domingo, 15 de junho de 2025

DO JULGAMENTO À RESSURREIÇÃO

         2° Trimestre de 2025

SUBSÍDIO PARA A LIÇÃO 12

Texto Base: João 19:17,18, 28-30; 20:6-10 

“E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito” (João 19:30).

João 19:

17.E, levando ele às costas a sua cruz, saiu para o lugar chamado Calvário, que em hebraico se chama Gólgota,

18.onde o crucificaram, e, com ele, outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio.

28.Depois, sabendo Jesus que já todas as coisas estavam terminadas, para que a Escritura se cumprisse, disse: Tenho sede.

29.Estava, pois, ali um vaso cheio de vinagre. E encheram de vinagre uma esponja e, pondo-a num hissopo, lha chegaram à boca.

30.E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.

João 20:

6.Chegou, pois, Simão Pedro, que o seguia, e entrou no sepulcro, e viu no chão os lençóis

7.e que o lenço que tinha estado sobre a sua cabeça não estava com os lençóis, mas enrolado, num lugar à parte.

8.Então, entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu, e creu.

9.Porque ainda não sabiam a Escritura, que diz que era necessário que ressuscitasse dos mortos.

10.Tornaram, pois, os discípulos para casa.

INTRODUÇÃO

O Evangelho de João apresenta com profundidade o ápice do plano redentor de Deus, narrando os eventos que levaram Jesus do julgamento até a Sua gloriosa ressurreição. Nesta lição, exploraremos três momentos cruciais: (1) a prisão e julgamento de Jesus; (2) Sua crucificação, morte e sepultamento; e (3) a vitória suprema sobre a morte na ressurreição.

O julgamento de Jesus ocorreu em duas esferas: religiosa e civil. No julgamento judaico, iniciado por Anás e conduzido pelo Sinédrio, o Filho de Deus foi injustamente acusado e condenado. Já no julgamento romano, sob a autoridade de Pôncio Pilatos e Herodes Antipas, a pressão política e a rejeição do povo levaram à sentença de crucificação. Em ambos os processos, vemos a corrupção humana confrontando a justiça divina, cumprindo, paradoxalmente, o propósito eterno de Deus.

A crucificação, um ato de extrema crueldade e humilhação, foi o meio pelo qual Cristo pagou o preço pelo pecado da humanidade. Sua morte não foi um fim trágico, mas a consumação da redenção, evidenciada ao terceiro dia por Sua ressurreição gloriosa. A vitória de Cristo sobre a morte é o fundamento da fé cristã, garantindo a salvação, a justificação e a esperança da vida eterna para todos os que n'Ele creem.

Ao estudar esta lição, somos convidados a refletir sobre a grandiosidade do sacrifício de Cristo, o significado teológico da cruz e a glória da ressurreição. Mais do que um relato histórico, esses eventos são a base inabalável da nossa fé e motivo de celebração, pois, por meio da vitória de Jesus, fomos libertos do pecado e da morte para uma nova vida n’Ele.

I – A PRISÃO E A CONDENAÇÃO DE JESUS 

1. A prisão

Após concluir Seu último discurso e preparar os discípulos para os eventos iminentes, Jesus atravessou o ribeiro de Cedrom e dirigiu-se ao Jardim do Getsêmani, no Monte das Oliveiras. Ali, em um cenário marcado por tristeza e angústia, a hora da Sua entrega havia chegado.

Jesus tinha plena consciência do que aconteceria: a traição de Judas, o abandono dos discípulos, os insultos, espancamentos e, por fim, a condenação como um blasfemo. Contudo, Ele deixou claro que nada estava acontecendo por acaso, mas para o cumprimento das Escrituras (Mc.14:49). Os profetas já haviam predito cada etapa da Sua jornada até o Calvário (Sl.22; Is.53), incluindo a rejeição do Seu próprio povo e o tratamento indigno que sofreria.

A prisão de Jesus não foi uma surpresa para Ele, nem um ato forçado. Com absoluta soberania, Ele Se entregou voluntariamente (João 18:4-6). No meio da hostilidade, Sua serenidade contrastava com o tumulto ao redor, pois, ao vencer a luta no Getsêmani, Ele agora caminhava em paz, certo de que cumpria a vontade do Pai.

Guiados por Judas Iscariotes, os soldados romanos e a guarda do sumo sacerdote chegaram ao jardim. O traidor, por meras 30 moedas de prata, selou seu ato com um beijo, sinalizando a identidade de Jesus. Após ser preso, o Senhor foi conduzido a Anás para interrogatório e, em seguida, levado a Pilatos, onde enfrentaria a injustiça dos homens, mas cumpriria o propósito eterno de Deus (João 18:28 – 19:6).

2. O interrogatório

Após ser preso, Jesus foi conduzido, algemado, até Anás, sogro de Caifás e figura dominante na hierarquia religiosa judaica. Anás, astuto e extremamente rico, acumulava fortuna através do comércio sacrificial no Templo, transformando a casa de oração em um “covil de ladrões” (Mt.21:13). Seu interrogatório visava influenciar a decisão do sumo sacerdote e ganhar tempo para a convocação do Sinédrio. Entretanto, como apenas Caifás, o sumo sacerdote em exercício, poderia apresentar uma acusação formal a Roma, Jesus foi enviado a ele.

O Sinédrio, composto por 71 membros – saduceus, escribas e anciãos –, reunia-se sob a presidência do sumo sacerdote. Seu poder era limitado pelo domínio romano, mas mantinha autoridade em questões religiosas e administrativas. Embora não pudesse aplicar a pena de morte, o Sinédrio arquitetou um julgamento ilegal, realizado durante a madrugada. Movidos por inveja (Mc.15:10) e falsidade (Mc.14:55-56), seus membros buscaram um pretexto para condenar Jesus, mantendo as aparências legais, mas com um veredito previamente decidido (Mt.26:57-68).

Após ser condenado no tribunal religioso, Jesus foi levado ao governador romano, Pôncio Pilatos, para ratificação da sentença. Pilatos tentou remeter a decisão aos judeus (João 18:28,31), mas eles insistiram em entregá-lo à jurisdição romana. Questionado sobre as acusações, os principais sacerdotes lançaram inúmeras acusações contra Jesus (Mc.15:3), enquanto Ele permanecia em silêncio – uma eloquente demonstração de Sua inocência e cumprimento profético (Is.53:7).

Há momentos em que o silêncio é mais eloquente do que as palavras, porque pode dizer coisas que as palavras não conseguem transmitir. Durante as últimas horas de sua vida, em quatro ocasiões diferentes, Jesus “não abriu a sua boca”: na presença de Caifás (Mc.14:60,61), de Pilatos (Mc.15:4,5), de Herodes (Lc.23:9) e, novamente, de Pilatos (João 19:9). Essa atitude falou mais alto do que qualquer palavra que ele pudesse ter dito. Esse silencio se transformou em condenação dos seus acusadores, e era prova de sua identidade como o Messias.

Em uma tentativa de escapar da pressão política, Pilatos propôs libertar Jesus ou Barrabás, um criminoso notório. Contudo, a multidão, instigada pelos líderes religiosos, escolheu Barrabás e exigiu a crucificação de Cristo (João 18:38-40). O ódio religioso cegou o povo a ponto de preferirem um assassino àquele que era inocente. Assim, tanto no tribunal religioso quanto no civil, a culpa dos juízes foi exposta, e a inocência de Jesus permaneceu incontestável.

3. A condenação

Pilatos estava plenamente ciente da inocência de Jesus e da inveja que motivava os líderes judeus (Mc.15:10). No entanto, por covardia e conveniência política, ele ignorou sua consciência e cedeu à pressão popular, condenando Jesus à morte. Antes disso, tentou adotar medidas evasivas para se isentar da responsabilidade:

(a) Transferir a decisão aos judeus. Por duas vezes, Pilatos tentou delegar o julgamento a eles (João 18:31; 19:6), mas os líderes religiosos insistiram que Jesus deveria ser condenado pelo governo romano.

(b) Enviar Jesus a Herodes. Ao descobrir que Jesus era galileu, Pilatos o remeteu a Herodes Antipas (Lc.23:5-12), esperando que ele tomasse uma decisão. No entanto, Jesus permaneceu em silêncio, e Herodes, frustrado, o devolveu a Pilatos.

(c) Propor um castigo moderado. Pilatos tentou agradar a multidão oferecendo açoitar Jesus e depois libertá-lo (Lc.23:16,22). Demonstrou assim sua fraqueza moral: por um lado, reconheceu a inocência de Jesus; por outro, não teve coragem de sustentá-la.

Pilatos, repetidamente, declarou que não via culpa alguma em Jesus (João 18:38; 19:6,9). Entretanto, por medo de um motim e da possível repercussão em Roma, cedeu à vontade da multidão. Sua decisão foi pautada pelo oportunismo e não pela justiça.

O açoite romano era brutal. O condenado era amarrado e chicoteado com tiras de couro entrelaçadas com pedaços de ferro e ossos. Essa tortura dilacerava a pele e a carne, chegando a arrancar olhos e levar vítimas à morte ou à loucura. Pilatos ordenou essa flagelação não como prelúdio da crucificação, mas como uma tentativa de apelar à piedade do povo para evitar a sentença final (João 19:5,12).

Na busca por uma saída, Pilatos lembrou-se da tradição de libertar um prisioneiro na Páscoa e propôs a soltura de Jesus ou de Barrabás, um criminoso notório (João 18:38-40). Sua estratégia fracassou: instigada pelos líderes religiosos, a multidão escolheu Barrabás, um assassino e rebelde (Mc.15:7; Mt.27:16).

Pilatos, então, apresentou Jesus ao povo, exclamando: “Eis o homem!” (João 19:5), numa tentativa irônica de mostrar que aquele a quem consideravam perigoso era apenas um prisioneiro fragilizado e ferido. No entanto, sua estratégia não surtiu efeito. A multidão, endurecida, clamou por sua crucificação.

A escolha por Barrabás ilustra a depravação humana sem Deus: escolheram o crime em vez da justiça, a guerra em vez da paz, o ódio em vez do amor. Assim, Pilatos lavou as mãos, mas não pôde lavar sua culpa, pois, ao agir contra sua própria consciência, tornou-se cúmplice na condenação do Justo.

A prisão, o interrogatório e a condenação de Jesus revelam a injustiça dos homens e o cumprimento do plano divino para a nossa redenção. 

Sinopse I – A PRISÃO E A CONDENAÇÃO DE JESUS

A prisão e condenação de Jesus foram marcadas por traição, injustiça e covardia.

-No Getsêmani, após seu último discurso aos discípulos, Jesus foi traído por Judas Iscariotes, preso pelos soldados romanos e levado ao sumo sacerdote Anás, iniciando assim seu julgamento.

-No interrogatório, Anás e Caifás reuniram o Sinédrio para julgar Jesus ilegalmente durante a noite. Movidos por inveja, mentira e violência, os líderes religiosos já tinham um veredicto pré-determinado. Como não tinham autoridade para executar a pena de morte, encaminharam Jesus a Pilatos, que tentou se isentar da responsabilidade, mas foi pressionado a prosseguir com o julgamento.

-Na condenação, Pilatos reconheceu a inocência de Jesus, mas, por medo da reação popular, cedeu à pressão. Tentou transferir o caso para Herodes e oferecer um castigo menor, mas nada impediu a decisão da multidão manipulada. A escolha entre Jesus e Barrabás revelou a dureza do coração humano. Assim, Pilatos lavou as mãos, mas condenou Jesus à flagelação e crucificação, selando o destino do Justo.

II – CRUCIFICAÇÃO, MORTE E SEPULTAMENTO DE JESUS 

1. O caminho do Calvário

Apesar das tentativas de Pilatos para libertar Jesus, ele finalmente cedeu à pressão dos líderes religiosos e da multidão. Em João 19:16, lemos: “Então, entregou-lho, para que fosse crucificado”. Pilatos reconhecia a inocência de Jesus, mas preferiu a conveniência política à voz da consciência, temendo perder o prestígio e o título de “amigo de César”. A ameaça dos judeus – de que soltar Jesus seria um ato contra o imperador – fez com que Pilatos optasse pela injustiça para preservar sua posição.

Hernandes Dias Lopes, citando Werner de Boor, disse que provocar a suspeição de César representava risco de vida. Pilatos tinha o título honorifico oficial de “amigo de Cesar” e, por consequência, contava com a benevolência do imperador. No entanto, os sacerdotes de Jerusalém também tinham seus contatos em Roma. Um relato bem preparado sobre Pilatos, que simplesmente tivesse deixado escapar de suas mãos um flagrante rebelde e inimigo do imperador, poderia provocar toda a suspeita de Tibério Cesar e fazer daquele que até então era “amigo de César” alguém que perderia a posição e a vida. O que os sumos sacerdotes disseram a Pilatos podia ser tudo, menos uma ameaça vazia.

Para executar Jesus, as autoridades judaicas se fingiram de súditos de César mais leais que o odiado oficial romano Pilatos. Demonstraram, assim, sua escravidão não somente ao pecado (João 8:34), mas também à servidão política que antes negavam (João 8:33). Pilatos leva as autoridades judaicas à blasfêmia delas, ao declararem: “não temos rei, a não ser Cesar”. Ao afirmarem isto, os líderes judeus demonstraram sua hipocrisia e completa submissão não apenas ao domínio romano, mas também ao pecado. Essa declaração representou a rejeição explícita de Jesus como o Messias e a negação da esperança messiânica de Israel.

Pilatos, por sua vez, entregou Jesus por pura covardia, como destaca John Stott, movido pelo clamor, pelo pedido, pela vontade e pela pressão da multidão (Lc.23:23-25; João 19:12). O governador escolheu a ambição em detrimento da verdade, a conveniência política acima da justiça, condenando o Justo para não perder os favores de Roma.

A crucificação de Jesus aconteceu exatamente na hora em que se iniciava o sacrifício dos cordeiros pascais, apontando para a realidade espiritual do verdadeiro Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1:29). Jesus, então, carregando a cruz sob o peso da dor e do sofrimento, caminhou até o Gólgota, o “Lugar da Caveira”, onde era costume executar criminosos diante do povo como forma de humilhação pública.

Ao ser crucificado entre dois malfeitores, cumpriu-se a profecia de Isaías 53:12, que dizia: “foi contado com os transgressores”. Enquanto um deles zombava, o outro se arrependeu e, pela fé, recebeu a promessa de estar com Cristo no Paraíso (Lc.23:40-43). O Calvário tornou-se, assim, o palco do maior ato de amor da história: o Filho de Deus entregando-se voluntariamente para salvar a humanidade.

2. A missão foi encerrada

O Calvário representa o maior drama da história da humanidade. Ali, justiça e amor se encontram de forma plena: a justiça de Deus se manifesta em seu repúdio absoluto ao pecado, enquanto o seu amor infinito é revelado ao entregar seu próprio Filho para a salvação da humanidade. A cruz de Cristo é o nosso êxodo, o ponto de libertação do cativeiro do pecado.

A morte de Jesus na cruz não foi um acidente trágico, mas o cumprimento de um plano eterno. Cristo veio ao mundo com a missão específica de morrer em nosso lugar. Ele não foi vítima das circunstâncias nem morreu como um mártir comum — sua morte foi voluntária e intencional. Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1:29), o Bom Pastor que dá a vida pelas ovelhas (João 10:11-18). Embora os judeus o tenham entregado por inveja, Judas o traído por dinheiro e Pilatos o condenado por covardia, acima de tudo, foi o próprio Jesus quem se entregou, de forma consciente e amorosa, em favor da humanidade.

No Calvário, ao perceber que sua missão estava concluída, Jesus declarou com autoridade: “Está consumado!” (João 19:30). Essa expressão não é um grito de derrota, mas uma proclamação gloriosa de vitória. A obra da redenção estava finalizada. O plano do Pai havia sido cumprido em sua totalidade. Na cruz, Jesus selou com seu sangue a nova aliança e abriu o caminho da salvação para todos os que nele creem.

3. O Sepultamento

38 Depois disso, José de Arimateia, que era discípulo de Jesus — ainda que em segredo, porque tinha medo dos judeus —, pediu a Pilatos permissão para tirar o corpo de Jesus. E Pilatos deu permissão. Então José de Arimateia foi e retirou o corpo de Jesus.39 E Nicodemos, aquele que anteriormente tinha ido falar com Jesus à noite, também foi, levando cerca de trinta e cinco quilos de um composto de mirra e aloés.40 Tomaram, pois, o corpo de Jesus e o envolveram em lençóis com os óleos aromáticos, como é costume entre os judeus na preparação para o sepultamento. 41 No lugar onde Jesus foi crucificado havia um jardim; neste jardim havia um túmulo novo, no qual ninguém ainda tinha sido colocado.42 Ali, por causa da preparação dos judeus e porque o túmulo ficava perto, colocaram o corpo de Jesus” (João 19:38-42).

Pela lei romana, os condenados à morte perdiam o direito à propriedade e até mesmo o direito de serem sepultados. Frequentemente, o corpo dos condenados de traição permanecia apodrecendo na cruz.

Todavia, após a morte de Jesus, dois discípulos até então discretos — José de Arimateia e Nicodemos — se destacam de forma surpreendente. José de Arimateia, que seguia Jesus em segredo por medo dos judeus, tomou coragem e pediu a Pilatos o corpo do Mestre (João 19:38). Pilatos atendeu ao pedido e permitiu que José o sepultasse. A escolha das palavras em grego utilizadas nessa narrativa revela muito: José usou soma (corpo), que expressa respeito e dignidade pela pessoa de Jesus; já Pilatos respondeu com ptoma (cadáver), evidenciando indiferença.

Naquele momento em que os discípulos mais próximos haviam se dispersado, José e Nicodemos assumem publicamente sua fé. Nicodemos, que antes se encontrara com Jesus às escondidas (João 3:1-15), agora comparece à luz do dia, levando cerca de 35 quilos de mirra e aloés — uma quantidade generosa, usada apenas nos sepultamentos mais honrosos (João 19:39). Juntos, esses dois homens envolveram o corpo de Jesus com os óleos aromáticos e lençóis, conforme o costume judaico (João 19:40).

O corpo de Jesus foi então colocado em um túmulo novo, cavado em rocha, pertencente a José de Arimateia, situado próximo ao local da crucificação (João 19:41,42). O fato de nenhum parente ou discípulo imediato ter reivindicado o corpo realça ainda mais a ousadia de José e Nicodemos. John Charles Ryle, citado por Hernandes Dias Lopes, observa que enquanto muitos honraram Jesus em vida, José o honrou na morte, quando Ele já estava frio e ensanguentado.

Esse sepultamento não apenas cumpriu as profecias messiânicas (Is.53:9), mas também confirmou a realidade da morte de Jesus. Sua ressurreição, no terceiro dia, seria a grande prova de Sua vitória sobre a morte e a sepultura.

Sinopse II – CRUCIFICAÇÃO, MORTE E SEPULTAMENTO DE JESUS

O Calvário representa o clímax da missão redentora de Cristo. Após ser entregue por Pilatos, Jesus percorreu o doloroso caminho até o Gólgota, onde foi crucificado entre dois criminosos, cumprindo as profecias messiânicas.

Sua morte na cruz não foi um acidente, mas o cumprimento do plano divino para a salvação da humanidade. Com a declaração “Está consumado”, Ele selou a vitória da redenção.

Por fim, seu sepultamento por José de Arimateia e Nicodemos confirmou a realidade de sua morte e a dignidade de seu corpo, sendo colocado em um túmulo novo, como predito nas Escrituras. A cruz, portanto, não apenas expôs a rejeição do mundo, mas também revelou o amor supremo de Deus.

III – A RESSURREIÇÃO DE JESUS 

1. O Túmulo Vazio

Passado o sábado, no começo do primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o túmulo.E eis que houve um grande terremoto; porque um anjo do Senhor desceu do céu e, aproximando-se, removeu a pedra e sentou sobre ela.O aspecto dele era como um relâmpago, e a sua roupa era branca como a neve.E os guardas, com medo do anjo, tremeram e ficaram como se estivessem mortos.Mas o anjo, dirigindo-se às mulheres, disse: 

— Não tenham medo! Sei que vocês procuram Jesus, que foi crucificado.Ele não está aqui; ressuscitou, como tinha dito. Venham ver onde ele jazia” (Mt.28:1-6).

A ressurreição de Jesus é o alicerce inabalável do cristianismo. Sem ela, a fé cristã seria inútil e a pregação do Evangelho, vazia. Como afirmou o apóstolo Paulo, Cristo morreu e ressuscitou “segundo as Escrituras” (1Co.15:3,4), revelando que sua morte não foi um acidente nem sua ressurreição um evento inesperado. Um Cristo derrotado pela morte não poderia salvar a si mesmo, muito menos à humanidade.

Ao longo da história, várias tentativas foram feitas para desacreditar a ressurreição. Alguns sugerem que Jesus apenas desmaiou na cruz e recuperou-se no túmulo. Outros, seguindo a narrativa dos líderes religiosos judeus, alegam que os discípulos roubaram seu corpo e inventaram a ressurreição. Há ainda quem afirme que as mulheres foram ao túmulo errado ou que os romanos transferiram o corpo para outro local.

Contudo, essas teorias se mostram frágeis diante da firmeza dos fatos e do testemunho bíblico. Como destaca D.A. Carson, o roubo de túmulos era crime tão comum que o imperador Cláudio instituiu a pena de morte para quem violasse sepulturas, o que mostra a seriedade do contexto. Ainda assim, nenhuma dessas acusações resistiu ao tempo nem à evidência do túmulo vazio.

A verdade prevalece: “Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem” (1Co.15:20). Sua ressurreição é a prova irrefutável da vitória sobre o pecado e a morte, garantindo aos que nele creem a esperança da vida eterna.

2. A Ressurreição como base da fé cristã

A ressurreição de Cristo é a coluna central da fé cristã. Sem ela, a mensagem do Evangelho perderia completamente o seu sentido e eficácia. O apóstolo Paulo, ao escrever aos coríntios, afirmou de forma contundente: “Ora, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a vossa fé” (1Co.15:14). Isso demonstra que a realidade da ressurreição é o que valida tanto a mensagem anunciada quanto a fé professada pelos cristãos.

Duas evidências destacam-se como fundamentos dessa fé. A primeira é a própria palavra de Jesus, que afirmou repetidas vezes ser necessário que Ele morresse e ressuscitasse dentre os mortos (João 20:9; cf. Mt.16:21). Sua ressurreição não foi um evento imprevisto, mas o cumprimento do plano divino anunciado por Ele com clareza.

A segunda evidência está ligada ao testemunho ocular de seus seguidores. Pedro e João, ao ouvirem sobre o túmulo vazio, correram até lá e constataram que o corpo de Jesus não estava mais ali (João 20:6,7). Embora ainda não compreendessem plenamente a Escritura sobre a ressurreição, os sinais começavam a apontar para a verdade que se revelaria de forma gloriosa.

Maria Madalena, por sua vez, tornou-se a primeira testemunha da ressurreição. Inicialmente, ao ver o túmulo vazio, chorou desconsolada. Mas ao olhar novamente, viu dois anjos que a confortaram com a notícia de que Jesus estava vivo (João 20:11-13). Em seguida, ela teve um encontro pessoal com o Cristo ressuscitado, ainda sem reconhecê-lo de imediato. Ao ouvir seu nome chamado por Jesus, seus olhos se abriram, e ela se tornou a primeira a anunciar a gloriosa notícia aos discípulos: “Vi o Senhor!” (João 20:18).

Esse testemunho de Maria, confirmado depois pelas aparições de Jesus aos demais discípulos (João 20:19), reforça que a ressurreição não é apenas uma doutrina, mas uma realidade vivida, que transforma tristeza em esperança e incredulidade em fé inabalável.

3. O Cristo Ressurreto quebra a incredulidade

Mesmo após ouvirem os testemunhos de Maria Madalena, de Pedro e João, alguns discípulos ainda estavam tomados pelo medo e pela incredulidade. Porém, no primeiro dia da semana, o próprio Jesus ressuscitado apareceu entre eles e os saudou com a expressão: “Paz seja convosco!” (João 20:19). Essa manifestação trouxe não apenas consolo, mas também a confirmação de que Ele realmente havia vencido a morte. Em outras ocasiões, o Senhor também Se revelou aos discípulos, como na margem do mar de Tiberíades, quando realizou o milagre da pesca abundante (João 21:1-11), reafirmando Seu poder e identidade gloriosa.

A ressurreição de Jesus é o fato que fundamenta a fé cristã. Sem ela, o cristianismo perderia totalmente seu significado, como afirmou o apóstolo Paulo: “...se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã a vossa fé” (1Co.15:14). Ela é o que distingue o Evangelho de toda e qualquer filosofia ou religião humana. Enquanto todos os grandes líderes religiosos morreram e seus túmulos permanecem ocupados, somente o de Jesus está vazio. Como declararam os anjos às mulheres: “Ele não está aqui, porque já ressuscitou” (Mt.28:6).

Nada, senão a ressurreição, poderia transformar discípulos abatidos e temerosos em testemunhas ousadas e cheias de alegria. A ressurreição é a prova de que o sacrifício de Cristo foi aceito por Deus, conforme Isaías profetizou (Is.53:10-12). Assim como a saída viva do sumo sacerdote do Santo dos Santos no Dia da Expiação confirmava o perdão divino ao povo (Lv.16:29-34), a ressurreição de Jesus confirma que nossa redenção foi plenamente consumada.

Além disso, ela é a certeza de nossa própria vitória sobre a morte: “Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo vivificará também o vosso corpo mortal” (Rm.8:11; cf. 2Co.4:14; Ef.2:6; 1Ts.4:14). É também a maior prova da eficácia do sacrifício de Cristo e o motivo de crermos n’Ele como nosso único e suficiente Salvador (1Pd.1:21).

A ressurreição de Cristo nos convida a morrer para o pecado e viver para Deus (Rm.6:4; 7:4; 2Co.5:15; Cl.2:12). Assim como Ele renunciou a tudo por amor ao Pai e foi exaltado, nós também devemos buscar agradar a Deus, sabendo que o mesmo destino glorioso nos espera.

Por fim, a ressurreição é a garantia segura de que Jesus voltará, como prometeu, para buscar a Sua Igreja e livrá-la da ira futura (1Co.15:51-57; 1Ts.1:10). Aquele que ressuscitou foi exaltado à mais alta posição (Fp.2:9), recebeu todo o poder no céu e na terra (Mt.28:18) e foi declarado como Filho de Deus e Senhor sobre todas as coisas (Rm.1:4). Glórias sejam dadas a Ele!

Sinopse III – A RESSURREIÇÃO DE JESUS

A ressurreição de Jesus é o fundamento essencial da fé cristã. Sem ela, o cristianismo não teria sentido, e nossa esperança seria vã.

A vitória de Cristo sobre a morte não foi um evento inesperado, mas o cumprimento das Escrituras. Sua ressurreição refutou todas as tentativas humanas de desacreditar o fato e provou que Ele é verdadeiramente o Filho de Deus.

A ressurreição é a base da nossa fé, pois confirma que o sacrifício de Cristo foi aceito por Deus, garante a nossa justificação e assegura a nossa esperança na vida eterna.

O Cristo ressurreto venceu a incredulidade dos discípulos, transformando tristeza em alegria e medo em ousadia. Ele apareceu a muitos, dando provas infalíveis de que está vivo, exaltado e revestido de toda autoridade. Essa verdade gloriosa nos chama a viver em santidade, a esperar a sua volta e a proclamar com confiança que Jesus vive e reina para sempre.

CONCLUSÃO

A ressurreição de Jesus é o clímax da obra redentora e o maior marco da fé cristã. Por meio dela, o julgamento injusto, a crucificação cruel e o sepultamento silencioso foram transformados em triunfo eterno. A morte não pôde detê-lo, e o túmulo não pôde contê-lo. Ele ressuscitou como havia prometido, validando suas palavras, confirmando sua missão e assegurando nossa salvação. Esse acontecimento glorioso não é apenas um ponto doutrinário, mas a base da nossa esperança presente e futura. Cremos que, assim como Cristo ressuscitou, também nós ressuscitaremos com Ele para a vida eterna. Portanto, devemos viver com fé firme, esperança renovada e compromisso constante com Aquele que venceu a morte e reina para sempre como Senhor dos vivos e dos mortos.

 

Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. CPAD.

Dicionário VINE.CPAD.

O Novo Dicionário da Bíblia. VIDA NOVA.

Wayne Grudem. Teologia Sistemática Atual e exaustiva.

Rev. Hernandes Dias Lopes. João, as glórias do Filho de Deus. Hagnos.

domingo, 8 de junho de 2025

A INTERCESSÃO DE JESUS PELOS DISCÍPULOS

         2° Trimestre de 2025

SUBSÍDIO PARA A LIÇÃO 11

Texto Base: João 17:1-3,11-17 

“E a vida eterna é esta: que conheçam a ti só por único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (João 17:3).

João 17:

1.Jesus falou essas coisas e, levantando os olhos ao céu, disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que também o teu Filho te glorifique a ti,

2.assim como lhe deste poder sobre toda carne, para que dê a vida eterna a todos quantos lhe deste.

3.E a vida eterna é esta: que conheçam a ti só por único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem enviaste.

11.E eu já não estou mais no mundo; mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós.

12.Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a Escritura se cumprisse.

13.Mas, agora, vou para ti e digo isto no mundo, para que tenham a minha alegria completa em si mesmos.

14.Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo.

15.Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal.

16.Não são do mundo, como eu do mundo não sou.

17.Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.

INTRODUÇÃO

A oração sacerdotal de Jesus registrada em João 17 é um dos momentos mais sublimes do Evangelho, revelando o profundo amor e compromisso de Cristo com os seus discípulos e com todos os que viriam a crer nele ao longo da história. Diferente das orações feitas em momentos anteriores, nesta passagem, Jesus não apenas intercede por seus seguidores, mas também declara a consumação de sua missão e reafirma sua comunhão eterna com o Pai.

Esta oração está estruturada em três partes essenciais: (1) Jesus ora por sua própria glorificação, destacando sua entrega sacrificial como parte do plano redentor; (2) intercede pelos discípulos, pedindo que sejam guardados do mal e santificados na verdade; e (3) clama por todos os futuros crentes, demonstrando sua visão abrangente e atemporal do Reino de Deus.

Ao estudarmos essa oração, compreendemos a profundidade do amor de Cristo, que nos inclui em seu propósito eterno e intercede continuamente por nós diante do Pai. Esse capítulo não apenas fortalece nossa fé, mas também nos desafia a viver em santidade, unidade e fidelidade à missão que Jesus nos confiou.

I – A ORAÇÃO DE JESUS E SUA GLORIFICAÇÃO 

1. A oração de Jesus (João 17:1-26)

A oração registrada em João 17 é a mais sublime das Escrituras, revelando o coração de Jesus em um momento crucial antes da cruz. Aqui, o Deus Filho conversa com o Deus Pai, permitindo-nos vislumbrar os mais profundos anseios de Cristo por sua missão e por seus discípulos.

F.F. Bruce destaca que “essa oração representa a consagração de Jesus ao sacrifício redentor, no qual Ele é tanto o sacerdote quanto a oferta. Ao mesmo tempo, é uma intercessão pelos discípulos e por todos os que viriam a crer por meio do testemunho deles”.

Warren Wiersbe observa que “a oração se divide em três partes: (1) Jesus ora por si mesmo, declarando ter concluído sua obra na Terra (João 17:1-5); (2) intercede pelos discípulos, pedindo ao Pai que os guarde e os santifique (João 17:6-19); e (3) clama por todos os futuros crentes, rogando pela unidade e pela participação na sua glória (João 17:20-26)”.

William McDonald, citando Marcus Rainsford, ressalta que “Jesus não menciona falhas ou quedas de seus discípulos, mas foca no propósito eterno do Pai para suas vidas. Sua oração não inclui pedidos por riquezas, status ou influência terrena, mas sim por bênçãos espirituais e celestiais: proteção contra o mal, santificação, capacitação para a missão e, por fim, a comunhão eterna com Ele. Isso nos ensina que a verdadeira prosperidade está na alma e na permanência na vontade de Deus”.

2. A oração de Jesus pela sua glorificação

“Jesus falou essas coisas e, levantando os olhos ao céu, disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que também o teu Filho te glorifique a ti” (João 17:1).

A súplica de Jesus por sua glorificação não era motivada por um desejo egoísta, mas por um propósito redentivo. Ele tinha plena consciência de sua missão e sabia que a cruz seria o ápice de sua obra salvífica. Ao afirmar: "É chegada a hora" (João 17:1), Jesus reconhece que o momento determinado pelo Pai havia chegado. Essa glorificação não se referia apenas à exaltação após sua ressurreição e ascensão, mas incluía também o sofrimento e a morte no Calvário, que revelariam plenamente a glória divina no plano da redenção.

A glorificação mencionada por Cristo está diretamente relacionada à revelação de quem Ele é: o Filho de Deus e o Salvador do mundo (João 17:3,4). A cruz, que à primeira vista poderia parecer um sinal de derrota, era na verdade o trono onde Cristo venceria o pecado, pisaria a cabeça da serpente (Gn.3:15) e despojaria os principados e potestades (Cl.2:15). Dessa forma, a cruz se torna o centro da glorificação do Filho, pois, por meio de seu sacrifício, o mundo conheceria o imenso amor de Deus e a vida eterna seria oferecida a todos os que cressem.

O ministério de Jesus nunca esteve sujeito ao acaso. Desde o seu nascimento até sua morte, tudo foi conduzido segundo o plano eterno de Deus. Ao longo de seu ministério, Jesus reiterou que sua "hora" ainda não havia chegado (João 2:4; 7:30; 8:20), mas agora Ele declara que o tempo determinado pelo Pai havia chegado. Ele não caminha para a cruz como um derrotado, mas como um Rei que segue para sua entronização por meio do sacrifício supremo. A oração de João 17 ocorre na mesma noite da angústia no Getsêmani e antecede diretamente os eventos da paixão, marcando a transição final para o cumprimento da redenção.

3. A mesma glória com o Pai

“e, agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo” (João 17:5).

Ao afirmar: "E, agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo" (João 17:5), Jesus declara sua pré-existência eterna e sua divindade. Essa súplica revela que a encarnação não foi o início da existência de Cristo, mas um momento em que Ele temporariamente deixou sua glória celestial para cumprir o plano redentor. Como o Verbo eterno, Ele compartilhava a glória com o Pai antes da criação do mundo (João 1:1,2), mas ao assumir a natureza humana, esvaziou-se voluntariamente, renunciando às prerrogativas divinas e se humilhando até a condição de servo (Fp.2:6-8).

Agora, prestes a completar sua missão na Terra, Jesus pede ao Pai para reassumir a glória que sempre lhe pertenceu desde a eternidade. A cruz, que à primeira vista parece um caminho de humilhação, na verdade marca o retorno de Cristo à sua posição glorificada. Ele voltaria ao céu não apenas como o Verbo eterno, mas também como o Redentor vitorioso, exaltado sobre todas as coisas e recebendo um nome acima de todo nome (Fp.2:9-11).

Entretanto, a oração de Cristo não se restringe à sua glorificação pessoal. Em João 17:24, Ele expressa o desejo de que sua Igreja contemple e participe dessa mesma glória. Os salvos não apenas habitarão no céu, mas reinarão com Cristo e desfrutarão da comunhão eterna com Ele (1João 3:2; Ap.22:3-5). Essa promessa aponta para o destino final dos crentes: não somente a salvação, mas a glorificação plena, onde seremos transformados à imagem do Filho e viveremos em sua presença gloriosa por toda a eternidade. Essa é a esperança suprema da Igreja, a consumação do propósito divino em trazer muitos filhos à Sua glória (Hb.2:10).

Sinopse I – A ORAÇÃO DE JESUS E SUA GLORIFICAÇÃO

-No capítulo 17 de João, encontramos a mais sublime oração registrada nas Escrituras, onde Jesus intercede por si mesmo, por seus discípulos e por todos os que viriam a crer. Ele inicia sua oração pedindo ao Pai que o glorifique, não como um ato egoísta, mas como a consumação de sua missão redentora. A glorificação de Cristo se daria por meio da cruz, onde Ele manifestaria plenamente o amor e a justiça de Deus, trazendo salvação à humanidade.

-Ao falar de sua glorificação, Jesus destaca que essa não era uma conquista terrena, mas o retorno à glória eterna que Ele já possuía antes da criação do mundo. Durante sua encarnação, Ele velou sua majestade, assumindo a forma de servo, mas agora pede para reassumir sua posição celestial. Além disso, Ele anseia que sua Igreja também contemple essa glória e participe dela, reinando com Ele por toda a eternidade.

-Essa oração revela não apenas o profundo relacionamento entre o Pai e o Filho, mas também o propósito eterno de Deus: glorificar Cristo por meio da redenção e conceder aos crentes a esperança da glorificação futura, onde viverão em perfeita comunhão com Ele.

II – A ORAÇÃO DE JESUS PELOS DISCÍPULOS 

1. Intercessão pela proteção dos discípulos

“Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste; eram teus, e tu mos deste, e guardaram a tua palavra” (João 17:6).

Na oração sacerdotal de João 17, Jesus intercede diretamente ao Pai em favor dos seus discípulos, reconhecendo que eles pertencem primeiramente a Deus e foram entregues a Ele para serem ensinados e preparados para a missão. A afirmação “Manifestei,0 o teu nome aos homens que do mundo me deste” (João 17:6) demonstra que Jesus revelou plenamente o caráter e a vontade do Pai aos seus seguidores, tornando-os conhecedores da verdade e guardiões da Palavra de Deus.

A expressão “homens que do mundo me deste” enfatiza a soberania divina na eleição e no chamado dos discípulos. Eles não vieram por vontade própria, mas foram escolhidos pelo Pai e entregues ao Filho para serem moldados à imagem de Cristo. Essa realidade também reflete a doutrina da graça, pois a salvação não é iniciativa do homem, mas uma dádiva divina.

Sete vezes Jesus afirmou que os discípulos lhe foram dados pelo Pai. Não apenas Jesus é o presente de Deus para a igreja, a igreja é o presente do Pai para Jesus. Não fomos nós que encontramos Deus; foi ele que nos encontrou. Não fomos nós que incialmente amamos a Deus; foi ele que nos amou primeiro. Não fomos nós que escolhemos Deus; foi ele que nos escolheu. Não fomos nós que chegamos a Cristo; foi o Pai que nos levou a ele. A segurança da nossa salvação não está fundamentada no nosso caráter, mas no caráter de Deus e na obra perfeita de Cristo. É ele quem nos guarda. É ele quem nos livra. É ele quem nos salva, nos conduz e nos leva para o céu. Jesus deixou claro que aqueles que o Pai lhe dá, esses é que vêm a ele, e aquele que vêm a ele, de maneira alguma os lançará fora (João 6:37-40).

Ao longo de aproximadamente três anos e meio, Jesus investiu espiritualmente nesses discípulos, e agora, prestes a completar sua obra, intercede para que sejam protegidos e sustentados na verdade. A segurança da salvação e a perseverança dos discípulos não dependem do esforço humano, mas da fidelidade de Deus. É Ele quem guarda os seus, livrando-os do mal e conduzindo-os até a consumação da redenção.

Essa intercessão não se limitava aos apóstolos, mas abrange todos os que viriam a crer por meio da mensagem do Evangelho. Assim, a oração de Jesus é uma demonstração de seu amor e cuidado por sua Igreja, garantindo que aqueles que pertencem a Deus sejam preservados na fé e na missão para a qual foram chamados.

2. Os discípulos receberam a Palavra

“...e guardaram a tua palavra” (João 17:6).

Ao declarar que os discípulos “guardaram a tua palavra” (João 17:6), Jesus evidencia a resposta fiel daqueles que receberam sua mensagem e a assimilaram em suas vidas. A aceitação e a obediência à Palavra de Deus são marcas do verdadeiro discípulo, pois não basta apenas ouvir a mensagem do Evangelho, é necessário vivê-la e testemunhá-la com integridade e compromisso.

Jesus enfatiza que a Palavra de Deus é um presente divino concedido à humanidade. Ele não apenas proclamou a Palavra (João 17:8), mas também a entregou como um legado permanente (João 17:14). Essa Palavra, que é a própria verdade (João 17:17), tem o poder de santificar, separar os crentes para Deus e moldá-los conforme a vontade divina. Assim, o crescimento espiritual do cristão está intrinsecamente ligado ao conhecimento e à aplicação das Escrituras. Sem essa base, não há maturidade na fé.

A Palavra de Deus também desempenha um papel fundamental na luta contra o mundo e suas influências. Ela fortalece os crentes com alegria genuína (João 17:3), que, segundo Neemias 8:10, é a fonte da verdadeira força espiritual. Além disso, a Palavra assegura ao cristão o amor de Deus, mesmo em meio ao ódio do mundo (João 17:14), e concede poder para viver uma vida de santidade (João 17:17).

O impacto da Palavra de Deus não se limita à edificação pessoal; ela é também o meio pelo qual Deus chama as pessoas à salvação (João 17:20). A Igreja não é a criadora da mensagem, mas a proclamadora. Não é a eloquência humana ou os métodos modernos que convertem as almas, mas sim o poder transformador da Palavra. No entanto, vivemos em uma geração que, apesar do acesso a recursos digitais e informação abundante, muitas vezes carece do conhecimento profundo das Escrituras. Isso ressalta a necessidade urgente de resgatar o compromisso com a leitura, o estudo e a prática da Palavra de Deus para que a Igreja permaneça firme em sua missão e imune às influências destrutivas do mundo.

3. Protegidos do mundo

“Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo” (João 17:14).

Ao orar pelos seus discípulos, Jesus expressa sua profunda preocupação com a hostilidade do mundo contra eles. O Senhor já havia alertado que o mundo os odiaria porque não pertenciam mais a ele (João 17:14). Esse "mundo" não se refere apenas à criação física, mas ao sistema de valores e princípios espirituais dominados por Satanás, que se opõem radicalmente a Deus e ao Seu Reino (Efésios 2:2). Como discípulos de Cristo, somos chamados a viver no mundo sem sermos moldados por ele, o que torna essencial a proteção divina.

Jesus fez dois pedidos fundamentais em favor dos discípulos:

a) Que eles fossem guardados do mundo (Joao 17:14). Jesus pede ao Pai que guarde os discípulos do mundo, pois sua missão não seria removê-los da sociedade, mas protegê-los da influência corruptora do sistema mundano (João 17:14,15). O mundo, sob o governo do "príncipe deste século" (João 12:31; 14:30; 16:11), rejeita a verdade de Deus e busca seduzir os crentes com suas ideologias, prazeres e filosofias. A história de Demas, que amou o mundo e abandonou a fé (2Tm.4:10), serve como um alerta de que a atração pelo mundo pode afastar os crentes do propósito de Deus.

No entanto, a segurança do discípulo não está em sua própria força, mas no poder de Deus. Jesus sabia que seus seguidores enfrentariam tentações, perseguições e pressões culturais para abandonar a fé. Por isso, sua oração é um lembrete de que a única maneira de resistir ao mundo é permanecer na dependência do Pai e enraizado em Sua Palavra.

b) Que eles fossem guardados do mal (João 17:15). Além de pedir proteção contra o mundo, Jesus roga para que seus discípulos sejam guardados do "mal" (João 17:15). A palavra "mal", usada aqui, pode ser traduzida mais precisamente como "maligno", referindo-se ao próprio Satanás, que é descrito como aquele que cega o entendimento dos incrédulos (2Co.4:4), engana e trama ciladas contra os santos (Ef.6:11).

O apóstolo Pedro adverte que o diabo age como um leão voraz, buscando a quem possa devorar (1Pedro 5:8). Satanás não apenas influencia o mundo, mas ataca diretamente os discípulos de Cristo, tentando levá-los ao pecado e à apostasia. Judas Iscariotes foi um trágico exemplo de alguém que se rendeu à influência maligna (João 13:27).

Todavia, a oração de Jesus assegura que aqueles que pertencem a Ele não estão sozinhos na batalha. Ele intercede continuamente pelos crentes junto ao Pai (Rm.8:34), e sua intercessão é eficaz para garantir a segurança e a perseverança dos santos (Hb.7:25). A vitória sobre o maligno não vem da força humana, mas da dependência em Cristo, do uso da armadura espiritual (Ef.6:10-18) e da confiança na proteção divina.

Enfim, a oração de Jesus revela que os discípulos não seriam poupados das dificuldades do mundo, mas seriam sustentados pela graça e pelo poder de Deus. Sua segurança não estava na ausência de aflições, mas na certeza de que o Pai os guardaria. O mesmo princípio se aplica à Igreja hoje: vivemos em um mundo hostil à fé cristã e enfrentamos constantes ataques espirituais, mas temos a promessa da intercessão contínua de Cristo. Ele nos preserva, nos fortalece e nos conduz à vitória final, garantindo que nenhum dos seus se perderá.

Sinopse II – A ORAÇÃO DE JESUS PELOS DISCÍPULOS

Na oração sacerdotal, Jesus intercede de maneira especial pelos seus discípulos, demonstrando seu profundo amor e cuidado por aqueles que dariam continuidade à sua missão na Terra. Ele faz três súplicas fundamentais ao Pai: proteção, santificação e preservação dos discípulos diante do mundo e do maligno.

1. Intercessão pela proteção dos discípulos

Jesus reconhece que seus discípulos pertencem ao Pai e que foram confiados a Ele para serem preparados e capacitados para a obra do Reino (João 17:6). Ele enfatiza que a segurança da salvação não está no mérito humano, mas na fidelidade de Deus. Assim, Cristo intercede para que seus seguidores sejam guardados e fortalecidos, pois enfrentarão desafios e perseguições ao proclamar o Evangelho.

2. Os discípulos receberam a Palavra

O Senhor ressalta que seus discípulos aceitaram e guardaram a Palavra de Deus (João 17:6,8,14). A Palavra é um dom divino, instrumento de santificação e fonte de força para resistir às adversidades. Jesus ensina que o conhecimento e a obediência às Escrituras são essenciais para o crescimento espiritual e para o testemunho cristão. Ele também alerta sobre o perigo do afastamento da Palavra, o que pode levar ao enfraquecimento da fé.

3. Protegidos do mundo

Jesus pede ao Pai que proteja seus discípulos do mundo e do maligno (João 17:14,15). O “mundo”, aqui, representa um sistema contrário a Deus, governado por Satanás (Efésios 2:2). Assim como Cristo não pertence ao mundo, seus discípulos também não. No entanto, eles não seriam retirados do mundo, mas preservados de sua influência corruptora. Além disso, Jesus roga para que sejam guardados do maligno, pois o diabo é um inimigo real que busca afastá-los da fé.

Essa intercessão se estende também à Igreja, que hoje enfrenta desafios semelhantes. A promessa da proteção divina e a segurança da intercessão de Cristo nos asseguram que, apesar das tribulações, Ele nos preservará até o fim.

III – A ORAÇÃO DE JESUS PELOS QUE VIRIAM A CRER 

1. Oração pela unidade da Igreja (João 17:21-26)

“para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu, em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um. Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim e que tens amado a eles como me tens amado a mim” (João 17:21-23).

Na terceira parte de sua oração sacerdotal, Jesus intercede pela unidade dos seus discípulos e, por extensão, de toda a Igreja. No entanto, essa unidade não se trata de uma uniformidade organizacional ou denominacional, tampouco de um ecumenismo que relativiza a verdade. A verdadeira unidade pela qual Cristo orou é espiritual, baseada na comunhão com Deus e na fidelidade à Sua Palavra (Ef.4:1-6).

Jesus deseja que seus seguidores sejam um, assim como Ele e o Pai são um. Essa unidade não é um mero acordo superficial, mas uma conexão profunda enraizada no amor e na verdade divina. A fragmentação do Corpo de Cristo, caracterizada por divisões, contendas e desavenças, enfraquece a missão da Igreja e gera escândalos diante do mundo. Como bem se afirma: "As igrejas que competem entre si não podem evangelizar o mundo".

A verdadeira unidade não significa ausência de diversidade, mas sim um propósito comum: glorificar a Deus e proclamar o Evangelho. A Igreja deve estar unida contra o mundo e sua oposição à verdade, permanecendo firme na doutrina e no amor fraternal. Assim, o testemunho da unidade cristã se torna um poderoso argumento para que o mundo creia que Jesus é o enviado do Pai (João 17:21-23).

Cristo nos ensina que a unidade da Igreja deve refletir a harmonia celestial. Quando há amor genuíno entre os irmãos, o nome de Deus é exaltado e o Evangelho é proclamado com poder. Dessa forma, a oração de Jesus nos desafia a buscar uma comunhão verdadeira, rejeitando divisões desnecessárias e mantendo-nos firmes na verdade que nos une em Cristo.

2. Propósito da unidade

A unidade espiritual da Igreja tem um propósito claro e essencial: testemunhar ao mundo que Jesus Cristo é o Enviado de Deus Pai (João 17:21). Essa unidade não é um fim em si mesma, mas um meio pelo qual a glória de Cristo é manifestada na terra, demonstrando a autenticidade do Evangelho e a transformação que ele opera na vida dos crentes.

A unidade espiritual dos salvos se expressa de diversas formas:

a)   União como membros do Corpo de Cristo (1Co.12:12). Todos os salvos fazem parte do mesmo Corpo espiritual, onde Cristo é a cabeça. Assim como um corpo físico depende da harmonia entre seus membros para funcionar adequadamente, a Igreja deve operar em cooperação, evitando divisões que enfraquecem seu testemunho.

b)   União promovida pelo crescimento no conhecimento de Cristo (2Pd.3:18). A maturidade espiritual é um fator essencial para a unidade cristã. O conhecimento progressivo de Cristo gera humildade, paciência e amor entre os irmãos, reduzindo conflitos e fortalecendo a comunhão. Quanto mais nos aproximamos de Cristo, mais nos aproximamos uns dos outros.

c)   União evidenciada pelo Fruto do Espírito (Gl.5:22,23). A presença do Espírito Santo na vida do crente gera frutos como amor, paz, paciência e domínio próprio. Esses atributos são fundamentais para a manutenção da unidade, pois promovem relacionamentos saudáveis e afastam contendas, invejas e divisões que são obras da carne (Gl.5:19-21).

d)   União manifestada na glória dos filhos de Deus (João 17:22). Jesus declarou que concedeu aos seus seguidores a mesma glória que recebeu do Pai. Essa glória se manifesta na identidade dos crentes como filhos de Deus e na posse da vida eterna. A unidade final e perfeita será plenamente revelada na glória celestial, quando todos os salvos estiverem juntos na presença de Deus, reinando com Cristo por toda a eternidade.

Portanto, a unidade espiritual da Igreja não é apenas um ideal a ser buscado, mas uma realidade que deve ser vivida e demonstrada diariamente. Quando a Igreja caminha em unidade, o mundo pode ver a verdade do Evangelho refletida no amor, na comunhão e na transformação operada por Deus em seu povo.

3. Oração por encorajamento à unidade (João 17:21,22)

Em sua oração sacerdotal, Jesus roga ao Pai para que seus discípulos sejam encorajados a permanecer unidos a Ele. A fé em Cristo como o único e suficiente Salvador é a base essencial dessa unidade, e o testemunho cristão no mundo depende dessa realidade.

O mundo perdido não pode ver Deus diretamente, mas pode observar a vida dos cristãos. Se os descrentes enxergam amor e harmonia na Igreja, isso confirma a mensagem de que Deus é amor. No entanto, se veem ódio e divisão, a mensagem do Evangelho perde credibilidade. A unidade da Igreja é a mais poderosa defesa da fé cristã; o amor entre os crentes é a prova definitiva do discipulado, conforme Jesus ensinou: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (João 13:35).

A desunião entre os crentes enfraquece o testemunho da Igreja. Uma comunidade dividida não tem autoridade para pregar arrependimento ao mundo quando está em constante conflito interno. Em vez de serem testemunhas fiéis, muitos cristãos assumem o papel de acusadores e juízes, afastando os pecadores da graça de Deus.

Jesus falou sobre três níveis de amor: o amor ao próximo, o amor sacrificial e o amor trinitário. É este último, o amor perfeito que flui entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo, que Ele deseja ver entre os crentes. Uma ilustração prática pode esclarecer essa verdade: batatas colhidas de um mesmo pé podem estar juntas em um saco ou na prateleira de um supermercado, mas ainda são distintas. Apenas quando são cozidas e transformadas em purê, tornam-se uma unidade inseparável. Assim também deve ser a unidade na Igreja: não apenas uma proximidade superficial, mas uma fusão genuína em amor e propósito.

Sem essa unidade fundamentada na fé e no amor, o testemunho cristão perde sua força e credibilidade. Quando a Igreja permanece unida, ela brilha como um farol no mundo, apontando para Cristo e evidenciando o poder transformador do Evangelho.

4. Oração para que os discípulos vejam sua glória e estejam no céu com Ele (João 17:24-26)

“Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que me deste; porque tu me hás amado antes da criação do mundo. Pai justo, o mundo não te conheceu; mas eu te conheci, e estes conheceram que tu me enviaste a mim. E eu lhes fiz conhecer o teu nome e lho farei conhecer mais, para que o amor com que me tens amado esteja neles, e eu neles esteja”.

A oração de Jesus atinge seu ápice quando Ele intercede pela glorificação futura da Igreja, rogando ao Pai que seus discípulos estejam com Ele no céu e contemplem Sua glória. Esse anseio celestial ressalta a comunhão eterna que teremos com Cristo, trazendo uma profunda reflexão: se estaremos juntos na eternidade, como podemos alegar que não conseguimos conviver em harmonia aqui na Terra? Desde já, devemos aprender a viver como família de Deus.

Essa parte da oração transborda doçura e consolo inefáveis. Atualmente, não vemos Cristo com nossos olhos físicos; conhecemos Sua história pelas Escrituras, ouvimos Seu nome, cremos n'Ele e depositamos nossa esperança em Sua obra consumada. Contudo, ainda caminhamos pela fé, e não pela visão. Mas essa realidade mudará quando estivermos na glória.

Na eternidade, veremos Cristo face a face e O contemplaremos em toda Sua majestade. Conheceremos a plenitude de Sua glória e seremos transformados para sermos semelhantes a Ele. Como afirmou Paulo: "E assim estaremos para sempre com o Senhor" (1Ts.4:17). Essa promessa não apenas fortalece nossa fé, mas também nos exorta a consolar uns aos outros com essa bendita esperança (1Ts.4:18).

Se hoje já experimentamos alegria indizível ao andar pela fé, quanto maior será nossa felicidade quando estivermos glorificados, em comunhão perfeita com Cristo e com a grande assembleia dos santos! Essa certeza nos impulsiona a viver com expectativa, nutrindo a unidade e o amor que refletirão a glória de Deus já nesta vida.

Sinopse III – A ORAÇÃO DE JESUS PELOS QUE VIRIAM A CRER

No ápice de Sua oração sacerdotal, Jesus intercede não apenas pelos discípulos presentes, mas por todos aqueles que, ao longo dos séculos, viriam a crer n'Ele através da pregação do Evangelho (João 17:20). Essa intercessão revela Sua preocupação com a unidade, a missão e o destino eterno de Sua Igreja.

  1. A oração pela unidade da Igreja (João 17:21-23). Jesus suplica ao Pai que Seus seguidores sejam um, assim como Ele e o Pai são um. Essa unidade não é meramente organizacional, mas espiritual, baseada na verdade e no amor. A verdadeira comunhão entre os crentes deve refletir a própria comunhão divina e servir de testemunho para que o mundo creia na missão redentora de Cristo.
  2. Propósito da unidade (João 17:21). A unidade da Igreja tem um propósito evangelístico: demonstrar ao mundo a veracidade do envio de Cristo. Essa unidade se manifesta na identidade dos salvos como membros do Corpo de Cristo (1Co.12:12), no crescimento espiritual pelo conhecimento de Cristo (2Pd.3:18), na manifestação do Fruto do Espírito (Gl.5:22,23) e na glória eterna dos redimidos (João 17:22).
  3. Oração por encorajamento à unidade (João 17:21,22). Jesus deseja que Seus discípulos sejam motivados a permanecer unidos, pois a fé n'Ele é o alicerce dessa unidade. A igreja dividida perde credibilidade diante do mundo, enquanto a verdadeira comunhão e o amor cristão são provas inegáveis do Evangelho. A unidade é a última apologética da Igreja, pois, sem ela, o testemunho cristão perde sua força e impacto.
  4. Oração para que os discípulos vejam Sua Glória e estejam no Céu com Ele (João 17:24-26). No clímax de Sua oração, Jesus pede ao Pai que os crentes desfrutem da glória eterna ao Seu lado. Embora hoje andemos pela fé, um dia veremos Cristo face a face, experimentando plena comunhão com Ele. Essa esperança futura deve nos fortalecer e nos consolar (1Ts.4:17,18), encorajando-nos a viver em unidade e santidade, antecipando a gloriosa reunião dos santos na eternidade.

Essa oração de Jesus nos convida a viver desde já como cidadãos do céu, manifestando a unidade, o amor e a santidade que testemunham ao mundo a verdade do Evangelho e a glória do nosso Redentor.

CONCLUSÃO

A oração sacerdotal de Jesus em João 17 revela Seu profundo amor e cuidado pelos discípulos e por todos os que viriam a crer n'Ele. Ele intercede pela preservação espiritual dos Seus seguidores, pedindo que sejam guardados do mal e do sistema mundano que se opõe a Deus. Além disso, roga ao Pai que os santifique na verdade, capacitando-os para a missão de proclamar o Evangelho.

A unidade dos crentes também é um ponto central de Sua súplica. Jesus deseja que Seus discípulos vivam em perfeita harmonia, refletindo a comunhão entre o Pai e o Filho, para que o mundo creia na veracidade do Evangelho. Essa unidade não se baseia em uniformidade organizacional, mas na verdade e no amor que unem os membros do Corpo de Cristo.

Por fim, o Senhor intercede para que todos os crentes compartilhem da glória eterna com Ele, reforçando a esperança de que, um dia, estaremos na presença d’Ele, desfrutando da plenitude da comunhão celestial. A intercessão de Jesus assegura nossa segurança espiritual, fortalece nossa fé e nos motiva a viver em santidade, amor e unidade, como legítimos representantes do Reino de Deus na terra.

 

Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. CPAD.

Dicionário VINE.CPAD.

O Novo Dicionário da Bíblia. VIDA NOVA.

Wayne Grudem. Teologia Sistemática Atual e exaustiva.

Rev. Hernandes Dias Lopes. João, as glórias do Filho de Deus. Hagnos.