1º
Trimestre/2020
Texto Base:
Atos 17:22-28
"Não
temos nós todos um mesmo Pai? Não nos criou um mesmo Deus? Por que seremos
desleais uns para com os outros, profanando o concerto de nossos pais?"
(Ml.2:10).
Atos 17:
22-E, estando Paulo no
meio do Areópago, disse: Varões atenienses, em tudo vos vejo um tanto
supersticiosos;
23-porque, passando eu e
vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito: Ao
Deus Desconhecido. Esse, pois, que vós honrais não o conhecendo é o que eu vos
anuncio.
24-O Deus que fez o mundo
e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos
feitos por mãos de homens.
25-Nem tampouco é servido
por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é
quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas;
26-e de um só fez toda a
geração dos homens para habitar sobre toda a face da terra, determinando os
tempos já dantes ordenados e os limites da sua habitação,
27-para que buscassem ao
Senhor, se, porventura, tateando, o pudessem achar, ainda que não está longe de
cada um de nós;
28-porque nele vivemos, e
nos movemos, e existimos, como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois
somos também sua geração.
INTRODUÇÃO
Nesta Aula trataremos da “unidade da
raça humana”. A doutrina que trata disto chama-se “monogenismo”; ela ensina que
todo ser humano é proveniente de um único tronco genético, e as Escrituras
Sagradas são a maior autoridade de informação com relação a este tema. As
gerações surgidas, desde Adão e Eva até o dilúvio, permaneceram em contínua
relação genética com o primeiro casal, de maneira que a raça humana constitui
não somente uma unidade no sentido em que todos os homens participaram da mesma
natureza humana, mas também uma unidade genética e genealógica, oriunda de um
mesmo tronco: Adão e Eva. Com este casal, o Criador formou a primeira instituição
divina, a família, dela surgindo todas as outras pessoas existentes. Para este
primeiro casal Deus ordenou: "Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a
terra e sujeitai-a" (Gn.1:28).
I. A UNIDADE RACIAL DO SER HUMANO
A origem divina do homem, a sua unidade
racial e psicológica, confirmam a unidade da raça humana, e isto vem de
encontro às teorias falaciosas do ateísmo e anticristãs do evolucionismo.
1. A origem divina do ser humano
Já estudamos sobre isto nas duas
primeiras Aulas, mas não é demais enfatizar que a origem do ser humano é,
indubitavelmente, divina. A criação do ser humano foi uma decisão amorosa e soberana
da Santistíssima Trindade - “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa
semelhança...” (Gn.1:26). O verbo “fazer”, no plural, na primeira pessoa do
imperativo, denota que o Criador não estava sozinho, na criação do homem. A
compreensão humana não alcança a grandeza daquele momento único e singular,
totalmente distinto de todo processo criador dos demais seres. Apesar disso, pode-se
entender que, num ponto do planeta, no Oriente, Deus (o Pai, o Filho e o
Espírito Santo) se reuniram solenemente para fazer surgir o novo ser: o homem à
imagem e semelhança de Deus, obra prima da criação, que haveria de revolucionar
toda a criação.
O fato de que os membros da Trindade
falaram entre si indica que este foi um ato transcendental e a consumação da
obra criadora. Isto refuta, efusivamente, a teoria da evolução do ser humano;
enquanto, esta, ainda não saiu do terreno das hipóteses, a narrativa bíblica
faz-se cada dia mais convincente, tendo a boa ciência, não discriminatória,
provado a veracidade da narração bíblica.
Certamente, não somos o resultado de um
longo e entediante processo evolucionário, mas a coroa de um ato criativo de
Deus. De maneira singela, mas verdadeira e literal, a Bíblia Sagrada descreve a
formação do homem: “E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra e soprou em
seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente” (Gn.2:7).
Aqui, o fôlego de vida soprado por Deus não é o ar que respiramos, mas a
própria vida dada ao homem, a própria imagem e semelhança de Deus. O homem é
imagem e semelhança de Deus exatamente porque Deus lhe imprimiu algo de Sua
essência, algo que veio diretamente dEle, ao contrário do restante da criação,
que foi feito a partir da vontade divina expressa por Sua Palavra.
Como bem diz o Pr. Claudionor de
Andrade, “a simplicidade da narrativa bíblica induz o academicismo incrédulo e
blasfemo a buscar outras explicações sobre o nosso aparecimento na terra. No
passado, o mito; no presente, a falsa ciência; e, no futuro, a mentira
sistemática do Anticristo”.
2. A unidade racial do ser humano
Diversas são as teorias pagãs surgidas
que tentam trazer uma explicação contrária às das Escrituras Sagradas com
relação à unidade racial do ser humano, mas não se sustentam diante da
contundência da narração bíblica.
-Teoria Pré-Adamita. Os
defensores desta teoria afirmam que havia homens na terra antes que Adão
fosse criado. Eles não negam a unidade da raça humana, contudo considera Adão
como o primeiro homem só da raça judaica, em vez de cabeça de toda a raça
humana. Existe muitos escritos sobre essa falaciosa teoria; cito apenas uma dessas
fontes: https://pt.qwe.wiki/wiki/Pre-Adamite?ddexp4attempt=1.
-Teoria racista. Os defensores desta teoria difundem que
houve raças inferiores ao homem antes da aparição de Adão no cenário mundial,
pelos idos do ano 5500 a. C. Essas raças, não obstante inferiores aos adamitas,
já tinham faculdades distintas dos animais, enquanto que o homem adamita foi
dotado de faculdades maiores e mais nobres, provavelmente destinado a conduzir
todo o resto da raça existente à lealdade ao Criador. Todavia, os mentores e
adeptos desta teoria nunca foram capazes de dar provas da sua veracidade,
comparando-a com o ensino que a Bíblia oferece quanto à unidade da raça
humana.
O racismo é uma distorção maligna do
ensino bíblico quanto à unidade genética do ser humano. As Escrituras Sagradas
são claras em afirmar que existe apenas uma única raça humana – “Não temos nós todos um mesmo Pai? Não nos
criou um mesmo Deus? Por que seremos desleais uns para com os outros,
profanando o concerto de nossos pais?” (Ml.2:10).
O apóstolo Paulo, ao contrário do que narram as
mitologias pagãs, em seu discurso no Areópago de Atenas, perante os filósofos epicureus e estóicos, deixou bem claro a doutrina bíblica do monogenismo da
raça humana, isto é, que todos os homens, apesar de sua diversidade racial e
linguística, provêm de um único tronco genético: Adão e Eva. Ele afirmou que
Deus “de uma só fez toda a raça humana para habitar sobre a face da terra,
havendo fixados os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua
habitação" (At.17:26).
Diante dessa proposição, não há o que
se negar: todos somos filhos de Adão e Eva. Logo, brancos e negros, judeus e
árabes, ocidentais e orientais, somos todos irmãos, no sentido de procedermos
do mesmo tronco genético: Adão e Eva. Concluímos, daí, existir apenas uma única
raça, que, providencialmente, divide-se, multiplicando-se em famílias, tribos,
nações, povos e línguas.
O DNA, conhecido como Ácido Desoxirribonucleico,
está aí para não deixar dúvida de que o ser humano provém de um único tronco
genético: Adão e Eva. Ele é um composto orgânico cujas moléculas contém as
instruções genéticas que coordenam o desenvolvimento e funcionamento de todos
os seres vivos e alguns vírus, e que transmitem as características hereditárias
de cada ser vivo.
O Projeto Genoma Humano, criado em 1990 com o apoio de 18
países, inclusive do Brasil, mapeou bilhões de bases químicas de DNA,
concluindo que todos os homens descendem de um único homem que viveu na África
Oriental. O que se conclui que todos os seres humanos descendem de um ancestral
comum.
O Pr. Claudionor de Andrade ainda
explica - em seu livro “O começo de todas as coisas” – que o mapeamento do DNA
revela de maneira surpreendente a unidade da família adâmica. Se levarmos em conta
que cada mulher recebe o DNA mitocondrial da mãe, ser-nos-á possível retroceder
à primeira fêmea. Diante desse fato, os cientistas alcunharam-na de “Eva
Mitocondrial”. Na esteira dessa pesquisa, descobriu-se também o “Adão
Cromossômico Y”.
A verdadeira ciência, portanto, não
contraria a narrativa bíblica; não obstante, alguns acadêmicos ainda teimam em
contrariar as Escrituras Sagradas, optando por explicações absurdas e sem
lógica.
3. A unidade psicológica do ser humano
O termo “psicológico” está relacionado
com psicologia, ciência que se dedica aos processos mentais ou comportamentais
do ser humano; faz parte dos fenômenos mentais, emocionais ou da psique.
No Novo Testamento, a palavra “psique” tem o sentido de
"alma" e de "vida", e encontra-se ligado à palavra
psíquicos, que significa "pertencente a esta vida". Ela é "a
base das experiências conscientes", equivalendo, portanto, à própria vida,
à personalidade ou à pessoa mesmo (cf. 2Co.1:23) – “Invoco, porém, a Deus por testemunha sobre a minha alma, que, para vos
poupar, não tenho até agora ido a Corinto”.
Do ponto de vista teológico, a alma é a
sede do intelecto, da vontade e dos sentimentos, conforme Jesus expressou num
contexto de angústia: "A minha alma está profundamente triste até a
morte" (Mc.14:34).
A alma é a parte mais importante da
natureza constitutiva do homem, e a psicologia revela claramente o fato de que
as almas dos homens, sem distinção de tribo e nação a que pertencem, são
essencialmente as mesmas. Possuem em comum os mesmos apetites, instintos e
paixões; as mesmas tendências, e sobretudo, as mesmas qualidades, as mesmas
características que só existem no homem. Portanto, todos os seres humanos têm
uma herança psicológica e emocional comum, não importando a diversidade
cultural, educacional e ética que apresentarem.
II. A UNIDADE LINGUÍSTICA ORIGINAL DA HUMANIDADE
Houve uma língua primitiva, de Adão até
o Dilúvio, seguida de uma confusão linguística, como consequência da rebelião
contra Deus da comunidade pós-diluviana, em sua teimosia de construir uma
torre, a torre da arrogância, chamada torre de Babel. Atualmente é possível
perceber seus indícios nas diversas línguas e dialetos falados no mundo
inteiro.
1. A língua original da humanidade
Não se sabe qual a língua original do
ser humano. Uma coisa é certa: o primeiro homem não usava mímica e nem
linguagem de surdo e mudo para se comunicar com Deus e com a sua esposa Eva;
ele dominava com muita habilidade a arte de falar; habilidade esta, dada pelo
próprio Criador, no momento de sua formação, porque a Bíblia diz que o homem
foi criado à imagem de Deus, conforme a Sua semelhança. Quando Adão despertou
do seu sono anestésico, e Deus o apresentou sua companheira e adjutora, ele
ficou tão emocionado que se expressou de uma forma poética demonstrando imensa
alegria: “E disse Adão: Esta é agora osso
dos meus ossos e carne da minha carne; esta será chamada varoa, porquanto do
varão foi tomada” (Gn.2:23).
Quando Adão e Eva pecaram, Deus os
chamou à responsabilidade através de um diálogo de altíssimo nível. Veja o
texto sagrado: “E chamou o SENHOR Deus a Adão e disse-lhe: Onde estás? E ele
disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me”
(Gn.3:9,10).
Portanto, havia uma linguagem original
que era proferida pelo primeiro casal humano e pelos seus descendentes, porém,
não há como determinar qual linguagem eles falavam. Não era o Hebraico, haja
vista que esse idioma só viria a formar-se, em termos definitivos, muito após o
Dilúvio.
2. A confusão linguística em Babel
A Bíblia enfatiza que, no princípio da
humanidade, até o Dilúvio, os seres humanos falavam um só idioma (Gn.11:1).
Depois do Dilúvio, a raça humana viveu primeiramente na região de Ararate, nas
montanhas da Armênia, e ali Noé tornou-se lavrador (Gn.9:20). Como as pessoas
aumentaram em número, uma parte delas se espalhou pelas margens dos rios Tigre
e Eufrates, a leste do Ararate, e assim chegou às planícies de Sinar ou
Mesopotâmia (Gn.11:2). Ali eles criaram colônias, e muito cedo, como cresceram
em riqueza e poder, fizeram planos de construir uma grande torre para fazer
célebre o seu nome e evitar a dispersão do grupo.
Em desobediência à ordem de Deus de
multiplicar e dominar toda a terra, eles tentaram criar um grande centro para
manter a unidade e reunir toda a humanidade em um reino mundial que encontraria
sua sustentação na força e na glorificação do propósito e do esforço humano.
Pela primeira vez na história surge a
ideia de concentração e organização de toda a humanidade com toda a sua força e
sabedoria, com toda a sua arte, ciência e cultura, contra Deus e Seu reino.
Essa ideia foi ventilada várias vezes depois dos eventos de Babel, e sua
realização tem sido o objetivo de todos os tipos de grandes homens no curso da
história; basta lembrar dos grandes impérios já existentes: babilônico, medos e
persas, império macedônio, império romano.
A comunidade de Babel tentou construir
uma torre e nela permanecer definitivamente (Gn.11:4); os homens queriam algo
sem que Deus fosse o centro de sua autoridade; ou seja, eles queriam
estabelecer um Estado secular e ateu, para contrariar frontalmente os
mandamentos divinos quanto ao povoamento da Terra (Gn.11:1-4).
1.E era toda a terra de uma mesma
língua e de uma mesma fala.
2.E aconteceu que, partindo eles do
Oriente, acharam um vale na terra de Sinar; e habitaram ali.
3.E disseram uns aos outros: Eia,
façamos tijolos e queimemo-los bem. E foi-lhes o tijolo por pedra, e o betume,
por cal.
4.E disseram: Eia, edifiquemos nós uma
cidade e uma torre cujo cume toque nos céus e façamo-nos um nome, para que não
sejamos espalhados sobre a face de toda a terra.
O projeto arquitetônico representava
uma demonstração de orgulho (tornar célebre o nome deles) e rebeldia (evitar
serem espalhados sobre a terra).
Para nós, a torre também ilustra os
incessantes esforços do homem caído para alcançar o Céu com seus próprios
méritos, em vez de receber gratuitamente o presente da salvação oferecido por
Cristo.
Como punição, o Senhor confundiu a
linguagem dos edificadores, e eles já não se entendiam mais. Assim, eles
formaram grupos, conforme havia entendimento do que falavam, e foram espalhados
por toda a Terra, formando assim povos e nações, e assim surgiram as diferentes
línguas que o mundo fala atualmente. Com o passar do tempo, muito dessas
línguas foram extintas com a sua respectiva população.
“e o SENHOR disse: Eis que o povo é um, e
todos têm uma mesma língua; e isto é o que começam a fazer; e, agora, não
haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer. Eia, desçamos e confundamos
ali a sua língua, para que não entenda um a língua do outro. Assim, o SENHOR os
espalhou dali sobre a face de toda a terra; e cessaram de edificar a cidade.
Por isso, se chamou o seu nome Babel, porquanto ali confundiu o SENHOR a língua
de toda a terra e dali os espalhou o SENHOR sobre a face de toda a terra”
(Gn.11:6-9).
Babel significa “confusão”, resultado
inevitável de qualquer empreendimento que deixe Deus de lado ou não esteja de
acordo com Sua vontade. “Os povos estavam unidos, tinham comunicação aberta
entre si, contudo arruinaram estas bênçãos em rebelião contra o Criador.
Deus não permitiria ser ignorado, e a
loucura da ilusão humana de que posses e atividades criativas eram insuperáveis
não ficaria sem confrontação” (Comentário Bíblico Beacon. CPAD).
3. Indícios da linguagem primitiva
A rebeldia dos descendentes dos filhos
de Noé em Babel tornou necessária a intervenção de Deus, fazendo com que todo o
esforço para o estabelecimento de um império mundial fosse infrutífero. Deus
fez isso pela confusão das línguas, pois nessa época havia apenas uma
linguagem. Nós não somos informados sobre como e em que período de tempo essa
confusão aconteceu. O que aconteceu foi que pessoas, fisiológica e
psicologicamente, diferentes umas das outras, começaram a ver e a dar nome às
coisas diferentemente, e em consequência eles foram divididos em nações e
povos, e se dispersaram em todas as direções sobre toda a terra.
Hoje existem mais de 6.912 idiomas em
todo o mundo, segundo o compêndio Ethnologue,
considerado o maior inventário de línguas do planeta. Apesar de tantos idiomas,
não podemos de deixar de aceitar a verdade de que todos eles advieram de um
tronco linguístico comum, originado em Babel.
III. EM CRISTO, TODOS SOMOS UM
Adão, o primeiro ser humano, não é um
mito, mas uma personalidade histórica. John Stott diz que está na moda
qualificar o relato de Adão e Eva como mito, e não como realidade, porém, as
Escrituras Sagradas nos impedem de pensar assim.
Nenhum texto da Bíblia incomoda mais os
teólogos liberais e os arautos do evolucionismo que os três primeiros capítulos
de Gênesis. O relato da criação e a criação do homem à imagem e semelhança de
Deus entra em desacordo com as pretensões do evolucionismo.
Com o propósito de fazer uma aliança
entre o cristianismo e o evolucionismo darwiniano, alguns estudiosos
contemporâneos abraçaram o evolucionismo teísta, alegando que Deus é o autor da
criação, mas o processo adotado para essa criação é a evolução. Assim, o relato
de Gênesis 1 a 3 é mitológico, é uma alegoria, e não histórico.
Consequentemente, Adão não foi uma personagem real, mas apenas um emblema.
Se Adão é um mito, um emblema, a
Palavra de Deus perde sua credibilidade, pois o descreve como uma personagem
histórica. Moisés, Jesus, o apóstolo Paulo, mencionaram Adão como personagem
histórica. Assim como Jesus Cristo foi uma pessoa histórica, também Adão foi
uma pessoa histórica. Não pode haver paralelo correto entre um Adão mitológico
e um Cristo histórico.
Adão é tão necessário ao sistema
teológico cristão quanto Jesus Cristo. De fato, as Escrituras chamam Cristo de
“o segundo Adão” ou “o último Adão”. Tanto Adão como Cristo nos são apresentados
como cabeças de uma raça. Para Paulo, Adão foi um indivíduo histórico, o
primeiro homem; mais ainda: é o que o seu nome significa em hebraico –
“humanidade”. A humanidade inteira é vista como tendo originalmente pecado em
Adão; todos os seres humanos acham-se ligados em Adão quanto ao pecado e,
também, quanto à redenção.
1. O pecado universal de Adão
A razão pela qual todos os seres
humanos, gentios ou judeus, são pecadores é que o pecado entrou no mundo por
meio de Adão. Afirmou o apóstolo Paulo: “Pelo que, como por um homem entrou o
pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os
homens, por isso que todos pecaram” (Rm.5:12).
No século quinto da nossa Era, Pelágio
negou o caráter universal da Queda e defendeu a tese de que somos tão livres
hoje quanto Adão o era antes da queda. Segundo ele, o pecado de Adão foi apenas
individual, sem consequência para a raça humana. Pelágio ensinava que todos os
homens imitam o pecado de Adão e, portanto, morrem em consequência do seu
próprio pecado.
A Palavra de Deus, porém, diz que Adão
era a cabeça federal da raça humana. Nós estávamos nele quando ele caiu. Com
sua Queda, caiu toda a raça humana. Seu pecado nos foi imputado.
Como filhos de Adão, todos os seres
humanos nascem em pecado. Como bem diz o Rev. Hernandes Dias Lopes, “Adão se
posicionou na porta de entrada da história e por meio dele o pecado entrou no
mundo. Agora todos estão em estado de depravação total”. Adolf Pohl afirma, em
seu livro “Carta aos Romanos”, que todas as pessoas depois de Adão carregam a
sua imagem.
2. As consequências universais do pecado de Adão
A transgressão de Adão trouxe pecado,
morte e condenação à raça humana. Em Adão, todos pecaram; em Adão, todos
morreram. Pecado e morte não podem separar-se (Gn.2:17; 3:17-19; Rm.1:32; 3:23;
1Co.15:22).
Segundo John Stott, a pena de morte cai
hoje sobre todos os homens não apenas porque todos pecaram como Adão, mas
porque todos pecaram em Adão.
Que tipo de morte entrou no mundo pelo
pecado? A morte física, espiritual e eterna. Estas três modalidades de morte
são consequência do pecado.
§ A morte física é a separação entre a alma e o corpo (2Co.5:8).
§ A mote espiritual é a separação entre o ser humano e Deus, devido a um ato de
desobediência (Is.59:2; Rm.7:9) – “Mas o
pecado, tomando ocasião pelo mandamento, despertou em mim toda a
concupiscência: porquanto, sem a lei, estava morto o pecado”; “Mas as vossas iniquidades fazem divisão
entre vós e o vosso Deus, e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para
que vos não ouça”.
§ A morte eterna ou a “segunda morte” é a separação irremediável e eterna entre o homem
e Deus. Trata-se da ida da alma e do corpo para o inferno (Mt.10:28).
O pecado é, portanto, o maior de todos
os males. Afirma o Rev. Hernandes Dias Lopes: “o pecado é pior do que a
pobreza, que o sofrimento, que a doença e até mesmo pior que a morte. Todos
esses males não podem afastar o homem de Deus, mas o peado o afasta de Deus no
tempo e na eternidade. O pecado é de fato maligníssimo”.
Portanto, o pecado de Adão sentenciou
todos os homens como culpados e condenados no juízo (Rm.5:16,18).
O pecado é um atentado e uma conspiração
contra Deus e seu projeto. O pecado atrai a ira de Deus. Por isso os que vivem
no pecado não podem agradar a Deus; antes, permanecem sob sua ira; estão sob
sentença de condenação.
3. Em Jesus Cristo, o segundo Adão, todos podem ser
salvos
Sem dúvida, as consequências do pecado
de Adão foram desastrosas para toda a humanidade, mas através da morte
expiatória do segundo Adão, Jesus Cristo, a humanidade foi resgatada
completamente do pecado, e salva da morte eterna (Ef.2:15). Afirma o Rev.
Hernandes Dias Lopes:
ü O primeira Adão caiu no Jardim; o segundo Adão triunfou no deserto.
ü O primeiro Adão é da terra; o segundo Adão é do Céu.
ü O primeiro Adão introduziu no mundo o pecado e por ele a morte; o
segundo Adão trouxe ao mundo a justiça e a imortalidade.
ü O primeiro Adão foi expulso do Paraiso; o segundo Adão nos levará ao
Paraíso.
Quando Cristo, nosso representante e
fiador, foi à cruz, todas as nossas transgressões foram lançadas sobre Ele. Ele
carregou no seu corpo sobre o madeiro todos os nossos pecados. Na verdade, Ele
foi feito pecado por nós. Foi ferido de Deus, moído e traspassado por nossas
iniquidades para nos dar a justificação.
John Stott diz que o pecado de Adão
trouxe condenação, mas a obra de Cristo traz justificação. Trata-se de uma oposição
absoluta entre a condenação e a justificação, entre a morte e a vida.
O pecado de Adão introduziu o reinado
da morte, mas o dom da justiça, fruto da morte vicária de Cristo, trouxe o
reinado da vida. O pecado de Adão gerou morte, mas a morte de Cristo gerou
vida.
Portanto, a ofensa de Adão produziu
juízo, mas o ato de justiça de Cristo, ou seja, sua morte vicária, produziu
justificação. Cristo recebeu em si mesmo o juízo que deveria cair sobre nós.
Ele sorveu o cálice amargo da ira de Deus que deveria ter sido derramado sobre
nós. Ele morreu por nós. Através de sua morte, Ele venceu a morte,
resgatando-nos completamente do pecado (Ef.2:15). Todos aqueles que receberam a
fé nEle constituem uma única família - a família dos santos (1Co.12:13), a
família dos filhos de Deus (João 1:12).
Portanto, a graça do segundo Adão é
muito maior que o pecado do primeiro Adão. Onde abundou o pecado, superabundou
a graça (Rm.5:20).
Nossa união com Adão significou para
nós o reinado do pecado (Rm.5:12-14,21) e o reinado da morte (Rm.5:14,21); mas,
nossa união com Cristo, o segundo Adão, significa o reinado da graça
(Rm.5:15-21) e nosso reinado em vida por meio de Cristo (Rm.5:17).
CONCLUSÃO
Aprendemos nesta Aula que todos os
povos da terra, apesar de sua diversidade étnica, cultural e linguística, são
oriundos de um único casal: Adão e Eva. Por isso, eles são os nossos pais.
Portanto, a ideologia racista perpetrada entre vários segmentos culturais,
religiosos e ateístas, não deve prevalecer à luz da Palavra de Deus e a verdadeira
ciência, que pregam que o ser humano tem como único tronco genético o primeiro
casal criado por Deus. O pecado cometido por esse primeiro casal atingiu a
humanidade inteira, entretanto, em Cristo, o Homem perfeito, o último Adão,
fomos regenerados e reconciliados com Deus (Cl.1:20,21). Tornamo-nos, portanto,
parte de uma grande comunidade espiritual a qual o nosso Senhor fundou: a
Igreja, instituição, esta, em que todos somos um, formando um só corpo.
------------
Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo
Pentecostal.
Bíblia de estudo –
Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico
popular (Antigo e Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário Bíblico
Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo
Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Pr. Claudionor de
Andrade. A Raça humana – Origem, Queda e Redenção. CPAD.
Comentário Bíblico
Beacon. CPAD.
Bruce K. Waltke. Gênesis.
Editora Cultura Cristã.
Teologia Sistemática
Pentecostal. CPAD.
Rev. Hernandes Dias
Lopes. Romanos - O Evangelho segundo Paulo.
John Stott. A Mensagem de
Romanos. Ultimato.