Texto base: Jeremias 35.1-5, 8,18,19
“Obedecemos, pois, à voz de Jonadabe, filho de Recabe, nosso pai, em tudo quanto nos ordenou; de maneira que não bebemos vinho em todos os nossos dias, nem nós, nem nossas mulheres, nem nossos filhos, nem nossas filhas”(Jr 35:8); "E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito" (Ef 5:18).
“Obedecemos, pois, à voz de Jonadabe, filho de Recabe, nosso pai, em tudo quanto nos ordenou; de maneira que não bebemos vinho em todos os nossos dias, nem nós, nem nossas mulheres, nem nossos filhos, nem nossas filhas”(Jr 35:8); "E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito" (Ef 5:18).
INTRODUÇÃO
Jeremias não hesitou em usar vários métodos para apresentar a Palavra de Deus ao povo de Judá. Nesta aula veremos que ele usou uma tribo inteira, cuja devoção peculiar aos ideais da família lhe permitiu mostrar aos israelitas o contraste entre o que Deus esperava deles e o que eles estavam fazendo. Sob a ordem de Deus, Jeremias foi à casa(acampamento) dos recabitas, levou-os ao Templo e lhes ofereceu vinho para beber em local reservado: na câmara dos filhos de Hanã(30:4). Essas câmaras eram edificadas ao redor dos pátios do Templo, servindo em parte como depósitos e em parte como residência para os sacerdotes(cf Ne 10:37-39). Dentro da sala, Jeremias colocou vasilhas cheias de vinho, com taças, diante dos recabitas, e disse-lhes: bebei vinho (30:5). Os recabitas não só recusaram-se a beber, mas resolutamente apresentaram suas razões para uma total abstinência. Eles disseram a Jeremias que Jonadabe, dois séculos antes, tinha lhes ordenado para não beberem vinho (30:6), edificar casas (30:9), semear semente (30:7), ou plantar vinhas, mas, em vez disso, deveriam habitar em tendas e viver como nômades. Eles completaram sua resposta dizendo: assim, ouvimos e fizemos conforme tudo quando nos mandou Jonadabe, nosso pai (30:10). Eles disseram a Jeremias que estavam em Jerusalém somente temporariamente com medo do exército dos caldeus e dos sírios (30:11). Quando passasse o período de emergência, eles voltariam ao deserto novamente.
Passados vinte e seis séculos, o exemplo marcante dos recabitas ainda nos inspira à fidelidade a Deus, a uma vida equilibrada e temperante. "À semelhança dos recabitas, primemos pela excelência das virtudes cristãs. Caso contrário: seremos tidos como profanos quando da volta do Senhor Jesus"(Claudionor de Andrade)
O QUE É TEMPERANÇA
1) Definição Bíblica. No livro de Provérbios, capítulo 16:32 é demonstrada esta virtude: “Melhor é o longânimo do que o valente, e o que governa o seu espírito do que o que toma uma cidade”, ou, como diz a Bíblia, na linguagem de hoje: “Vale mais ter paciência do que ser valente, é melhor saber se controlar do que conquistar cidades inteiras”. Nestas palavras de Salomão temos o conceito de temperança: governar o espírito, saber se controlar, ser moderado, comedido, exercer o auto-controle, capacidade de dominar os sentimentos, as paixões.
Vê-se, pois, que o homem que vive no pecado não possui o domínio de suas ações, de seus sentimentos, segundo afirmou Jesus: “... todo aquele que comete pecado é servo do pecado”(João 8:34). Quem vive sob o domínio, ou poder do pecado, vive, também, sob o domínio de seus desejos, sentimentos, paixões. Daí, só pode produzir “as obras da carne”, conforme descritas em Gálatas 5:19-21. O crente fiel, aquele no qual está sendo formado o Fruto do Espírito, tem o poder de governar o seu espírito, porque “... o fruto do Espírito é:...temperança”.
2) Temperança como fruto do Espírito é autodisciplina. Há pessoas que em nome da fé, agem sem qualquer moderação, sem autocontrole, sem autodisciplina, emitindo cheques, para Deus cobrir, efetuando compras para o Senhor pagar. A fé não elimina a prudência, ou a temperança. Como virtudes do Fruto do Espírito, fé e temperança somam-se, não concorrem entre si. Paulo afirmou: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece”(Fp 4:13). Porém, esperava pelo tempo de Deus para agir, usando sua fé. Por muitos anos alimentou o desejo de ir a Roma, mas, era um homem que exercia o controle sobre suas ações. Não fazia uso da fé para agir de forma abrupta e descontrolada. Ele tinha sua vontade controlada e esperava pelo tempo de Deus, conforme confessou aos Romanos: “Pedindo sempre em minhas orações que, nalgum tempo, pela vontade de Deus, se me ofereça boa ocasião de ir ter convosco. Porque desejo ver-vos, para vos comunicar algum dom espiritual, a fim de que sejais confortados...muitas vezes propus ir ter convosco (mas até agora tenho sido impedido)...”(Rm 1:10-13).
Um homem controlado pelo Espírito Santo, através da temperança, tem o domínio sobre suas ações. Não sai, de forma impensada, sem qualquer controle, correndo para realizar este, ou aquele negócio, grande, ou pequeno. Deixa primeiro amadurecer suas idéias. Mesmo na defesa de seus direitos não busca, precipitadamente, a lei e a justiça. Exercendo a autodisciplina sob sua forma de agir, espera pelo momento de Deus, para tomar uma decisão, para realizar um negócio, para empreender uma viagem.
Por tomar atitudes precipitadas, por falta de temperança, muitos têm agido de forma incorreta. O Senhor Jesus falou sobre a necessidade de planejarmos nossas ações – “Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar?”(Lc 14:28).
Agir, tomar atitudes, assumir compromissos sem planejamento, sem autocontrole, sem autodisciplina não é próprio de um crente fiel, porque “... o fruto do Espírito é:...temperança”. Veja a alusão que Paulo emprega, em 1 Coríntios 9:25, para explicar que a temperança como Fruto do Espírito é autodisciplina. Ali o apóstolo mostra que o crente deve ser como os famosos atletas olímpicos, que, diante do objetivo de ganhar o prêmio nas competições esportivas, mantém uma vida de contínua abstenção daquilo que não convém, uma contínua disciplina para a manutenção da sua forma física, tudo fazendo no sentido de impedir que suas condições anteriores não lhe permitam competir e, mais do que competir, não lhe tragam reais chances de vitória. O atleta é um exemplo de determinação, de regramento, de disciplina, de vigilância e de equilíbrio. Do mesmo modo, quem não age com disciplina a todo instante, quem não subjuga seu corpo e o reduz à servidão, a cada instante, a cada momento, controlando seus instintos, não pode ser considerado um homem temperante, um ramo da videira verdadeira, um autêntico servo do Senhor. É bom ressaltar que isso não se trata de ascetismo, “doutrina herética que considera a privação, a solidão e a autopunição como elementos necessários à santidade”, mas uma vida de inteira submissão a Cristo.
3) Domínio sobre os desejos sexuais. A palavra temperança, também, é empregada em 1Coríntios 7:9 em referência ao domínio do cristão sobre os desejos sexuais: “Mas, se{os solteiros] não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se”.
Vale ressaltar que em momento algum a Bíblia ensina que devamos eliminar os nossos instintos (aquisição, domínio, auto-proteção, reprodução, comunhão e alimentação), pois isto seria absolutamente contraditório, já que Deus fez o homem com estes instintos, de forma que a natureza humana, pelo menos enquanto não for objeto da glorificação futura, necessita destes instintos para existir. Muitos, equivocadamente, identificam a manifestação dos instintos com o pecado, esquecendo-se de que o pecado está no desequilíbrio dos instintos e não nos próprios instintos. Assim, por exemplo, muitos vêem no sexo, que nada mais é que o instinto de reprodução, algo que, em si, é pecaminoso e defendem, por exemplo, o celibato como forma de pureza, quando, em verdade, não é o sexo em si que é pecado, mas o descontrole deste instinto, que leva a toda ordem de impureza sexual.
Analisemos a seguir o estilo de vida dos Recabitas, que tanto agradou a Deus, e que foi tomado como modelo de fidelidade e temperança.
I. A ORIGEM DOS RECABITAS
1. Sua origem. Os recabitas eram nômades, provavelmente descendentes dos quenitas (ou queneus). Moisés era casado com uma quenita (Juízes 1:16), filha de Jetro. Este povo se juntou aos hebreus em sua caminhada para a terra de Canaã. O ascendente direto dos recabitas foi Recabe(1Cr 2:55), sobre quem pouco sabemos. Sabemos mais sobre um de seus descendentes, Jonadabe(35:6). O rei Saul demonstrou bondade para com eles (1Sm. 15:6), pela simpatia que sempre demonstraram para com os hebreus. Jonadabe trabalhou com Jeú, no século 9 a.C., quando o rei, contemporâneo de Eliseu, se empenhou na destruição dos seguidores de Baal em Israel(cf 2Rs 10:15-28). A maioria dos quenitas morava em cidades, adotando um estilo de vida urbano (1Sm 30:29). No entanto, Jonadabe convocou seus descendentes a um novo tipo de vida, renovando-lhes o sentido de sua existência. Jonadabe pediu ao seu clã que conservasse uma vida simples, sem consumo de bebida alcoólica (vinho), sem construção de casas e sem a formação de fazendas. Até a época da narrativa de Jeremias permaneciam fiéis ao estilo de vida implantado pelo fundador: Jonadabe, filho de Recabe. Eram miais de 200 anos de fidelidade.
2. Seu relacionamento com Israel. Os recabitas entram na história do povo de Deus de maneira heróica. Jonadabe, fundador do clã, participou com Jeú(rei de Israel) do extermínio da casa de Acabe e dos sacerdotes de Baal, conforme 2 Reis 10:15ss. Jonadabe identificou-se com aquele que zelava pelo Senhor e por fazer cumprir as palavras proféticas contra a casa de Acabe. Apesar dos desvios de Jeú e de outros líderes em Israel, os recabitas mantiveram-se fiéis à Lei de Deus, embora não passassem de forasteiros entre os hebreus.
3. O encontro dos recabitas com Jeremias. Quando Nabucodonozor invadiu a terra de Judá, os recabitas se refugiaram em Jerusalém (30:11), e lá Jeremias foi encontrá-los, enviado por Deus. Talvez Jeremias já os conhecesse, porque eles exerciam a profissão de metalúrgicos, tão importantes à época. Talvez Jeremias deva ter pensado: "vamos ver se esse pessoal resiste ao meu convite". Imagino que Jeremias sabia que aquela gente era cônscia de que ele era um profeta de Deus; logo, eles iam levar a sério sua palavra. Muitos, talvez, duvidassem que aqueles nômades resistissem a prova de Jeremias. Quem sabe se muitos não faziam até mesmo apostas, semelhantes àquelas que ainda são feitas quando há um desafio a enfrentar por parte de alguém que será provado. Todavia, a resposta deles foi de uma fidelidade a toda prova (cf Jr 35.6-11). Os recabitas permaneceram fiéis às suas convicções, e não desobedeceram aos princípios estabelecidos por seu antepassado (Jonadabe).
Com essa dramatização, Deus queria exortar ao povo de Judá que o exemplo de fidelidade e temperança dos recabitas era digno de ser imitado. Por meio dessa dramatização Jeremias chamou a atenção para fidelidade e obediência dessa família à ordem do seu antepassado. Jeremias procurou falar à consciência de Judá em relação à condição espiritual patética do povo, ressaltando sua infidelidade às exigências de Deus. Os recabitas não deixaram de obedecer a ordem do seu pai embora já estivesse morto havia dois séculos, mas, apesar do fato de Deus ter constantemente enviado profetas(30:15) para lembrar seu povo, Judá o havia esquecido. Com sons fortes Jeremias convoca o povo ao arrependimento: Convertei-vos (30:15). A mensagem de Deus, no entanto, se defronta com ouvidos surdos: este povo não me obedeceu, assim [...] trarei sobre Judá [...] todo o mal que falei contra eles(30:16-17).
II. O ESTILO DE VIDA DOS RECABITAS
Na história da humanidade Deus sempre teve um remanescente fiel que lhe agradava e não se conformava com o sistema vil do mundo. Esses lhe eram peculiares pelo fato de servirem de modelo para os povos contemporâneos e futuros. Foi assim que aconteceu com a família dos recabitas. Vejamos, pois, qual o seu estilo de vida.
1. Abstinência de bebidas fortes. Seguindo as ordens de Deus, Jeremias serviu jarras de vinho numa mesa e mandou que os recabitas se servissem (35:5). A resposta deles foi enfática e contundente: “Não beberemos vinho, porque Jonadabe, filho de Recabe, nosso pai, nos mandou, dizendo: Nunca bebereis vinho, nem vós nem vossos filhos”(35:6). Eles prezavam por cumprir o modelo de vida ensinado pelo seu líder (35:6 a 11).
A abstinência do vinho ajudava os recabitas a evitar a imoralidade e a idolatria do culto de Baal, que geralmente envolvia embriagues e orgia. Eles permaneceram fiéis às suas convicções, e não desobedeceram aos princípios estabelecidos por seu antepassado Jonadabe.
O sábio Salomão mostra que há um perigo no vinho e que ele é enganador: “O vinho é escarnecedor, e a bebida forte, alvoroçadora; todo aquele que por eles é vencido não é sábio"(Provérbios 20:1); "Ouve, filho meu, e sê sábio; guia retamente no caminho o teu coração. Não estejas entre os bebedores de vinho nem entre os comilões de carne. Porque o beberrão e o comilão caem em pobreza; e a sonolência vestirá de trapos o homem" (Provérbios 23:19-21).
A bebida forte tem um passado sórdido:
O justo Noé caiu por causa do vinho: "Bebendo do vinho, embriagou-se e se pôs nu dentro de sua tenda" (Gênesis 9:21).
Quando as filhas de Ló desejaram ter filhos do pai, elas o embriagaram e depois o procuraram. O álcool em si não estimulou a concepção, mas elas sabiam que Ló ficaria muito mais passível de cometer essa imoralidade se estivesse bêbado: "Subiu Ló de Zoar e habitou no monte, ele e suas duas filhas, porque receavam permanecer em Zoar; e habitou numa caverna, e com ele as duas filhas. Então, a primogênita disse a mais moça: Nosso pai está velho, e não há homem na terra que venha unir-se conosco, segundo o costume de toda terra. Vem, façamo-lo beber vinho, deitemo-nos com ele e conservemos a descendência de nosso pai. Naquela noite, pois, deram a beber vinho a seu pai, e, entrando a primogênita, se deitou com ele, sem que ele o notasse, nem quando ela se deitou, nem quando se levantou. No dia seguinte, disse a primogênita à mais nova: Deitei-me, ontem, à noite, com o meu pai. Demos-lhe a beber vinho também esta noite; entra e deita-te com ele, para que preservemos a descendência de nosso pai. De novo, pois, deram aquela noite, a beber vinho a seu pai, e, entrando a mais nova, se deitou com ele, sem que ele o notasse, nem quando ela se deitou, nem quando se levantou. E assim as duas filhas de Ló conceberam do próprio pai" (Gênesis 19:30-36).
Absalão decidiu matar Amnom enquanto este bebia, talvez por crer que ele seria menos capaz de se defender se estivesse num estado um tanto inebriado: "Absalão deu ordem aos seus moços, dizendo: Tomai sentido; quando o coração de Amnom estiver alegre de vinho, e eu vos disser: Feri a Amnom, então, o matareis. Não temais, pois não sou eu quem vo-lo ordena? Sede fortes e valentes" (2Samuel 13:28).
Um dos pecados de Belsazar, na noite em que viu a mão na parede e em que seu reino foi tomado, foi o fato de estar bebendo: "Beberam o vinho e deram louvores aos deuses de ouro, de prata, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra" (Daniel 5:4).
O homem dado ao vinho é comparado ao soberbo, cuja alma está inchada e que não é reta (Hc.2:4,5). Um dos requisitos bíblicos para o ministério é, precisamente, o de não ser alguém dado ao vinho (1Tm.3:3; Tt.1:7).
2. Peregrinações. Um peregrino é alguém que não cria raízes em lugar algum, mas que está sempre desprendido para locomover-se por caminhos novos. As ordens de Jonadabe foram que os Recabitas vivessem como peregrinos, forasteiros: “não edificareis casa, nem semeareis semente, não plantareis, nem possuireis vinha alguma; mas habitareis em tendas todos os vossos dias, para que vivais muitos dias sobre a face da terra em que vós andais peregrinando”(35:7).
O Novo Testamento ensina que somos peregrinos nesta terra: “Todos estes morreram na fé, sem terem recebido as promessas, mas, vendo-as de longe, e crendo nelas, e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra”(Hb 11:13); “Porque não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a futura”(Hb 13:14); “Amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das concupiscências carnais, que combatem contra a alma”(1Pe 2:11).
Portanto, somos, espiritualmente, “peregrinos em terra estranha”. Nossa verdadeira cidadania está no Céu com Cristo (cf Fp 3:20; Hb 11:9-16). Não pertencemos a este mundo, não nos modelamos aos seus modismos e não nos submetemos às suas investidas que militam contra a vontade de Deus.
3. Honravam a tradição de seus antepassados. Os recabitas foram obedientes e demonstraram respeito às tradições de seus pais - ”Assim, ouvimos e fizemos conforme tudo quanto nos mandou Jonadabe, nosso pai" (Jr 35:10). Diferente deles, o povo de Judá quebrava sem temor e tremor a aliança que Deus fizera com ele. O povo de Judá desobedecia a Deus persistentemente e, por isso, seria punido exemplarmente. Se quisermos agradar ao Senhor, precisamos obedecer-Lhe. A obediência é uma prova do nosso amor a Deus.
Por sua fidelidade, Deus recompensa os recabitas(30:18,19). As perspectivas para Judá eram severas, mas para os recabitas eram favoráveis: “E à casa dos recabitas disse Jeremias: Assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel: Visto que obedecestes ao mandamento de Jonadabe, vosso pai, e guardastes todos os seus mandamentos, e fizestes conforme tudo quanto vos ordenou, assim diz o SENHOR dos Exércitos, Deus de Israel: Nunca faltará varão a Jonadabe, filho de Recabe, que assista perante a minha face todos os dias”.
Todos os crentes que conhecem os ensinos divinos e os praticam fielmente para honrarem ao Senhor, à igreja e aos pais receberão a bênção e a recompensa do Senhor.
III. O EXEMPLO DOS RECABITAS
Os recabitas tornaram-se um singular exemplo de moderação, prudência e fidelidade a todo o povo de Deus. Isto nos mostra que, mesmo em tempos de grande apostasia, Deus tem servos fiéis, que não se afastam de seus mandamentos. A fidelidade aos princípios divinos fez a diferença no caso dos recabitas, e o mesmo acontece com aqueles que insistem em ser fiéis ao Senhor em tempos de esfriamento espiritual. Deus comenta que enviou seus servos, os profetas, para que falassem ao povo e este se arrependesse, mas no caso dos israelitas, o arrependimento viria somente após o exílio. Essa seria a recompensa do povo por suas más ações, enquanto que a recompensa pela fidelidade dos recabitas, que foi ordenada pelo Senhor, era que não faltasse descendente varão de Jonadabe para prestar culto ao Senhor.
Quem é você quando ninguém está olhando? Nosso caráter está relacionado com quem somos quando ninguém está olhando. Deus está interessado em nossa fidelidade quando ninguém está olhando. “Os recabitas foram levados a uma câmara do Templo, um lugar separado, onde poderiam quebrar a tradição de não beber vinho e ninguém saberia. Além de Jeremias, mais ninguém iria saber sobre a integridade ou a falta dela por parte dos recabitas. E Deus atestou a fidelidade desses homens: “As palavras de Jonadabe, filho de Recabe, que ordenou a seus filhos que não bebessem vinho, foram guardadas, pois não beberam vinho até este dia...”(Jr 35:14). Essa é uma demonstração clara de que Deus se encarrega de exaltar em público a fidelidade de seus servos em particular. Não precisamos fazer um marketing pessoal de nossas virtudes e dons, pois isto está foram dos planos de Deus. Segundo Jesus, aqueles que fazem qualquer coisa querendo ser admirados pelos homens já receberam o seu galardão. Deus não precisa retribuir a pessoas que agem assim. Valorizemos, portanto, a fidelidade em oculto, pois Deus se agrada dela”(Ensinador cristão).
Devemos ser cuidadosos em firmar compromissos. Quando damos uma palavra, ela deve valer mais que uma assinatura. Não devemos desistir de nossos compromissos por causa da dificuldade em cumpri-los e mesmo pela falta de prazer em levá-los adiante. O nosso prazer em descumprir um compromisso é diretamente proporcional ao desprazer de quem é prejudicado por nossa infidelidade. No caso específico desta dramatização em epígrafe, Judá foi reprovado, não por não seguir a um conjunto de tradições, mas por não obedecer ao Deus vivo. Para dizer "sim" ao Deus vivo, precisamos, muitas vezes, dizer "não" aos convites que nos fazem. Se eu firmei uma aliança com o meu Senhor, eu serei fiel a Ele, mesmo que o Senhor pareça surdo diante do meu grito de socorro e silencioso diante da minha pergunta.
CONCLUSÃO
A fidelidade e a temperança dos recabitas ficaram gravadas para sempre nos anais da literatura bíblica como um exemplo vivo de uma devoção completa que Deus procura no homem. O propósito dos recabitas viverem separados do mal deve ser o alvo dos verdadeiros seguidores de Cristo. Todos os pais crentes devem, da mesma maneira que Jonadabe, ensinar aos filhos os princípios santos que os ajudarão a permanecer fiéis a Deus e à sua Palavra. Pense nisto!
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. O novo dicionário da Bíblia. Revista Ensinador Cristão. Guia do leitor da Bíblia – Jeremias. A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck. Comentário Bíblico Beacon – CPAD - volume 4. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdonald.