3º Trimestre/2018
Texto Base: Levítico 20:1-10
“E ser-me-eis
santos, porque eu, o SENHOR, sou santo e separei-vos dos povos, para serdes
meus” (Lv.20:26).
INTRODUÇÃO
Nesta Aula estudaremos a respeito da Santidade ao Senhor. Deus é Santo,
por natureza. Deus, e somente Deus, é Santo na sua essência, e por ser assim,
possui absoluta pureza moral, não podendo, pois, pecar. Deus é, eternamente,
Santo.
“Porque
eu sou o SENHOR, vosso Deus; portanto, vós vos santificareis e sereis santos,
porque eu sou santo [...]. Porque eu sou o SENHOR, que vos faço subir da terra
do Egito, para que eu seja vosso Deus, e para que sejais santos; porque eu sou
santo. Santos sereis, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo"(Lv.11:44,45;
19:2).
Deus é santo, por isso Israel, através das leis e ordenanças levíticas, tinha a obrigação de
apresentar-se a Deus e ao mundo como a nação santa, zelosa e servidora por
excelência. O Tabernáculo e seus móveis eram santos, santos eram os sacerdotes,
santas eram as suas vestimentas, santas eram as ofertas, santas eram as festas,
e tudo era santo para que Israel fosse santo. Que aprendamos, também, a adorar e a servir ao Senhor na beleza de sua santidade.
I. SANTIDADE, A MARCA DO POVO DE DEUS
A Santidade é o tema principal de Levítico, e tanto naquele tempo quanto
hoje, continua a ser a marca distintiva dos filhos de Deus. A Bíblia Sagrada
deixa claro que ser santo é uma exigência de Deus para aqueles que querem
servi-lo. Todavia, em que pese o Senhor ter dito “santo sereis”, a Palavra de
Deus nos ensina que Ele respeita a vontade do homem e não viola sua liberdade,
ou seu livre arbítrio. Obedecer ou não obedecer é uma decisão do homem. Ninguém
será santo à força; isto não agrada a Deus.
1. Deus é Santo e sempre quis relacionar-se com homens santos. A Santidade de Deus atrai para si as coisas
santas, e, em contrapartida, rejeita as impuras.
a) Assim foi no princípio. Pela Bíblia sabemos que, no principio, e
durante muitos séculos, havia duas linhagens: os filhos de Deus e os filhos dos
homens. Os filhos de Deus eram os descendentes de Sete, que permaneceram fiéis
e dependentes da misericórdia de Deus, enquanto que os filhos dos homens eram
os descendentes de Caim, que, não somente saiu “...de diante da face do
Senhor...” (Gn.4:16), como também, pelas suas obras más, foi-se distanciando
cada vez mais dele.
b) O distanciamento. No princípio estes dois povos, ou estas duas
linhagens, foram se distanciando cada vez mais um do outro. Enoque foi um dos
santos dessa época: “E andou Enoque com Deus; e não se viu mais, porquanto Deus
para si o tomou” (Gn.5:24). Enoque foi santo, e profeta, o primeiro profeta
mencionado na Bíblia; sua profecia ainda está para se cumprir. Ele profetizou
sobre a Vinda de Jesus, na Sua Revelação: “...eis que é vindo o Senhor com
milhares de seus santos, para fazer juízo contra todos e condenar dentre eles
todos os ímpios...” (Judas 14,15). Sua profecia só se cumprirá em Apocalipse
19:11-21.
c) O julgo desigual. A distância entre aqueles dois povos começou a ser diminuída até que a linha
divisória se apagou. Houve a mistura – “Viram os filhos de Deus que as filhas
dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que
escolheram” (Gn.6:2). “E viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque
toda carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra” (Gn.6:12). Noé foi um
dos representantes dos Santos dessa época – “... Noé era um varão justo e reto
em suas gerações; Noé andava com Deus” (Gn.6:9).
d) O dilúvio. Por causa da mistura das duas linhagens – de
Sete e Caim - Deus destruiu a humanidade, porém, guardou os santos. Deus não
tem compromissos com os ímpios; seu compromisso é com os santos. A mensagem que
ficou é a de que Deus quer que haja uma nítida linha divisória entre o mundo
dos santos e o mundo dos ímpios. Foi por causa da mistura entre essas duas
linhagens que Deus destruiu o mundo com o dilúvio.
“Assim, foi desfeita toda substância que havia sobre a terra, desde o
homem até ao animal, até o réptil e até as aves dos céus; e foram extintos da
terra; e ficou somente Noé e os que com ele estavam na arca” (Gn.7:23).
e) Deus criou um novo povo:
Israel. Ao deixar todas as
demais nações de lado, Deus se propôs formar um povo especial com o qual
passaria a se relacionar. Porém, sendo santo, Deus somente se relaciona com
santos. Desta feita, uma das coisas que Deus queria de Israel era que fosse um
“povo santo” - “E vós me sereis reino sacerdotal e povo santo...” (Êx.19:6).
f) Israel falhou como povo
santo. Deus havia dito a Israel:
“E vós me sereis...o povo santo”. Porém, em lugar de se tornar “o povo santo”,
Israel se tornou um povo apóstata e idólatra. Contaminou-se tanto que foi
acusado, por Deus, de prostituição e de adultério espiritual - “E disse mais o
Senhor nos dias do rei Josias: viste o que fez a rebelde Israel? Ela foi-se a
todo o monte alto, e debaixo de toda árvore verde, e ali andou prostituindo-se.
E sucedeu que pela fama da sua prostituição contaminou a terra, porque
adulterou com a pedra e com o pau” (Jr.3:6-9). Esta foi a triste condição do povo
de Israel que Deus queria que fosse “o povo santo”.
g) Deus criou um novo povo:
a Igreja. A palavra “igreja” (no
grego, ekklesia) significa “chamados
para fora”. A Igreja é o novo povo de Deus, o povo formado por judeus e gentios
que, pelo sangue de Cristo, passou a ter comunhão novamente com Deus; um povo
espiritual, assim como o seu Senhor; um povo destinado a se reunir aos santos
do passado para povoar a Nova Jerusalém, a Jerusalém celeste, onde se reeditará
a comunhão eterna e perfeita que havia entre Deus e a humanidade antes que o
pecado entrasse no mundo (Ap.21:3). A Igreja é a herdeira da cruz.
h) A Igreja não pode
cometer os mesmos erros dos povos anteriores. Por falta de santidade, Deus deixou de
relacionar-se com as nações. Por falta de santidade, Deus deixou de
relacionar-se com Israel. O mesmo não pode acontecer com a Igreja. A Igreja,
como Reino de Deus, aqui na Terra, será sempre santa. A Igreja, na condição de
“Noiva do Cordeiro” não pode e não será rejeitada, porque ela é a “... a igreja
gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e
irrepreensível” (Ef.5:27). Porém, a igreja, enquanto denominação local, também
podemos ser rejeitados se viermos a cometer o erro da geração antediluviana e o
erro do povo de Israel. Exatamente para que isto não aconteça, a Palavra de
Deus nos adverte, dizendo: “Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós
também santos em toda a vossa maneira de viver, porquanto escrito está: Sede
santos, porque eu sou santo” (1Pd.1:15,16).
2. A santidade como marca. A santidade é o que identifica o povo de Deus. Por isso, a exigência
permanente de Deus com relação à santidade do Seu povo, tanto na Antiga como na
Nova Aliança. O texto Áureo de Levítico enfatiza esta realidade dogmática: “Fala
a toda a congregação dos filhos de Israel e dize-lhes: Santos sereis, porque
eu, o SENHOR, vosso Deus, sou santo” (Lv.19:2). Observe que a marca, a
santidade, não é somente para os líderes, mas a toda “a congregação dos filhos
de Israel”, ou seja, a toda a Igreja do Senhor do Antigo Testamento. Deus diz:
“santos sereis”.
Qual a razão da demanda do Senhor à congregação de Israel? A Bíblia
responde: “Porque eu, o SENHOR, vosso Deus, sou santo”. Sim, Deus é o Senhor.
Logo, nesse relacionamento, não passamos de servos. Ele tem autoridade para
exigir que cada um de seus servos sejam santos, porque Ele, o nosso Deus, é
santo. Como ignorar as prerrogativas daquele que nos chamou à perfeição?
O texto áureo de Levítico é claro e abrangente: toda a congregação estava
obrigada atender à ordem divina, inclusive os dirigentes máximos da nação; todos
deveriam porfiar por uma vida santa que, tendo início em seu coração,
refletisse em seu semblante.
Todavia, santidade não significa levar-nos a sair do mundo ou do mundo
isolar-se. Lembremo-nos da oração sacerdotal de Jesus: "Não peço que os
tires do mundo, e sim que os guardes do mal" (João 17:15, ARA).
Na ótica bíblica, santificar-se não significa isolar-se da sociedade,
mas, nesta sociedade, atuar como testemunha fiel de Deus. É o que o Senhor
requisitava de sua congregação no deserto. Mesmo ali, ainda sem contatar povo
algum, deveriam os israelitas consagrar-se inteiramente como servos do Senhor.
Sim, embora estamos no lugar mais improvável e árido, proclamemos as virtudes
do Reino de Deus, por meio de uma vida santa, pura e marcada pela distinção.
Se o povo hebreu deveria sobressair-se pela santidade, o que não esperar
da Igreja de Cristo? O apóstolo exorta-nos a andar continuamente em novidade de
vida (Rm.6:4). Sem a santidade requerida por Deus nenhum de nós chegará à
Jerusalém Celeste (Hb.12:14; Ap.21:8).
Mais ainda:
a)
Devemos
ser santos porque somos filhos de Deus - “Amados, agora somos filhos de
Deus...”(1João 3:2). Quando um filho ama seu pai ele se orgulha quando alguém
diz que ele se parece com o pai. O mesmo sentimento compartilha o pai quando
alguém diz que seu filho é a “sua cara”. Contudo, não havendo amor essa mesma
declaração aborrece tanto o filho como o pai.
b)
Devemos
ser santos porque queremos fazer a vontade do Pai - “Porque esta é a
vontade de Deus, a vossa santificação...”(1Tes.4:3). Todo bom filho sente
prazer e se esforça para fazer a vontade de seu pai. Todo pai fica feliz quando
seu filho procura ser-lhe agradável. A Bíblia diz que Deus quer que seus filhos
sejam santos.
c)
Devemos
ser santos porque queremos ser morada de Deus e um Templo para o seu Espírito -
“Jesus respondeu, e disse-lhe: se alguém me ama, guardará a minha palavra, e
meu pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada”(João 14:23); “Ou
não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em
vós...”(1Co.6:9). A Bíblia diz que Deus é Santo na sua essência, ou seja, é
absolutamente santo. Nós com todas nossas impurezas não sentimos bem habitando,
ou convivendo num lugar sujo, imundo, quanto mais Deus. Daí, se eu quero que
ele habite em mim, então preciso não apenas estar limpo, preciso estar
purificado.
d)
Devemos
ser santos porque queremos ser um vaso nas mãos de Deus. Santificação
significa ser separado para uso de Deus. Assim sendo, qualquer que desejar ser
um vaso nas mãos de Deus, tem que ser um vaso separado para seu uso. Esta é a
condição exigida pela Palavra de Deus, conforme escreveu Paulo: “Ora, numa
grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de
barro; uns para honra, outros, porém, para desonra. De sorte que, se alguém se
purifica destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do
Senhor e preparado para toda boa obra”(2Tm.2:20,21).
e)
Devemos
ser santos porque somos peregrinos à caminho da Canaã Celestial -
“...Andai em temor, durante o tempo da vossa peregrinação”(1Pd.1:17). Os que
não conhecem a Bíblia pensam que para ser santo é preciso estar morando no céu.
Pensam que é somente lá que vivem os santos. Porém, pela Palavra de Deus
sabemos que Deus exigiu que Israel fosse santo durante a peregrinação através
do deserto. Foi lá no Monte Sinai que Deus disse: “...Santos sereis, porque eu,
o Senhor, vosso Deus, sou santo”(Lv.19:2). Naquele deserto, Israel teria que
andar com Deus. Porém, o profeta Amós, pergunta: “Andarão dois juntos, se não
estiverem de acordo?”(Amós 3:3). Deus é Santo. Só existe uma maneira de poder
andar com ele: sendo santo.
f)
Devemos
ser santos porque queremos morar no Céu - “Senhor, quem habitarás no teu
tabernáculo? Quem morará no teu santo monte? (Salmo 15:1). O Senhor Deus diz:
“Os meus olhos procurarão os fiéis da terra, para que estejam comigo; o que
anda num caminho reto, esse me servirá”(Salmo 101:6). Somente os santos morarão
no céu. Que o Senhor nos ajude a andar de valor em valor até que venhamos a
completar a nossa carreira espiritual.
3. O processo de santificação. A nação de Israel, logo após sua saída do Egito, lá no Monte Sinai, foi
requerida a se apresentar diante de Deus como nação santa – “Santos sereis”
(Lv.19:2). Como afirma o texto sagado, a exigência divina foi para toda a
congregação, principalmente aos seus líderes. No início todo o Israel se propôs
a cumprir o pacto de santidade firmado no Monte Sinai, mas no decorrer dos
anos, o pacto foi quebrado, não houve uma firmeza, foi interrompido e
recomeçado diversas vezes; veja o Livro de Juízes, lá encontramos o desvio do
povo de Deus do caminho da santidade. Apesar das diretrizes exaradas no
Pentateuco, para que o seu povo viesse a atingir o ideal de uma nação santa,
profética e sacerdotal, o tempo se encarregou de denunciar a infidelidade do
povo de Deus da Antiga Aliança.
O principal pilar de sustentação da santidade é o amor a Deus. Se lermos
atentamente os livros de Êxodo e Levítico, verificaremos que o processo de
santificação, na vida do povo de Israel, tinha início com o amor que ele
tributava a Deus – “Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, e
de toda a tua alma, e de todo o teu Poder”(Dt.6:5). A partir desse momento, o
fiel passava a cumprir todos os mandamentos do Senhor. Quando o crente deixa de
amar a Deus e passa a amar o mundo, a sua queda é fatal e sua separação de Deus
é inevitável. Portanto, não existe processo de santificação sem o forte,
comprovado e excelente amor a Deus. Quanto mais o amamos, mais nos tornamos
santos.
Para nós, povo de Deus da Nova Aliança, estamos também engajados num
processo árduo em busca da “estatura de vão perfeito”, que se dará no último
processo da salvação, a glorificação. No exato instante em que aceitamos Jesus,
somos imediatamente elevados à posição de santos; sendo já santos, estamos
entre os demais santos. Porém, isso não significa que o processo de nossa
santificação haja se completado ali. Posto que a santificação é um processo
progressivo, e não um ato, tem início ali, ao pé da cruz, uma ação longa e
continuada que, levada a efeito pela Palavra de Deus, conduzir-nos-á à estatura
de varões perfeitos, segundo o modelo que há em Jesus Cristo (Ef.4:13).
Cristo nos separa do pecado, nos dá poder sobre o pecado, porém nos deixa
a missão de nos livrarmos dos efeitos dos pecados. Somos libertos dos efeitos
do pecado através da oração, do estuda da Palavra de Deus, da nossa submissão
ao Espírito Santo para que ele nos ensine todas as coisas. Assim, vamos nos
separando cada vez mais do pecado, das coisas do mundo, a caminho da
santificação até chegarmos a estatura de Cristo, que é o alvo a ser buscado.
Como afirma o Pr. Claudionor de Andrade, a santidade deve ser vista como
um posicionamento e não como um processo devidamente encerrado. Que agora somos
santos, não há dúvida. Todavia, isso não significa que já estejamos plenamente
santificados. Seremos constrangidos, durante a nossa peregrinação à Cidade Celeste,
a buscar os meios da graça, a fim de alcançarmos a perfeição: oração, leitura
da Bíblia, jejuns, frequência aos cultos e disciplina espiritual. Enquanto
estivermos neste mundo, soar-nos-á aos ouvidos a exortação apostólica:
"Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o
SENHOR" (Hb.12:14).
Que a recomendação do apóstolo Paulo seja aplicada na íntegra em cada
etapa de nossa existência neste mundo:
“E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo;
e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados
irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts.5:23).
II. A SANTIDADE NO MINISTÉRIO LEVÍTICO
“Os sacerdotes deveriam ser uma referência perfeita à nação de Israel no
que tange à santidade e à pureza. Afinal de contas, eram os responsáveis pela
santificação do povo, a fim de torná-lo propício diante de Deus”.
1. Santidade exterior. A palavra santificação significa apartar-se do mal. É condição
necessária para desfrutar-se da comunhão com Deus. As leis e as instituições de
Levítico faziam os israelitas tomar consciência de sua pecaminosidade e de sua
necessidade de receber a misericórdia divina; ao mesmo tempo, o sistema de
sacrifícios ensinava-lhes que o próprio Deus provia o meio de expiar seus
pecados e de santificar sua vida.
Deus é santo, e seu povo há de ser santo também. Israel devia ser
diferente das outras nações e devia separar-se de seus costumes - "Não
fareis segundo as obras da terra do Egito... nem fareis segundo as obras da
terra de Canaã" (Lv.18:3).
No Período Levítico, o Senhor impusera aos ministros da Casa de Deus uma
série de restrições, para que não viessem a comprometer o ministério sagrado.
Desobedecer às normas instituídas por Deus poderia causar até mesmo a morte do
ministro. No Livro de Levítico é narrado o episódio em que Deus executou juízo
sobre os filhos de Arão, que ministravam de forma irreverente e em pecado na
Casa do Senhor (Lv.10:1,2). O que podemos aprender desse episódio? Antes de
tudo, que Deus exige santidade, verdadeira reverência de seus ministros. Então,
tomemos cuidado para não nos apresentarmos diante do Senhor com fogo estranho.
O Deus que puniu a Nadabe e Abiú não morreu. Deus não se deixa escarnecer.
Conscientizemo-nos disso.
Deus impôs aos sacerdotes levíticos algumas proibições:
·
Os sacerdotes. Tinham de se proteger da contaminação que
ocorria por contato com o morto (exceto em casos que envolviam pessoas próximas
da família, como mãe, pai, filho, filha, irmão ou irmã solteira). A mulher do
sacerdote tinha de ser aceitável; ao casar devia ser virgem. O texto estipula
que não podia ser meretriz; esta ordem reflete o fato indubitável de que a
prostituição cultual era comum entre os vizinhos de Israel. A filha do
sacerdote tinha igualmente de se manter pura. A prostituição da filha do
sacerdote era punível com a morte. O sacerdote e sua família imediata tinham de
ser santos. Tendo em vista o emblema da santidade divina que pesava sobre a
classe sacerdotal, nenhum levita poderia ser admitido no serviço divino se
portasse alguma deficiência física (cf.Lv.21:17-21).
·
O sumo sacerdote. As exigências para o exercício de seu
ministério eram mais rigorosas. Ele não devia descobrir a cabeça, nem rasgar as
vestes - sinais de luto permitidos aos sacerdotes comuns. Não podia desposar
uma mulher qualquer a não ser uma virgem de Israel (Lv.21:7,14); caso
contrário, sua semente seria profanada. Ele era o símbolo da mais alta pureza.
Não devia haver nada nele que contaminasse o santuário.
Na Nova Aliança
Assim como Deus exigiu dos ministros da Antiga Aliança um comportamento
exemplar diante de toda a congregação do Senhor, Ele também exige dos pastores
do rebanho do Senhor, da Nova Aliança, santidade exterior. Há uma grande
necessidade de mantermos uma conduta exemplar. Somos exortados, pela Palavra de
Deus, como deve ser a nossa conduta - “para que vos torneis irrepreensíveis e
sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e
corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo” (Fp.2:15).
Uma vez que o crente recebe a justificação por meio de Jesus Cristo, deve
andar de modo digno da vocação a que foi chamado. Isso será demonstrado através
de sua conduta, do seu viver diário.
A conduta do crente deve refletir a de uma pessoa transformada, que foi
lapidada pelo poder do Espírito Santo. Somente por meio da Palavra de Deus é
que iremos saber se o comportamento do crente é correto ou não.
O Pr. Claudionor de Andrade está correto em seu argumento, que exponho
aqui:
“Deveríamos nós, os obreiros de Cristo, ter
uma postura mais santa e reverente. Às vezes, no púlpito, comportamo-nos como
meros comediantes. Contamos piadas; lembramos pilhérias; evocamos imagens
fortes e até sensuais. Imaginamos que, com uma desenvoltura mais leve e solta,
levaremos o povo de Deus ao Céu.
Como se não bastasse, vemos alguns homens,
tidos como de Deus, envolvidos em desinteligências, resmungos, escândalos e
corrupção. Acham-se eles tão acostumados à impenitência, que já não temem
ofender o Espírito Santo. Seguindo a doutrina de Balaão e errando pelos
caminhos dos nicolaítas, usam a Bíblia para corromper o povo de Deus. Por
intermédio da teologia, desviam os jovens e transviam os companheiros de
ministério. A Igreja de Cristo, têm-na como um negócio vantajoso.
O que falar dos divórcios já tão comuns entre
os membros do ministério sagrado? Não nos enganemos, o mesmo Deus que não
deixou impune Nadabe e Abiú continua a reivindicar, de cada um de seus
trabalhadores, uma vida íntegra, imaculada e irrepreensível. Certa vez, um
querido amigo disse-me que Deus começaria a punir os maus obreiros com a morte.
Na hora, achei a expressão um pouco carregada. Todavia, se acreditamos que o
Deus de Levítico continua o mesmo, então que busquemos a misericórdia daquele
que, apesar de nossas maldades, quer restabelecer-nos prontamente”.
2. Santidade interior. A santidade do sacerdote não poderia ser apenas exterior; sua pureza
externa deveria ser um perfeito reflexo de sua santidade interior.
“Porque os lábios do sacerdote guardarão a ciência, e da sua boca
buscarão a lei, porque ele é o anjo do SENHOR dos Exércitos” (Ml.2:7).
O sumo sacerdote era a personificação de Israel e sempre era seu dever
trazer à memória de seu povo a santidade de Deus. Ele deveria, sempre, portar no
turbante (mitra) uma lâmina de ouro puro com as palavras "Santidade ao
Senhor" (Êx.28:36) gravadas sobre ela. Proclamava que a santidade é a
essência da natureza de Deus e indispensável a todo o verdadeiro culto prestado
a Ele.
Na Nova Aliança, a conduta do ministro cristão, também, está baseada em
ter-se uma atitude certa para com Nosso Deus. A atitude com que fazemos,
realizamos, recebemos as coisas, demonstra como está o nosso nível para com
Deus. O crente foi justificado, no entanto, deve procurar viver uma vida de santidade
interior.
Complementando este item, argumenta e adverte o Pr. Claudionor de
Andrade:
Como está a nossa santidade interior? Por
vezes, exteriormente, parecemo-nos o mais santo e correto dos homens. Mas, em
nosso coração, quanto pecado! Em nossa alma, quanta iniquidade! E, em nossa
mente, quanta sujeira, cobiça, adultério e até homicídios! Se não fizermos uma pausa,
a fim de buscar a Deus, corremos o risco de perder a alma. Já imaginou ser
lançado no lago de fogo em consequência de uma vida interior pecaminosa e
reprovada diante do santíssimo Deus? Que nós, obreiros de Cristo, guardemo-nos
da pornografia e do contato com mulheres pecadoras e carregadas de
concupiscência. Sejamos precavidos. [...] o inimigo de nossas almas (às vezes,
somos nós mesmos) está pouco se importando com a nossa faixa etária. [...] no
jogo da tentação, o Diabo enfraquece o mancebo e fortalece o ancião.
3. Santidade e glória. A santidade e a pureza da classe sacerdotal demonstravam a glória de
Deus sobre todo o povo de Israel. Por esse motivo, os ministros do altar
deveriam oferecer sacrifícios em primeiro lugar, por si mesmos, e depois por
todo o povo (Lv.9:1-8). Se, pelo altar, deveria começar a santificação do povo,
pelo mesmo altar deveria também ter início a punição dos ministros de Deus
(Jl.2:17; 1Pd.4:17).
Ao povo de Deus da Nova Aliança, o Senhor Jesus, por intermédio de seu
Espírito Santo, está a requerer mais santidade e pureza de seus obreiros.
Doutra forma, não subsistiremos às tormentas que, brevemente, se abaterão sobre
a Igreja de Cristo.
Argumenta mais o Pr. Claudionor de Andrade:
Fomos chamados a refletir a glória de Jesus
Cristo onde quer que estejamos. Que todos vejam, em nossa face, o rosto de
Cristo; em nossas mãos, a providência divina; e, em nossos pés, o Evangelho que
alcança os confins da terra.
É chegado o momento de voltarmos ao primeiro
amor. Se nos curvarmos diante do Cordeiro, seremos renovados em línguas
estranhas, receberemos dons espirituais e daremos uma sequência gloriosa ao
nosso ministério. Evangelizemos. Lancemo-nos às missões. Trabalhemos enquanto é
dia; a noite não demora a chegar.
III. A SANTIDADE DO POVO DE DEUS
A santidade da classe sacerdotal deveria refletir-se, necessária e
eficazmente, na vida diária de Israel como povo, como congregação e em cada
família (Os.4:9-11). Da mesma forma, o Senhor exige, de cada um de nós, a
santificação de nossos filhos e de nossa vida conjugal, pois a nossa pureza
expressa a sua vontade.
1. A santificação dos filhos. Deus proibiu aos israelitas, expressa e energicamente, apresentarem seus
filhinhos como oferenda a Moloque (Lv.20:1-5). Este texto nos informa que o
juízo de Deus cairia sobre os pais que oferecesse seus filhos ao falso deus Moloque.
A pena: era morte por apedrejamento.
Moloque era um ídolo horrendo. Às vezes, davam-lhe a aparência de um ser
híbrido (meio homem, meio boi), e estendiam-lhe desmesuradamente as mãos a fim
de que, nos grandes festivais e cultos, viesse a acolher pomposa e vorazmente
os filhinhos de seus tolos adoradores para serem queimados num ritual desumano
e abominável. Esculpido todo em bronze, seus sacerdotes recheavam-no de
produtos inflamáveis. Em seguida, utilizando-se de uma tecnologia que vinha
sendo aperfeiçoada de geração em geração, aqueciam-no até que se fizesse infernalmente
rubro. Já todo avermelhado e sob sádico olhar de seus sacerdotes, vinham-lhe os
adoradores como que hipnotizados por todos os demônios para lhe oferecerem o
que de mais precioso haviam recebido do Único e Verdadeiro Deus: seus filhos.
E, agora, sob o rufar dos tambores, colocavam suas crianças nas mãos
enrubescidas do falso deus Moloque. Assim eram assassinadas milhares de
crianças, de forma covarde e barbaramente.
Deus disse que o israelita que entregasse sua semente, ou seus filhos a
Moloque, equivaleria a contaminar o Seu santuário e profanar o Seu santo Nome.
Tratava-se de adultério espiritual. Mas, isso não foi somente no Antigo
Testamento, não. Infelizmente, neste exato momento, há muitos pais oferecendo
seus filhos a Moloque, quando, por exemplo, adotam a política criminosa do
aborto e quando não os educam conforme recomenda a Palavra de Deus (Pv.22:6;
Ef.6:4).
Quantos pais não estão a agir exatamente como o sacerdote Eli. Apesar de
conhecerem a Palavra de Deus e as suas justas e inegociáveis reivindicações,
não se preocupam em conduzir os filhos no caminho do bem. Veja quão execráveis
eram os filhos desse sacerdote: “Eram, porém, os filhos de Eli filhos de Belial
e não conheciam o Senhor. Era, pois, muito grande o pecado desses jovens perante
o Senhor” (1Sm.2:12,17). O destino desses jovens, todos nós conhecemos. De tão
ímpios que eram, não havia mais lugar de arrependimento em seu coração;
perderam a vida e a alma.
Se instruirmos nossos filhos conforme recomenda a Palavra de Deus,
teremos uma família de homens e mulheres santos, piedosos e irrepreensíveis. Ensine,
pois, seus pequeninos na admoestação do Senhor, para que sejam pessoas de bem
(Ef.6:4).
2. A santificação conjugal. A fim de preservar a integridade familiar, o Senhor proibiu terminantemente
a infidelidade conjugal e o adultério. O juízo de Deus era rigoroso àqueles que
praticassem tais atos - “Também o homem que adulterar com a mulher de outro,
havendo adulterado com a mulher do seu próximo, certamente morrerá o adúltero e
a adúltera”(Lv.20:10). O objetivo de Deus era tornar a família israelita um
exemplo para os gentios, conforme descreve-a o Salmista (cf. Sl.128).
A infidelidade conjugal é um processo maligno que tem início na mente. Em
uma sociedade erotizada como a contemporânea, onde as expressões eróticas e
pornográficas se tornaram mais explícitas e ousadas, a luta contra a tentação
do adultério não é uma batalha individual, mas envolve a participação mútua do
casal.
Atualmente, o mundo vê o adultério como algo normal, natural e até
esperado no casamento. Pasmem! Recente pesquisa feita no Brasil demonstrou que
dois terços das pessoas esperam ser traídas por seu cônjuge e consideram ser
isto natural e compreensível. Entretanto, o adultério é abominável aos olhos de
Deus, tanto que seu alcance foi ampliado por Jesus no sermão do monte (Mt.5:27-30).
Sua prática é considerada loucura pela Palavra de Deus (Pv.6:32-35).
Com certeza, não há prática que cause tantos males e denigra tanto o
caráter de alguém senão o adultério, que, além de destruir a família - célula mater
da sociedade -, dá péssimo exemplo aos filhos que, sem o exemplo dos pais,
perdem o referencial do certo e do errado, sendo, a partir de então, alvos
fáceis do inimigo de nossas almas.
O adultério é a figura da infidelidade. Na Bíblia, o adúltero é punido
com a morte eterna, tamanho o mal que representa (ler 1Co.6:9). As Escrituras
Sagradas afirmam que o próprio Deus é quem julgará os adúlteros (cf. Hb.13:4).
A Palavra de Deus permanece para sempre e ela continua a nos ensinar que
ficarão de fora os adúlteros e os fornicários (Ap.21:8; 22:15).
Deus não mudou e nem mudará; seu mandamento, portanto, continua
imperioso: “Não adulterarás” (Êx.20:14).
3. A santificação e a vontade de Deus. Sem a santificação jamais veremos o Senhor –
“Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb.12:14).
Sem ela, o Senhor não realiza maravilhas no meio do seu povo – “Disse Josué
também ao povo: Santificai-vos, porque amanhã fará o SENHOR maravilhas no meio
de vós“ (Js.3:5).
Muitos, conformados com o mundo, estão a dizer que “Deus só quer o
coração”. Muitos têm procurado se basear em “doutores conforme as suas próprias
concupiscências” (cf. 2Tm.4:3), para justificar as suas condutas pecaminosas e
a prática da iniquidade.
Os dias de hoje são difíceis e não são poucos os que têm se esforçado em
encontrar guarida para as suas “inclinações da carne”, mas o Senhor, na Sua
Palavra, é bem claro, é claríssimo: “os que estão na carne, não podem agradar a
Deus” (Rm.8:8). Portanto, o santificar-se não é uma opção na vida do salvo, é
uma ordenança divina: “Santificai-vos e sede santos, pois eu sou o SENHOR,
vosso Deus” (Lv.20:7). A nossa santificação é da vontade de Deus: “Porque esta
é a vontade de Deus, a vossa santificação” (1Ts.4:3).
É bom ressaltar que ainda estamos neste mundo e, por causa disto, estamos
sujeitos a pecar, mesmo tendo aceitado a Cristo como nosso Senhor e Salvador. O
apóstolo João aprofundou-se nesta questão e demonstrou que os homens não estão
livres totalmente do pecado (1João 1:8-2:2), pois ainda não foram libertos do
“corpo do pecado”. No entanto, o verdadeiro salvo não é uma pessoa que tenha um
modo de vida voltado para as coisas pecaminosas, cujos propósitos e tendências
sejam todas no sentido da separação de Deus mediante a prática da iniquidade.
O crescimento do crente "em santificação" ocorre à medida que o
Espírito Santo o rege soberanamente e, o crente, por sua vez, busca-o, em
cooperação com Deus.
"Sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver"
(1Pd.1:15).
CONCLUSÃO
O Senhor Jesus que é santo, virá buscar os que são santos (1Ts.3:13; 5:23;
2Ts.1:10; Hb.12:14). Por isso, a vontade de Deus para a vida do crente é que
ele seja santo, separado do pecado (1Ts.4:3).
Mas observe, a Bíblia exige a separação do pecado, não dos pecadores. O próprio
Jesus deu o exemplo: em todo o Seu ministério, jamais se isolou dos pecadores,
tanto que isto foi um dos pontos principais da censura dos fariseus ao Senhor
(Mt.9:10,11), censura que foi repelida por Cristo (Mt.9:12,13).
Contudo, a santificação é um processo que exige disciplina, esforço e um
profundo amor a Deus (1Co.9:27). Nesse processo, lento e doloroso, todo o nosso
ser tem de estar envolvido.
"E o mesmo Deus de paz vos santifique em
tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados
irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo" (1Ts.5:23).
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no
Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo
Pentecostal.
Bíblia de estudo
– Aplicação Pessoal.
Comentário
Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário
Bíblico popular (Antigo Testamento) - William Macdonald.
Revista
Ensinador Cristão – nº 75. CPAD.
Comentário
Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do
Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Comentário
Bíblico Bacon.
C.H. Mackintosh.
Estudo sobre o Livro de Levítico.
Paul Hoff. O
Pentateuco.
Pr. Claudionor
de Andrade. Adoração, Santificação e Serviço – Os princípios de Deus para sua
Igreja em Levítico. CPAD.
Dr. Caramuru
Afonso Francisco. Exortação à Santidade. PortalEBD_2005.
Excelente explanação. Como sempre muito clara. Que Deus continue te abençoando.
ResponderExcluirDeus continue o abençoando meu irmãos, me edifico cada vez mais com cada subsídios que o irmãos transcorre. Que o senhor Jesus seja louvado sempre por sua vida.
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