3º Trimestre/2018
Texto Base: Levítico 9:1-14
“Do SENHOR é a terra e a sua plenitude, o mundo e
aqueles que nele habitam” (Sl.24:1).
INTRODUÇÃO
Nesta Aula trataremos a respeito da doutrina do culto a Deus realizado na
Antiga Aliança, apresentado de uma maneira peculiar no Livro de Levítico, que
em suas celebrações e ordenanças repousam princípios eternos aplicáveis ao povo
de Deus da Nova Aliança, em sua militância rumo à Jerusalém celeste. Aprenderemos
que a essência do culto levítico é conduzir o povo de Deus a adorá-lo e a
consagrar-lhe tudo quanto tem, porque tudo pertence ao Senhor: o planeta Terra
(Sl.24:1); o reino animal; o reino vegetal e; o ser humano. O tempo todo o Livro
de Levítico, por intermédio do culto realizado pelos sacerdotes e levitas
auxiliares, mostra que Deus
é soberano e, portanto, o Senhor de todas as coisas, inclusive da história; Ele
é quem governa tudo. Portanto, somente Deus
merece ser adorado. Que venhamos como filhos de Deus, alcançados pela graça,
consagrar tudo a Ele e em especial todo o nosso ser.
I. A TERRA É DO SENHOR
O salmista afirma: “Do SENHOR é a terra e a sua plenitude, o mundo e
aqueles que nele habitam” (Sl.24:1). Se do Senhor é a Terra, como devemos
proceder? Devemos cuidar dela, preservá-la e adorar o Criador. Jamais adorar a
criação, pois adorar a criação em lugar do Criador é uma reprovável idolatria.
Nos dias de hoje, a Terra é adorada como a deusa Gaia. Até o planeta foi
submetido ao processo pós-moderno de afeminação. Para evitar tal absurdo, o
livro de Levítico mostra, em seus sacrifícios e oferendas, o nosso planeta como
obra de Deus; mostra que Deus, sendo o Criador dos Céus e da Terra, deve ser
adorado por tudo quanto existe, por tudo que temos e pelo que Ele é.
1. Deus é o Criador dos Céus e da Terra. O povo de Deus não tem dúvida deste fato. Nos
dois capítulos iniciais do Livro de Gênesis é mostrado como vieram a existir os
céus, a Terra e a humanidade. Tudo foi criado por Deus - “No princípio, criou
Deus os céus e a terra” (Gn.1:1). Não está escrito que ele começou a criar, mas
está escrito que “no princípio criou Deus os céus e a terra”. Não há como
identificar quando ocorreu esse “princípio”. Não vamos tentar entender o que o
Espírito de Deus não revelou. Pelo que está revelado, sabemos que Deus é o
Criador - “... criou Deus...”. Deus não fez, Deus criou. Fazer significa
construir ou elaborar alguma coisa utilizando-se algo preexistente, ou seja,
matéria prima. Criar significa trazer à existência o que antes não existia, ou
seja, do nada. Portanto, o fazer é do homem, mas o criar é de Deus. A matéria
não é eterna, como quer a ciência. A matéria teve uma origem - foi criada por
Deus.
Se o Livro de Gênesis mostra que Deus criou tudo quanto existe (Gn.1:1),
o Livro de Levítico reivindica dos israelitas que consagrem tudo ao Senhor (Lv.1:2,17).
Todos os moradores deviam adorar ao Criador com os produtos de suas rendas.
Toda vez que um israelita oferecia um sacrifício a Jeová, quer pacífico, quer
por sua iniquidade, ele confessava dramaticamente reconhecer o senhorio divino
sobre tudo que existe.
“Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: Quando
algum de vós oferecer oferta ao SENHOR, oferecereis as vossas ofertas de gado,
de vacas e de ovelhas. E o sacerdote a queimará em cima do altar sobre a lenha
que está no fogo; holocausto é, oferta queimada, de cheiro suave ao SENHOR”.
Concomitantemente, o Livro de Levítico exorta, didaticamente, os
israelitas, por meio das ofertas e dos sacrifícios, que nenhum ídolo pode ser adorado
- “Não vos virareis para os ídolos, nem
vos fareis deuses de fundição. Eu sou o SENHOR, vosso Deus” (Lv.19:4).
Deus jamais aceita ser substituído por qualquer outra coisa criada ou
imaginada (Is.42:8) -“Eu sou o SENHOR;
este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não darei, nem o meu louvor,
às imagens de escultura”.
2. Deus é o libertador de Israel. Deus libertou Israel da escravidão do Egito e, depois, da perseguição
dos seus inimigos. Sabedor desta tão espetacular intervenção divina para
beneficiar o povo hebreu, eles deviam agradecer ao Senhor pelo Êxodo. Por esse
motivo, a teologia de Levítico era essencialmente memorialista; o Libertador de
Israel jamais poderá ser esquecido. Contudo, Deus exigia que nenhum israelita
poderia comparecer diante dEle de mãos vazias (Êx.23:15). Ele seria lembrado em
cada sacrifício, oferta e apresentação.
Este princípio aplica-se ao povo de Deus da Nova Aliança. Jesus Cristo se
fez carne e nos redimiu de todo o mal, nos libertou da escravidão do pecado e
do aguilhão da morte; também pode libertar-nos da perseguição do inimigo das
nossas almas. Sua libertação é uma obra completa. Ele quer, portanto, que nos
apresentemos a Ele com o coração puro e sincero; Ele quer que apresentemos a
Ele um culto racional (Rm.12:1). Ele não requer de nós sacrifícios de animais
ou ofertas de manjares; nem mesmo nos obriga a contribuir financeiramente para
sua obra; Ele apenas diz: “Cada um contribua segundo propôs no seu coração, não
com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria”
(2Co.9:7). Ele requer apenas um sacrifício em nossa adoração a Ele: o
sacrifício de louvor; o louvor, diz-nos a Bíblia, é um sacrifício (Sl.50:14,23;
Hb.13:15) e, como tal, Deus somente aceitará se tiver como origem um coração
puro, uma vida de obediência e santidade (Is.1:10-20). Pense nisso!
3. Israel é o templo de Deus. A teologia de Levítico tinha por objetivo também conscientizar Israel de
sua vocação divina (Lv.20:26). Quando lemos com atenção o Livro Levítico,
aprendemos que o intento do autor sagrado era conduzir, didática e
profeticamente, Israel a ser a congregação e a Casa do Senhor. Era o desejo de
Deus que Israel, em Canaã, fosse um santuário consagrado a Ele; que o povo de
Israel fosse santo, separado das abominações dos gentios e desfrutando as
bênçãos da terra prometida (Lv.20:22-26).
Israel precisava se conscientizar de sua chamada divina; precisava se
conscientizar que toda a nação era (e no reino milenial de Cristo o será) um
templo de adoração ao Senhor (Lv.10:3). Mas, para que isso fosse uma realidade,
alguns estágios eram imprescindíveis. Antes de tudo, o povo hebreu teria de
assumir sua identidade como congregação de Jeová. Isso significa que os
israelitas precisavam superar, com urgência, as diferenças tribais, as arestas
culturais e dialetais e, principalmente, as barreiras políticas que, a essa
altura, já eram bem visíveis. Sem comunhão, não pode haver povo de Deus. A
congregação de Jeová teria de ser tão unida que, aos olhos dos gentios, deveria
parecer um único povo. Dessa forma, ao adentrarem a Terra Prometida, os
israelitas não enfrentariam maiores dificuldades em transformá-la num templo a
céu aberto. Alcançado esse ideal, eles não precisariam de uma edificação tão
suntuosa como a de Salomão. Infelizmente, os israelitas não assimilaram o que
Deus queria que eles fossem, e acabaram se envolvendo em abominável idolatria,
e até mesmo o primeiro Templo foi objeto de adoração (Jr.7:4).
Deus queria que o seu povo se conscientizasse
que mera religiosidade não lhe agrada, e sim um coração puro voltado a uma
adoração por excelência ao Senhor (Lv.9:23). Quando há uma sincera adoração ao
Senhor, a sua presença é real – “E disse
Moisés: Esta coisa que o SENHOR ordenou fareis; e a glória do SENHOR vos
aparecerá” (Lv.9:6). “Então, entraram
Moisés e Arão na tenda da congregação; depois, saíram e abençoaram o povo; e a
glória do SENHOR apareceu a todo o povo” (Lv.9:23). Jesus disse: "onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio
deles" (Mt.18:20)
Este princípio teológico aplica-se também ao
povo da Nova Aliança. Deus requer de sua igreja mui sinceridade e reverência no
culto que é realizado a Ele. Somos o templo do Espírito Santo (1Co.6:19); desta
feita, devemos cultuar a Deus a todo instante, em espírito e em verdade (João
4:21-24). Diz o apóstolo Paulo: “Não sabeis que sois
santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?”(1Co.3:16). Sendo
assim, devemos manter o nosso corpo em perfeita santidade, porque Deus é santo.
Não só não devemos usar nosso corpo como instrumento do pecado, porque isto é
comportamento de quem não alcançou a salvação (Rm.6:12,13), como também devemos
ter o corpo pronto para ser oferecido em sacrifício vivo, santo e agradável a
Deus, que é o nosso culto racional (Rm.12:1).
II. OS ANIMAIS E OS VEGETAIS SÃO DO SENHOR
Está escrito que os animais e vegetais foram criados pelo Senhor e
pertencem a Ele. Esta teologia mostrada no Livro de Levítico, coadunada
perfeitamente com a do Livro de Gênesis (Gn.1:11,24), visava conscientizar o
povo israelita que a criação é serva do Criador, logo, não pode ser adorada.
Por que essa preocupação da teologia do Livro de Levítico? Porque o povo
de Israel era recém-saído do Egito, onde não se fazia distinção entre o Criador
e a criação. No Egito se adorava o boi, o crocodilo, o falcão, o gato, etc;
assim como acontecia com os povos da época do império romano (Rm.1:25). Eis
porque Deus, ao punir o Egito com as dez pragas, mostrou quão inúteis eram adorar
elementos da natureza.
Deus criou os animais e vegetais para receber a glória e a honra que lhe
são devidas. Todos os elementos da natureza – por exemplo: o sol e a lua, as
árvores da floresta, a chuva e a neve, os rios e os córregos, as colinas e as
montanhas, os animais e as aves – rendem louvores ao Deus que os criou
(Sl.98:7-9; 148:1-10).
“Brame o mar e a sua plenitude; o mundo e os
que nele habitam. Os rios batam palmas; regozijem-se também as montanhas,
perante a face do SENHOR, porque vem a julgar a terra; com justiça julgará o
mundo e o povo, com equidade” (Sl.98:7-9).
Quanto aos
animais, também foram criados por
Deus, logo, não se deve adorá-los jamais. Está escrito: “E disse Deus: Produza a terra alma vivente conforme a sua espécie;
gado, e répteis, e bestas-feras da terra conforme a sua espécie. E assim foi. E
fez Deus as bestas-feras da terra conforme a sua espécie, e o gado conforme a
sua espécie, e todo o réptil da terra conforme a sua espécie. E viu Deus que
era bom” (Gn.1:24,25).
O Livro de Levítico, portanto, levava o povo de Israel a conscientizar-se
de que os animais não são deuses, e sim criaturas do Deus Criador que
recentemente os tirara da terra do Egito, onde se adorava os animais como se
fossem deuses. Os sacrifícios levíticos, tacitamente, mostravam isso aos
israelitas, de que os animais são criaturas, e que Deus é o Criador, e que
somente Ele merece toda honra e glória e culto (1Tm.1:17) – “Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível,
ao único Deus seja honra e glória para todo o sempre. Amém”.
Portanto, os animais e vegetais foram criados pelo Senhor e pertencem somente
a Ele. Por isso, toda a natureza criada por Deus deve ser bem administrada e
preservada pelo ser humano (Gn.1:26); jamais nenhum elemento da natureza deve
ser adorado. Na Antiga Aliança, no culto levítico, animais e vegetais eram
utilizados para louvar e enaltecer a Deus.
“E falou o SENHOR a Moisés, dizendo: Fala aos
filhos de Israel e dize-lhes: Quando houverdes entrado na terra, que vos hei de
dar, e segardes a sua sega, então, trareis um molho das primícias da vossa sega
ao sacerdote; e ele moverá o molho perante o SENHOR, para que sejais aceitos;
ao seguinte dia do sábado, o moverá o sacerdote. E, no dia em que moverdes o
molho, preparareis um cordeiro sem mancha, de um ano, em holocausto ao SENHOR”
(Lv.23:9-12).
O Salmo 148 exorta todos os seres criados, inclusive a
natureza, a louvarem o seu Criador:
1. Louvai ao SENHOR! Louvai ao SENHOR desde os céus, louvai-o nas
alturas.
2. Louvai-o, todos os seus anjos; louvai-o, todos os seus exércitos.
3. Louvai-o, sol e lua; louvai-o, todas as estrelas luzentes.
4. Louvai-o, céus dos céus, e as águas que estão sobre os céus.
5. Que louvem o nome do SENHOR, pois mandou, e logo foram criados.
6. E os confirmou para sempre e lhes deu uma lei que não ultrapassarão.
7. Louvai ao SENHOR desde a terra, vós, baleias e todos os abismos,
8. fogo e saraiva, neve e vapores e vento tempestuoso que executa a sua
palavra;
9. montes e todos os outeiros, árvores frutíferas e todos os cedros;
10. as feras e todos os gados, répteis e aves voadoras;
11. reis da terra e todos os povos, príncipes e todos os juízes da terra;
12. rapazes e donzelas, velhos e crianças.
13. Que louvem o nome do SENHOR, pois só o seu nome é exaltado; a sua
glória está sobre a terra e o céu.
14. Ele também exalta o poder do seu povo, o louvor de todos os seus
santos, dos filhos de Israel, um povo que lhe é chegado. Louvai ao SENHOR!
III. O SER HUMANO É DO SENHOR
A teologia de Levítico apregoa a sacralidade da vida humana como imagem e
semelhança de Deus. Deus criou Adão e Eva à sua própria imagem, para comunhão
amorável e pessoal com o ser humano por toda a eternidade. Deus projetou o ser
humano como um ser trino e uno (corpo, alma e espírito), que possui mente,
emoção e vontade, para que possa comunicar-se espontaneamente com Ele, adorá-lo
e servi-lo com fé, lealdade e gratidão. Deus desejou de tal maneira esse
relacionamento com a raça humana que, quando Satanás conseguiu tentar Adão e
Eva a ponto de se rebelarem contra Deus e desobedecer aos seus mandamentos, Ele
prometeu enviar um Salvador para redimir a humanidade das consequências do
pecado (cf. Gn.3:15). Daí Deus teria um povo para sua própria possessão, cujo
prazer estaria nEle, que o glorificaria, e que viveria em retidão e santidade
diante dEle (Is.60:21; 61:1-3; Ef.1:11,12; 1Pd.2:9). A culminação do propósito
de Deus na criação está no livro do Apocalipse, onde João descreve o fim da história
com estas palavras: “... com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo
Deus estará com eles e será o seu Deus” (Ap.21:3).
1. O ser humano é a imagem de Deus. O livro de Levítico corrobora a teologia do
Gênesis, ao mostrar que o ser humano foi criado por Deus (Gn.1:26). Este texto
diz que o homem é a obra-prima da criação, a coroa da criação. Quando Deus
disse: “Façamos o homem”, Ele desejava criar um ser distinto de todas as demais
criaturas terrestres; alguém que tivesse personalidade, vontade, sentimento, e
fosse capaz de representá-lo sobre a Terra. Por esta razão, Ele criou o homem
“à sua imagem e semelhança”. De certa forma, o homem partilha características
semelhantes com o Senhor: Deus é uma Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo), e o
homem é um ser tripartite (corpo, alma e espírito); como Deus, o homem possui
intelecto, juízo moral, poder de se comunicar com os outros e uma natureza
emocional que transcende seus instintos. Não há indicação de semelhança física
no texto. Ao contrário dos animais, o homem é um ser criador e adorador, e se
comunica com clareza.
Por ser obra prima da criação, o povo de Deus da Antiga Aliança era
intimado a cuidar de seu corpo tanto exterior quanto interiormente – “Portanto,
santificai-vos e sede santos, pois eu sou o SENHOR, vosso Deus” (Lv.20:7). Nem
marcas nem tatuagens eram admitidas – “...não
dareis golpes na vossa carne; nem fareis tatuagem alguma sobre vós. Eu
sou o SENHOR” (Lv.19:28). Ou seja, para o crente da Antiga Aliança agradar
a Deus era necessário buscar a excelência divina em toda a sua maneira de ser,
existir e pensar.
Este
princípio da teologia de Levítico é plenamente aplicável ao povo de Deus da Nova Aliança. A
teologia neotestamentária adverte:
- “Ou não sabeis que o nosso corpo
é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e
que não sois de vós mesmos? Porque
fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo
e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus” (1Co.6:19,20).
- “[...] apresenteis o vosso corpo
por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto
racional (Rm.12:1).
·
“Templo do Espírito Santo”. Quando Paulo afirma que o nosso corpo é
templo do Espírito Santo, está nos dizendo: que o corpo deve ser uma parte do
homem que deve ser destinada a agradar ao Senhor; um local onde devemos adorar
a Deus; um lugar onde devemos demonstrar a pureza de nosso interior; um lugar
que deve demonstrar o perdão dos nossos pecados; um lugar onde tudo o que
façamos tenha por objetivo agradar a Deus; um lugar que glorifique a Deus.
·
“Apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo”. Esse sacrifico é descrito como “vivo” em
contraste com os sacrifícios do culto levítico cuja vida era tirada antes de
ser apresentada sobre o altar. Esse sacrifico é descrito como “santo”, isto é,
consagrado, separado e reservado para o serviço de Deus. Este sacrifico vivo é
descrito como “agradável a Deus”, como o ascender em sua presença da oferta
aromática de outrora oferecida no ritual levítico. Não oferecemos mais um
cordeiro morto no altar, mas nosso corpo vivo. Como pode o corpo tornar-se um
sacrifício? Deixe que o olho não veja nada mau, e ele se tomará um sacrifício;
permita que a língua não diga nada vergonhoso, e ela se tornará uma oferta;
deixe que a mão não faça nada ilegal, e ela se tornará uma oferta em
holocausto.
·
“Culto racional”. Paulo diz que a oferta do nosso corpo a Deus como sacrifício vivo, santo
e agradável é nosso culto racional. A palavra “racional”, no original grego,
carrega a ideia de razoável, lógico e sensato. Trata-se, portanto, de um culto
oferecido de mente e coração, culto espiritual em oposição a culto cerimonial.
O culto racional ou espiritual que prestamos a Deus pela consagração do nosso
corpo não é prestado apenas no edifício da igreja, mas na vida do lar e no
local de trabalho. John Stott diz que nenhum culto é agradável a Deus quando é
unicamente abstrato e místico. Nossa adoração deve expressar-se em atos
concretos de serviço manifestados em nosso corpo.
·
“Glorificai a Deus no vosso corpo”. Quando glorificamos a Deus em nosso corpo?
Quando contemplamos o que é santo; quando nossos ouvidos se deleitam no que é
puro; quando nossas mãos praticam o que é reto; quando nossos pés caminham por
veredas de justiça.
2. A vida humana é sagrada. A vida humana é sagrada e inviolável em cada momento da sua existência
porque a sua origem é divina. Desde o seio materno, o homem pertence a Deus que
tudo perscruta e conhece; que o vê quando ainda é um pequeno embrião informe, e
que nele entrevê o adulto de amanhã. O povo de Deus da Antiga Aliança foi
exortado a ver a vida humana nesta perspectiva. Por isso, não poderia, sob
hipótese alguma, consagrar sua descendência aos ídolos – “E da tua semente não darás nenhum para fazer passar pelo fogo perante
Moloque; e não profanarás o nome de teu Deus. Eu sou o SENHOR” (Lv.18:21).
- A vida
humana é sagrada, porque foi criada por Deus. Embora a ciência e a filosofia procurem a origem da vida em fontes
obscuras e complexas, a verdade bíblica é uma só: Deus criou o homem – “E
formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego
da vida e o homem foi feito alma vivente”(Gn.2:7). Esta é a única verdade, quer
a ciência e a filosofia queira ou não.
- A vida humana
é sagrada, por isso é um bem inalienável. O Pós-Modernismo ignora o que diz a Palavra de Deus, defendendo, em
todo o mundo, a legalização da intervenção do homem, quer para selecionar quem
pode nascer, quer para determinar quem deve morrer. Entretanto, exterminar a
vida, em qualquer circunstância, é uma afronta ao Príncipe da Vida (At.3:15).
Portanto, biblicamente, a vida pertence a Deus – “...pois ele mesmo é quem dá a
todos a vida, e a respiração, e todas as coisas”(Atos 17:25). Desta feita,
ninguém pode dizer que a “vida é minha, eu faço dela o que quero”. Foi Deus
quem criou, santificou e abençoou a vida humana. Ele é, pois, o Criador, o
Doador e o Senhor da vida. Só Ele pode tirá-la (1Sm.2:6). Ao homem Ele ordenou:
“Não Matarás”.
3. O ser humano é servo e adorador a Deus. A essência da teologia do livro de levítico:
santidade, adoração e serviço. Se os israelitas tivessem observado os ditames
da Lei que o Senhor tinha dado a eles através de Moisés, eles não teriam
sofrido dificuldades em viver a essência dessa teologia. O Livro de Levítico
foi dado como manual a fim de orientá-los a uma vida de santidade, pureza e
serviço ao Senhor. Todavia, não permaneceram nos caminhos traçados por Deus;
apostataram-se da fé. Por causa de sua rebelião e apostasia não puderam
alcançar o cerne teológico das celebrações e sacrifícios prescritos. Sofreram
terríveis consequências por causa disso. No tempo de Isaías, a situação
espiritual do povo de Israel estava de tal forma degenerada, que Deus
censurou-a energicamente:
“Porque o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim e, com a
boca e com os lábios, me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim,
e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi
instruído” (Is.29:13).
“De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios, diz o SENHOR? Já
estou farto dos holocaustos de carneiros e da gordura de animais nédios; e não
folgo com o sangue de bezerros, nem de cordeiros, nem de bodes. Quando vindes
para comparecerdes perante mim, quem requereu isso de vossas mãos, que viésseis
pisar os meus átrios? Não tragais mais ofertas debalde; o incenso é para mim
abominação, e também as Festas da Lua Nova, e os sábados, e a convocação das
congregações; não posso suportar iniquidade, nem mesmo o ajuntamento solene. As
vossas Festas da Lua Nova, e as vossas solenidades, as aborrece a minha alma;
já me são pesadas; já estou cansado de as sofrer. Pelo que, quando estendeis as
mãos, escondo de vós os olhos; sim, quando multiplicais as vossas orações, não
as ouço, porque as vossas mãos estão cheias de sangue. Lavai-vos,
purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos e cessai
de fazer mal” (Is.1:10-16).
O Livro de Levítico, portanto, deixa claro o padrão de vida santa que os
israelitas deveriam seguir. Eles precisavam estar separados e distintos das
nações pagãs que os cercavam. Eles teriam de portar-se como nação messiânica,
pois tinha como missão principal, embora inconsciente, revelar Jesus Cristo ao
mundo (João 4:22).
A santificação foi uma reivindicação apresentada não somente a Israel. O
apóstolo Pedro repete-a ao povo de Deus da Nova Aliança: “mas, como é santo
aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver,
porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo” (1Pd.1:15,16). Todos
os crentes da Nova Aliança devem ser separados do pecado e dedicados a Deus. Sobre
santidade ao Senhor, veja a Aula
anterior.
CONCLUSÃO
A teologia de Levítico pode ser resumida numa única expressão: obediência
e fé. Esta teologia continua ainda em vigor. O Deus que exortou Israel à
santidade requer, de igual modo, a nossa obediência e fé, santificação e
adoração sincera, e reverência nos cultos que prestamos a Ele. Como bem diz o
Pr. Claudionor de Andrade, “se o nosso culto não for acompanhado de fé e
obediência, Deus jamais se agradará de nós. De nada adianta uma liturgia bonita
e imponente; liturgia sem piedade é coisa inútil. Se o nosso culto, porém, vier
acompanhado pelo amor, haverá, então, resgate de preciosas almas e promoção do
Reino dos Céus na Terra. Que o Senhor nos ajude em nossa peregrinação”.
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no
Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo
Pentecostal.
Bíblia de estudo
– Aplicação Pessoal.
Comentário
Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário
Bíblico popular (Antigo Testamento) - William Macdonald.
Revista
Ensinador Cristão – nº 75. CPAD.
Comentário
Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do
Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Comentário
Bíblico Bacon.
C.H. Mackintosh.
Estudo sobre o Livro de Levítico.
Paul Hoff. O
Pentateuco.
Pr. Claudionor de
Andrade. Adoração, Santificação e Serviço – Os princípios de Deus para sua
Igreja em Levítico. CPAD.
Paul
Hoff – O Pentateuco. Ed. Vida.
Leo G. Cox
- O Livro de Êxodo - Comentário Bíblico
Beacon. CPAD.
Victor P.
Hamilton - Manual do Pentateuco. CPAD.