3º
Trimestre/2014
Texto Base: Tiago 4:1-10
“Humilhai-vos perante o Senhor, e ele
vos exaltará” (Tg 4:10)
INTRODUÇÃO
Dando continuidade a sua incisiva exortação
aos crentes destinatários de sua Epístola, Tiago, no capítulo 4, combate o
mundanismo na vida daqueles irmãos, que seria uma atitude de viver conforme os
padrões do mundo. Mundo este referente aos sistemas de valores daquelas pessoas
que não criam em Deus, que não se sujeitavam à vontade de Deus e que viviam em
aberta rebelião contra Deus.
A separação entre a igreja e o mundo não tem
sido clara no decorrer da sua história. Há períodos em que esta separação não
fica muita clara e a igreja aparece com todas as suas cores. Há muita diferença
entre a igreja e o mundo, mas, às vezes, essa diferença não parece existir. Os
cristãos se comportam exatamente como os ímpios, estão ocupados com as mesmas
coisas que o mundo está ocupado. Desta feita, eles se tornam ineficazes, ou
seja, nada tem o que dizer ao mundo. A igreja só tem pudido falar ao mundo
quando a diferença entre os dois se torna clara. E aí, então, ela tem alguma
coisa a dizer. Senão, ela se amolda ao mundo, ela se conforma com este século,
nas palavras de Paulo em Romanos capitulo 12. E aí ela deixa de ser profética,
deixa de ser sal, deixa de ser luz, e não tem nada mais a dizer ao mundo.
A maioria dos crentes está preocupada com os
confortos deste mundo, em conseguir a concretização dos seus sonhos. Realização
profissional, pessoal e o desejo de uma melhor qualidade de vida são anseios
legítimos do ser humano. Entretanto, o problema existe quando esse anseio
torna-se uma obsessão, um desejo cego, colocando Deus à margem da vida para eleger
um ídolo: o sonho pessoal. Deus deve estar em primeiro lugar em tudo em nossa
vida (Mt 6:33).
I.
A ORIGEM DOS CONFLITOS E DAS DISCÓRDIAS (Tg 4:1-3)
1. Donde vêm as guerras e pelejas entre
vós? Porventura, não vêm disto, a saber, dos vossos deleites, que nos vossos
membros guerreiam?
2. Cobiçais e nada tendes; sois
invejosos e cobiçosos e não podeis alcançar; combateis e guerreais e nada
tendes, porque não pedis.
3. Pedis e não recebeis, porque pedis
mal, para o gastardes em vossos deleites.
1.
Que sentimentos são esses? O Salmo 133:1 diz:
"Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união!". Certamente,
os irmãos deveriam viver unidos, em harmonia, mas muitas vezes eles vivem em
guerra. Os próprios discípulos geraram tensões entre si, perguntando para Jesus
quem era o maior entre eles. Às vezes, os membros da igreja de Corinto entravam
em contendas e levavam essas guerras para os tribunais do mundo (1Co 6:1-8). Na
igreja da Galácia, os crentes estavam se mordendo e se devorando (Gl 5:15).
Paulo escreveu aos crentes de Éfeso, exortando-os a preservarem a unidade no
vínculo da paz (Ef 4:3). Na igreja de Filipos, duas mulheres, líderes da
igreja, estavam em desacordo (Fp 4:1-3). Que sentimentos são estes? Mundano,
claro!
O mundo vê essas guerras dentro das
denominações, dentro das igrejas, dentro das famílias, e isso é uma pedra de
tropeço para a evangelização. Como podemos estar em guerra uns contra os outros
se pertencemos à mesma família, se confiamos no mesmo Salvador, se somos
habitados pelo mesmo Espírito? A resposta de Tiago é que temos uma guerra
dentro de nós. O nosso coração é o laboratório onde as guerras são criadas, a
estufa onde elas germinam e crescem, o campo onde elas dão o seu fruto maldito.
2.
A origem dos males (Tg 4:2). Nos versículos 1 a 3 Tiago
diz que a amizade com o mundo é a origem de todos os conflitos na existência
humana. O versículo 1 diz: “de onde vem
guerras e contendas entre vós, dos vossos deleites, que nos vossos membros
guerreiam?”.
A nossa existência pecaminosa, vulnerável,
marcada pelo pecado, é assaltada por prazeres. Alguns desses prazeres são
positivos, e eles são prazeres lícitos: o prazer de comer, por exemplo; o
prazer de descansar; o prazer de ver uma obra de arte, de escutar uma boa
música; o prazer sexual que Deus nos deu. Só que estes prazeres não podem ser
satisfeitos e atendidos de qualquer maneira. Há um lugar, um método, há uma
regulamentação da Palavra de Deus de como nós devemos ter prazer aqui neste
mundo. Quando vivemos para satisfazer estes prazeres de qualquer maneira,
estamos praticando o mundanismo. Mundanismo é quando somos orientados nesta
vida ao prazer hedonista.
Então, enquanto o prazer em si não é
pecaminoso, todavia quando ele vira um fim em si mesmo, e ele se torna a razão
da nossa existência aqui, e ele é buscado à parte de Deus, que é a maior fonte
da alegria, do prazer e do gozo do homem aqui na terra, ele se torna a causa do
mundanismo. É isso que é ser mundano: buscar esse fim principal do homem, nos
prazeres deste mundo.
Quando uma pessoa está dirigida por esses
prazeres que fazem guerras em nossa existência, querendo ser atendidos, então é
daí que procedem as guerras e contendas. Porque as pessoas estão dispostas a
tudo para satisfazerem estes prazeres. E ai elas começam a guerrearem porque
frequentemente o meu prazer vai implicar no desprazer de outro. Para que eu
seja feliz eu vou ter que pisar em alguém. Para obter aquilo que eu desejo, vou
ter que passar a perna em alguém, vou ter que enganar alguém ou entristecer
alguém. Então, na busca desenfreada dos prazeres, da satisfação, que é o que
caracteriza o mundo, aí vem as guerras e as contendas. E aqui está a origem das
guerras e as contendas que há no mundo.
A raiz do problema é a natureza pecaminosa
do homem dirigida para o egoísmo e a satisfação pessoal. É isto que explica os
conflitos, nas famílias, nos casamentos, entre amigos, na própria igreja. Isto
é mundanismo. Ou seja, a busca do prazer como a principal razão de todas as
coisas.
As pessoas dizem assim: eu tenho o direito
de ser feliz; estou vivendo com essa mulher, mas ela não me dá satisfação;
estou com ela há quinze anos com ela, então eu tenho o direito de ser feliz e
vou largar dela e vou conseguir outra que me faça feliz. Então, em nome do
prazer, ele é capaz de quebrar os votos do casamento, de desobedecer a Palavra
de Deus, para justificar a sua busca pelo prazer. Então aqui está uma boa
definição de mundanismo: “é viver para a satisfação desses prazeres sem levar
Deus em consideração”.
Tiago 4:2 diz que o mundano está disposto a
fazer qualquer coisa para obter o que ele deseja. “Cobiçais”, “matais”,
“invejai”, “viveis a lutar”, “viveis a fazer guerras”. Tudo isso caracteriza o
espirito mundano: é uma pessoa que está disposta a lutar, fazer guerras, invejar
os outros porque os outros têm e ela não tem; ela cobiça, e ela chega até a
matar. Tiago diz: ”vocês estão dispostos até a matar pra satisfazer os prazeres
de vocês, tal é o mundanismo que está no coração de vocês”. O mundano é capaz
de tudo. Ele briga. Ele faz guerra. Ele luta para obter tudo aquilo que ele
deseja.
Portanto, o mundanismo tem sido a fonte de
todos os problemas que encontramos na igreja, nas famílias e no casamento. É o
egoísmo na busca da satisfação dos prazeres pessoais.
3.
O porquê de não recebermos bênçãos (Tg 4:3).
“Pedis e não recebeis, porque pedis mal,
para o gastardes em vossos deleites”.
O crente mundano até pode orar, haja vista
que ele está dentro de uma igreja cristã. É membro dessa igreja e aprendeu que
pode pedir a Deus. Então ele pede, mas não recebe. Deus não tem o costume de
atender as orações do mundano. Por quê?
Diz Tiago: “porque pedis mal”.
As condições para Deus atender as nossas
orações são: que nós oremos; que nós oremos da maneira correta; que busquemos aquilo
que está de acordo com a vontade de Deus. Quando pedimos coisas – na linguagem
de Tiago - “para gastarmos em nossos prazeres”, então Deus de fato não nos
responde.
A oração do mundano você reconhece logo, está
cheia de “eu”: “eu”, “para mim”, “porque é meu”. O tempo todo está pensando em
si. Ele raramente ora pelos outros. Raramente ele pede a felicidade dos outros.
Ele é o objeto e a preocupação de suas orações. Ele está preocupado somente com
a sua felicidade, e vê Deus simplesmente como aquele que tem a obrigação de
satisfazer as suas necessidades e de tudo aquilo que ele precisa. E aqui
sabemos o resultado de orações assim. “Pedis
e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites”.
II. A BUSCA EGOÍSTA (Tg 4:4,5)
1. Adúlteros e amigos do sistema
mundano (Tg 4:4). “Adúlteros
e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus?”.
Aqui, pela primeira vez, Tiago usa a palavra
“mundo”, e no contexto dá para perceber que ser amigo do mundo é ter esse tipo
de atitude que ele descreveu nos versos anteriores: viver para os prazeres,
viver em lutar com as pessoas para conseguir essas coisas e até usar a Deus
para poder conseguir essas coisas. É isso que caracteriza a vida do “mundano”,
pessoa que de fato não conhece a Deus e cujo deus é o próprio ventre. Tiago,
então, diz que este tipo de atitude nos torna “adúlteros” (infiéis – ARA). Tiago chama de adultério espiritual, isto é,
infidelidade a Deus e ao nosso compromisso de dedicação a Ele (1João 2:15-17).
De fato, o mundanismo é o pior dos adultérios, porque quando um crente é
mundano ele é culpado de dormir com o inimigo do marido. Que uma mulher
adultere, nós compreendemos, mas adulterar com o inimigo do marido é requinte
de crueldade. E é exatamente isso que Tiago está dizendo aqui. Ele chama os
mundanos de adúlteros porque eles estão dormindo com o inimigo de Deus, que é o
mundo.
2.
“Inimigos de Deus” (4:4). “... Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo
de Deus”. Aqui, Tiago nos fala que o mundanismo nos coloca em inimizade
direta com Deus.
“Não
sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus?”.
Tiago está dizendo que Deus e o mundo são irreconciliáveis. O mundo está em
constante inimizade diante de Deus. Não existe neutralidade. A carne não está
sujeita a lei de Deus, diz Paulo em romanos 8, e nem na verdade a mente natural
se sujeita a Deus. Nós somos por natureza filho da ira. Então, o mundo, entendido como este conjunto
de sistemas de valores, de gostos, da maneira de ser dessa humanidade sem Deus,
está em oposição a Deus, à Sua Palavra, ao Seu Espírito, à Sua vontade e ao Seu
evangelho. Quando vivemos como pessoas do mundo, vivemos para os prazeres deste
mundo e nos tornamos inimigos de Deus.
Irmãos, nós já temos muitos inimigos! Mas
nós os enfrentamos! Porque se Deus é por nós, quem será contra nós? Agora se Deus
for contra nós, quem será a nosso favor? O mundanismo faz com que Deus se vire
contra nós - “Porque ao querermos ser amigos do mundo nós nos constituímos
inimigos do próprio Deus”. Veja com que seriedade Tiago trata esse assunto!
Com frequência esquecemos que este tipo de
atitude está por detrás da falta aparente de bênção. Às vezes pensamos porque o
nosso trabalho não está dando certo. Eu sei que há uma série de razões, algumas
justificam plenamente, mas antes de colocar a culpa no mundo, ou a culpa em
qualquer outra coisa, numa metodologia, nós devemos nos perguntar se de fato
não é o próprio Deus que está, às vezes, contra nós, por causa de nossa atitude
mundana e por causa de nossa falta de cristocentricidade, de viver para glória
de Deus, ter nele o nosso maior deleite! Pense nisso!
3.
O Espírito tem “ciúmes” (Tg 4:5). “Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós habita
tem ciúmes?”.
Este versículo 5 é um dos mais difíceis da epístola
de Tiago. Os tradutores, tanto da ARC e ARA, colocaram “espirito” com “E”
maiúsculo. No grego não tem letras maiúsculas ou minúsculas. A palavra espírito
– pneuma – refere-se tanto ao
espirito de Deus, como ao espirito humano, como ao espirito dos malignos, como
espirito no sentido geral. A palavra é a mesma - “pneuma”. Então, para saber se é espirito de Deus ou espirito humano
os tradutores precisam estudar o contexto.
Tiago diz: “ou cuidais vós que em vão diz a
Escritura: O Espírito que em vós habita tem ciúmes?”. A dificuldade é que nós
não encontramos no Antigo Testamento nenhuma passagem que justifique Tiago
dizer que isto está na Escritura. Não há nenhuma passagem do Antigo Testamento
que diz que o Espirito Santo tem ciúmes.
Além do mais, o verso 6, se essa é a
tradução, fica sem sentido. Porque diz: “antes,
ele dá maior graça”. Tiago está dizendo no verso 5 que o Espirito Santo tem
ciúmes quando nós somos mundanos, porque somos de Deus. E quando começamos
enamorar o mundo o Espírito Santo fica com ciúmes. Mas, se isto é a
interpretação correta, qual o sentido do verso 6: “antes, ele dá maior graça”? Este “antes” estabelece um
contraste. Entre que? Fica sem sentido!
E se nós lermos de outra maneira, que é
possível ler gramaticalmente? Se, em vez de lermos espirito com “E” maiúsculo,
lermos espirito com “e” minúsculo, referindo ao espirito humano? A frase
ficaria assim: “É com ciúme que anseia,
que cobiça (pode ser essa a tradução), o espirito, que ele fez habitar em nós?”.
Aqui seria uma referência ao fato de que o espirito que Deus fez habitar em nós
cobiça com grandes desejos essas coisas mundanas. Agora a coisa faz mais
sentido porque aqui é uma referência à queda do homem e o que aconteceu com o
seu espírito. Depois da queda, esse espirito passou a cobiçar e desejar as
coisas do mundo com grande intensidade, com zelo. Parafraseando: “olha, vocês
acham que é em vão o que a Bíblia diz que o espirito humano cobiça essas coisas
com veemência? A Bíblia não diz isso em vão! A coisa é muito forte!”.
Agora, no verso 6, vem: “antes, porém, Deus dá maior graça”. A
graça de Deus é maior do que essa cobiça do espírito humano, do que esses
desejos pecaminosos. Deus dá uma graça maior do que esses desejos. “Pelo que
diz”, ele cita Provérbios 3:34: “Deus
resiste aos soberbos” - soberbos aqui são os mundanos, os arrogantes -,
“mas dá graça aos humildes”. O que nós precisamos é da graça de Deus, porque
essas paixões, como dizem as Escrituras – e ela não diz isso em vão -, são
paixões tremendas! O espirito humano cobiça essas coisas violentamente, e
somente a graça de Deus pode de fato sobrepujar.
III. A BUSCA DA AUTOREALIZAÇÃO (Tg 4:6-10)
6. Antes, dá maior graça. Portanto,
diz: Deus resiste aos soberbos, dá, porém, graça aos humildes.
7. Sujeitai-vos, pois, a Deus; resisti
ao diabo, e ele fugirá de vós.
8. Chegai-vos a Deus, e ele se chegará
a vós. Limpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai o coração.
9. Senti as vossas misérias, e
lamentai, e chorai; converta-se o vosso riso em pranto, e o vosso gozo, em
tristeza.
10. Humilhai-vos perante o Senhor, e
ele vos exaltará.
1.
Humilhando-se perante Deus (Tg 4:6,7). Vimos que nós
precisamos da graça de Deus para vencer as paixões carnais, o mundanismo.
Todavia, Deus dá essa graça aos humildes. Por isso o apelo para que nos
humilhemos diante de Deus.
A cobiça e os prazeres do mundo são muito
fortes em nós por causa do pecado, mas Deus dá uma graça maior. A graça de Deus
é maior do que as nossas paixões. Só que Deus não dá essa graça a todos. Ele dá
essa graça aos humildes, porque ele resiste aos soberbos, aos arrogantes, aos
autossuficientes, mas os que se aproximam dEle com humildade receberão essa
graça poderosa para poder vencer o mundanismo.
2.
Convertendo a soberba em humildade (Tg 4:8,9). Do
verso 7 até o verso 10, Tiago exorta seus leitores a fugirem das paixões
pecaminosas se submetendo a Deus. São dez imperativos, dez ordens de Tiago,
todas elas dizendo a mesma coisa. Todos esses imperativos convergem para um
ponto só: “humilhai-vos na presença de Deus”.
No verso 7: “sujeitai-vos a Deus”; “resisti
ao diabo”.
No verso 8: “chegai-vos a Deus”; “purificai
as mãos”; “limpai o coração”.
No verso 9: “afligi-vos”; “lamentai”;
“chorai”; “converta-se o vosso riso em pranto”.
No verso 10: “humilhai-vos na presença do
Senhor”
O
que Tiago está dizendo para aqueles irmãos?
- Primeiro,
eles têm que se sujeitar a Deus (verso 7). Eles têm que se
colocar em sujeição à vontade de Deus. Ter a Deus como um fim maior nesta vida
em vez de seus prazeres.
- Segundo,
eles têm que resisti ao diabo (verso 7). E aqui Tiago faz uma
ligação entre o mundanismo e o diabo. Quem é que está por detrás do espirito
mundano? Quem é que usa o mundo para distrair os crentes, para enredá-los com
as coisas deste mundo; para ocupá-los com as coisas mundanas; para levá-los a
viver a vida inteira a buscar essas coisas e deixando Deus em segundo lugar? É
o diabo! Tiago ver o diabo por detrás dessa tentativa do mundo de nos engolir.
Por isso ele diz: “resisti ao diabo”, diga não ao diabo. Tiago não explica como
devemos fazer, mas com certeza não é dizendo: “sai satanás!”; “tá amarrado”;
“eu te repreendo”. Com certeza não é assim! Mas é simplesmente tomando uma
posição firme contra a tentação; é ficando firme contra os apelos do mundo.
- Terceiro,
eles têm que chegar-se a Deus (verso 8). Deus promete estar
perto de todos os que se afastam do pecado, que
purificam os seus corações e que o invocam verdadeiramente arrependidos. A
comunhão com Deus trará sua presença, graça, bênçãos e amor.
- Quarto,
eles têm que purificar as mãos – “purificai as mãos” (verso 8).
Aqui, Tiago está usando a linguagem sacerdotal do Antigo Testamento. Lá havia
aquelas purificações recorrentes, inclusive das mãos. Os sacerdotes tinham de
ser purificados antes de fazerem alguns sacrifícios ou determinados rituais. Claro
que aqui essa purificação é simbólica. Tiago não está dizendo que os cristãos
devem lavar as mãos para poderem louvar a Deus. As mãos são símbolos do que nós
fazemos. Purificar as mãos deve ser entendido como parar de fazer aquilo que
está errado; parar de praticar atitudes que são contrários à Palavra de Deus.
Aliás, aqui, é o único lugar do Novo Testamento em que alguém chama os crentes
de pecadores. É só Tiago que vira para a igreja e diz: “pecadores!”; purifiquem
as mãos, pecadores! Tiago com certeza não seria popular hoje em dia! Paulo fala
de levantar as mãos em oração diante do Senhor “sem ira nem contenda” (1Tm
2:8), purificado.
- Quinto,
eles têm que limpar o coração - “E vós que sois de ânimo dobre,
limpai o coração” (4:8c). A expressão “ânimo dobre” (ou duplo ânimo
–ARC) encontramos também no capitulo 1. É a expressão que significa “alguém que
tem duas almas”, alguém que é inconstante, alguém que hesita entre Deus e o
mundo, que coxeia entre a vontade de Deus e as paixões pecaminosas. E Tiago
aqui se dirige para esses irmãos e diz: “limpe os vossos corações da incerteza,
da dúvida, da dubiedade; firmem o propósito em Deus; limpe o coração de vocês,
que é dobre, que tem um ânimo instável”.
- Sexto
- no verso 9 -, Tiago manda que os crentes parem de se alegrar - “Afligi-vos”;
“lamentai”; “chorai”; “converta-se o vosso riso em pranto “. Em outras
palavras: “Amargurem-se, lamentem-se, chorem; converta-se o riso de vocês em
choro, em pranto; a alegria em tristeza”. Ou seja, aqui Tiago reforça a
necessidade de arrependimento sincero, de quebrantamento verdadeiro perante
Deus.
Na vida do crente, há momentos para alegria,
para festa, para felicidade, para gozo e para risadas, mas não quando a nossa
situação espiritual não vai bem. Aqueles cristãos estavam vivendo um período de
mundanismo, e uma das características do mundanismo é que ele fecha os nossos
olhos para que não entendamos a nossa verdadeira situação. Pensamos que tudo
está bem, mas diante de Deus está tudo errado! Então Tiago exorta
(parafraseando): ”pode parar de festejar, pare o louvorsão de vocês, vocês não
tem que está fazendo ações de graças ou festas, parem com isso; na verdade
vocês têm que está chorando, lamentando diante de Deus; vocês têm que rasgar o vosso
coração diante de Deus; não é hora de alegria; não é hora de festa; não é hora
de louvorsão; é hora, sim, de quebrantamento, de humilhação diante de Deus!”.
Foram dez imperativos e três promessas. Primeira
promessa – verso 7: “...o diabo fugirá de
vós”. Quer botar o diabo para correr? Então está aqui o caminho: quando
você se humilha diante de Deus, se achega a Deus, resiste o diabo, então, ele
vai embora. Segunda promessa – verso 8: “...e
ele se chegará a vós”. Terceira promessa – verso 10: “... e Ele vos exaltará”.
3.
“Humilhai-vos perante o Senhor” (Tg 4:10). Tiago
conclui as suas ordens no verso 10: “humilhai-vos
perante o Senhor”. É tudo isso que ele quis dizer: Humilhe-se na presença
de Deus. A humilhação diante de Deus é a porta da exaltação. Deus não despreza
o coração quebrantado (Sl 51:17). Deus olha para o homem que é humilde de
coração e treme diante de Sua Palavra (Is 66:2). O mundanismo, frequentemente,
impede o crente de estar em comunhão e intimidade com Deus. E para nos livrar dele
(mundanismo) só tem um caminho: a graça de Deus, o poder de Deus em nossa vida.
Só que Deus não dá isso aos soberbos, é preciso que nós nos humilhemos e que
alcancemos essa graça.
CONCLUSÃO
Diante
do que foi exposto nesta Aula, que possamos atentar para o perigo da busca pela
autorrealização. Conscientizemo-nos de que se quisermos ser exaltados por Deus,
conhecer o verdadeiro gozo aqui neste mundo, o verdadeiro prazer da comunhão
com Deus, o caminho é a humilhação perante o Senhor.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço
– Assembleia de Deus – M. Bela Vista. Disponível no Blog:
http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Revista Ensinador Cristão – nº 59 – CPAD.
William Macdonald - Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento.
Mundo Cristão.
Rev. Hernandes Dias Lopes –
Tiago (Transformando Provas em Triunfo). Hagnos.
Douglas J. Môo. Tiago. Introdução e Comentário. Vida Nova.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Silas Daniel & Alexandre Coelho – Tiago – Fé e Obras. CPAD.
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