domingo, 22 de julho de 2018

Aula 05 – SANTIDADE AO SENHOR


3º Trimestre/2018

Texto Base: Levítico 20:1-10

“E ser-me-eis santos, porque eu, o SENHOR, sou santo e separei-vos dos povos, para serdes meus” (Lv.20:26).

INTRODUÇÃO
Nesta Aula estudaremos a respeito da Santidade ao Senhor. Deus é Santo, por natureza. Deus, e somente Deus, é Santo na sua essência, e por ser assim, possui absoluta pureza moral, não podendo, pois, pecar. Deus é, eternamente, Santo.
 Porque eu sou o SENHOR, vosso Deus; portanto, vós vos santificareis e sereis santos, porque eu sou santo [...]. Porque eu sou o SENHOR, que vos faço subir da terra do Egito, para que eu seja vosso Deus, e para que sejais santos; porque eu sou santo. Santos sereis, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo"(Lv.11:44,45; 19:2).
Deus é santo, por isso Israel, através das leis e ordenanças levíticas, tinha a obrigação de apresentar-se a Deus e ao mundo como a nação santa, zelosa e servidora por excelência. O Tabernáculo e seus móveis eram santos, santos eram os sacerdotes, santas eram as suas vestimentas, santas eram as ofertas, santas eram as festas, e tudo era santo para que Israel fosse santo. Que aprendamos, também, a adorar e a servir ao Senhor na beleza de sua santidade.
I. SANTIDADE, A MARCA DO POVO DE DEUS
A Santidade é o tema principal de Levítico, e tanto naquele tempo quanto hoje, continua a ser a marca distintiva dos filhos de Deus. A Bíblia Sagrada deixa claro que ser santo é uma exigência de Deus para aqueles que querem servi-lo. Todavia, em que pese o Senhor ter dito “santo sereis”, a Palavra de Deus nos ensina que Ele respeita a vontade do homem e não viola sua liberdade, ou seu livre arbítrio. Obedecer ou não obedecer é uma decisão do homem. Ninguém será santo à força; isto não agrada a Deus.
1. Deus é Santo e sempre quis relacionar-se com homens santos. A Santidade de Deus atrai para si as coisas santas, e, em contrapartida, rejeita as impuras.
a) Assim foi no princípio. Pela Bíblia sabemos que, no principio, e durante muitos séculos, havia duas linhagens: os filhos de Deus e os filhos dos homens. Os filhos de Deus eram os descendentes de Sete, que permaneceram fiéis e dependentes da misericórdia de Deus, enquanto que os filhos dos homens eram os descendentes de Caim, que, não somente saiu “...de diante da face do Senhor...” (Gn.4:16), como também, pelas suas obras más, foi-se distanciando cada vez mais dele.
b) O distanciamento. No princípio estes dois povos, ou estas duas linhagens, foram se distanciando cada vez mais um do outro. Enoque foi um dos santos dessa época: “E andou Enoque com Deus; e não se viu mais, porquanto Deus para si o tomou” (Gn.5:24). Enoque foi santo, e profeta, o primeiro profeta mencionado na Bíblia; sua profecia ainda está para se cumprir. Ele profetizou sobre a Vinda de Jesus, na Sua Revelação: “...eis que é vindo o Senhor com milhares de seus santos, para fazer juízo contra todos e condenar dentre eles todos os ímpios...” (Judas 14,15). Sua profecia só se cumprirá em Apocalipse 19:11-21. 
c) O julgo desigual. A distância entre aqueles dois povos começou a ser diminuída até que a linha divisória se apagou. Houve a mistura – “Viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram” (Gn.6:2). “E viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque toda carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra” (Gn.6:12). Noé foi um dos representantes dos Santos dessa época – “... Noé era um varão justo e reto em suas gerações; Noé andava com Deus” (Gn.6:9).
d) O dilúvio. Por causa da mistura das duas linhagens – de Sete e Caim - Deus destruiu a humanidade, porém, guardou os santos. Deus não tem compromissos com os ímpios; seu compromisso é com os santos. A mensagem que ficou é a de que Deus quer que haja uma nítida linha divisória entre o mundo dos santos e o mundo dos ímpios. Foi por causa da mistura entre essas duas linhagens que Deus destruiu o mundo com o dilúvio.
“Assim, foi desfeita toda substância que havia sobre a terra, desde o homem até ao animal, até o réptil e até as aves dos céus; e foram extintos da terra; e ficou somente Noé e os que com ele estavam na arca” (Gn.7:23).
e) Deus criou um novo povo: Israel. Ao deixar todas as demais nações de lado, Deus se propôs formar um povo especial com o qual passaria a se relacionar. Porém, sendo santo, Deus somente se relaciona com santos. Desta feita, uma das coisas que Deus queria de Israel era que fosse um “povo santo” - “E vós me sereis reino sacerdotal e povo santo...” (Êx.19:6).
f) Israel falhou como povo santo. Deus havia dito a Israel: “E vós me sereis...o povo santo”. Porém, em lugar de se tornar “o povo santo”, Israel se tornou um povo apóstata e idólatra. Contaminou-se tanto que foi acusado, por Deus, de prostituição e de adultério espiritual - “E disse mais o Senhor nos dias do rei Josias: viste o que fez a rebelde Israel? Ela foi-se a todo o monte alto, e debaixo de toda árvore verde, e ali andou prostituindo-se. E sucedeu que pela fama da sua prostituição contaminou a terra, porque adulterou com a pedra e com o pau” (Jr.3:6-9). Esta foi a triste condição do povo de Israel que Deus queria que fosse “o povo santo”.
g) Deus criou um novo povo: a Igreja. A palavra “igreja” (no grego, ekklesia) significa “chamados para fora”. A Igreja é o novo povo de Deus, o povo formado por judeus e gentios que, pelo sangue de Cristo, passou a ter comunhão novamente com Deus; um povo espiritual, assim como o seu Senhor; um povo destinado a se reunir aos santos do passado para povoar a Nova Jerusalém, a Jerusalém celeste, onde se reeditará a comunhão eterna e perfeita que havia entre Deus e a humanidade antes que o pecado entrasse no mundo (Ap.21:3). A Igreja é a herdeira da cruz.
h) A Igreja não pode cometer os mesmos erros dos povos anteriores. Por falta de santidade, Deus deixou de relacionar-se com as nações. Por falta de santidade, Deus deixou de relacionar-se com Israel. O mesmo não pode acontecer com a Igreja. A Igreja, como Reino de Deus, aqui na Terra, será sempre santa. A Igreja, na condição de “Noiva do Cordeiro” não pode e não será rejeitada, porque ela é a “... a igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível” (Ef.5:27). Porém, a igreja, enquanto denominação local, também podemos ser rejeitados se viermos a cometer o erro da geração antediluviana e o erro do povo de Israel. Exatamente para que isto não aconteça, a Palavra de Deus nos adverte, dizendo: “Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver, porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo” (1Pd.1:15,16).
2. A santidade como marca. A santidade é o que identifica o povo de Deus. Por isso, a exigência permanente de Deus com relação à santidade do Seu povo, tanto na Antiga como na Nova Aliança. O texto Áureo de Levítico enfatiza esta realidade dogmática: “Fala a toda a congregação dos filhos de Israel e dize-lhes: Santos sereis, porque eu, o SENHOR, vosso Deus, sou santo” (Lv.19:2). Observe que a marca, a santidade, não é somente para os líderes, mas a toda “a congregação dos filhos de Israel”, ou seja, a toda a Igreja do Senhor do Antigo Testamento. Deus diz: “santos sereis”.
Qual a razão da demanda do Senhor à congregação de Israel? A Bíblia responde: “Porque eu, o SENHOR, vosso Deus, sou santo”. Sim, Deus é o Senhor. Logo, nesse relacionamento, não passamos de servos. Ele tem autoridade para exigir que cada um de seus servos sejam santos, porque Ele, o nosso Deus, é santo. Como ignorar as prerrogativas daquele que nos chamou à perfeição?
O texto áureo de Levítico é claro e abrangente: toda a congregação estava obrigada atender à ordem divina, inclusive os dirigentes máximos da nação; todos deveriam porfiar por uma vida santa que, tendo início em seu coração, refletisse em seu semblante.
Todavia, santidade não significa levar-nos a sair do mundo ou do mundo isolar-se. Lembremo-nos da oração sacerdotal de Jesus: "Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal" (João 17:15, ARA).
Na ótica bíblica, santificar-se não significa isolar-se da sociedade, mas, nesta sociedade, atuar como testemunha fiel de Deus. É o que o Senhor requisitava de sua congregação no deserto. Mesmo ali, ainda sem contatar povo algum, deveriam os israelitas consagrar-se inteiramente como servos do Senhor. Sim, embora estamos no lugar mais improvável e árido, proclamemos as virtudes do Reino de Deus, por meio de uma vida santa, pura e marcada pela distinção.
Se o povo hebreu deveria sobressair-se pela santidade, o que não esperar da Igreja de Cristo? O apóstolo exorta-nos a andar continuamente em novidade de vida (Rm.6:4). Sem a santidade requerida por Deus nenhum de nós chegará à Jerusalém Celeste (Hb.12:14; Ap.21:8).
Mais ainda:
a)    Devemos ser santos porque somos filhos de Deus - “Amados, agora somos filhos de Deus...”(1João 3:2). Quando um filho ama seu pai ele se orgulha quando alguém diz que ele se parece com o pai. O mesmo sentimento compartilha o pai quando alguém diz que seu filho é a “sua cara”. Contudo, não havendo amor essa mesma declaração aborrece tanto o filho como o pai.
b)    Devemos ser santos porque queremos fazer a vontade do Pai -  “Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação...”(1Tes.4:3). Todo bom filho sente prazer e se esforça para fazer a vontade de seu pai. Todo pai fica feliz quando seu filho procura ser-lhe agradável. A Bíblia diz que Deus quer que seus filhos sejam santos.
c)    Devemos ser santos porque queremos ser morada de Deus e um Templo para o seu Espírito - “Jesus respondeu, e disse-lhe: se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada”(João 14:23); “Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós...”(1Co.6:9). A Bíblia diz que Deus é Santo na sua essência, ou seja, é absolutamente santo. Nós com todas nossas impurezas não sentimos bem habitando, ou convivendo num lugar sujo, imundo, quanto mais Deus. Daí, se eu quero que ele habite em mim, então preciso não apenas estar limpo, preciso estar purificado.
d)    Devemos ser santos porque queremos ser um vaso nas mãos de Deus. Santificação significa ser separado para uso de Deus. Assim sendo, qualquer que desejar ser um vaso nas mãos de Deus, tem que ser um vaso separado para seu uso. Esta é a condição exigida pela Palavra de Deus, conforme escreveu Paulo: “Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra. De sorte que, se alguém se purifica destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor e preparado para toda boa obra”(2Tm.2:20,21).
e)    Devemos ser santos porque somos peregrinos à caminho da Canaã Celestial - “...Andai em temor, durante o tempo da vossa peregrinação”(1Pd.1:17). Os que não conhecem a Bíblia pensam que para ser santo é preciso estar morando no céu. Pensam que é somente lá que vivem os santos. Porém, pela Palavra de Deus sabemos que Deus exigiu que Israel fosse santo durante a peregrinação através do deserto. Foi lá no Monte Sinai que Deus disse: “...Santos sereis, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo”(Lv.19:2). Naquele deserto, Israel teria que andar com Deus. Porém, o profeta Amós, pergunta: “Andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?”(Amós 3:3). Deus é Santo. Só existe uma maneira de poder andar com ele: sendo santo.
f)     Devemos ser santos porque queremos morar no Céu - “Senhor, quem habitarás no teu tabernáculo? Quem morará no teu santo monte? (Salmo 15:1). O Senhor Deus diz: “Os meus olhos procurarão os fiéis da terra, para que estejam comigo; o que anda num caminho reto, esse me servirá”(Salmo 101:6). Somente os santos morarão no céu. Que o Senhor nos ajude a andar de valor em valor até que venhamos a completar a nossa carreira espiritual.
3. O processo de santificação. A nação de Israel, logo após sua saída do Egito, lá no Monte Sinai, foi requerida a se apresentar diante de Deus como nação santa – “Santos sereis” (Lv.19:2). Como afirma o texto sagado, a exigência divina foi para toda a congregação, principalmente aos seus líderes. No início todo o Israel se propôs a cumprir o pacto de santidade firmado no Monte Sinai, mas no decorrer dos anos, o pacto foi quebrado, não houve uma firmeza, foi interrompido e recomeçado diversas vezes; veja o Livro de Juízes, lá encontramos o desvio do povo de Deus do caminho da santidade. Apesar das diretrizes exaradas no Pentateuco, para que o seu povo viesse a atingir o ideal de uma nação santa, profética e sacerdotal, o tempo se encarregou de denunciar a infidelidade do povo de Deus da Antiga Aliança.
O principal pilar de sustentação da santidade é o amor a Deus. Se lermos atentamente os livros de Êxodo e Levítico, verificaremos que o processo de santificação, na vida do povo de Israel, tinha início com o amor que ele tributava a Deus – “Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu Poder”(Dt.6:5). A partir desse momento, o fiel passava a cumprir todos os mandamentos do Senhor. Quando o crente deixa de amar a Deus e passa a amar o mundo, a sua queda é fatal e sua separação de Deus é inevitável. Portanto, não existe processo de santificação sem o forte, comprovado e excelente amor a Deus. Quanto mais o amamos, mais nos tornamos santos.
Para nós, povo de Deus da Nova Aliança, estamos também engajados num processo árduo em busca da “estatura de vão perfeito”, que se dará no último processo da salvação, a glorificação. No exato instante em que aceitamos Jesus, somos imediatamente elevados à posição de santos; sendo já santos, estamos entre os demais santos. Porém, isso não significa que o processo de nossa santificação haja se completado ali. Posto que a santificação é um processo progressivo, e não um ato, tem início ali, ao pé da cruz, uma ação longa e continuada que, levada a efeito pela Palavra de Deus, conduzir-nos-á à estatura de varões perfeitos, segundo o modelo que há em Jesus Cristo (Ef.4:13).
Cristo nos separa do pecado, nos dá poder sobre o pecado, porém nos deixa a missão de nos livrarmos dos efeitos dos pecados. Somos libertos dos efeitos do pecado através da oração, do estuda da Palavra de Deus, da nossa submissão ao Espírito Santo para que ele nos ensine todas as coisas. Assim, vamos nos separando cada vez mais do pecado, das coisas do mundo, a caminho da santificação até chegarmos a estatura de Cristo, que é o alvo a ser buscado.
Como afirma o Pr. Claudionor de Andrade, a santidade deve ser vista como um posicionamento e não como um processo devidamente encerrado. Que agora somos santos, não há dúvida. Todavia, isso não significa que já estejamos plenamente santificados. Seremos constrangidos, durante a nossa peregrinação à Cidade Celeste, a buscar os meios da graça, a fim de alcançarmos a perfeição: oração, leitura da Bíblia, jejuns, frequência aos cultos e disciplina espiritual. Enquanto estivermos neste mundo, soar-nos-á aos ouvidos a exortação apostólica: "Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o SENHOR" (Hb.12:14).
Que a recomendação do apóstolo Paulo seja aplicada na íntegra em cada etapa de nossa existência neste mundo:
“E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts.5:23).
II. A SANTIDADE NO MINISTÉRIO LEVÍTICO
“Os sacerdotes deveriam ser uma referência perfeita à nação de Israel no que tange à santidade e à pureza. Afinal de contas, eram os responsáveis pela santificação do povo, a fim de torná-lo propício diante de Deus”.
1. Santidade exterior. A palavra santificação significa apartar-se do mal. É condição necessária para desfrutar-se da comunhão com Deus. As leis e as instituições de Levítico faziam os israelitas tomar consciência de sua pecaminosidade e de sua necessidade de receber a misericórdia divina; ao mesmo tempo, o sistema de sacrifícios ensinava-lhes que o próprio Deus provia o meio de expiar seus pecados e de santificar sua vida.
Deus é santo, e seu povo há de ser santo também. Israel devia ser diferente das outras nações e devia separar-se de seus costumes - "Não fareis segundo as obras da terra do Egito... nem fareis segundo as obras da terra de Canaã" (Lv.18:3).
No Período Levítico, o Senhor impusera aos ministros da Casa de Deus uma série de restrições, para que não viessem a comprometer o ministério sagrado. Desobedecer às normas instituídas por Deus poderia causar até mesmo a morte do ministro. No Livro de Levítico é narrado o episódio em que Deus executou juízo sobre os filhos de Arão, que ministravam de forma irreverente e em pecado na Casa do Senhor (Lv.10:1,2). O que podemos aprender desse episódio? Antes de tudo, que Deus exige santidade, verdadeira reverência de seus ministros. Então, tomemos cuidado para não nos apresentarmos diante do Senhor com fogo estranho. O Deus que puniu a Nadabe e Abiú não morreu. Deus não se deixa escarnecer. Conscientizemo-nos disso.
Deus impôs aos sacerdotes levíticos algumas proibições:
·         Os sacerdotes. Tinham de se proteger da contaminação que ocorria por contato com o morto (exceto em casos que envolviam pessoas próximas da família, como mãe, pai, filho, filha, irmão ou irmã solteira). A mulher do sacerdote tinha de ser aceitável; ao casar devia ser virgem. O texto estipula que não podia ser meretriz; esta ordem reflete o fato indubitável de que a prostituição cultual era comum entre os vizinhos de Israel. A filha do sacerdote tinha igualmente de se manter pura. A prostituição da filha do sacerdote era punível com a morte. O sacerdote e sua família imediata tinham de ser santos. Tendo em vista o emblema da santidade divina que pesava sobre a classe sacerdotal, nenhum levita poderia ser admitido no serviço divino se portasse alguma deficiência física (cf.Lv.21:17-21).
·         O sumo sacerdote. As exigências para o exercício de seu ministério eram mais rigorosas. Ele não devia descobrir a cabeça, nem rasgar as vestes - sinais de luto permitidos aos sacerdotes comuns. Não podia desposar uma mulher qualquer a não ser uma virgem de Israel (Lv.21:7,14); caso contrário, sua semente seria profanada. Ele era o símbolo da mais alta pureza. Não devia haver nada nele que contaminasse o santuário.
Na Nova Aliança
Assim como Deus exigiu dos ministros da Antiga Aliança um comportamento exemplar diante de toda a congregação do Senhor, Ele também exige dos pastores do rebanho do Senhor, da Nova Aliança, santidade exterior. Há uma grande necessidade de mantermos uma conduta exemplar. Somos exortados, pela Palavra de Deus, como deve ser a nossa conduta - “para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo” (Fp.2:15).
Uma vez que o crente recebe a justificação por meio de Jesus Cristo, deve andar de modo digno da vocação a que foi chamado. Isso será demonstrado através de sua conduta, do seu viver diário.
A conduta do crente deve refletir a de uma pessoa transformada, que foi lapidada pelo poder do Espírito Santo. Somente por meio da Palavra de Deus é que iremos saber se o comportamento do crente é correto ou não.
O Pr. Claudionor de Andrade está correto em seu argumento, que exponho aqui:
“Deveríamos nós, os obreiros de Cristo, ter uma postura mais santa e reverente. Às vezes, no púlpito, comportamo-nos como meros comediantes. Contamos piadas; lembramos pilhérias; evocamos imagens fortes e até sensuais. Imaginamos que, com uma desenvoltura mais leve e solta, levaremos o povo de Deus ao Céu.
Como se não bastasse, vemos alguns homens, tidos como de Deus, envolvidos em desinteligências, resmungos, escândalos e corrupção. Acham-se eles tão acostumados à impenitência, que já não temem ofender o Espírito Santo. Seguindo a doutrina de Balaão e errando pelos caminhos dos nicolaítas, usam a Bíblia para corromper o povo de Deus. Por intermédio da teologia, desviam os jovens e transviam os companheiros de ministério. A Igreja de Cristo, têm-na como um negócio vantajoso.
O que falar dos divórcios já tão comuns entre os membros do ministério sagrado? Não nos enganemos, o mesmo Deus que não deixou impune Nadabe e Abiú continua a reivindicar, de cada um de seus trabalhadores, uma vida íntegra, imaculada e irrepreensível. Certa vez, um querido amigo disse-me que Deus começaria a punir os maus obreiros com a morte. Na hora, achei a expressão um pouco carregada. Todavia, se acreditamos que o Deus de Levítico continua o mesmo, então que busquemos a misericórdia daquele que, apesar de nossas maldades, quer restabelecer-nos prontamente”.
2. Santidade interior. A santidade do sacerdote não poderia ser apenas exterior; sua pureza externa deveria ser um perfeito reflexo de sua santidade interior.
“Porque os lábios do sacerdote guardarão a ciência, e da sua boca buscarão a lei, porque ele é o anjo do SENHOR dos Exércitos” (Ml.2:7).
O sumo sacerdote era a personificação de Israel e sempre era seu dever trazer à memória de seu povo a santidade de Deus. Ele deveria, sempre, portar no turbante (mitra) uma lâmina de ouro puro com as palavras "Santidade ao Senhor" (Êx.28:36) gravadas sobre ela. Proclamava que a santidade é a essência da natureza de Deus e indispensável a todo o verdadeiro culto prestado a Ele.
Na Nova Aliança, a conduta do ministro cristão, também, está baseada em ter-se uma atitude certa para com Nosso Deus. A atitude com que fazemos, realizamos, recebemos as coisas, demonstra como está o nosso nível para com Deus. O crente foi justificado, no entanto, deve procurar viver uma vida de santidade interior.
Complementando este item, argumenta e adverte o Pr. Claudionor de Andrade:
Como está a nossa santidade interior? Por vezes, exteriormente, parecemo-nos o mais santo e correto dos homens. Mas, em nosso coração, quanto pecado! Em nossa alma, quanta iniquidade! E, em nossa mente, quanta sujeira, cobiça, adultério e até homicídios! Se não fizermos uma pausa, a fim de buscar a Deus, corremos o risco de perder a alma. Já imaginou ser lançado no lago de fogo em consequência de uma vida interior pecaminosa e reprovada diante do santíssimo Deus? Que nós, obreiros de Cristo, guardemo-nos da pornografia e do contato com mulheres pecadoras e carregadas de concupiscência. Sejamos precavidos. [...] o inimigo de nossas almas (às vezes, somos nós mesmos) está pouco se importando com a nossa faixa etária. [...] no jogo da tentação, o Diabo enfraquece o mancebo e fortalece o ancião.
3. Santidade e glória. A santidade e a pureza da classe sacerdotal demonstravam a glória de Deus sobre todo o povo de Israel. Por esse motivo, os ministros do altar deveriam oferecer sacrifícios em primeiro lugar, por si mesmos, e depois por todo o povo (Lv.9:1-8). Se, pelo altar, deveria começar a santificação do povo, pelo mesmo altar deveria também ter início a punição dos ministros de Deus (Jl.2:17; 1Pd.4:17).
Ao povo de Deus da Nova Aliança, o Senhor Jesus, por intermédio de seu Espírito Santo, está a requerer mais santidade e pureza de seus obreiros. Doutra forma, não subsistiremos às tormentas que, brevemente, se abaterão sobre a Igreja de Cristo.
Argumenta mais o Pr. Claudionor de Andrade:
Fomos chamados a refletir a glória de Jesus Cristo onde quer que estejamos. Que todos vejam, em nossa face, o rosto de Cristo; em nossas mãos, a providência divina; e, em nossos pés, o Evangelho que alcança os confins da terra.
É chegado o momento de voltarmos ao primeiro amor. Se nos curvarmos diante do Cordeiro, seremos renovados em línguas estranhas, receberemos dons espirituais e daremos uma sequência gloriosa ao nosso ministério. Evangelizemos. Lancemo-nos às missões. Trabalhemos enquanto é dia; a noite não demora a chegar.
III. A SANTIDADE DO POVO DE DEUS
A santidade da classe sacerdotal deveria refletir-se, necessária e eficazmente, na vida diária de Israel como povo, como congregação e em cada família (Os.4:9-11). Da mesma forma, o Senhor exige, de cada um de nós, a santificação de nossos filhos e de nossa vida conjugal, pois a nossa pureza expressa a sua vontade.
1. A santificação dos filhos. Deus proibiu aos israelitas, expressa e energicamente, apresentarem seus filhinhos como oferenda a Moloque (Lv.20:1-5). Este texto nos informa que o juízo de Deus cairia sobre os pais que oferecesse seus filhos ao falso deus Moloque. A pena: era morte por apedrejamento.
Moloque era um ídolo horrendo. Às vezes, davam-lhe a aparência de um ser híbrido (meio homem, meio boi), e estendiam-lhe desmesuradamente as mãos a fim de que, nos grandes festivais e cultos, viesse a acolher pomposa e vorazmente os filhinhos de seus tolos adoradores para serem queimados num ritual desumano e abominável. Esculpido todo em bronze, seus sacerdotes recheavam-no de produtos inflamáveis. Em seguida, utilizando-se de uma tecnologia que vinha sendo aperfeiçoada de geração em geração, aqueciam-no até que se fizesse infernalmente rubro. Já todo avermelhado e sob sádico olhar de seus sacerdotes, vinham-lhe os adoradores como que hipnotizados por todos os demônios para lhe oferecerem o que de mais precioso haviam recebido do Único e Verdadeiro Deus: seus filhos. E, agora, sob o rufar dos tambores, colocavam suas crianças nas mãos enrubescidas do falso deus Moloque. Assim eram assassinadas milhares de crianças, de forma covarde e barbaramente.
Deus disse que o israelita que entregasse sua semente, ou seus filhos a Moloque, equivaleria a contaminar o Seu santuário e profanar o Seu santo Nome. Tratava-se de adultério espiritual. Mas, isso não foi somente no Antigo Testamento, não. Infelizmente, neste exato momento, há muitos pais oferecendo seus filhos a Moloque, quando, por exemplo, adotam a política criminosa do aborto e quando não os educam conforme recomenda a Palavra de Deus (Pv.22:6; Ef.6:4).
Quantos pais não estão a agir exatamente como o sacerdote Eli. Apesar de conhecerem a Palavra de Deus e as suas justas e inegociáveis reivindicações, não se preocupam em conduzir os filhos no caminho do bem. Veja quão execráveis eram os filhos desse sacerdote: “Eram, porém, os filhos de Eli filhos de Belial e não conheciam o Senhor. Era, pois, muito grande o pecado desses jovens perante o Senhor” (1Sm.2:12,17). O destino desses jovens, todos nós conhecemos. De tão ímpios que eram, não havia mais lugar de arrependimento em seu coração; perderam a vida e a alma.
Se instruirmos nossos filhos conforme recomenda a Palavra de Deus, teremos uma família de homens e mulheres santos, piedosos e irrepreensíveis. Ensine, pois, seus pequeninos na admoestação do Senhor, para que sejam pessoas de bem (Ef.6:4).
2. A santificação conjugal. A fim de preservar a integridade familiar, o Senhor proibiu terminantemente a infidelidade conjugal e o adultério. O juízo de Deus era rigoroso àqueles que praticassem tais atos - “Também o homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado com a mulher do seu próximo, certamente morrerá o adúltero e a adúltera”(Lv.20:10). O objetivo de Deus era tornar a família israelita um exemplo para os gentios, conforme descreve-a o Salmista (cf. Sl.128).
A infidelidade conjugal é um processo maligno que tem início na mente. Em uma sociedade erotizada como a contemporânea, onde as expressões eróticas e pornográficas se tornaram mais explícitas e ousadas, a luta contra a tentação do adultério não é uma batalha individual, mas envolve a participação mútua do casal.
Atualmente, o mundo vê o adultério como algo normal, natural e até esperado no casamento. Pasmem! Recente pesquisa feita no Brasil demonstrou que dois terços das pessoas esperam ser traídas por seu cônjuge e consideram ser isto natural e compreensível. Entretanto, o adultério é abominável aos olhos de Deus, tanto que seu alcance foi ampliado por Jesus no sermão do monte (Mt.5:27-30). Sua prática é considerada loucura pela Palavra de Deus (Pv.6:32-35).
Com certeza, não há prática que cause tantos males e denigra tanto o caráter de alguém senão o adultério, que, além de destruir a família - célula mater da sociedade -, dá péssimo exemplo aos filhos que, sem o exemplo dos pais, perdem o referencial do certo e do errado, sendo, a partir de então, alvos fáceis do inimigo de nossas almas.
O adultério é a figura da infidelidade. Na Bíblia, o adúltero é punido com a morte eterna, tamanho o mal que representa (ler 1Co.6:9). As Escrituras Sagradas afirmam que o próprio Deus é quem julgará os adúlteros (cf. Hb.13:4). A Palavra de Deus permanece para sempre e ela continua a nos ensinar que ficarão de fora os adúlteros e os fornicários (Ap.21:8; 22:15).
Deus não mudou e nem mudará; seu mandamento, portanto, continua imperioso: “Não adulterarás” (Êx.20:14).
3. A santificação e a vontade de Deus. Sem a santificação jamais veremos o Senhor – “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb.12:14). Sem ela, o Senhor não realiza maravilhas no meio do seu povo – “Disse Josué também ao povo: Santificai-vos, porque amanhã fará o SENHOR maravilhas no meio de vós“ (Js.3:5).
Muitos, conformados com o mundo, estão a dizer que “Deus só quer o coração”. Muitos têm procurado se basear em “doutores conforme as suas próprias concupiscências” (cf. 2Tm.4:3), para justificar as suas condutas pecaminosas e a prática da iniquidade.
Os dias de hoje são difíceis e não são poucos os que têm se esforçado em encontrar guarida para as suas “inclinações da carne”, mas o Senhor, na Sua Palavra, é bem claro, é claríssimo: “os que estão na carne, não podem agradar a Deus” (Rm.8:8). Portanto, o santificar-se não é uma opção na vida do salvo, é uma ordenança divina: “Santificai-vos e sede santos, pois eu sou o SENHOR, vosso Deus” (Lv.20:7). A nossa santificação é da vontade de Deus: “Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação” (1Ts.4:3).
É bom ressaltar que ainda estamos neste mundo e, por causa disto, estamos sujeitos a pecar, mesmo tendo aceitado a Cristo como nosso Senhor e Salvador. O apóstolo João aprofundou-se nesta questão e demonstrou que os homens não estão livres totalmente do pecado (1João 1:8-2:2), pois ainda não foram libertos do “corpo do pecado”. No entanto, o verdadeiro salvo não é uma pessoa que tenha um modo de vida voltado para as coisas pecaminosas, cujos propósitos e tendências sejam todas no sentido da separação de Deus mediante a prática da iniquidade.
O crescimento do crente "em santificação" ocorre à medida que o Espírito Santo o rege soberanamente e, o crente, por sua vez, busca-o, em cooperação com Deus.
"Sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver" (1Pd.1:15).
CONCLUSÃO
O Senhor Jesus que é santo, virá buscar os que são santos (1Ts.3:13; 5:23; 2Ts.1:10; Hb.12:14). Por isso, a vontade de Deus para a vida do crente é que ele seja santo, separado do pecado (1Ts.4:3).  Mas observe, a Bíblia exige a separação do pecado, não dos pecadores. O próprio Jesus deu o exemplo: em todo o Seu ministério, jamais se isolou dos pecadores, tanto que isto foi um dos pontos principais da censura dos fariseus ao Senhor (Mt.9:10,11), censura que foi repelida por Cristo (Mt.9:12,13).
Contudo, a santificação é um processo que exige disciplina, esforço e um profundo amor a Deus (1Co.9:27). Nesse processo, lento e doloroso, todo o nosso ser tem de estar envolvido.
"E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo" (1Ts.5:23).
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 75. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Comentário Bíblico Bacon.
C.H. Mackintosh. Estudo sobre o Livro de Levítico.
Paul Hoff. O Pentateuco.
Pr. Claudionor de Andrade. Adoração, Santificação e Serviço – Os princípios de Deus para sua Igreja em Levítico. CPAD.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. Exortação à Santidade. PortalEBD_2005.

2 comentários:

  1. Excelente explanação. Como sempre muito clara. Que Deus continue te abençoando.

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  2. Deus continue o abençoando meu irmãos, me edifico cada vez mais com cada subsídios que o irmãos transcorre. Que o senhor Jesus seja louvado sempre por sua vida.

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