DESCOBRINDO O NOVO TESTAMENTO
1 e 2
PEDRO, 1, 2 e 3 JOÃO
Texto
Básico: 1Pedro 2:1-5
“Por
essa razão, pois, amados, esperando estas coisas, empenhai-vos por serdes
achados por ele em paz, sem mácula e irrepreensíveis”(2Pedro 3:14).
INTRODUÇÃO
Dando continuidade ao estudo
panorâmico do Novo Testamento vamos estudar nesta Aula as Epístolas de Pedro e
João.
As
Epístolas de Pedro
A primeira foi
escrita para encorajar cristãos perseguidos e confusos e para exortá-los a
permanecer firmes na sua fé (1Pe 5:12). A segunda foi escrita a cristãos
que estavam sendo ameaçados pelo falso ensino interno(2Pe 2:1). Como antídoto,
Pedro enfatiza a verdade e as implicações éticas do Evangelho contra os falsos
mestres.
As
Epístolas de João
A primeira foi
escrita com o propósito de dar garantia aos que creram em Cristo acerca da
certeza da salvação(1João 5:13). A segunda foi escrita para alertar a
igreja sobre o perigo dos falsos mestres. A Terceira foi escrita para
alertar a igreja sobre o perigo dos falos líderes. Os problemas que motivaram o
idoso apóstolo a escrever estas Epístolas ainda atingem a igreja hoje. Os
tempos mudaram, mas o homem é o mesmo. Os problemas podem ter aspectos
diferentes, mas em essência são os mesmos.
O contexto das três cartas de João mostra uma igreja
assediada pelos falsos mestres. Muitos desses falsos mestres saíram de dentro
da própria igreja (1João 2:19) e se corromperam teológica e moralmente. O
apóstolo Paulo havia alertado para essa possibilidade (At 20:29,30). A heresia
é nociva. Ela engana e mata. Não podemos ser complacentes com o erro. Não
podemos tolerar a mentira. Não podemos apoiar a causa dos falsos mestres.
Hoje, ainda, há muitos falsos
profetas, muitos falsos mestres e muito engano religioso. A igreja evangélica
brasileira tem sido condescendente com muitos ensinos estranhos à Palavra de
Deus. Precisamos nos acautelar. Precisamos nos firmar na verdade para vivermos
de modo digno de Deus.
I.
1 PEDRO, RESPONDENDO À PERSEGUIÇÃO
1. Autoria. O autor
da Epístola se apresenta como Pedro, apóstolo de Jesus Cristo(1Pe 1:1). Alguns
críticos duvidam que Pedro seja o autor da Carta, devido o excelente nível do
grego empregado. Um pescador Galileu seria capaz de escrever tão bem? Muitos
dizem que não. No entanto, como nossa cultura mostra através de várias
exemplos, pessoas com habilidade linguística natural podem desenvolver o uso da
linguagem de forma extraordinária. Pedro tinha trinta anos de experiência como
pregador, sem falar na inspiração do Espírito Santo e, provavelmente, na
contribuição de Silvano(1Pe 5:12) para a redação da Carta. Quando Atos 4:13 diz
que Pedro e João eram “iletrados e incultos”, refere-se apenas a sua falta de
instrução rabínica.
As referencias externas de que
Pedro escreveu esta Epístola são antigas e praticamente universais. Eusébio
conta 1Pedro entre os livros aceitos por todos os cristãos. Policarpo e
Clemente de Alexandria o consideram autêntico.
2.
Destinatários. A Epístola é dirigida aos forasteiros ou peregrinos
da Dispersão no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia(1Pe 1:1). Alguns
destes, talvez hajam se convertido no dia de Pentecostes, ao ouvirem a mensagem
de Pedro, e retornaram às suas respectivas cidades levando a fé que acabavam de
conhecer(cf At 2:9,10). Estes crentes são chamados “peregrinos e
forasteiros”(1Pe 2:11), relembrando-lhes, assim, que a peregrinação cristã
ocorre num mundo hostil a Jesus Cristo; mundo este, do qual só podem esperar
perseguição. É provável que Pedro escreveu esta Carta em resposta a informes dos
crentes da Ásia Menor sobre a crescente oposição a eles(1Pe 4:12-16), ainda sem
consentimento do governo (1Pe 2:12-17).
Pedro escreveu de “Babilônia”(1Pe
5:13). Isto pode referir-se literalmente à cidade de Babilônia, na Mesopotâmia,
ou pode ser uma expressão figurada referente a Roma, o centro principal de
oposição a Deus, no século primeiro.
3.
Contexto e Tema. Pedro trata particularmente do sofrimento na vida
cristã. Até então, seus leitores haviam sido ultrajados e ridicularizados por
causa de Cristo (1Pe 4:14,15). Ao que parece, a prisão, o confisco dos bens e a
morte violenta ainda eram tribulações que estavam por vir. Mas esta Carta
magnífica não trata apenas do sofrimento. Fala das bênçãos herdadas por aqueles
que aceitam o Evangelho e de como os cristãos devem relacionar-se com o mundo,
o estado, a família e a Igreja. Também fornece instruções sobre os presbíteros
e a disciplina eclesiástica.
A mensagem preeminente de 1Pedro
diz respeito à submissão e ao sofrer, perseverando na retidão, por amor a
Cristo, de conformidade com o próprio exemplo dEle(1Pe 2:18-24; 3:9-5:11).
Pedro assegura aos fiéis que eles obterão o favor e a recompensa de Deus ao
sofrerem por causa da justiça. No contexto desse ensino do sofrimento por
Cristo, Pedro ressalta os temas conexos da salvação, da esperança, do amor, da
fé, da santidade, da humildade, do temor a Deus, da obediência e da submissão.
II.
2 PEDRO, O VERDADEIRO CONHECIMENTO CRISTÃO
1. Data e destinatários. Na
saudação(2Pe cap. 1), Simão Pedro identifica-se como o autor da Carta. Mais
adiante ele declara aos seus leitores que esta é a sua segunda Epístola(2Pe
3:1), indicando assim que está escrevendo aos mesmos crentes da Ásia Menor, a
quem dirigira a primeira Epistola(1Pe 1:1). Visto que Pedro, assim como Paulo, foi
executado por decreto do perverso Nero (que, por sua vez, morreu em junho de 68
d.C.), é mais provável que Pedro escreveu esta Epístola entre 66 e 68 d.C.,
pouco antes do seu martírio em Roma (2Pe 1:13-15).
2.
Conteúdo. Este Epístola solenemente instrui os crentes a tomarem
posse da vida e da piedade, mediante o verdadeiro conhecimento de Cristo.
O primeiro capítulo acentua
a importância do crescimento cristão. Tendo começado pela fé, o crente deve
buscar diligentemente a excelência moral, o conhecimento, a temperança, a
perseverança, a piedade, o amor fraternal e a caridade(amor altruísta), que
levam à fé madura e ao verdadeiro conhecimento do Senhor Jesus (2Pe 1:3-11).
O segundo capítulo adverte
solenemente contra os falsos profetas e mestres que surgem dentro das igrejas.
Pedro os denuncia como anarquistas e perniciosos (2Pe 2:1,3; 3:17), que se
comprazem nas concupiscências da carne (2Pe 2:2,7,10,13,14,18,19); são
cobiçosos (2Pe 2:2,14,15), arrogantes (2Pe 2:18) e obstinados (2Pe 2:10) e que
desprezam a autoridade (2Pe 2:10-12). Pedro procura resguardar os verdadeiros
crentes contra as suas heresias destrutivas (2Pe 2:1) pondo a descoberto seus
motivos e conduta malignos.
No terceiro capítulo, Pedro
refuta o ceticismo desses mestres, no tocante à vinda do Senhor (2Pe 3:3,4).
Assim como a geração dos dias de Noé, enganada, zombava da ideia do juízo da
parte de Deus, através de um grande dilúvio, esses outros zombadores estão
igualmente cegos quanto às promessas da volta de Cristo. Mas, com a mesma certeza
manifesta no julgamento pelo dilúvio (2Pe 3:5,6), Cristo voltará e desintegrará
a presente Terra, no fogo (2Pe 3:7-12), e criará uma nova ordem sob a justiça
(2Pe 3:13). Tendo em vista esse fato, os crentes devem viver vidas santas e
piedosas na presente era (2Pe 3:11,14).
III.
1 JOÃO, A CERTEZA DO CRENTE
1. Autoria e Propósito.
a)
Autoria. Há um consenso quase unânime na história da igreja, por
meio de evidências externas e internas, que essa Carta foi escrita pelo
apóstolo João. Muito embora o nome do apóstolo não apareça no corpo da missiva,
como acontece em outras epístolas, a semelhança com o quarto evangelho e com as
outras duas missivas, no que tange ao vocabulário, ao estilo, ao pensamento e
ao escopo não deixa dúvida de que o evangelho e as três cartas podem ser
considerados obras do mesmo autor. Destacaremos duas evidências de autoria
joanina:
- Em primeiro lugar, as evidências externas. Os pais
da igreja do segundo século, como Policarpo (69-155), Papias (60-130), Clemente
de Alexandria (150-215), e Irineu (150-200) dão testemunho eloquente da autoria
joanina dessa missiva. Tertuliano, no começo do terceiro século, Cipriano,
nos meados do terceiro século, e Eusébio, no quarto século, também dão
testemunho que João foi o autor desta Carta. Todas as três epístolas se acham
nos manuscritos mais antigos. A primeira Epístola está incluída também nas mais
antigas versões da igreja do Oriente e do Ocidente, a saber, a Siríaca e a
Latina.
- Em segundo lugar, as evidências internas. A
Primeira Carta de João tem forte semelhança com o evangelho segundo João. É
impressionante a semelhança entre o evangelho de João e as epístolas quanto aos
paralelos verbais e à escolha de palavras. O vocabulário tanto nas epístolas
quanto no evangelho mostra semelhança inconfundível. Ambos os livros enfatizam
os mesmos temas: amor, luz, verdade, testemunho e filiação. Tanto a Epístola
quanto o evangelho revelam o uso literário de contraste: vida e morte, luz e
trevas, verdade e mentira, amor e ódio.
b)
Propósito. O apóstolo João teve um duplo propósito ao escrever essa
Carta:
- Em primeiro lugar, expor os
erros doutrinários dos falsos mestres. Esses falsos mestres estavam disseminando suas heresias perniciosas. João
mesmo diz: "Isto que vos acabo de escrever é acerca dos que vos
procuram enganar" (1João 2:26). João escreveu para defender a fé e
fortalecer as igrejas contra os falsos mestres e sua herética doutrina. Esses
falsos mestres haviam saído de dentro da própria igreja (1João 2:19). Eles se
desviaram dos preceitos doutrinários. João identificou o surgimento de uma
perigosa heresia que atacaria implacavelmente a igreja no segundo século, a
heresia do gnosticismo.
O gnosticismo era uma espécie de filosofia religiosa que
tentava fazer um concubinato entre a fé cristã e a filosofia grega. Os
gnósticos, influenciados pelo dualismo grego, acreditavam que a matéria era
essencialmente má e o espírito essencialmente bom. Esse engano filosófico
desembocou
em grave erro doutrinário. Os
gnósticos diziam que o corpo, sendo matéria, não podia ser bom. Por
conseguinte, negavam a encarnação de Cristo.
As principais crenças do
gnosticismo são: a impureza da matéria e a supremacia do conhecimento. Com
isso, a filosofia gnóstica produziu uma aristocracia espiritual por um lado e
uma acentuada imoralidade por outro. O gnosticismo ensinava que a salvação
podia ser obtida por intermédio do conhecimento, em vez da fé. Esse
conhecimento era esotérico e somente poderia ser adquirido por aqueles que
tinham sido iniciados nos mistérios do sistema gnóstico.
O gnosticismo ensinava que o
corpo era uma vil prisão em que a parte racional ou espiritual do homem estava
encarcerada, e da qual precisava ser libertada pelo conhecimento (gnosis). Os
gnósticos acreditavam na salvação pela iluminação. Essa iluminação podia ser
mediante a comunicação de um conhecimento esotérico em alguma cerimônia secreta
de iniciação.
- Em segundo lugar, confirmar
os verdadeiros crentes na doutrina dos apóstolos. João escreve para
fortalecer e encorajar os crentes em três áreas essenciais: Primeira, a
área doutrinária, mostrando a eles que Jesus é o Filho de Deus e que aqueles
que crêem em seu nome têm a vida eterna (1João 5:13); Segunda, a área
moral, mostrando que aqueles que crêem em Cristo, são purificados em seu
sangue, habitados pelo seu Espírito e apartados do mundo devem, por
conseguinte, aguardar a sua vinda, vivendo em santidade e pureza (2:3-6); Terceira,
a área social, mostrando que aqueles que foram amados por Deus devem agora,
como prova do seu amor por Deus, amar os irmãos (1João 4:20,21). Esse amor não
é apenas de palavras, mas um amor prático que se evidencia na assistência ao
necessitado (1João 3:17,18).
2.
Destinatários. A Primeira Carta de João não foi endereçada a uma
única igreja nem a uma pessoa específica, mas às igrejas do primeiro século.
Trata-se de uma Carta circular, geral ou universal. Não há dúvida que ela
circulou primeiramente entre as igrejas da Ásia e João tinha suas razões para
escrevê-la em face dos perigos que atacavam as igrejas daquele tempo.
Entretanto, seus ensinos e suas exortações não se restringem àquela época e
àquelas igrejas. As doutrinas e exortações são tão oportunas para as igrejas de
hoje como o foram para as igrejas daquele tempo.
João não lida com nenhuma situação específica de
determinada igreja. Essa Carta é uma espécie de tratado teológico, onde João
submete os crentes a três testes distintos: o teste teológico, ou seja, se
acreditam que Jesus é o Filho de Deus; o teste moral, ou seja, se vivem de
forma justa; e o teste social, se amam uns aos outros.
Quando João escreveu essa Carta,
da cidade de Éfeso, muitos dos cristãos já pertenciam à segunda ou terceira
geração. Nessa época, a igreja de Éfeso já havia perdido o seu primeiro amor
(Ap 2:4). O amor estava se esfriando. O perigo que atacava a igreja não era a
perseguição, mas a sedução. O problema não vinha de fora, mas de dentro. Jesus
já havia alertado que "[...] muitos falsos profetas se levantariam, e
enganariam a muitos" (Mt 24:11). Paulo já alertara os presbíteros da
igreja de Éfeso acerca dos lobos que entrariam no meio do rebanho e de homens
pervertidos que se levantariam no meio deles para arrastarem após si os
discípulos (At 20:29,30). Esses falsos mestres saíram de dentro da própria
igreja (1João 2:19) para fazer um casamento espúrio entre o cristianismo e a
filosofia secular. Esse sincretismo produziu uma perniciosa heresia chamada
gnosticismo, como explicamos no item 1.b acima. É esse perigo mortal que João
combate nesta Epístola.
3.
Principais ênfases da Primeira Carta de João. A Primeira Carta de João é marcada
por contrastes: luz e trevas, vida e morte, santo e pecador, amor e ódio,
Cristo e anticristo. Destacaremos as principais ênfases desta Epístola:
a) Ela é uma Carta geral. Essa Epístola não foi endereçada a uma
igreja específica, mas a todos os crentes. Ela é uma Carta escrita de um pai
para os seus filhos (1João 2:1,12,18,28; 3:1,7,18,21; 4:1,4,7,11; 5:2,21).
b) Ela é uma Carta apologética. João combate com ousadia os
falsos mestres e suas perniciosas heresias. Os hereges cometiam três erros
básicos: doutrinário, moral e social. Eles negavam a realidade da pessoa teantrópica
de Cristo, ou seja, sua natureza divino-humana. Negavam a necessidade de
uma vida santa como prova do conhecimento de Deus e negavam a prática do amor
como evidência da conversão.
c) Ela é uma Carta de segurança espiritual. A expressão: "nós
sabemos" é usada nessa Carta treze vezes para dar segurança aos
crentes. A Epístola garante aos crentes que Deus enviou seu Filho ao mundo para
salvar o homem, acentuando a doutrina da encarnação. A Carta assegura aos
crentes que aqueles que creem têm a vida eterna.
d) Ela é uma Carta pessoal e espiritual. Muito embora essa
Epístola esteja repleta de doutrina, a ênfase é sobre a justiça pessoal, a pureza,
o amor e a lealdade a Jesus Cristo, o Filho de Deus.
e) Ela é uma Carta que enfatiza o amor. O amor a Deus e o amor
aos irmãos caminham juntos (1João 2:7- 11; 3:1-3; 3:11-17; 3:23; 4:7-21). Quem
não ama vive nas trevas. Quem não ama não conhece a Deus. A prova do nosso amor
por Deus é o nosso amor ao irmão (1João 4:20,21).
f) Ela é uma Carta que enfatiza a essência do próprio Deus. João
diz duas coisas muito importantes acerca do ser de Deus: "Deus é luz, e
não há nele treva nenhuma" (1João 1:5). Deus é amor e por causa desse
amor ele nos enviou seu Filho para nos redimir do pecado (1João 4:7-10,16). Em
outras palavras Deus é luz e se revela; Deus é amor e se entrega a si mesmo.
Deus é a fonte de luz para a mente e a fonte de calor para o coração dos seus
filhos.
g) Ela é uma Carta que enfatiza a divindade de Cristo. João
combate os hereges gnósticos mostrando que Jesus é o Filho de Deus, o Messias
prometido, o ungido de Deus (1João 1:7; 2:1,22; 3:8; 4:9,10,14,15;
5:1,9-13,18,20). Já na introdução de sua primeira Epístola, João ensina sobre a
humanidade e a divindade de Jesus Cristo. Os falsos profetas negavam que Jesus
é o Cristo (2.22) e que ele é o Filho de Deus (1João 2:23; 4:15).
h) Ela é uma Carta que enfatiza a humanidade de Cristo. Contrariando
os ensinos gnósticos que proclamavam que a matéria era essencialmente má, João
mostra que Jesus veio em carne (1João 1:1-3,5,8; 4:2,3,9,10,14; 5:6,8,20).
i) Ela é uma Carta que enfatiza que Jesus é o Salvador. Jesus
morreu pelos pecados dos homens (1João 1:7; 2:1,2; 3:5,8,16; 4:9,10,14). O Pai
enviou seu Filho como Salvador do mundo (1João 4:14). Ele manifestou-se para
tirar os pecados e nele não existe pecado (1João 3:5). Com respeito ao pecado
do homem, Jesus é: primeiro, o nosso advogado junto ao Pai (1João 2:1) e,
segundo, a propiciação pelos nossos pecados (1João 2:2; 4:10). Um sacrifício
propiciatório restaura a relação quebrada entre duas partes. É um sacrifício
que reconcilia o homem e Deus.
j) Ela é uma Carta que enfatiza o Espírito vivendo dentro do crente.
O Espírito é quem nos faz conscientes de que Deus permanece em nós (1João
3:24) e habita em nós e nós habitamos nele (1João 4:13).
k) Ela é uma Carta que enfatiza a necessidade de separação do mundo.
O amor a Deus e o amor ao mundo são incompatíveis e irreconciliáveis (1João
2:15-17; 3:1,3,13; 4:3-5; 5:4; 5:19). O mundo é hostil a Deus e ao crente
(1João 3:1). Os falsos profetas são do mundo e não de Deus, porque falam a
linguagem do mundo (1João 4:4,5). Todo o mundo está sob o maligno (1João 5:19).
Por isso, o crente deve vencer o mundo pela fé (1João 5:4). Todos os desejos do
mundo são passageiros (1João 2:17). Entregar o coração ao mundo que marcha para
a destruição é uma verdadeira loucura.
l) Ela é uma Carta que enfatiza a necessidade de obediência aos
mandamentos divinos. A prova moral de que pertencemos à família de Deus é a
obediência (1João 2:3-8,29; 3:3-15,22-24; 4:20,21; 5:2-4,17-19,21). O
conhecimento de Deus e a obediência a Deus devem caminhar sempre juntos. Aquele
que diz que conhece a Deus, mas não guarda seus mandamentos é mentiroso (1João
2:3-5). A obediência a Deus é uma das condições para termos nossas orações
respondidas (1João 3:22). Somos conhecidos como crentes pela obediência a Deus
e pelo amor aos irmãos.
IV.
2 JOÃO, ANDANDO NA VERDADE E NO AMOR
1. Generalidades. Esta é
uma das cartas mais curtas do Novo Testamento. É classificada como uma das cartas gerais. O
propósito maior desta pequena missiva é alertar a igreja acerca da necessidade
de se viver à luz da verdade. Muitas heresias estavam sendo espalhadas pelos
falsos mestres e a igreja precisava se acautelar para não naufragar na fé.
Conhecer a verdade, andar na verdade e permanecer na verdade são as orientações
de João à igreja para não sucumbir diante deste cerco dos falsos mestres.
Assim
como na Primeira Carta de João, há três provas insofismáveis que autenticam o
verdadeiro crente: as provas doutrinária, social e moral, ou seja, a fé, o amor
e a obediência. Estas mesmas provas podem ser vistas nesta Epístola: a verdade
(2João 1-3), o amor (2João 4-6) e a obediência (2João 7-13).
A segunda Carta é dirigida “à senhora eleita e aos seus
filhos..." (2João 1). Não existe consenso entre os eruditos acerca
dos destinatários desta Carta. Há várias opiniões:
Primeira, João estaria escrevendo para uma mulher cristã e seus
filhos. O argumento é que os versículos 1,4,5,13 estão no singular.
Segunda, João estaria escrevendo para uma mulher chamada Electa e
seus filhos. Aqueles que subscrevem esta interpretação entendem que a palavra
"eleita" é o nome próprio dessa mulher cristã.
Terceira, João estaria escrevendo para uma irmã que hospedava uma
igreja em sua casa. Como no primeiro século não havia templos, esta mulher
hospedava em sua casa uma comunidade cristã. Vemos vários casos em que igrejas
se reuniam nos lares (1Co 16:19; Cl 4:15; Rm 16:5; Fm 2).
Quarta, João estaria escrevendo para uma igreja local, uma vez que ele usa várias vezes o plural nesta pequena Epístola (2João 6,8,10,12).
Quarta, João estaria escrevendo para uma igreja local, uma vez que ele usa várias vezes o plural nesta pequena Epístola (2João 6,8,10,12).
Em
consonância com a maioria dos fiéis expositores bíblicos, subscrevemos esta
última posição. Contudo, ainda permanece uma pergunta: por que João usou a
expressão "irmã eleita" sem citar seu nome, ou por que omitiu o nome
da igreja? Temos conjecturas e nenhuma certeza. Mui provavelmente João fez isto
por prudência, uma vez que a perseguição à igreja naquele tempo já se tornava
assaz furiosa.
2.
Contexto e Tema. O contexto desta Epístola é o ministério amplamente
difundido de pregadores itinerantes na igreja primitiva, ainda praticado hoje
em alguns meios evangélicos. Evangelistas e ministros da Palavra eram acolhidos
nas congregações e lares que visitavam e dos quais recebiam alimentos e, por
vezes, dinheiro. Infelizmente, falsos mestres e charlatões religiosos não
hesitavam em usar esse costume como forma de obter lucro fácil e propagar
heresias como o gnosticismo.
Se já era necessário advertir
acerca de hereges e “aproveitadores religiosos” no século primeiro, o que o
apóstolo João diria se visse a miscelânea de falsas religiões e seitas de
nossos dias?
O Tema central de 2João
é a importância de não cooperar com alguém que espalha doutrinas falsas acerca
da Pessoa de nosso Senhor Jesus (2João 10-11). A heresia não é apenas um erro,
mas também uma obra iníqua. Pode enviar almas à ruína eterna. Se não quisermos
ser parceiros destes enganadores e cúmplices desta obra iníqua é preciso que
não ofereçamos nenhum incentivo aos que a realizam.
O apóstolo João conclui sua segunda Epístola assim:
"Ainda tinha muitas coisas que vos escrever; não quis fazê-lo com papel e
tinta, pois espero ir ter convosco, e conversaremos de viva voz, para que a
nossa alegria seja completa. Os filhos da tua irmã eleita te saúdam"
(2João 12,13). João passa da instrução para o anseio pela comunhão. Não basta
instruir os crentes; para o apóstolo, ele anseia estar com eles, a fim de que
sua alegria seja completa. O cristianismo não é apenas conhecimento, mas também
relacionamento. As demais instruções apostólicas seriam transmitidas não pela
forma escrita, mas pela comunicação oral.
O presbítero João, o último
remanescente do grupo de apóstolos, transmite à igreja destinatária, as
saudações da igreja remetente. Trata-se de uma igreja eleita saudando outra
igreja eleita. O amor verdadeiro se comunica e se expressa.
V.
3 JOÃO, PRATICANDO A HOSPITALIDADE CRISTÃ
O apóstolo João, também chamado
de "o presbítero", escreveu sua segunda Carta para alertar sobre o
perigo dos falsos mestres; nesta terceira Carta ele adverte sobre os falsos
líderes. Na segunda Carta, os falsos mestres apelavam para o amor, mas negavam
a verdade. Na terceira Carta, o falso líder apela para a verdade, mas nega o
amor.
A segunda Carta coloca o aspecto
negativo da hospitalidade; a terceira Carta o lado positivo da hospitalidade. A
segunda Carta alerta para o perigo de exercer hospitalidade com os falsos
mestres (3João 7-11). A terceira Carta alerta para a necessidade de hospedar e
receber os pregadores fiéis da Palavra de Deus (3João 5-8).
Se os crentes não devem acolher os falsos mestres em suas
casas, de bom grado devem receber os servos de Deus. John Stott acertadamente
diz que estas duas cartas devem ser lidas juntas para obtermos uma equilibrada
compreensão dos deveres e limites da hospitalidade cristã.
Uma das palavras-chave desta
Terceira Carta de João é a palavra “testemunho” (3João 3,6,12). Ela
significa não somente o que dizemos, mas também o que fazemos. Cada cristão é
uma testemunha, seja boa ou má. Somos parte do problema ou da sua solução.
Somos bênção ou maldição. Não há neutralidade quando se trata da vida cristã.
Essa Carta fala sobre três
homens: Gaio, Diótrefes e Demétrio (3João 1,9,12). Na igreja visível, há
salvos e perdidos. Há crentes genuínos e crentes falsos. Há os que amam a Deus
e buscam a sua glória, e aqueles que amam a si mesmos e estão interessados
apenas em sua própria projeção.
Na igreja militante há pessoas
que trabalham com Deus e para Deus e pessoas que trabalham contra Deus. Há
trigo e joio. Há ovelhas e lobos. É de bom alvitre examinarmo-nos a nós mesmos.
O apóstolo Paulo exorta: "Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais
na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em
vós? Se não é que já estais reprovados" (2Co 13:5).
Destinatário da Carta: "O
presbítero ao amado Gaio, a quem eu amo na verdade"(3João 1).
Diferente da segunda Carta, a terceira é endereçada a um homem, e não à igreja.
O nome Gaio era muito comum entre os romanos. O Novo Testamento
faz referência a três homens que possuíam esse nome: Gaio, de Corinto (1Co
1:14; Rm 16:23), Gaio, de Macedónia (At 19:29), e Gaio, de Derbe (At 20:4).
Embora John Stott esteja inclinado a aceitar o último Gaio como o destinatário
dessa Epístola, não há como identificar com certeza quem é este Gaio para quem
João escreve.
João não apenas chama Gaio de
"amado" três vezes (3João 1,2,5), mas também reforça o conceito,
afirmando "a quem eu amo na verdade". O amor cristão não é apenas
para ser sentido, mas também para ser declarado e demonstrado. Gaio era um
homem especial. Era daquele tipo de gente que atraía as pessoas pela sua
bondade, amor e testemunho.
O Rev. Augustus Nicodemus chama a atenção para o fato de
que em nossos dias, por causa da aceitação crescente do homossexualismo em
nossa sociedade decaída, o genuíno amor fraternal entre irmãos em Cristo pode
ser visto de modo suspeito, especialmente pelos que têm a mente envenenada pela
impureza sexual.
O amor de Jesus por João e de
João por Gaio tem sido usado pelos homossexuais para justificar o que sentem
entre si. Na verdade, tal sentimento homossexual é chamado por Paulo de
"[...] paixões infames" (Rm 1.26). É bastante diferente do
amor cristão entre dois irmãos em Cristo (Lopes, Augustus Nicodemus. II,III
João e Judas).
CONCLUSÃO
Os tempos mudaram, mas o homem é
o mesmo. As heresias que atacaram a igreja no passado mudaram o vestuário e os
cosméticos, mas sua essência é a mesma. Nas palavras de Augustus Nicodemus,
"os mesmos erros daquela época se manifestam hoje, usando outra
embalagem".
Assim como os falsos mestres
saíram de dentro da igreja, hoje há muitos falsos mestres que estão pervertendo
o evangelho dentro das próprias igrejas. A igreja evangélica brasileira é um
canteiro fértil onde têm florescido muitas novidades estranhas à Palavra de
Deus. Precisamos nos acautelar. Precisamos nos firmar na verdade e saber que todos
aqueles que não trazem a doutrina de Cristo são movidos pelo espírito do
anticristo. Dentre tantos perigos que atacam a igreja contemporânea, destacamos
três: o liberalismo, o misticismo e o pragmatismo.
Não podemos calar nossa voz diante de crendices que se
espalham nas igrejas, onde pregadores supostamente espirituais recomendam aos
fiéis colocar um copo d'água sobre o televisor e depois da oração de
consagração beber essa água ungida como se ela passasse a ter poderes
sobrenaturais. O pragmatismo tornou-se filosofia de ministério em muitas
igrejas.
Para o pragmatismo, a verdade não
mais importa, e sim os resultados. A fidelidade foi substituída pelo lucro. O
sucesso tomou o lugar da santidade. A igreja tornou-se um clube, onde multidões
se aglomeram para buscar o que gostam, e não para receber o que precisam. A
mensagem da cruz foi substituída pela pregação da prosperidade. A mensagem do
arrependimento foi trocada pelo calmante da autoajuda. As glórias do mundo
porvir foram substituídas pelos supostos direitos que o homem exige de Deus
nesta própria vida.
Por estas e muitas outras razões,
estudar estas Epístolas é uma necessidade vital para a igreja contemporânea.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof.
EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Panorama do Novo Testamento – ICI, São
Paulo, 2008).
William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Novo
Testamento).
Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.
Guia do Leitor da Bíblia – Lawrence O. Richards
1,2,3João (Como ter garantia da salvação) – Rev. Hernandes
Dias Lopes.
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