3º Trimestre/2023
Texto Base: 2 Coríntios 4.11-18
Subsídio
para a Lição 10
“Por
isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o
interior, contudo, se renova de dia em dia” (2Co.4:16).
2Coríntios 4:
11.E assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues
à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também em
nossa carne mortal.
12.De maneira que em nós opera a morte, mas em vós,
a vida.
13.E temos, portanto, o mesmo espírito de fé, como
está escrito: Cri; por isso, falei. Nós cremos também; por isso, também
falamos,
14.sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos
ressuscitará também por Jesus e nos apresentará convosco.
15.Porque tudo isso é por amor de vós, para que a
graça, multiplicada por meio de muitos, torne abundante a ação de graças, para
glória de Deus.
16.Por isso, não desfalecemos; mas, ainda que o
nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em
dia.
17.Porque a nossa leve e momentânea tribulação
produz para nós um peso eterno de glória mui excelente,
18.não atentando nós nas coisas que se veem, mas
nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem
são eternas.
INTRODUÇÃO
Viver em um mundo repleto de adversidades e
desafios é uma experiência inegável para todos os cristãos. Essas adversidades
externas podem assumir várias formas como, por exemplos, problemas financeiros,
perdas pessoais, conflitos interpessoais e eventos imprevisíveis. Diante dessa
realidade incontestável, emerge a necessidade premente de buscar renovação
espiritual contínua como uma forma de enfrentar e transcender tais desafios, e o Espírito Santo é nossa fonte de força
e renovo; é por
meio Dele que os seguidores fiéis de Cristo experimentam essa renovação espiritual no interior
de sua vida (2Co.4:16).
Ao experimentar renovação espiritual, o homem
interior é capaz de adquirir uma nova perspectiva sobre as adversidades. Ele
pode perceber que sua força interior não é determinada pelas circunstâncias
externas, mas sim pela sua capacidade de se conectar com algo mais profundo e
transcendente, a saber, o Espírito Santo. Essa conexão espiritual pode fornecer
respostas para perguntas difíceis, oferecer conforto nos momentos de dor e
inspirar ações positivas em meio à adversidade.
Esta Lição traz uma exortação para que a nossa vida
interior, isto é, a vida espiritual, persevere diante das muitas dificuldades
externas. A finalidade é mostrar que o seguidor de Cristo que tenha passado por
uma renovação espiritual, é capaz de enfrentar com triunfo qualquer investida
proveniente das forças malignas.
I. O SOFRIMENTO EXTERIOR
1. A experiência de Paulo
A vida do apóstolo Paulo nos mostra que os crentes
fiéis e obedientes ao Senhor também passam por muitas provações e aflições. Ele
nos deixou um grande exemplo de como permanecer firme em Cristo, mesmo diante
do sofrimento. Como cristão precisamos amadurecer na fé. Para isso, Deus usa as
adversidades para nos conduzir ao caminho do crescimento espiritual.
A experiência do sofrimento do apóstolo Paulo nos
ensina que ser cristão não é ser poupado das provas, dos vales, dos desertos,
das fornalhas, das covas dos leões, das prisões ou da morte. Mas, ser crente, é
ser conformado em todas essas circunstâncias adversas. Em 2Corintios 1:8, ele
contou à Igreja de Corinto uma dolorosa e dramática experiência vivida na
cidade de Éfeso:
“Porque
não queremos, irmãos, que ignoreis a natureza da tribulação que nos sobreveio
na Ásia, porquanto foi acima das nossas próprias forças, a ponto de
desesperarmos até da própria vida”.
Paulo não descreve o fato, mas declara como se
sentiu depois de ter passado por esse terremoto existencial. Ele estava num
beco sem saída, em completo desespero. Essa experiencia, deu-se na cidade de
Éfeso. Nesta cidade, ele enfrentou severa oposição tanto dos judeus como dos
idólatras. Sua passagem por Éfeso revolucionou a população e trouxe grandes
abalos para as estruturas espirituais da cidade. O culto à falsa deusa Diana
ficou seriamente abalado depois da estada de Paulo na capital da Ásia Menor.
Possivelmente Paulo foi vítima de uma orquestração mortífera tanto dos judeus
(At.20:19; 21:27) como dos gentios (At.19:23-40). Talvez tenha sido até mesmo
sentenciado à morte. A Bíblia registra pelo menos quatro situações que o tenham
levado ao desespero: (a) o motim instigado por Demétrio (At.19:23-41); (b) a
luta contra as feras selvagens (1Co.15:32); (c) o aprisionamento por
autoridades romanas (2Co.11:23); (d) um mal físico (2Co.12:7-10).
Também não está fora de cogitação pensar que Paulo
tenha sido arrastado para várias sinagogas locais a fim de ser julgado perante
as cortes judaicas. Os castigos que recebia eram as 39 chicotadas prescritas; ele
afirma: “Cinco vezes recebi dos judeus uma quarentena de açoites menos um”
(2Co.11:24). Essas surras podiam ser perigosas quando administradas com
severidade, especialmente se fossem repetidas em curto espaço de tempo. Além
disso, as autoridades romanas golpearam Paulo três vezes com varas (2Co.11:25).
Lucas registra que em Filipos “uma multidão revoltada se juntou contra Paulo e
Silas, e os magistrados ordenaram que os dois fossem despidos e açoitados com
varas. Depois de serem severamente açoitados, foram lançados na prisão “ (Atos
16:22,23). Além de todos esses sofrimentos, Paulo sofreu terrivelmente em sua
Primeira Viagem Missionária. Na província da Galácia, ele foi expulso de
Antioquia da Pisídia, teve de fugir do Icônio para não ser linchado, e em
Listra foi apedrejado e arrastado da cidade como morto (Atos 14:1-19).
Enfim, por onde passou, Paulo sofreu as piores
perseguições que um ser humano pode suportar, e terminou sua jornada em Roma, solitário,
numa masmorra úmida e fétida, onde aguardou o seu martírio. Apesar de tudo
isto, Paulo é enfático ao afirmar que, de todas essas perseguições, Deus o
livrou, e afirma, categórica e insofismavelmente, que todos aqueles que querem
viver piedosamente em Cristo serão perseguidos (2Tm.3:12). O próprio Jesus já
havia alertado sobre essa realidade (João 15:18-20):
¹⁸
Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim. ¹⁹Se
vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do
mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia. ²⁰
Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: não é o servo maior do que seu senhor.
Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros; se guardaram a minha
palavra, também guardarão a vossa”.
O Deus que agiu com Paulo continua agindo no
desenrolar da História (2Co.1:10). O crente é indestrutível até cumprir o
propósito de Deus na terra. O Deus que agiu ontem, age hoje e continuará agindo
amanhã. O Deus que fez é o Deus que faz e fará. Ele está no trono, está no
controle e trabalha até agora. Ele jamais abdicou do seu poder de intervir
milagrosamente na vida do seu povo.
2. O exemplo do Apóstolo
A provação de Paulo em sua Primeira Viagem
Missionária foi terrível a ponto de em Listra ser considerado como morto, após
ser apedrejado com fúria, mas em Éfeso a provação foi tão severa que ele se viu
oprimido acima das suas forças naturais, a ponto de desesperar até da própria
vida (2Co.1:8). A perspectiva do apóstolo era tão terrível que ele se sentiu
como um homem sentenciado à morte (2Co.1:9). Se alguém lhe perguntasse: “você acha
que vai viver ou morrer?”, ele certamente responderia: “vou morrer”. Mas, ele
não retrocedeu e tampouco negou a fé (2Tm.4:7; Hb.10:69).
Diante desse quadro tenebroso que Paulo passou,
temos coragem de dizer que ele é o nosso exemplo, e que devemos imitá-lo? Como
reagiríamos se passássemos hoje pela mesma experiência de Paulo? O Pr.
Hernandes Dias Lopes, citando Barclay, afirma: “É melhor sofrer com Deus e com
a verdade do que prosperar com os homens e com a mentira, pois a perseguição é
transitória, mas a glória final dos fiéis é segura”. As cicatrizes são o preço
que todo crente fiel a Cristo precisa beber. Certa feita, perguntaram a um
professor: - Se a Igreja for mais perseguida, será mais fiel? Respondeu o
professor: - Não! Se a Igreja for mais fiel, será mais perseguida.
Depois de todo sofrimento atroz, e ter sido
injustamente preso pela segunda vez, e levado a Roma, mesmo na antessala do
martírio, Paulo disse: “Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a
fé” (2Tm.4:7). O apóstolo poderia morrer tranquilo porque havia concluído sua
carreira, e isso era tudo o que lhe importava (Atos 20:24). Mas ele deixa claro
que nessa peleja jamais abandonou a verdade nem negou a fé. Nesse aspecto, o
legado do apóstolo é de perseverança.
Embora o homem exterior seja consumido pelas
tribulações, o salvo não desanima nem recua. Veja o que Paulo disse à Igreja de
Roma: “Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos,
nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem
a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do
amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm.8:38,39).
O crente deve se conscientizar de que enquanto
estiver aqui neste mundo sofrerá tribulações, tentações e provações. Jesus
mesmo garantiu que não teríamos amenidades nesta vida: “no mundo tereis
aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (João 16:33). Precisamos
ser perseverantes como foi o apóstolo Paulo.
3. A esperança do crente
“Bendito
o varão que confia no Senhor, e cuja esperança é o Senhor” (Jr.17:7).
A esperança do crente está intimamente vinculada:
-A uma fé firme: "ora, o Deus de esperança vos
encha de todo o gozo e paz na vossa fé, para que abundeis na esperança pelo
poder do Espírito Santo" (Rm.15:13); "ora, a fé é o firme fundamento
das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem" (Hb.11:1).
-A uma sólida confiança em Deus: "pois nele se alegra o nosso
coração, porquanto temos confiado no seu Santo Nome. Seja a tua benignidade, Senhor,
sobre nós, assim como em ti esperamos" (Salmos 33:21,22).
A esperança é o esteio principal da estrutura
espiritual do crente. Isto significa que o crente não pode subsistir sem
esperança. Vivemos hoje num mundo tão hostil que remetem as pessoas para um
vácuo, sem esperança. As turbulências que sacodem o mundo atual, em todas as
áreas, têm levado as pessoas a uma indagação quase unissonante: “ainda há
esperança?”.
E o que é esperança? Para aqueles que cristãos
dizem ser, esperança é: esperar com confiança; é a perseverante confiança no
futuro; no sentido teológico, é esperar com confiança pela ação do poder de Deus
que nunca falha; é aguardar a ação de Deus, mesmo que todos sinalizem que você
não vai conseguir e que não vai dar certo, mas que você confia que o poder de Deus
vai entrar em ação e vai realizar isto que você espera; é o fator que não nos
permite desanimar, que nos mantém firmes e constantes, aguardando o cumprimento
da promessa que nos foi feita por Deus. Diz o texto sagrado: “porque quantas
são as promessas de Deus, tantas têm nele o sim; porquanto também por ele é o
amém para glória de Deus, por nosso intermédio” (2Co.1:20). Isto quer dizer que
é impossível Deus deixar de cumprir o que prometera.
-Em 1Pedro 1:3-4, está escrito: “bendito seja o Deus e
Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua grande misericórdia, nos
gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre
os mortos, para uma herança incorruptível, incontaminável e que se não pode
murchar, guardada nos céus para vós”. Pedro quis dizer que: além de termos
esperança de dias melhores; além de termos esperança de que Deus vai responder
nossas orações; além de termos esperança de que Deus vai abrir portas em vários
setores da vida, em várias questões da vida, temos a esperança de que um Dia
todo o sofrimento, toda dor, todo mal, vai ser debelado para sempre, e sempre e
sempre. Portanto, a nossa esperança é superlativa.
-O Salmista foi enfático quando disse: “agora,
pois, Senhor, que espero eu? A minha esperança está em ti”(Sl.39:7). “Ó minha
alma, espera silenciosa somente em Deus, porque dele vem a minha
esperança”(Sl.62:5).
-Isaias sabia muito bem o que significava
esperar no Senhor, por isso disse: ”mas os que esperam no Senhor renovarão as
suas forças; subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão;
andarão, e não se fatigarão”(Is.40:31).
-Paulo disse perante o governador Félix:
“tendo esperança em Deus, como estes mesmos também esperam, de que há de haver
ressurreição tanto dos justos como dos injustos”. Paulo quis enfatizar que um
dia todos nós morreremos, caso o Senhor Jesus não venha antes disso. Mas temos
a esperança de que ressuscitaremos e viveremos com Ele para sempre – é sem
dúvida a nossa mais sublime esperança. Em Roma, por ocasião de sua segunda
prisão, na antessala do martírio, Paulo afirmou com inefável alegria: “eu sei
em quem tenho crido, e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu
tesouro até aquele dia” (2Tm.1.12).
Paulo foi perseguido, rejeitado, esquecido,
apedrejado, fustigado com varas, preso, abandonado, condenado à morte,
degolado; mas em vez de fechar as cortinas da vida com pessimismo, amargura e
ressentimento, termina erguendo ao céu um tributo de louvor ao Senhor: “combati
o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé. Desde agora, a coroa da
justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e
não somente a mim, mas a todos aqueles que amarem a Sua vinda” (2Tm.4:7,8). “A
ele [o Senhor Jesus Cristo], glória pelos séculos dos séculos. Amém”
(2Tm.4:18b). A esperança da glória manteve esse bandeirante do cristianismo de
pé nas lutas mais renhidas. Ele tombou na terra, pelo martírio, mas ergueu-se
no céu para receber a recompensa, como o mais vitorioso e destacado bandeirante
da fé.
Portanto, a esperança é uma âncora para o crente
através da vida. Diz o escritor aos Hebreus: "Para que por duas coisas
imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos poderosa consolação,
nós, os que nos refugiamos em lançar mão da esperança proposta. A qual temos
como âncora da alma, segura e firme, e que penetra até o interior do véu; aonde
Jesus, como precursor, entrou por nós, feito sacerdote para sempre, segundo a
ordem de Melquisedeque" (Hb.6:18-20).
Jesus é a nossa esperança. Disse Paulo à Igreja de
Colossos: "A quem Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória
deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, a esperança da
glória" (Col.1:27). Disse a Timóteo: "Paulo, apóstolo de Cristo
Jesus, segundo o mandato de Deus, nosso Salvador, e de Cristo Jesus, esperança
nossa" (1Tm.1:1). Portanto, devemos depositar nEle a nossa esperança,
mediante o poder do Espírito Santo. Disse Paulo aos crentes de Roma: "E
outra vez, diz também Isaías: Haverá a raiz de Jessé, aquele que se levanta
para reger os gentios; nele os gentios esperarão. Ora, o Deus de esperança vos
encha de todo o gozo e paz na vossa fé, para que abundeis na esperança pelo
poder do Espírito Santo" (Rm.15:12,13).
Nosso Senhor obteve êxito sobre a morte e, do mesmo
modo, temos esperança da vitória e da vida eterna (2Co.4:14). Como cristãos,
não podemos deixar de aguardar a bem-aventurada esperança em Cristo (Tt.2:13). "Portanto,
cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios, e esperai inteiramente
na graça que se vos oferece na revelação de Jesus Cristo" (1Pd.1:13).
II. A RENOVAÇÃO INTERIOR
1. O fortalecimento diário
Embora as aflições afetem o nosso corpo, o nosso espírito
se renova a cada dia. É o Espírito Santo quem habilita o crente a manter-se
firme nas adversidades da vida (João 14:16,17). Sem Ele, o crente não
sobreviveria diante das tempestades da vida. É Ele quem nos reveste de poder,
nos capacita a preservar e a viver afastado do pecado que constantemente nos
rodeia (1Co.2:12-16). Por causa da atuação do Espírito Santo em nós, “não
desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa,
contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia” (2Co.4:16).
O nosso homem exterior é o nosso corpo; o nosso
homem interior é a nossa alma e espírito. O nosso corpo fica cansado, doente e
envelhecido, mas o espírito e a alma ficam mais maduro, mas fortes, mas
renovados. Do ponto de vista das disciplinas espirituais práticas, esse renovo
ocorre por meio da santificação pessoal, fidelidade, reverência, oração, jejum
e temor a Deus (1Co.7:5; Ef.5:18; Hb.12:14,28).
O corpo enfraquece, mas o homem interior renova-se.
O tempo vai esculpindo em nossa face rugas profundas; cada fio branco de cabelo
em nossa cabeça é a morte nos chamando para um duelo. Os nossos olhos ficam
embaçados, as nossas pernas ficam bambas, os nossos joelhos ficam trôpegos e as
nossas mãos ficam decaídas; mas não há rugas nem fraqueza em nosso homem
interior. Enquanto o homem exterior se corrompe, o nosso homem interior se
renova, diz o apostolo Paulo. Enquanto o homem exterior está perdendo a
batalha, o homem interior está crescendo em direção à luz, aumentando em força
e beleza. A lei do pecado e da morte está destruindo o corpo; a lei do Espírito
de vida em Cristo Jesus está renovando o espírito.
Portanto, não permitamos que as aflições desta vida
nos desanimem, mas devemos renovar o nosso compromisso em servir a Cristo e
permitir que o poder do Espírito Santo nos fortaleça cada dia (1Co.16:13).
2. O eterno peso de glória
O apóstolo Paulo declara o seguinte: “a nossa leve
e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente”
(2Co.4:17). As aflições são pesadas e contínuas, mas vistas sob a perspectiva
da eternidade são leves e momentâneas. No presente, enfrentamos tribulação, mas
no futuro estaremos na glória. Agora, há choro e dor, mas, no futuro, Deus
enxugará dos nossos olhos toda lágrima. Agora, a dor esmaga nosso corpo, aperta
nosso peito e nos tira o fôlego, mas no porvir, a dor não mais existirá. Agora
gememos sob o peso da tribulação, mas um Dia, na Glória, entraremos no gozo do
Senhor.
A tribulação por mais pesada e constante, posta sob
a ótica da eternidade, torna-se leve e momentânea. Essa Glória supera o
sofrimento, tanto em intensidade quanto em duração, acima de toda comparação.
Deus não desperdiça sofrimento na vida de seus filhos. Ele nunca fica em dívida
com ninguém. Portanto, faz-se necessário sermos sábios diante da tribulação,
fugindo da murmuração e reconhecendo que as lutas, segundo o critério de Deus,
são inevitáveis. Contudo, os sofrimentos do tempo presente não são para ser
comparados com as glórias por vir a ser reveladas em nós (Rm.8:19).
3. A visão da eternidade
Fortalecido em Deus, tendo plena consciência da
vida vindoura, o cristão é exortado a não focar “nas coisas que se veem, mas
nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem
são eternas” (2Co.4:18). Esta passagem enfatiza a importância de manter uma
visão espiritual e eterna, em contraste com as preocupações e distrações
efêmeras do mundo material.
Não vivemos pelo que vemos, mas pela fé, e a fé é a
certeza de que nossa cidade permanente não é aqui. A fé é a convicção de que a
nossa Pátria está no Céu. A fé não se apega às glórias do mundo porque vê um
mundo invisível superior a este. Ao fortalecer a sua fé em Deus e ter a
convicção da vida vindoura, um cristão é encorajado a direcionar sua atenção
para o que é invisível aos olhos físicos, mas que tem uma dimensão eterna. Isso
não significa negar a realidade do mundo visível ou evitar responsabilidades
terrenas, mas sim colocar as coisas em perspectiva e entender que o que é
temporário e passageiro não deve ser a fonte principal de preocupação e foco.
Foi por isso que Abraão não se encantou com a
planície de Sodoma, porque via uma cidade superior. A Palavra de Deus diz:
“Pela fé [Abraão], peregrinou na terra da promessa como em terra alheia,
habitando em tendas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa;
porque aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e
edificador” (Hb.11:9,10).
Foi por isso que Moisés abandonou as glórias do
Egito para receber uma recompensa superior. Diz as Escrituras: “Pela fé, ele
[Moisés] abandonou o Egito, não ficando amedrontado com a cólera do rei; antes,
permaneceu firme como quem vê aquele que é invisível” (Hb.11:27).
Ao reconhecer a transitoriedade das coisas
visíveis, somos incentivados a buscar uma fundação sólida em nossa fé e a
desenvolver uma visão que esteja enraizada na esperança da vida eterna em Deus.
Isso nos ajuda a enfrentar os desafios da vida com resiliência, confiança e
alegria, sabendo que há algo muito maior e mais duradouro do que as
circunstâncias momentâneas que enfrentamos. Nesse caso, somado à renovação
diária, o crente deve viver sob a perspectiva da eternidade. Não por acaso, o
apóstolo Paulo escreveu: “pensai nas coisas que são de cima e não nas que são
da terra” (Cl.3:2).
III. OS DESAFIOS DE HOJE
1. Cultura secularista
A cultura secularista é uma cultura sem Deus e
contra Deus; nega a realidade espiritual, a existência de Deus, a verdade
bíblica e todo o conjunto de valores provenientes da Palavra de Deus; é resultado
da influência do “espírito da Babilônia”, e que está infiltrada em todos os
sistemas, inclusive em grande parte do meio cristão.
O “espírito da Babilônia”, por meio da cultura
secularista, procura esmagar a vida espiritual dos crentes.
Nos capítulos 17 e 18 de Apocalipse, a Babilônia é
retratada como uma figura sedutora e corrupta, associada à luxúria, à idolatria
e à rebelião contra Deus. Assim, o “espírito da Babilônia” é um sistema global
deliberadamente anticristão e de rebeldia contra Deus, fomentado pelo primeiro
rebelde, o querubim ungido que se tornou “Satanás”, isto é, o adversário, que
domina sobre toda a humanidade sem Deus e sem salvação, os “filhos do diabo”,
como o disse o Senhor Jesus (João 8:44) e foi repetido pelo apóstolo João em
seus ensinos (1João 3:8-10).
O secularismo é uma ideologia que promove a ausência
de qualquer obrigação relacionada à autoridade ou crença em Deus. É uma forma
de ver o mundo onde se reconhece apenas o aqui e o agora, e se o mundo
espiritual existe, isso não é uma preocupação para o secularismo; assim, pode-se
viver como se esse mundo espiritual não existisse. O secularismo é uma forma
mais sutil de ateísmo, que nem sempre exige que se declare “não há Deus”. Isso
implica em que, simplesmente, Deus não é relevante para a discussão – nunca. Em
suas linhas ainda mais perniciosas, o secularismo implica em que Deus seria, na
realidade, destrutivo para a sociedade.
Enfim, a cultura secularista é a cultura do mundo
que jaz no maligno. O mundo é inimigo de Deus (Tg.4:4) e, deste modo, não pode
haver qualquer comunhão ou acordo entre a Igreja e o mundo. Não é, pois, por
acaso, que o mundo é denominado “império do mal” no título do nosso tema do
trimestre, porque é, efetivamente, o sistema dominado pelo maligno, por
Satanás, que as Escrituras dizem ter “o império da morte” (Hb.2:14).
Por isso, não podemos amar o mundo nem o que no
mundo há (1João 2:15) e, por consequência, devemos viver de tal maneira que
sempre nos oponhamos a este mundo, pois, assim o fazendo, estaremos nos
credenciando para viver com o Senhor eternamente.
Infelizmente, o mundanismo tem sido uma praga na
igreja, uma lepra espiritual. Tem entrado entre nós com o pretexto de que “Deus
só quer o coração”. Todo crente precisa separar-se do mundo para viver uma vida
totalmente controlada pelo Espírito Santo. Deus é santo, e exige de nós
santidade. Ser santo é estar separado das concupiscências desta vida, do mundo.
De nada adianta o título de cristão se a pessoa não demonstra uma vida santa
diante de Deus e dos homens. A Igreja, no seu todo, e cada crente, em
particular, só poderá ser um referencial para o mundo e para os homens se viver
de uma maneira diferente do que vive o mundo, as pessoas ímpias, sem Deus.
Este mundo busca, pois, atacar a Igreja, assim como
atacou o Senhor Jesus, mas, assim como Nosso Senhor (João 16:33), também venceremos
o mundo, se nos mantivermos leais e fiéis a Deus até o fim (1Ts.1:9,10;
Mt.24:13). Aliás, por conta desta luta incessante entre a Igreja e o mundo é
que o Senhor nos diz que no mundo sempre teremos aflições (João 16:33). Estas
aflições são o resultado deste embate. Jamais haverá uma boa convivência entre
a Igreja e o mundo, sendo, por isso, extremamente enganoso e perigoso buscar-se
uma felicidade terrena ou confundir a salvação com um estado de bem-estar
material ou terreno, como tem muitos que pregam, como os arautos da teologia da
prosperidade e de sua coirmã, a teologia da confissão positiva.
2. Relativismo doutrinário
Na língua portuguesa: “relativismo", refere-se
à ideia de que as verdades, valores e padrões podem variar de acordo com o contexto
cultural, histórico ou individual; isso implica que não existe uma verdade
absoluta e universal, mas sim perspectivas diversas e relativas.
"Doutrinário", diz respeito às doutrinas;
neste caso, as doutrinas cristãs, as quais se baseiam na Bíblia Sagrada – nossa
única regra de fé e prática. A doutrina pode vir expressa em forma de credos,
declarações de fé ou dogmáticas.
Portanto, “relativismo doutrinário" é a visão
de que as doutrinas fundamentais da Bíblia Sagrada são relativas e podem variar
de acordo com diferentes perspectivas culturais, históricas ou individuais. Nesta
visão, a verdade bíblica não é algo absoluto, e que sofre modificações e está
condicionada a cada sociedade conforme a sua época e cultura. Os mais engajados
neste contexto são os adeptos do Liberalismo Teológico, uma corrente teológica
que tem como premissa principal a negação da inspiração, suficiência,
autoridade e inerrância das Escrituras Sagradas, dentre outros aspectos. Negam a autenticidade da Bíblia,
transformando-a num Livro mitológico, negando a veracidade dos milagres nela
registrados. Negam que Jesus Cristo é o Filho de Deus enviado como Redentor da
humanidade. Chegam, mesmo, a duvidar da existência de Cristo; apenas admitem a
existência de um “Jesus histórico”, ou seja, que veem em Jesus um grande
pensador, um grande profeta, um grande filósofo, um homem extraordinário, cuja
mensagem conseguiu transformar o mundo de seu tempo, mas que não conseguem ver
nEle o Salvador do mundo. Como não podem negar a sua existência, pois, para
isso teriam que negar a própria História, aceitam-no como homem comum, porém,
negando seu nascimento virginal.
Desse modo, devido à influência do liberalismo
teológico que busca desconstruir a fé ortodoxa, a autoridade da Bíblia é
questionada e surge o que pode ser chamado de "relativismo
doutrinário". Nesse contexto, a interpretação da Bíblia é reexaminada de
maneira seletiva, muitas vezes visando atrair para a Igreja aqueles que não
aderem à doutrina tradicionalmente aceita. Isso resulta em uma abordagem em que
diferentes partes da Bíblia são reinterpretadas ou enfatizadas de forma a se
alinhar com visões mais amplas e variadas, em vez de seguir rigidamente a
doutrina ortodoxa. Não se pode fazer uma releitura seletiva da Bíblia Sagrada
para agregar à Igreja os que não aceitam a sã doutrina (2Tm.4:3).
O relativismo aliado à ideologia secularista impõe
o que deve ser considerado como ideal. Assim, o pecado é aceito e tolerado.
Estamos vendo hoje muitas heresias nas Igrejas ditas evangélicas; muitas delas
com sabor de alimento saudável e nutritivo, mas não passam de comida venenosa e
mortífera. Essas heresias estão presentes nos seminários, nos púlpitos, nos
livros, nas músicas. Uma heresia é uma negação da verdade ou uma distorção
dela. Precisamos nos acautelar! Precisamos reagir contra essa inversão de
valores, resistir ao “espírito da Babilônia” e “batalhar pela fé que uma vez
foi dada aos santos” (Jd.1:3).
3. Batalha espiritual
A Igreja desde o seu nascedouro trava uma batalha
neste mundo, e essa luta não é contra o homem, mas contra Satanás e seus
demônios (Ef.6:12). Batalha Espiritual faz parte da vida cristã, porque os
crentes vivem uma constante luta contra o pecado; por isso, deve estar
revestido de toda armadura de Deus para poder vencer esta batalha espiritual.
A Batalha Espiritual tem várias facetas, e ela
começou lá no Éden, quando, pela primeira vez o ser humano se viu frente a
frente com o inimigo. Desde então, batalhas são enfrentadas a cada dia, até que
venha o grande Dia do Senhor, quando Ele mesmo destruirá, para sempre, os
principados e as potestades malignas.
No Antigo Testamento, lemos sobre batalhas espirituais,
em que o reino maligno luta contra o reino da luz. Cito os seguintes exemplos:
-O confronto entre o profeta Micaías e os falsos
profetas liderados pelo falso profeta Zedequias (1Reis 22:6-28), e o relato
paralelo em 2Crônicas cap.18 são exemplos clássicos. Lembramos também da
batalha travada no Monte Carmelo entre o profeta Elias e os falsos profetas de
Baal (cf. 1Reis cap.18:20-40).
-A batalha travada entre o Arcanjo Miguel e as
potestades com relação à resposta da oração de Daniel. O capítulo 10 de Daniel
mostra que enquanto Daniel orava e jejuava, estava sendo travada uma batalha
espiritual de grande magnitude. O príncipe da Pérsia (isto é, um anjo maligno)
estava impedindo que Daniel recebesse do anjo a mensagem de Deus. Por causa
desse conflito, Daniel teve que esperar vinte um dia para receber a revelação.
Esse “príncipe da Pérsia” não era um potentado humano, mas um anjo satânico. Só
foi derrotado quando Miguel, o príncipe de Israel (Dn.10:21), chegou para
ajudar o anjo mensageiro. Os poderes satânicos queriam impedir o recebimento da
revelação, mas o príncipe angelical de Israel (Dn.12:1) demonstrou sua
superioridade (cf.Ap.12:7-12). Esse incidente nos dá um vislumbre das batalhas
invisíveis que são travadas na esfera espiritual a nosso favor. Note que Deus
já tinha respondido a oração de Daniel, mas que a ação satânica retardou a
resposta da mensagem por vinte e um dias. Visto que o crente sabe que Satanás
sempre quer impedir nossas orações (2Co.2:11), deve perseverar na oração
(cf.Lc.18:1-8).
No Novo Testamento, há a possessão do gadareno e a
expulsão dos demônios por Jesus, e a tentação de Jesus. Não há dúvida que a
tentação de Jesus no deserto foi uma batalha espiritual, e uma batalha de
quarenta dias. A primeira coisa que aprendemos nisso é que Satanás é um inimigo
derrotado (João 12:31; 16:11), e que o acontecido era o prenúncio da completa
derrota final de Satanás. Deus expulsou Satanás do Céu (Is.14:12-15), mas Jesus
veio para expulsá-lo da terra (João 12:31). Todo o reino das trevas ficou
sabendo da derrota do seu maioral enquanto o Vencedor dava aos seus discípulos
poder para pisar todas as hostes do Inimigo (Lc.10:19).
A Igreja precisa estar vigilante, atentar para
todas as artimanhas do adversário de nossas almas, que anda ao derredor
buscando a quem possa tragar (1Pd.5:8). Quando não vigiamos, quando não estamos
alerta, o inimigo facilmente se introduz na nossa vida e, o que é mais grave,
acaba tendo acesso ao nosso coração, como ocorreu com Judas Iscariotes (João
13:2).
A igreja, portanto, deve estar sempre atenta,
alerta e revestida da armadura de Deus, a fim de não permitir que o adversário
venha a nos enganar. Paulo exorta: “No demais, irmãos meus, fortalecei-vos
no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para
que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo; porque não temos
que lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as
potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes
espirituais da maldade, nos lugares celestiais” (Ef.6:10-12).
CONCLUSÃO
Enquanto estivermos neste mundo, num corpo
corruptível, estaremos sujeitos às tribulações desta vida (2Co.4:11). Apesar
disso, o nosso homem interior não deve desfalecer, mas se renovar continuamente
por meio do poder do Espírito (2Co.4:16). A renovação interior do crente é uma
parte fundamental da experiência cristã; é um processo contínuo que envolve
cultivar a fé, aprofundar o relacionamento com Deus, o conhecimento da Palavra
de Deus para fortificar a maturidade cristã e espiritual, a comunhão com o
Espírito Santo e fortalecer a capacidade de resistir às tentações do pecado e
do mal.
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Luciano
de Paula Lourenço – EBD/IEADTC
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e
Grego. CPAD
William Macdonald. Comentário Bíblico popular
(Antigo e Novo Testamento).
Pr. Douglas Baptista. A IGREJA DE CRISTO E O
IMPÉRIO DO MAL. CPAD.
Rev. Hernandes Dias Lopes. 2Timóteo. O Testamento
de Paulo à Igreja.
Rev. Hernandes Dias Lopes. 2Corintios.O
Triunfo de um homem de Deus diante das dificuldades.