era a vida(João 14:6), bem como o pão da vida(João 6:48). Ao se dizer a vida, também disse ser a verdade (João 14:6) e a verdade é a Palavra de Deus, conforme Ele disse em outra oportunidade (João 17:17). Por isso, a doutrina, enquanto ensino da Palavra de Deus, só pode, mesmo, ser a fonte de vida, de modo que não tem qualquer sentido alguém vir a dizer que o estudo, o aprendizado da Palavra de Deus seja causa de morte (interpretando, fora de contexto e sem qualquer fundamento, a expressão “a letra mata” de 2Co 3:6). Bem ao contrário, é a doutrina quem nos desvia dos laços de morte. Só o conhecimento da doutrina da Palavra de Deus nos impede de sermos enganados pelas falsas doutrinas, heresias e modismos que proliferam cada vez com maior intensidade à medida que se aproxima o dia da volta de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
3. Doutrina e cultura. Somente através da Bíblia Sagrada teremos condições de vislumbrar os limites entre cultura e pecado, entre o certo e o errado, entre aquilo que é bom e ruim, entre o que agrada e o que não agrada a Deus. O apóstolo Paulo nos exorta contundentemente: “... E não vos conformeis com este mundo...”(Rm 12:2). "Mundo" aqui não significa o universo, a Terra e nem mesmo seus habitantes e, sim, o sistema que impera em nossa sociedade e que é contrário a Deus. É nesse sentido que o Novo Testamento fala que antes de nos convertermos nós andávamos "segundo o curso deste mundo", que "o mundo jaz no maligno" e que o diabo é "o príncipe deste mundo". Estes versos nos ensinam que quem não segue a Jesus segue o mundo e seu príncipe e que tudo que ele pensa não está moldado por Deus e Sua Palavra (1João 2:15-17, Ef 2:2).
Por isso é que Paulo nos ensina que quem se converteu está crucificado para o mundo e o mundo para ele. Em outras palavras, não dá para viver nos dois barcos. Não dá para ser cidadão de dois reinos. No reino de Deus não é permitida dupla cidadania. Nesta guerra não podemos ficar na neutralidade. É por isso também que ele afirma que não devemos nos conformar com este mundo, ou seja, tomar a forma do mundo ou nos amoldarmos a ele(Rm 12:2). Apontando na mesma direção, João nos afirma que não devemos amar o mundo nem o que nele há, porque não dá para amar a Deus e ao mundo ao mesmo tempo (1oão 2:15-17).
Alguém já disse, com propriedade, que "ou a igreja transforma o mundo ou o mundo deforma a igreja". Isto é verdadeiro, inteiramente. Aqui não dá para haver convivência pacífica. Tristemente, temos visto que a filosofia mundana vai invadindo a igreja em termos de linguagem, vestuário, gírias, ritmos, bebida, namoro, costume, modismo, etc., e nem mais temos critério para discernir tudo isso – já virou cultura. A cultura produzida pelo homem após a queda no Éden e a cosmovisão de uma sociedade não cristã são opostas aos valores ensinados pela Palavra de Deus. Portanto, o maior desafio a ser superado pela Igreja, nestes últimos dias, para não perder sua Identidade Bíblica de Noiva do Cordeiro é viver diferente do mundo. O ensino sistemático da Palavra de Deus é imprescindível.
O item 10 do Pacto de Lausame se expressa de forma advertida, assim: “... A cultura deve sempre ser julgada e provada pelas Escrituras. Porque o homem é criatura de Deus, parte de sua cultura é rica em beleza e em bondade; porque ele experimentou a queda, toda a sua cultura está manchada pelo pecado, e parte dela é demoníaca. O evangelho não pressupõe a superioridade de uma cultura sobre a outra, mas avalia todas elas segundo o seu próprio critério de verdade e justiça, e insiste na aceitação de valores morais absolutos, em todas as culturas. As missões, muitas vezes têm exportado, juntamente com o evangelho, uma cultura estranha, e as igrejas, por vezes, têm ficado submissas aos ditames de uma determinada cultura, em vez de às Escrituras...”.
II. RESISTÊNCIA À SÃ DOUTRINA
1. A inversão de valores.
Inversão de valores é colocar coisas que não têm valor algum, ou que têm pouca importância, no lugar de coisas que têm importância e valor. Coisas essenciais passam a ser secundárias, e coisas secundárias passam a ser essenciais. É uma consequência do relativismo existente em nossos dias.
Neste tempo pós-moderno, a inversão de valores está em moda. Os valores bíblico-cristãos estão sendo questionados veementemente. O homossexualismo tem sido defendido e ai do que falar contra; a autoridade dos pais está em questionamento; a disciplina aos filhos conforme os padrões bíblicos é posta em dúvida; e muitos outros. Atualmente, tem havido uma "inversão" desses valores: a ética e a moral cristãs, antes aprovadas pela sociedade, vêm sendo sistematicamente substituídas por princípios amorais mundanos (Is 5:18-25; Cl 2:8). A sociedade, de uma forma geral, encontra-se envolvida em uma forma de vida que contraria, em vários pontos, os princípios da lei de Deus.
Deus estabeleceu princípios imutáveis e absolutos, e devemos andar de acordo com seus princípios. A igreja, como representante do reino de Deus, deve apontar as distorções no mundo, mostrar a verdade e, principalmente, estar atenta para que essas mudanças não atinjam nossas igrejas. Os costumes podem até variar com o tempo, mas os princípios não. Temos que ser vigilantes e termos a compreensão que as nossas convicções têm que ser derivadas dos preceitos de Deus e não da forma de vida do mundo.
Neste tempo Pós-Moderno, o mundanismo tem invadido as igrejas de forma sorrateira. Para aqueles que não estudam a Palavra de Deus e não têm o discernimento necessário para reconhecer a linha divisória que separa o santo do profano, certamente cairão no erro, e por fim, a maldição eterna. O mundo e a igreja verdadeira são dois grupos distintos de povo. O mundo está sob o domínio de Satanás (ver João 12:31); a igreja pertence exclusivamente a Deus (Ef 5:23,24; Ap 21:2). Por isso, o crente deve separar-se do mundo. No mundo, os crentes são forasteiros e peregrinos (Hb 11:13; 1Pe 2:11). Desta feita, os crentes não devem pertencer ao mundo (João 15:19), não devem se conformar com o mundo (ver Rm 12:2), não devem amar o mundo (1João 2:15). Devem, sim, vencer o mundo (1João 5:4), odiar a iniquidade do mundo (ver Hb 1:9), morrer para o mundo (Gl 6:14) e ser libertos do mundo (Cl 1:13; Gl 1:4). Amar o mundo (1João 2:15) corrompe nossa comunhão com Deus e leva à destruição espiritual.
2. Desviando os ouvidos da verdade. Os dias em que vivemos são dias em que muitos não querem mais ouvir a Palavra de Deus, que é a Verdade(João 17:17). Por causa disto, correm atrás de “doutores conforme as suas próprias concupiscências”, pois têm comichões nos ouvidos e só ouvem aquilo que querem ouvir (2Tm 4:3). Pecam e não querem saber de deixar de pecar e, o que é pior, acham que Deus tem de aceitá-los deste jeito. Por isso, entram em estado de “mornidão espiritual”, porque “abafaram” o Espírito de Deus, sufocaram-no, fazem questão de não ter mais a Sua doce presença e companhia.
A mornidão é uma situação de mistura, um estado artificial, não existente na natureza, criado pela ação humana, que lhe causa danos e prejuízos em sua saúde e na sua própria sobrevivência. A “mornidão espiritual” não é diferente. Ela é o resultado da mistura que o homem provoca entre coisas que são de naturezas completamente opostas. Assim como o quente e o frio são contrários e não podem ser misturados sem dano, também o santo e o profano, o puro e o impuro, o certo e o errado não podem ser misturados sem dano espiritual.
A “mornidão espiritual” é, portanto, o resultado da mistura entre o puro e impuro, o limpo e o imundo, entre o santo e o pecaminoso; um comportamento que é sempre abominável aos olhos do Senhor (Ez 22:26).
3. Fábulas e mitos. Muitos hoje não ouvem mais a voz do Senhor, embora sejam religiosos. Sua vida de hipocrisia gera a cauterização da consciência, tornam-se completamente insensíveis à voz do Espírito Santo. Endurecem seus corações, apesar de ouvirem o Espírito falar, rejeitando o que diz a Bíblia a respeito(Hb 3:15; 4:7). Em vez de ouvirem a Palavra de Deus, com seus comichões de ouvidos, preferem amontoar para si doutores conforme as suas próprias concupiscências, desviando os ouvidos da verdade e voltando às fábulas (2Tm 4:3,4). Muitos destes (e até por causa disto) foram pessoas que, uma vez, realmente aceitaram a Cristo como seu único e suficiente Senhor e Salvador, mas que, ao longo do tempo, se deixaram enganar pelas suas próprias concupiscências.
Uma característica dos falsos mestres é ensinar o que as pessoas querem ouvir independentemente se estão erradas ou não (Jr 5:31; 1Rs 22:12-14). Porém, Deus age de forma diferente para conosco. Ele fala, não o que gostamos de ouvir, mas o que precisamos ouvir, e corrige-nos sempre quando estamos errados porque nos ama (Hb 12:4-13).
Que Deus nos guarde e que possamos nos manter vigilantes, não permitindo, em absoluto, que sejamos contaminados em nossas consciências, mas que elas sejam purificadas pelo sangue de Cristo (Hb 10:22), e, conservando e mantendo assim a consciência, com uma fé não fingida (1Tm 1:19; 3:9), possamos enfrentar os homens dos tempos trabalhosos e, se possível, arrebatá-los do fogo, salvando alguns (Jd 23).
III. ATITUDES EM RELAÇÃO À SÃ DOUTRINA
1. Fidelidade a Deus.
É uma das virtudes do Fruto do Espírito(Gl 5:22), e fala da lealdade e confiabilidade do crente. Assim como Deus é fiel, espera-se que seus filhos também o sejam em seus relacionamentos (1Co 4:2).
Fidelidade a Deus independe das circunstâncias
a) José
foi fiel a Deus, temeu ao Senhor, não importando o que lhe aconteceu ao longo da vida. Foi fiel a Deus na casa de seu pai, como escravo em terra estranha, na casa do cárcere como preso injustiçado e no palácio de Faraó, como governador do Egito. Esta firmeza e constância é algo que devemos reproduzir no nosso andar com Cristo até que o Senhor volte ou que nos chame para a sua glória. O Senhor é bem claro em sua carta à igreja de Esmirna, uma igreja onde não havia qualquer senão: “… Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida”(Ap 2:10).
b) Débora, a profetisa (Jz 4:4), demonstrou firmeza para servir a Deus em meio a uma geração perversa e idólatra. A sua fidelidade a Deus foi tanta que, apesar de todas as circunstâncias culturais adversas, pôde não só ser reconhecida como profetisa, mas, também, passar a julgar o povo.
Que firmeza demonstrou Débora para servir a Deus em meio a uma geração perversa. Quantas lutas Débora enfrentou, quanto teve de renunciar para se manter separada do pecado e do mundo. Mas tudo isto levou a pena, porque Deus tinha uma comunhão toda especial com a sua serva, fazendo-lhe seu porta-voz, pois, em sendo Débora profetisa, não havia segredos entre ela e Deus – “Certamente o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas”(Am 3:7).
2. Discernindo os enganos e sutilezas. Discernimento, diz o lexicógrafo (o que escreve dicionários), é a “capacidade de compreender situações, de separar o certo do errado”. Quando o homem aceita a Cristo, ele passa a ter a direção do Espírito Santo, que vem nele habitar e, a partir de então, sabe bem diferençar o que é certo e o que é errado, o que agrada a Deus do que não agrada a Deus. Esta capacidade de separação é complemento do conhecimento da Palavra, é o resultado de uma vida de comunhão e de intimidade com o Espírito Santo.
O homem espiritual tem a capacidade de discernir o que é certo e o que é errado, de avaliar as situações e verificar, em cada caso, o que deve fazer para continuar sua vida de obediência a Deus e de glorificação do Seu nome. Todo crente, portanto, tem este discernimento espiritual.
Mas, além do discernimento espiritual que é próprio e comum de todo homem espiritual, ensina-nos a Bíblia que há, também, um dom espiritual, o dom de discernimento dos espíritos (1Co 12:10). Este dom espiritual não é comum a todos os crentes, mas é um dos dons de ciência, revelação ou de conhecimento que o Espírito Santo concede a alguns crentes, para benefício de toda a igreja, com o objeto de demonstração do poder do Senhor no sustento de cada crente até aquele grande Dia.
O dom de discernimento dos espíritos é a capacidade especial que o Espírito Santo dá a alguns crentes para que julguem as manifestações espirituais que ocorrem dentro das igrejas locais, de modo a atestar se são provenientes de Deus, ou não, bem como identificar os falsos mestres e seus falsos ensinamentos que se infiltram, cada vez mais, encobertamente no meio do povo de Deus.
Nos dias de tanto engano e de tanta atuação do “espírito do anticristo”, torna-se absolutamente necessário que este dom esteja na igreja para auxílio dos crentes em geral. Se é verdade que cada salvo tem discernimento espiritual, também não é menos verdadeiro que a sutileza do nosso inimigo, a “mais astuta de todas as alimárias da terra” (Gn 3:1), é tal que não podemos ignorar os seus ardis (2Co 2:11).
Vivemos um período em que muitos querem ver sinais e maravilhas, em que o misticismo tem tomado conta de muitos ambientes, até porque o mundo pós-moderno é o mundo que busca reviver uma “religiosidade”, uma “espiritualidade”, depois do fracasso das alternativas materialistas e racionalistas que caracterizaram a Modernidade. Se os crentes adotarem esta estratégia, como muitos já o têm feito, correrão o risco de serem enganados e de se associarem às práticas mundanas, pensando estar agradando ou adorando a Deus.
Mais do que nunca, torna-se preciso que tenhamos o devido discernimento de tudo o que acontece à nossa volta e de tudo o que se quer introduzir no nosso meio. Devemos ter a mesma estrutura da igreja de Éfeso que pôs à prova os que se diziam apóstolos, mas não o eram (Ap 2:2).
3. Plenitude de vida. Recebemos vida no momento que aceitamos Jesus como nosso Salvador. Depois de salvos, porém, descobrimos que há vários degraus de alegria nesta vida. Quanto mais nos submetemos ao Espírito Santo, mais desfrutamos a vida que nos foi dada. Não somente temos vida agora, mas a temos em abundância. Isto nos faz lembrar as palavras de Jesus que disse que tinha vindo ao mundo para que seus discípulos tivessem vida e vida em abundância (João 10:10). Vida abundante, portanto, é uma vida em toda a sua plenitude, com todos os benefícios proporcionados pela comunhão com Deus.
A Bíblia fala-nos que Jó morreu, velho e farto de dias (Jó 42:17), ou seja, uma vida abundante, uma vida de qualidade, uma vida que valeu a pena ser vivida. Muitos pensam, atualmente, em uma vida de muita prosperidade quantitativa, mas não se preocupam em ter uma vida de qualidade. Deus, pelo contrário, quer nos dar uma vida feliz, uma vida que valha a pena ser vivida.
CONCLUSÃO
A integridade da doutrina cristã pode ser mantida a partir da fidelidade a Deus e sua Palavra. Quando se fala em ser fiel a Deus, incluímos um desejo profundo de estudar as Escrituras da maneira mais correta possível: com compromisso, de forma metódica e com o auxílio de bons livros que ajudem a interpretar corretamente a Palavra de Deus. O estudo metódico deve ser incentivado em prol da conservação do conteúdo doutrinário e pureza do Evangelho.
A doutrina bíblica deve ser transmitida de forma que atinja todos os aspectos da vida de um indivíduo - não apenas o espiritual. Isso garante a integridade da doutrina cristã. Ela não será íntegra se moldar o indivíduo apenas na igreja, e não influenciar sua forma de conduta fora do santuário. Uma fé que age apenas quando a pessoa está na presença de outras do mesmo culto não pode ser considerada aceitável para os que não a conhecem. Trata-se, nesse caso, de uma fé sem expressividade.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular(Novo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal
Revista Ensinador Cristão – nº 47.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Caramuru Afonso Francisco - A importância da doutrina Bíblica para a vida cristã.

domingo, 4 de setembro de 2011

Aula 11 - A INFLUÊNCIA CULTURAL DA IGREJA

Texto Básico: Gn 1:26-30
E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra”(Gn 1:28).

INTRODUÇÃO
A Igreja é um organismo vivo, o corpo de Cristo (1Co 12:27a), a universal assembléia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus (cf. Hb 12:23a). Ela se apresenta sobre a face da Terra, como uma reunião de igrejas locais, grupos sociais, que fazem parte de uma cultura, que têm tarefas a cumprir enquanto Jesus não volta para os arrebatar e os levar para estar para sempre com Ele (João 14:3; 1Ts 4:16,17). Além do mais, a Igreja é cada um de nós, seus membros em particular (I Co.12:27b), de sorte que cada um dos salvos tem, também, obrigações a cumprir perante o seu Deus enquanto Jesus não volta ou não somos chamados para a eternidade. Como servos de Deus, vivemos em sociedade e fazemos parte de uma cultura. Todavia, temos a mente de Cristo; desta feita, devemos exercer influencia sobre a cultura transformando-a segundo os valores do Evangelho de Cristo. E isso não tem a ver com a Igreja se misturando ao mundo em suas práticas. A ideia de ela exercer uma influência cultural na sociedade em geral tem a ver com a capacidade do Evangelho de atingir todas as camadas sociais por meio daqueles que estejam transmitindo a mensagem de forma dinâmica em cada um dos seus segmentos.
I. A CULTURA ANTES E APÓS A QUEDA
Quando o homem foi criado por Deus, o seu caráter era bom, até porque tudo quanto Deus fez foi muito bom (Gn 1:31). Logo quando o Senhor anuncia a criação do homem, afirma que este ser será feito à Sua imagem conforme a Sua semelhança (Gn 1:26), numa clara demonstração, pois, de que o homem teria um caráter exemplar, uma estrutura moral e espiritual que faria lembrar a do próprio Deus. É, aliás, este o significado das palavras de Salomão, ao dizer que Deus fez o homem reto (Ec 7:29).
1. A natureza da cultura humana. O texto de Gênesis 1:26-30 mostra que Deus nos criou como seres sociais que produzem cultura. Cultura é o conjunto de manifestações sociais, lingüísticas e comportamentais de um povo ou civilização. Fazem parte da cultura de um povo as seguintes atividades e manifestações: música, teatro, rituais religiosos, língua falada e escrita, mitos, hábitos alimentares, danças, arquitetura, invenções, pensamentos, formas de organização social, etc. O caráter do ser humano é sobremaneira influenciado por todos esses elementos constitutivos da cultura. Se eles não se coadunam com os princípios da Palavra de Deus, então, certamente, teremos uma cultura desviada para o mal.
Sendo imagem e semelhança de Deus, o homem era dotado de um caráter que o tornava o reflexo da glória do Senhor. Olhando para o homem, era possível enxergar o próprio caráter divino, pois o homem era uma projeção de Deus na criação. Assim como o querubim ungido, que “era perfeito nos seus caminhos, desde o dia em que foi criado até que se achou iniqüidade nele” (cf. Ez 28:15), assim também era o homem.
A primeira característica apontada por Deus neste caráter de Sua mais sublime criatura é a capacidade de liderança, o domínio sobre a criação terrena. Ao anunciar a criação, Deus disse que o homem dominaria sobre a criação terrena (Gn 1:26). Nesta posição, o homem deveria manifestar um contraste entre ele e as demais criaturas. Ele foi dotado de capacidade extraordinária para criar e desenvolver culturas, bem como extingui-las. Todavia, o fato de poder exercer domínio sobre a Criação e de desenvolver culturas não significa que o homem possa fazer o que deseja, que destrua os animais (matança de forma indiscriminada) ou polua a Terra. Como ser criado por Deus, o homem deveria usar de sabedoria na administração da terra, usando-a para habitação, para seu prazer, tendo boa alimentação a seu dispor, preservando as obras criadas, pois a criação não pertence ao homem(Sl 24:1); porém, deve tratá-la com equilíbrio. Deus criou o homem para que reinasse sobre toda a terra (Gn 1:28).
O homem ao se fazer servo do pecado(João 8:34), perdeu tal domínio sobre a Terra, nada mais fazendo senão o desejo de sua natureza pecaminosa (Rm 7:14-24), que o atrai e o leva, inevitavelmente, ao pecado (Tg 1:14,15). Seu caráter, portanto, passa a ser moldado pelo pecado, distorcendo a imagem e semelhança de Deus que lhe foram impressas no momento de sua criação. Por causa do pecado, as culturas criadas e desenvolvidas pelo ser humano estão fatalmente comprometidas pelo mal(Gn 3:5-10,17-19).
2. A cultura como beleza da criação. Uma das capacidades que diferencia o ser humano dos animais irracionais é a de produção de cultura. O ser humano é mais que criatura, pois existe entre ele e Deus uma relação mais profunda, mais significativa. Ele foi criado para viver numa situação familiar com Deus, numa íntima comunhão. Mas, devido à sua queda deliberada no Éden, transgredindo à vontade divina (1Tm 2:14), a criação ficou submissa à vaidade (Rm 8:20-22). Apesar disso, a beleza da criação ainda se reflete na capacidade que homem tem de criar e desenvolver cultura. Ainda expressamos a imagem de Deus, e o modo como o fazemos pode ser demonstrado pela nossa criatividade e maneira de construir cultuas. Este era o propósito de Deus quando criou o ser humano, e até hoje continua sendo seu propósito para nós. O plano original de Deus não foi cancelado pela queda. Ainda refletimos “por espelho”(1Co 13:12), “obscuramente”(ARA), nossa natureza original como portadores da imagem de Deus.
3. A Queda manchou a cultura humana. O homem foi criado a imagem e semelhança de Deus no sentido espiritual, porém após o pecado de Adão, o pecado manchou esta imagem divina no homem, e com isto alguns traços da imagem de Deus no homem foram perdendo o valor. Isto é melhor compreendido ao ver o pecado crescendo, e os valores morais perdendo o valor, e ver que o homem após o pecado tem uma facilidade muito grande de não cumprir suas palavras, de desrespeitar o próximo, e desobedecer ao seu Criador, e, por conseguinte, produzir culturas voltadas para o mal. A queda fatalmente manchou a cultura humana!
Será que os homens de nossos dias ainda são a imagem e semelhança de Deus? A resposta é não, pois somente a obra expiatória de Cristo poderá recuperar a imagem de Deus no homem, mediante o arrependimento dos pecados.Assim, quando o homem recebe o amor de Cristo, o apostolo Paulo afirma que o homem passa a ser uma nova criatura(2Co 5:17). A palavra nova criatura quer dizer que a primeira criação já não mais existe, a imagem do pecado que restou de Adão deixa de existir, e assim em Cristo o homem passa a ser novamente a imagem de Deus, pois tudo se faz novo.
II. EXEMPLOS BÍBLICOS DE RELACIONAMENTO CULTURAL
1. Daniel discerne a cultura babilônica.
O império babilônico era singular em belezas artísticas, arquitetônicas, literárias e científicas. Indaga retoricamente o rei Nabucodonosor: “Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para casa real?”(Dn 4:30). Nesse contexto cultural, achava-se Daniel.
Jovens longe de casa enfrentam tentações. Se cruzar a linha e violar alguns princípios ensinados pelos pais, quem vai saber? Imagine, então, jovens levados de uma maneira violenta para uma terra estranha. Eles nem sabiam se os pais ainda estavam vivos. Poderiam até duvidar do poder do Deus que serviam, pois Ele não protegeu seu povo dos ataques da Babilônia. E agora o imperador mandou que eles fossem preparados para servir no governo dele.
Daniel percebeu que alguma coisa dos alimentos e bebidas fornecidos pelo rei traria contaminação. É provável que alguns destes alimentos fossem proibidos para os judeus na lei dada no monte Sinai 800 anos antes. Como este jovem reagiu? Poderia ter oferecido desculpas, dizendo que ele não tinha controle da situação e teria que ceder às ordens do rei. Daniel não tinha controle do rei, nem do homem encarregado da responsabilidade de supervisionar os jovens em treinamento, mas tinha controle de si, e tomou a sua própria decisão. “Resolveu Daniel, firmemente, não contaminar-se com as finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; então, pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não contaminar-se” (Dn 1:8). Deus abençoou esta decisão de Daniel, e o chefe permitiu que ele e os seus companheiros fizessem uma experiência, comendo comidas mais simples durante dez dias. Deus estava com eles, e o chefe viu que progrediram mais do que os jovens que comiam os alimentos do rei.
O resultado foi favorável, mas a decisão de Daniel não foi condicionada no resultado. Ele decidiu fazer a coisa certa antes de falar com o chefe. Mesmo se este tivesse recusado o pedido do jovem, Daniel já tinha tomado a decisão. Será que nós temos a mesma convicção?
Nós enfrentamos situações em que temos que insistir em fazer a coisa certa, ou ceder às pressões de outros, até de pessoas que exercem autoridade sobre nós. Um superior no trabalho pode exigir que mintamos para um cliente, para um fornecedor, ou para o próprio governo. Se insistirmos em fazer a coisa certa e falar somente a verdade, poderemos sofrer consequências, talvez até perdendo o emprego. E não temos garantia de intervenção divina, como aconteceu com Daniel. O que faremos? Resolveremos, firmemente, não nos contaminar?
O contexto cultural da Babilônia era totalmente antagônico aos princípios morais e espirituais de Daniel, mas não contaminou e nem influenciou o seu caráter. Ele soube muito bem discernir os prós e os contras da cultura babilônica. “Quando os valores de sua fé eram desafiados, Daniel não transigia nem negociava com os seus princípios espirituais, morais e éticos (Dn 1:8; 6:6-10). Através de uma postura tão firme e corajosa, fez sobressair sua fé no Deus único e verdadeiro. É assim que devemos agir e reagir, como povo de Deus, em relação ao contexto cultural no qual estamos inseridos”.
O mundo hoje é a Babilônia de Daniel. Para entender como que a Babilônia dos nossos dias pode influenciar precisa vê-la como um sistema. O que é um Sistema? É uma forma de governo, conjunto de princípios que coopera para o funcionamento de uma organização. Trazendo para o nosso contexto o sistema estabelece os comportamentos das pessoas que ele rege. Por exemplo, o rei Nabucodonosor queria preparar Daniel para gerar uma mentalidade babilônica, ou seja, uma mentalidade segundo o sistema babilônico. Hoje, o mundo é regido por um sistema. Um sistema totalmente contrário ao padrão de Deus.
Acreditamos poder afirmar que a Babilônia dos dias de Daniel comparada à “Babilônia” destes “últimos dias”, aquela poderia ser considerada uma cidade monástica. Certamente que lá não havia “permissão legal” para que menores de 18 anos pudessem matar gente de bem, pais de famílias, estudantes, profissionais liberais, pessoas de todas as classes sociais, sem maiores consequências no presente e sem nenhuma consequência no futuro.
Lá em Babilônia os menores assassinos de hoje, seriam condenados à morte. Lá em Babilônia embora houvesse tolerância para com o relacionamento entre homossexuais, por certo o homossexualismo não era celebrado, com “orgulho”, em gigantescos desfiles, ou “paradas do orgulho gay”, prestigiadas pela presença de autoridades governamentais, como acontece na “Babilônia” destes “últimos dias”. Também, com certeza, não havia casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Havia um limite para a prática pecaminosa. Na “Babilônia” de hoje não existe este limite.
Os fatos sociais dos últimos dias, em termos do declínio espiritual, em termos da degeneração moral dos costumes, em termos de decadência social, com certeza, não encontram paralelos na história, de qualquer época. Por certo estamos vivendo naqueles dias preditos por Paulo: “Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos”(2Timóteo 3:1). Por certo que estamos, também, naqueles dias da multiplicação da iniqüidade, referidos por Jesus: “E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos se esfriará”(Mateus 24:12).
2. Paulo, Barnabé e a transformação cultural em Listra. “Deus se importa não só com a redenção das almas, mas também com a restauração de sua criação. Ele nos chama para sermos agentes não apenas de sua graça salvadora, mas também de sua graça comum. Nosso trabalho não é somente construir a Igreja, mas também construir uma sociedade para a glória de Deus”(COLSON, Charle; PEARCEY. E Agora, Como Viveremos? 2. ed. Rio de janeiro : CPAD, 2000, pp. 53,54).
Paulo e Parnabé estavam realizando sua primeira viagem missionária, e, um dia, chegaram em Listra. Lá encontraram um homem aleijado de nascença que ouviu Paulo falar e demonstrou grande interesse. Assim que ouviu a ordem de Paulo para que ficasse em pé, o paralítico saltou e andou. O milagre foi realizado em público. Ao perceberem o que havia acontecido, a multidão, inclusive o sacerdote de júpiter, ficaram tão impressionadas que começaram a adorar Barnabé como se fosse Júpiter e Paulo como fosse Mercúrio. Imaginavam que os “deuses” haviam descido à terra para fazer uma visita e assumido a forma dos dois missionários. Por algum motivo não mencionado no texto, consideraram Barnabé o deus supremo. Como Paulo era quem havia falado, tomaram-no por Mercúrio, o mensageiro de Júpiter(cf 14:8-13).
Júpiter e Mercúrio (nomes latinos dos deuses gregos de Zeus e Hermes) eram populares no mundo romano. O povo de Listra dizia que estes deuses haviam visitado a cidade uma vez. De acordo com a lenda, ninguém lhes ofereceu hospedagem, exceto um casal idoso. Por esta razão, Júpiter e Mercúrio mataram os demais habitantes e recompensaram apenas o casal. Quando os cidadãos de Listra viram os milagres operados por intermédio de Paulo e Barnabé, pensaram que os deuses lhes visitavam novamente. Ao lembrar-se da lenda, imediatamente os habitantes de Listra honraram Paulo e Barnabé e os cobriram de presentes.
Quando os missionários se deram conta de que a multidão desejava adorá-los como se fossem deuses, rasgaram suas vestes, numa expressão pública de protesto e tristeza. Então, saltaram para o meio da multidão e instaram o povo a não cometer tamanha insensatez. Explicaram que não eram deuses, mas homens, como os licaônicos. Seu objetivo era apenas proclamar as boas-novas para que as pessoas deixassem as coisas vãs e adorassem ao Deus vivo(cf 14:14,15). Após a explanação de Paulo sobre a criação(cf 14:15b – 17), o povo relutante desistiu, por fim, da idéia de oferecer sacrifícios aos servos do Senhor. Dessa forma, os dois missionários contrapuseram o Evangelho de Cristo à cultura pagã de Listra. E ali mesmo, estabeleceram uma igreja(Atos 14:21,22). Isso prova que o Evangelho tem o poder de transformar a cultura de uma sociedade por meio da prática da Palavra de Deus(veja At 17:15-34).
III. EVANGELHO, IGREJA E CULTURA
1. Evangelho e cultura.
A mensagem do Evangelho foi, é e sempre será relacionada a todas e a cada uma das culturas presentes no mundo. Por essa razão, deve ser comunicada de maneira tal que os povos possam receber, entender e experimentar com suas próprias “lentes” (características e perspectivas) culturais.
A natureza da mensagem redentora de Deus aos povos pressupõe que ela deva ser recebida, entendida e respondida por todas as culturas. Mais do que isso, ela precisa ser relevante não somente para qualquer contexto no qual as pessoas vivam, mas também para o indivíduo como um todo e tudo o que influencia o relacionamento desse indivíduo com a realidade integral da vida.
Em todas as culturas existem determinados elementos que são comuns, e que devem ser explorados pela igreja em sua tarefa missionária. Uma igreja que deseja ser relevante deve estudar o grupo que deseja alcançar e, a partir desta analise, definir o tom da palestra, o estilo litúrgico, os ritmos musicais e definir as estratégias que facilitarão o diálogo com as pessoas que ela deseja alcançar.
Em Atos 17, o apostolo Paulo fez seu célebre discurso no areópago de Atenas. Cercado pela elite intelectual daquela cidade, ele apresentou um sermão engajado, no qual citava de memória os filósofos e poetas gregos, demonstrando afinidade com os temas de predileção daqueles homens. E foi assim, começando pelos poetas gregos que o doutor dos gentios conduziu seus ouvintes a mensagem de arrependimento. Quando Paulo mencionou a ressurreição, muitos se escandalizaram e se foram, mas Dionísio e alguns dos presentes se converteram ao cristianismo(Atos 17:34). Paulo foi sábio porque soube usar a cultura em seu benefício, construindo uma ponte por meio da qual introduziu o evangelho.
2. Igreja e cultura. Há pessoas na Igreja que entendem como necessária uma separação cultural entre a comunidade cristã e a sociedade. A Igreja deve usar a cultura em favor do evangelho, mas deve rejeitar valores culturais que se opõem a mensagem cristocêntrica.
De fato, compreendemos que as práticas da Igreja e as do mundo são opostas entre si a partir de sua natureza. A Igreja é a agência do Reino de Deus na Terra, transmitindo a mensagem do Evangelho e tornando Jesus conhecido por palavras e vida, ao passo que o mundo é o campo de atuação de Satanás, onde vidas são destruídas, e as pessoas levadas a viver uma existência sem Deus, ou duvidando dEle. Por isso, a Igreja precisa se organizar para que o Evangelho faça a diferença de forma profunda neste mundo. Não precisamos esperar pelo milênio para ver isso acontecer.
Nancy Pearcey, escritora e professora de Filosofia, faz uma prévia sobre a influência do Evangelho na cultura, dando como exemplo o que acontece com os jovens quando vão à faculdade sem uma sólida formação cristã que os ajude a refutar as ideias anticristãs com as quais terão de conviver. Ela diz: "Na função de pais, pastores, professores e líderes cristãos de grupos de mocidade, vemos constantemente os jovens humilhados pela contracorrente de tendências culturais poderosas. Se tudo que lhes dermos for uma 'religião do coração', não serão bastante fortes para se oporem à isca de ideias atraentes perigosas. Os jovens crentes também precisam de uma 'religião do cérebro' - educação em cosmovisão e apologética - para equipá-los na análise e na crítica de cosmovisões concorrentes que eles encontrarão no mundo afora. Se estiverem prevenidos e armados, os jovens pelo menos terão a chance de lutar quando forem a minoria entre seus companheiros de classe ou colegas de trabalho. Educar os jovens a desenvolver uma mente cristã já não é opção; é parte indispensável do equipamento de sobrevivência", diz a professora. E continua: "O primeiro passo para formar uma cosmovisão cristã é superar esta divisão severa entre 'coração' e 'cérebro'. Temos de rejeitar a divisão da vida em uma esfera sagrada, limitada a coisas como adoração e moralidade pessoal, em oposição a uma esfera secular que inclui ciência, economia, política e o restante do cenário público. Esta dicotomia em nossa mente é a maior barreira para liberar o poder do Evangelho por toda cultura hoje" (Verdade Absoluta, CPAD, pág. 22).
3. O despertamento cultural da igreja. Os meios de comunicação tem imposto sobre a sociedade uma carga cultural completamente oposta aos valores do Evangelho. Há alguns meses passados, vimos através da mídia um vídeo que mostrou crianças portadoras de deficiências sendo enterradas vivas pelos pais em uma aldeia indígena. Para os índios daquela tribo, tal prática é aceitável. Para os antropólogos, trata-se de uma questão cultural. Para o Evangelho, aquilo é assassinato.
Na América Hispana, demonstrações de afeto dos pais para com os filhos são tidas como fraqueza, e muitos maridos, por “imposição cultural”, maltratam suas mulheres e são violentos. Para a sociedade isso é cultura, mas para o Evangelho, é pecado (ver Ef 5:25-27).
Nos EUA e na Europa, as pessoas tem desenvolvido uma tendência materialista e cética, onde o individualismo e o egoísmo são as marcas principais. O mesmo tem acontecido na América Latina, embora com menor intensidade. Este individualismo, egoísmo e ceticismo são todos nuances da cultura pós-moderna, mas são totalmente opostos ao Evangelho, que é espiritual, coletivo e altruísta. O que os modernos sociólogos chamam de cultura, a Bíblia chama de pecado.
Portanto, a abordagem que muitos missiologistas faz, de que o missionário deve coincidir totalmente com a cultura, é sofisma. O evangelho não é uma esponja que simplesmente absorve a cultura, mas um poder que redime as culturas. A Palavra de Deus nos dá claro e amplo entendimento para discernir entre valores culturais e vícios morais. Quando se ignora isso, abrem-se as portas para o sincretistimo e paganismo da religião cristã.
Jesus em sua encarnação foi judeu em todo aspecto da existência. No entanto, o fato dele mesmo ser judeu e de estar contextualizando com os judeus não o impediu de denunciar a hipocrisia dos fariseus que lavavam as mãos cerimonialmente antes de comer, quando seus corações continuavam impuros. Ele também se levantou contra o costume de consagrar seus bens ao Senhor quando parentes próximos passavam necessidade. Jesus foi missionário transcultural, mas não se submeteu incondicionalmente a cultura hebréia. Ele a redimiu.
Tudo isso nos revela que o evangelho não é apenas um agente passivo e submisso à cultura, mas um agente transformador. “O evangelho se submete à cultura na mesma proporção em que a cultura se submete ao evangelho, e desafia a cultura com a mesma intensidade que a cultura afronta a Palavra de Deus”.
CONCLUSAO
A Igreja jamais deve ignorar a missão que lhe foi dada por Deus. Se isso acontecer, a Igreja negará a sua razão de ser e está sujeita ao juízo de Deus, como aconteceu com Israel. A missão primordial da igreja no que diz respeito ao mundo é a proclamação do “evangelho do reino”, assim como fez a Igreja primitiva. Corretamente entendido, esse evangelho inclui muitas coisas importantes. Em primeiro lugar, esse evangelho é um convite a indivíduos, famílias e comunidades para se reconciliarem com Deus mediante o arrependimento e a fé em Cristo. Transformemos, pois, a cultura da sociedade com a mensagem do Evangelho.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular(Novo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal
Revista Ensinador Cristão – nº 47.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.