segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Aula 10 - O EXERCÍCIO MINISTERIAL NA CASA DO SENHOR

Texto Básico: Ne 13:1-8

“... O que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel”(1Co 4:2 –ARA)

INTRODUÇÃO

Após doze anos de serviço em Jerusalém, Neemias retornou à Babilônia em 433 a.C., onde permaneceu por algum tempo antes de obter permissão para retornar a Jerusalém. Ao chegar de regresso a Jerusalém, Neemias descobriu que os judeus tinham negligenciado a sua dedicação moral e espiritual a Deus. Com maior desvelo, tratou dos abusos cometidos em sua ausência. O capitulo 13 registra vários desses fracassos espirituais.
Estamos vivendo tempos trabalhosos, onde muitos já perderam o temor e a reverencia ao Todo-Poderoso; onde muitos líderes, tal qual o sumo sacerdote Eliasibe, estão tratando da obra do Senhor e da administração da Sua Casa sem temor e tremor, e com interesses escusos. O caráter desses líderes e seus comportamentos acabam maculando e prejudicando a Igreja do Senhor Jesus Cristo. O nosso serviço para Deus deve ser feito com muito desvelo, amor, alegria, temor e santidade, porque Deus não se deixa escarnecer.

I. A CONTAMINAÇÃO DO MINISTÉRIO

No capítulo 10 de Neemias estudamos sobre o compromisso que o povo de Israel, juntamente com os seus lideres, fizeram de cumprir os mandamentos do Senhor(Ne 10:28-33). O compromisso foi público e notório; e o fizeram por escrito (9:38). Mas no capítulo 13, vemos esse compromisso sendo quebrado. Só foi Neemias deixar por algum tempo a liderança que o povo desprezou o compromisso firmado. A tolerância com o mal foi a causa da quebra da aliança firmada. Com a ausência de Neemias por algum tempo, o sacerdote Eliasibe, que sempre fora um opositor velado, abusivamente usou seu posto para desviar o povo de Deus. Sem nenhum remorso, contaminou a Casa do Senhor. Possivelmente, nesse tempo, o profeta Malaquias denunciou a corrupção do sacerdócio de Jerusalém (Ml 2:1-9). A mistura com os pagãos era palpável e repugnante.
O ecumenismo é uma mistura proibida por Deus(Ne 13:1-3). O alerta de Neemias é que a mistura com aqueles que adoram outros deuses corrompe a teologia, o culto e a moral. Deus nunca ordenou ao seu povo a se unir com os pagãos com o fim de ganhá-los. A ordem de Deus é sempre: "Retirai-vos do meio deles..." (2Co 6:17). "Retirai-vos dela, povo meu, para não serdes cúmplices de seus pecados e para não participardes de seus flagelos" (Ap 18:4).
Neemias diz que o povo, ao ouvir a Palavra de Deus, apartou de Israel todo elemento misto (Ne 13:3). Foi a leitura pública das Escrituras que tornou Israel consciente das suas obrigações diante de Deus como Seu povo. Há muita coisa do mundo entrando na Igreja que precisa ser tirado. Alguém, apropriadamente, já disse: "Procurei a igreja e a encontrei no mundo; procurei o mundo e o achei na igreja".
Infelizmente, por dolo de uns e conivência de outros, existem doutrinas falsas entrando nos seminários, nos púlpitos, nas igrejas. Precisamos nos acautelar. Muitas igrejas que um dia professaram uma fé genuína em Deus e adotaram doutrinas evangélicas ortodoxas estão hoje de braços dados com seitas heréticas. Com isso, essas igrejas perderam sua mensagem e sua autoridade como embaixadora de Deus.
O líder autêntico, que tem compromisso com a Obra de Deus, não se cansa; nada poderá impedi-lo de restaurar os “muros caídos”. Então, Neemias põe-se, com afinco e destemor, de forma aguerrida, a restaurar novamente a aliança quebrada. A restauração recomeçou quando o livro de Moisés foi aberto. Sem profecia o povo se corrompe. Sem a Palavra de Deus, o povo perde o caminho. Não há reforma sem volta às Escrituras. Precisamos de uma nova reforma na vida da Igreja. Hoje a maior necessidade da igreja evangélica é uma volta profunda à Palavra. Carregamos a Bíblia, estudamo-la, mas não a colocamos em prática.

1. O sacerdote aparentado com o ímpio. Eliasibe, o sacerdote, se aparentou com Tobias, o amonita. Ele se tornou aliado do inimigo, fez aliança com o próprio adversário e corrompeu o sacerdócio. O neto do sacerdote tornou-se genro de Sambalate, o arquiinimigo de Israel (Ne 13.28). Formaram uma aliança espúria e perigosa. Quando Neemias expulsou esse sacerdote, diz Flávio Josefo, Sambalate construiu para ele um templo em Gerisim e aí começou o culto pagão dos samaritanos. Como diz o pr. Elinaldo Renovato, “se nos associarmos ao mundo, em breve estaremos descartando a ética cristã como algo de somenos importância em nossa vida. Assim, perderemos nossas propriedades de luz do mundo e sal da terra”.

2. Privilégios abusivos (Ne 13:5-9). Um líder religioso sem piedade é um desastre. Charles Spurgeon diz que o maior instrumento de Satanás dentro da igreja é um líder sem piedade. Se não bastasse o parentesco com o inimigo, agora Eliasibe levou Tobias para dentro do Templo. Ele pôs o inimigo dentro da Casa de Deus. Ele fez uma câmara grande para Tobias exatamente no lugar onde eram depositados os dízimos e ofertas para os sacerdotes, levitas e cantores (13:5). Neemias diz que ele fizera isso para beneficiar Tobias (13:7). Certamente ele substituiu os sacerdotes e levitas que cuidavam da Casa de Deus por um homem vil, que perseguira tão tenazmente o povo de Deus. Os dízimos e as ofertas para o sacerdócio foram desviados para Tobias. Por isso, os obreiros da Casa de Deus, por falta de sustento, precisaram fugir (tudo indica, por causa de perseguição) para os campos, e o inimigo instalou-se dentro da Casa de Deus e a profanou (13:10). Não há maior corrupção do que essa, de tirar da Casa de Deus os obreiros fiéis e colocar no lugar o próprio inimigo. [1]
Eliasibe usou de forma repulsiva sua liderança e aproveitou a ausência de Neemias para destruir a obra de Deus. Ele era o grande líder religioso, mas em vez de usar sua influência para abençoar o povo, usou-a para minar a fé do povo. A parcialidade já era um grave pecado, mas o favorecimento daqueles que são inimigos do povo de Deus tornou-se uma declarada apostasia.

3. O desprezo pelas coisas do Senhor e o indiferentismo são uma demonstração clara da falta de temor e amor a Deus. Quando passamos a desprezar as coisas do Senhor, a desviar nossas atenções e desejos para algo que não é o compromisso que firmamos com o Senhor, passamos a ser sacerdotes desprezíveis e abomináveis ao Senhor (Ml 2:9). Com efeito, quando amamos a Deus, servimo-lo e, em consequência, temos prazer na Sua lei e nela meditamos de dia e de noite(Sl 1:2).
Quando amamos a Deus, buscamo-lo de todo o coração e, por isso, não nos desviamos dos Seus mandamentos(Sl 119:10). O desvio caracteriza-se por deixarmos o caminho traçado pela Palavra de Deus(Is 30:21). Quando começa a faltar o amor a Deus, vemos o surgimento e acolhimento de outras doutrinas, de outros princípios que não os estabelecidos pelo Senhor(Cl 2:22; 1Tm 4:1; 2Tm 4:3).
Quando nos tornamos indiferentes a Deus, não temos mais amor a Ele, não mais procuramos ter uma vida de santidade e, como é a Palavra de Deus uma das fontes de nossa santificação(João 17:17), passamos, naturalmente, a questionar o contido nas Escrituras e a termos uma vida em desacordo com os mandamentos do Senhor.

II. A JUSTA INDIGNAÇÃO DO HOMEM DE DEUS

Não foi à toa que Neemias irritou-se com o sacerdote Eliasibe, que aproveitara da sua ausência para beneficiar Tobias, o amonita, dando a ele uma das salas anexas do santuário para servir de morada. Tobias casara-se com uma mulher de família sacerdotal aparentada com Eliasibe, o sumo sacerdote, e em consideração, o próprio Eliasibe remodelou e mobiliou uma grande moradia na área do Templo para Tobias. Conforme a Lei de Moisés, os amonitas jamais deveriam se aproximar do Templo do Senhor (Dt 23:3). Em uma ocasião anterior, Tobias, juntamente com Sambalate, o governador de Samaria, tinha zombado dos judeus, quando da edificação dos muros de Jerusalém(Ne 2:10,19).
Não só havia acontecido uma utilização errada das câmaras do santuário - caso da ocupação de Tobias - como em muitas ocasiões as ofertas não haviam sido recebidas. Consequentemente, os levitas e até os cantores tinham sido obrigados a voltar ao campo e ganhar a vida na agricultura. Isso significa que, apesar das cuidadosas providências que haviam sido tomadas por Neemias há muito pouco tempo (12:44-47), os serviços do Templo haviam sido negligenciados. Os diversos deveres que eram de responsabilidade dos levitas não estavam sendo executados.
Quando Neemias viu essa profanação, ardeu com justa indignação e jogou fora os pertences de Tobias e os móveis luxuosos que Eliasibe colocara ali para ele. Neemias estava indignado porque tal profanação da casa de Deus era uma afronta à santidade de Deus. Foi uma atitude radical para uma desobediência radical. Após, ordenou a purificação daquele espaço e colocou de volta os utensílios dedicados ao culto ao Senhor(cf Ne 13:9).
A coragem de Neemias ao rejeitar dessa maneira a autoridade do sumo sacerdote, e defender firmemente o que acreditava ser a vontade de Deus, não deixa de ser digna de louvor. Essa medida ousada e enérgica fez que o povo recobrasse o ânimo e voltasse a contribuir com mais amor e liberalidade: “Então, todo o Judá trouxe os dízimos do grão, e do mosto, e do azeite aos celeiros”(Ne 13:12).
Eliasibe poderia ter entrado para a história com uma narrativa diferente, mas foi descrito como um sacerdote que fez prevalecer os interesses pessoais. O povo de Deus espera que os seus líderes sejam realmente íntegros, transparentes e comprometidos com os negócios do Reino.
Em nossos dias, os líderes do povo de Deus devem vigiar, para que interesses pessoais não se sobreponham aos interesses do Senhor. À semelhança de Neemias, jamais devem abusar da autoridade que os confiou o Senhor Jesus, mas ajam com toda sabedoria e prudência (Rm 12:8; 1Pe 5:1-4).

III. HONESTIDADE E TRANSPARENCIA NA ADMINISTRAÇÃO

Na obra do Senhor, o Ministro é considerado um mordomo, um despenseiro (1Co 4:1) da despensa do Senhor (o seu rebanho, os recursos financeiros destinados a Obra de Deus, etc). Especificamente, despenseiro é o guardião da propriedade alheia, administrador de bens que pertencem a outrem, mordomo, gerente ou superintendente de uma casa. O que se espera do despenseiro? Espera-se que seja rigorosamente leal e honesto por uma razão especial: terá acesso irrestrito aos bens e valores de seu Senhor. Essa responsabilidade de cuidar das propriedades de seu patrão não pode ser assumida sem que o despenseiro seja fiel. Aos bispos, Paulo enfatiza que sejam responsáveis e irreprováveis como despenseiros de Deus(Tt 1:7).
Por não receber auxílio financeiro do governo, as igrejas evangélicas precisam sustentar a si próprias financeiramente. Se por um lado a Constituição Federal do Brasil permite o culto de qualquer fé, por outro lado, deixa claro que o Estado é laico, ou seja, não se envolve em assuntos religiosos nem se deixa ser influenciado por eles. Portanto, não podemos esperar que o Estado nos permita cultuar e ao mesmo tempo preste subsídios financeiros aos templos.
Precisamos entender que sustentar financeiramente a igreja é uma das funções da própria igreja, por meio de seus congregados. Para esse fim, como organização, a igreja depende dos dízimos e ofertas para saldar seus compromissos e suas obrigações, principalmente cumprir a “Grande Comissão”(Mt 28:19) e o serviço social(Tg 1:27). Assim, a Igreja local, no desempenho de suas atividades, tem de se servir de recursos materiais, sem o que não tem como realizar as suas tarefas que, embora sejam espirituais, demandam o uso de recursos materiais, inclusive financeiros.
Lembremo-nos que, para ajudar os necessitados, Jesus, que tinha todo o poder, também se valeu de recursos financeiros, tanto que tinha uma bolsa para os pobres e contribuintes para a realização de sua obra (Lc 8:3). Não há como fugir da dimensão financeira no desenvolvimento da obra de Deus, sendo hipocrisia e mentira toda e qualquer afirmação no sentido contrário, ou seja, de que não há que se lidar com dinheiro no desempenho da atividade da Igreja.
Todavia, não se pode esquecer que, na administração dos recursos financeiros arrecadados, os líderes do povo de Deus têm de agir com fidelidade, lealdade, sinceridade, responsabilidade, honestidade e transparência (ler Tt 1:7). Os dízimos e ofertas não são para ser administrados de forma irresponsável, mas sempre levando em consideração que são contribuições dedicadas ao Senhor, que tem por objetivo o adimplemento das obrigações relacionadas ao culto (como, por exemplo, energia elétrica, aquisição de mobiliário e sua manutenção); aquisição de material para escola dominical e evangelização; assistência social, entre outros.
Os gestores do santuário devem sempre se lembrar desse detalhe. Se um objeto é dedicado ao Senhor, ele não deve ser alvo de má utilização, ou de utilização irresponsável, pois Deus há de cobrar contas da forma com que os recursos dos santos estão sendo utilizados.

CONCLUSÃO

A função do mordomo, do administrador, do despenseiro, não é ser popular aos olhos dos homens, mas fiel aos olhos de Deus - “mas, assim como fomos aprovados por Deus para que o evangelho nos fosse confiado, assim falamos, não para agradar aos homens, mas a Deus, que prova os nossos corações” (1Ts 2:4). O apóstolo Paulo e seus companheiros não se consideravam donos da obra de Deus, mas simplesmente despenseiros (1Co 4:1).
Certa feita, Jesus contou a parábola do bom servo a quem ele deu uma séria incumbência: alimentar a todos de sua casa: “E disse o Senhor: Qual é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o senhor pôs sobre os seus servos, para lhes dar a tempo a ração (porção medida de semente ou comida)?” - Lc 12:42. “Quem é, pois, o servo fiel e prudente, que o Senhor constituiu sobre a sua casa, para dar o sustento (alimento, nutrimento) a seu tempo?”(Mt 24:45). Em ambos os textos, Jesus alerta que o servo mau e infiel, achando que seu senhor iria demorar a voltar, começou a espancar os criados e criadas, a comer e beber e embriagar-se. Estes figuram servos que não cuidam das pessoas, não as amam, não as respeitam. Só se importam de cuidar de si mesmos; desprezam a distribuição adequada do alimento de Deus (Jesus, o evangelho, as riquezas da Palavra); apropriam-se, indevidamente, dos recursos financeiros destinados a Obra de Deus. Em suma, o exercício ministerial na casa de Deus é reprovável. Estes serão surpreendidos com a volta do Senhor que lhes punirá juntamente com os hipócritas e infiéis. Certamente, os que agem desta maneira irresponsável não serão reconhecidos pelos homens como ministros de Cristo nem despenseiros de Deus. “Tomemos, pois, o exemplo de Neemias. Ajamos com fidelidade e sabedoria em todas as coisas. E o nome de Cristo será exaltado em nossa vida”. Pense nisso!
---------
Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular(Novo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Revista Ensinador Cristão – nº 48.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico Beacon – CPAD.
Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.
Hernandes Dias Lopes – Neemias -o líder que restaurou uma nação.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Aula 09 - A ORGANIZAÇÃO DO SERVIÇO RELIGIOSO

Texto Básico: Neemias 12:27-43
"E sacrificaram, no mesmo dia, grandes sacrifícios e se alegraram, porque Deus os alegrara com grande alegria; e até as mulheres e os meninos se alegraram, de modo que a alegria de Jerusalém se ouviu até de longe" (Ne 12:43).

INTRODUÇÃO
Após a reforma estrutural da cidade de Jerusalém; após a reforma econômica e social; após a reforma espiritual do povo e do compromisso público de servir ao Senhor Deus de Israel e cumprir os seus mandamentos; agora, Neemias dedica-se à organização dos serviços religiosos (levíticos), determinados na Lei de Deus. Foi um momento especial, marcado pela alegria, louvor e cânticos em ações de graças ao Senhor (Ne 12:24,27). Em sua infinita misericórdia, Deus transformou em regozijo o lamento de seu povo.
I. OS SACERDOTES QUE VIERAM PARA JERUSALÉM COM ZOROBABEL
1. Os que vieram com Zorobabel.
Só relembrando, o povo judeu voltou do cativeiro babilônico em três levas: (a) Sob a liderança de Zorobabel, com a autorização do imperador Ciro, para reconstruir o Templo; (b) Sob a liderança de Esdras para ensinar a Lei; (c) Sob a liderança de Neemias para reconstruir os muros. Tanto Esdras como Neemias voltaram sob o governo de Artaxerxes I (465-424 a.C). Os judeus que voltaram para Jerusalém foram profundamente influenciados pela fé dos seus pais mesmo no cativeiro. A criação das sinagogas no exílio para o estudo da lei e dos profetas exerceu uma grande influência na inspiração da fé religiosa daqueles que retornaram à Jerusalém. O cativeiro babilónico foi decisivo para os judeus deixarem a idolatria.
O texto de Neemias 12:1-7 registra os sacerdotes que retornaram com Zorobabel. Os levitas são listados nos versículos 8-9. Os versículos 10-11 apresentam o nome dos sumos sacerdotes desde Jesua(na época de Zorobabel, 12:1) até Jadua. Os versículos 12-21 relacionam o nome dos sacerdotes que serviram nos dias de Joiaquim, cujo filho, Eliasibe, era sumo sacerdote na época de Neemias(Ne 3:1). A maioria desses homens provavelmente ainda estava viva na época de Neemias. O texto traz o nome dos levitas que serviram desde o tempo do sumo sacerdote Eliasibe até o sumo sacerdote Jadua. Os homens mencionados nos versículos 24-26 serviam antes e durante a administração de Neemias.
Nota-se que só foram admitidos como ministros do altar os que puderam comprovar a sua ascendência levítica. Isso nos ensina que o ministério cristão deve ser exercido por aqueles que realmente foram chamados por Deus.
2. O Ministério Sacerdotal. O ministério sacerdotal surgiu como uma necessidade para que houvesse o devido relacionamento entre Deus e os homens, ante a entrada do pecado no mundo.
O sacerdote era um mediador que ensinava a lei, mas principalmente oficiava os cultos religiosos dos israelitas. Os sacerdotes só podiam vir da tribo de Levi. No entanto, o simples fato de alguém ser levita não fazia dele um sacerdote. Para atuar como sacerdote, era necessário o chamado de Deus - “Ninguém, pois, toma esta honra para si mesmo, senão quando chamado por Deus, como aconteceu com Arão” (Hb 5:4). Então, ser sacerdote era uma honra especial, e os que desempenhavam essa função eram diretamente chamados por Deus. Embora os demais levitas desempenhassem trabalhos importantes na vida religiosa de Israel, não eram sacerdotes.
Os sacerdotes da ordem levítica eram consagrados ou separados por Deus para esse trabalho especial (Êx 28:1-4). Isso significa que eram santos, não devendo ser considerados comuns. Deus até mesmo mandou que usassem “vestes santas” quando estivessem ocupados com as funções sacerdotais, e, antes de servirem a Deus no santuário, tinham de fazer purificação cerimonial, ofertas, unção e aspersão do sangue.
Além disso, para que alguém fosse sacerdote, essa pessoa precisava não só ser da tribo de Levi, ser chamada por Deus para o trabalho e ser consagrada, mas tinha de estar isenta de deformidades físicas e de outras contaminações (veja Levítico 21). Ainda que uma pessoa preenchesse alguns dos outros requisitos, se fosse cega, coxa ou de algum modo deformada, não podia atuar como sacerdote. Então, vemos que os que eram sacerdotes no sistema do Antigo Testamento eram especiais, santos e sem deficiências. Somente com a ordem de Deus eles intervinham na oferta de sangue de animais sacrificados pelos pecados do povo.
O sacerdote deveria dar o exemplo, honrando o nome do Senhor, guardando a lei e fazendo com que o povo servisse a Deus, sem fazer acepção de pessoas (Ml 2:7,8). Era, pois, alguém que, além de pedir em favor do povo, deveria ter uma vida de comunhão e de santidade que incentivasse e estimulasse o povo a guardar os mandamentos e a servir ao Senhor. Não foi por outro motivo que Deus fulminou a Nadabe e a Abiú, filhos de Arão, quando entraram com fogo estranho na presença do Senhor, mostrando, claramente, que os sacerdotes, como ninguém, deveriam viver em santidade diante de Deus (Lv 10:1-3).

O SUMO SACERDOTE

Dentre os sacerdotes, destaque tinha o sumo sacerdote, descendente de Arão, o primeiro sumo sacerdote, cuja função era, primordialmente, a de interceder a Deus por todo o povo, notadamente no dia da expiação(cf Levitico cap. 16), quando ingressava no lugar santíssimo e ali, depois de ter feito sacrifício antes por si mesmo, oferecia um sacrifício em nome de todo o povo, ocasião em que Deus aplacava a Sua ira e diferia, por mais um ano, a punição pelos pecados cometidos. Era o sumo sacerdote quem aspergia sangue sobre o propiciatório, como era chamada a tampa de ouro da arca do concerto, que ficava dentro do lugar santíssimo, e este sangue trazia favor ao povo de Israel, pois, por causa deste sangue, o pecado do povo era coberto e Deus Se mostrava favorável (isto é, propício), não castigando o povo pelo pecado cometido.
Tratava-se, portanto, de uma posição honrosa, de muita responsabilidade, a ponto de o sumo sacerdote ser cercado de uma série de restrições, muito superiores a todo e qualquer outro israelita. Assim, por exemplo, não podia descobrir a sua cabeça, nem tampouco rasgar os seus vestidos (Lv 21:10), como também não poderia se chegar a qualquer cadáver, nem mesmo de seus pais (Lv 21:11), tendo de casar com mulher virgem, sendo-lhe vedado casar com mulher repudiada ou, mesmo, viúva (Lv 21:13,14). Era um cargo hereditário (Ex 28.43), dado ao primogênito do vigente sumo sacerdote, com exceção dos casos de enfermidade ou mutilação previstos pela Lei (Nm 3.1-13; Lv 21.16-23).
3. O ministério dos Levitas. Neemias, também, estabeleceu os levitas(descendentes de Levi, filho de Jacó), que eram auxiliares dos sacerdotes no serviço do Templo. Aliás, somente os levitas estavam autorizados por Deus para trabalhar no Templo. Em Números 3:6-10 acham-se estabelecidas as duas classes dos levitas: (a) Arão e seus descendentes, a quem Deus selecionou para o sacerdócio de Israel, e (b) os que serviam de auxiliares aos sacerdotes, e desempenhavam diversos ofícios menores do santuário.
Muito do trabalho dos levitas era ensinar a Palavra de Deus e ensinar o povo como adorar a Deus(Dt 33:10). Em fim, eles cuidavam de todos os aspectos da Casa de Deus. Eles recolhiam os dízimos e os repartiam. Eles eram os diáconos do Templo. Aqueles que cuidam do sustento da obra de Deus são tão importantes e necessários quanto aqueles que estão na linha de frente, através da oração e do ministério da Palavra (At 6:4). Ainda hoje a obra missionária é feita com a participação efetiva de toda a igreja. Uns oram, outros contribuem, e outros saem a pregar aqui, ali e além fronteira.
II. A DEDICAÇÃO DOS MUROS
A dedicação espiritual do povo tinha acabado de acontecer no reavivamento levado a efeito por Esdras, e isso representava a primeira restauração de Jerusalém e do “remanescente” de Israel(Is 1:9), ao pleno favor de Deus desde os dias de Ezequias e Isaias. Havia, realmente, muitos motivos para se alegrarem. Certamente, se o povo pudesse ter tido, nesse momento, uma breve visão do Céu, teria visto anjos jubilosos em torno do trono de Deus. Pois, agora, havia sido feito um caminho para o Redentor, o Filho de Deus, por onde Ele seria trazido ao mundo para consumar o plano divino, a redenção.
1. A participação dos levitas. "E, na dedicação dos muros de Jerusalém, buscaram os levitas de todos os seus lugares, para os trazerem, a fim de fazerem a dedicação com alegria, louvores, canto, saltérios, alaúdes e harpas" (Ne 12:27). Era imprescindível a presença dos levitas na realização dos sacrifícios e na condução do culto ao Senhor. Eles eram encarregados de celebrar. Dentre eles havia os cantores, os instrumentistas, os compositores, bem como o regente. Eles eram os poetas, os compositores. Eles tinham uma grande contribuição na restauração do perfeito louvor na casa de Deus.
Observemos que, ao contrário do que se costuma dizer hoje em dia, “levita” não se confunde com o músico. Os filhos de Arão eram sacerdotes e todos os demais levitas foram encarregados dos mais diversos e variados serviços no tabernáculo e, posteriormente, no Templo, inclusive a parte musical. Portanto, não confundamos “levita” com “músico”.
Pode-se aplicar esse procedimento dos levitas aos obreiros da igreja de Jesus Cristo. Aqueles que estão encarregados de celebrar o culto ao Senhor devem levar o povo a adorar a Deus na beleza de sua santidade. O Culto ao Senhor precisa ser organizado e santo, não se pode fazer dele um espetáculo, cujos líderes ou dirigentes se portem como "animadores de auditório". Tomemos, pois, o exemplo de Neemias e Esdras, homens que serviam e cultuavam a Deus com santidade e reverencia, e instavam o povo de Deus assim proceder.
2. a participação dos cantores. A dedicação do muro da cidade caracterizou-se pela alegria, louvor, e cânticos (Ne 12:24,27-29,35,36,40,43). O louvor faz parte da restauração do povo de Deus. Ele é praticado não porque é bonito e nos faz bem; nem porque ocupa um lugar no culto a Deus, ou porque serve para atrair as pessoas. O louvor é fruto de vidas consagradas. É a expressão viva do próprio Espírito de Deus pelos lábios de seu povo.
Os cantores faziam parte dos levitas (Ne 7:44); eles tinham dedicação exclusiva nesse ministério. Tinham um bom ouvido e uma boa voz. Eles eram escolhidos para conduzir os salmos. Eram os condutores do culto, pessoas especializadas.
A música sempre foi muito valorizada pelo povo de Deus. A música na Bíblia tem lugar fundamental (Sl 40:3; Ef 5:19,20). Ela é um instrumento de comunicação do homem com Deus e de Deus com o homem. O homem fala a Deus através dos cânticos e Deus fala ao homem por intermédio da música. A música é veículo de mão dupla. Por ela, louvamos a Deus e também proclamamos a mensagem de Deus aos homens. Alguém, sabiamente, disse que a música é a linguagem da alma... A música exerceu um papel fundamental na Reforma do século 16, nos grandes reavivamentos históricos. Ainda hoje, ela exerce um papel de alto valor na evangelização, ensino e edificação do povo de Deus.
Que importância damos à verdadeira música sacra no culto divino? O louvor deve acompanhar a adoração ao Senhor. Não pode o povo de Deus, edificado e salvo pela graça e misericórdia de Deus, calar-se e deixar de louvar ao Senhor. É com tristeza que vemos, nos dias hodiernos, muitos que cristãos se dizem ser desprezarem, por completo, o cântico e o louvor, tanto que chegam atrasados aos cultos, depois do momento litúrgico do louvor. Aprendamos com Neemias e não permitamos que deixem de haver em nossas vidas espirituais os cantores que completam a obra de nossa edificação espiritual.
3. A purificação dos Sacerdotes e do povo.E purificaram-se os sacerdotes e os levitas; e logo purificaram o povo...”(Ne 12:30).
Os sacerdotes se purificam. A Bíblia deixa claro que por ocasião daquela festa, os sacerdotes se purificaram. Curiosamente falando, os sacerdotes são citados primeiro na ordem de purificação. Isto não é de se estranhar, pois aqueles que ministram no santuário devem ser realmente os primeiros a estarem purificados diante de Deus. Ser um ministro não significa ter isenção de falhas. Por isso, é necessário que aqueles que estão à frente ao rebanho sejam sempre os primeiros a estarem diante de Deus puros, sem mácula, a fim de que, com seu exemplo de vida, possam ter autoridade para exortar o rebanho. Lembremo-nos de que há líderes que tem autoridade e a utilizam por força da função que possuem, mas seu exemplo de vida deixa a desejar; e há aqueles que possuem autoridade e a utilizam de forma correta porque sua vida tornou-se um referencial com base no exemplo que transmitem.
O povo se purifica. Além dos sacerdotes, o povo também se purificou para festejar ao Senhor. A liderança deu o exemplo de sujeição a Deus e o povo fez também a sua parte. Se por um lado os sacerdotes fizeram os rituais prescritos na Lei de Moisés para se purificarem, o povo entendeu que a purificação não deveria estar circunscrita ao campo sacerdotal, mas que individualmente, cada um dos habitantes de Jerusalém era responsável por sua própria purificação, para apresentarem-se diante do Senhor. Até as mulheres e crianças, que não eram contadas entre os homens, participaram da celebração (Ne 12:43). Deus não fez distinção entre quem era contado pelos homens e quem não era. Ele derramou a alegria em todos, pois todos estavam participando daquela celebração em nome dEle.[1]
Os sacerdotes e os levitas se purificaram e purificaram o povo. Isso nos dá uma lição: devemos chegar diante de Deus com vidas limpas e levantar mãos santas. Jamais poderá haver louvor e adoração se não houver dedicação de vidas ao Senhor. Somos uma nação de levitas e sacerdotes chamados para a adoração (IPe 2:9), por isso devemos ter uma vida purificada. O apóstolo Paulo assim nos exorta: "Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus" (2Co 7:1).
A santificação é parte integrante da vida cristã, e o cristão que não deseja a santificação está perdendo o temor a Deus. Todo crente compromissado com o Senhor deseja viver em santidade. A Bíblia Sagrada deixa claro que ser santo é uma exigência de Deus para aqueles que querem servi-lo - “Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação...”(1Tes 4:3).
III - CELEBRANDO A DEUS PELA VITÓRIA
1. A festa de dedicação
. Jerusalém viveu mais de cem anos debaixo de escombros. Agora a cidade foi restaurada, os muros foram reconstruídos e o povo celebrou com grande e intenso júbilo essa vitória. Todos os sacerdotes, levitas e cantores, deveriam vir, de todos os lugares, para a grande celebração. A liderança unida trouxe alegria entre todo o povo (12:43). A união do povo de Deus é uma grande causa de alegria e um símbolo de vitória. Naquela festa os líderes e todo o povo celebraram ao Senhor. Onde há união entre o povo de Deus, ali o Senhor ordena a Sua bênção e a vida para sempre. Não há adoração vertical sem comunhão horizontal. Não podemos cultuar a Deus de forma sincera se não amarmos os irmãos de forma verdadeira. Onde falta comunhão, inexiste adoração.
A festa de celebração ocorreu com:
* Muita alegria (
Ne 12:43). A alegria é uma das marcas distintivas do povo de Deus. A alegria do Senhor é a nossa força (Ne 8:10). As celebrações do povo de Deus precisam ser festivas e cheias de grande júbilo. O evangelho que abraçamos é boa-nova de grande alegria. O Reino de Deus que está em nós é alegria. O fruto do Espírito Santo é alegria. A ordem de Deus para a Igreja é: "alegrai-vos!".
* Muito louvor (Ne 12:27). A música foi e é usada para celebrar os grandes eventos da História. Os anjos cantaram alegremente quando Deus lançou os fundamentos da terra (Jó 38:7). Os anjos cobriram o céu para celebrar majestosamente o nascimento de Jesus (Lc 2:14). A descida do Espírito Santo no Pentecostes foi com um som como de vento impetuoso (At 2:1-4). A segunda vinda de Cristo será acompanhada pelo soar da trombeta de Deus (lTs 4:16). A música será o próprio clima do céu (Ap 5:5-13). Precisamos celebrar com grande júbilo as nossas vitórias. A vida cristã deve parecer mais com uma festa de casamento do que com um enterro. A música marca as grandes celebrações e vitórias do povo de Deus: Miriam cantou depois da travessia do mar Vermelho; Davi cantou ao trazer a Arca da Aliança para Jerusalém. Tiago diz: "Está alguém alegre? Cante louvores" (Tg 5:13).
É bom ressaltar aqui que o louvor que deve ser cantado na igreja deve ser baseado na Palavra de Deus, que é alimento para a alma da pessoa humana. Nessa base, a Palavra de Deus traz sua bênção à vida de louvor da igreja.
Um dos grandes problemas da música gospel é que muitos compositores são neófitos e rasos no conhecimento da teologia. Há uma profusão de músicas evangélicas extremamente pobres em conteúdo. Há outras músicas que chegam até mesmo a ferir os ensinos fundamentais da fé cristã. Precisamos ser mais criteriosos nessa questão. A música deve ser serva da mensagem. Ela é um veículo e não um fim em si mesmo. Há muita música no mercado evangélico que visa a mexer com as emoções e não proclamar a mensagem salvífica do evangelho. Precisamos reformar não apenas a teologia, mas também a música, pois esta deve ser um canal para o ensino da sã teologia. Cantar a Palavra ou cantar segundo a Palavra é que produz frutos dignos de Deus. Louvor é a Palavra fluindo na reunião da igreja. É a pregação cantada pelo povo de Deus. Cantar textos inspirados por Deus é levar a Palavra a multiplicar-se nas vidas. [2]

2. Uma liturgia santa e ordeira. Naquela ocasião festiva, Neemias pediu aos príncipes de Judá que subissem no muro e os dividiu em dois grandes coros com procissão. Cada grupo partiu em direções opostas. Os cantores seguiam à frente, e o povo acompanhava atrás dos líderes. Após rodearem o muro, encontraram-se novamente no Templo. Ali, finalmente, foi realizado o grande culto em ação de graças a Deus. Neemias e Esdras tiveram o cuidado de elaborar uma liturgia santo e ordeira, pois a Palavra de Deus ensina-nos que o Culto deve ser conduzido reverentemente. Não foi um espetáculo nem um culto de entretenimento; foi uma reunião de profunda reverência ao Senhor Jeová. Diferentemente de muitos cultos nos dias de hoje. Como bem diz o pr. Elinaldo Renovato, “não podemos transformar o culto divino num espetáculo deprimente”.
3. Os sacrifícios (Ne 12:43). Ao chegarem ao Templo, ofereceram “grandes sacrifícios” em meio a ruidosas manifestações de júbilo. O sistema sacrificial da Lei era apenas uma sombra do que Jesus iria realizar no futuro, através de Sua morte na cruz. Deus Pai enviou Seu Filho Jesus para ser o sacrifício pelo pecado. Obedecendo à vontade do Pai, Cristo entregou Seu corpo como uma oferta definitiva, permitindo que o pecado do homem fosse removido (Hb 10:5-10). Assim, Deus revogou o primeiro sacrifício, que dependia da morte de animais, para estabelecer o segundo sacrifício, que dependia da morte de Cristo.
Na Antiga Aliança, centenas de sacerdotes levitas ofereciam, continuamente, sacrifícios que “nunca jamais podem remover [apagar completamente] pecados” (Hb 10:11); mas o sacrifício de Cristo removeu os pecados, de uma vez por todas. Os sacerdotes araônicos ofereciam sacrifícios pelo pecado, dia após dia; Cristo sacrificou-se uma só vez. Os sacerdotes araônicos sacrificavam animais; Cristo ofereceu a si mesmo. Os sacrifícios dos levitas apenas cobriam o pecado; o sacrifício de Cristo removeu o pecado. Os sacrifícios dos levitas cessaram; o sacrifício de Cristo tem eficácia eterna. Assim, Cristo está agora assentado “à destra de Deus” (Hb 10:12; cf. Hb 1:3; 8:1; 12:2), o que demonstra que Ele completou Sua obra, obedientemente, e foi exaltado a uma posição de poder e honra.
Na Nova Aliança, não precisamos mais oferecer sacrifícios de animais ao Senhor. Todavia, devemos apresentar-nos a Deus como sacrifício vivo, santo e agradável que é o nosso culto racional (Rm 12:1).
CONCLUSÃO
O líder sincero e autentico do povo de Deus sabe que para o povo estar na presença de Deus, em santo culto, é necessário estar com as suas vidas em perfeita comunhão com Ele. A unidade e a união do povo de Deus, a evidencia da justiça social, o arrependimento dos pecados e o compromisso sincero de servir a Deus foram fatores preponderantes, e ainda são, para que Deus se agrade e aceite o culto que fazemos a Ele. Todo aquele que deseja servir na Casa de Deus precisa ter uma vida santa e obedecer as Sagradas Escrituras.
Uma das mudanças significativas da cultura pós-moderna é a inversão que vem acontecendo na forma da celebração do culto. A razão de ser do culto é Deus. Reunimo-nos para adorá-lo; esta é nossa condição básica como seres criados por Deus e para Deus. Somos seres adoradores. É por isso que nenhum de nós comparece ao culto para “assistir” como se fosse espectador, como se estivesse num teatro ou cinema. Todos fomos chamados para adorar e oferecer a Deus um coração compungido, humilde, contrito e grato, que é o coração do adorador. Porém, é visível a natureza cada vez mais antropocêntrica dos cultos modernos. Daí a quebra da reverência. Não estamos mais diante de Deus para adorá-lo, mas diante de um programa, uma atividade religiosa, cujo fim somos nós e não Deus. Reverência é uma atitude de profundo respeito, amor, estima, honra e consideração para com Deus e que nos torna mais preparados para receber aquilo que sua graça nos tem reservado. Pense nisso!
--------
Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular(Novo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
[1] Revista Ensinador Cristão – nº 48.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico Beacon – CPAD.
Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.
[2] Hernandes Dias Lopes – Neemias -o líder que restaurou uma nação
.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Aula 08 - O COMPROMISSO COM A PALAVRA DE DEUS

Texto Básico: Neemias 10:28-33
“Firmemente aderiram [...] de que guardariam e cumpririam todos os mandamentos do Senhor, nosso Senhor, e os seus juízos e os seus estatutos”(Ne 10:29)

INTRODUÇÃO
A reforma realizada por Neemias não se limitou apenas ao aspecto estrutural: física(os muros foram reconstruídos e as portas levantadas), econômica e social(os ricos devolveram as terras e casas que haviam tomado dos pobres e os sacerdotes voltaram a cuidar da Casa de Deus). Mas, sobretudo ao aspecto espiritual. Sem esta reforma, nada do que foi feito permaneceria; tudo seria inútil, pois o pilar sustentador para que o povo de Israel tivesse êxito em todos os aspectos de sua vida, seria a sua posição espiritual diante de Deus; era a condição sine qua non. A reforma espiritual começou com a fome pela Palavra de Deus. O estudo da Bíblia e a oração produziram, no povo de Israel, confissão, choro pelo pecado, alegria da obediência e acerto de vida com Deus. Essa reforma espiritual foi uma das mais profundas de toda a história do povo de Israel.
Após uma exaustiva leitura da Palavra de Deus, liderada por Esdras e Neemias, os israelitas compreenderam que se tivessem guardado a Lei do Senhor não tinham terminado no cativeiro, as cidades não tinham sido devastadas e os muros não necessitavam de reconstrução. O arrependimento pelos pecados cometidos fez com que o povo de Israel assumisse um compromisso de obedecer ao Senhor e à Sua Palavra.
O cristão genuíno deve ter a Palavra de Deus como sua regra de fé e conduta, desde o início de sua fé. Quando isso é feito, sem reservas, passamos a ter comunhão com o Senhor e a sua bendita mão permanece sobre nós.
I. OBEDECENDO A PALAVRA DE DEUS
A obediência é o que Deus requer do ser humano
, é a sua única exigência (Dt 10:12,13). A desobediência foi sempre a razão de ser do fracasso de todos quantos decidiram servir a Deus (Dt 8:20; Dn.9:11; At 7:39). Aos desobedientes é negado o repouso divino (Hb 3:18), bem como reservado um triste fim (1Pe 4:17).
Possivelmente, um dos mais graves problemas da Igreja contemporânea não seja a falta de conhecimento, mas de obediência. Muitos têm se iludido achando que Deus se agrada se cumprirmos tão somente os deveres litúrgicos, ou seja, se rendermos a Deus um culto formal em alguma igreja. Deus quer de nós, fundamentalmente, sinceridade e obediência à Sua Palavra, pois o “obedecer é melhor do que o sacrificar” (1Sm 15:22). Portanto, o culto, a oração, o louvor, os dons espirituais e o serviço a Deus não têm valor aos seus olhos, se não forem acompanhados pela obediência explícita a Ele e aos sues padrões de retidão(cf Is 1:11-20;59:2).
Hoje, estamos precisando de uma nova reforma. Muitas igrejas locais ditas evangélicas têm se desviado pelos atalhos da heterodoxia e seguido doutrinas de homens em vez de firmar-se na Palavra de Deus. Estamos precisando voltar às Escrituras e obedecer-lhas.
1. Um Concerto com Deus. O Concerto foi feito com base na Palavra de Deus. O compromisso era para andar, guardar e cumprir os mandamentos, juízos e estatuto da Palavra. Como bem disse o rev. Hernandes Dias Lopes, “doutrina precisa produzir experiência e experiência precisa desaguar na prática”. Somente quando o povo sai do sentimento para a ação é que a reforma espiritual, o avivamento, apresenta sua forma perceptiva. Foi o que aconteceu com os israelitas. Para que tudo não ficasse apenas num nível sentimental, eles firmaram um Concerto com o Deus do Concerto, guardador de Concertos, e o escreveram e assinaram: “E, com tudo isso, fizemos um firme concerto e o escrevemos”(Ne 9:38). Agindo assim, eles se comprometeram, coletivamente e publicamente com Deus.
Os israelitas sabiam que não podiam esperar bênçãos de Deus sem obediência à Sua Palavra. A Palavra de Deus era sua carta de alforria. O povo não buscava milagres, não estava atrás de prosperidade e saúde nem procurava os atalhos do misticismo. Eles fizeram Concerto para andar na lei de Deus, para cumprir os mandamentos do Senhor. O grande projeto de vida deles era a obediência. Eles queriam reforma de vida!
2. Os lideres como exemplo (Ne 10:28,29). Os líderes não estão isentos de serem os primeiros a praticar aquilo que Deus ordena. Quando do solene compromisso que os judeus fizeram em servir ao Senhor e obedecer rigorosamente a Sua Palavra, os líderes foram os primeiros a se apresentarem diante de Deus e do povo. O povo nunca está na frente da sua liderança. O povo é como um espelho que reflete sua liderança. Na verdade, os líderes devem ser os primeiros a dar o exemplo daquilo que ensinam e falam. Paulo recomenda a Timóteo: "Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, na caridade, no espírito, na fé, na pureza" (1Tm 4:12).
Portanto, numa reforma espiritual, ou seja, num Concerto com o Senhor, os líderes devem demonstrar o exemplo que Deus espera diante do povo. Eles estão à frente do povo e são exemplo e modelo para o povo. Neemias, o governador de Judá, é o primeiro a colocar o seu selo sobre o documento (10:1). O seu exemplo estimula os demais líderes. Seguem-se os sacerdotes (10:2-8); em seguida, os levitas (10:9-13) e os chefes de famílias (10:14-27). Finalmente, o resto do povo (10:28). Com a assinatura de todos esses líderes, estava validado o Concerto.
3. A instrução das Escrituras. Se quisermos restauração para a Igreja, precisamos buscar não as novidades, mas voltarmo-nos para as Escrituras. Ao instruir Timóteo acerca do seu ministério, o apóstolo Paulo firmou: “Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente preparado para toda boa Obra”(2Tm. 3:16,17). Embora Paulo tenha escrito a um jovem ministro, tais palavras se aplicam perfeitamente a todo o povo de Deus.
POR QUE A INSTRUÇÃO DAS ESCRITURAS É IMPORTANTE?
a) Porque revela Deus.
O Teísmo Bíblico é o sistema cuja fé repousa em um Deus único, pessoal, criador, auto-existente, auto-suficiente, onipotente, onipresente, onisciente, imanente e transcendente na mesma proporção e que subsiste em três pessoas diferentes: Pai, Filho e Espírito Santo.
b) Porque revela Jesus Cristo. Dentre as principais doutrinas bíblicas está à encarnação de Jesus Cristo. Ele não poderia ter desenvolvido sua missão se, antes, não tivesse nascido. A encarnação refere-se a união da divindade e humanidade na pessoa de Jesus Cristo(Lc 1:31-35; João 1:1-14; Fl 2:6-8 ).
c) Porque revela o Espírito Santo. “O Espírito Santo é a terceira pessoa da Trindade”. A Bíblia mostra que o Espírito Santo não é uma energia, ou apenas um atributo de Deus; Ele é uma pessoa divina.
d) Porque revela o homem. Segundo a Bíblia, o homem e toda a forma de existência no universo, foram criados por Deus. O homem foi constituído de personalidade, racionalidade, moralidade, espiritualidade, sociabilidade, etc...
e) Porque revela o pecado. O homem foi criado para viver em estado de pureza para sempre. Mas ele não se manteve nesta elevada condição. O homem e a mulher desobedeceram a Deus. Desta forma o pecado entrou no mundo.
f) Porque Revela a Salvação. A Bíblia é o único livro que mostra a Solução para o pecado da humanidade. Ela mostra que o Senhor Jesus Cristo, pela sua morte expiatória, comprou a salvação para os homens.
g) Porque revela a ação maligna no mundo. A ação de Satanás no mundo se opõe frontalmente ao plano de Deus para a salvação da humanidade (1Pe 5:8). Ele acusa Deus diante dos homens (Gn 3:1-4) e acusa os homens diante de Deus (Jó 1:9; Ap 12:10 ). Ele também procura destruir a igreja com a introdução de falsos ensinos (1Tm 4:1).
Há tantas perguntas feitas por filósofos e pessoas, e que Deus responde a nós nas Escrituras! Por exemplo: Qual o propósito da vida? De onde venho? Há vida após a morte? O que acontece após a morte? Como posso chegar ao céu? Por que o mundo está cheio do mal? Por que luto tanto para fazer o que é certo?
Além dessas "grandes" perguntas, a Bíblia dá muitos conselhos práticos em áreas como: O que devo procurar em um cônjuge? Como posso ter um casamento bem sucedido? Como posso ser um bom amigo? Como posso ser um bom pai ou uma boa mãe? Como posso mudar? O que realmente importa na vida? Como posso agradar a Deus? Como posso obter perdão? Como posso lidar com as circunstâncias injustas e acontecimentos ruins na vida de forma vitoriosa?
Portanto, a palavra de Deus é um tesouro inesgotável para o nosso crescimento espiritual. Por isso, precisamos estudar periódica e sistematicamente a Bíblia, para ensiná-la com excelência a fim de que os resultados sejam evidentes na vida dos nossos ouvintes.
II. UM POVO SEPARADO
1. A união reprovada por Deus
– “e que não daríamos as nossas filhas aos povos da terra, nem tomaríamos as filhas deles para os nossos filhos”(Ne 10:30). O casamento misto pode produzir conflitos conjugais, desmoronamento do lar, bem como uma educação deficiente dos filhos (Ne 13:23-29). Ao tirar Israel do Egito, Deus ordenou-lhe, de modo claro e veemente, que não se misturasse com outros povos (cf Ex 34:12,16).
Todavia, o casamento misto sempre foi um problema na história do povo de Deus. O dilúvio foi provocado, quando os filhos de Deus se casaram com as filhas dos homens, ou seja, quando houve casamentos entre aqueles que serviam a Deus com aqueles que não O serviam (Gn 6:1-3). Mais tarde, quando o povo de Israel entrou na Terra Prometida, o casamento misto foi uma das causas da apostasia espiritual da nação, desaguando no cativeiro babilônico (Êx 34:16). O motivo, portanto, para proibirem o casamento misto não era racial, mas espiritual. A questão não era preconceito racial, mas pureza doutrinária. A mistura de credos levaria ao afrouxamento das relações com Deus. Esdras (Ed 9:1-3), Neemias (13:23- 29) e Malaquias (Ml 2:10-16) confrontaram esse problema de forma firme depois do cativeiro babilônico.
Portanto, o princípio espiritual tratado aqui é lealdade a Deus. Essas uniões mistas com estrangeiros pagãos eram condenadas pela lei (Ex 34:12-16; Dt 7:3; Ed 9:12,14), mas era permitida quando o estrangeiro era convertido a Deus. Rute, por exemplo, sendo moabita, casou-se com Boaz e tornou-se membro da família genealógica do Messias.
Muitos casamentos mistos eram feitos também por vantagens financeiras. A ascensão social era uma tentação naqueles dias difíceis e o casamento misto oferecia uma escada atraente. No tempo de Neemias era um meio de subir socialmente.
Esse problema estava presente também no primeiro século da Igreja, o que levou o apóstolo Paulo a posicionar-se firmemente contra essa prática (2Co 6:14- 17). O casamento misto ainda hoje é um grande problema.
2. A dolorosa separação.
Não sabemos o motivo dos casamentos mistos terem sido tão frequentes na ocasião do exílio, mas sabemos que Deus se desagradara deles, e que exigia uma mudança urgente daquela situação. Neemias relata que houve consenso entre os filhos de Israel, de não entregarem suas filhas para os povos da terra, nem desses povos tomarem esposas para seus filhos(Ne 10:30). Deve ter sido uma situação muito difícil para aqueles homens, pois haviam se aparentado com estrangeiros há bastante tempo. Não é fácil cortar laços familiares antigos, mas Deus o exigiu, a fim de que o povo pudesse ser abençoado e cumprisse os mandamentos do Senhor.
Os casamentos mistos foram tão sérios em Israel que até filhos de sacerdotes se casaram com mulheres estrangeiras (Ed 10:18; cf Ne 13:28). Isto quase atingiu fatalmente o coração da religião judaica. Um dos filhos de Joiada, filho do sumo sacerdote Eliasibe, casou-se com uma filha de Sambalate, o grande inimigo dos judeus, sendo expulso do Templo (13:28). Havia regulamentos especiais que governavam o casamento dos sacerdotes (Lv 21:6-8,13,14; Dt 23:8-11). O casamento é considerado um pacto entre duas pessoas e Deus (Pv 2:17; Ml 2:14). Assim, o casamento misto corrói a própria base do casamento. O lar deve ser a base da sociedade, a estrutura sobre a qual uma nação se constrói.
3. O jugo desigual. Entre as diversas formas com que Deus pode ser esquecido como único e verdadeiro Deus é justamente quando um de seus filhos ou filhas resolve se unir com quem não é filho dEle. Esse tipo de convivência tende a suprimir a fé de um dos cônjuges, e afastá-lo de suas crenças e culto. Essa é uma forma de se negar a Deus, e começa justamente pelos sentimentos que uma crente nutre por um, ou uma, não-crente. Deus pode parecer radical para algumas pessoas hoje, mas Deus deixa claro o motivo: "pois elas fariam desviar teus filhos de mim, para que servissem a outros deuses". Portanto, Deus, em sua sabedoria, determinou que o povo fosse preservado em sua fé também a partir do matrimônio.
Citando o rev. Hernandes Dias Lopes, com respeito ao casamento misto há três possibilidades: (1) o cônjuge incrédulo não se converter; (2) o cônjuge incrédulo converter-se; (3) o cônjuge crente afastar-se da igreja. Setenta e cinco por cento dos casamentos mistos tornam-se experiências amargas para o cônjuge crente. Você teria coragem de pegar um vôo para determinado destino sabendo que naquela rota 75% dos vôos estão caindo? Você se aventuraria num casamento misto, sabendo que 75% por cento deles estão naufragando ou enfrentando sérios problemas?
Os jovens precisam se acautelar nessa área vital da vida. Creio que todo jovem crente precisa observar alguns aspectos antes de dizer sim no altar. A pessoa com quem vai se casar já nasceu de novo? É uma pessoa que tem caráter aprovado? Ela possui valores familiares sólidos? É uma pessoa que respeita os pais? Ela respeita você? Essa pessoa ama você e demonstra isso em palavras e atitudes? Seus pais apóiam esse relacionamento? As pessoas que acompanham você testificam positivamente acerca desse relacionamento?
O apóstolo Paulo admoesta:Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas?”(2Co 6:14).
III. O CUIDADO COM O TEMPLO DO SENHOR
1. O Templo (Ne 10:32).
O Templo, que é chamado “casa de Deus”, era apenas um local escolhido por Deus para que se tornasse visível a sua aliança com o seu povo; jamais representando o local onde Deus estivesse, pois o Senhor jamais poderia ser contido em um edifício, como reconheceu o próprio Salomão, que, no dia mesmo da dedicação do templo, afirmou que “… os céus e a terra não te podem conter, quanto menos esta casa que tenho edificado…” (2Cr 6:18b). Era um local onde Deus manteria fixos os seus olhos e o seu coração todos os dias, a fim de que o seu nome fosse perpetuamente estabelecido em Israel (2Cr 7:16).
Não somente ao povo de Israel, mas o Templo era um lugar escolhido para que Deus se manifestasse, através de Israel, a todos os povos, pois o Senhor também prometeu que ouviria ali a oração do estrangeiro, ainda que viesse ele de terras remotas (2Cr 6:32,33). Não é por acaso que o Templo de Salomão se fez conhecido em todo o mundo antigo e foi considerado como uma das sete maravilhas do mundo antigo. Entretanto, foi destruído por Nabucodonosor, por permissão divina, como punição ao povo de Israel por ter pecado contra Deus.
O cativeiro da Babilônia, como profetizado por Jeremias, durou setenta anos (2Cr 36:21), tendo, de modo milagroso, Ciro, o rei da Pérsia, permitido e até ordenado que o povo de Judá retornasse à Palestina e edificasse novamente o Templo de Jerusalém (2Cr 36:23). Assim, a própria ordem de retorno tinha em si a ordem de edificação do Templo. Deus, assim, demonstrava que havia a necessidade de o povo não só reconstruir a nação no seu território prometido, mas também o lugar de adoração ao nome do Senhor, o que nos demonstra, claramente, que o Templo está indissoluvelmente relacionado com o destino de Israel e de sua aliança com Deus.
Agora, com a reabilitação espiritual do povo de Israel sob a liderança de Neemias, as contribuições para a manutenção do Templo (Ne 10:32-38) e as festas foram restabelecidas. Para o povo de Israel, servir a Deus naquele santuário era um ato de indizível gozo. Infelizmente, hoje, muitos já não sentem alegria de estar na casa de Deus.
Israel perdeu, novamente, o seu Templo no ano 70 dC, quando o mesmo foi destruído pelo Exército Romano, sob o comando do General Tito, cumprindo-se a profecia de Jesus de que não ficaria no Templo “...pedra sobre pedra que não seja derribada”(Mt 24:2). Como sabemos, Israel continua até hoje sem ter o seu Templo. Não tendo Templo, também não pode ter Sacerdotes e nem pode realizar os Sacrifícios. Portanto, os muitos dias sem “Sacrifícios e sem Éfode”, profetizados por Oséias (Os 3:4), ainda não se completaram. A história está em andamento; a Profecia de Oséias, em relação ao Templo, ainda está para se cumprir. Da mesma forma que ela se cumpriu em relação ao “Rei e ao príncipe”; em relação à “Estátua e Terafins”, ela também se cumprirá em relação ao “Sacrifico e ao Éfode”, com a reconstrução do Santo Templo.
Acreditamos que a reconstrução do Santo Templo constará como sendo uma das clausulas do concerto que o Anticristo celebrará com os Judeus - “Ele firmará um concerto com muitos...”.
O que devemos ter como certeza bíblica é que o Templo será reconstruído, pois as palavras ditas por Jesus ainda não foram cumpridas e será necessário a existência do Templo para que elas se cumpram, pois, ele disse: ”Quando, pois virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo; quem lê entenda”(Mt 24:15). É ponto pacífico de que este “lugar santo” que será profanado pela colocação de um ídolo, ou pela própria pessoa do Anticristo, refere-se ao Templo. O Senhor Jesus proferiu seu sermão escatológico, no Monte das Oliveiras, no ano 33 dC, apontando para o futuro, ao dizer: ”Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o Profeta Daniel, está no lugar santo...”. O Templo existente naquele momento foi destruído no ano 70 d.C. Não há qualquer registro de que os Romanos tenham introduzido algum ídolo naquele Templo, exigindo que o mesmo fosse adorado.
Do ano 70 até hoje, os Judeus nunca mais tiveram um Templo. Isto nos leva a ter que admitir que para que se cumpram as palavras de Jesus registradas em Mateus 24:15; para que se cumpram as profecias de Daniel 9:26,27); para que aconteça o que Paulo afirmou, dizendo que o Anticristo ”... se assentará, como deus, no Templo de Deus...”(2Ts 2:4), então temos que crer que um novo Templo terá que ser construído. E será, no mesmo lugar onde foi construído o Templo de Salomão. Não sabemos quando, mas, sabemos que será, pois, sua construção está inserida no sermão escatológico de Jesus, e ele disse que ”O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar”(Mt 24::35).
2. O dia de adoração(Ne 10:31). Um dos sinais de todo reavivamento na História de Israel foi o retorno à observância do dia do Senhor. Nesse dia não se deveria comprar nem vender. Não se deveria negociar nem buscar lucros; por esta razão, o comercio foi proibido dentro da cidade no sábado. Decidindo honrar primeiramente a Deus, os israelitas recusariam fazer do dinheiro o seu deus.
Deus instituiu um dia para o descanso. Um dia para o homem cessar suas atividades de comprar e vender e voltar-se para Ele em adoração. Nesse dia, nenhum trabalho deve ser feito; é o dia do Senhor. A quebra do sábado era profanação da religião judaica. O domingo é o dia do descanso do povo de Deus. O sábado é o memorial da criação. O domingo é o memorial da ressurreição.
Hoje, porém, o comércio está abrindo aos domingos, os crentes estão buscando no dia do Senhor tanto o trabalho quanto outras atividades afins. Hoje, os crentes já não se preparam mais para o dia do Senhor. Nossas festas de entretenimento e confraternização avançam na madrugada do sábado e entram no dia do Senhor e aí as pessoas preferem dormir a ir à Casa de Deus. Não buscamos mais o Senhor em primeiro lugar. A busca do lucro ou do lazer em vez da busca da piedade pode ser um grande laço espiritual. É por essa porta que começa a secularização da igreja.
3. A manutenção da Casa do Senhor (Ne 10:37-39). Neemias 10:32,33 mostra que o avivamento em Israel passou também pelos recursos financeiros que o povo deveria dispor para o sustento do culto ao Senhor. Além dos dízimos, a oferta de um terço de um siclo, oferta de lenha e oferta de primícias foram consideradas como necessárias para que o culto pudesse transcorrer dentro dos preceitos divinos. Como cristãos, precisamos entender que Deus espera que coloquemos o nosso coração nas contribuições para a sua casa. Os valores que separamos para entregar no santuário servem para custear as despesas de nosso culto, pois não recebemos subsídios governamentais para adorar ao Senhor.
CONCLUSÃO
Que "Concerto fiel" a igreja evangélica deveria assumir com Deus hoje? O conhecimento da Palavra deve nos levar a um compromisso de Concerto com Deus e a uma reforma espiritual. Esta reforma espiritual pode ser liderada por poucos, mas deve ter a participação de todos. Os nossos compromissos com Deus não devem ser apenas gerais, mas também, e, sobretudo, em áreas específicas como santificação, casamento, dia do Senhor, contribuição e adoração.
------
Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular(Novo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Revista Ensinador Cristão – nº 48.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico Beacon – CPAD.
Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.
Hernandes Dias Lopes – Neemias -o líder que restaurou uma nação.
Ev. Caramuru Afonso Francisco - A Reconstrução do Santo Templo.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

TEOLOGIA DA PROSPERIDADE, DIABOLICAMENTE PERVERSA E MENTIROSA












Uma das principais ervas daninhas que têm se alastrado no “jardim fechado” da Igreja, nestes dias tão difíceis que antecedem à volta de Cristo, é a chamada “teologia da prosperidade”, que nada mais é que uma doutrina distorcida a respeito de Deus, de forte conteúdo materialista, que tem seduzido muitos crentes e os feito desviar da verdade.

Quando falamos em “teologia da prosperidade”, também conhecida como “confissão positiva”, “palavra da fé” ou “movimento da fé”, não falamos, propriamente, de uma seita ou de uma denominação, mas de um movimento que se tem infiltrado, com suas ideias e concepções, em diversas denominações e grupos evangélicos, principalmente os pentecostais, sendo, por isso mesmo, uma das mais perigosas heresias na atualidade. Seus conceitos têm invadido as mentes de muitos crentes, trazendo grandes prejuízos espirituais.

O apóstolo Paulo foi claríssimo ao afirmar que se esperarmos em Cristo só para as coisas desta vida seremos os mais miseráveis de todos os homens (1Co 15:19). É esta a triste situação espiritual dos milhões que têm procurado Jesus única e exclusivamente para terem a “prosperidade” apregoada pelos falsos mestres da atualidade, eles mesmos escravos da ganância (2Pe 2:3).

Há até, pelo menos, duas décadas, a pregação evangélica, principalmente pentecostal, enfatizava que os cristãos não deveriam se apegar às riquezas materiais, aos interesses terrenos, pois Jesus nos ensinou que aqui somos apenas forasteiros (1Pe 2:11), pois o nosso lugar é o Céu(João 14:1-3), e que não deveríamos ajuntar tesouros aqui(Mt 6:19,20; Lc 12:23). Mas, veio a Teologia da Prosperidade pregando que o cristão deve ser próspero financeiramente e viver sempre livre de qualquer enfermidade. Quando isto não acontece, é porque ele deve estar vivendo em pecado, não tem fé ou está vivendo sob o domínio do diabo. Chegam ao ridículo de dizer que Jesus nasceu de uma virgem zero km, entrou em Jerusalém montado num jumento zero km e, em sua morte, foi sepultado num túmulo zero km. Como se vê, é uma interpretação forçada da Palavra Deus para se justificar erros, heresias e interesses duvidosos.

Os Teólogos da prosperidade aqui no Brasil estão ensinando que todos os cristãos devem ser ricos financeiramente, ter o melhor salário, a melhor casa, o melhor carro, uma saúde de ferro, e afirmando que toda enfermidade vem do diabo. E que se o cristão não vive essa vida pregada por eles, é falta de fé ou que há pecado em sua vida, desprezando, assim, soberania de Deus.

A soberania de Deus é a doutrina que afirma que Deus é supremo, tanto em governo quanto em autoridade sobre todas as coisas, mas no orbe da Confissão Positiva, ela não é levada muita a sério, pois os verbos que imperam são: exigir, decretar, determinar, reivindicar, ao invés de pedir, rogar, suplicar, etc. Jesus, porém, nos ensinou a pedir e não exigir(Ler Mt 7:7; Lc 11:9; João 16:24). Veja ainda: Sl 27:4; Pv 30:7; Zc 10:1.

A diabólica e perversa Teologia da Prosperidade tem feito ricos, pobres da presença de Deus e dos pobres, ricos sem Deus. Por quê? “Porque o [amor ao dinheiro] é raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores”(1Tm 6:10).

Paulo talvez fosse rico antes, mas depois que teve contato com Cristo viveu sem riquezas: "... aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas tenho experiência, tanto a ter fartura, como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade"(Fp 4:11-12).

Veja o que o Espírito Santo nos ensina sobre o desejo de se tornar rico, usando o apóstolo Paulo: “Mas os que querem tornar-se ricos caem em tentação e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, as quais submergem os homens na ruína e na perdição” (1Tm 6:9).

É necessário estarmos conscientes de que o conceito de prosperidade não pode ser reduzido à posse de dinheiro e bens materiais. Existem pessoas que possuem muito dinheiro sem, contudo, serem prósperas. Existe um alto índice de dependência de drogas, prostituição, divórcios e suicídios entre as pessoas da classe alta nas sociedades em todo mundo.

É necessário estarmos conscientes de que ser pobre, perseguido ou estar enfermo, não significa necessariamente estar em pecado. Veja as seguintes passagens da Bíblia:” Pois nunca deixará de haver pobre na terra; pelo que te ordeno, dizendo: Livremente abrirás a tua mão para o teu irmão, para o teu necessitado, e para o teu pobre na tua terra”(Dt 15:11). ” Porquanto sempre tendes convosco os pobres...”(Mt 26:11). “O que oprime o pobre insulta àquele que o criou, mas o que se compadece do necessitado o honra”(Pv 14:31). “MELHOR é o pobre que anda na sua integridade do que o perverso de lábios e tolo”(Pv 19:1).” O que o homem mais deseja é o que lhe faz bem; porém é melhor ser pobre do que mentiroso”(Pv 19:22).” O rico e o pobre se encontram; a todos o Senhor os fez”(Pv 22:2). ” Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém; eis que o teu rei virá a ti, justo e salvo, pobre, e montado sobre um jumento, e sobre um jumentinho, filho de jumenta(Zc 9;9).” Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu”(Ap 3:17).

Os Teólogos da Prosperidade dizem que por ser filho de Deus, temos o "direito" de termos o que quisermos! Vejamos, como exemplos, algumas refutações bíblicas:

* Jesus não tinha onde reclinar a cabeça ( Mt 8:20).
* Paulo viveu em constante pobreza ( Fp 4:11).
* Porque Jesus pediu ao rico para desfazer-se dos bens?( Lc 18:22).
* Os que querem ficar ricos caem em tentações(1Tm 6:9).
* Não podemos servir a Deus e as riquezas(Lc 16:13).
* A oração que não é atendida: para gastar no luxo(Tg 4:3).
* Na oração do Pai Nosso não há indicação de pedirmos além do necessário ("de cada dia..." - Mt 6:11).
* O servo de Eliseu pegou lepra pela cobiça...(2Rs 5:20-27).
* "Não ajunteis tesouro na terra..." (Mt 6:19).
* José e Maria eram humildes. Sua oferta de sacrifício no templo foi um par de rolas (Lc 2:22), a mais simples oferta (veja Lv 12:6-8).
* A fascinação da riqueza sufoca o crescimento espiritual(Mc 4:19).
* Pedro e João não tinham oferta para dar ao paralítico(At 3:6).
* Moisés abandonou sua riqueza e "status", para servir a Deus e ao Seu povo( Hb 11:24-26).
* A cobiça levou o povo de Israel a desobedecer e ser derrotado (Js 7:1-26).
* Deus usou Gideão, da família mais pobre de Manassés, para libertar Israel(Jz 6:15).
* Jó, um justo, passou por um período de pobreza total (Jó 1:9-12).
* Em Jerusalém, a maioria dos crentes era muito pobre, mas Paulo não os tratou com desdém, mas chamou-os de Santos: “Porque pareceu bem à Macedônia e à Acaia levantar uma oferta fraternal para os pobres dentre os santos que estão em Jerusalém”(Rm 15:26).

A Bíblia ensina que nem a pobreza nem a riqueza são virtudes. A Palavra de Deus, aliás, em momento algum trata a pobreza com desdém. A vida do homem não se constitui dos bens que possui (Lc 12:15). Não devemos ir para um extremo, nem para o outro (Pv 30:8,9). Qualquer extremo é perigoso.

É verdade que a riqueza é bênção de Deus, desde que adquirida de maneira honesta e não vise exclusivamente aos deleites deste mundo (Tg 4:3). Caso contrário, seremos escravizados por ela.

Infelizmente, nos nossos dias, muitos crentes passaram a encarar a sua fé como um meio de enriquecimento, como um mecanismo de prosperidade material e, com isto, desviam-se dos objetivos traçados pelas Escrituras Sagradas. Não negamos que Jesus tenha bênçãos materiais para a Sua Igreja, mas, definitivamente, não é para isto que a Igreja foi constituída e não é este o propósito para ela estabelecido pelo Senhor. Quando mudamos a agenda divina de salvação de almas e aperfeiçoamento dos santos pela agenda de busca de prosperidade, estamos nos encaminhando, perigosamente, para a apostasia. O materialismo é uma das principais marcas do espírito do Anticristo, cujo reinado sempre beneficiará os mercadores (cf Ap:18), que serão os que mais lamentarão a queda de seu sistema iníquo.

Não é à toa que a primeira expressão da igreja de Laodicéia, que é o retrato da igreja apóstata dos dias do arrebatamento, seja “rico sou e de nada tenho falta” (Ap 3:17), a mostrar que esta igreja tinha, em primeiro plano, a preocupação com as riquezas, com os bens materiais.

Urge modificarmos este pensamento que está incrustado na Igreja, levando muitos à apostasia. Muitos não pensam mais nas almas, mas nos dízimos e ofertas; outros não estão preocupados com a obra de Deus, mas com os cifrões dos seus salários. Muitos não querem saber de buscar a Deus para ter bênçãos espirituais, para serem instrumentos de salvação e de aperfeiçoamento de outros crentes, mas querem enriquecer com campanhas, sacrifícios, etc. São pessoas que vivem como os gentios, que têm as mesmas preocupações e propósitos que os gentios e que, portanto, pertencem a este vasto grupo onde o amor está esfriando pelo aumento da iniqüidade e que, buscando a riqueza material, não vê que se comporta como um pobre, desgraçado e nu. Vigiemos e não entremos nesta onda, que nos levará para a perdição eterna!

Portanto, a Teologia da Prosperidade é diabolicamente perversa e mentirosa, porque induz os filhos de Deus a buscar a riqueza, por concluírem ser esta tão importante quanto a salvação.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Aula 07 - ARREPENDIMENTO, A BASE DO CONCERTO

Texto Básico:9:1-36
e se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra”(2Cr 7:14).

INTRODUÇÃO
A leitura e o ensino da Palavra de Deus trouxe um profundo arrependimento ao povo de Israel por causa de seus pecados. Isso resultou num verdadeiro avivamento àquela nação. Esse avivamento não se limitou aos cânticos e às celebrações, mas gerou contrição e sinceras confissões dos pecados. Eles reconheceram que pecaram contra o Senhor, desprezando sua Palavra, e que foram exilados como consequência de seus próprios atos. Mas que também, Deus estava ofertando-lhes uma nova chance, um tempo de arrependimento para que fossem restaurados. O povo precisava arrepender-se, e o avivamento trazido pela exposição da Palavra conduziu ao verdadeiro arrependimento, que foi a base de um novo concerto.
I. OS RESULTADOS DE UM GENUÍNO AVIVAMENTO
1. Arrependimento e confissão de pecados(Ne 9:1).
Deus sempre alertou o povo de Israel acerca da maldição causada pela desobediência. Mas o povo não atentou para o que Deus disse, e sofreu as consequências do pecado da desobediência. A dispersão e o cativeiro foram juízos de Deus contra o Seu povo por causa do pecado. O pecado sempre atrai juízo, derrota, dispersão. Mas Deus é compassivo. Ele é o Deus de toda graça, aquele que restaura o caído e não rejeita o coração quebrantado. Neemias sabia que se o povo se arrependesse, viria um tempo novo de restauração e refrigério. Isto aconteceu. O povo, ao ouvir e entender a Palavra de Deus, chorou pelos pecados cometidos (8:9). Isso e um sinal claro de arrependimento. Arrependimento começa com choro, humilhação e quebrantamento diante de Deus (2Cr 7:14). Aliás, arrependimento é a tristeza profunda e suficiente para não repetir o erro.
Hoje vemos muita adesão e pouca conversão, muito ajuntamento e pouco quebrantamento. Estranhamente, vemos a pregação da fé sem o arrependimento e da salvação sem a conversão. O pragmatismo com a sua numerolatria está em voga hoje. Muitos pregadores abandonaram a pregação bíblica para alcançar um número maior de pessoas. Pregam o que o povo quer ouvir e não o que ele precisa ouvir. Pregam sobre cura e prosperidade e não sobre salvação. Pregam para agradar e não para conduzir ao arrependimento. Desta forma, multidões estão entrando para a igreja sem conversão. A Palavra de Deus tem sido deixada de lado para atrair as pessoas e isso é um mal.
2. Sinais do verdadeiro arrependimento. O verdadeiro arrependimento implica na mudança de atitude e conduta daquele que pecou. A orientação amorosa do Senhor Jesus é: “vai-te e não peques mais” (João 8:11). Deus restaura o pecador que verdadeiramente se arrepende e muda de atitude.
Vimos no capítulo 8 de Neemias[Aula 06] que o povo se reuniu para ouvir a Palavra. A leitura, a explicação e a aplicação da Palavra trouxeram choro pelo pecado (8:9). Este é um dos efeitos da Palavra de Deus no coração daqueles que a ouvem; ela produz quebrantamento, arrependimento e choro pelo pecado. Quanto mais você lê e entende a Palavra de Deus, mais perto de Deus você fica; logo, mais consciência você tem de que é pecador e mais chora pelo pecado. O emocionalismo é inútil, mas a emoção produzida pelo entendimento é parte essencial do cristianismo. É impossível compreender a verdade sem ser tocado por ela.
Não podemos adorar o Rei da glória antes de contemplarmos a triste realidade do nosso pecado. Observe que o choro do povo não foi mero remorso, pois as atitudes e gestos que eles demonstraram pregam um sincero arrependimento; o povo jejuou e cobriu-se com pano de saco. Esses são sinais de contrição, arrependimento e profundo quebrantamento. O povo reconheceu o seu pecado.
O verdadeiro arrependimento resulta em mudança de vida. Veja o exemplo do Filho Pródigo. Ele, distante do pai, sem dinheiro ou condições dignas de, inclusive, se alimentar reconheceu seu pecado e resolveu voltar. Confessou suas transgressões ao pai e pediu-lhe perdão. O importante, porém, foi que a oração o levou à ação. Ele foi, fez tudo o que havia proposto e alcançou misericórdia (Lc 15:11-24). O povo de Israel também demonstrou com atos sinceros e profundos o arrependimento, vindo da alma.
3. Apartaram-se dos povos idólatras - “E a geração de Israel se apartou de todos os estranhos”(9:2a). Um dos sintomas mais sérios de que o avivamento estava chegando entre o povo de Deus é que eles foram desafiados a afastarem-se dos povos estranhos. Arrependimento sincero envolve obediência! O povo toma a decisão de deixar todos aqueles que não eram da linhagem de Israel para se consagrar ao Senhor. Aqueles que não havia se convertido ao judaísmo não participariam dessa reunião. Eles não tinham a mesma fé e o mesmo Deus. Não há comunhão fora da verdade. O problema aqui não é racial, mas teológico (10:28). Unir-se aos outros povos era transigir com a fé, era aceitar o sincretismo, era uma espécie de ecumenismo. Em 1Co 10:14-22, Paulo ataca com vigor a tese da união entre todas as religiões; ele resiste fortemente ao ecumenismo universalista. O pensamento de que toda religião é boa e todo caminho leva a Deus está em completo descompasso com a Escritura. Não há comunhão verdadeira fora da verdade. “Não há comunhão entre a luz e as trevas” (2Co 6:14; João 3:19-21).
Para que fique claro o propósito de Deus em relação às outras nações, devemos entender que Israel foi chamado para ser uma nação santa, ou seja, separada para Deus. Mas como ser separado em um mundo decaído? Em primeiro lugar, nunca se afastando da Palavra de Deus e de sua prática. Em segundo lugar, influenciando pelo testemunho as pessoas que estão à nossa volta. A influência do testemunho do povo de Israel deveria ser um grande exemplo, mas como eles se afastaram de Deus, foram influenciados pelas práticas e cultos daqueles que os cercavam. Israel misturou-se com esses povos, e foi influenciado por eles. O povo não apenas se esqueceu da lei de Deus, como adotou diversos costumes das nações à sua volta, e entre esses costumes, contrair casamentos não permitidos pela Lei de Moisés. O rei Acabe casou-se com Jezabel, uma estrangeira, e ela o conduziu à idolatria, matando profetas do Senhor e mergulhando Israel numa grave rebeldia contra Deus, além de praticar diversas injustiças contra a sociedade de Israel. Salomão casou-se com muitas mulheres estrangeiras, que trouxeram seus deuses para o casamento e perverteram o coração do homem tido como mais sábio do Antigo Testamento. Esses são alguns dos exemplos que a Bíblia traz sobre não haver uniões entre ímpios e servos de Deus. Deus foi favorável ao término daquelas uniões ilícitas, pois foram frutos da desobediência e desprezo à Palavra de Deus. Esse exemplo nos mostra o quanto Deus espera que mantenhamos a obediência aos seus preceitos. Que busquemos uniões que o agradem, entre pessoas tementes a Deus. Uma união sem a bênção de Deus costuma trazer problemas terríveis para a vida espiritual daquele que pertence ao Senhor. [1]
O apóstolo Paulo foi enfático: “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas?”(6:14). A expressão “jugo desigual” contém a ideia de alguém estar num jugo desnivelado. Assim como água e óleo não se misturam, a comunhão dos santos com os infiéis equivale a um jugo desigual. Aprofundar a comunhão com pessoas descompromissadas com o Evangelho de Jesus Cristo é abrir brechas para Satanás. A associação entre o cristão e o incrédulo deve ser o mínimo necessário à conveniência social ou econômica. Leia e medite no Salmo 1. O crente, portanto, não deve ter comunhão ou amizade íntima com incrédulos, porque tais relacionamentos corrompem sua comunhão com Cristo.
II. A LEI DO SENHOR E REMINISCÊNCIA
1. Valorizando a Lei do Senhor
– “E, levantando-se no seu posto, leram no livro da Lei do Senhor, seu Deus, uma quarta parte do dia...”(Ne 9:3a). A Bíblia era o anseio do povo. Eles se reuniram como um só homem (8:1), com os ouvidos atentos (8:3), reverentes (8:6), chorando (8:9) e alegrando (8:12) e prontos a obedecer (8:17). Eles valorizaram sobremodo a Palavra de Deus; foram seis horas de ensino; e todos a ouviram atentamente; ninguém deixou o lugar onde estava sendo realizada a leitura da Lei do Senhor.
O Salmo 119 nos revela de forma sublime o valor da Palavra de Deus e a necessidade que temos de colocá-la como nosso guia, como a lâmpada para nossos pés, como luz para o nosso caminho, como a preciosa jóia que devemos esconder em nossos corações para não pecarmos contra o Senhor. Esta Palavra que temos prazer em estudar em cada Escola Bíblica Dominical; esta Palavra que temos a graça divina de ouvir, meditar e seguir; este tesouro que o Senhor nos dá de dia e de noite; deve ser cada vez mais valorizada em nosso meio, pois num mundo onde os fundamentos se transtornam, onde não há mais absolutos, verdades ou certezas, somente aqueles que conhecem e praticam a Palavra de Deus poderão ter esperança, a esperança de um novo céu e uma nova terra onde habitam a justiça.
2. A confissão dos pecados. A confissão dos pecados é o maior sinal do arrependimento (Pv 28:13); é o caminho para o reavivamento. Logo após a Festa dos Tabernáculos, isto é, no vigésimo quarto dia desse movimentado mês, o povo retornou, provavelmente a convite de Esdras, para passar um dia em jejum e oração, e em um profundo exame da alma. Em jejum e lamentação, leram as Escrituras por três horas; e, em seguida, fizeram confissão e adoração por três horas.
Não podemos ter por hábito apenas dizer para Deus o que fizemos como se lêssemos para Deus uma lista de nossas infelizes decisões e atos. Mais que enumerar pecados, Deus espera que concordemos com Ele que erramos e que precisamos do seu perdão. E o povo de Israel, naquela ocasião, reconheceu os seus erros e confessou os seus pecados: “... fizeram confissão; e adoraram o Senhor, seu Deus”(Ne 9:3b). Alguém disse que “enquanto a verdade condena, a verdade e a graça juntas restauram o pecador”.
Qual é a garantia de que a confissão é importante para Deus? A própria Palavra de Deus. Ela garante que a confissão é premiada com a misericórdia - “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia” (Pv 28:13).
Deus sabe que estamos sujeitos às leis deste mundo, mais exige que pautemos uma vida dentro dos padrões estabelecidos por Ele. E quando nos afastamos desse padrão, Ele espera que admitamos nossa falha e retornemos para Ele por meio da confissão. Todos nós conhecemos o texto áureo da confissão: “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1João 1:9).
Pecado é a transgressão deliberada e consciente das leis estabelecidas por Deus. O pecado afronta o caráter de Deus e a sua santidade. O pecado nos afasta de Deus(Is 59:2). Quando se peca, é somente através da oração que se chega a Deus para confessar as culpas, pedir-lhe o seu perdão e demonstrar profundo arrependimento. A oração que Davi fez, logo após ser confrontado pelo profeta Natã a respeito de seu adultério (com Bate-Seba) seguido de assassinato (de Urias), é um exemplo do que se deve fazer ao pecar, a fim de alcançar misericórdia diante de Deus(vide Salmo 51).
3. Relembrando a história do seu povo(Ne 9:4-38). Depois da confissão dos pecados, sob a liderança dos levitas(9:5), talvez com Esdras como seu principal porta-voz, eles relataram detalhadamente, as muitas ocasiões, através de toda a história de sua nação, durante as quais Deus providencialmente cuidou deles. Eles reconheceram que, apesar de sua rebeldia e dos muitos atos de desobediência, o Senhor havia sido extremamente misericordioso. Admitiram, livremente, que sua atual aflição se devia a seus próprios pecados e aos de seus antepassados. Foi somente pela grande misericórdia de Deus que eles não foram completamente destruídos(9:31).
Essa reminiscência da historia de Israel, exarada em Neemias 9:4-38, contém uma das orações mais longas da Bíblia. Ela pode ser esboçada da seguinte forma: a criação (9:6); o chamado de Abraão e a aliança que Deus fez com ele (9:7,8); o êxodo do Egito(9:9-12); a entrega da lei no monte Sinai(9:13,14); a providencia divina durante a jornada pelo deserto(9:15); as repetidas rebeliões do povo no deserto, em contraste com a imutável bondade de Deus(9:16-21); a conquista de Canaã(9:22-25); a era dos juizes(9:26-28); a falta de atenção às advertências, resultando no cativeiro(9:29-31); os apelos por perdão e libertação das consequências do cativeiro(9:32-37) e o desejo do povo de estabelecer aliança com Deus(9:38). Este versículo é, de várias maneiras, a parte mais importante da oração. Os judeus perceberam que o problema eram eles, não o Senhor. Com base nisso, se dispuseram a fazer um novo concerto com o Senhor.
Todos os acontecimentos são observados do ponto de vista de Deus. A fidelidade do Senhor é reconhecida através da história, e sua misericórdia e graça são reconhecidas como o único fundamento no qual Israel pode se firmar.
III. A GRANDE MISERICÓRDIA DE DEUS
As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos; porque as suas misericórdias não têm fim”(Lm 3:22).
Ao Senhor, nosso Deus, pertencem a misericórdia e o perdão”(Dn 9:9).
O Senhor é bom para todos, e as suas misericórdias estão sobre todas as suas obras”(Sl 145:9).
“Embora entristeça a alguém, contudo terá compaixão segundo a grandeza da sua misericórdia
”(Lm 3:32).
1. ”Deus clemente e misericordioso”(Ne 9:31). Israel foi devastado em épocas de intensa rebelião e pecado. Contudo, quando o povo se arrependia e se voltava para Deus, Ele o livrava. Deus não limita o número de vezes que podemos ir a Ele para obter misericórdia. No entanto, devemos reconhecer nossa necessidade e pedir-lhe ajuda. Este milagre da graça deve nos inspirar a dizer: Tu “és um Deus clemente e misericordioso!”.
Não estamos imunes ao pecado em um mundo decaído. Não podemos dizer que jamais pecaremos, ou que ficaremos o tempo todo em vigilância. Mas podemos ter certeza de que Deus, em sua grande misericórdia, aceitará o pecador arrependido e o restaurará à comunhão perdida.
2. A súplica de Israel. Os israelitas, já arrependidos de seus pecados e prestes a firmar o “concerto” com o Senhor, suplicaram pelo perdão e libertação das consequências do cativeiro (9:32-37). Eles encontravam-se numa situação estranha de serem escravos em sua própria terra, tendo que entregar uma parte de seus recursos, todo ano, a um domínio estrangeiro. Que situação irônica, uma vez que Deus lhes havia dado a terra. Eles suplicaram, portanto, ao Senhor para que Ele não os abandonasse (9:34,35).
A oração é o modo pelo qual o homem fala com Deus e coloca diante dEle suas alegrias, tristezas, necessidades, anseios, enfim, tudo o que aflige sua alma.
3. Um firme Concerto. Depois de anos de decadência e exílio, o povo uma vez mais levou a sério sua responsabilidade de seguir a Deus e praticar suas leis com sinceridade. Após narração detalhada das muitas ocasiões ocorridas com Israel ao longo de sua história (9:4-38), o povo, cheio de humildade, e sem implorar qualquer alívio de sua aflição, prometeu estabelecer um “concerto” de lealdade e obediência para as épocas vindouras. Era através desses remanescentes de Israel que o Messias, o Salvador do mundo, chegaria. Vemos, portanto, como foi importante que, depois de um longo período, acontecesse uma completa reconciliação entre Deus e o povo que Ele havia escolhido, apesar de toda a rebeldia e de todos os pecados praticados por esse povo.
Neemias e Esdras, de acordo com as palavras de Ezequiel, estiveram “tapando o muro”(Ez 22:30), ao trazerem a nação de volta para Deus e ao assegurarem a continuidade do movimento redentor. Isso tudo aconteceu em um momento em que, sob um ponto de vista exclusivamente humano, toda esperança de um reavivamento espiritual e nacional da nação de Israel parecia totalmente perdida.
Esse “firme concerto” foi feito com base na Palavra e para guardarem a Palavra (Ne 10:30-38). O compromisso era para andar, guardar e cumprir os mandamentos, juízos e estatutos da Palavra. Além dos líderes, homens, mulheres e crianças assumiram o compromisso de andar com Deus e de obedecer à Sua Palavra. Fica completamente claro que todos, até mesmo as crianças menores que podiam compreender (8:12; 10:28), participaram desse juramento.
Possivelmente, um dos mais graves problemas da Igreja contemporânea não seja falta de conhecimento, mas de obediência. Muitos dizem crer na Bíblia, mas não obedecem aos seus ensinos. A autoridade da Bíblia tem sido atacada por "amigos" de dentro da Igreja e inimigos de fora.
Os grandes avivamentos surgiram quando o povo entrou em aliança com Deus para O buscar, O conhecer e O obedecer. Vivemos hoje uma espiritualidade centrada no homem e no que podemos receber de Deus. Não é mais o homem quem está a serviço de Deus, mas Deus é quem está a serviço do homem. Não é mais a vontade de Deus que deve ser feita na terra como no céu, mas a vontade do homem que deve ser imperativa no céu. Precisamos voltar-nos para Deus por causa de Deus e não apenas por causa de Suas bênçãos. Deus é melhor do que Suas bênçãos, o doador é mais importante do que a dádiva.
CONCLUSÃO
Nosso misericordioso Senhor está pronto a acolher de volta aqueles que O abandonaram e que pecaram contra a Sua Palavra, tão logo se arrependam. Ao mesmo tempo, Ele é paciente e longânimo com as faltas e fraquezas de seus filhos, sempre que a vontade manifesta deles for segui-lo sem reservas e obter vitória total contra o pecado, Satanás e o mundo. [2]
--------
Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular(Novo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
[2] Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal
[1] Revista Ensinador Cristão – nº 48.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico Beacon - CPAD
Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA
Hernandes Dias Lopes – Neemias -o líder que restaurou uma nação.
COELHO, Alexandre. Davi. As vitórias e as derrotas de um homem de Deus. 1ª ed. Rio de Janeiro, CPAD, 2009
.