sexta-feira, 26 de setembro de 2014

4º TRIMESTRE DE 2014 - LIÇÕES BÍBLICAS CPAD


 


 



 

No 4º Trimestre de 2014 estudaremos, através das Lições Bíblicas da CPAD, sobre o tema: Integridade Moral e Espiritual - O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje.  As lições serão comentadas pelo pastor Elienai Cabral, e estão distribuídas sob os seguintes títulos:

Lição 1: Daniel, Nosso “Contemporâneo”.
Lição 2: A Firmeza do Caráter Moral e Espiritual de Daniel.
Lição 3: O Deus que Intervém na História.
Lição 4: A Providência Divina na Fidelidade Humana.
Lição 5: Deus Abomina a Soberba.
Lição 6: A Queda do Império Babilônico.
Lição 7: Integridade em Tempos de Crise.
Lição 8: Os Impérios Mundiais e o Reino do Messias.
Lição 9: O Prenúncio do Tempo do Fim.
Lição 10: As Setenta Semanas.
Lição 11: O Homem Vestido de Linho.
Lição 12: Um Tipo do Futuro Anticristo.
Lição 13: O Tempo da Profecia de Daniel.

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O livro de Daniel é um livro histórico e também profético. Ele descreve o passado, discerne o presente e antecipa o futuro. É um manual singular acerca da soberania de Deus na história. Trata de temas relevantes como juventude corajosa, vida acadêmica, política externa, acordos internacionais, batalha espiritual e profecia. Aborda, outrossim, temas pessoais como santidade, oração, jejum e estudo da Palavra de Deus. O livro revela extraordinários milagres de Deus, mas, sobretudo, fala de muitos homens fiéis que passaram pelo vale da morte e pelos corredores da fama sem perderem sua integridade, ainda que cercados por um ambiente com cheiro de enxofre.

O livro de Daniel é chamado de “O Apocalipse do Antigo Testamento”. Deus abriu as cortinas do futuro e revelou a Daniel os fatos que haveriam de suceder ao longo da história. Esse livro proclama-nos que as coisas acontecem porque Deus as determina.

O tema do trimestre é: “Integridade Moral e Espiritual - O Legado do Livro de Daniel”. O tema é bastante pertinente, pois estamos no fragor de uma crise avassaladora, a crise de integridade.

Segundo o Rev. Hernandes Dias Lopes (1), “a crise de integridade está presente na família, nas instituições públicas, na educação, no comércio, na política e na igreja. Falta integridade nos palácios, nas casas de leis, nos tribunais e até nas igrejas. Os problemas que atingem a sociedade contemporânea não são periféricos, eles afetam as questões cruciais. Não apenas os absolutos morais são questionados, mas também os critérios da própria verdade.

“A mensagem do livro de Daniel pode não ser popular e palatável, mas é desesperadamente necessária. Ela faz uma radiografia da própria alma, investiga os recessos do coração e lança luz nos corredores sombrios da vida. Daniel viveu num tempo em que a verdade estava sendo pisada, os valores morais estavam sendo escarnecidos e a religião tinha perdido sua integridade.

“Este livro trata da soberania de Deus na história e também do cuidado de Deus por aqueles que se agradam de temer o seu nome. Deus se importa com o destino das nações e também com o seu destino. Aquele que sustenta o universo, dirige a história e governa a igreja é o mesmo que cuida de você e lhe conduz em triunfo. Ele conhece cada célula de seu corpo e cada fio de cabelo de sua cabeça. Todos seus dias foram contados e determinados por Ele.

“Daniel é um livro histórico e profético. Olha para o passado, interpreta o presente e descobre o futuro. Nada escapa ao controle de Deus, mesmo quando Sua presença ou Sua providência parecem não ser vistas na terra. As rédeas da história não estão nas mãos dos poderosos deste mundo, mas nas mãos daquele que está assentado no alto e sublime trono.

“Daniel tem uma mensagem ética clara para nosso tempo. Revela-nos como podemos ser íntegros na adversidade ou na prosperidade. Mostra-nos como devemos confiar em Deus não simplesmente por aquilo que Ele faz, mas por quem Ele é. A mensagem de Daniel nos ensina que em vez de uma corrida frenética atrás de milagres, deveríamos buscar avidamente a integridade. Em vez de buscar sofregamente as bênçãos de Deus, deveríamos ansiar por conhecer mais profundamente o Deus das bênçãos. Deus é mais importante que Suas dádivas. O Abençoador tem mais valor que a bênção. O Doador é mais importante que a dádiva. Aqueles que conhecem a Deus são ativos e fortes e jamais se curvam diante dos homens.

“Mas, também, este livro tem uma mensagem profundamente consoladora. Ele abre a janela do tempo e mostra-nos a linda paisagem de Deus governando o mundo e conduzindo Sua igreja a um final vitorioso. Não importa se aqui cruzamos vales escuros, estradas crivadas de espinhos; não importa se aqui somos despojados dos tesouros da terra e somos banidos para as prisões; não importa se o mundo inteiro nos odeia e se o diabo lança contra nós sua fúria indômita, a igreja de Deus, selada por Deus, amada por Deus é mais que vencedora. Ela, em breve, tomará posse de sua herança. Sua herança é incorruptível e imarcescível. Sua glória é eterna. Seu destino é o céu.

“Ao estudar este livro você estará com o mapa do futuro nas mãos e saberá que o final da história já está definido: é a vitória gloriosa de Cristo e de Sua igreja”.

Meu desejo é que você saia desse trimestre mais firme na fé, mais enriquecido na graça, mais consolado pela verdade, mais ansioso pela volta do Senhor Jesus!

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(1) “DANIEL – Um homem amado no Céu” (Rev. Hernandes Dias Lopes).

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Aula 13 - A ATUALIDADE DOS ÚLTIMOS CONSELHOS DE TIAGO


3º Trimestre/2014

 
Texto Base: Tiago 5:7-20

 
“Confessai as vossas culpas uns aos outros e orai uns pelos outros, para que sareis; a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos” (Tg 5:16).

 

INTRODUÇÃO

Com esta Aula, concluímos os estudos da Epístola de Tiago. Estudamos treze temas que trouxeram substância à nossa alma e combustível à nossa fé. Depois de trazer uma palavra de encorajamento aos irmãos destinatários de sua Epístola, haja vista que passavam por tribulações ferrenhas, bem como duras exortações sobre o mundanismo que imperava dentro da Igreja, Tiago finda seus ensinos com uma consolação. Ele fala a respeito da paciência em meio às aflições e cita Jó como exemplo de vida e paciência (Tg 5:11). Segundo a visão de Tiago, a paciência pode ser considerada sob dois aspectos: condição de resistir às aflições com resignação e a capacidade de suportar as ofensas alheias. Tiago lembra aos irmãos que Jesus em breve voltará (Tg 5:8) e que toda tribulação terá o seu fim, pois desfrutaremos da misericórdia e bondade de Deus para todo o sempre.

I. O VALOR DA PACIÊNCIA E A PROIBIÇÃO DO JURAMENTO (Tg 5:7-12)

“A paciência é a virtude de suportar a injustiça, o sofrimento, as aflições, confiando a nossa vida na mão de Deus para corrigir todas as coisas na sua vinda” (Bíblia de Estudo Pentecostal).

1. O valor da paciência e da perseverança (Tg 5:7,8).Sede vós também pacientes, fortalecei o vosso coração, porque já a vinda do Senhor está próxima” (5:8).

A falta de paciência é um dos males que atormenta a humanidade, a causa de muitas doenças psíquicas, e até somáticas. Nos dias em que vivemos, em que a imediatidade e a pressa são a regra, falar em paciência soa estranho e se apresenta como um desafio, mas os salvos em Cristo Jesus, devem ter esta característica, que é mais uma das marcas do nosso Deus, que é conhecido nas Escrituras como longânimo (Nm 14:18; Sl 103:8; Jn 4:2; 2Pe 3:9).

Ninguém quer esperar, mas em qualquer lugar aonde se vá, impõe-se a necessidade de esperar. Para saber esperar é preciso ter paciência: paciência para esperar o transporte coletivo; paciência para esperar nos congestionamentos do trânsito; paciência nos bancos, nos supermercados; paciência para pagar e receber; paciência para ser atendido nos consultórios e nos hospitais, até mesmo particulares; paciência para registrar uma queixa, ou elaborar um Boletim de Ocorrência; paciência de Jó, se precisar bater às portas do Poder Judiciário; paciência para com tudo e para com todos. Todos estão prestes a explodir, mas o crente fiel precisa fazer a diferença: mostrar amor, tolerância, dar provas de paciência, pois “... o fruto do Espírito é:... paciência...”, ou longanimidade.

Há uma certa inquietação nos meios evangélicos. Falta paciência para buscar e pensar nas “...coisas que são de cima...”(Cl 3:1). Falta a paciência e a perseverança da viúva da parábola do Juiz Iníquo (Lc 18:1-8); ela permaneceu batendo e pedindo, com perseverança. Colossenses 1:9-11 ensina-nos a perseverar com paciência na fé cristã.

2. O valor da tolerância de uns para com os outros (Tg 5:9). ”Irmãos, não vos queixeis uns contra os outros, para que não sejais condenados. Eis que o juiz está à porta”.

Este texto chama os servos do Senhor a trabalhar juntos em meio às tribulações. Nos momentos de pressão é comum o ser humano se irar contra aqueles que mais ama. Daí a advertência: “Irmãos, não vos queixeis uns contra os outros, para que não sejais condenados”. À época de Tiago, como hoje, é comum a existência de queixas entre os irmãos. Isso é próprio da natureza carnal do homem. Contudo, se desejamos ter nosso “espirito, alma e corpo (...) plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 5:23), precisamos demonstrar paciência no amor fraternal, pois o amor “é benigno, é sofredor (...), tudo espera, tudo suporta” (1Co 13:7).

3. Aflição, sofrimento e juramento (Tg 5:10-12).

Aflição.Meus irmãos, tomai por exemplo de aflição e paciência os profetas que falaram em nome do Senhor (Tg 5:10).

Os profetas foram homens que andaram com Deus, ouviram a voz de Deus, falaram em nome de Deus, mas passaram também por grandes aflições. Eles trilharam o caminho estreito das provas e foram pacientes. Privilégio e provas caminharam juntos na vida dos profetas. Sofrimento e ministério caminharam lado a lado na vida dos profetas. Exemplos: Isaías não foi ouvido pelo seu povo. Ele foi serrado ao meio; Jeremias foi preso, jogado num poço e maltratado por pregar a verdade. Ele viu o cerco de Jerusalém e chorou ao ver o seu povo sendo destruído; Daniel foi banido da sua terra e sofreu pressões quando jovem. Sofreu ameaça e perseguição por causa da sua fidelidade a Deus, a ponto de ser jogado na cova dos leões.

O apóstolo Paulo diz: "E na verdade todos os que querem viver piamente em Cristo Jesus padecerão perseguições" (2Tm 3:12). Nem sempre a obediência a Deus produz vida fácil! Se a igreja for mais perseguida, será mais fiel? Não. Se ela for mais fiel será mais perseguida. Isso significa que Deus não nos poupa das aflições, mas Ele nos assiste nas aflições. Elias anunciou ao ímpio rei Acabe que a seca viria sobre Israel. Ele também sofreu as consequências da seca, mas Deus cuidou dele e lhe deu vitória sobre os ímpios.

Jesus disse: "Bem-aventurado sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa. Alegrai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram aos profetas que foram antes de vós" (Mt 5:11,12).

Quando você estiver enfrentando sofrimento, não coloque em dúvida o amor de Deus, pois pessoas que andaram com Deus como você, também passaram pelas aflições. Seja paciente!

Sofrimento. “Eis que temos por bem-aventurados os que sofreram. Ouvistes qual foi a paciência de Jó e vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso” (Tg 5:11).

A “Teologia da Prosperidade” tem pregado que o bem-estar espiritual é irreconciliável com qualquer espécie de sofrimento. Se o crente sofre é porque não é próspero. Todavia, a vida cristã não uma sala VIP, nem uma colônia de férias. O sofrimento é o cálice que o povo de Deus precisa beber, enquanto caminha rumo à glória. A cruz vem antes da coroa, o sofrimento antes da recompensa final. Nós entramos no reino de Deus por meio de muitas tribulações (At 14:22). O ensino bíblico, porém, é claro ao ensinar que “muitas são as aflições do justo, mas o Senhor o livra de todas”(Sl 34:19).

Não há vitória sem luta. Não há picos sem vales. Se você deseja a bênção, você tem que estar preparado para carregar o fardo e entrar nessa guerra. Jó era um homem piedoso, justo, próspero, bom pai, sacerdote da família, preocupado com a glória de Deus. O próprio Deus dá testemunho a seu respeito. Deus o constitui Seu advogado na terra. Todavia, Satanás faz Jó sofrer com a permissão de Deus. Jó perdeu todos os seus bens, perdeu todos os seus filhos e perdeu também a sua saúde (Jó 1:22; 2:10). Jó perdeu o apoio da sua mulher. Jó perdeu o apoio dos seus amigos. Jó faz 16 vezes a pergunta: por quê? Jó expressa sua queixa 34 vezes. Mas no auge da sua dor, ele disse para Deus: "Ainda que Deus me mate, ainda assim, esperarei nele..." (Jó 13:15).

Jó esperou pacientemente no Senhor e Deus o honrou. Ele não explicou nada para Jó, mas apesar de Jó não conhecer os porquês de Deus, ele pôde conhecer o caráter de Deus (Jó 42:5). A maior bênção que Jó recebeu não foi saúde e riqueza, mas um conhecimento mais profundo de Deus. Isso é a própria essência da vida eterna (João 17:3).

Jó passou a conhecer o Senhor de uma forma nova e mais profunda. O propósito de Satanás era fazer de Jó um homem impaciente com Deus. Isto porque um homem impaciente com Deus é uma arma nas mãos do maligno. Mas o propósito de Deus em permitir Jó sofrer foi fortalecê-lo e fazer dele uma bênção maior para o mundo inteiro.

Como os profetas, devemos procurar oportunidades para testemunhar, mesmo no meio do sofrimento. Como Jó, devemos esperar para que o Senhor complete Seu amoroso propósito em nós, mesmo em meio ao sofrimento.

Juramento.Mas, sobretudo, meus irmãos, não jureis nem pelo céu nem pela terra, nem façais qualquer outro juramento; mas que a vossa palavra seja sim, sim e não, não, para que não caiais em condenação” (Tg 5:12).

Jurar era um costume comum, e Tiago queria que essa prática fosse suspendida entre os crentes. As pessoas ofereciam garantias verbais desrespeitosas ou arrogantes que elas mesmas podiam reverter através de alguns detalhes legais. Os cristãos não deviam fazer nenhum juramento para garantir a veracidade daquilo que diziam. A nossa honestidade deve ser inquestionável. Os crentes não precisam fazer juramentos, pois as suas palavras devem ser sempre verdadeiras. Não deve haver motivo para que eles precisem reforçar as suas palavras com um juramento. Deus irá julgar as suas palavras.

Uma pessoa que tenha a reputação de exagerar ou de mentir não pode conseguir que alguém creia nela somente através de sua palavra. Por exemplo, esta pessoa poderia dizer: “Eu prometo!”, ou: “Eu juro!”. Os cristãos não devem nunca ser assim. Seja sempre honesto, para que os outros creiam nos seus simples “sim” e “não”. Evitando as mentiras, as meias-verdades, e as omissões da verdade, você ficará conhecido como uma pessoa digna de confiança.

II. UNÇÃO DE ENFERMOS E COMO DEUS OUVIU ELIAS (Tg 5:13-18).

1. Oração e cânticos (Tg 5:13). “Está alguém entre vós aflito? Ore. Está alguém contente? Cante louvores”.

Um cristão maduro é aquele que tem uma vida plena de oração diante das lutas da vida. Em vez de ficar amargurado, desanimado, reclamando, ele coloca a sua causa diante de Deus e Deus responde ao seu clamor. Desperdiçamos tempo e energia quando tentamos viver a vida sem oração. A oração nos dá poder para enfrentar os problemas e usá-los para cumprir os propósitos de Deus. Paulo orou para Deus mudar as circunstâncias da sua vida, mas Deus lhe deu poder para suportar as circunstâncias (2Co 12:7-10). Jesus clamou ao Pai, com abundantes lágrimas, no Getsêmani, para passar dEle o cálice, mas o Pai lhe deu forças para suportar a cruz e morrer pelos nossos pecados.

O cristão maduro canta mesmo no sofrimento. Deus equilibra a nossa vida, dando-nos horas de sofrimento e horas de regozijo. Paulo e Silas cantaram na prisão (At 16:25). Josafá cantou no fragor da batalha (2Cr 20:21). Muitas vezes trafegamos dos caminhos floridos da alegria para os vales do choro num mesmo dia. Mas, mesmo que os nossos pés estejam no vale, nosso coração pode estar no plano (Sl 84:5-7). Pelo poder de Deus, podemos transformar os vales secos em mananciais; o pranto, em alegres cantos de vitória (Sl 30:5). Quando o diamante é lapidado é que ele reflete sua beleza mais fulgurante. Quando a flor é esmagada é que ela exala o seu mais doce perfume. A alegria mais poderosa é aquela que, muitas vezes, explode banhada pelas lágrimas mais quentes. (1)

2. A oração da fé (Tg 5:14,15). “Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados”.

Uma característica da igreja primitiva era a sua preocupação com os doentes e o cuidado para com eles. Tiago 5:14 incentiva os doentes a chamar os presbíteros da igreja, pedindo aconselhamento e oração. Os presbíteros - pessoas espiritualmente amadurecidas, responsáveis pela supervisão das igrejas locais (veja 1Pe 5:1-4) -, iriam orar sobre a pessoa doente, pedindo a cura ao Senhor. A seguir, eles a ungiriam com azeite em nome do Senhor. Enquanto oravam, os presbíteros deviam pronunciar claramente que o poder da cura residia no nome de Jesus. A unção era frequentemente usada na igreja do primeiro século nas suas orações pedindo cura. Nas Escrituras, o azeite era tanto um remédio (veja a parábola do bom samaritano, em Lucas 10:30-37) como um símbolo do Espírito Santo (como quando usado para ungir reis, veja 1Sm 16:1-13).

Os presbíteros oravam com imposição de mãos, num gesto de autoridade espiritual. Eles ungiam o enfermo com óleo em nome do Senhor (Tg 5:14). Não é a unção que cura o enfermo, mas a oração da fé. Quem levanta o enfermo não é o óleo, é o Senhor. O óleo é apenas um símbolo da ação de Deus.

Deve ser enfatizado aqui que a oração oferecida é uma oração oferecida em fé – não somente a fé que crê que Deus pode curar, mas também a fé que expressa a confiança absoluta na vontade de Deus. A oração da fé é a oração feita na plena convicção da vontade de Deus (1João 5:14,.15). A vontade de Deus nem sempre é curar aqueles que estão enfermos (veja 2Co 12:7-9). Uma oração em que se pede uma cura deve ser feita juntamente com o reconhecimento de que a vontade de Deus é suprema.

3. Oração e confissão (Tg 5:16). “Confessai as vossas culpas uns aos outros e orai uns pelos outros, para que sareis; a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos” (Tg 5:16).

Quem lê este texto de Tiago sem prestar muita atenção pode imaginar que devemos dar um relato detalhado de nossos pecados secretos a outros cristãos. Não é o que Tiago está dizendo. Ele ensina acima de tudo que, no caso de pecarmos contra alguém, confessemos prontamente esse pecado à pessoa que ofendemos.

Devemos também orar uns pelos outros. Em vez de guardar rancor e permitir o acúmulo de ressentimentos, precisamos nos manter em comunhão com os outros por meio da confissão e da oração.

A cura física é associada à restauração espiritual. Observe como Tiago associa confissão, oração e cura. Vemos aqui uma referência clara à ligação crítica entre o físico e o espiritual. O ser humano é composto de espírito, alma e corpo (1Ts 5:23). O que afeta um, afeta os outros.

O campo da psicologia psicossomática reconhece essa ligação e investiga problemas pessoais que podem ser a causa de males físicos. A medicina secular não conta, porém, com um remédio para o pecado. O livramento da culpa, da contaminação, do poder e do castigo do pecado só se dá pelo sangue de Cristo e da confissão a Deus. Muitas enfermidades são causadas por pecados como gula, preocupação, raiva, rancor, intemperança, inveja, egoísmo e orgulho. O pecado pode deteriorar a saúde e, por vezes, levar à morte (1Co 11:30). Assim que nos conscientizarmos de um pecado, devemos confessá-lo e abandoná-lo. Temos de confessar a Deus todos os pecados. Além disso, precisamos confessar às pessoas os pecados contra elas. A confissão é uma prática vital para nossa saúde espiritual e física. Pense nisso!

4. Devemos crer na eficácia da oração (Tg 5:17,18) – “Elias era homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos, e orou, com instância, para que não chovesse sobre a terra, e, por três anos e seis meses, não choveu. E orou, de novo, e o céu deu chuva, e a terra fez germinar seus frutos” (ARA).

Os crentes, embora sujeitos a fraquezas, podem ter vitória na oração. Elias era homem sujeito às mesmas fraquezas (teve medo, fugiu, sentiu depressão, pediu para morrer), mas era justo e a oração do justo pode muito em sua eficácia. O poder da oração é o maior poder no mundo.

A história mostra o progresso da humanidade: poder do braço, poder do cavalo, poder da dinamite, poder da bomba atômica. Mas o maior poder é o poder de Deus que se manifesta através da oração dos justos.

Elias orou fundamentado na promessa de Deus. Em 1Reis 18:1 Deus disse que enviaria a chuva e em 1Reis 18:41-46, Elias orou pela chuva. Não podemos separar a Palavra de Deus da oração. Em Sua Palavra Deus nos dá as promessas pelas quais devemos orar.

Elias orou com persistência. Muitas vezes, nós fracassamos na oração porque desistimos muito cedo, no limiar da bênção.

Elias orou com intensidade. A palavra "instância" (5:17) significa que Elias orou de coração. Ele pôs o seu coração na oração. Devemos orar pela nação hoje, para que Deus traga convicção de pecado sobre o povo e um reavivamento para a igreja. (2)

III. A IMPORTÂNCIA DA CONVERSÃO DE UM IRMÃO (Tg 5:19,20)

“Irmãos, se algum de entre vós se tem desviado da verdade, e alguém o converter, saiba que aquele que fizer converter do erro do seu caminho um pecador salvará da morte uma alma e cobrirá uma multidão de pecados”.

Tiago completa seu ensino olhando agora para as pessoas que um dia estiveram em nossas congregações e se desviaram da verdade. Tiago nos instrui que nosso coração deve estar cheio de compaixão pelos que sofrem, pelos enfermos e pelos que se desviam, para que nossas orações possam subir ao trono da graça em favor deles.

Diz Tiago: “Irmãos, se algum de entre vós se tem desviado da verdade, e alguém o converter...”. Estas palavras de Tiago dão a entender com clareza que uma pessoa que aceitou a Jesus pode um dia se desviar dos caminhos do Senhor. Contudo, quem se desvia dos caminhos do Senhor pode receber o mesmo perdão que é oferecido àquele que nunca teve o conhecimento de Jesus Cristo. Tiago, no versículo 19, nos exorta que oremos pelos que se desviaram da verdade. Quando fazemos isso com grande fervor e fé, e com todo o amor, o desviado poderá ser convertido do seu caminho errado e voltará à comunhão de seus irmãos em Cristo. Eis um ministério de valor inestimável! Em primeiro lugar, ele salvará o irmão desviado da morte prematura sob a mão disciplinadora de Deus. Em segundo lugar, cobrirá multidão de pecados, que serão perdoados e esquecidos por Deus. Precisamos desse ministério hoje!

Em nosso zelo por evangelizar os perdidos, talvez deixemos de dar atenção suficiente às ovelhas de Cristo que saíram do aprisco. Todavia, a mensagem de Tiago nos manda ser mais zelosos no cuidado para com os outros, inclusive na busca da ovelha perdida. O pecado na vida de um crente é pior do que na vida de um não crente. Precisamos nos esforçar para salvar os perdidos. Mas também precisamos nos esforçar para restaurar aqueles que se desviam. Judas 23 usa a expressão “arrebatando-os do fogo”.

CONCLUSÃO

Chegamos ao final dos ensinos práticos e sucintos de Tiago. Nesta Epístola vimos a fé ser provada pelos problemas da vida, por tentações pecaminosas e pela obediência à Palavra de Deus. A pessoa que afirma ter fé foi desafiada a mostrá-la tratando todos com imparcialidade e prová-la com uma vida de boas obras. A realidade da fé pode ser notada nas palavras de uma pessoa; o cristão aprende a sujeitar sua língua ao senhorio de Cristo. A fé autêntica é acompanhada de sabedoria verdadeira; a vida de inveja e contendas dá lugar à vida de piedade prática.

A fé impede desavenças, conflitos e inveja, resultantes da cobiça e de ambições mundanas. Evita um espírito cruel e julgador, bem como a autoconfiança que deixa Deus de fora dos planos da vida. A fé é testada pelo modo de a pessoa adquirir e usar o dinheiro. A pesar da opressão, manifesta paciência e perseverança estimuladas pela volta de Cristo. Suas palavras são sempre honestas e, portanto, não precisam de juramentos para atestá-las. A fé busca o Senhor em todos os momentos da vida. Na enfermidade, procura primeiro as causas espirituais. Ao confessar os pecados a Deus e àqueles que foram ofendidos, remove as possíveis causas. Por fim, a fé se expressa em amor e compaixão por aqueles que se desviaram. Lembre-se: a nossa fé é testada diariamente.

Deus os abençoe sobremaneira!

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Assembleia de Deus – M. Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Revista Ensinador Cristão – nº 59 – CPAD.

William Macdonald - Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento. Mundo Cristão.

Douglas J. Môo. Tiago. Introdução e Comentário. Vida Nova.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Silas Daniel & Alexandre Coelho – Tiago – Fé e Obras. CPAD.

(1) Rev. Hernandes Dias Lopes – Tiago (transformando provas em triunfo). Hagnos.

(2) Ibidem.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Aula 12 – OS PECADOS DE OMISSAO E DE OPRESSÃO


3º Trimestre_2014

 
Texto Base: Tiago 4:17; 5:1-6

 
“Aquele, pois, que sabe fazer o bem e o não faz comete pecado” (Tg 4:17)

 

INTRODUÇÃO

Nesta Aula, trataremos a respeito dos pecados de omissão e de opressão. Veremos a contundente reprimenda de Tiago à opressão dos ricos contra os pobres. Segundo Tiago, os ricos exploravam os pobres (Tg 2:5,6). No ambiente de Tiago, podemos pensar particularmente em senhores de terras judeus da região palestina, que possuíam grandes áreas e estavam preocupados somente com o lucro que poderiam obter de suas terras. Tiago ousa anunciar a condenação desses ricos proprietários de terras (Tg 5:1) e justifica tal condenação com base no acúmulo egoísta de riquezas (Tg 5:2,3), na fraude contra os que trabalhavam para eles (Tg 5:4), na vida autoindulgente que levavam (Tg 5:5) e na opressão que mantinham contra “o justo” (Tg 5:6).

Qual o propósito de Tiago pregar esta mensagem de denúncia contra não-cristãos, numa Epístola endereçada à Igreja? Por dois propósitos principais: Primeiro, para que os fiéis, ouvindo sobre o miserável fim dos ricos, não invejem sua fortuna; Segundo, para que os fiéis, sabendo que Deus será o vingador dos males que sofreram, possam com calma e resignação suportá-los. Seguramente, esta mensagem de Tiago é, também, para os dias de hoje.

I. O PECADO DE OMISSÃO (Tg 4:17).

“Aquele, pois, que sabe fazer o bem e o não faz comete pecado”.

1. A realidade do pecado. Um Dia o ser humano resolveu voluntariamente desobedecer a Deus (Gn 3:1-24). Então, o pecado tornou-se uma realidade fatal. Ao pecar, o homem tornou-se servo do pecado (João 8:34), dominado totalmente por ele (Gn 4:7), sem condição alguma de modificar esta situação. Entretanto, a história não terminou com esta tragédia. Bem ao contrário, a Bíblia Sagrada nos ensina que, mesmo antes da fundação do mundo, dentro de sua presciência, Deus já havia elaborado um plano para retirar o homem desta situação tão delicada (Ef 1:4; Ap 13:8). Este plano, já existente mesmo antes da criação do mundo, foi revelado ao homem no dia mesmo de sua queda, quando o Senhor anunciou que haveria de surgir alguém da semente da mulher que esmagaria a cabeça da serpente e tornaria a criar inimizade entre o homem e o mal e, consequentemente, amizade, comunhão entre Deus e o homem (Gn 3:15). O Plano divino para a salvação da humanidade foi plenamente cumprido no sacrifício inocente, amoroso e vicário de nosso Senhor Jesus Cristo (João 1:29;Gl 4:4,5).

O pecado foi uma atitude do homem contra o propósito para ele estabelecido por Deus. Deus havia determinado a obediência à Sua Palavra, às Suas ordens, mas o homem, dotado que era de liberdade, não observou a ordem dada por Deus e, por conseguinte, o homem desviou-se do critério estabelecido pelo Senhor e o resultado disto foi o fracasso espiritual, a separação entre Deus e o homem, pois o que faz divisão entre Deus e o homem é, precisamente, o pecado (Is.59:2).

Este sentido do pecado, aliás, fica realçado pela terminologia que as Escrituras utilizam para se referir ao pecado, a saber:

a) transgressão (Hb 2:2) – o pecado é uma transgressão, ou seja, é um desvio de uma norma estabelecida por Deus ao homem.

b) impiedade (Rm 1:18) – o pecado é impiedade, ou seja, uma demonstração de falta de amor e de piedade para com Deus. Jesus mesmo disse que amar a Deus é, sobretudo, obedecer a Deus (Jo.15:14).

c) injustiça (Rm 1:18) – o pecado é injustiça, ou seja, um procedimento contrário à justiça. Ora, a Bíblia diz que Deus é nossa justiça (Jr.33:16), de modo que o pecado é uma ofensa contra o Senhor.

d) desobediência (Hb 2:2) – o pecado é desobediência, insubmissão, rebelião contra o Senhor. É o contrário à obediência.

e) iniquidade (1João 5:17) – o pecado é o contrário à equidade, à justiça distributiva. O pecado é uma atitude que contraria a ordem estabelecida por Deus, que foge aos parâmetros estatuídos pelo Senhor.

Percebemos, portanto, que o pecado não é uma ilusão, como se tem dito ultimamente, nem tampouco uma invenção proveniente de uma tradição religiosa, mas uma pura realidade. O pecado é um gesto de rebelião contra Deus, o mau exercício da liberdade de que o homem foi dotado quando de sua criação.

2. O pecado de comissão (Gn 3:17-19). A partir da realidade do pecado, algumas formas de pecados podem ser verificadas nas Escrituras. Uma delas é o pecado da comissão, ou seja, realizar aquilo que é expressamente condenado por Deus. A pessoa sabe que é proibido, mesmo assim comete o pecado.

Conhecimento implica em responsabilidade. As pessoas conhecem a vontade de Deus, mas deliberadamente a desobedecem. Nosso pecado torna-se mais grave, mais hipócrita e mais danoso do que o pecado de um incrédulo ou ateu. Mais grave porque pecamos contra um maior conhecimento. Mais hipócrita porque declaramos que cremos, mas desobedecemos. O apóstolo Pedro diz: "Porque melhor lhes fora não terem conhecido o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado" (2Pe 2:21).

Por que as pessoas que conhecem a vontade de Deus, deliberadamente a desobedecem?

Em primeiro lugar, por orgulho. O homem gosta de considerar-se o dono do seu próprio destino, o capitão da sua própria alma. Os gentios, como todos sabemos, são o resultado da comunidade pós-diluviana que se instalou em Babel e que, ali, se rebelou contra Deus. Ora, todos eles tinham, naquela comunidade, pleno conhecimento de Deus, tanto que resolveram construir “…uma torre cujo cume toque nos céus, e nos façamos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra” (Gn 11:4b). Isto é uma clara demonstração de que tinham conhecimento de que havia um Deus no céu e que pretendiam construir uma vida independente de Deus.

Em segundo lugar, pela ignorância da natureza da vontade de Deus. Muitas pessoas têm medo da vontade de Deus. Pensam que Deus vai fazê-las miseráveis e infelizes. Mas a infelicidade reina onde o homem está fora da vontade de Deus. O lugar mais seguro para uma pessoa estar é no centro da vontade de Deus.

O que acontece àqueles que deliberadamente desobedecem a vontade de Deus? Eles são disciplinados por Deus até se submeterem (Hb 12:5-11). Eles perdem recompensas espirituais (1Co 9:24-27). Enfim, eles sofrerão consequências sérias na vinda do Senhor (Cl 3:22-25).

3. O pecado de omissão (Tg 4:17).Aquele, pois, que sabe fazer o bem e o não faz comete pecado”.

Tiago diz que quem sabe fazer o bem e o não faz comete pecado. O que seria o “bem” aqui? Que pecado de omissão é este? É não levarmos Deus em consideração. “Fazer o bem” significa levar Deus em consideração em todos os aspectos da vida e viver na dependência dEle a cada momento. Se sabemos que devemos agir desse modo, mas não o fazemos, pecamos claramente. É evidente que o princípio tem uma aplicação mais ampla. Em todas as áreas da vida, temos a responsabilidade de fazer o bem sempre que surge a oportunidade. Se sabemos o que é certo, temos a obrigação de viver de acordo com esse conhecimento. A negligência é pecado contra Deus, nosso próximo e nós mesmos.

II. O PECADO DE ADQUIRIR BENS À CUSTA DA EXPLORAÇÃO ALHEIA (Tg 5:1-3)

O Rev. Hernandes Dias Lopes disse: “O dinheiro é o maior deus deste mundo. Por ele as pessoas roubam, mentem, corrompem, casam-se, divorciam-se, matam e morrem. O dinheiro é mais do que uma moeda, ele é um espírito, um deus, ele é Mamom. Ninguém pode servir a Deus e ao dinheiro. Ele é o mais poderoso dono de escravos do mundo. O problema não é possuir dinheiro, mas ser possuído por ele. O dinheiro é um bom servo, mas um péssimo patrão. Não é pecado ser rico. A riqueza é uma bênção. Davi disse que riquezas e glórias vêm de Deus (1Cr 29:12). Moisés disse que é Deus quem nos dá sabedoria para adquirirmos riqueza (Dt 8:18)”. O problema é colocar o coração na riqueza (Sl 62:10). A raiz de todos os males não é o dinheiro, mas o amor ao dinheiro (1Tm 6:10).

1. O julgamento divino sobre os comerciantes ricos (Tg 5:1). “Eia, pois, agora vós, ricos, chorai e pranteai por vossas misérias, que sobre vós hão de vir”.

Tiago conclama os ricos a chorar, lamentando pelas desventuras que estavam prestes a lhes sobrevir. As palavras “chorai e pranteai” eram frequentemente usadas no Antigo Testamento pelos profetas para descrever a reação dos ímpios quando o Dia do Senhor (o dia do juízo de Deus) chegasse (veja Is 13:6; 15:3; Am 8:3).

Em breve, os ricos iníquos se encontrariam com Deus e se encheriam de vergonha e remorso. Veriam que tinham sido mordomos infiéis e chorariam pelas oportunidades perdidas. Lamentariam a cobiça e o egoísmo. Seriam convencidos das injustiças que haviam cometido contra seus empregados. Veriam a pecaminosidade de ter buscado segurança nos bens materiais, e não no Senhor. E derramariam lágrimas amargas pelo modo desenfreado com que haviam satisfeito todos os seus desejos. O alvo aqui são todos os ricos, crentes ou descrentes, que conduzem os seus negócios de maneira desonesta e opressora contra os menos favorecidos.

2. O mal que virá (Tg 5:2).As vossas riquezas estão apodrecidas, e as vossas vestes estão comidas da traça”.

Não atentando para a brevidade da vida e a transitoriedade dos bens materiais, os ricos orgulham-se e confiam na quantidade de bens que possuem (Jr 9:23; 1Tm 6:9,17). Tiago diz que a instabilidade das riquezas é a advertência mais evidente das “misérias” futuras dos ricos. As riquezas que estão “apodrecidas” e as roupas que se transformam em farrapos indicam a transitoriedade da vida. O seu dinheiro, a sua segurança e o seu luxo são equivalentes a coisas apodrecidas porque não lhes servirão para nada na eternidade.

Nada daquilo que é material permanecerá para sempre neste mundo. As sementes da morte estão presentes em tudo aquilo que está neste mundo. É uma grande tolice pensar que a riqueza possa trazer estabilidade permanente. Assim diz o apóstolo Paulo: "Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a sua esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que nos concede abundantemente todas as coisas para delas gozarmos" (1Tm 6:17). Além disso, a vida é passageira: "Sois um vapor que aparece por um pouco, e logo se desvanece" (Tg 4:14) e não podemos levar nada desta vida: "Porque nada trouxemos para este mundo, e nada podemos daqui levar" (1Tm 6:7). Jesus disse para o rico insensato: “insensato, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?"(Lc 12:20).

3. A corrosão das riquezas e o juízo divino (Tg 5:3). “O vosso ouro e a vossa prata se enferrujaram; e a sua ferrugem dará testemunho contra vós e comerá como fogo a vossa carne. Entesourastes para os últimos dias”.

Não há nenhum pecado em ser previdente, fazer investimentos, prover para si, para a família e para ajudar outros (2Co 12:14; 1Tm 5:8; Mt 25:27). Mas é pecaminoso acumular o que não é nosso. Os ricos referidos por Tiago ajuntavam o que deviam pagar aos trabalhadores. Anos depois, os romanos saquearam todos os seus bens e suas riquezas foram espoliadas. É uma grande tragédia uma pessoa ajuntar tesouros para os últimos dias e não ajuntar tesouros no Céu. Confiar na provisão e não no Provedor é um pecado. Quem assim age, vive corno se nossa pátria fosse a terra e não o Céu (Lc 12:15-21). Confiar na instabilidade da riqueza ou na transitoriedade da vida é tolice (Tg 4:14; 1Tm 6:17). A vida de um homem não consiste na quantidade de bens que ele possui (Lc 12:15).

III. O ESCASSO SALÁRIO DOS TRABALHADORES “CLAMA” A DEUS (Tg 5:4-6)

1. O clamor do salário dos trabalhadores (Tg 5:4). “Eis que o salário dos trabalhadores que ceifaram as vossas terras e que por vós foi diminuído clama; e os clamores dos que ceifaram entraram nos ouvidos do Senhor dos Exércitos”.

Aqui, Tiago condena a aquisição de riquezas obtidas pela retenção de salários. Os trabalhadores que ceifaram os campos foram privados do pagamento a que tinham direito. Mesmo que esses ceifeiros reclamassem, dificilmente seriam indenizados, pois não tinham quem defendesse sua causa com sucesso. Seus clamores, no entanto, chegaram aos ouvidos do Senhor dos Exércitos. Aquele que comanda as hostes no Céu defende o povo oprimido na Terra. O Senhor Deus Onipotente o socorrerá e vingará. Assim, a Bíblia condena não apenas o acúmulo de bens, mas também o enriquecimento por meios desonestos.

2. A regalia dos ricos que não temem a Deus cessará (Tg 5:5). “Deliciosamente, vivestes sobre a terra, e vos deleitastes, e cevastes o vosso coração, como num dia de matança”.

O que Tiago está condenando aqui é quando, nos nossos negócios, no tratamento com as demais pessoas, nós cristãos vivemos como pessoas do mundo na hora de fazer relacionamentos financeiros com as pessoas, na hora de olhar para vida e ver que o alvo da vida é simplesmente viver nos prazeres, viver regaladamente, engordar o coração, acumular riquezas. Tiago diz que estas riquezas serão testemunhas no Dia do juízo contra nós. Elas se levantarão no Dia do juízo como testemunha de acusação. Ele diz que essas pessoas estão engordando o coração para o dia de matança. Eles estão lá se banqueteando, mas na verdade, na linguagem do brasileiro, estão cevando um boi. Cevar um boi é engordá-lo. Você pega um boi e dá comida pra ele, então ele vai engordando, vai ficando cada vez mais gordo e ele diz: puxa, o meu patrão gosta muito de mim porque está me dando tanta comida! Só que o patrão está esperando o dia em que ele vai degolar o boi. Então, a figura aqui é do rico tendo o seu coração engordando para o dia da matança, aquele Dia em que Deus vai executá-lo. Deus está cevando o mundano. Ele está engordando os ímpios para aquele Dia, em que finalmente ele vai fazer justiça e juízo neste mundo.

3. O pobre não resiste à opressão do rico (Tg 5:6). “Condenastes e matastes o justo; ele não vos resistiu”.

Aqui, Tiago acusa os ricos de haverem condenado e matado o justo, sem que ele tivesse resistido a eles. É bem provável que as pessoas pobres que não podiam pagar as suas dívidas fossem lançadas na prisão ou forçadas a vender todas as suas posses. Sem meios de sustento, e sem oportunidades até mesmo para trabalhar para pagar suas dívidas, essas pessoas pobres e suas famílias frequentemente morriam de fome. Deus também considerava isto um assassinato. O pobre não tinha como resistir. O seu único recurso contra os ricos iníquos era clamar a Deus.

CONCLUSÃO

Deus não está alheio às injustiças que acontecem e, conforme assevera Tiago, aqueles que praticam maldades contra inocentes, que oprimem os outros, que promovem injustiças, receberão a sua paga inexoravelmente (Tg 5:1), ou ainda aqui na Terra ou na eternidade, caso não se arrependam dos seus nefandos atos.

Prezado irmão, se você está sofrendo alguma injustiça na sua vida, lembre-se: Deus não está blindado em um canto do Universo, surdo e cego, sem atentar para a sua causa. Não! Ele simpatiza com a sua causa. Ele não suporta a injustiça, e Ele sabe muito bem tudo o que você está passando. O Senhor dos Exércitos, isto é, aquele que peleja por nós, está ouvindo o seu clamor (Tg 5:4b). (1)

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Assembleia de Deus – M. Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Revista Ensinador Cristão – nº 59 – CPAD.

William Macdonald - Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento. Mundo Cristão.

Rev. Hernandes Dias Lopes – Tiago (Transformando Provas em Triunfo). Hagnos.

Douglas J. Môo. Tiago. Introdução e Comentário. Vida Nova.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

(1) Silas Daniel & Alexandre Coelho – Tiago – Fé e Obras. CPAD.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Aula 11 – O JULGAMENTO E A SOBERANIA PERTENCEM A DEUS


3º Trimestre/2014

 
Texto Base: Tiago 4:11-17

 
“Há só um Legislador e um Juiz, que pode salvar e destruir. Tu, porém, quem és, que julgas a outrem?” (Tg 4:12)

 

INTRODUÇÃO

Há duas questões essenciais que fazem parte do nosso cotidiano: o perigo de se fazer julgamento indevido contra pessoas e a capacidade de reconhecer os atos de Deus em nossos planos. Quem nunca emitiu um juízo de valor sobre uma atitude ou sobre a vida de outra pessoa? E quem nunca fez planos pessoais sem se lembrar de Deus? É sobre isto que trataremos nesta Aula.

I. O PERIGO DE COLOCAR-SE COMO JUIZ (Tg 4:11,12)

Tiago, mais uma vez, aborda a questão da fala e o cuidado com aquilo que falamos. Sabemos que é possível falar com as pessoas exortando-as, aconselhando-as e ensinando-as a serem melhores e estarem mais próximas de Deus. Mas também é possível falar mal das pessoas e atrair para si um duro julgamento.

1. A ofensa gratuita. É interessante que logo após a condenação do mundanismo (Tg 4:1-10), tratado na Aula 10, Tiago passa para os relacionamentos apropriados entre os crentes. Ele entra logo na questão da maledicência: declarar guerra contra os irmãos, usando a língua para falar mal uns dos outros. Para conseguir os nossos interesses, nós frequentemente julgamos os irmãos, falamos mal dos irmãos, porque queremos destruir sua reputação, sua eficácia, sua importância, para que assumamos o seu lugar, para que tenhamos alguma vantagem. Isto é tipo do mundanismo, a maledicência que nos torna juízes dos irmãos.

Falar mal é algo que pode ser feito de várias maneiras. Nós podemos falar a verdade sobre uma pessoa e ainda assim sermos desagradáveis, ou podemos espalhar mexericos que os outros não precisariam ficar sabendo. Podemos estar questionando a autoridade de alguém, ou anulando as suas boas obras por meio de calúnias. Isto, obviamente, destrói a harmonia entre os crentes (veja 2Co 12:20; 1Pe 2:1).

Segundo o pr. Eliezer de lira, “algumas pessoas parecem ter satisfação em destilar palavras que machucam. O que ganham com isso? Um ambiente incendiado por insinuações maldosas, onde elas mesmas passam a maior parte das suas vidas sofrendo e levando outros a sofrerem. Devemos evitar as ofensas e as agressões gratuitas, pois o “irmão ofendido é mais difícil de conquistar do que uma cidade forte; e as contendas são como ferrolhos de um palácio” (Pv 18:19). As ofensas só trazem angústias, tristezas e desgraças”.

2. Falar mal dos outros e ser juiz da lei (Tg 4:11). “Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Quem fala mal de um irmão e julga a seu irmão fala mal da lei e julga a lei; e, se tu julgas a lei, já não és observador da lei, mas juiz”.

De acordo com a lei régia do amor, devemos amar nosso próximo como a nós mesmos. Falar mal do irmão, ou julgar sem motivo, é opor-se a essa lei como se não tivesse valor. Transgredir a lei deliberadamente é uma forma de desrespeito e desprezo. Equivale a dizer que a lei não é boa nem digna de obediência.

Tiago, aqui, está tratando da lei real – a lei que liberta ou condena, a lei que deve ser observada. Ele diz que a lei está sendo atacada. O problema especifico que está sendo confrontado infringe o nono mandamento: “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo” (Ex  20:16). Ele também infringe a lei mais fundamental de Cristo: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22:39). Jesus designou este mandamento como sendo o segundo maior mandamento (Mc 12:31). Se um crente fala contra outro crente, ele fala mal da lei e julga a lei, porque não está mostrando amor e não está tratando os outros como gostaria de ser tratado. A sua desobediência mostra desrespeito pela lei, pois ele está julgando a sua legitimidade. Ao fazer isto, ele está se colocando acima de Deus. Quando julgamos os outros desta maneira difamadora, estamos claramente deixando de nos submeter a Deus.

3. O autêntico Legislador e Juiz pode salvar e destruir (Tg 4:12).Há só um Legislador e um Juiz, que pode salvar e destruir. Tu, porém, quem és, que julgas a outrem?”.

Há um só legislador (a origem da lei) e um Juiz (que faz a lei vigorar). Nós, que somos responsáveis diante da lei de Deus, não podemos nos colocar no lugar de Deus. Deus recompensa aqueles que obedecem à lei e destrói aqueles que a desobedecem. Disse Jesus: “E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo” (Mt 10:28). Quem critica seu irmão e fala mal dele vai ter de acertar as contas com Deus, pois na prática está se colocando no lugar dEle. Portanto, Tiago remove qualquer direito que pudéssemos reivindicar de criticar o nosso próximo. Por trás do espírito de crítica, está uma atitude que usurpa a autoridade de Deus e que está repleta de orgulho. Não deve haver críticas ásperas e severas no corpo de Cristo.

Podemos pensar que simplesmente criticar um membro da igreja ou espalhar um mexerico pouco interessante não seja algo tão grave – especialmente em comparação com outros pecados. Mas a Bíblia vê isto como um pecado de suma gravidade, porque infringe a lei do amor e tenta usurpar a autoridade de Deus. Como estudamos na Aula 08 (Tg 3:1-12), a língua é um instrumento de pecado mortal. Não ousemos minimizar o perigo que ela representa.

Todavia, é bom ressaltar que Tiago 4:12 não proíbe a ação adequada de uma igreja contra um membro que está agindo em flagrante desobediência a Deus. Ele, como pastor principal em Jerusalém, sabia que a igreja tem o dever de agir de forma sistemática e direta em alguns momentos. Ananias e Safira foram julgados duramente por Deus, por intermédio de Pedro, e Paulo ordenou a exclusão do crente coríntio que tinha relações sexuais com a mulher do próprio pai (1Co 5:6). Há situações em que a igreja precisa ser enfática na forma como administra os erros de seus membros, sob pena de se igualar ao mundo. Claro que a disciplina sempre deve ter os objetivos de corrigir e reabilitar. Não podemos lançar no mundo uma pessoa que Jesus salvou, mas não podemos também compactuar com um pecado cometido, como se nada de errado houvesse ocorrido.

É claro que não é sobre esse tipo de julgamento que Tiago está falando. Na verdade, ele está preocupado com as palavras críticas que condenam ou julgam as ações dos outros e a sua posição perante Deus. Ele está confrontando as pessoas que poderiam ser tentadas a se colocar como cães de guarda, vigiando os outros crentes. Como você reagiria se soubesse que seu nome foi citado em uma conversa, sendo mal falado ou tendo sua imagem denegrida de forma indevida e injusta? Da mesma forma que você gostaria de ser tratado, deve igualmente tratar o seu próximo.

II. A BREVIDADE DA VIDA E A NECESSIDADE DO RECONHECIMENTO DA SOBERANIA DIVINA (Tg 4:13-15)

1. Planos meramente humanos (TG 4:13).Eia, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros”.

Tiago condena a atitude pecaminosa de quem planeja com presunção e autoconfiança sem levar em conta a vontade de Deus. Ele descreve um homem de negócios que traçou um plano completo para o futuro. Observe os detalhes. Ele considera o tempo (hoje ou amanhã); as pessoas envolvidas (nós); o lugar (cidade tal); a duração (passaremos um ano); a atividade (negociaremos) e o resultado esperado (teremos lucro). O que ficou faltando? Em nenhum momento ele pensa em Deus. Precisamos fazer planos para o futuro, mas se levarmos em consideração apenas a nossa vontade, estaremos pecando. 

2. A incerteza e a brevidade da vida (TG 4:14).Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco e depois se desvanece”.

Não é correto planejar como se o amanhã fosse certo. “Não digas [...] amanhã” (Pv 3:28). Não sabemos o que o dia de amanhã nos reserva.

- A incerteza da vida. O sábio escritor do livro de Provérbios, referindo-se à incerteza e a brevidade da vida disse: "Não te glories do dia de amanhã; porque não sabes o que produzirá o dia" Pv 27:1). Esses negociantes estavam fazendo planos seguros para um ano, enquanto não podiam ter garantia de um dia sequer. Eles diziam: nós iremos, nós permaneceremos, nós compraremos e teremos lucro (Tg 4:13). Essa postura é a mesma que Jesus reprovou na parábola do rico insensato em Lucas 12:16-21. Aquele que pensa que pode administrar o seu futuro é tolo. A vida não é incerta para Deus, mas é incerta para nós. Somente quando estamos dentro da vontade de Deus é que podemos ter confiança no futuro.

- A brevidade da vida. A Bíblia tem muito a dizer sobre a brevidade da vida e a necessidade de nos prepararmos para a eternidade. Embora a maioria de nós viva como se fosse indestrutível, precisamos de uma nova consciência do fato de que a morte se acerca rapidamente para todos nós. A Bíblia tem muitas advertências sobre como devemos nos preparar para encontrar a Deus. O rico, com toda a sua fortuna, não consegue obter o perdão da sentença de morte que pende sobre todos os homens. O pobre não consegue mendigar nem um só dia extra de vida da "Dona Morte" que persegue todos os homens, do berço à sepultura. Tiago compara a duração da vida com um vapor (neblina): "O que é a tua vida? É um vapor que aparece por um pouco e depois se desvanece” (Tiago 4:14b).

O livro de Jó revela de forma clara a brevidade da vida: a) "Os meus dias são mais velozes do que a lançadeira do tecelão...” (Jó 7:6); b) “... nossos dias sobre a terra são uma sombra" (Jó 8:9); c) “... os meus dias são mais velozes do que um corredor" (Jó 9:25); d) "O homem, nascido da mulher, é de poucos dias e cheio de inquietação. Nasce como a flor, e murcha; foge também como a sombra, e não permanece" (Jó 14:1,2).

Moisés diz: “... acabam-se os nossos anos como um suspiro... pois passa rapidamente, e nós voamos" (Sl 90:9,10).

Na primeira epístola de Pedro, lemos: “... toda a carne é como erva, e toda a glória do homem como a flor da erva. Secou- se a erva, e caiu a sua flor" (1Pe 1:24). Aqui, Pedro alerta sobre a brevidade da vida neste mundo.

O homem parece ter tanto poder na terra, de repente fica velho ou morre, e passa tudo. A carne, o valor humano, é tão fraca como a flor do campo.

Porque a vida é breve não podemos desperdiçá-la nem vivê-la na contramão da vontade de Deus. Há cristãos em demasia que tentam ignorar a ideia da morte e de ter que, um dia, passar pelo juízo final de Cristo para prestar contas de como passaram os seus dias aqui na terra. Ponha a mão sobre o coração e sinta-o bater. Ele está dizendo: "Depressa! Depressa! Depressa!". Somente alguns breves anos, no máximo.

3. O modo bíblico de abordar o futuro (Tg 4:15).Em lugar do que devíeis dizer: Se o Senhor quiser, e se vivermos, faremos isto ou aquilo”.

Não é pecado planejar o futuro. Não é pecado fazer planos. Pecado é fazer planos, planejar o futuro sem levar Deus em consideração. O que Tiago 4:15 condena é a atitude daqueles irmãos empresários que fazem planos de expandir os seus negócios, abrir filiais, ganhar muito dinheiro, aumentar o número de empregado, e não levar em consideração que só farão isto se Deus quiser, se Deus permitir. Eles deveriam dizer: “se Deus quiser, se Deus permitir nós faremos isto e faremos aquilo”.

Quando nós fazemos planos para o futuro como se Deus não existisse, como se não dependesse de Sua mercê e da Sua graça a realização desses planos, estamos praticando puro mundanismo. Tiago diz assim: “o que é a vida de vocês? É como um vapor que hoje existe e amanhã não existe mais”. Isto nos lembra da parábola que o Senhor contou do rico insensato, que não mais tinha onde guardar os seus tesouros e disse: eu vou destruir todos os meus armazéns e vou construir outros maiores. E aí vou dizer a minha alma: tens à tua disposição bens para todo o futuro. Portanto, come e bebe e regala-te. E Deus lhe disse: louco, esta noite pedirão a tua alma, o que tens preparado para quem será? (Lc 12:20).

Portanto, os crentes não podem viver de uma forma independente de Deus; os nossos planos não podem ignorá-lo. Devemos fazer planos, mas devemos reconhecer a vontade superior de Deus e a soberania divina. Isto significa mais do que simplesmente dizer: “Se Deus quiser” - quando falarmos a respeito dos planos futuros -, porque isto também pode perder o significado. Isto significa planejar com Deus ao fazermos os nossos planos. Os nossos planos devem ser avaliados pelos padrões e objetivos de Deus, e nós devemos orar por eles quando estivermos ouvindo o conselho de Deus. Esta forma de planejar agrada a Deus. No livro de Atos, o apóstolo Paulo declara: “Se Deus quiser, voltarei para vós outros” (At 18:21); e em 1Corintios 4:19, escreve: “Em breve, irei visitar-vos, se o Senhor quiser”.

É assim que devemos exercer a nossa fé, na dependência total de Deus, levando-o em consideração em todos os aspectos de nossa vida.

III. OS PECADOS DA ARROGÂNCIA E DA AUTOSSUFICIÊNCIA (Tg 4:16,17)

Mas, agora, vos gloriais em vossas presunções; toda glória tal como esta é maligna. Aquele, pois, que sabe fazer o bem e o não faz comete pecado”.

 

1. Gloriar-se nas presunções (Tg 4:16a). “Mas, agora, vos gloriais em vossas presunções...”.

Os cristãos estavam se vangloriando de seus planos pretenciosos para o futuro. Mostravam-se arrogantes na certeza de que nada poderia interferir no cronograma estabelecido. Agiam como se fossem senhores do próprio destino. Isto é presunção.

Presunção é assegurar a nós mesmos que o tempo está do nosso lado e à nossa disposição.

Presunção é fazer os nossos planos como se estivéssemos no total controle do futuro.

Presunção é viver como se nossa vida não dependesse de Deus.

Jamais podemos deixar de fora o Senhor do curso de nossa vida. Qualquer tentativa para achar segurança longe de Deus é uma ilusão. O homem não pode controlar os eventos futuros. Ele não tem sabedoria para ver o futuro nem poder para controlar o futuro. A presunção do homem apenas tenta esconder a sua fragilidade. Somos pó e cinza (Gn 18:27; Jó 30:19). A presunção, portanto, é pecado, é fazer-se de Deus.

2. A malignidade do orgulho das presunções (Tg 4:16b). A gravidade da presunção e da arrogância humana pode ser comprovada na segunda parte do versículo dezesseis: “toda glória tal como esta é maligna”.

O orgulho da presunção envolve tomar em nossas próprias mãos a decisão de planejar e comandar a vida à parte de Deus. Também envolve uma declarada desobediência ao conhecido propósito de Deus (Tg 4:17).

A presunção atinge várias áreas:

- toca a vida - hoje, amanhã, um ano;

- toca as escolhas - "... hoje ou amanhã iremos... passaremos um ano, negociaremos e ganharemos”;

- toca a habilidade - "negociaremos e ganharemos".

Obviamente, Tiago não está combatendo a questão do planejamento, mas combatendo o planejamento sem levar Deus em consideração. É claro que a vida é feita de nossas escolhas. Precisamos ter alvos, planos, sonhos, mas não presunção.

Como nós podemos nos proteger da presunção?

- Em primeiro lugar, tendo consciência da nossa ignorância: "No entanto, não sabeis o que sucederá amanhã" (Tg 4:14).

- Em segundo lugar, tendo consciência da nossa fragilidade: "Que é a vossa vida? Sois um vapor que aparece por um pouco, e logo se desvanece" (Tg 4:14).

- Em terceiro lugar, tendo consciência da nossa total dependência de Deus: “Em lugar disso, devíeis dizer: se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo" (Tg 4:15).

Podemos afirmar que a vida humana está em certo aspecto sob o controle humano. Precisamos tomar decisões e somos um produto das decisões que fazemos na vida: quem queremos ser, com quem andamos, com quem nos casamos, o que fazemos. Por outro lado, a vida humana, não está em nosso controle. Nós não conhecemos o nosso futuro nem sabemos o que é melhor para nós. Devemos procurar saber qual é o desejo de Deus para a nossa vida. A verdade incontestável é que a vida humana está sob o controle divino. Se Deus quiser iremos, compraremos, ganharemos.

3. Faça o bem (Tg 4:17). “Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando”.

Neste contexto, fazer o bem significa levar Deus em consideração em todos os aspectos da vida e viver na dependência dele a cada momento. Se sabemos que devemos agir desse modo, mas não o fazemos, pecamos claramente. É evidente que o princípio tem uma aplicação mais ampla. Em todas as áreas da vida, temos a responsabilidade de fazer o bem sempre que surge a oportunidade. Se sabemos o que é certo, temos a obrigação de viver de acordo com esse conhecimento. A negligência é pecado contra Deus, nosso próximo e nós mesmos. Tiago recomenda que não sejamos somente ouvintes, mas praticantes da Palavra (Tg 1:22). Se ouvimos, entendemos, compreendemos e podemos fazer o que deve ser feito, mas não o fazemos, estamos em pecado. Deus condena o pecado da omissão!

CONCLUSÃO

Aprendemos com Tiago sobre real perigo de abrirmos a nossa boca para falar mal de outra pessoa. Quem assim procede está indo de encontro à lei real, a lei do amor. Quem critica seu irmão e fala mal dele vai ter de acertar as contas com Deus, pois na prática está se colocando no lugar dEle.

Aprendemos, também, sobre a realidade do fato de que não podemos controlar a nossa própria vida sem levar Deus em consideração. Tiago, de forma direta, nos desafia a incluir Deus em nossos planos, e de forma indireta nos ensina que isso implica a busca pela vontade de Deus em nossas vidas. Quando fizermos planos, eles devem estar coadunados com a soberana vontade de Deus. Deus não é contra fazermos planos, mas orienta-nos a que os apresentemos a Ele. Façamos projetos e invistamos neles dentro de nossas possibilidades, mas nunca nos esqueçamos de que nossa vida é muito breve, que não temos controle sobre ela, e que Deus tem sempre planos melhores do que os nossos (Jr 29:11). Lembremos de que a nossa obediência a Deus hoje pode garantir a orientação divina no futuro. Amém?

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Assembleia de Deus – M. Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Revista Ensinador Cristão – nº 59 – CPAD.

William Macdonald - Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento. Mundo Cristão.

Rev. Hernandes Dias Lopes – Tiago (Transformando Provas em Triunfo). Hagnos.

Douglas J. Môo. Tiago. Introdução e Comentário. Vida Nova.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Silas Daniel & Alexandre Coelho – Tiago – Fé e Obras. CPAD.