2º Trimestre/2014
Texto Básico: João 10:11,14; Tito 1:7-11; 1Pedro 5:2-4
“Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor da a sua vida pelas
ovelhas” (1João 10:11)
INTRODUÇÃO
Ser pastor é um trabalho
excelente; Paulo diz que aqueles que aspiram ao episcopado excelente obra
almejam (1Tm 3:1). Mas também é um trabalho árduo. Não é uma obra para gente
preguiçosa, mas uma obra que exige todo esforço, todo empenho e todo zelo. As
demandas internas e externas do rebanho são exaustivas, “entre elas o cuidado
para com as pessoas do rebanho, visita a enfermos, questões relacionadas a
administração eclesiástica e o constante desafio de se dedicar à oração e ao
ensino da Palavra de Deus”. Diz o Rev.
Hernandes Dias Lopes, em seu livro “De:
Pastor A: Pastor”, que “ser ministro é viver constantemente sob pressão. O
ministério é uma arena de lutas contra o poder das trevas e contra o poder da
carne. Não há ministério sem lágrimas. Ser pastor é cruzar um deserto
escaldante, em vez de pisar os tapetes aveludados da fama. Ser pastor é a arte
de engolir sapos e vomitar diamantes. Ser pastor é estar disposto a investir a
vida na vida dos outros sem receber o devido reconhecimento. Ser pastor é amar
sem esperar a recompensa, é dar sem esperar receber de volta. Ser pastor é
saber que o nosso galardão não nos é dado aqui, mas no céu”. (1)
I. JESUS, O SUMO PASTOR
1. Jesus é o Pastor Supremo. O escritor da
Epístola aos Hebreus refere-se ao Senhor Jesus como o “grande pastor das
ovelhas” (Hb 13:20) e a primeira Epístola de Pedro, por sua vez, O declara
como sendo “Pastor e Bispo das vossas almas” (1Pe 2:25). “Como Pastor,
apascentará o seu rebanho; entre os braços, recolherá os cordeirinhos e os
levará no seu regaço; as que amamenta, Ele as guiará mansamente” (Is 40:11).
Jesus Cristo é o Senhor da
Igreja, o Seu único Mediador, o Seu Intercessor e Sumo Sacerdote. Ele é o único
que está de forma absoluta, espiritual e hierarquicamente acima de qualquer
líder da Igreja. Nenhum líder possui o direito de ser reconhecido como
espiritualmente superior ao restante dos membros da Igreja, à semelhança de um
“pontífice” entre Deus e os seres humanos, isto é, como uma espécie de “ponte”
entre Deus e os discípulos. Esse tipo de posição na hierarquia religiosa
ocorria no Antigo Testamento na pessoa dos sacerdotes do Templo, os quais
tinham a função de mediar o encontro entre o pecador confesso e Deus, a fim de
que ocorresse o recebimento do seu perdão ou o derramamento de bênçãos; mas,
essa representação era uma figura de Jesus Cristo o nosso Sumo Sacerdote, por
meio do qual toda e qualquer bênção o ser humano poderá alcançar. Assim,
pode-se concluir que não há qualquer ministério eclesiástico humano que deva
ser reconhecido como espiritualmente superior ao restante dos membros da
Igreja, e por meio do qual os discípulos recorram para que as bênçãos
sejam-lhes derramadas. Só Jesus Cristo é o Pastor Supremo!
2. O Pastor conhece
as Suas ovelhas (João 10:14,15). “Eu
sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido.
Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai...”. Na
Palestina as ovelhas eram criadas para produzir lã, sendo tosquiadas de ano em
ano. Desta feita, o pastor as mantinha sob seus cuidados durante muitos anos e
entre eles se desenvolvia um relacionamento de confiança e intimidade. O pastor
sabia até o nome de cada uma delas e as chamava pelo nome (João 10:3).
Era esta certamente a relação existente
entre Jesus e seus discípulos. Ele conhecia
pessoalmente as suas ovelhas. Assim como no Antigo Testamento Jeová chamava
Abraão, Moisés, Samuel, Elias, Josué e outros pelo nome, assim Jesus conhecia e
chamava as pessoas individualmente. Quando Ele
viu Natanael se aproximando e lhe disse: "Eis um verdadeiro israelita
em quem não há dolo!"; Natanael perguntou-lhe, atônito: "Donde
me conheces?"(João 1:47,48). Mais adiante, Jesus chama Zaqueu pelo
nome para que desça do sicômoro onde havia se escondido. E, após a sua
ascenção, Ele chamou Saulo de Tarso pelo nome, na estrada de Damasco (Lc 19:5;
At 9:4). E mesmo que, ao nos convertermos, não tenhamos escutado nenhuma voz
audível, nós também podemos dizer que Ele nos chamou pessoalmente, Ele nos
conhece por nome. Tal conhecimento e confiança entre Jesus e seus seguidores é
comparado ao relacionamento entre Jesus e o Pai: “Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai”.
Portanto, a mesma união, comunhão, intimidade e o mesmo conhecimento que há
entre o Pai e o Filho também existe entre o pastor e as ovelhas.
3. O pastor dá a
vida pelas ovelhas (João 10:11,15). “Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a
sua vida pelas ovelhas”. O bom pastor se
dedica ao bem-estar das ovelhas e toda a sua vida é dominada pelas necessidades
delas. A principal reclamação de Deus contra os líderes de Israel era esta:
"Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não
apascentarão os pastores as ovelhas?" (Ez 34:2; Jd 12). Jesus mesmo
deu a vida pelas suas ovelhas. Não agiu como um empregado ou um mercenário, que
faz o trabalho por dinheiro. Ele cuidou delas genuinamente, a ponto de morrer
por elas. Seu grande amor se revelou em sacrifício e serviço, sacrificando a si
mesmo para servir aos outros.
Uma dos diversos cuidados
que o bom pastor tem é fortalecer as ovelhas que são fracas, curar as doentes,
atar as feridas das que estão machucadas e buscar as que se encontram
extraviadas. É desse amor sacrificial, que serve, que os pastores
precisam hoje, pois muitas vezes os seres humanos, assim como as ovelhas, podem
se desviar do caminho.
Jesus se comparou, ainda, a
um pastor de ovelhas que deixou o resto de seu rebanho a fim de ir atrás
daquela que se havia perdido. Longe de abandoná-la, na esperança de que ela
pudesse sair balindo e tropeçando até encontrar o caminho de volta para casa,
ele arriscou a própria vida para ir à procura dela (Lc 15:1-7). Na verdade,
"o bom Pastor" deu a sua vida por suas ovelhas (Joao 10:11,15).
Deliberada e voluntariamente, Jesus foi para a cruz, a fim de identificar-se
conosco. Deus, em Cristo, assumiu o nosso lugar, a fim de que pudéssemos ser
perdoados e feitos nova criação (2Co 5:17).
II. AS
CARACTERÍSTICAS DO VERDADEIRO PASTOR
O verdadeiro pastor - que modela o seu
ministério pelo do Bom Pastor -, além de ser exemplo para os fiéis e infiéis, e
exemplo para sua família, ele tem, pelo menos, as seguintes características:
1.
Tem um caráter íntegro. A integridade do pastor é o fundamento
sobre o qual ele constrói seu ministério. Sem vida íntegra não existe
pastorado. Hoje, assistimos com tristeza a muitos pastores gananciosos que
mercadejam a palavra e vendem sua consciência no mercado do lucro. Há obreiros
que são rigorosos com os crentes, mas vivem de forma frouxa em sua vida
pessoal. Há pastores que apascentam a si mesmos, e não o rebanho. Amam a sua
própria glória, em vez de buscar a honra do Salvador.
2 Tem um relacionamento pessoal com suas
ovelhas. Talvez a característica
mais básica dos pastores seja o relacionamento pessoal que se deve desenvolver
entre o pastor e as pessoas. Cônscios devem estar de que as pessoas não são
seus clientes, nem seus eleitores, pacientes ou fregueses. E muitos menos são
meros nomes guardados em registro ou, pior ainda, números de um arquivo de
computador. São indivíduos, pessoas que o pastor conhece e que a recíproca é
verdadeira. Além do mais, cada uma tem um nome próprio, símbolo de sua
unicidade e identidade; portanto, todo pastor de verdade deveria tentar lembrar
o nome delas. E uma das formas de lembrar o nome das pessoas é escrevendo-os e
orando por elas. Quando Paulo disse aos tessalonicenses: "Damos sempre
graças a Deus por todos vós, mencionando-os em nossas orações" (1Ts
1:2), até parece que ele tinha algum tipo de lista. É, sem dúvida, o fato de
mencionarmos regularmente o nome das pessoas em oração que (com muito mais
certeza e rapidez do que de outra maneira) fixa esses nomes em nossa mente e
memória. Quer queira ou não, esquecer o nome de alguém é um sinal de sua falta
de oração como pastor.
3. Guia as suas ovelhas. No
Oriente Médio o pastor, devido ao íntimo relacionamento que mantém com suas
ovelhas, consegue caminhar à frente
delas, chamando-as, às vezes assobiando ou tocando uma flauta, e elas o seguem.
A relação de Israel com Jeová, e especialmente a passagem do povo pelo deserto,
tem relação com o movimento das ovelhas que seguem o seu pastor: "Dá
ouvidos, ó pastor de Israel, tu, que conduzes a José, como um rebanho (Sl
80:1). O israelita temente a Deus via a Jeová da mesma maneira:
"O Senhor é meu pastor: nada me faltará... Leva-me para junto das águas
de descanso..." (Sl 23:1,2). Assim, Jesus, o Bom Pastor, pegou essa
mesma figura e a desenvolveu: "... as ovelhas ouvem a sua voz, e chama
pelo nome às suas ovelhas e as traz para fora. E, quando tira para fora as suas
ovelhas, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz”
(João 10:3,4).
Com os pastores cristãos
acontece algo parecido. É solene responsabilidade dele guiar as pessoas de tal
forma que seja seguro para elas o seguirem. Ou seja: o pastor tem de ser para
as pessoas(“ovelhas”) um exemplo coerente e confiável. Convém lembrarmos que
Jesus introduziu no mundo um novo estilo de liderança, a saber, a liderança
pelo serviço e pelo exemplo, e não pela força. O apóstolo Pedro compreendeu
isto e o ecoou em seus ensinos: "Pastoreai
o rebanho de Deus que há entre vós... não como dominadores dos que vos foram
confiados, antes tornando-vos modelos do rebanho “(1Pe 5:2,3). Com efeito,
por bem ou por mal, quer gostem ou não, as pessoas vão segui-lo.
4.
Alimenta as suas ovelhas. "Eu sou a
porta", disse Jesus. "Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará e
sairá e achará pastagem” (João 10:9). A principal preocupação dos pastores
sempre é que suas ovelhas tenham o suficiente para comer. Quer sejam ovelhas
criadas para lã, quer sejam de corte, a saúde delas depende de terem pastagem
nutritiva. Assim, o próprio Jesus, na qualidade de bom pastor, foi sobretudo um
Mestre. Ele alimentou os seus discípulos com a boa comida da sua instrução.
Os pastores de hoje têm
essa mesma tremenda responsabilidade. O pastor é, acima de tudo, um mestre.
Esta é a razão para duas qualidades de um presbítero explicitadas nas Epístolas
Pastorais. Primeiro, o candidato deve ser "apto para ensinar"
(1Tm 3:2). Segundo, ele deve reter “firme a fiel palavra, que é
conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã
doutrina como para convencer os contradizentes”(Tt 1:9). Estas duas
qualificações andam juntas. O pastor deve ter o dom de ensinar e, ao mesmo
tempo, ser fiel ao ensino da Palavra de Deus. E, quer estejam ensinando a uma
multidão ou a uma congregação, a um grupo ou a um só indivíduo (Jesus mesmo
ensinou nestes três contextos), o que distingue o seu trabalho pastoral é que
este é sempre um ministério da Palavra.
5.
Cuida das ovelhas com ternura. O apóstolo Paulo tinha
esta característica: “antes, fomos brandos entre vós, como a ama que cria
seus filhos” (1Ts 2;7). Paulo tratou os crentes de Tessalônica
carinhosamente como uma ama que acarecia seus filhos. A ênfase da mãe é a
gentileza e a ternura. Paulo era como uma mãe afetuosa cuidando do seu bebê.
Ele demonstrou pelos seus filhos na fé amor intenso, cuidado constante,
dedicação sem reserva, paciência triunfadora, provisão diária, afeto explícito,
proteção vigilante e disciplina amorosa. Muitos obreiros lideram o povo de Deus
com truculência e rigor despótico. São ditadores implacáveis, e não pastores
amorosos. Esmagam as ovelhas com sua autoridade auto-imposta, em vez de
conduzir o rebanho com a ternura de uma mãe.
6.
Cuida de si mesmo para não praticar o que condena. O
ministério de pastor não é uma apólice de seguro contra o fracasso espiritual.
Há um grande perigo de o pastor acostumar-se com o sagrado e perder de vista a
necessidade de temer e tremer diante da Palavra. Os filhos de Eli carregavam a
Arca da Aliança com uma vida impura. A Arca não os livrou da tragédia.
Há muitos pastores vivendo
na prática de pecados e ainda mantendo a aparência. Há muitos pastores que saem
dos esgotos da impureza, pois navegam no lamaçal de sites pornográficos
para, depois, subir ao púlpito e exortar o povo à santidade. Essa atitude torna
os pecados do pastor mais graves, mais hipócritas e mais danosos que os pecados
das demais pessoas. Há pastores que causaram mais males com seus fracassos do
que benefícios com seu trabalho. Se um pastor perder a credibilidade, perde
também o seu ministério. A maior prioridade do obreiro não é fazer a obra de
Deus, mas ter comunhão com o Deus da obra. Vida com Deus é a base do trabalho
para Deus. Na verdade, Deus está mais interessado em quem nós somos do que no
que nós fazemos. Pense nisso!
III. O MINISTÉRIO PASTORAL
Conforme o texto de 1Pedro
5:1-4, podemos dizer que, em termos eclesiásticos, pastor é aquele que
supervisiona o rebanho; é aquele
que serve debaixo da autoridade do “Supremo Pastor” cuidando das “ovelhas” de
Cristo; ou melhor, ele é um mordomo do Senhor, por isso deve guardar cada uma
das ovelhas que lhe confiou o Sumo Pastor. O seu ministério é o de sábio
conselho, correção, encorajamento e consolo.
1. A missão do
pastor. O pastor
não é um voluntário, mas uma pessoa chamada por Deus. Seu ministério não é
procurado, é recebido. Sua vocação não é terrena, mas celestial.
No Antigo Testamento, o termo “pastor”,
literalmente, refere-se aos cuidados de um indivíduo alimentando, disciplinando
e protegendo seu rebanho. A partir dessa interpretação, surgiu o conceito
acerca de Deus como “Pastor de Israel” (Gn 48:15; Sl 80:1): alimentando (Is
40:11), protegendo(Am 3:12), disciplinando (Sl 23:2) e resgatando
as ovelhas desgarradas (Jr 31:10; Ez 34:12) de seu rebanho. Essa ideia de
“pastoreio” foi estendida aos líderes do povo de Israel, os quais atuavam sob a
supervisão de Deus, como, por exemplo, os juízes, reis, profetas e sacerdotes,
os quais também foram denominados “pastores” (cf. Nm 27:17; 1Rs 22:17; Jr 2:8;
Ez 34:2).
No Novo Testamento, o termo “pastor” é a tradução do vocábulo grego “poimén”,
podendo ser interpretado como: “pastor, guia, ministro, clérigo;
superintendente, inspetor, diretor; tutor, guardião, apascentador de ovelhas”.
Os escritores inspirados do Novo Testamento mantiveram a ideia
veterotestamentária do termo “pastor” aplicando-o ao Senhor Jesus Cristo como o
“Pastor” (João 10:2,11,14,16) e assim reconhecendo suas atribuições como Aquele
que exerce a função de pastoreio do rebanho do Pai (Mt 25:32; 26:31). Jesus
considerou os apóstolos como seus sucessores na missão de pastoreio da Igreja;
a mesma simbologia foi perpetuada nos escritos do apóstolo Paulo com referência
aos líderes que exerciam suas funções de governo
das igrejas locais.
Portanto, “o verdadeiro pastor cuida das
ovelhas com zeloso amor e compaixão, entregando-se totalmente às suas demandas
e dando-lhes alimento espiritual através do ensino da Palavra de Deus”.
2. Uma missão
polivalente.
A partir do termo neotestamentário “poimén” é possível listar diversas
interpretações para o ato daquele que pastoreia a Igreja, como, por exemplo:
a) Vigilância. O pastor
conserva-se no constante exercício de suas funções, concentrando ou exercendo a
sua influência benéfica ou protetora sobre o rebanho, além de permanecer em
perene atividade. Paulo alertou para o fato dos
pastores estarem vigilantes para que os lobos vorazes não penetrem no meio do
rebanho. Jesus, também, fez o mesmo alerta: “Guardai-vos dos falsos
profetas, que vêm a vós disfarçados em ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores”(Mt
7:15).
b) Alimentação. O pastor fortalece espiritualmente
o rebanho de Cristo por meio do ensino da sua Palavra, sendo este o seu
principal empreendimento. Bem diz Bernard Ramm: “A
tarefa fundamental de um pastor, na pregação, não é ser brilhante ou profundo,
mas é ministrar a verdade de Deus”.
c) Proteção. O pastor preserva o rebanho dos
perigos auxiliando-o quanto aos obstáculos em sua peregrinação à glória,
envolvendo-se ativamente no resgate dos doutrinariamente “desgarrados”,
mantendo-se atento para “defender” por meio da apologética cristã e da oração
persistente a união e a unidade das ovelhas. Sua função é descrita como a de um
“vigia” que, servindo sob o “estado de vela”, permanece em constante exercício,
espreitando a favor de seu rebanho.
d) Despenseiro. Além dessas responsabilidades, o pastor age como o bom conciliador e
administrador eclesiástico dos bens materiais, patrimoniais, das finanças e
recursos humanos disponíveis para toda boa obra da igreja local.
3. O cuidado contra
os falsos pastores. Quando Deus levantou Jeremias e Ezequiel como profetas
de Judá, Ele ordenou-lhes que repreendessem os pastores infiéis da nação. No período do Antigo Testamento, todos os que tinham
responsabilidades de lideranças, como os profetas, os sacerdotes e os reis,
eram considerados pastores do povo de Israel. Quanto ao Rei, a sua
missão era aconselhar e guiar o povo de Deus(1Sm 9:16; ler Dt 17:14-20); quanto
ao Sacerdote, sua missão era santificar o povo, oferecer sacrifícios
pelo povo e interceder pelos transgressores(Hb 5:1-3; ler Lv 10:8-11; 16;
21:1-24); quanto ao Profeta, sua missão era preservar o conhecimento e
manifestar a vontade do único e verdadeiro Deus(Ez 2:1-10; ler Dt 18:20-22).
Deus se indigna contra os
pastores que não respeitam as ovelhas que lhe foram confiadas. Diz Deus (Jr 23:1-4):
“1.
Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu
pasto, diz o Senhor. 2. Portanto, assim diz o Senhor, o Deus de Israel, acerca
dos pastores que apascentam o meu povo: Vós dispersastes as minhas
ovelhas, e as afugentastes, e delas não cuidastes; eis que
visitarei sobre vós a maldade das vossas ações, diz o Senhor. 3. E eu mesmo
recolherei o resto das minhas ovelhas, de todas as terras para onde as tiver
afugentado, e as farei voltar aos seus apriscos; e frutificarão e se
multiplicarão. 4. E levantarei sobre elas pastores que as apascentem, e nunca
mais temerão, nem se assombrarão, e nem uma delas faltará, diz o Senhor”.
Deus
falou aos líderes de Judá que eles eram culpados de negligenciar e maltratar o
rebanho dele. Preste atenção nos verbos que ele usa para descrever a conduta
destes pastores: destruir, dispersar, afugentar e não cuidar.
Pastores devem juntar, alimentar, cuidar, guiar e proteger. Mas, os pastores de
Israel faziam tudo ao contrário! Uma coisa marcante neste parágrafo é a maneira
que Deus fala do rebanho. Ele o descreve como “o meu povo”, “as
ovelhas do meu pasto” e “as minhas ovelhas”. A linguagem dele mostra
o problema raiz do comportamento errado dos líderes. Eles não amavam o povo
como Deus o amava! Para eles, ser pastor era uma posição de destaque, honra e
privilégio. Para Deus, ser pastor era uma posição de responsabilidade,
sacrifício e amor.
Hoje, ainda há muitos que olham para o cargo de pastor como uma posição
de honra a ser cobiçada. Buscam o destaque e desejam a honra diante dos homens.
Ao invés de agir humildemente como pastores no rebanho local (veja 1Pedro
5:1-3), apresentam-se em todo lugar com o “título” de pastor. Em outras
palavras, “Amam o primeiro lugar nos banquetes e as primeiras cadeiras nas
sinagogas, as saudações nas praças e o serem chamados mestres pelos homens” (Mt
23:6-7). Tais pastores não cuidam do rebanho como devem; são falsos pastores.
Veja, também, o que Deus diz
através do profeta Ezequiel contra os pastores infiéis de Israel,
isto é, seus reis, sacerdotes e profetas (Ez 34:2-6):
“2. Ai dos pastores de
Israel que se apascentam a si mesmos! Não apascentarão os pastores as ovelhas?
3. Comeis a gordura, e vos vestis da lã, e degolais o cevado; mas não
apascentais as ovelhas. 4. A fraca não fortalecestes,
e a doente não curastes, e a quebrada não ligastes, e a desgarrada não
tornastes a trazer, e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com
rigor e dureza. 5. Assim, se espalharam, por não haver pastor, e ficaram para
pasto de todas as feras do campo, porquanto se espalharam. 6. As minhas ovelhas andam desgarradas por
todos os montes e por todo o alto outeiro; sim, as minhas ovelhas andam
espalhadas por toda a face da terra, sem haver quem as procure, nem quem as
busque”.
Nota-se que as palavras do
Senhor dirigidas aos líderes de Israel são de condenação absoluta desde o
começo: "Ai dos pastores de Israel". Aqueles homens
achavam que as posições que ocupavam eram tão dignificadas que os tornavam,
automaticamente, isentos e imunes a toda e qualquer forma de crítica. Não
entendiam que as posições que ocupavam, bem como as funções executadas por
eles, realmente, não os isentavam de ter que admitir seus erros, de ter que
confessar seus pecados e de sofrer as graves consequências dos juízos de Deus,
caso não se arrependessem.
Estas palavras, realmente duras
da parte do Senhor, são motivadas pelo fato de que os pastores não são
"donos" do rebanho de Deus e por este motivo não podem tratar o
rebanho de Deus de qualquer maneira e de forma abusiva. Pastores, como diz o
apóstolo Pedro, não passam de cooperadores submetidos ao Senhor Jesus que é
chamado de Supremo Pastor (cf. 1Pedro 5:4).
CONCLUSÃO
“Precisamos de pastores que amem a Deus mais
do que seu sucesso pessoal. Precisamos de pastores que se afadiguem na Palavra
e tragam alimento nutritivo para o povo. Precisamos de pastores que conheçam a
intimidade de Deus pela oração e sejam exemplo de piedade para o rebanho.
Precisamos de pastores que deem a vida pelo rebanho em vez de explorarem o rebanho.
Precisamos de pastores que tenham coragem de dizer “não” quando todos estão
dizendo “sim” e, dizer “sim”, quando a maioria diz “não”. Precisamos de
pastores que não se dobrem ao pragmatismo nem vendam sua consciência por
dinheiro ou sucesso. Precisamos de pastores fiéis e não de pastores populares.
Precisamos de homens quebrantados e não de astros ensimesmados” (Rev. Hernandes Dias Lopes. De: Pastor a:
Pastor”).
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Elaboração: Luciano de Paula
Lourenço – Assembleia de Deus – M. Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Revista Ensinador Cristão – nº 58 – CPAD.
William
Macdonald - Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento. Mundo Cristão.
Pr.
Elinaldo Renovato - Dons Espirituais & Ministeriais(servindo
a Deus e aos homens com poder extraordinário). CPAD.
Efésisos (Igreja, noiva gloriosa) – Rev.
Hernandes Dias Lopes. Hagnos.
Wayne
Grudem - Teologia Sistemática. Vida Nova.
Carlos
Alberto R. de Araújo – A Igreja dos Apóstolos. CPAD
(1) Rev. Hernandes Dias Lopes – De: Pastor A: Pastor. HAGNOS.
John Stott. Ouça o
Espírito, ouça o mundo. Abu Editora