domingo, 26 de julho de 2015

Aula 05 - APOSTASIA, FIDELIDADE E DILIGÊNCIA NO MINISTÉRIO


3º Trimestre/2015

 

Texto BASE: 1Timóteo 4:1,2,5-8;12,16

 
“Mas o Espírito expressamente diz que, nos últimos tempos, apostatarão alguns da fé dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios” (1Tm 4:1).

 
INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos das advertências do apóstolo Paulo a Timóteo acerca do perigo das falsas doutrinas e acerca do caráter e a obra do ministro num contexto de deletéria influência dos falsos mestres. Três pontos serão destacados: o perigo das falsas doutrinas, a fidelidade dos ministros e a diligência no ministério.

Quando Nosso Senhor Jesus Cristo estava com seus discípulos, em seu ministério terreno, falou-lhes acerca dos últimos tempos, ou do fim dos tempos, em que uma das características marcantes seria a falsidade, o engano, a mentira e a mistificação. Jesus sabia que sua igreja sofreria os ataques dos falsos mestres, ou falsos profetas, que apareceriam, vindos de fora, ou mesmo surgindo no seio da comunidade cristã. Naturalmente, Paulo tinha bastante ciência destas advertências de Jesus quanto aos "últimos tempos". Em sua carta a Timóteo, ele expressou sua preocupação com os falsos ensinadores, heréticos e astutos, na busca pelo domínio da mente dos que estavam na igreja em Éfeso. Era uma antevisão do que a Igreja está vivendo nos dias presentes, dias que antecedem a volta de Cristo.

I. A APOSTASIA DOS HOMENS

1. A apostasia.Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé”(1Tm 4:1a). O mesmo Espírito que havia inspirado Paulo a alertar os presbíteros de Éfeso acerca da chegada dos falsos mestres (At 20:29,30), agora leva Paulo a alertar Timóteo, pastor da igreja de Éfeso, de que esse tempo chegaria e o resultado seria a apostasia de alguns.

Apostasia deriva-se da expressão grega “apostásis”, que significa afastamento. Para o cristão, apostasia significa abandonar a fé cristã de forma consciente e premeditada. Então, para que haja apostasia é necessário que a pessoa tenha experimentado o novo nascimento, ou seja, que tenha certeza de sua salvação e aí, de forma consciente e deliberada, abandona a fé e passa a negar toda verdade por ela experimentada. É diferente daquela pessoa que vem para a Igreja, ou já nasce na Igreja, torna-se membro, porém, sem passar pela experiência da conversão e pelo fato da ausência de uma genuína doutrina bíblica em sua vida, e sem nenhuma experiência real de fé, vai para outra denominação, batiza-se novamente. Em casos como estes não se pode falar em apostasia; essa pessoa não tem qualquer noção do erro que está cometendo. O que ela precisa, na verdade, é de uma verdadeira conversão, ou de uma experiência real com Cristo.

Ninguém pode abandonar aquilo que nunca teve. Para que haja apostasia é necessário o abandono consciente e premeditado da fé. Crente salvo pode cometer apostasia; crente não salvo, não pode, pois ele não pode abandonar o que nunca teve.

No Antigo Testamento a apostasia era considerada adultério espiritual. Israel era chamado de “esposa de Jeová”. Sempre que Israel seguia a outros deuses, ou se curvava diante de ídolos, era acusado de apostasia. Esta foi, inclusive, a causa principal do cativeiro babilônico.

Diferença entre o apóstata, o crente desviado e o crente caído. Não fazemos diferença entre desviar-se e afastar-se da Igreja. Todavia, desviar-se não é a mesma coisa de uma queda acidental. Acidentalmente, num momento de descuido, de falta de vigilância, o crente pode pecar, cair. Isto não significa estar desviado. O que caiu pode seguir o conselho de João e levantar-se – “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo para que não pequeis; e se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo...Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”(1João 2:1 e 1:9). Aconteceu com Davi. Num momento de descuido, de falta de vigilância, ele pecou, porém, não foi necessário desviar-se, afastar-se, ou ser afastado do Trono. Davi reconheceu o seu pecado, confessando-o diante de Deus (Sl 51); foi perdoado e continuou sendo um homem de Deus (cf. 2Sm 11 e 12). Davi caiu, porém, não se desviou. Contudo, é possível começar a afastar-se, ou desviar-se logo após uma queda acidental, ou seja, após ter cometido um pecado, que precisa ser confessado e ele não quer confessar. Pode, ainda, afastar-se devido a uma tristeza, ou uma decepção. Todavia, isto nada tem a ver com a apostasia.

Pecar, por um momento de descuido, afastar-se da Igreja, ou desviar-se, quer seja porque tenha pecado, quer seja por ter sofrido uma decepção, quer seja por ter perdido o ânimo, por falta de oração, de alimento espiritual, nada tem a ver com o pecado imperdoável ou com apostasia.

O desviado pode, e deve voltar, mas para o apóstata não há retorno. Aconteceu com o rei Saul, com Judas Iscariotes, com Israel e com muitos outros. Pode, também, acontecer conosco. Muitos mestres torcem as Escrituras e vendem a alma ao Diabo, tentam introduzir o mundo na Igreja, sob a alegação de que esta não pode viver alheia à modernização – é a doutrina de Balaão. Tenhamos cuidado! A doutrina de Balaão continua a fazer estragos! Ela quer comprometer a Igreja, impregnando-a com a cultura e com os costumes do mundo (Rm 12:1).

2. Espíritos enganadores (1Tm 4:1). ”... dando ouvidos a espíritos enganadores...”. “Espíritos enganadores” é uma expressão usada em linguagem figurada para descrever os falsos mestres, tomados por maus espíritos, que enganam os menos cautelosos. Quem está por trás das heresias são os espíritos enganadores, os próprios demônios. O apóstolo Paulo sabia que se a igreja deixasse de verificar os seus ensinamentos correria sérios riscos à sua saúde espiritual. Os falsos mestres iriam distorcer com facilidade a verdade cristã. Esse perigo crítico viria de dentro da igreja. Os falsos ensinadores eram e ainda são uma ameaça à igreja. Os falsos mestres que promovem a apostasia engrossam as fileiras das seitas, e muitos estão infiltrados nas igrejas, lecionando nas cátedras dos seminários e subindo aos púlpitos para destilar seu veneno letal.

3. Doutrinas de demônios (1Tm 4:1b). “...dando ouvidos ... a doutrinas de demônios”. Doutrinas de demônios não significam ensinamentos sobre demônios, mas doutrinas inspiradas por demônios, ou que tem sua fonte no mundo demoníaco. Os falsos mestres são inspirados por demônios, assim como os apóstolos eram inspirados pelo Espírito de Deus. Satanás tem seus próprios ministros e suas próprias doutrinas. As Escrituras descrevem o diabo não apenas como tentador, atraindo pessoas para o pecado, mas também como enganador, seduzindo as pessoas para o erro. Os falsos mestres são escravizadores dos homens e difamadores de Deus. Eles proíbem o que Deus ordena e escravizam pessoas, impondo a elas restrições que Deus nunca fez. Sem dúvida, os falsos mestres eram e continuam sendo uma ameaça para a igreja de Cristo. O líder precisa estar atendo e alertar suas ovelhas quanto às falsas doutrinas pregadas pelos falsos pregadores na atualidade.

II. A FIDELIDADE DOS MINISTROS

1. O bom ministro (1Tm 4:6a).Propondo estas coisas aos irmãos, serás bom ministro de Jesus Cristo...”. Aqui, Paulo adverte a Timóteo sobre o dever de dar instruções aos cristãos da igreja de Éfeso acerca das coisas mencionados em 1Tm 4:1-5, agindo como um “bom ministro de Cristo”. A palavra “ministro”, usada por Paulo aqui, é diakonos, aquele que serve os convidados à mesa como um garçom. Somos mordomos de Deus, e o alimento que servimos a seu povo é a Palavra.

O bom ministro é aquele que serve a igreja, exortando, ensinando e discipulando as ovelhas do Senhor. O pastor precisa advertir o povo de Deus do perigo das falsas doutrinas e da apostasia religiosa. Hoje muitos pastores não gostam de combater as heresias. Outros não têm apreço pelo estudo das doutrinas da graça. Alguns dizem que a doutrina divide e que só deveríamos falar sobre aquilo que nos une. Mas o pastor precisa alertar a igreja sobre o perigo das heresias e sobre a influência perigosa dos falsos mestres. Expondo e alertando os irmãos sobre esses perigos é que ele se torna um bom ministro de Cristo. O bom ministro zela pela vida espiritual do rebanho do Senhor.

O bom ministro se alimenta da Palavra, depois alimenta o rebanho com a Palavra -“...alimentado com a palavra da fé e da boa doutrina que tens seguido” (1Tm 4:6b). Segundo o rev. Hernandes Dias Lopes, primeiro o pastor é um estudante que aprende a Palavra, depois é um mestre que ensina a Palavra. Primeiro ele se debruça sobre os livros, depois se levanta diante da congregação para ensinar. Só ensina bem quem aprende bem. Não podemos combater a heresia se não estivermos calçados com a sã doutrina. Não podemos combater o erro se não estivermos comprometidos com a verdade. Não podemos enfrentar as falsas doutrinas se não permanecermos na sã doutrina. Cabe ao ministro do evangelho combater a mentira e promover a verdade; denunciar as heresias e anunciar o evangelho; desmascarar as falsas doutrinas e colocar em relevo a sã doutrina.

2. Rejeitando as fábulas profanas (1Tm 4:7).Mas rejeita as fábulas profanas e de velhas e exercita-te a ti mesmo em piedade”. Segundo Hernandes Dias Lopes, “fábulas” aqui provavelmente corresponde a histórias míticas que foram forjadas sobre fatos do Antigo Testamento, mormente as genealogias, mais tarde transformadas em intricados sistemas filosóficos gnósticos. Os falsos mestres gostam de introduzir novidades estranhas às Escrituras em seus ensinos. Eles se apartam da verdade e preenchem esse espaço com esquisitices como fábulas profanas alimentadas por pessoas ensandecidas. Essas tradições apóstatas estão em oposição às Escrituras e as contradizem. Essa mesma advertência é feita a Tito (Tt 1:14) e repetida a Timóteo (1Tm 1:4; 2Tm 4:4).

O apostolo Paulo aconselha Timóteo a rejeitar as fábulas profanas e de velhas. Ele não deve combatê-las nem perder muito tempo com elas. Ao contrário, deve trata-las com desdém e desprezo. Timóteo é aconselhado a se exercitar na piedade, em vez de desperdiçar tempo com mitos e fábulas. Tal exercício envolve leitura e estudo da Bíblia, oração, meditação e testemunho. “É impossível tornar-se piedoso naturalmente, pois o sentido da corrente está contra nós”. É preciso exercício e esforço.

3. O exercício físico e a piedade (1Tm 4:7,8). “...exercita-te a ti mesmo em piedade. Porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa...”. O sentido básico da palavra “piedade” é "reverência" e "respeito". O pastor é um homem que precisa ter reverência a Deus. A vida do pastor é a vida de seu ministério. Sua piedade pessoal é o fundamento de sua autoridade espiritual.

Em 1Tm 4:8 o apóstolo Paulo contrasta dois tipos de exercício: o exercício físico e o exercício da piedade. O exercício físico tem algum valor para o corpo, mas é limitado e de curta duração. A piedade, por outro lado, é boa para o espirito, a alma e o corpo do ser humano, e não é apenas por um tempo, mas para toda a eternidade. É claro que precisamos cuidar do corpo, e o exercício faz parte desse cuidado. O corpo é o templo do Espírito Santo que deve ser usado para sua glória (1Co 6:19,20) e também é instrumento para seu serviço (Rm 12:1,2). Contudo, os exercícios beneficiam o corpo apenas nesta vida, ao passo que o exercício da piedade é proveitoso hoje e na eternidade. Paulo não pede que Timóteo escolha entre um e outro. Devemos praticar ambos, mas nos concentrar na piedade. Mais que o cuidado com o corpo, o pastor precisa cuidar de seu caráter e de sua reputação. Pense nisso!

III. A DILIGÊNCIA NO MINISTÉRIO

1. O ensino prescritivo (1Tm 4:11).Manda estas coisas e ensina-as”. Paulo, aqui, determina que Timóteo não fraqueje na ministração da doutrina à igreja em Éfeso, visto que as heresias estavam se espalhando com certa facilidade, por meio dos "homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência" (1Tm 4:2). As "coisas" que foram ensinadas pelo apóstolo deveriam ser ministradas aos crentes de forma incisiva, sem condescendência com os falsos mestres e os falsos ensinos, que tinham origem nos "espíritos enganadores" e nas "doutrinas de demônios".

Concordo com o pr. Elinaldo Renovato, quando diz que nos tempos presentes o ensino tem sido negligenciado por muitos lideres de igrejas. Há uma supervalorização do louvor, do cântico, dos hinos, dos instrumentos musicais, em detrimento da pregação e do ensino da Palavra de Deus. Não é por acaso, que há uma geração fraca, “anêmica” e “raquítica” em relação aos conhecimentos e à prática da Palavra de Deus. Há muito falatório, muito barulho, muito grito e dramatização e pouco ensino fundamentado da doutrina sagrada. Já predomina uma cultura, no meio da igreja evangélica, de que “um culto maravilhoso” é aquele em que se apresenta “um cantor de fora”, ou um “pregador famoso, convidado para os eventos”. Ou um culto, em que haja manifestações gratuitas de emocionalismo infantil, como o famoso “re-té-té”, ou exibicionismo carnal, disfarçado de espiritualidade. Por isso, Paulo não diminui a ênfase no ensino da sã doutrina. Pelo contrário, ele disse: “Manda” e “ensina” as coisas que foram determinadas em sua carta.

2. O exemplo dos fiéis (1Tm 4:12).Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza”. Timóteo era jovem, tímido e doente. Por isso, algumas pessoas em Éfeso estavam inclinadas a desprezar sua liderança. Paulo, então, desafia o jovem pastor a não ficar desanimado, mas a se erguer como exemplo de maturidade espiritual para todos os fiéis. Não significa que Timóteo deveria se colocar em um pedestal e se considerar imune a críticas. Ao contrário, ele não deveria dar nenhum motivo para alguém condená-lo. Ser exemplo dos fiéis quer dizer que ele deveria evitar a possibilidade de críticas justificadas.

Em 1Tm 4:12, Paulo elenca cinco áreas em que Timóteo deveria ser exemplo: (*)

- Primeiro, na palavra. O líder espiritual não pode tropeçar na própria língua. Seu linguajar precisa ser puro, e suas palavras precisam ser verdadeiras e oportunas. O líder espiritual não pode ser um homem precipitado no falar. Não pode ser maledicente nem usar linguagem profana.

- Segundo, no procedimento. A vida do líder é a vida de sua liderança. A vida do líder precisa ser o avalista de suas palavras. Ele deve ser irrepreensível na conduta, em contraposição aos falsos mestres que professam conhecer Deus, mas o negam com suas obras (Tt 1:16). A vida do líder precisa ser consistente com a grandeza do ministério que ele exerce.

- Terceiro, no amor. O amor é o distintivo do cristão, a marca do líder, a evidência mais eloquente de que ele é nascido de novo e discípulo de Cristo. O líder cristão precisa ter profundo apego pessoal a seus irmãos e genuína preocupação com o seu próximo. Nunca será mordaz, nem ressentido, nem vingador; nunca se permitirá odiar; nunca se negará a perdoar. Só buscará o bem de seus semelhantes, não importa o que sejam nem como atuem com respeito a ele.

- Quarto, na fé. O líder espiritual precisa ter uma fé sem fingimento. Deve confiar em Deus e ser fiel a ele. A fé é a indestrutível fidelidade a Cristo, não importa o que isto lhe custe. É uma fidelidade a Cristo que desafia as circunstâncias.

- Quinto, na pureza. Éfeso era um centro de impureza sexual, e o jovem Timóteo enfrentava muitas tentações. Seu relacionamento com as mulheres da igreja deveria ser puro (1Tm 5:2). A palavra grega hagneia, traduzida por pureza, cobre, além da castidade em matéria de sexo, a inocência e a integridade de coração. Refere-se à pureza de ato e pensamento.

3. O cuidado que o ministro deve ter com o aprendizado (1Tm 4:13).Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá”. Paulo orienta a Timóteo que ele deveria se aplicar à leitura pública das Escrituras, à exortação e ao ensino da doutrina. Há uma ordem definida aqui. Antes de tudo, Paulo enfatiza a leitura pública da Palavra de Deus - uma prática iniciada nos tempos do Antigo Testamento (cf. Êx 24:7; Dt 31:11; Js 8:35; 2Rs 23:2,3; Ne 8:1-18) e continuada nas sinagogas (Lc 4:16; At 15:21; Cl 4:16; 1Ts 5:27). Isso era especialmente necessário naquela época, já que a distribuição das Escrituras era muito limitada. Poucas pessoas tinham a cópia das Escrituras Sagradas.

Depois de ler as Escrituras, Timóteo foi orientado a exortar os crentes, baseando-se no que tinha lido, por meio da pregação. Timóteo devia exortar, ou seja, advertir, aconselhar e incentivar seus ouvintes a respeito das grandes verdades da Palavra de Deus, ajudando-os a aplicar estas verdades em suas vidas diárias.

Ensinar refere-se ao treinamento na doutrina cristã. As pessoas precisam conhecer, entender e ser lembradas constantemente das grandes verdades da fé cristã.

Ler, explicar e aplicar o texto das Escrituras é a essência da pregação expositiva. Todavia, para “ensinar”, o pastor precisa gostar de aprender.

CONCLUSÃO

A apostasia já começou, temo-la visto a cada dia, a cada instante. Muitos, sem qualquer temor, tem trocado Jesus por tudo o que este mundo oferece, endurecendo seus corações às advertências e às palavras que o Espírito Santo tem colocado na boca dos seus servos, indiferentes a todas as advertências constantes das Escrituras. Havendo a apostasia, sabemos que é iminente o aparecimento do “homem do pecado” e, portanto, não nos cabe outra atitude senão vigiar.

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Luciano de Paula Lourenço - Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Revista Ensinador Cristão – nº 63. CPAD.

Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD

Guia do Leitor da Bíblia – Lawrence O. Richards

Tito e Filemom – doutrina e vida, um binômio inseparável. Rev. Hernandes Dias Lopes. Hagnos.

1 Timóteo – o pastor, sua vida e sua obra. Rev. Hernandes Dias Lopes. Hagnos.

2 Timóteo – O testamento de Paulo à Igreja. Rev. Hernandes Dias Lopes. Hagnos.

Comentário do Novo Testamento – 1 e 2 Timóteo e Tito. William Hendriksen.

As Ordenanças de Cristo nas Cartas Pastorais. Elinaldo Renovato de Lima. CPAD.

(*) Hernandes Dias Lopes. 1Timóteo – o pastor, sua vida e sua obra.

domingo, 19 de julho de 2015

Aula 04 – PASTORES E DIÁCONOS


3º Trimestre/2015

Texto Base: 1Timóteo 3:1-4,8-13

 
“Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar” (1Tm 3:2).

 

INTRODUÇÃO

Depois de tratar da correta postura de homens e mulheres no culto público, Paulo passa a falar sobre as qualificações da liderança da igreja. Em 1Tm 3:1-13, o apóstolo aborda os predicados dos bispos ou pastores e do diácono.

I. QUEM DESEJA O EPISCOPADO

1. “Excelente obra deseja”. Paulo diz que aqueles que aspiram ao episcopado excelente obra almejam (1Tm 3:1). Mas também é um trabalho árduo. Não é uma obra para gente preguiçosa, mas uma obra que exige todo esforço, todo empenho e todo zelo. As demandas internas e externas do rebanho são exaustivas, entre elas o cuidado para com as pessoas do rebanho, visita a enfermos, questões relacionadas a administração eclesiástica e o constante desafio de se dedicar à oração e ao ensino da Palavra de Deus. Diz o Rev. Hernandes Dias Lopes, em seu livro “De: Pastor A: Pastor”, que “ser ministro é viver constantemente sob pressão. O ministério é uma arena de lutas contra o poder das trevas e contra o poder da carne. Não há ministério sem lágrimas. Ser pastor é cruzar um deserto escaldante, em vez de pisar os tapetes aveludados da fama. Ser pastor é a arte de engolir sapos e vomitar diamantes. Ser pastor é estar disposto a investir a vida na vida dos outros sem receber o devido reconhecimento. Ser pastor é amar sem esperar a recompensa, é dar sem esperar receber de volta. Ser pastor é saber que o nosso galardão não nos é dado aqui, mas no céu”.

É bom ressaltar, ainda, que o episcopado não é uma plataforma de privilégios, mas um campo de trabalho árduo. É um chamado para o serviço, e não para o estrelato. O episcopado é mais serviço e menos status. É trabalho, mais do que honra. É dedicação da vida, do tempo, dos talentos e dos dons a Deus e a seu povo.

2. A chamada. Segundo Hernandes Dias Lopes, o episcopado, do ponto de vista divino, é um chamado, uma vocação, um ministério concedido pelo próprio Espírito Santo. Do ponto de vista humano, o episcopado pode ser desejado com legitimidade. O chamado divino, mediante a convicção interna, referendada pelo testemunho externo, atesta a legitimidade do ministério. Ninguém deve exercer a liderança sem ter convicção de que este é um chamado de Deus; por outro lado, ninguém deve fazê-lo sem uma profunda aspiração. Nenhuma pessoa deve exercer a liderança espiritual da igreja por constrangimento (1Pe 5:2).

Concordo com pr. Elinaldo Renovato quando diz que o episcopado não deve ser fruto de acordos e arranjos ministeriais, por amizade, família ou condição social ou financeira. Deve ser resultado de um relacionamento sério com Deus, o dono da obra. Paulo foi chamado desde o ventre (Gl 1:15). Nem todos são chamados assim. Mas quem é chamado, não só tem a convicção da chamada, mas apresenta um perfil que agrada a Deus. Não há uma única forma da chamada.

3. O preparo. O preparo de um pastor é contínuo, não termina quando conclui um seminário teológico, mas se dá durante toda a sua jornada. Em o Novo Testamento vemos que os apóstolos foram chamados, mas só foram enviados após algum tempo de aprendizado com Jesus (Mc 6:7; Mt 10:16; Lc 10:1). O exemplo de Paulo também é bem significativo. Ele foi chamado por Jesus, já possuía o conhecimento das Escrituras Sagradas, pois teve como professor o grande mestre Gamaliel (At 22:3), mas partiu para a Arábia e ali ficou três anos se preparando para exercer ser ministério junto aos gentios (Gl 1:17,18).

Ante a notoriedade que havia alcançado como perseguidor dos cristãos, ele não foi bem aceito entre os cristãos de Jerusalém. A perseguição tomou grandes proporções e o apóstolo acabou sendo enviado de volta para sua terra natal (At 9:30). De retorno a Tarso, Paulo ali não ficou. Dizem as Escrituras que partiu para a Arábia, como também retornou a Damasco (Gl 1:17), esteve quinze dias em Jerusalém (Gl 1:18), bem como esteve em partes da Síria e da Cilícia (Gl 1:20), fazendo, porém, de Tarso a sua “base”, já que ali estava a sua família. Ali teve mais tempo para refletir e meditar nas Escrituras Sagradas, tendo sido, no nosso modesto entendimento, neste período que o apóstolo alicerçou a sua fé, que teve a correta compreensão do significado de servir a Deus e de crer em Jesus como único e suficiente Senhor e Salvador, retomando, assim, em Tarso, a sua rotina de estudos, só que agora não só de filosofia e de direito, mas das Escrituras à luz de todo o conhecimento que havia adquirido ao longo dos anos. Após dez anos, Paulo foi enviado pelo Espírito Santo para realizar a obra missionária efetivando o seu apostolado. Portanto, Deus chama, porém, o preparo cabe aos seus servos.

II. QUALIFICAÇÕES E ATRIBUIÇÕES DOS PASTORES (3:1-7)

1. Atribuições dos pastores (1Tm 3:1-7). Os que almejam o serviço do pastorado precisam compreender as qualificações ou atribuições que tal atividade exige. O líder e a igreja local precisam ver no aspirante ao ministério as qualificações exigidas na Palavra de Deus. No texto de 1Tm 3:1-7 o apóstolo Paulo apresenta uma lista de 15 qualificações exigidas para um homem ocupar o presbiterato ou o pastoado da igreja, e apenas uma se refere à habilidade de ensino. Observe que a maioria são qualificações morais e apenas uma está relacionada à habilidade intelectual. Na verdade, os requisitos para ocupar uma posição de liderança na igreja exigem mais excelência moral do que intelectual. As qualificações estão relacionadas com a personalidade, o caráter e o temperamento da pessoa. São uma espécie de catálogo de virtudes em contraposição ao catálogo de vícios descritos em 2Timóteo 3:2-5. No texto de 1Timóteo 3:1-7, vemos algumas qualificações, que podem ser resumidas num conjunto de indicações, que por sua vez podem ser divididas em três grupos:

1.1. Qualificações espirituais e ministeriais.

a) A primeira qualificação, como não poderia deixar de ser, é ter uma vida irrepreensível (1Tm 3:2). O retrato que Paulo traça do bispo é emoldurado pela irrepreensibilidade. John Stott corretamente diz que isso não quer dizer que os candidatos teriam de ser totalmente isentos de falhas e defeitos, pois nesse caso todos seriam desqualificados. A palavra empregada é anenkletos - “sem culpa, não passível de acusação” - e não anômos - “sem mácula”. O pastor ou presbítero não pode deixar brechas no seu escudo moral. Seu ofício é público e sua reputação pública precisa ser inquestionável.

b) Ser apto para ensinar (1Tm 3:2). Uma das tarefas mais importantes e essenciais de qualquer líder de igreja é ensinar as Escrituras aos membros da congregação. O pastor deve entender e ser capaz de transmitir as verdades profundas das Escrituras, como também lidar com aqueles falsos pregadores ou ensinadores que as tratam de maneira inadequada.

c) Ter bom testemunho diante da igreja e dos descrentes (1Tm 3:7). O pastor é um homem que deve ter bom testemunho na comunidade. Aqueles que estão de fora é uma referência aos não-cristãos. Sem  esse bom testemunho, ele se torna sujeito às acusações dos homens e opróbrio do diabo. Essas acusações podem vir tanto de cristãos como de não-cristãos. Quando Satanás captura homens em sua armadilha, ele os aprisiona para ridicularizar, escarnecer e desprezar.

d) Não deve ser neófito, inexperiente (1Tm 3:6). A maturidade espiritual é essencial para o exercício episcopal. Os novos convertidos podem tornar parte no ministério de Deus, mas não devem ser colocados em posições de liderança até que sejam firmemente enraizados na sua fé, com um modo de vida solidamente cristão e um conhecimento da Palavra de Deus. De outra forma, o novo crente, “ensoberbecendo-se, cairá na condenação do diabo”. O orgulho pode tornar aqueles que são imaturos suscetíveis à influência de pessoas inescrupulosas. A imaturidade é o portal da soberba, e a soberba é o solo escorregadio onde o diabo derruba muitos líderes.

1.2. Qualificações familiares. Ser irrepreensível como líder de sua família (1Tm 3:2,4; Tt 1:6). Nesta área, ele precisa ser irrepreensível em dois pontos vitais:

a) Marido de uma só mulher.Marido de uma só mulher” quer dizer marido fiel à sua esposa, ou seja, um homem livre de qualquer suspeita quanto à sua relação matrimonial, íntegro em sua conduta conjugal. Ele não pode ser um homem adúltero, mantendo relacionamentos extraconjugais; nem polígamo, casando-se com várias mulheres. Ele deve amar sua esposa “como Cristo amou a Igreja e a si mesmo se entgregou por ela” (Ef 5:25).

b) Irrepreensível como pai. O pastor precisa ser o sacerdote do seu lar, o líder espiritual da sua família. Deve criar seus filhos na disciplina e admoestação do Senhor. Embora um pai não possa determinar a salvação de seus filhos, pode preparar o caminho do Senhor por intermédio da instrução da Palavra, da amorosa disciplina. Se o pastor não sabe governar a própria casa, como poderá governar a igreja de Deus?, pergunta o apóstolo Paulo (1Tm 3:4,5). Obviamente isso se aplica aos filhos que vivem com a família sob a autoridade do pai.

1.3. Qualificações morais. Convém, pois, que o bispo seja [...] honesto, hospitaleiro ...não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento” (1Tm 3:2,3).

a) Ser honesto, sincero, autêntico (3:2). A honestidade é indispensável ao líder, que deve se credenciar, como nenhum outro, para habitar no tabernáculo de Deus (cf. Sl:15).

b) Hospitalero (acolhedor), sabendo tratar bem as pesoas (3:2). A hospitalidade na igreja primitiva era uma necessidade vital para o avanço missionário da igreja. As hospedarias eram excessivamente caras, sofrivelmente sujas e notoriamente imorais. Sem hospitalidade os missionários itinerantes teriam sua atividade estancada. E mais, nos primeiros dois séculos da era cristã não havia templos, por isso, as igrejas reuniam-se em casas (Rm 16:5; 1Co 16:19; Fm 2). Hoje, esta prática está em desuso. As circunstâncias exigem que os pregadores itinerantes se hospedem em pousadas ou hotéis, e não mais em residências. Não por falta da liberalidade de irmãos, mas porque as circunstâncias favorecem a essa práxis. Todavia, quando a hospitalidade for estritamente necessária, a recomendação é clara: “Seja constante o amor fraternal. Não negligencieis a hospitalidade” (Hb 13:1,2).

c) Não dado ao vinho – não usuário de bebidas alcoólicas (3:3). Um pastor não pode ser um beberrão. A embriaguez não combina com o ministério do pastoreio. O mesmo apóstolo que orientou Timóteo a beber um pouco de vinho por motivos terapêuticos (1Tm 5:23) agora declara que um pastor dado ao vinho não está apto para a liderança da igreja de Deus. Aliás, o obreiro deve ser pessoa que não se deixe dominar por qualquer vício, seja ele qual for, pois não pode, como qualquer crente, deixar-se dominar por coisa alguma (cf. 1Co 6:12).

d) Não espancador, ou seja, não violento, agressivo (3:3). Um pastor busca as ovelhas para apascentá--las, e não para golpeá-las. Um pastor não pode agredir as pessoas com palavras e atitudes. Não pode ser rude com as ovelhas. O pastor é alguém que atrai as pessoas por sua doçura e graça. As pessoas correm para ele na hora da aflição. Uma pessoa violenta agride, humilha e machuca os outros.

e) Não ser contencioso, briguento (3:2; 2Tm 2:24). Ele não insiste em seus próprios direitos, mas tem temperamento constante e agradável.

f) Ser sóbrio (3:2). Isto significa que a vida do pastor deve estar marcada pela moderação, por limites, sem nada extremo ou excessivo, com ausência de extravagâncias.

g) Deve ser simples, moderado (3:3). Em seu trabalho na igreja, o pastor precisa de graça, paciência e de espírito manso e conciliador.

h) Não ser ganancioso ou avarento, ou seja, amante do dinheiro (3:3; 6:5-10). O pastor deve ter uma atitude adequada para lidar com as finanças da igreja. Isto afeta o uso ético dos fundos da igreja e a administração de programas apropriados para arrecadação de dinheiro. Muitos possíveis líderes combinam o amor ao dinheiro com uma natureza contenciosa e acabam brigando na igreja por causa de assuntos financeiros. Uma pessoa assim não deve ser escolhida para liderar.

III. O DIACONATO (1Tm 3:8-13)

Porque os que servirem bem como diáconos adquirirão para si uma posição e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus”  (1Tm 3:13).

No início da Igreja, Satanás tentou impedir o seu avanço em pelo menos três táticas: primeiro, ele tentou suprimir a igreja por meio da perseguição - pela força das autoridades judaicas (Atos 4); segundo, tentou corrompê-la com a hipocrisia - através do casal Ananias e Safira (Atos 5); terceiro, ele promoveu dissensões internas (Atos 6:1) - ele tentou distrair seus líderes da oração e da pregação através de algumas viúvas murmuradoras, para expor a igreja a erros e ao mal. Se Satanás tivesse obtido sucesso em qualquer uma dessas tentativas, a nova comunidade de Jesus teria sido aniquilada em sua infância. Todavia, os apóstolos estavam alertas o suficiente para detectar “as ciladas do diabo”. Eles resolveram, então, designar “homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria”, para que cuidassem do sustento da igreja e do cuidado com os pobres, liberando os apóstolos para dedicação exclusiva a oração e ao ensino da Palavra de Deus. E assim, “crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos, e grande parte dos sacerdotes obedecia à fé” (Atos 6:7).

1. Os diáconos. A palavra “diácono” significa “aquele que serve”. O diácono – diákonos – é o servo que coopera com aqueles que se dedicam à oração e ao ministério da Palavra. Os primeiros diáconos foram nomeados assistentes dos apóstolos (At 6:1-7). Há dois ministérios na Igreja: a diaconia das mesas (At 6:2,3) – ação social – e a diaconia da Palavra – a pregação do Evangelho. O ministério das mesas não substitui o ministério da Palavra, nem o ministério da Palavra dispensa o ministério das mesas. Nenhum dos dois ministérios é superior ao outro. Ambos são ministérios cristãos que exigem pessoas espirituais, cheias do Espírito Santo, para exercê-los. A única diferença está na forma que cada ministério assume, exigindo dons e chamados diferentes.

2. Chamado para servir. Assim como os pastores, aqueles que almejam o diaconato precisam ter o desejo de servir a Deus e aos irmãos. Como foi dito acima, a obra dos doze apóstolos e a obra dos sete diáconos são igualmente chamados de diakonia (At 6:1,4 - “ministério” ou “serviço”). A primeira é o “ministério da Palavra” (At 6:4) ou o trabalho pastoral; a segunda, o “ministério junto às mesas” (At 6:2) ou o trabalho social. Ambos são ministérios cristãos, ou seja, meios de servir a Deus e ao seu povo.

3. Qualificações. As qualificações do diácono são semelhantes às dos pastores (cf. 1Tm 3 e Tito 1). Contudo, sua função é provavelmente um pouco diferente, uma vez que o diácono executa algumas das tarefas mais práticas da administração e manutenção de uma igreja. Vejamos algumas qualificações do diácono à luz de 1Tm 3:8-10.

3.1. Ter caráter Moral (1Tm 3:8 - ARA).Semelhantemente, quanto a diáconos, é necessário que sejam respeitáveis, de uma só palavra, não inclinados a muito vinho, não cobiçosos de sórdida ganância”.

O rev. Hernandes Dias Lopes, analisando o caráter moral dos diáconos, diz que eles devem ser:

a) respeitáveis (3:8a). Os diáconos precisam ser dignos de respeito, ter caráter impoluto, vida irrepreensível e conduta ilibada.

b) de uma só palavra (3:8b). Os diáconos precisam ser verdadeiros, íntegros em suas palavras e consistentes em sua vida. Não devem ser boateiros dados a mexericos. Não dizem uma coisa aqui e outra acolá. Não devem ser maledicentes nem jogam uma pessoa contra a outra. Suas palavras têm peso. Eles são absolutamente confiáveis no que dizem.

c) não inclinados a muito vinho (3:8c). Os diáconos devem ser cheios do Espírito Santo (At 6:3), e não cheios de vinho (Ef 5:18). Quem é governado pelo álcool não pode administrar a casa de Deus.

d) não cobiçosos de sórdida ganância (3:8d). Os diáconos lidam com as ofertas do povo de Deus e administram os recursos financeiros da igreja na assistência aos necessitados. Não podem ser como o Judas Iscariotes que roubava a bolsa (cf João 12:6). Não podem cobiçar o que devem repartir. Não podem desejar para si o que devem entregar para os outros.

3.2) Ter caráter espiritual (1Tm 3:9,10).Guardando o mistério da fé em uma pura consciência. E também estes sejam primeiro provados, depois sirvam, se forem irrepreensíveis”.

a) Íntegros na teologia da vida (3:9) -Guardando o mistério da fé em uma pura consciência”.  Aqui, o termo “mistério” significa “verdades outrora ocultas, mas agora reveladas por Deus”. Os diáconos precisam compreender a doutrina cristã, crer na doutrina cristã e viver a doutrina cristã. Sua vida, sua família e seu ministério precisam ser pautados pela Palavra de Deus.

b) provados e experimentados (Atos 6:10; 3:10). Atos 6:10 diz que os diáconos devem ser primeiramente provados. Isso significa que eles devem ser observados por algum tempo e talvez ganhar pequenas responsabilidades na igreja local. Depois de provarem ser confiáveis e fiéis, então podem receber responsabilidades maiores. Depois, exerçam o diaconato; ou simplesmente “sirvam” (1Tm 3:10 - ARC). Assim como no caso dos presbíteros, o destaque não é o cargo eclesiástico, mas o serviço para o Senhor e seu povo. Em qualquer lugar em que um homem for irrepreensível em sua vida pessoal e pública, terá permissão para servir como diácono (1Tm 3:10 – ARA).

3.3) Ter caráter familiar (1Tm 3:12) - “Os diáconos sejam maridos de uma mulher e governem bem seus filhos e suas próprias casas”.

É satisfatório dizer que, como os pastores, os diáconos não devem ter nenhuma reprovação em sua vida conjugal. Eles devem governar bem seus filhos e a própria casa. Não conseguir isso é um defeito de caráter do cristão, segundo o Novo Testamento. Isso não significa que os homens devem ser déspotas e mandões, mas que seus filhos devem ser obedientes e testemunhem a verdade.

IV. SERVIÇO – RAZÃO DE SER DO MINISTÉRIO

A razão de ser do ministério é servir. Servir como Jesus serviu; servir como Paulo e Timóteo serviram. Aliás, todo cristão é chamado para ser servo de Deus. Como tal, sua atividade e missão deve ser contribuir com sua vida, seu testemunho e seu serviço para o engrandecimento do Reino de Deus.

1. O exemplo do Mestre. Paulo diz que Jesus assumiu a forma de servo, mais que isso, a forma de "escravo".

"... sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz" (Fp 2:6-8).

A expressão "tomando a forma de servo", "significa aparecer em uma condição humilde e desprezível". Em sua forma de servo, Jesus demonstrou seu caráter e sua personalidade, dando exemplo de humildade, quando, na véspera de sua crucificação, tomou uma toalha e uma bacia com água e lavou os pés dos discípulos (João 13:4,5).

É bom enfatizar que o objetivo de Jesus Cristo nunca foi a de estabelecer uma hierarquia de poder temporal para a sua igreja, mas a de serviço, conforme demonstra sua resposta aos filhos de Zebedeu: “mas entre vós não será assim; antes, qualquer que, entre vós, quiser ser grande será vosso serviçal. E qualquer que, dentre vós, quiser ser o primeiro será servo de todos. Porque o Filho do Homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos” (Mc 10:43-45).

2. O exemplo de Paulo. Paulo era um servo fiel. Ele não media esforço para servir. Ele cuidava das ovelhas do Senhor com ternura, como uma mãe que acarecia seus filhos - “antes, fomos brandos entre vós, como a ama que cria seus filhos” (1Ts 2:7). A ênfase da mãe é a gentileza e a ternura. Paulo era como uma mãe afetuosa cuidando do seu bebê. Ele demonstrou pelos seus filhos na fé amor intenso, cuidado constante, dedicação sem reserva, paciência triunfadora, provisão diária, afeto explícito, proteção vigilante e disciplina amorosa. Muitos obreiros lideram o povo de Deus com truculência e rigor despótico. São ditadores implacáveis, e não pastores amorosos. Esmagam as ovelhas com sua autoridade auto-imposta, em vez de conduzir o rebanho com a ternura de uma mãe. Pedro escreveu que o obreiro deve apascentar o rebanho do Senhor “tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância” (1Pe 5:2). E por falar em ganância, atualmente há muitos falsos obreiros que se aproveitam dos fiéis e da igreja para obter ganho financeiro. Isso é uma vergonha! Paulo exorta a Tito e a Timóteo que um dos requisitos para quem deseja ser pastor é não ser cobiçoso de torpe ganância (Tt 1:7; 1Tm 3:3).

3. O exemplo de Timóteo. Timóteo foi um dos líderes mais destacado da igreja primitiva. Não que fosse forte em todas as áreas. Ele era jovem, tímido e doente, mas foi cooperador de Paulo e o continuador de sua obra. Ele era um bom exemplo do que um ministro e missionário de Deus deve ser. O apóstolo Paulo nos fala de algumas características desse importante líder espiritual: (a) um estudante zeloso e obediente à Palavra de Deus (2Tm 3:15); (b) um servo perseverante e digno de Cristo (1Ts 3:2); (c) um homem de boa reputação (At 16:2); (d) amado e fiel (1Co 4:17); (e) com solicitude genuína pelo próximo (Fp 2:20); (f) fidedigno (2Tm 4:9,21) e; (g) dedicado a Paulo e ao evangelho (Fp 2:22; Rm 16:21).

Portanto, Timóteo foi um pastor exemplar, que demonstrou ter um caráter irrepreensível. Ele cuidou da Igreja com desvelo e não teve medo de se opor aos falsos mestres que estavam tentando seduzir os crentes em relação à salvação pela fé em Jesus. Precisamos, urgentemente, de homens de Deus como Timóteo. Oremos para que isso aconteça.

CONCLUSÃO

“Precisamos de pastores que amem a Deus mais do que seu sucesso pessoal. Precisamos de pastores que se afadiguem na Palavra e tragam alimento nutritivo para o povo. Precisamos de pastores que conheçam a intimidade de Deus pela oração e sejam exemplo de piedade para o rebanho. Precisamos de pastores que deem a vida pelo rebanho em vez de explorarem o rebanho. Precisamos de pastores que tenham coragem de dizer “não” quando todos estão dizendo “sim” e, dizer “sim”, quando a maioria diz “não”. Precisamos de pastores que não se dobrem ao pragmatismo nem vendam sua consciência por dinheiro ou sucesso. Precisamos de pastores fiéis e não de pastores populares. Precisamos de homens quebrantados e não de astros ensimesmados” (Rev. Hernandes Dias Lopes. De: Pastor a: Pastor”).

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Luciano de Paula Lourenço - Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Revista Ensinador Cristão – nº 63. CPAD.

Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD

Guia do Leitor da Bíblia – Lawrence O. Richards

Tito e Filemom – doutrina e vida, um binômio inseparável. Rev. Hernandes Dias Lopes. Hagnos.

1 Timóteo – o pastor, sua vida e sua obra. Rev. Hernandes Dias Lopes. Hagnos.

2 Timóteo – O testamento de Paulo à Igreja. Rev. Hernandes Dias Lopes. Hagnos.

Comentário do Novo Testamento – 1 e 2 Timóteo e Tito. William Hendriksen.

As Ordenanças de Cristo nas Cartas Pastorais. Elinaldo Renovato de Lima. CPAD.

domingo, 12 de julho de 2015

Aula 03 - ORAÇÃO E RECOMENDAÇÃO ÀS MULHERES


3º Trimestre/2015

 
Texto Base: 1Timóteo 2:1-5,9-11

 
“Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens”(1Tm 2:1).

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos de a ordem na igreja local. Faremos isso à luz das recomendações de Paulo direcionadas a Timóteo para que ele colocasse ordem na igreja de Éfeso. No segundo capítulo de 1Timóteo, Paulo orienta Timóteo acerca do culto público e faz recomendações sobre a oração e a postura correta de homens e mulheres nas práticas da igreja. Recomendações estas sobremaneira aplicáveis ao povo de Deus dos dias atuais. A Palavra de Deus é supracultural e atemporal, ela permanece para sempre.

I. ORAÇÃO POR TODOS OS HOMENS

O apóstolo Paulo, o grande líder da igreja primitiva, era um homem que cultivava a prática da oração (1Ts 3:10; Cl 1:9). Quaisquer que fossem as circunstâncias de sua vida, nada o arrebataria do sublime propósito de manter a comunhão com Deus através da oração (vide At 14:23; 16:16,25; 22:17).

O líder da igreja local que não tem a marca da submissão a Deus, mediante o exercício devocional da oração, que não estimula o povo a este mister, certamente, verá uma igreja fracassada e o rebanho com espiritualidade anêmica e altamente vulnerável aos ardis de Satanás.

Hoje, em muitas igrejas, gasta-se mais tempo com avisos do que com oração. As orações tornam-se repetitivas, enfadonhas e mecânicas. Falta primazia, fervor e entusiasmo na oração.

A Igreja foi inaugurada numa casa, quase que com certeza, na casa de Maria, mãe de Marcos, o autor do Evangelho que tem o seu nome. Foi nessa casa que a Igreja continuou se reunindo, especialmente em cultos de oração, conforme se lê em Atos 12:12. A intenção de Deus é que seu povo do Novo Testamento se reúna para a oração definitiva e perseverante. Note as palavras de Jesus: “A minha casa será chamada casa de oração”(Mt 21:13).

O apóstolo Paulo, escrevendo a Timóteo, descreve quatro aspectos da oração: súplicas, orações, intercessões e ações de graças - “Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens” (1Tm 2:1).

1. “Deprecações” - súplica. Este aspecto da oração está relacionado à apresentação de um pedido específico ou de uma necessidade a Deus. A oração começa com o reconhecimento de nossa total dependência de Deus. A oração é a insuficiência humana aproximando-se da suficiência divina. Quando reconhecemos nosso desamparo e corremos para Deus, cônscios de nossa completa necessidade, despejamos diante dele nossas deprecações (súplicas).

2. “Orações”. Tem significado amplo e abrange todo tipo de abordagem reverente a Deus. Seja apegarmo-nos a Deus pela confissão, intercessão, súplica, adoração ou pela ação de graças, podemos em cada caso falar do engajamento em oração. William Hendriksen diz que “oração” em 1Tm 2:1 se refere a petições em prol de necessidades que estão sempre presentes (em contraste com súplicas em situações especificas) como, por exemplo: necessidade de mais sabedoria, mais profunda consagração, progresso na administração da justiça, etc. Ainda quando interpretada desse modo, o sentido ainda é muito amplo.

3. “Intercessões”. As intercessões estão relacionadas com a súplica em favor de alguém ou de alguma coisa. Pela oração entramos na sala do trono e conversamos face a face com o Soberano Senhor, o Deus Onipotente, Aquele que está assentado na sala de comando do Universo e tem as rédeas da história em suas mãos. Nenhum pedido é grande demais para Ele. Para Deus não há impossível.

A oração intercessória é puramente uma demonstração de amor, porque é desinteressada; ela se concentra nos outros. É através da oração intercessória que demonstramos amor e altruísmo; provamos que o bem-estar do semelhante está acima do nosso. Moisés, por exemplo, chegou a abdicar de sua bem-aventurança eterna ao interceder pelos filhos de Israel: "Agora, pois, perdoa o seu pecado; se não, risca-me, peço-te, do teu livro, que tens escrito" (Êx 32:32). Esta sua intercessão foi tão forte, que levou Deus a poupar os rebelados israelitas. O patriarca Jó livrou-se de seu cativeiro quando intercedia por seus amigos (Jó 42:7-12).

Nos dias pelos quais passamos, em que muitos se têm deixado contaminar pelo amor de si mesmo (2Tm.3:1,2), poucos são os que se dedicam à tarefa intercessória nas igrejas locais. Há, na verdade, uma verdadeira banalização a respeito dos “pedidos de oração” que, em muitos lugares, nem sequer são lidos e que, uma vez apresentados à igreja, são imediatamente “jogados fora”, em cestos de lixo providencialmente colocados nos púlpitos. Não há acompanhamento dos pedidos de oração, não há envolvimento da igreja local no clamor ao Senhor.

4. “Ações de graça”. Este aspecto da oração refere-se à nossa gratidão a Deus pelo que Ele tem feito. A palavra grega eucharistia deixa claro que orar não é apenas aproximar-se de Deus para adorá-lo por quem Ele é, e para rogar a Ele suas bênçãos, mas também e sobretudo para agradecer por aquilo que Ele tem feito. Paulo exorta a Igreja de Tessalônica: “Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco”(1Ts 5:18).

II. A SALVAÇÃO DE TODOS

1. “Que todos se salvem” (1Tm 2:4). Deus é misericordioso, longânimo e deseja que todos se salvem (2Pe 3:9). A Graça de Deus não tem limites, é inesgotável, é abundante. Por isto, ela envolve toda a humanidade, oferecendo-lhe a oportunidade de escapar da justa e inevitável condenação – “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor”(Rm 6:23). E, ainda, porque ele é o “Deus de toda a graça”, conforme está escrito em 1Pedro 5:10. Ele “... quer que todos se salvem e venham ao conhecimento da verdade”(1Tm 2:4). Nesse sentido, e para que isto pudesse acontecer foi que “... a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens”(Tito 2:11).

A salvação de todas as pessoas é o grande desejo de Deus, pois Ele “amou o mundo de tal maneira, que deu seu Filho Unigênito, para que todo aquele que nele crê, não pereça mas tenha a vida eterna” (João 3:16). Fora de Cristo, não há salvação (1Tm 2:5,6). Quem nele crê é salvo; quem não crê é condenado (João 3:18,19). Todavia, a salvação tem que ser recebida pela fé. A fé é o meio, é o mover do homem, é como uma mão que se estende para tomar posse da bênção. Se essa mão não se estender a bênção não é entregue, automaticamente.

Costuma-se ilustrar esta verdade Bíblica com a seguinte história sobre o anel do Rei. O anel do Rei, como se sabe, representa a sua própria autoridade, sendo que, ao lado da coroa, é uma das mais valiosas joias de um Rei.

Conta que certo Rei numa reunião com seus Ministros, tirando seu anel do dedo, dirigiu-se a um de seus Ministros oferecendo-lhe, como presente, o anel. O Ministro entre incrédulo e perplexo, recusou o presente do Rei, julgando ser uma simples brincadeira. O Rei não podia estar falando sério, ao oferecer-lhe seu anel, como presente. Com todo respeito, e delicadamente, recusou a oferta. Diante da recusa, o Rei estendeu sua mão oferecendo seu anel a outro de seus Ministros. Também este recusou, tal como fizera o primeiro. Consta que o Rei ofereceu seu anel a todos os Ministros presentes. Porém, ninguém acreditou que o Rei estivesse falando sério. Todos recusaram e não tiveram a coragem de estender a mão para apanhar o anel. Aquilo não podia ser verdade, foi o que todos pensaram! O Rei não podia estar falando sério! Nisto entrou na sala de reunião um serviçal, semelhante aos nossos contínuos, hoje. Um homem simples, capaz de acreditar no impossível. O Rei então o chamou e repetiu o que havia feito com seus Ministros. Estendeu-lhe a mão, oferecendo-lhe seu anel como presente. O servente, na sua simplicidade, acreditou na oferta do Rei, estendeu sua mão, apanhou o anel, colocou-o no seu dedo, agradeceu o Rei e pediu permissão para se retirar, porém, muito feliz pelo presente recebido do Rei. Os Ministros, agora, perplexos, descobriram que o Rei, em todo o tempo, estava falando sério quando ofereceu a cada um o seu Anel. Todos, pela incredulidade, pela falta de fé para estender a mão e tomar posse daquela preciosa joia, haviam perdido a bênção. Agora era tarde demais! O anel do Rei já estava no dedo daquele servente que creu, estendeu a mão... e pegou.

O Rei Jesus providenciou a Graça e, por ela, quer que “todos os homens se salvem”(1Tm 2:4). Mas, a Salvação não é automática, tem que ser recebida pela fé – “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé...”(Ef 2:8-9). O exercitar a fé, para tomar posse da bênção da salvação, é uma decisão do homem.

2. É possível perder a salvação, se ela nos foi concedida pela graça de Deus? A Bíblia diz que sim. É claro que a expiação de Cristo é suficiente para salvar o pecador, mas isso não exclui a sua responsabilidade. No Juízo Final, cada ímpio será condenado “segundo as suas obras” (Ap 20:12). O sangue de Jesus não será suficiente para salvá-los da condenação? Por que eles serão condenados? Por rejeitarem o Senhor Jesus e a sua obra vicária. Como? Mediante a permanência em obras carnais (1Co 6:9,10; Gl 5:16-21), mesmo depois de terem conhecido o Senhor Jesus (Hb 6:4-8; 2Pe 2:20-22).

Alguém poderá indagar: “se um crente pode perder a salvação, então esta depende, em última instância, do próprio pecador?”. É óbvio que isto não é defendível à luz das Escrituras! A segurança da salvação depende inteiramente da confiança na suficiência da graça de Deus (João 15:1ss; 10:27,28). Todavia, não devemos esquecer de que o crente salvo pela graça deve andar em boas obras (Ef 2:8-10; 2Pe 1:5-9; Cl 3:1ss). E estas obras nos acompanharão, não apenas para efeito de galardão (Ap 14:13; 3:5,11). Os salvos que cometem obras carnais e nelas permanecem “não herdarão o reino de Deus” (1Co 6:9-11; Gl 5:21).

É difícil imaginar Jesus dizendo que as suas verdadeiras ovelhas se perderão. No entanto, se estas apostatarem da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios (1Tm 4:1), bem como negarem aquEle que as resgatou (2Pe 2:1) e caírem (Hb 6:6), com certeza perderão a preciosa salvação, tendo os seus nomes apagados do livro da vida (Ap 3:5, ARA).

Paulo disse a Timóteo: “... guarda o depósito que te foi confiado, tendo horror aos clamores vãos e profanos e às oposições da falsamente chamada ciência; a qual professando-a alguns, se desviaram da fé” (1Tm 6:20,21). Aqui mostra que Paulo temia que o obreiro Timóteo, salvo em Cristo, pudesse se desviar da fé, à semelhança de “alguns”.

Deus é, sem dúvida, poderoso para nos guardar de tropeçar, a fim de apresentar-nos irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória (Jd v.24). Mas Ele guarda os vigilantes e perseverantes (Mt 24:13,42-44; Lc 21:36; 1Co 15:1,2). Na própria Epístola de Judas, a Palavra de Deus assevera: “conservai a vós mesmos na caridade de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna” (v.21).

O Senhor não teve prazer em tirar de Esaú o seu direito à primogenitura, mas este foi profano e perdeu-a (Hb 12:16). Por isso, no próprio livro de Hebreus há recomendações para os salvos: “Vede que não rejeiteis ao que fala; porque, se não escaparam aqueles que rejeitaram o que na terra os advertia, muito menos nós, se nos desviarmos daquele que é dos céus” (Hb 12:25); “Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo... para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado” (Hb 3:12,13).

Portanto, o crente está seguro quanto à sua salvação enquanto permanecer em Cristo (João 15:1-6). Não há segurança fora de Jesus e do seu aprisco. Não há segurança espiritual para ninguém, estando em pecado (cf. Rm 8:13; Hb 3:6; 5:9). Jesus guarda o crente do pecado; e não no pecado - “Deus é salvador de todos, mas principalmente dos fiéis [lit. “dos que creem”]” (1Tm 4:10).

Que Deus nos conceda cada dia uma visão espiritual mais ampla e profunda, a fim de compreendermos a sublimidade da gloriosa salvação que Jesus Cristo consumou; da qual, pela graça de Deus, já somos participantes.

III. A MANEIRA DE SE VESTIR DAS MULHERES

Que do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto [decente], com pudor e modéstia, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos, mas (como convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras” (1Tm 2:9). “Da mesma sorte, que as mulheres, em traje decente, se ataviem com modéstia e bom senso, não com cabeleira frisada e com ouro, ou pérolas, ou vestuário dispendioso” (ARA).

1. As mulheres na Casa de Deus. As palavras “do mesmo modo” de 1Tm 2:9 mostram que Paulo está dando continuidade as suas observações em relação à conduta no culto público. Ele orienta Timóteo quanto à maneira correta de as mulheres se comportarem na Igreja.

Assim como identificamos facilmente um estrangeiro no nosso meio pelo seu falar, pelos seus costumes, pelos seus trajes, pelas suas atitudes, também devemos ser capazes de distinguir e sermos distinguidos como cristãos no meio dos demais povos. Jamais nos esqueçamos de que Eliseu, sem que ninguém o falasse para a sunamita, foi identificado por aquela mulher como sendo um santo homem de Deus, única e exclusivamente pelo seu porte(1Rs.4:8,9), assim como os discípulos de Antioquia, pelo seu modo de vida, após o aprendizado da Palavra de Deus, passaram a ser chamados de cristãos(At 11:26). Este dado, aliás, é revelador: não somos nós que devemos nos denominar cristãos ou nos arrogar este título, mas, sim, o mundo é que deve nos reconhecer como sinceros e verdadeiros homens e mulheres de Deus.

Queira ou não, o homem e a mulher cristã têm de ser diferente em todos os aspectos da vida, diante de Deus e dos seres humanos, inclusive na sua maneira de se vestir e de se portar. Muitas vezes ficamos tristes ao ver que alguns, dizendo-se crentes, têm preocupação em se vestir decentemente em certas ocasiões, mas não têm esta preocupação quando vão à Casa do Senhor ou quando estão no cotidiano, no dia-a-dia. Quantos que têm preferido trajar-se segundo os costumes mundanos, sem atentar para as consequências de uma atitude como esta. Faz-se preciso que sejamos equilibrados, simples, sem extremismos, pois as Escrituras exigem de nós um traje honesto, ou seja, um traje discreto e que cumpra a sua finalidade, que é a de cobrir a nudez. Não devemos nos vestir de modo a despertar a lascívia dos outros, nem tampouco revelar uma vaidade desmedida e uma falta de espiritualidade (lembrando que a espiritualidade não se constrói no vestido, mas se exterioriza pelo vestir).

2. Traje decente, com pudor. A palavra pudor subentende vergonha em exibir o corpo. Envolve a recusa de vestir-se de tal maneira que atraia atenção para o seu corpo e ultrapasse os limites da devida moderação. Um vestido transparente não é decente, pois embora esteja cobrindo o corpo, atrai a cobiça dos homens, incentivando o pecado.

Embora as mulheres cristãs possam vestir-se de maneira elegante e cuidar da sua aparência, elas não devem, ao mesmo tempo, permitir que a sua aparência seja o seu principal atrativo, e não devem enfatizar a sua aparência meramente como um “atrativo sexual” ou para chamar a atenção.

É vergonhosa a situação de qualquer igreja que desconsidere o padrão bíblico para o modo modesto do vestir-se, e que adota passivamente os costumes do mundo. Nestes dias de liberação sexual, a igreja deve comportar-se e vestir-se de modo diferente da sociedade corrupta e liberal. Que haja modéstia, pureza e moderação piedosa (cf. Rm 12:1,2).

3. Traje com modéstia. Modéstia significa “simplicidade, singeleza, despretensão”. Além de se vestir de maneira honesta e com pudor (recato) a mulher cristã precisa se vestir com modéstia. E não somente as mulheres, mas também os homens.

A modéstia é um sinal exterior de um cristão, é uma demonstração de uma vida de comunhão com Deus. No entanto, também verificamos que a modéstia, como um sinal de uma verdadeira transformação diante do Senhor, é resultado da santificação. Ora, a santificação é um processo que começa no interior do homem e alcança o seu exterior. Temos esta convicção ao analisarmos as Escrituras em 1Ts.5:23, quando Paulo nos afirma que Deus nos santifica em tudo, no espírito, alma e corpo, ou seja, a santificação se inicia no espírito e termina no corpo.
Se assim é, não têm razão aqueles liberais que entendem que a santificação deve alcançar apenas o homem interior, a velha história de que "Deus só quer o coração" e que, em cima deste argumento, demonstram total desequilíbrio no seu porte diante dos semelhantes e em suas vestimentas, admitindo toda espécie de vaidade e de ostentação, pois "Deus só estaria interessado no coração". Este pensamento não tem qualquer respaldo bíblico.

A Bíblia traz-nos ensinamentos preciosos no sentido de que devemos ser simples e que, com relação às vestimentas, devemos ser equilibrados, adotando um traje honesto, com pudor e modéstia (1Tm 2:9), conselho que é dirigido mais diretamente às mulheres, por ser da natureza feminina a sensibilidade e a intuição, mas que não deixa de ser válido também para os homens. Ademais, o corpo é o templo do Espírito Santo (1Co 6:19) e não é possível que o Espírito Santo habite num templo completamente impuro e que sirva à concupiscência e não ao cumprimento da Palavra de Deus. Nós só seremos amigos do Senhor se fizermos o que Ele manda e o que Ele manda é o que consta em Sua Palavra.

Paulo oferece três exemplos de adornos externos: cabelo, joias e roupas. O apóstolo estabelece um contraste entre o exterior exibicionista e a modéstia. Enquanto penteados entremeados com ouro e pérolas e roupas caras existem para ser exibidos, a modéstia e o pudor no vestuário chamam mais a atenção para o homem interior do coração.

- O que Paulo queria dizer com “não com tranças, ou com ouro, ou pérolas”? Segundo o rev. Hernandes Dias Lopes, naquela época, as mulheres, usavam penteados extravagantes para chamar a atenção. As mais ricas introduziam em suas tranças joias caras e até pedras preciosas, em evidente ostentação. Com isso, atraíam os olhares dos admiradores. As mulheres romanas gostavam de seguir a última moda e competiam entre si para ver quem tinha as roupas e os penteados mais sofisticados.

- O que Paulo queria dizer com “vestidos preciosos”[dispendioso –ARA]? Segundo Hernandes Dias Lopes, as mulheres costumavam investir enormes somas de dinheiro em um vestido para ostentarem sua riqueza, seu luxo e seu glamour na passarela da moda. Faziam disso a razão da própria vida. Paulo se posiciona contra essa inversão de valores e orienta as mulheres cristãs a serem modestas e decentes quanto ao vestuário. Para John Stott, o que Paulo está enfatizando é que as mulheres cristãs devem adornar-se com vestes, penteados e artigos de joalharia que, em sua cultura, não sejam caros nem extravagantes; que sejam modestos, e não ufanosos; decentes, e não sensuais.

É preciso existir um equilíbrio entre o cultivo da beleza interior e a manifestação graciosa do exterior. A mulher virtuosa de Provérbios 31 tinha bom gosto para se vestir e cuidava bem do corpo, mas entendia que a beleza interior precisa sobrepujar a beleza física, pois esta passará enquanto aquela permanece para sempre: “Enganosa é a graça, e vã, a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor essa será louvada” (Pv 31:30). O perigo não é o uso, mas o abuso; a ênfase não está na proibição, mas num senso adequado de valores.

Os líderes, naturalmente, devem servir de exemplo ao rebanho (1Pe 5:3) e, portanto, devem ser, igualmente, modestos, equilibrados e que devem ter uma postura que possa ser imitado pelos demais irmãos. É triste vermos, hoje em dia, que há obreiros que se especializam em dar regras e regulamentos sobre postura e modéstia em suas igrejas locais, mas que têm, no dia-a-dia, uma ostentação, fazendo questão de exibir carros caríssimos, roupas de grife e outras coisas mais, que não podem estar presentes na vida de um homem modesto, que tem de ter um sinal de equilíbrio em sua vida. Não estamos com isto dizendo que o cristão deva andar mal arrumado, tenha falta de asseio ou seja relaxado, pois isto também é algo que não está presente nas Escrituras, mas devemos ser pessoas que tenham, sobretudo, equilíbrio e simplicidade. Nunca nos apartemos, pois, da simplicidade que há em Cristo Jesus.

IV. A CONDUTA DAS MULHERES NA IGREJA (1Tm 2:11-15)

“11-A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição. 12-Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio. 13-Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. 14-E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão. 15-Salvar-se-á, porém, dando à luz filhos, se permanecer com modéstia na fé, na caridade e na santificação”.

Depois do vestuário e dos adornos externos, Paulo toca no papel que as mulheres devem desempenhar nas reuniões da igreja. Na igreja não são a discórdia e as brigas, mas a paz e a subordinação, que devem determinar o clima no qual os cristãos celebram a ceia do Senhor, adoram a Deus, louvam e oram.

1. O silêncio no culto. “A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição”. O termo silêncio é uma tradução infeliz, pois dá a impressão de que as mulheres cristãs não devem jamais abrir a boca dentro da igreja. Segundo o rev. Hernandes Dias Lopes, algumas mulheres estavam abusando da liberdade que haviam encontrado em Cristo e tumultuavam os cultos com suas interrupções. É a esse problema que Paulo se refere em sua admoestação. Assim como se esperava das mulheres silêncio na sinagoga judaica, há evidências de que um novo espírito de emancipação se espalhava nas novas congregações cristãs. Em 1Coríntios 14:33-36, ele proíbe totalmente as mulheres de se dirigirem à congregação. A insistência de Paulo em repetir essa questão talvez seja devido a uma suspeita de que os mestres do erro em Éfeso estavam explorando a disposição das mulheres com tendências religiosas para reivindicarem o que ele considerava ser um destaque impróprio para elas. Os falsos mestres prometiam às mulheres uma liberdade superior, que as libertaria do matrimônio, da intimidade sexual com o marido e da função de gerar filhos (1Tm 4:3).

2. A liderança do homem.Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio. Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão” (1Tm 1:12-14).

Note que quando o Espírito Santo foi derramado no dia de Pentecostes, todos os que estavam no Cenáculo, inclusive as mulheres, passaram a falar das grandezas de Deus (At 1:14; 2:1-3). Note que na igreja primitiva havia profetisas (At 21:8,9). Note que as mulheres podiam orar no culto público e também profetizar (1Co 11:5). Paulo diz a Tito que as mulheres mais velhas devem ensinar as mais jovens (Tt 2:3,4). Timóteo foi ensinado em sua casa por sua mãe, Eunice, e sua avó, Lóide (2Tm 1:5; 3:15). É importante ressaltar, também, que o próprio Paulo, ao escrever aos gálatas, ensina que perante Cristo, para salvação, homens e mulheres são iguais (Gl 3:28). Portanto, não há nenhuma proibição bíblica de uma mulher piedosa instruir um homem (At 18:24-28). A questão em tela é que a mulher não deve, no culto público, ocupar a posição de liderança do homem e exercer autoridade sobre os homens.

Paulo usa três argumentos para fundamentar sua exortação (adaptado do livro: 1Timóteo – O pastor, sua vida e sua obra - Hernandes Dias Lopes).

- Em primeiro lugar, a criação - Porque primeiro foi formado Adão, depois, Eva” (1Tm 2:13). Paulo não está tratando aqui de superioridade do homem, pois tanto o homem como a mulher foram criados à imagem e semelhança de Deus (Gn 2:7) e ambos são redimidos pela fé em Cristo (Gl 3:28). A questão aqui é de autoridade, ou seja, de funcionalidade no corpo: o homem foi criado primeiro; portanto, o homem é o cabeça da mulher.

- Em segundo lugar, a queda – “E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão” (1Tm 2:14). Satanás enganou a mulher e a levou a pecar (Gn 3:1-24; 1Co 11:3); porém, o homem pecou deliberada e conscientemente. Segundo Hernandes Dias Lopes, Paulo aqui não está dizendo que a mulher seja mental, moral ou espiritualmente inferior ao homem, nem está sugerindo que as mulheres são mais ingênuas que os homens e, portanto, mais susceptíveis à queda. Não. A explicação mais concorde entre os estudiosos é que o ponto essencial com respeito à participação de Eva na queda não foi o fato de ela ter sido enganada, mas de ter tomado uma iniciativa indevida, usurpando assim a autoridade de Adão e invertendo os papéis atribuídos a cada um deles (Gn 3:6,17).

Segundo Elinaldo Renovato, Paulo se utiliza do exemplo de Adão e Eva “para mostrar o que estava acontecendo na igreja de Éfeso. Assim como Eva foi seduzida e enganada pela serpente, as mulheres daquela igreja estavam se deixando seduzir pelos ensinos dos falsos mestres”.

- Em terceiro lugar, a missão no lar – “Salvar-se-á, porém, dando à luz filhos, se permanecer com modéstia na fé, na caridade e na santificação” (1Tm 2:15).

Segundo o Comentário do Novo Testamento – Aplicação pessoal -, uma das funções mais importantes de uma esposa e mãe é cuidar da sua família. As mulheres de Éfeso estavam abandonando o objetivo que Deus lhes tinha dado por causa dos falsos ensinadores. Assim, Paulo estava lhes dizendo que cuidarem de suas famílias ou voltarem a se casar, se fossem viúvas jovens (cf. 1Tm 5:14,15), seria uma maneira de permanecerem trabalhando e vivendo uma vida de serviço fiel. Dando à luz a filhos, educando-os, e cumprindo o seu desígnio, as mulheres seriam salvas dos males da sociedade de Éfeso e manteriam um testemunho puro da soberania de Cristo. Paulo colocava diante das mulheres de Éfeso o objetivo de viver com modéstia na fé, no amor e na santificação. As mulheres piedosas têm uma congregação dentro do lar que precisa de seu ensino e sua influência.

CONCLUSÃO

São inúmeras as interpretações sobre o papel das mulheres na igreja. Parece haver evidências e opiniões divididas em quantidade suficiente para concluir que a resposta completa não pode ser obtida a partir da primeira Epístola a Timóteo. As Escrituras Sagrada devem ser interpretadas no seu contexto. Paulo deu outros ensinamentos a respeito dos relacionamentos masculino/feminino; todos devem ser considerados pela igreja no momento de tomar uma decisão sobre o assunto.

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Luciano de Paula Lourenço - Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Revista Ensinador Cristão – nº 63. CPAD.

Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD

Guia do Leitor da Bíblia – Lawrence O. Richards

Tito e Filemom – doutrina e vida, um binômio inseparável. Rev. Hernandes Dias Lopes. Hagnos.

1 Timóteo – o pastor, sua vida e sua obra. Rev. Hernandes Dias Lopes. Hagnos.

Comentário do Novo Testamento – 1 e 2 Timóteo e Tito. William Hendriksen.

As Ordenanças de Cristo nas Cartas Pastorais. Elinaldo Renovato de Lima. CPAD.