Por: Caramuru Afonso Francisco
O Brasil comemora, neste 7 de
setembro de 2014, 192 anos de sua independência, proclamada às margens do
riacho Ipiranga, em São Paulo, pelo então Príncipe-Regente do Brasil, D. Pedro,
que viria a ser o nosso primeiro Imperador.
Aquele gesto do príncipe e herdeiro
do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves era uma resposta às exigências
das Cortes de Lisboa que tinham por objetivo reduzir o Brasil a uma mera
condição de colônia, reeditando o sistema que havia perdurado desde 1500 até
1808, quando o rei de Portugal mudara a sede do reino para o Brasil, fugindo
que estava de Napoleão Bonaparte.
O Brasil já era um Reino desde 1815 e
as exigências das Cortes de Lisboa representavam um retrocesso inadmissível,
que acabou levando o Brasil a declarar a sua independência de Portugal,
surgindo, então, um novo país.
Este episódio que dá início à vida
independente de nosso país é elucidativo, pois nos mostra que não podemos
permitir que o Brasil, na sequência de sua história, tenha retrocessos, ande
para trás, retorne a condições que já foram superadas e ultrapassadas.
192 anos depois, vivemos um momento
extremamente delicado em nosso país, momento decisivo mesmo, em que o Brasil
deverá definir se quer continuar prosseguindo como uma nação livre,
democrática, onde têm lugar as liberdades públicas, entre elas a liberdade
religiosa, ou se vamos retroceder neste ambiente, acabando por consolidar a
instauração, aqui, de um regime político contrário à liberdade e à verdade que,
como sabemos, é Cristo Jesus (Jo.14:6).
O fato é que estamos vendo, a olhos
vistos, a implantação de um projeto de poder anticristão que se consolida cada
vez mais, dentro dos ditames de um movimento internacional, que já tem
demonstrado sua ideologia em países como Cuba, Venezuela, Bolívia e Equador.
Quando o Brasil se tornou
independente, havia uma religião oficial e os demais cultos eram somente permitidos
em caráter privado, sendo proibida até a construção de templos que não fossem
católicos romanos.
Com a República, o Estado se tornou
laico e a evangelização do país, que se iniciara já timidamente durante o
último quartel do século XIX, atingiu níveis impressionantes, a ponto de as
estatísticas dizerem que hoje cerca de um quarto dos brasileiros se declare
evangélico.
Entretanto, nos últimos anos, temos
visto que segmentos que detêm parcela considerável do poder político, enquanto
proclamem serem adeptos da liberdade religiosa, estão, na verdade, solapando os
valores cristãos que formaram a nação brasileira e, o que é muito triste, com a
conivência (remunerada ou não…) de diversas lideranças que cristãs se dizem
ser.
Nosso país está a serviço de um amplo
movimento anticristão internacional e, mais do que nunca, a Igreja precisa orar
pelo nosso país, para que não sejamos submersos por este movimento, de
múltiplas faces, que nos leva para o campo contrário a Deus e à Sua vontade.
Os valores cristãos têm sido
violentamente perseguidos em nosso país e as instituições cada vez mais são
postas contra eles e contra a Igreja em geral. Querem, a todo custo, levar
novamente a pregação do Evangelho para os ambientes privados, como ocorria na
época do Império, ainda que tais ambientes sejam templos, algo que não podia
haver no século XIX.
Há um nítido cerceamento por parte
dos que têm o poder de tudo quanto diga respeito à pregação do Evangelho e dos
valores baseados na Palavra de Deus.
Enquanto isso, o país assiste a um
agravamento das condições de vida, com número de homicídios muito superior ao
de países em guerra (são mais de 50 mil mortes violentas por ano e mais de 42
mil mortes no trânsito por ano), aumento enorme do tráfico de drogas e do
número de quimiodependentes, com reflexos evidentes na própria estruturação da
família brasileira, sem falar na corrupção generalizada que gera um descrédito
na política e nas instituições, a agravar ainda mais esse triste e trágico
quadro.
Todo este estado de coisas exige dos
cristãos uma postura. A primeira, de cunho espiritual, pois sabemos que é Deus
que muda os tempos e as horas, quem estabelece e quem remove os governantes
(Dn.2:21). Sendo assim, devemos orar a Deus para que os nossos governantes não
se rebelem contra o Senhor e os valores por Ele insculpidos na Sua Palavra,
para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, com toda piedade e honestidade
(I Tm.2:1-3).
Entretanto, para que oremos neste
sentido e sejamos ouvidos, faz-se mister que, antes, sejamos tementes a Deus
(Jo.9:31), que sejamos os primeiros cumpridores da Palavra de Deus, mantendo
uma vida de santificação e um testemunho que nos faça luz do mundo e sal da
terra (Mt.5:13-16).
O que tem faltado ao Brasil,
decididamente, são servos de Cristo Jesus dignos deste nome, que se
guardem da corrupção do mundo e que estejam, com suas vidas, a levar o nome de
Jesus para a sociedade, demonstrando, com seus atos, uma fé autêntica e
verdadeira, cunhada nos valores cristãos e que leve outros a crer em Jesus e a
tê-l’O como único Senhor e Salvador das suas almas.
A degeneração da sociedade brasileira
tem sido acompanhada de uma degeneração daqueles que cristãos se dizem ser, que
também, em troca de favores e vantagens, muitas vezes mínimas e ilusórias, têm
deixado de lado a defesa da fé e uma vida condizente com a Palavra de Deus.
Precisamos nos santificar, nos
humilhar debaixo da potente mão de Deus, sentir as nossas misérias (Tg.4:9,10:
I Pe.5:6), passar a termos uma vida condizente com as Escrituras Sagradas, com
a vontade de Deus e, assim, nossas orações serão ouvidas pelo Senhor, que
mudará este quadro tão difícil por que passa o nosso país.
Além desta providência espiritual,
também precisamos tomar providências no campo material, não permitindo que os
inimigos de Cristo ocupem postos de mando em nosso país.
Vivemos num regime democrático e,
portanto, podemos nos manifestar livremente com relação às ações dos
governantes, pois somos cidadãos.
Não só no momento do voto mas durante
todo o mandato dos que são eleitos temos o legítimo direito de reivindicar,
manifestar nossa opinião e persuadir os governantes nas suas tomadas de
decisão.
O cidadão dos céus, como é chamado o
salvo como descrito no Salmo 15, notabiliza-se por uma conduta na terra.
Herdará, sim, as mansões celestiais, mas seu caráter de santidade é demonstrado
pelas suas atitudes neste mundo.
Uma das características do cidadão
dos céus é desprezar o réprobo e honrar os que temem o Senhor (Sl.15:4).
Assim, além de termos uma vida
sincera diante de Deus e orarmos para que nossos governantes sigam os valores
constantes das Escrituras Sagradas, é importantíssimo que não honremos senão os
tementes a Deus e desprezemos os réprobos.
Deste modo, na hora do voto e no
dia-a-dia do exercício dos mandatos, o salvo em Cristo Jesus, a Igreja deve
desprezar o réprobo, ou seja, aquele que rejeita a Palavra de Deus, que insiste
em governar contra os ditames da sã doutrina, não lhe dando o voto e sempre
procurando manifestar-se de modo a que tais decisões erradas nunca sejam
adotadas em nosso país.
Infelizmente, porém, não são poucos
os que cristãos se dizem ser que têm prestigiado o réprobo por causa de favores
e vantagens que receberam ou esperam receber, trocando, assim, a bênção divina
por um prato de lentilhas, agindo, portanto, como o profano e fornicário
Esaú (Hb.12:16).
Não podemos agir deste modo, pois
estaremos a consentir com este descalabro por que passa “nossa mãe gentil”,
nossa “Pátria amada” e, assim, seremos tão culpados quanto aqueles que estão a
levar nosso país para este rumo de desmantelamento e de barbárie (Rm.1:32).
Não podemos permitir, como fez o
Príncipe-Regente às margens do Ipiranga, que o Brasil retroceda e caia, novamente,
nas trevas espirituais do passado, onde os verdadeiros e autênticos servos de
Deus apenas usavam de lugares privados, entre quatro paredes, para louvar e
bendizer ao Senhor.
O Brasil precisa de Cristo, é
urgente, pois estamos a nos desmontar como sociedade civilizada, mas, para que
o Brasil contemple Cristo, é absolutamente necessário que veja Cristo em nós,
bem como que, cientes dos graves problemas de nossa nação, esforcemo-nos para
debelá-los, confiando em Deus e fazendo a nossa parte.
Um lúcido diagnóstico do Brasil: http://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil/2014/09/04/eleicao-e-teatro-querem-solucoes-para-o-brasil-ok/
Caramuru Afonso Francisco é evangelista da Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Ministério do
Belém – sede – São Paulo/SP e colaborador do Portal Escola
Dominical (www.portalebd.org.br).
Nenhum comentário:
Postar um comentário