domingo, 9 de setembro de 2012

EDUCAÇÃO CRISTÃ CONTINUADA – Aula 12


DESCOBRINDO O NOVO TESTAMENTO

1 e 2 PEDRO, 1, 2 e 3 JOÃO

Texto Básico: 1Pedro 2:1-5


 

Por essa razão, pois, amados, esperando estas coisas, empenhai-vos por serdes achados por ele em paz, sem mácula e irrepreensíveis”(2Pedro 3:14).

 

INTRODUÇÃO


Dando continuidade ao estudo panorâmico do Novo Testamento vamos estudar nesta Aula as Epístolas de Pedro e João.

As Epístolas de Pedro

A primeira foi escrita para encorajar cristãos perseguidos e confusos e para exortá-los a permanecer firmes na sua fé (1Pe 5:12). A segunda foi escrita a cristãos que estavam sendo ameaçados pelo falso ensino interno(2Pe 2:1). Como antídoto, Pedro enfatiza a verdade e as implicações éticas do Evangelho contra os falsos mestres.

As Epístolas de João

A primeira foi escrita com o propósito de dar garantia aos que creram em Cristo acerca da certeza da salvação(1João 5:13). A segunda foi escrita para alertar a igreja sobre o perigo dos falsos mestres. A Terceira foi escrita para alertar a igreja sobre o perigo dos falos líderes. Os problemas que motivaram o idoso apóstolo a escrever estas Epístolas ainda atingem a igreja hoje. Os tempos mudaram, mas o homem é o mesmo. Os problemas podem ter aspectos diferentes, mas em essência são os mesmos.
O contexto das três cartas de João mostra uma igreja assediada pelos falsos mestres. Muitos desses falsos mestres saíram de dentro da própria igreja (1João 2:19) e se corromperam teológica e moralmente. O apóstolo Paulo havia alertado para essa possibilidade (At 20:29,30). A heresia é nociva. Ela engana e mata. Não podemos ser complacentes com o erro. Não podemos tolerar a mentira. Não podemos apoiar a causa dos falsos mestres.
Hoje, ainda, há muitos falsos profetas, muitos falsos mestres e muito engano religioso. A igreja evangélica brasileira tem sido condescendente com muitos ensinos estranhos à Palavra de Deus. Precisamos nos acautelar. Precisamos nos firmar na verdade para vivermos de modo digno de Deus.

I. 1 PEDRO, RESPONDENDO À PERSEGUIÇÃO

1. Autoria. O autor da Epístola se apresenta como Pedro, apóstolo de Jesus Cristo(1Pe 1:1). Alguns críticos duvidam que Pedro seja o autor da Carta, devido o excelente nível do grego empregado. Um pescador Galileu seria capaz de escrever tão bem? Muitos dizem que não. No entanto, como nossa cultura mostra através de várias exemplos, pessoas com habilidade linguística natural podem desenvolver o uso da linguagem de forma extraordinária. Pedro tinha trinta anos de experiência como pregador, sem falar na inspiração do Espírito Santo e, provavelmente, na contribuição de Silvano(1Pe 5:12) para a redação da Carta. Quando Atos 4:13 diz que Pedro e João eram “iletrados e incultos”, refere-se apenas a sua falta de instrução rabínica.
As referencias externas de que Pedro escreveu esta Epístola são antigas e praticamente universais. Eusébio conta 1Pedro entre os livros aceitos por todos os cristãos. Policarpo e Clemente de Alexandria o consideram autêntico.
2. Destinatários. A Epístola é dirigida aos forasteiros ou peregrinos da Dispersão no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia(1Pe 1:1). Alguns destes, talvez hajam se convertido no dia de Pentecostes, ao ouvirem a mensagem de Pedro, e retornaram às suas respectivas cidades levando a fé que acabavam de conhecer(cf At 2:9,10). Estes crentes são chamados “peregrinos e forasteiros”(1Pe 2:11), relembrando-lhes, assim, que a peregrinação cristã ocorre num mundo hostil a Jesus Cristo; mundo este, do qual só podem esperar perseguição. É provável que Pedro escreveu esta Carta em resposta a informes dos crentes da Ásia Menor sobre a crescente oposição a eles(1Pe 4:12-16), ainda sem consentimento do governo (1Pe 2:12-17).
Pedro escreveu de “Babilônia”(1Pe 5:13). Isto pode referir-se literalmente à cidade de Babilônia, na Mesopotâmia, ou pode ser uma expressão figurada referente a Roma, o centro principal de oposição a Deus, no século primeiro.
3. Contexto e Tema. Pedro trata particularmente do sofrimento na vida cristã. Até então, seus leitores haviam sido ultrajados e ridicularizados por causa de Cristo (1Pe 4:14,15). Ao que parece, a prisão, o confisco dos bens e a morte violenta ainda eram tribulações que estavam por vir. Mas esta Carta magnífica não trata apenas do sofrimento. Fala das bênçãos herdadas por aqueles que aceitam o Evangelho e de como os cristãos devem relacionar-se com o mundo, o estado, a família e a Igreja. Também fornece instruções sobre os presbíteros e a disciplina eclesiástica.
A mensagem preeminente de 1Pedro diz respeito à submissão e ao sofrer, perseverando na retidão, por amor a Cristo, de conformidade com o próprio exemplo dEle(1Pe 2:18-24; 3:9-5:11). Pedro assegura aos fiéis que eles obterão o favor e a recompensa de Deus ao sofrerem por causa da justiça. No contexto desse ensino do sofrimento por Cristo, Pedro ressalta os temas conexos da salvação, da esperança, do amor, da fé, da santidade, da humildade, do temor a Deus, da obediência e da submissão.

II. 2 PEDRO, O VERDADEIRO CONHECIMENTO CRISTÃO

1. Data e destinatários. Na saudação(2Pe cap. 1), Simão Pedro identifica-se como o autor da Carta. Mais adiante ele declara aos seus leitores que esta é a sua segunda Epístola(2Pe 3:1), indicando assim que está escrevendo aos mesmos crentes da Ásia Menor, a quem dirigira a primeira Epistola(1Pe 1:1). Visto que Pedro, assim como Paulo, foi executado por decreto do perverso Nero (que, por sua vez, morreu em junho de 68 d.C.), é mais provável que Pedro escreveu esta Epístola entre 66 e 68 d.C., pouco antes do seu martírio em Roma (2Pe 1:13-15).
2. Conteúdo. Este Epístola solenemente instrui os crentes a tomarem posse da vida e da piedade, mediante o verdadeiro conhecimento de Cristo.
O primeiro capítulo acentua a importância do crescimento cristão. Tendo começado pela fé, o crente deve buscar diligentemente a excelência moral, o conhecimento, a temperança, a perseverança, a piedade, o amor fraternal e a caridade(amor altruísta), que levam à fé madura e ao verdadeiro conhecimento do Senhor Jesus (2Pe 1:3-11).
O segundo capítulo adverte solenemente contra os falsos profetas e mestres que surgem dentro das igrejas. Pedro os denuncia como anarquistas e perniciosos (2Pe 2:1,3; 3:17), que se comprazem nas concupiscências da carne (2Pe 2:2,7,10,13,14,18,19); são cobiçosos (2Pe 2:2,14,15), arrogantes (2Pe 2:18) e obstinados (2Pe 2:10) e que desprezam a autoridade (2Pe 2:10-12). Pedro procura resguardar os verdadeiros crentes contra as suas heresias destrutivas (2Pe 2:1) pondo a descoberto seus motivos e conduta malignos.
No terceiro capítulo, Pedro refuta o ceticismo desses mestres, no tocante à vinda do Senhor (2Pe 3:3,4). Assim como a geração dos dias de Noé, enganada, zombava da ideia do juízo da parte de Deus, através de um grande dilúvio, esses outros zombadores estão igualmente cegos quanto às promessas da volta de Cristo. Mas, com a mesma certeza manifesta no julgamento pelo dilúvio (2Pe 3:5,6), Cristo voltará e desintegrará a presente Terra, no fogo (2Pe 3:7-12), e criará uma nova ordem sob a justiça (2Pe 3:13). Tendo em vista esse fato, os crentes devem viver vidas santas e piedosas na presente era (2Pe 3:11,14).

III. 1 JOÃO, A CERTEZA DO CRENTE

1. Autoria e Propósito.
a) Autoria. Há um consenso quase unânime na história da igreja, por meio de evidências externas e internas, que essa Carta foi escrita pelo apóstolo João. Muito embora o nome do apóstolo não apareça no corpo da missiva, como acontece em outras epístolas, a semelhança com o quarto evangelho e com as outras duas missivas, no que tange ao vocabulário, ao estilo, ao pensamento e ao escopo não deixa dúvida de que o evangelho e as três cartas podem ser considerados obras do mesmo autor. Destacaremos duas evidências de autoria joanina:
 - Em primeiro lugar, as evidências externas. Os pais da igreja do segundo século, como Policarpo (69-155), Papias (60-130), Clemente de Alexandria (150-215), e Irineu (150-200) dão testemunho eloquente da autoria joanina dessa missiva. Tertuliano, no começo do terceiro século, Cipriano, nos meados do terceiro século, e Eusébio, no quarto século, também dão testemunho que João foi o autor desta Carta. Todas as três epístolas se acham nos manuscritos mais antigos. A primeira Epístola está incluída também nas mais antigas versões da igreja do Oriente e do Ocidente, a saber, a Siríaca e a Latina.
 - Em segundo lugar, as evidências internas. A Primeira Carta de João tem forte semelhança com o evangelho segundo João. É impressionante a semelhança entre o evangelho de João e as epístolas quanto aos paralelos verbais e à escolha de palavras. O vocabulário tanto nas epístolas quanto no evangelho mostra semelhança inconfundível. Ambos os livros enfatizam os mesmos temas: amor, luz, verdade, testemunho e filiação. Tanto a Epístola quanto o evangelho revelam o uso literário de contraste: vida e morte, luz e trevas, verdade e mentira, amor e ódio.
b) Propósito. O apóstolo João teve um duplo propósito ao escrever essa Carta:
- Em primeiro lugar, expor os erros doutrinários dos falsos mestres. Esses falsos mestres estavam  disseminando suas heresias perniciosas. João mesmo diz: "Isto que vos acabo de escrever é acerca dos que vos procuram enganar" (1João 2:26). João escreveu para defender a fé e fortalecer as igrejas contra os falsos mestres e sua herética doutrina. Esses falsos mestres haviam saído de dentro da própria igreja (1João 2:19). Eles se desviaram dos preceitos doutrinários. João identificou o surgimento de uma perigosa heresia que atacaria implacavelmente a igreja no segundo século, a heresia do gnosticismo.
O gnosticismo era uma espécie de filosofia religiosa que tentava fazer um concubinato entre a fé cristã e a filosofia grega. Os gnósticos, influenciados pelo dualismo grego, acreditavam que a matéria era essencialmente má e o espírito essencialmente bom. Esse engano filosófico desembocou
em grave erro doutrinário. Os gnósticos diziam que o corpo, sendo matéria, não podia ser bom. Por conseguinte, negavam a encarnação de Cristo.
As principais crenças do gnosticismo são: a impureza da matéria e a supremacia do conhecimento. Com isso, a filosofia gnóstica produziu uma aristocracia espiritual por um lado e uma acentuada imoralidade por outro. O gnosticismo ensinava que a salvação podia ser obtida por intermédio do conhecimento, em vez da fé. Esse conhecimento era esotérico e somente poderia ser adquirido por aqueles que tinham sido iniciados nos mistérios do sistema gnóstico.
O gnosticismo ensinava que o corpo era uma vil prisão em que a parte racional ou espiritual do homem estava encarcerada, e da qual precisava ser libertada pelo conhecimento (gnosis). Os gnósticos acreditavam na salvação pela iluminação. Essa iluminação podia ser mediante a comunicação de um conhecimento esotérico em alguma cerimônia secreta de iniciação.
- Em segundo lugar, confirmar os verdadeiros crentes na doutrina dos apóstolos. João escreve para fortalecer e encorajar os crentes em três áreas essenciais: Primeira, a área doutrinária, mostrando a eles que Jesus é o Filho de Deus e que aqueles que crêem em seu nome têm a vida eterna (1João 5:13); Segunda, a área moral, mostrando que aqueles que crêem em Cristo, são purificados em seu sangue, habitados pelo seu Espírito e apartados do mundo devem, por conseguinte, aguardar a sua vinda, vivendo em santidade e pureza (2:3-6); Terceira, a área social, mostrando que aqueles que foram amados por Deus devem agora, como prova do seu amor por Deus, amar os irmãos (1João 4:20,21). Esse amor não é apenas de palavras, mas um amor prático que se evidencia na assistência ao necessitado (1João 3:17,18).
2. Destinatários. A Primeira Carta de João não foi endereçada a uma única igreja nem a uma pessoa específica, mas às igrejas do primeiro século. Trata-se de uma Carta circular, geral ou universal. Não há dúvida que ela circulou primeiramente entre as igrejas da Ásia e João tinha suas razões para escrevê-la em face dos perigos que atacavam as igrejas daquele tempo. Entretanto, seus ensinos e suas exortações não se restringem àquela época e àquelas igrejas. As doutrinas e exortações são tão oportunas para as igrejas de hoje como o foram para as igrejas daquele tempo.
João não lida com nenhuma situação específica de determinada igreja. Essa Carta é uma espécie de tratado teológico, onde João submete os crentes a três testes distintos: o teste teológico, ou seja, se acreditam que Jesus é o Filho de Deus; o teste moral, ou seja, se vivem de forma justa; e o teste social, se amam uns aos outros.
Quando João escreveu essa Carta, da cidade de Éfeso, muitos dos cristãos já pertenciam à segunda ou terceira geração. Nessa época, a igreja de Éfeso já havia perdido o seu primeiro amor (Ap 2:4). O amor estava se esfriando. O perigo que atacava a igreja não era a perseguição, mas a sedução. O problema não vinha de fora, mas de dentro. Jesus já havia alertado que "[...] muitos falsos profetas se levantariam, e enganariam a muitos" (Mt 24:11). Paulo já alertara os presbíteros da igreja de Éfeso acerca dos lobos que entrariam no meio do rebanho e de homens pervertidos que se levantariam no meio deles para arrastarem após si os discípulos (At 20:29,30). Esses falsos mestres saíram de dentro da própria igreja (1João 2:19) para fazer um casamento espúrio entre o cristianismo e a filosofia secular. Esse sincretismo produziu uma perniciosa heresia chamada gnosticismo, como explicamos no item 1.b acima. É esse perigo mortal que João combate nesta Epístola.
3. Principais ênfases da Primeira Carta de João. A Primeira Carta de João é marcada por contrastes: luz e trevas, vida e morte, santo e pecador, amor e ódio, Cristo e anticristo. Destacaremos as principais ênfases desta Epístola:
a) Ela é uma Carta geral. Essa Epístola não foi endereçada a uma igreja específica, mas a todos os crentes. Ela é uma Carta escrita de um pai para os seus filhos (1João 2:1,12,18,28; 3:1,7,18,21; 4:1,4,7,11; 5:2,21).
b) Ela é uma Carta apologética. João combate com ousadia os falsos mestres e suas perniciosas heresias. Os hereges cometiam três erros básicos: doutrinário, moral e social. Eles negavam a realidade da pessoa teantrópica de Cristo, ou seja, sua natureza divino-humana. Negavam a necessidade de uma vida santa como prova do conhecimento de Deus e negavam a prática do amor como evidência da conversão.
c) Ela é uma Carta de segurança espiritual. A expressão: "nós sabemos" é usada nessa Carta treze vezes para dar segurança aos crentes. A Epístola garante aos crentes que Deus enviou seu Filho ao mundo para salvar o homem, acentuando a doutrina da encarnação. A Carta assegura aos crentes que aqueles que creem têm a vida eterna.
d) Ela é uma Carta pessoal e espiritual. Muito embora essa Epístola esteja repleta de doutrina, a ênfase é sobre a justiça pessoal, a pureza, o amor e a lealdade a Jesus Cristo, o Filho de Deus.
e) Ela é uma Carta que enfatiza o amor. O amor a Deus e o amor aos irmãos caminham juntos (1João 2:7- 11; 3:1-3; 3:11-17; 3:23; 4:7-21). Quem não ama vive nas trevas. Quem não ama não conhece a Deus. A prova do nosso amor por Deus é o nosso amor ao irmão (1João 4:20,21).
f) Ela é uma Carta que enfatiza a essência do próprio Deus. João diz duas coisas muito importantes acerca do ser de Deus: "Deus é luz, e não há nele treva nenhuma" (1João 1:5). Deus é amor e por causa desse amor ele nos enviou seu Filho para nos redimir do pecado (1João 4:7-10,16). Em outras palavras Deus é luz e se revela; Deus é amor e se entrega a si mesmo. Deus é a fonte de luz para a mente e a fonte de calor para o coração dos seus filhos.
g) Ela é uma Carta que enfatiza a divindade de Cristo. João combate os hereges gnósticos mostrando que Jesus é o Filho de Deus, o Messias prometido, o ungido de Deus (1João 1:7; 2:1,22; 3:8; 4:9,10,14,15; 5:1,9-13,18,20). Já na introdução de sua primeira Epístola, João ensina sobre a humanidade e a divindade de Jesus Cristo. Os falsos profetas negavam que Jesus é o Cristo (2.22) e que ele é o Filho de Deus (1João 2:23; 4:15).
h) Ela é uma Carta que enfatiza a humanidade de Cristo. Contrariando os ensinos gnósticos que proclamavam que a matéria era essencialmente má, João mostra que Jesus veio em carne (1João 1:1-3,5,8; 4:2,3,9,10,14; 5:6,8,20).
i) Ela é uma Carta que enfatiza que Jesus é o Salvador. Jesus morreu pelos pecados dos homens (1João 1:7; 2:1,2; 3:5,8,16; 4:9,10,14). O Pai enviou seu Filho como Salvador do mundo (1João 4:14). Ele manifestou-se para tirar os pecados e nele não existe pecado (1João 3:5). Com respeito ao pecado do homem, Jesus é: primeiro, o nosso advogado junto ao Pai (1João 2:1) e, segundo, a propiciação pelos nossos pecados (1João 2:2; 4:10). Um sacrifício propiciatório restaura a relação quebrada entre duas partes. É um sacrifício que reconcilia o homem e Deus.
j) Ela é uma Carta que enfatiza o Espírito vivendo dentro do crente. O Espírito é quem nos faz conscientes de que Deus permanece em nós (1João 3:24) e habita em nós e nós habitamos nele (1João 4:13).
k) Ela é uma Carta que enfatiza a necessidade de separação do mundo. O amor a Deus e o amor ao mundo são incompatíveis e irreconciliáveis (1João 2:15-17; 3:1,3,13; 4:3-5; 5:4; 5:19). O mundo é hostil a Deus e ao crente (1João 3:1). Os falsos profetas são do mundo e não de Deus, porque falam a linguagem do mundo (1João 4:4,5). Todo o mundo está sob o maligno (1João 5:19). Por isso, o crente deve vencer o mundo pela fé (1João 5:4). Todos os desejos do mundo são passageiros (1João 2:17). Entregar o coração ao mundo que marcha para a destruição é uma verdadeira loucura.
l) Ela é uma Carta que enfatiza a necessidade de obediência aos mandamentos divinos. A prova moral de que pertencemos à família de Deus é a obediência (1João 2:3-8,29; 3:3-15,22-24; 4:20,21; 5:2-4,17-19,21). O conhecimento de Deus e a obediência a Deus devem caminhar sempre juntos. Aquele que diz que conhece a Deus, mas não guarda seus mandamentos é mentiroso (1João 2:3-5). A obediência a Deus é uma das condições para termos nossas orações respondidas (1João 3:22). Somos conhecidos como crentes pela obediência a Deus e pelo amor aos irmãos.

IV. 2 JOÃO, ANDANDO NA VERDADE E NO AMOR

1. Generalidades. Esta é uma das cartas mais curtas do Novo Testamento. É classificada como uma das cartas gerais. O propósito maior desta pequena missiva é alertar a igreja acerca da necessidade de se viver à luz da verdade. Muitas heresias estavam sendo espalhadas pelos falsos mestres e a igreja precisava se acautelar para não naufragar na fé. Conhecer a verdade, andar na verdade e permanecer na verdade são as orientações de João à igreja para não sucumbir diante deste cerco dos falsos mestres.
Assim como na Primeira Carta de João, há três provas insofismáveis que autenticam o verdadeiro crente: as provas doutrinária, social e moral, ou seja, a fé, o amor e a obediência. Estas mesmas provas podem ser vistas nesta Epístola: a verdade (2João 1-3), o amor (2João 4-6) e a obediência (2João 7-13).
A segunda Carta é dirigidaà senhora eleita e aos seus filhos..." (2João 1). Não existe consenso entre os eruditos acerca dos destinatários desta Carta. Há várias opiniões:
Primeira, João estaria escrevendo para uma mulher cristã e seus filhos. O argumento é que os versículos 1,4,5,13 estão no singular.
Segunda, João estaria escrevendo para uma mulher chamada Electa e seus filhos. Aqueles que subscrevem esta interpretação entendem que a palavra "eleita" é o nome próprio dessa mulher cristã.
Terceira, João estaria escrevendo para uma irmã que hospedava uma igreja em sua casa. Como no primeiro século não havia templos, esta mulher hospedava em sua casa uma comunidade cristã. Vemos vários casos em que igrejas se reuniam nos lares (1Co 16:19; Cl 4:15; Rm 16:5; Fm 2).
Quarta, João estaria escrevendo para uma igreja local, uma vez que ele usa várias vezes o plural nesta pequena Epístola (2João 6,8,10,12).
Em consonância com a maioria dos fiéis expositores bíblicos, subscrevemos esta última posição. Contudo, ainda permanece uma pergunta: por que João usou a expressão "irmã eleita" sem citar seu nome, ou por que omitiu o nome da igreja? Temos conjecturas e nenhuma certeza. Mui provavelmente João fez isto por prudência, uma vez que a perseguição à igreja naquele tempo já se tornava assaz furiosa.
2. Contexto e Tema. O contexto desta Epístola é o ministério amplamente difundido de pregadores itinerantes na igreja primitiva, ainda praticado hoje em alguns meios evangélicos. Evangelistas e ministros da Palavra eram acolhidos nas congregações e lares que visitavam e dos quais recebiam alimentos e, por vezes, dinheiro. Infelizmente, falsos mestres e charlatões religiosos não hesitavam em usar esse costume como forma de obter lucro fácil e propagar heresias como o gnosticismo.
Se já era necessário advertir acerca de hereges e “aproveitadores religiosos” no século primeiro, o que o apóstolo João diria se visse a miscelânea de falsas religiões e seitas de nossos dias?
O Tema central de 2João é a importância de não cooperar com alguém que espalha doutrinas falsas acerca da Pessoa de nosso Senhor Jesus (2João 10-11). A heresia não é apenas um erro, mas também uma obra iníqua. Pode enviar almas à ruína eterna. Se não quisermos ser parceiros destes enganadores e cúmplices desta obra iníqua é preciso que não ofereçamos nenhum incentivo aos que a realizam.
O apóstolo João conclui sua segunda Epístola assim: "Ainda tinha muitas coisas que vos escrever; não quis fazê-lo com papel e tinta, pois espero ir ter convosco, e conversaremos de viva voz, para que a nossa alegria seja completa. Os filhos da tua irmã eleita te saúdam" (2João 12,13). João passa da instrução para o anseio pela comunhão. Não basta instruir os crentes; para o apóstolo, ele anseia estar com eles, a fim de que sua alegria seja completa. O cristianismo não é apenas conhecimento, mas também relacionamento. As demais instruções apostólicas seriam transmitidas não pela forma escrita, mas pela comunicação oral.
O presbítero João, o último remanescente do grupo de apóstolos, transmite à igreja destinatária, as saudações da igreja remetente. Trata-se de uma igreja eleita saudando outra igreja eleita. O amor verdadeiro se comunica e se expressa.

V. 3 JOÃO, PRATICANDO A HOSPITALIDADE CRISTÃ

O apóstolo João, também chamado de "o presbítero", escreveu sua segunda Carta para alertar sobre o perigo dos falsos mestres; nesta terceira Carta ele adverte sobre os falsos líderes. Na segunda Carta, os falsos mestres apelavam para o amor, mas negavam a verdade. Na terceira Carta, o falso líder apela para a verdade, mas nega o amor.
A segunda Carta coloca o aspecto negativo da hospitalidade; a terceira Carta o lado positivo da hospitalidade. A segunda Carta alerta para o perigo de exercer hospitalidade com os falsos mestres (3João 7-11). A terceira Carta alerta para a necessidade de hospedar e receber os pregadores fiéis da Palavra de Deus (3João 5-8).
Se os crentes não devem acolher os falsos mestres em suas casas, de bom grado devem receber os servos de Deus. John Stott acertadamente diz que estas duas cartas devem ser lidas juntas para obtermos uma equilibrada compreensão dos deveres e limites da hospitalidade cristã.
Uma das palavras-chave desta Terceira Carta de João é a palavra “testemunho” (3João 3,6,12). Ela significa não somente o que dizemos, mas também o que fazemos. Cada cristão é uma testemunha, seja boa ou má. Somos parte do problema ou da sua solução. Somos bênção ou maldição. Não há neutralidade quando se trata da vida cristã.
Essa Carta fala sobre três homens: Gaio, Diótrefes e Demétrio (3João 1,9,12). Na igreja visível, há salvos e perdidos. Há crentes genuínos e crentes falsos. Há os que amam a Deus e buscam a sua glória, e aqueles que amam a si mesmos e estão interessados apenas em sua própria projeção.
Na igreja militante há pessoas que trabalham com Deus e para Deus e pessoas que trabalham contra Deus. Há trigo e joio. Há ovelhas e lobos. É de bom alvitre examinarmo-nos a nós mesmos. O apóstolo Paulo exorta: "Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados" (2Co 13:5).
Destinatário da Carta: "O presbítero ao amado Gaio, a quem eu amo na verdade"(3João 1). Diferente da segunda Carta, a terceira é endereçada a um homem, e não à igreja. O nome Gaio era muito comum entre os romanos. O Novo Testamento faz referência a três homens que possuíam esse nome: Gaio, de Corinto (1Co 1:14; Rm 16:23), Gaio, de Macedónia (At 19:29), e Gaio, de Derbe (At 20:4). Embora John Stott esteja inclinado a aceitar o último Gaio como o destinatário dessa Epístola, não há como identificar com certeza quem é este Gaio para quem João escreve.
João não apenas chama Gaio de "amado" três vezes (3João 1,2,5), mas também reforça o conceito, afirmando "a quem eu amo na verdade". O amor cristão não é apenas para ser sentido, mas também para ser declarado e demonstrado. Gaio era um homem especial. Era daquele tipo de gente que atraía as pessoas pela sua bondade, amor e testemunho.
O Rev. Augustus Nicodemus chama a atenção para o fato de que em nossos dias, por causa da aceitação crescente do homossexualismo em nossa sociedade decaída, o genuíno amor fraternal entre irmãos em Cristo pode ser visto de modo suspeito, especialmente pelos que têm a mente envenenada pela impureza sexual.
O amor de Jesus por João e de João por Gaio tem sido usado pelos homossexuais para justificar o que sentem entre si. Na verdade, tal sentimento homossexual é chamado por Paulo de "[...] paixões infames" (Rm 1.26). É bastante diferente do amor cristão entre dois irmãos em Cristo (Lopes, Augustus Nicodemus. II,III João e Judas).

CONCLUSÃO

Os tempos mudaram, mas o homem é o mesmo. As heresias que atacaram a igreja no passado mudaram o vestuário e os cosméticos, mas sua essência é a mesma. Nas palavras de Augustus Nicodemus, "os mesmos erros daquela época se manifestam hoje, usando outra embalagem".
Assim como os falsos mestres saíram de dentro da igreja, hoje há muitos falsos mestres que estão pervertendo o evangelho dentro das próprias igrejas. A igreja evangélica brasileira é um canteiro fértil onde têm florescido muitas novidades estranhas à Palavra de Deus. Precisamos nos acautelar. Precisamos nos firmar na verdade e saber que todos aqueles que não trazem a doutrina de Cristo são movidos pelo espírito do anticristo. Dentre tantos perigos que atacam a igreja contemporânea, destacamos três: o liberalismo, o misticismo e o pragmatismo.
Não podemos calar nossa voz diante de crendices que se espalham nas igrejas, onde pregadores supostamente espirituais recomendam aos fiéis colocar um copo d'água sobre o televisor e depois da oração de consagração beber essa água ungida como se ela passasse a ter poderes sobrenaturais. O pragmatismo tornou-se filosofia de ministério em muitas igrejas.
Para o pragmatismo, a verdade não mais importa, e sim os resultados. A fidelidade foi substituída pelo lucro. O sucesso tomou o lugar da santidade. A igreja tornou-se um clube, onde multidões se aglomeram para buscar o que gostam, e não para receber o que precisam. A mensagem da cruz foi substituída pela pregação da prosperidade. A mensagem do arrependimento foi trocada pelo calmante da autoajuda. As glórias do mundo porvir foram substituídas pelos supostos direitos que o homem exige de Deus nesta própria vida.
Por estas e muitas outras razões, estudar estas Epístolas é uma necessidade vital para a igreja contemporânea.

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.

Panorama do Novo Testamento – ICI, São Paulo, 2008).

William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Novo Testamento).

Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.

Guia do Leitor da Bíblia – Lawrence O. Richards

1,2,3João (Como ter garantia da salvação) – Rev. Hernandes Dias Lopes.

 

 

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