sexta-feira, 28 de setembro de 2012

LIÇÕES BÍBLICAS DO 4º TRIMESTRE DE 2012


 
 

No 4º Trimestre de 2012 estudaremos, através das Lições Bíblicas da CPAD, sobre o tema: “OS DOZE PROFETAS MENORES – Advertências e Consolações para a Santificação da Igreja de Cristo”. As lições serão comentadas pelo pastor Esequias Soares. Foram divididas nos seguintes temas:

 

Lição 1 - A Atualidade dos Profetas Menores

Lição 2 - Oséias - A Fidelidade no Relacionamento com Deus

Lição 3 – Joel - O Derramamento do Espírito Santo

Lição 4 - Amós - A Justiça Social como Parte da Adoração

Lição 5 - Obadias - O Princípio da Retribuição

Lição 6 - Jonas - A Misericórdia Divida

Lição 7 - Miquéias - A Importância da Obediência

Lição 8 - Naum - O Limite da Tolerância Divina

Lição 9 - Habacuque - A Soberania Divida sobre as Nações

Lição 10 - Sofonias - O Juízo Vindouro

Lição 11 - Ageu - O Compromisso do Povo da Aliança

Lição 12 - Zacarias - O Reinado Messiânico

Lição 13 - Malaquias - A Sacralidade da Família

*********

 

O ministério profético é uma das peculiaridades que Deus destinou a Seu povo, Israel. Nenhuma outra nação teve este privilégio. No Antigo Testamento o Profeta era uma figura de Jesus - era o intermediário entre Deus e os homens. Era o porta-voz de Deus. Hoje, aquela função de intermediário não é mais atribuição dos Profetas, pois “... há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem”(1Tm 2:5). Esta verdade ficou bem patente no Monte da Transfiguração, onde num primeiro momento estavam Moisés e Elias, como representantes da Lei e dos Profetas, mas, num segundo momento, o Senhor Jesus estava sozinho, quando então os discípulos ouviram a voz do Pai, que dizia - “Este é o meu amado Filho, em quem me comprazo: escutai-o” (Mt 17:5).

Dentre os profetas, houve aqueles que escreveram as suas mensagens, os chamados profetas escritos. Dentre os profetas escritos, há aqueles cujos livros são bem volumosos, os chamados profetas maiores - quatro profetas compõem este grupo: Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel. Os demais livros proféticos, cujos volumes são curtos, constituídos de doze livros, que leva o nome dos respectivos profetas, são considerados Profetas Menores. Estes dezesseis profetas exerceram seus Ministérios num período de cerca de 450 anos. Depois de cerca de 400 anos de silêncio profético, aparece João Batista, o último dos profetas do Antigo Testamento, que encerra a sucessão profética iniciada por Moisés e Arão, e recebe a nobre incumbência de preparar o povo para receber o Messias e, também, apresentá-lo à nação de Israel(Lc 16:16; Mc 1:2; João 1:31). Era o fim de uma era e o início de outra para Israel e para todas as nações.

Afora os profetas escritores há, também, os considerados profetas “não canônicos”, também chamados de “profetas oradores” - são aqueles que profetizaram verbalmente e que não deixaram suas mensagens escritas. O primeiro que a Bíblia menciona foi Enoque - “E destes profetizou também Enoque...” (Judas 14); dentre estes a Bíblia cita Abraão (Gn 20:7), Natã, Gade, Elias, Elizeu, Micaias, etc.

Neste 4º Trimestre de 2012 estudaremos sobre os “Doze Profetas Menores”. Como Cristãos afirmamos aceitar toda a Bíblia como a Palavra inspirada de Deus, mas o fato é que a maioria de nós negligencia o Antigo Testamento, e este compõe quase 80% de toda Bíblia. A parte mais negligenciada é a destinada aos Profetas Menores. Muitos Cristãos não têm a mínima ideia a respeito do conteúdo dos livros dos Profetas Menores e da sua relevância para as nossas vidas nos dias de hoje, apesar de tantos séculos nos separarem.

A expressão "Profetas Menores" foi cunhada por Agostinho, grande teólogo da Igreja, que viveu entre 354 e 430 d.C., levando em conta o fato de que os escritos destes profetas são diminutos em relação aos dos profetas maiores. Assim, não têm qualquer relação com a importância destes profetas ou com sua espiritualidade. A designação deve-se ao pequeno volume dos seus respectivos livros em comparação aos dos Profetas Maiores, e não quanto à qualidade da inspiração divina.

São doze os Profetas Menores: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias. O nome dos livros leva o nome do seu autor, e é de destacar que os três últimos exerceram o seu ministério após o cativeiro da Babilônia. Todos estes profetas tiveram o seu ministério de 835 a 400 a.C., seguindo-se um período de silêncio de 400 anos, conhecido também por Período Interbíblico.

1)      OSÉIAS. Significa “Salvação” . Propósito de sua profecia: Levar Israel ao arrependimento de suas próprias iniquidades. Ano e Reinado: 793-753 a.C.; reis de Judá: Uzias, Jotão, Acaz, Ezequias; rei do norte: Jeroboão.

2)      JOEL. Significa “O Senhor é Deus”. É o profeta que prevê o derramamento do Espírito Santo (Jl 2:28), citado pelo Apóstolo Pedro no dia de Pentecostes (At 2:17-18). Propósito de sua profecia: Exortar o povo a arrepender-se, voltando humildemente ao Senhor. Ano e Reinado: 835-830 a.C.; Os reis não são mencionados no livro.

3)      AMÓS. Significa “carga”. O livro contém várias profecias contra as nações vizinhas de Israel, e termina com a promessa da restauração do remanescente e o seu regresso a Judá (Am 9:11). Propósito da Profecia: Disseminar a iminência do juízo divino sobre Israel e as nações em derredor. Ano e Reinado: 760-755 a.C.; rei de Judá: Uzias; rei do norte: Jeroboão II.

4)      OBADIAS. Significa “Servo de Jeová”. Profetizou contra os Edomitas por eles se terem aliado aos Caldeus contra Judá. Este livro é o menor dos livros proféticos. Propósito da profecia: Revelar a ira de Deus contra Edom. Ano e Reinado: Cerca de 585 a.C.; Não é mencionado rei algum.

5)      JONAS. Significa “pombo” . É chamado por Deus para profetizar na cidade de Nínive, capital da Assíria, para que se arrependessem de seus pecados, mostrando assim a misericórdia divina para com todos os homens. Jesus faz menção direta sobre o profeta em um de seus ensinos (Mt 12:41). Ano e Reinado: 760 a.C.; rei do norte:Jeroboão II.

6)      MIQUÉIAS. Quer dizer: Quem é semelhante a Jeová?”. Predisse com exatidão a queda de Israel e de Judá. Também profetizou a cidade onde o Messias iria nascer (Mq 5:2). Ano e Reinado: 735-710 a.C.; reis de Judá: Jotão, Acaz e Ezequias.

7)      NAUM. Significa “consolo”. Traz uma profecia de destruição para o império Assírio e de consolo para o povo de Deus, sabendo que Ele é soberano e que preserva a justiça no mundo. Ano e Reinado: Cerca de 630-620 a.C.; os reis de Judá e do norte não são mencionados.

8)      HABACUQUE. Significa “Abraço ardente”. Escreveu para ajudar o remanescente compreender os caminhos de Deus no tocante à sua nação pecaminosa e a iminência do juízo divino. Adverte ainda o povo que “o justo viverá pela fé” (Hc 2:4) e não pela razão ou entendimento humano. Ano e Reinado: Cerca de 606 a.C.; rei de Judá: Jeoaquim.

9)      SOFONIAS. Significa “O Senhor esconde”. Profetiza acerca do Juízo divino — “o Grande Dia do Senhor” (Sf 1:14), ou ainda “o Dia da Ira” (Sf 1:15). Ano e reinado: Cerca de 630 a.C.; rei de Judá: Josias.

10)   AGEU. Significa “festivo” . Exorta o povo, o governador Zorobabel, e o sumo-sacerdote Josué; exortando-os a reedificarem o Templo, e priorizarem a obra de Deus nas suas vidas (Ag 2:18). Ano e Reinado: 520 a.C.; primeiras décadas do pós-exílio.

11)   ZACARIAS. Significa “Jeová se lembrou”. Sua profecia contém duas mensagens principais: Advertência aos judeus a perseverarem na obra de Deus – a reconstrução do Templo; e revelação das promessas futuras para o povo judeu, os últimos dias de Israel e a vinda de Jesus em glória (Zc 14:2-4). Ano e Reinado:520-470 a.C.; período do pós-exílio.

12)   MALAQUIAS. Quer dizer o “mensageiro de Jeová”. Tem seu ministério em mais um período de declínio espiritual do povo Judeu. A decadência e indiferença espiritual do povo era notória, apesar do Templo já estar reconstruído. Sendo assim, Malaquias, o último dos mensageiros da Velha Aliança, traz a profecia para o povo que. à medida que a sua fé diminuía, se tornara indiferente à palavra, insensível à lei, e desobediente na contribuição para a obra (Ml 3:8). Então, o Propósito da profecia é: Confrontar os sacerdotes e o povo para arrependerem-se dos seus pecados. Ano e Reinado: Cerca de 430-420 a.C.; período pós-exílio.

O estudo dos Profetas Menores vem ratificar a semelhança da situação do povo daquela época com a situação que vivemos nos dias de hoje, conclamando  grande necessidade para uma mensagem profética que venha denunciar a corrupção, as injustiças sociais, o abuso de autoridade, o afrouxamento dos padrões de moralidade e a frieza espiritual do povo de Deus tão comum na mensagem dos Profetas Menores. E, diante dessa semelhança, podemos afirmar com bastante convicção que: os profetas de ontem falam hoje. Ouçamos, pois, o Senhor através dos seus santos profetas.

 

 

 

domingo, 23 de setembro de 2012

Aula 14 - A VIDA PLENA NAS AFLIÇÕES


Texto Básico: Fp 4:10-13

 
"Sei estar abatido e sei também ter abundância; em toda a maneira e em todas as coisas, estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade. Posso todas as coisas naquele que me fortalece" (Fp 4:12,13)

INTRODUÇÃO

Vivemos num mundo onde só há uma certeza: a presença de momentos de aflição. Jesus, deixou claro que no mundo teríamos aflições(João 16:33b) e, ao anunciar a edificação da sua Igreja, já foi logo dizendo que ela teria de enfrentar as portas do inferno(Mt 16:18).
Vimos ao longo deste trimestre situações difíceis que o cristão está propenso a passar, tais como: dramas biológicos – enfermidades na vida do crente(vimos nas lições 1, 2 e 3);  dramas sociais (lição 4 e 5); dramas familiares (lições 7 e 8); dramas materiais (lições 9 e 10); dramas de relacionamento ( lições 11 e 12). Para onde nos viramos contemplamos o clamor das pessoas, o desespero tomando conta dos corações, famílias enfrentando problemas os mais sérios possíveis; assim caminham os povos do mundo inteiro. São momentos de dores, de guerra, de conflitos, de incompreensão, de sofrimento contínuo, a que tudo chamamos de aflições do presente século, confirmando as palavras do Apóstolo Paulo. 
O apóstolo Paulo escrevendo aos Romanos, diz: “Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor”(Rm 8:38,39). A convicção firme e inabalável de Paulo é que nem a crise da morte, nem as desgraças da vida, nem poderes sobre-humanos, sejam eles bons ou maus(anjos, principados, potestades), nem o tempo(presente ou futuro), nem o espaço (alto ou profundo), nem criatura alguma, por mais que tente fazê-lo, poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor. Temos vida plena como a de Paulo nos momentos de aflições?
Quando as aflições nos cercarem a ponto de pretenderem nos levar à morte ou nos proporcionar impiedoso sofrimento, quando forças opositoras do presente século nos proporcionarem insuportável fardo, quando as expectativas sombrias de um futuro incerto nos assustarem, lembremo-nos: há um amor imensurável, aconchegante, ilimitado, incondicional que pode nos proporcionar incomparável alívio. Esse amor é o Amor de Deus. Lancemos, pois, mão desse trunfo e vençamos todas as aflições que eventualmente nos sobrevierem. O próprio Senhor Jesus afirmou que no mundo teríamos aflições. Todavia, Ele conclui dizendo: “…mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”(João 16:33).  

I. VIVENDO AS AFLIÇÕES DA VIDA

Depois de Jesus, uma das pessoas que mais experimentou aflições por amor a Cristo foi o apóstolo Paulo. Ouça-o: “...eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; em  açoites, mais do que eles; em prisões, muito mais; em perigo de morte, muitas vezes. Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um; três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; em viagens, muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos; em trabalhos e fadiga, em vigílias, muitas vezes, em fome e sede, em jejum, muitas vezes, em frio e nudez. Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas” (2Co 11:23-28). Durante toda a sua dor e o seu sofrimento, Paulo podia dizer em triunfo: “Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós” (Rm 8:18).
Além dos cruentos sofrimentos exarados em 2Co 11:23-33, Paulo padecia de uma aflição contínua, que o acompanhou a vida inteira: uma enfermidade, que ele denominou de “espinho na carne”. No início de 2Coríntios 12, Paulo descreve seu arrebatamento ao terceiro céu e sua visão gloriosa. Viu coisas que não é lícito ao homem referir. Depois da glória, porém, vem a dor; depois do êxtase, vem o sofrimento. Em 2Coríntios 12:7-10, Paulo faz uma transição das visões celestiais para o espinho na carne. Que contraste gritante entre as duas experiências do apóstolo! Passou do paraíso à dor, da glória ao sofrimento. Provou a bênção de Deus no céu e sentiu os golpes de Satanás na terra. Paulo passou do êxtase do céu à agonia da terra. Vamos examinar alguns pontos importantes:
1. O sofrimento é inevitável. Paulo dá seu testemunho: "E, para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte" (2Co 12:7). Não há vida indolor. É impossível passar pela vida sem sofrer. O sofrimento é inevitável. O sofrimento de Paulo é tanto físico quanto espiritual.
2. O sofrimento é indispensável. Por que o sofrimento é indispensável?
a) Porque evita a soberba. O espinho na carne impediu que Paulo inchasse ou explodisse de orgulho diante das gloriosas visões e revelações do Senhor. O sofrimento nos põe em nosso devido lugar. Ele quebra nossa altivez e esvazia toda nossa pretensão de glória pessoal. É o próprio Deus quem nos matricula na escola do sofrimento. O propósito de Deus não é nossa destruição, mas nossa qualificação para o desempenho do ministério. O fogo da prova não pode chamuscar sequer um fio de cabelo da nossa cabeça; ele só queima nossas amarras. O fogo das provas nos livra das amarras, e Deus nos livra do fogo. O apóstolo Paulo diz que o espinho na carne era um mensageiro de Satanás. Mas o campo de atuação de Satanás é delimitado por Deus. Satanás intenciona esbofetear Paulo; Deus intenciona aperfeiçoar o apóstolo.
b) Porque gera dependência constante de Deus. "Por causa disto, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim" (2Co 12:8). O sofrimento levou Paulo à oração. O sofrimento nos mantém de joelhos diante de Deus para nos colocar de pé diante dos homens. Paulo sabe que Deus está no controle, não Satanás. Se Satanás realizasse seu desejo, ele teria preferido que o apóstolo Paulo fosse orgulhoso em vez de humilde. Os interesses de Satanás seriam muito melhor servidos se Paulo fosse se tornar insuportavelmente arrogante.
c) Porque mostra a suficiência da graça. "Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo" (2Co 12.9). A graça de Deus é melhor do que a vida. A graça de Deus é que nos capacita a enfrentar vitoriosamente o sofrimento. A graça de Deus é o tônico para a alma aflita, o remédio para o corpo frágil, a força que põe de pé o caído. A graça de Deus é a provisão de Deus para tudo de que precisamos, quando precisamos. A graça nunca está em falta; ela está continuamente disponível. Não devemos orar por vida fácil; devemos orar para sermos homens e mulheres capacitados pela graça.
3. O sofrimento é pedagógico. A vida é a professora mais implacável: primeiro, dá a prova e, depois, a lição. A dor sempre tem um propósito, mais que uma causa. Deus não desperdiça sofrimento na vida de seus filhos. Se Deus não remove o espinho é porque ele está trabalhando em nós, para depois trabalhar por meio de nós.
4. O sofrimento pode ser um dom de Deus. Temos a tendência de pensar que o sofrimento é algo que Deus faz contra nós, e não por nós. O espinho de Paulo era uma dádiva, porque, por meio desse incômodo, Deus protegeu Paulo daquilo que ele mais temia: ser desqualificado espiritualmente (1Co 9:27). Ele sabia que o orgulho destrói. Viu-o como algo que Deus fez a seu favor, e não contra ele.
5. Satanás pode ser o agente do sofrimento. Espere um pouco: é Satanás ou Deus quem está por trás do espinho na carne de Paulo? Como é que um mensageiro de Satanás pode cooperar para o bem de um servo de Deus? Parece uma contradição total. A inferência é que Deus, na sua soberania, usa os mensageiros de Satanás na vida dos seus servos. As bofetadas de Satanás não anulam os propósitos de Deus, mas contribuem para eles. Até mesmo os esquemas satânicos podem ser usados em nosso benefício e no avanço do reino de Deus. O diabo intentou contra Jó para afastá-lo de Deus, mas só conseguiu colocá-lo mais perto do Senhor.
6. Deus nos conforta em nossas adversidades. A resposta que Deus deu a Paulo não era a que ele esperava nem a que ele queria, mas era a que ele precisava. Deus respondeu a Paulo que ele não o havia abandonado. Não sofria sozinho. Deus estava no controle da sua vida e operava nele com eficácia.
7. A graça de Deus é suficiente nas horas de sofrimento. Deus não deu a Paulo o que ele pediu; deu-lhe algo melhor, melhor que a própria vida: a sua graça. A graça de Deus é melhor que a vida; pois por ela enfrentamos o sofrimento vitoriosamente. O que é graça? É a provisão de Deus para cada uma das nossas necessidades. O nosso Deus é o Deus de toda a graça (1Pe 5:10).
8. Finalmente, o sofrimento é passageiro. O sofrimento deve ser visto à luz da revelação do céu, do paraíso. O sofrimento do tempo presente não é para se comparar com as glórias porvir a serem reveladas em nós (Rm 8:18). A nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória (2Co 4:14-16). Aqueles que têm a visão do céu são os que triunfam diante do sofrimento. Aqueles que ouvem as palavras inefáveis do paraíso são os que não se intimidam com o rugido do leão.
O sofrimento é por breve tempo; o consolo é eterno. A dor vai passar; o céu jamais! A caminhada pode ser difícil. O caminho pode ser estreito. Os inimigos podem ser muitos. O espinho na carne pode doer. Mas a graça de Cristo nos basta. Só mais um pouco, e nós estaremos para sempre com o Senhor. Então o espinho será tirado, as lágrimas serão enxugadas, e não haverá mais pranto, nem luto, nem dor.

II. CONTENTANDO-SE EM CRISTO

O contentamento é um aprendizado, e não algo automático. O aprendizado do contentamento cristão, porém, se dá pelo exercício da confiança na providência divina.
1. Apesar da necessidade não satisfeita. A vida de Paulo não floresceu num paraíso de arrebatadoras venturas. Ele passou por grandes necessidades. Sabia o que era fome, sede, frio, nudez, prisões, açoites, tortura mental e perseguições(cf 2Co 11:23-27). Ele teve experiências de alegrias e aflições, mas na urdidura dessa luta aprendeu a viver contente. Seu contentamento, porém, não emanava dele mesmo, mas de outro, além de si mesmo. A base de seu contentamento é Cristo. Humilhação ou honra, fartura ou fome, abundância ou escassez eram situações vividas por ele, mas no meio delas, e apesar delas, aprendeu a viver contente, pois a razão do seu contentamento estava em Deus, e não nas circunstancias.
O que determina a vida de um indivíduo não é o que lhe acontece, mas como reage ao que lhe acontece. Não é o que as pessoas lhe fazem, mas como responde a essas pessoas. Há pessoas que são infelizes tendo tudo; há outras que são felizes não tendo nada. A felicidade não está fora, mas dentro de nós. Há pessoas que pensam que a felicidade está nas coisas: casa, carro, trabalho, renda. Mas Paulo era feliz mesmo passando por toda sorte de adversidades (2Co 11:24-27). Mesmo passando por todas essas lutas, é capaz de afirmar: "Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então é que sou forte" (2Co 12:10).
2. Apesar das perseguições.  No princípio da Igreja, os cristãos enfrentaram muitas perseguições por causa da pregação do evangelho de Cristo, entretanto, esta situação não lhes tirava a alegria, senão vejamos:
a) Os discípulos, depois de serem açoitados por ordem do Sinédrio, saíram regozijando, ou seja, cheios de alegria, porque haviam sido julgados dignos de padecer afronta pelo nome de Jesus (At 5:40,41).
b) Estêvão, mesmo enfrentando uma multidão enfurecida que o haveria de matar, exultou ao ver o Filho do homem à direita de Deus, alegria esta que não diminuiu com o apedrejamento que se seguiu a esta visão (At 7:54-57).
c) Paulo e Silas, mesmo no cárcere interior (que era o compartimento mais terrível de uma prisão romana, situado no subterrâneo, sem qualquer iluminação, certamente úmido e fétido), com as mãos e pés amarrados, tendo sido açoitados, à meia-noite, cantavam hinos a Deus (At 16:24,25), prova de que toda esta situação não lhes roubara a alegria.
d) Paulo, apesar de estar preso, não só mostrou a sua alegria, mas estimulou a que os filipenses também a sentissem (Fp 3:1; 4:4). Por isso o apóstolo pôde dizer aos crentes de Corinto que, mesmo que contristado, sempre estava alegre (2Co 6:10).
3. Apesar da pobreza – “Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação (Fp 4:11). Paulo ressalta que ele é independente de circunstâncias seculares. Ele havia aprendido “a viver contente”, qualquer que fosse a situação financeira. O contentamento é muito melhor que as riquezas porque “mesmo que o contentamento não produza riqueza, ele consegue atingir o mesmo objetivo banindo o desejo delas”.
É válido ressaltar que nos primeiros dias do ministério de Paulo, quando ele partiu da Macedônia, nenhuma igreja se associou a ele financeiramente, a não ser os filipenses(cf Fp 4:15). Mesmo quando Paulo estava em Tessalônica, os filipenses mandaram não somente uma vez, mas duas, o bastante para as suas necessidades(cf Fp 4:16). É evidente que os filipenses mantinham tão estreita comunhão com o Senhor que Deus podia orientá-los com respeito às suas contribuições. O Espírito Santo fez pesar o coração deles com relação às necessidades do apóstolo Paulo, e eles responderam enviando-lhe dinheiro não somente uma vez, mas duas. Contudo, é importante destacar que Paulo põe toda a ênfase de sua alegria no Senhor(Fp 4:10), e não na generosidade dos filipenses. Ele sabia que os crentes de Filipos eram apenas os instrumentos, mas que o Senhor era o inspirador. Paulo tinha profunda consciência de que a providência de Deus, às vezes, opera por meio das pessoas. Assim, Deus supriu suas necessidades por intermédio da igreja. Ele agradece à igreja a provisão, mas sua alegria está no provedor.

III. AMADURECENDO PELA SUFICIÊNCIA DE CRISTO

1. Através das experiências. "Sei estar abatido e sei também ter abundância; em toda a maneira e em todas as coisas, estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade" (Fp 4:12). Neste texto, Paulo expõe sua maturidade, sua experiência na jornada cristã. A Bíblia Sagrada mostra-nos que o crescimento espiritual é progressivo. É um processo. Jesus precisa ser formado em nós (Gl 4:19).
As grandes lições da vida nós as aprendemos no vale da dor. O sofrimento é não apenas o caminho da glória, mas também o caminho da maturidade. O rei Davi afirmou: “Foi-me bom ter passado pela aflição, para que aprendesse os teus decretos” (Sl 119:71). O patriarca Jó disse que antes do sofrimento conhecia a Deus só de ouvir falar, mas por meio do sofrimento seus olhos puderam contemplar o Senhor (Jó 42:5).
Paulo, em Romanos 5:3-5, descreve os três estágios para se adquirir a maturidade cristã: “a tribulação produz a paciência; a paciência, a experiência; a experiência, a esperança; a esperança, a certeza”.
Ao comparar a vida espiritual ao desenvolvimento de uma videira, Jesus mostrou que se trata de um processo lento, continuado e não de um toque de mágica. A salvação é instantânea, pois a vida é um milagre, que surge repentinamente, porém, o crescimento já não é desta ordem, exige uma continuidade. A formação de qualquer fruto, da semente gerada ao fruto maduro, será sempre um tempo prolongado. Assim, a formação do Fruto do Espírito na vida do cristão não acontece num único ato, mas, é um processo formado por muitos atos “até que todos cheguemos... a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo”(Ef 4:13).
2. Não pela auto-suficiência. A auto-suficiência leva-nos a uma sensação de independência e quando somos tomados por este ilusório sentimento que se aflora em ações inconsequentes, estamos já perto, muito perto, do iminente fracasso. O servo de Deus por mais preparado que possa ser, por mais experimentado que seja, deve sempre compreender que precisamos sempre de Deus, o Todo Poderoso. Torna-se necessário, então, termos cuidado para não incorrermos no errôneo caminho da auto-suficiência. Paulo estava sempre consciente de sua total dependência de Deus. Ele mesmo escreveu: “...a nossa suficiência vem de Deus”(2Co 3:5, ARA).
3. Tudo posso naquele que me fortalece. “Tudo posso naquele que me fortalece”(Fp 4:13 –ARA). Há pessoas que costumam usar esse texto de Paulo aos Filipenses como um aval bíblico ativo para diversas empreitadas pessoais. Os adeptos da Teologia da Prosperidade tomam-no fora do seu contexto e utilizam-no imediatamente, fazendo com que muitos crentes acreditem que podem possuir o que quiserem, já que é Deus quem lhes garante isso. Mas, o contexto em que essa frase está inserida não corresponde ao que está sendo pronunciado em muitos de nossos púlpitos. Como sempre, é necessário observar o contexto da passagem. O contexto imediato, Fp 4:10-20, indica que Paulo está tratando de necessidades pessoais. Podemos ver isso quando ele usa frases e termos como “pobreza” (v. 11); “fartura e fome”; “abundância e escassez” (v. 12); “dar e receber” (v. 15) e “necessidades” (vv. 16 e 19). Todas estas palavras e frases tratam de necessidades físicas e imediatas como comida e moradia. Ele pessoalmente passou por necessidades nestas áreas e está mostrando como Cristo lhe deu força para enfrentá-las.
Portanto, ao dizer “Tudo posso naquele que me fortalece”, Paulo não quis dizer “tudo” num sentido absoluto. O que ele quis dizer era que, de todas as coisas que havia passado, que necessitavam de poder para enfrentar, como pobreza, fome, escassez e necessidades, Cristo supria tudo que ele precisava. Pelo que já havia passado, Paulo tinha confiança, e quis passar esta mesma confiança aos Cristãos em Filipos, de que “Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades” (Fp 4:19). Amém!

CONCLUSÃO

Em nossa jornada rumo à Formosa Jerusalém, jamais haverá ausência de conflitos. Portanto, devemos saber conviver com eles, sabendo que Jesus está conosco no barco, o que significa que jamais seremos abandonados. Qualquer tempestade, não importando a sua origem ou a sua magnitude, não pode resistir ao poder e à autoridade do Filho do Deus vivo que criou todas as coisas e as tem sob o seu controle. Você precisa estar cônscio dessa realidade. Deve ter convicção de que serve a um Senhor bom, maravilhoso, que o ama, que é todo-poderoso e que detém o controle de tudo. Ele prometeu estar conosco sempre, até a consumação dos séculos; por toda a eternidade, e é fiel para cumprir isto. Lembre-se, todas as coisas contribuem para o bem de quem ama a Deus(Rm 8:28). Quem não ama ao Senhor não tem condição de entender que as aflições e bênçãos, juntas, são os meios com os quais Deus faz com que cresçamos. Então, não importa a tribulação que você esteja vivenciando na sua casa, no seu trabalho. Jesus está com você e irá conduzi-lo em triunfo para fora dessa aflição ou dará uma ordem para que ela cesse, quando tiver cumprido seu propósito em sua vida.
Quero agradecer a todos que me seguiram ao longo deste trimestre letivo. Confesso que as 14 Lições estudadas me deram mais solidez espiritual e maturidade cristã. Espero que você, também, tenha se conscientizado de que, apesar dos percalços, das aflições da vida, é possível ter uma vida plena da graça de Deus. Estamos cientes de que "as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada" (Rm 8:18). “Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor o livra de todas”(Salmo 34:19). Amém!

--------

Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento).

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.

Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.

Revista Ensinador Cristão – nº 51 – CPAD.

Buscando as coisas que são de cima – Rev.Hernandes Dias Lopes.

Filipenses(A alegria triunfante no meio das provas) – Rev.Hernandes Dias Lopes.

Paulo(o maior Líder do Cristianismo) – Rev.Hernandes Dias Lopes.

STANLEY, Charles. Como lidar com o sofrimento. Belo Horizonte:Betânia, 1995.

 

 

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

AULA 13 – A VERDADEIRA MOTIVAÇÃO DO CRENTE


Texto Básico: Mc 1:35-45

 

“Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai, que vê o que está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará publicamente” (Mt 6:6).
 

INTRODUÇÃO

A palavra “motivação” pode ser definida como o “motivo para a ação”; é o ímpeto que leva o ser humano ao movimento; é aquela força interna que o dinamiza a realizar o seu intento; é uma mescla entre razão e emoção que se concentram para alcançar algo. A experiência nos ensina que podemos ir muito mais longe se nossa motivação for correta, ao passo que desmotivados teremos pouca chance de triunfo. O cristão motivado é aquele que embora passe por lutas está sempre confiando e sempre aguardando as promessas de Deus para a sua vida (Hb 6:15). A motivação tem uma relação estreita com a fé, pois pela fé somos motivados a crer no impossível (Hb 11:1). Também relaciona-se com a perseverança - a motivação nos encoraja a perseverar na fé (Rm 12:12;Mt 24:13). Também a motivação se relaciona com a alegria, que faz parte do fruto do Espírito Santo (Gl 5:22) - apesar das circunstâncias o cristão não tem razões para andar triste, cabisbaixo ou carrancudo (1Ts 5:16; 2Co 6:10; 5:6-7).
Cada cristão deve sempre ter uma motivação em sua vida, ou seja, a motivação é um meio importante para nunca desistirmos daquilo que almejamos alcançar. Mas, pode um crente ser tentado com motivação errada? Sim, e o risco disse é ser conduzido por caminhos errados, a fim de receber recompensas erradas. Quando nosso objetivo é a auto-glorificação, deixamos de fazer o que Deus nos chamou a fazer e passamos a administrar nossa própria vida, centrados em nós mesmos.
Nesta Aula, iremos entender qual deve ser a verdadeira motivação do crente, iremos nos conscientizar de que não fomos chamados para a fama e saberemos que o anonimato não é sinônimo de derrota.

I. A VERDADEIRA MOTIVAÇÃO DO CRENTE

1.  A verdadeira motivação do crente: Jesus Cristo. Cristo é a fonte de motivação que nos capacita a viver acima de todas as circunstancias e de nossos próprios sentimentos. Era Cristo que enchia continuamente o coração dos apóstolos. O apóstolo Paulo chegou a exclamar com total propriedade: “Porque para mim o viver é Cristo” (Fp 1:21). Ainda que Paulo tivesse de morrer, ele se alegraria. Ele sempre tinha Cristo em mente, e isso lhe dava novas forças todos os dias para vencer as adversidades. Esse é o lema de todos os cristãos que conhecem, amam e buscam servir ao Senhor com fidelidade.
2. A verdadeira motivação do crente: o amor de Cristo - “ Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo, todos morreram”(5:14). O que levava o apóstolo Paulo a servir de forma tão incansável e abnegada na pregação do Evangelho? Neste versículo, uma das mais importantes da carta de 2Corintios, Paulo revela sua motivação: o amor de Cristo. O amor de Cristo nos constrange, nos impele, como uma pessoa é impelida em uma multidão. Ao contemplar o amor extraordinário que Cristo havia demonstrado por ele, Paulo não podia deixar de ser impelido a servir a esse Senhor maravilhoso.
Por causa do sacrifício vicário de Jesus Cristo somos agora nova criatura(2Co 5:17), ou seja, temos uma nova posição em relação a Deus e ao mundo. Temos agora uma nova forma de viver, na qual desaparece a vida pregressa e os velhos costumes. Por ocasião da conversão, não apenas viramos uma página de nossa vida velha, começamos um novo estilo de vida sob o controle do Espírito Santo. Esse novo estilo de vida é consequência lógica da conversão, pois o amor de Deus pela humanidade (João 3:16) constrange-nos a viver integralmente para Ele.
3. A verdadeira motivação do crente: servir a Jesus. Servir a Jesus significa ter a mesma  motivação que Ele teve. Tal pessoa é honrada pelo Pai na mesma medida que o próprio Senhor Jesus foi honrado. Isso Ele nos prometeu: “E, se alguém me servir, o Pai o honrará”.
4. A verdadeira motivação do crente: a Santificação -“Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”(Hb 12:14). Qual a motivação se sermos santos? Vermos a face do Senhor. A santificação deve ocorrer em ‘todo o vosso espírito, e alma, e corpo’, conforme lemos em 1Tessalonicenses 5:23. Isso significa que devemos ser santos em nosso viver, e em nossa conduta — isto é, em nosso caráter, inteiramente —, e em nosso proceder, externamente. Mantenhamo-nos, pois, separados do mundo pecaminoso.
5. A verdadeira motivação do crente: Céu e Eternidade. No cristianismo, alguns afirmam que todos receberão salvação. Mas essa posição de inclusivismo não está baseada na Bíblia e não foi a posição histórica da ortodoxia cristã. Passagens como Mateus 25:46, João 3:36, 2Tessalonicenses 1:8-9 e várias outras ensinam claramente que nem todos serão salvos. Ser salvo ou não ser salvo deve ser um fator de motivação para todo  crente compartilhar sua fé, porque está em jogo a eternidade.
Enquanto vemos Deus preparando o cenário para o drama dos eventos do fim dos tempos, devemos estar motivados a servi-lo ainda mais até que Jesus venha. Que o nosso coração se ocupe com Suas palavras: "E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim. Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras [no sangue do Cordeiro], para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas" (Ap 22:12-14).

II. NÃO FOMOS CHAMADOS PARA A FAMA

Fama é a “opinião geral sobre a excelência de alguém”; “é a qualidade daquilo que é notório; reputação”. As Escrituras sagradas relatam que a Fama de Jesus era notória em todas as cidades de Israel(cf Mt 4:24;Mt 9:31;Mc 1:28; Lc 4:14, 37; 5:15). Não dava para escapar, as características especiais de Jesus o fazia famoso, mesmo contra a sua vontade. Certa vez Jesus estava em uma cidade e de repente um homem cheio de lepra vendo a Jesus se prostrou e afirmou com muita intensidade: “Mestre! se você quiser, agora mesmo eu posso ser limpo”, e Jesus cheio de compaixão reafirmou dizendo que queria. Nesse exato momento a lepra desapareceu! Mas fez uma exigência para aquele rapaz, que não dissesse nada a ninguém, apenas que se apresentasse ao sacerdote e oferecesse o sacrifício estipulado pela lei de Moisés. No verso seguinte a Bíblia fala que a Fama de Jesus se propagava como o fogo e que muitas pessoas juntavam-se para ouvir as suas palavras e por Ele serem curadas das suas enfermidades(cf Lc 5:12-16). O mais interessante de toda essa história é que em vez de Jesus se inflamar com toda essa repercussão de seu ministério, Ele se retira para o deserto, um lugar solitário para orar. O que chama à atenção aqui é o fato de que a Fama e Jesus não era algo buscado por Ele; pelo contrário, Ele se afastava para estar sozinho. Jesus não veio para exibir fama, não! Ele “veio buscar e salvar o que se havia perdido”(Lc 19:10). Hoje muitos exercem seu ministério para serem famosos e reconhecidos pelas pessoas e não para Deus; fazem de tudo para estarem em evidência. Mas, assim como Jesus, o crente salvo não foi chamado para Fama.
Paulo escrevendo aos crentes de Colossos admoesta-os que, se efetivamente ressuscitaram com Cristo, devem buscar “as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra” (Cl 3:1b,2). O autêntico cristão está procurando o Céu e pensando no Céu. Seus pés estão na Terra, mas a cabeça está no Céu. Vive como cidadão do Céu enquanto ainda está na Terra.
Paulo, ao escrever aos seus maiores colaboradores, os crentes de Filipos, disse que “…uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fp 3:13b,14); “(…) a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fp.3:20). A autoridade espiritual que Paulo possuía, a sua posição privilegiada na igreja do Senhor não o fazia almejar a glória e a fama nesta Terra, mas seu fim, seu objetivo era morar no Céu, eram as coisas de cima, as bênçãos espirituais.
Lamentavelmente, muitos crentes, nos nossos dias, estão caminhando no mesmo erro dos gnósticos daquele tempo. Buscam não as coisas que são de cima, mas as coisas da Terra. Estão atrás do evangelho e de Jesus para enriquecerem nesta vida, para terem prosperidade material, para terem saúde física, para terem “unção”, ou seja, “poder espiritual” apenas para angariarem reconhecimento dos semelhantes, a fim de serem servidos pelos outros, tendo após si uma série de discípulos e de admiradores. É uma característica dos falsos mestres quererem se cercar de seguidores e discípulos, aparecendo em lugar de Cristo, crescendo em orgulho e soberba, quando, na verdade, os verdadeiros servos do Senhor são humildes e preferem desaparecer em favor de Cristo, assim como procedeu João Batista (João 3:30) que, não por outro motivo, foi apontado por Jesus como o maior dos homens que já existiu (Mt 11:11).
Muitos são os que não temem mentir para alcançar projeção, fama e reconhecimento no meio dos crentes. Quantas “visões”, “revelações”, “profecias” não são simplesmente mentiras? Entretanto, a Bíblia, que é a Palavra de Deus e permanece para sempre (1Pe 1:25a), continua a dizer que os mentirosos não têm parte alguma com Deus e que todos aqueles que amam e cometem mentira ficarão fora da Pátria celestial (Ap 21:8; 22:15). Tomemos muito cuidado, vigiemos e não pratiquemos, de forma alguma, a mentira, nem dela tiremos proveito, amando-a. A pessoa realmente liberta do jugo do pecado, a pessoa realmente liberta por Jesus, não mente (João 8:36).
Devemos parar um pouco e refletir: por que somos crentes? para que somos crentes? o que temos feito tem correspondido ao porquê e ao objetivo de sermos crentes? Por que e para que temos ido para a igreja? Por que e para que temos exercido esta ou aquela função na igreja? Por que e para que temos vivido quando estamos fora do templo, no nosso dia-a-dia? A resposta a estas questões é fundamental para sabermos se estamos buscando ou pensando nas coisas que são de cima ou se estamos voltados para as coisas que são da Terra.

III.  O ANONIMATO  NÃO É SINÔNIMO DE DERROTA

Há um clichê em moda hoje, balbuciado por muitos animadores de auditório: “você vai sair do anonimato!”. Através desse chavão, vemos um exército de novos pregadores, desestabilizados espiritualmente, com o objetivo de chegar ao topo da fama. Ser famoso é o alvo pretendido; é a busca incessante. A mídia é o meio mais pretendido por esses ufanistas para se lançar à fama. Eles gostam de usar o exemplo de Davi, que Deus o tirou de trás da malhada das ovelhas e o tornou rei de Israel. Proliferam esse modismo como se o anonimato fosse sinônimo de derrota.
A verdadeira motivação que existia há um tempo era: tornar-me um pregador ou um cantor para a edificação da igreja e alcançar os perdidos para Deus. Hoje, as reais motivações estão ligadas aos interesses pessoais, como pregar para um grande público, ter o nome conhecido, sair do anonimato. Será que se esqueceram do grande pregador do deserto, João Batista, que pregava até para reis, mas sua motivação era: “que Ele (Jesus) cresça e eu diminua” (João 3:30)?
O apóstolo Paulo tinha poucos amigos que cooperavam incansavelmente no seu ministério, dentre eles estava “Jesus, chamado Justo”(Cl 4:11); não se tem nenhuma informação a seu respeito, é o tipo do crente cooperador, cujo serviço, que é eficaz, só Deus ver.
O próprio Senhor Jesus não buscou fama ou reconhecimento popular, pois pedia que não anunciassem o que Ele estava fazendo(cf Lc 5:13,14).
O caminho da humildade, do anonimato (“Teu Pai que vê em secreto te recompensará” -Mt 6:6), da cruz, está sendo esquecido, e agora está sendo criado um caminho egoísta, diabólico e cheio de orgulho humano.
Gostaria que o Evangelho da cruz, do arrependimento e da renúncia saísse do anonimato e nós permanecêssemos escondidos debaixo das asas do Todo Poderoso! É oportuno observar que o anonimato entre os homens na obra de Deus nada significa diante do Senhor, e querer “aparecer”, “fazer aparecer o nome” pode não ser uma boa conduta entre os servos do Senhor, os quais devem se alegrar “… antes por estarem os seus nomes escritos nos céus”(Lc 10:20).
1. A verdadeira sabedoria. A sabedoria deste mundo é meramente efêmera, e suas qualidades não condizem com o caráter de um povo separado do pecado. É uma sabedoria que exclui Deus, que glorifica a auto-suficiência humana, que faz do homem a autoridade suprema e que se recusa a reconhecer a revelação de Deus em Jesus Cristo. A sabedoria deste mundo direciona as pessoas para a inveja, espírito faccioso, perturbação e toda obra perversa. Por isso Tiago diz que a sabedoria deste mundo é “terrena, animal e diabólica”(Tg 3:15,16). Ela determina o modo ímpio de viver do povo deste mundo.
A verdadeira sabedoria é mais que conhecimento, o qual é simples acumulo de fatos; é mais que percepção humana: é discernimento celestial. Ela envolve o conhecimento de Deus e dos labirintos do coração humano. É mais que simples conhecimento é aplicação correta do conhecimento em assuntos morais, espirituais ao enfrentar situações confusas; na complexidade das relações humanas. O conhecimento é obtido pelo estudo, mas quando o Espírito Santo enche um homem, Ele concede sabedoria para usar e aplicar esse conhecimento de maneira correta.
A verdadeira sabedoria nem sempre é estimada. Para ilustrar essa verdade, Salomão comenta o caso de uma “pequena cidade” habitada por poucas pessoas e, portanto, indefesa. Certo dia, um rei poderoso a sitiou com artilharias com o fito de conquistá-la. A situação parecia perdida quando um “homem pobre, porem sábio”, propôs um plano para salvar a cidade. Naquele momento, o sujeito se tornou um herói, mas pouco tempo depois caiu no esquecimento. Tão logo a cidade se viu livre do perigo, o conselho daquele homem pobre passou a ser desprezado, e ninguém se interessou por ele (cf Ec 9:13-16).
Apesar da ingratidão e da indiferença do ser humano, as palavras dos sábios, ouvidas em silêncio, valem mais que os gritos de um tirano que governa entre tolos( Ec 9:17). O povo logo esqueceu o pobre sábio, mas ele não deu importância alguma para isso, pois o que mais queria era livrar, de uma vez por toda, a sua querida cidade das mãos do tirano. Da mesma forma, o que importa, no final, não é o reconhecimento e a gratidão que recebemos pela obra que realizamos, mas as almas das pessoas em quem semeamos sementes de justiça.
É melhor ser um sábio calado e honesto que, apesar de esquecido, deixa um rastro de muitos benefícios, do que um tolo arrogante e vociferante que embora aplaudido por muitos “destrói muitas bens” (Ec 9:18).
“O temor do Senhor é o princípio da sabedoria” (Sl  111:10; Pv 9:10).
2. A simplicidade. A simplicidade não tem nada a ver com pobreza. Ao contrário, a riqueza está na simplicidade. Simplicidade é a ausência de artifícios, é o caminho para se chegar a humildade, ser servil, ser menos “eu” para ser mais “o outro” combatendo atos e sentimentos que insistem em nos afastar do centro da vontade de Deus. Jesus foi o maior exemplo de simplicidade que conhecemos, no falar, no agir, no ensinar. Ele que é o Filho de Deus, não ousou ser como Deus. Ele que possui tudo que há na Terra(cf Sl 24:1), nunca a percorreu com soberba e altivez. Jesus ensinava seus discípulos, concedendo-lhes sabedoria, para que pudessem ser enviados para pregar o evangelho com simplicidade no viver e no ensinar, fazendo-se exemplo, como ele, Jesus, foi exemplo, para que soubessem ser prudentes e cheios de amor.
Quando o crente perde a simplicidade cristã torna-se orgulhoso e insuportável, inclusive para o próprio Deus(ler 1Pe 5:5).  “Deus vela pelos simples”(Sl 116:6).
3. O equilíbrio. Vivemos num mundo sob pressão, um mundo competitivo que exige que as pessoas seja sempre melhores para que possam suplantar os obstáculos e atinjam os objetivos determinados. A busca convulsa pelas coisas deste mundo tem tornado as pessoas  estressadas, ansiosas e egoístas. Isso não ocorre somente no mundo ímpio, não! Infelizmente, o fardo da competitividade tem se alastrado no meio da irmandade cristã, contrapondo, assim, os princípios norteadores da Palavra de Deus, os quais delineiam o viver do genuíno cristão.
Não estamos aqui para adquirir fama ou sucesso, estamos aqui para triunfo(2Co 2:14). E o verdadeiro triunfo, o verdadeiro êxito, é o de obter a salvação na pessoa bendita de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Somente neste fim, diz o profeta Malaquias, veremos a diferença entre o justo e o ímpio (Ml 3:18), entenderemos quem, na verdade, é o exitoso, o triunfante, pois de que adianta ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? (Mc 8:36). Portanto, você não precisa mostrar nada a ninguém. Não se transforme num ser que você não é só para ganhar fama. Nunca foi a vontade de Jesus que seus filhos se curvassem à fama, ao sucesso, à riqueza ou ao poder.
Devemos estar cônscios de que estamos no mundo mas não somos daqui, o nosso alvo é o Céu, é viver com Cristo eternamente. Se você é talentoso, se Deus te deu capacidade especial de sobressair em determinados aspectos da vida, quer secular, quer espiritual, não deixe que isso lhe ufane e desperte em seu coração o orgulho. Seja equilibrado, moderado, tenha autocontrole. A glória deve ser dada sempre a Deus, o dono de tudo.

CONCLUSÃO

Esta é a motivação do cristão: a fé na Palavra de Deus. Uma fé inabalável onde não podemos ter medo de enfrentar problemas e dificuldades. Devemos sim nos esforçar para dar o melhor de nós. É certo que, em certas alturas da nossa vida, acabamos por falhar. Mas não é por isso que devemos parar de tentar, ficar desmotivados. Todos os dias devemos lutar, esforçar-nos para vencer as barreiras. O medo não é compatível com os vencedores. É preciso substituí-lo com a coragem. Na Bíblia, Deus pronunciou 366 vezes a frase “Não temas!”. Todos os dias Deus diz para mim, para você: “Não temas!”. Cabe a nós procurar a nossa força interior para superar o nosso medo e vencer.

-----------

Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento).

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.

Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.

Revista Ensinador Cristão – nº 51 – CPAD.

Buscando as coisas que são de cima – Rev.Hernandes Dias Lopes.

 

domingo, 16 de setembro de 2012

EDUCAÇÃO CRISTÃ CONTINUADA – Aula 13


DESCOBRINDO O NOVO TESTAMENTO

JUDAS E APOCALIPSE

Texto Básico: Ap 1:1-4


 

“Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-Poderoso”(Ap 1:8)
 

INTRODUÇÃO

Dando continuidade ao estudo panorâmico do Novo Testamento vamos estudar nesta Aula a Epístola de Judas e o livro de Apocalipse.

Epístola de Judas

É uma Epístola de poucas linhas, mas repleta de palavras poderosas de graça celestial. É a última das chamadas epístolas gerais, ou seja, cartas apostólicas dirigidas à Igreja como um todo. Judas se dirige para os “chamados”, ou seja, para a Igreja em geral. Devemos sempre nos lembrar que a salvação é resultado de um interesse e dedicação do Senhor em relação a nós, um "favor imerecido", isto é, graça de Deus. O homem jamais pode se vangloriar por ser salvo, pois tudo é resultado de um chamado de Deus (Tt 2:11; Rm 5:15;João 15:16).

O Livro de Apocalipse

Este livro é um dos mais belos e fascinantes da Bíblia. Através dos seus símbolos e figuras, Jesus nos mostra como serão os últimos dias da humanidade. Mas, Apocalipse não apenas olha adiante para a consumação futura de todas as coisas e o triunfo de Deus e do Cordeiro, também fornece um desfecho para os sessenta e cinco livros anteriores da Bíblia. Quase todas as suas personagens, símbolos, acontecimentos, números, cores e imagens aparecem anteriormente nas Escrituras. Alguém chamou Apocalipse apropriadamente de “Estação Central” da Bíblia, já que nele todas as “linhas” convergem. Que linhas sãos essas? São linhas de pensamento iniciada em Gênesis e nos livros seguintes. Elas desenvolvem os conceitos do fio escarlate da redenção, Israel como nação, as nações gentias, a Igreja, Satanás como adversário do povo de Deus, o anticristo e vários outros.
Chamado equivocadamente desde o século IV de “Apocalipse de São João”(na verdade, porém, é a “Revelação de Jesus Cristo”[1:1]), este livro é o ponto culminante necessário da Bíblia, pois nos mostra qual será o desfecho de todas as coisas. Até mesmo uma leitura rudimentar funciona como advertência severa aos incrédulos para se arrependerem e como encorajamento ao povo de Deus para perseverarem!
Ao lermos as palavras de Apocalipse e nos lembrarmos da graça que nos salvou de tudo o que está por vir brevemente, nosso coração deve se encher de louvor. É maravilhoso ter a certeza de vitória e glória finais.
I. JUDAS, LIDANDO COM A APOSTASIA.
O tema central de Judas é a apostasia. Mesmo em seu tempo, a Igreja do Senhor já enfrentava a infiltração de falsos religiosos, homens que se faziam passar por servos de Deus. Na realidade, porém, eram inimigos da cruz de Cristo. O objetivo de Judas é desmascarar esses traidores e descrever seu destino final.
O apóstata é uma pessoa que professa ser um cristão verdadeiro, mas que, na realidade, nunca foi regenerado. Pode ser batizado e participar plenamente de todos os privilégios de uma congregação, mas depois de algum tempo toma a decisão afrontosa de abandonar a fé e negar o Salvador. Nega a divindade de Cristo, sua obra redentora no Calvário, sua ressurreição física ou outras doutrinas fundamentais.
Não se trata de abandonar a fé, pois o apóstata nunca foi convertido. Não vê nenhum problema em rejeitar deliberadamente e conscientemente o único caminho oferecido por Deus para a salvação. É endurecido na incredulidade e obstinado na oposição ao Cristo de Deus.
A apostasia não consiste apenas em negar o Salvador. Pedro, um verdadeiro cristão, cedeu sob a pressão de uma crise e negou Jesus. Ainda assim, amava ao Senhor verdadeiramente e demonstrou que sua fé era real por meio do arrependimento e da restauração subsequente.
Judas Iscariotes era apóstata. Professava ser discípulo, por conviver cerca de três anos com Jesus. Chegou até servir como tesoureiro do grupo, mas, por fim, revelou sua verdadeira natureza ao trair o Senhor por trinta moedas de prata.
A apostasia é um pecado que conduz à morte e está além das responsabilidades de oração do cristão(1João 5:16b). É impossível restaurar um apóstata por meio do arrependimento, uma vez que ele crucifica para si mesmo o Filho de Deus e o expõe à ignomínia(Hb 6:6, ARA). Para aqueles que pecam deliberadamente depois de terem recebido o conhecimento da verdade, “já não resta sacrifício pelos pecados; pelo contrário, certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários”(Hb 10:26,27). A apostasia produz efeitos nocivos para outros e não apenas para o apóstata (cf Hb 12:15).
1. Autoria e contexto histórico. O autor da Epístola se intitula como sendo "o irmão de Tiago" (Jd.1), entendendo-se que o Tiago a que se refere é o líder da igreja em Jerusalém, ou seja, o irmão do Senhor(Gl 1:19, At 15:13). Deste modo, Judas é, também, irmão de Jesus (cf.Mc 6:3).
A humildade de Judas deve ser ressaltada, pois, provavelmente por não ter crido em seu meio-irmão como o Salvador do mundo (cf.João 7:5) até a ressurreição, entendia não ser digno de se identificar como irmão de Jesus, limitando-se a dizer que era irmão de Tiago, líder da igreja em Jerusalém (Jd.1). Este exemplo deve ser seguido pelos crentes, pois o principal título que devemos ostentar é o de "servo de Jesus Cristo", devendo sempre ter a mesma atitude daquele que o próprio Jesus testificou ser o maior de todos os homens, João Batista, cuja grandeza se encontra, precisamente, na sua humildade :" convém que Ele cresça e que eu diminua"(João 3:30).
Judas se converteu apenas após a ressurreição de Jesus, provavelmente como consequência da aparição do Senhor a Tiago(1Co 15:7), tendo sido batizado com o Espírito Santo no dia de Pentecostes(At 1:14).
Judas tencionava escrever algo sobre a salvação dos cristãos, provavelmente um ensino a respeito da vida cristã, mas acabou impulsionado pelo Espírito Santo a escrever uma apologia, ou seja, um discurso de defesa da fé cristã, contra os falsos mestres que ameaçavam a Igreja já no seu tempo(Jd.3).
A igreja tem uma dívida eterna para com Judas pela bênção magnífica com a qual ele encerra a sua Epístola(Jd 20-25). Ainda que breve, a Epístola de Judas é essencial em nosso tempo de apostasia crescente.
2. Conteúdo. Assim como Lucas iniciou a história cristã com “Atos dos Apóstolos”, Judas foi escolhido para escrever o penúltimo livro do Novo Testamento, que poderia ser chamado, apropriadamente, de “Atos dos Apóstatas”. Judas teria preferido escrever sobre a fé cristã compartilhada por ele e seus leitores, mas os falsos ensinamentos se difundiram de tal modo que ele se viu compelido a redigir uma exortação para batalharem “diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos”.
O alvo da Epístola de Judas é alertar sobre o perigo das heresias gnósticas que nuveavam a igreja de então. Judas apresenta um texto muito semelhante à Segunda Epístola de Pedro, preocupando-se em dissipar os ensinamentos do gnosticismo libertino, doutrina que ensinava que a matéria é má em si mesma e que só deve prevalecer o espírito, algo muito próximo ao ensinamento contemporâneo de que "Deus só quer o coração".
Judas fala com total franqueza e não mede esforços para desmascarar esses famigerados hereges. Emprega ilustrações da natureza, do Antigo Testamento e da tradição judaica(Enoque) para encorajar os fiéis.
Os gnósticos, contra os quais foi escrito este livro, criam no deísmo, o qual pode ser contrastado com o teísmo. O deísmo ensina que, apesar de existir um poder divino ou cósmico, que a tudo criou, esse poder ou pessoa não mantém interesse pessoal por sua criação, não galardoando nem castigando, nem fazendo intervenções na vida da humanidade. Deus, de acordo com essa definição, está divorciado de Sua criação. O teísmo, em contraposição a isso, ensina que Deus criou e até agora continua presente em Seu universo. Deus recompensa ao bem e pune ao mal, fazendo intervenções na história humana. Para que alguém seja 'amado por Deus', como é óbvio, torna-se necessário que exista um Deus concebido aos moldes teístas..." (R. N. CHAMPLIN, NTI, v.6, p.329). É interessante notar que, neste particular, os conceitos gnósticos se assemelham aos da Maçonaria.
Judas, nesta sua apologia, após apresentar o aparecimento dos falsos mestres na Igreja(Jd.4), traz sete ilustrações das Escrituras a respeito deles, demonstrando qual é o fim deste tipo de gente, a saber: a rebelião da geração israelita do êxodo, a rebelião dos anjos, o juízo sobre Sodoma e Gomorra, a postura do arcanjo Miguel, Caim, Balaão e Coré(Jd.5-11).
Em seguida, Judas apresenta doze características dos falsos mestres: manchas nas festas dos cristãos; nuvens sem água; árvores murchas, infrutíferas e mortas; ondas impetuosas do mar; estrelas errantes; murmuradores; arrogantes; interesseiros; escarnecedores; divisionistas; sensuais; pessoas sem o Espírito(Jd.12-19).
Judas, então, faz uma exortação aos crentes diante destes falsos mestres, com sete recomendações: edificação sobre a fé, oração no Espírito, autoconservação no amor de Deus, esperança na misericórdia de Jesus Cristo para a vida eterna, piedade para com o irmão duvidoso, misericórdia para salvação de alguns do fogo, aborrecimento até da roupa manchada da carne(Jd.20-23).
A atualidade da epístola de Judas se encontra, precisamente, neste ponto, pois, atualmente, muitos são os que têm acrescentado, diminuído e distorcido os ensinamentos das Escrituras, gerando um sem-número de falsos ensinamentos que têm contaminado sobremaneira a vida espiritual de muitos crentes.
Judas encerra sua carta lembrando os irmãos da necessidade de uma vida livre de tropeços e com apresentação irrepreensível, com alegria, em virtude do poder de Deus, que é o único Senhor e dominador de todas as coisas(Jd.24,25).
II.  APOCALIPSE, O CRISTO VITORIOSO
1. Autoria e Contexto histórico. O autor se identifica como João(Ap 1:1,4,9;22:8). Era bem conhecido entre as igrejas da Ásia Menor(Ap 1:9). Já no século II d.C., Justino Mártir, Irineu e outros identificaram o autor como sendo o apóstolo João. O livro possui plena autoridade divina (Ap 22:18,19).
Apocalipse foi escrito durante uma época de perseguição, durante o reinado do imperador Domiciano(81-96 d.C). A maior parte dos estudiosos concorda com uma data em torno de 95 d.C.
O imperador Domiciano, que arrogou para si o título de Senhor e Deus, baniu João para a Ilha de Patmos. Mas ao mesmo tempo em que se achava fisicamente em Patmos, achou-se também em espírito e Deus abriu-lhe o céu e revelou-lhe as coisas que em breve devem acontecer.
Num tempo em que a igreja estava sendo massacrada e pisada, perseguida e torturada, João recebe a revelação de que o Noivo da Igreja, o Senhor absoluto dos céus e da terra, está no total controle da igreja e da história (Ap 1:13; 5:5). Roma pôde banir João para uma ilha solitária, mas não pôde impedir que ele veja o céu aberto. Roma pôde impedir que João se relacione com as pessoas, mas não pôde impedir que ele entre na sala do trono do universo para estar na presença do Deus Todo-Poderoso. Deus usa seus instrumentos de forma incomum. Ele transforma tragédias em triunfo.
O Livro é dirigido a sete igrejas da Ásia Menor(1:4,11), uma área que, atualmente, é parte da Turquia ocidental. Cada igreja recebe repreensões e encorajamentos de acordo com a sua condição (Ap 2:1-3:22). Houve muita perseguição sobre alguns cristãos (Ap 1:9; 2:9,13) e haveria mais pela frente (Ap 2:10;13:7-10). Oficiais romanos tentariam forçar os cristãos a adorar ao imperador. Ensinamentos heréticos e fervor decrescente tentariam os cristãos para que se envolvessem com a sociedade pagã (Ap 2:2,4,14,15,20-24; 3:1,2,15,17). O Livro assegura aos cristãos que Cristo conhece as suas condições e que Ele os chama para permanecerem firmes contra todas as tentações. A vitória dos cristãos já foi assegurada pelo sangue do Cordeiro(Ap 5:9,10; 12:11). Cristo virá em breve para derrotar Satanás e todos os seus agentes (Ap 19:11-20:10), e o povo de Cristo desfrutará da paz eterna em sua presença (Ap 7:15-17; 21:3,4).
2. Tema do Apocalipse. O tema do livro de Apocalipse é a vitória de Cristo e de sua Igreja sobre Satanás e seus seguidores (Ap 17:14). A intenção do livro é mostrar que as coisas não são como parecem ser. O diabo, o mundo, o anticristo, o falso profeta e todos os ímpios perecerão, mas a Igreja, a Noiva do Cordeiro, triunfará. Cristo é sempre apresentado como vencedor e conquistador (Ap 1:18; 5:9-14; 6:2; 11:15; 19:9-11; 14:1,14; 15:2-4; 19:16; 20:4; 22:3). Jesus triunfa sobre a morte, o inferno, o dragão, a besta, o falso profeta, a Babilônia e os ímpios.
A igreja perseguida ao longo dos séculos, mesmo suportando martírio, é vencedora (Ap 7:14; 22:14; 15:2). Os juízos de Deus mandados para a terra são uma resposta dEle às orações dos santos (Ap 8:3-5).
3. Divisões do Apocalipse. O livro de Apocalipse é dirigido às sete igrejas da Ásia (Ap 1:4) e está dividido em três partes principais, contemplando passado, presente e futuro (Ap 1:19):
a) As coisas que João viu - “escreve as coisas que tens visto”: A visão na qual Cristo aparece como Juiz das Igrejas (Ap 1:9-20).
b) As coisas que são – “e as que são”: as cartas enviadas por Jesus, por intermédio de João, às sete igrejas da Ásia Menor (caps. 2 e 3).
c) As coisas que hão de acontecer depois destas – “e as que depois destas hão de acontecer”: Um esboço dos acontecimentos que ocorrerão antes e depois da vinda de Cristo à Terra - a ascensão do Anticristo, a Grande Tribulação, o Milênio, o Julgamento Final e a inauguração da Jerusalém Eterna e Celeste(caps 4-22).
A seguir, uma forma simples de memorizar o conteúdo da terceira parte do livro:
c.1) Os capítulos 4 a 19 descrevem a grande tribulação, um período de sete anos durante o qual Deus julgará a nação incrédula de Israel, bem como os gentios incrédulos. Esses julgamentos são representados pelas imagens de:
Ø       sete selos;
Ø       sete trombetas;
Ø       sete taças.
c.2) Os capítulos 20 a 22 tratam da segunda fase da segunda vinda de Cristo, de seu reino na Terra, do julgamento diante do Grande Trono Branco e do Estado Eterno.
No período da Grande Tribulação, o sétimo selo contém as sete trombetas. A sétima trombeta contém as sete taças de julgamento. À medida que a narrativa se desdobra, porém, ocorrem interrupções frequentes que nos apresentam várias personalidades e acontecimentos relevantes do período da Grande Tribulação. Alguns autores chamam essas interrupções de parênteses ou inserções. Os parênteses mais importantes são:
·         Os cento e quarenta e quatro mil santos judeus selados (Ao 7:1-8).
·         Os cristãos desse período (At 7:9-17).
·         O anjo forte com o livrinho (Ap 10).
·         As duas testemunhas (Ap 11:312).
·         Israel e o dragão (Ap 12).
·         As duas bestas (Ap 13).
·         Os cento e quarenta e quatro mil com Cristo no monte Sião(Ap 14:1-5).
·         O anjo com o evangelho eterno (Ap 14:6,7).
·         Anúncio preliminar da queda da Babilônia (Ap 14:8).
·         Advertência aos adoradores da besta (Ap 14:9-12).
·         A ceifa e a vindima (Ap 14:14-20).
·         A destruição da Babilônia (Ap 17:1-19:3).
Grande parte da linguagem de Apocalipse é simbólica. Números, cores, bestas, estrelas, candeeiros, pedras preciosas e outros minerais são usados para representar pessoas, coisas ou verdades. Felizmente, alguns desses símbolos são explicados de forma clara no próprio livro. As sete estrelas, por exemplo, são os anjos (pastores dirigentes) das sete igrejas (Ap 1:20); o grande dragão branco é o diabo (Ap 12:9). Indicações do significado de outros símbolos podem ser encontradas em passagens anteriores da Bíblia. Os quatro seres viventes (Ap 4:6) são quase idênticos aos quatro seres viventes de Ezequiel 1:5-14. Em Ezequiel 10:20, são identificados como querubins. O leopardo, o urso e o leão (Ap 13:2) trazem à memória Daniel 7, onde esses animais selvagens se referem aos impérios da Grécia, Pérsia e Babilônia, respectivamente. Outros símbolos não são explicados claramente nas Escrituras, e devemos usar de grande cautela ao procurar interpretá-los.
Ao estudarmos Apocalipse, precisamos ter sempre em mente a distinção entre a Igreja e Israel. A Igreja é um povo celestial, abençoado com bênçãos espirituais e chamado a participar da glória de Cristo como sua noiva. Israel é o povo antigo e terreno de Deus, ao qual ele prometeu a terra de Israel e um reino terreno literal sob o governo do Messias. A Igreja verdadeira é mencionada nos três primeiros capítulos, mas só volta a aparecer nas Bodas do Cordeiro em Ap 19:6-10. O período da Grande Tribulação (Ap 4:1-19:5) é, primordialmente, de caráter judaico.
4. Generalidades. De todos os livros da Bíblia, Apocalipse tem a maior visão panorâmica da história e do controle máximo que Deus tem sobre ela. As coisas podem ficar difíceis, mas Deus sabe o que está fazendo e está nos guiando a uma Nova Jerusalém onde enxugará nossas lágrimas e onde habitaremos com Ele para sempre.
Apocalipse é um livro aberto em que Deus revela seus planos e propósitos para a sua Igreja. Ele não é a revelação apenas das últimas coisas, mas sobretudo da saga do Cristo vencedor. Este livro majestoso fala não tanto de fatos escatológicos, mas da Pessoa gloriosa de Cristo. Apocalipse é fundamentalmente a revelação de Jesus Cristo(Ap 1:1), e não apenas de eventos futuros. Você não pode divorciar a profecia da Pessoa de Jesus.
Apocalipse é também um livro prático e não apenas para transmitir informações sobre o futuro. Ele foi dado para ajudar o povo de Deus no presente. Ele contém muitas exortações à fé, paciência, obediência, oração e vigilância.
Cristo veio ao mundo para revelar o Pai(João 17:6). No Apocalipse é o Pai quem revela a Jesus(Ap1:1). E como O revela? Como o servo lavando os pés dos discípulos? Como uma ovelha muda que vai para o matadouro? Como aquele de quem os homens escondem o rosto? Como aquele que está pregado na cruz, com o rosto cheio de sangue? Como aquele que tem as mãos atadas e os pés pregados na cruz? Absolutamente não!
A revelação de Jesus Cristo pelo Pai é de um Ser glorioso: Seus cabelos não estão cheios de sangue, mas são alvos como a neve. Seus olhos não estão inchados, mas são como chama de fogo. Seus pés não estão pregados na cruz, mas soa semelhantes ao bronze polido. Sua voz não está rouca por causa da língua que está colada ao céu da boca, por atordoante sede, mas é voz como voz de muitas águas. Suas mãos não estão cheias de pregos, mas Ele segura a Igreja e a história em Suas onipotentes mãos. Seu rosto não está desfigurado, mas brilha como o sol.
O objetivo do livro do Apocalipse não é nos dar uma tabela do tempo do fim, mas nos revelar o Noivo glorioso da Igreja, o supremo conquistador. A Igreja precisa olhar para a supremacia do seu Senhor. Durante a sua primeira vinda, a glória de Cristo estava encoberta. Ele viveu se esvaziando da Sua glória. Mas na sua segunda vinda, sua glória será auto-evidente (cf Mc 14:61,62; Ap 1:7).
O Apocalipse é um livro de esperança. O apóstolo João, testemunha ocular de Jesus, proclamou que o Senhor vitorioso iria, com toda certeza, retornar para defender os justos e julgar os pecadores. Mas o Apocalipse também é um livro de advertências e consolações. O seu estudo incentiva-nos à santidade, encoraja-nos no sofrimento e nos leva a adorar Àquele que está no trono (2Pe 3:12). Encha-se de Esperança sabendo que Deus está no controle de tudo e que a vitória de Cristo está assegurada. Todos os que confiam nEle serão salvos.
5. Escolas de Interpretação. Há três escolas principais de interpretação do Livro de Apocalipse: a interpretação preterista, histórica e a interpretação futurista.
a) Preterista. Segundo essa escola, tudo o que é profetizado no livro de Apocalipse já aconteceu. Eles pensam que o cumprimento ocorreu na queda de Jerusalém(isto se Apocalipse foi escrito em 67 a 68 d.C.), na queda do império Romano, ou em ambos. Portanto, segundo essa escola de interpretação, o Livro de Apocalipse não tem nenhuma significação profética para o futuro. Simplesmente trata-se de um vívido quadro dp conflito que a Igreja teve contra o poder ímpio de Roma.
Esta linha de interpretação é deficiente porque não explica muitos eventos vistos por João, que ainda não ocorreram, tais como a “Grande Tribulação” e o Reino de Cristo em companhia dos mártires (Ap 20:4-6).
b) Histórica. Esta interpretação toma como base que os fatos que João descrevia tinham lugar durante a história da igreja e insinua que todos os fatos já teriam acontecido quando olhamos para trás na história da humanidade. Obviamente, seria muito difícil encaixar todas as profecias do livro de Apocalipse em fatos históricos que já aconteceram.
Esse método é extremamente amplo, podendo levar a diversas interpretações acerca dos símbolos e dos cumprimentos proféticos. O livro poderia fazer alusão a muitos acontecimentos, como as invasões bárbaras, o surgimento e a expansão do Islã, as pestes que ocorreram na Europa medieval, a Reforma Protestante, a Revolução Francesa e até as Grandes Guerras do século XX.
Uma linha de interpretação historicista que se tornou muito comum é a que identifica, na besta, o papado e, no falso profeta, a Igreja Romana. Por muito tempo o método historicista foi o predominante no meio protestante. Simplesmente, isto faz com que esta interpretação não tenha fundamento.
c) Futurista. Esta interpretação coloca as profecias do livro de Apocalipse como fatos que ainda não se cumpriram. Tais profecias começam no capítulo 4 em diante. Esta interpretação foi a mesma que a igreja primitiva usou durante sua história evangelística, desde o momento dos apóstolos que estavam com Jesus Cristo até o século IV. Esta interpretação toma como regra o sentido literal das profecias. Esta é a única interpretação considerada aceitável para o livro do Apocalipse.
Esta escola de interpretação, aceita pela maioria dos crentes, permite que as profecias do Apocalipse se harmonizem com outras profecias da Bíblia. Aqueles que a defendem podem mostrar que as previsões do Apocalipse cumprem ou enriquecem o significado de profecias anteriores. Por exemplo, em Daniel 7:13 e Atos 1:11, lemos que Jesus voltará a Terra. Além disso, esta escola de interpretação mostra-nos que a visão de João sobre a vinda de Cristo, a ressurreição dos mortos e a separação final entre salvos e perdidos não representam apenas ideias, mas retratam eventos verdadeiros.
É válido ressaltar que as cartas às sete igrejas da Ásia(Ap 2-3) não aludem a períodos da História da Igreja, pois nelas se mencionam lugares e pessoas que realmente existiram. Contudo, apesar de não sermos os destinatários originais dessas cartas, boa parte do que foi dito por Jesus àquelas igrejas é extensivo a nós: “Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas” (Ap 2:7,11,17,29; 3:6,13,22; 13:9). A igreja nascente começou com os doze discípulos do Senhor Jesus, que ouviram ensinamentos que, em sua maioria, são válidos para hoje (Mt 5:7,24,25; João 13:17). Nós somos a continuação da igreja primitiva.

CONCLUSÃO

Com esta Aula concluímos o estudo panorâmico do Novo Testamento. Através destes estudos fomos conscientizados de que este compêndio doutrinário é a mensagem divina para a Igreja. É o Novo Concerto que Deus estabeleceu com o homem por meio de Jesus Cristo. O Novo Testamento revela-nos como Deus nos salvou da perdição eterna; diz-nos como podermos ser conduzidos ao seu reino através de Cristo, experimentando o seu poder em nossa vida diária. Nele é descrito o retorno glorioso de nosso Salvador e o maravilhoso destino que Ele estabeleceu para nós.


 -----

Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.

Panorama do Novo Testamento – ICI, São Paulo, 2008).

William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Novo Testamento).

Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.

Guia do Leitor da Bíblia – Lawrence O. Richards