1º Trimestre/2022
Texto Base: Mateus 5:17-21; Hebreus 10:15-17
“Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra
passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei sem que tudo seja cumprido”
(Mt.5:18).
Mateus
5:
17.Não
cuideis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim abrogar, mas cumprir.
18.Porque
em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til
se omitirá da lei sem que tudo seja cumprido.
19.Qualquer,
pois, que violar um destes menores mandamentos e assim ensinar aos homens será
chamado o menor no Reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será
chamado grande no Reino dos céus.
20.Porque
vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo
nenhum entrareis no Reino dos céus.
21.Ouvistes
que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de
juízo.
Hebreus
10:
15.E
também o Espírito Santo no-lo testifica, porque, depois de haver dito:
16.Este
é o concerto que farei com eles depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei as
minhas leis em seu coração e as escreverei em seus entendimentos, acrescenta:
17.E
jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniquidades.
INTRODUÇÃO
Dando
continuidade ao estudo sobre a Bíblia Sagrada, trataremos nesta Aula da “Inerrância
da Bíblia”. Além de ter a suprema autoridade em matéria espiritual, a Bíblia é
inerrante, ou seja, não apresenta qualquer erro, não apresenta qualquer
equívoco. Como a Bíblia foi comunicada diretamente pelo Espírito Santo a homens
que estavam em comunhão com Ele, não há como ter havido qualquer erro, falha ou
equívoco na transmissão da mensagem e na sua redução a escrito. Os ímpios e
incrédulos têm feito de tudo para encontrarem erros nos textos bíblicos. Pode
ser que haja falhas nas traduções, interpretações ou na gramática das cópias
manuscritas, pois a Bíblia foi escrita originalmente em linguagem antiga:
hebraico, grego e aramaico. Todavia, essas possíveis incorreções, ou
dificuldades, jamais podem ser consideradas "erros" quanto à essência
de sua mensagem. Menos de um por cento dessas inexatidões dos manuscritos,
encontram-se na transmissão da mensagem, portanto, não afetam a integridade da
Palavra de Deus.
I. O QUE É
A INERRÂNCIA DA BÍBLIA
1. O Conceito de inerrância bíblica
Inerrância
bíblica é a doutrina segundo a qual, em sua formulação clássica, a Bíblia não
possui erro algum, incluindo suas partes históricas e científicas. Significa
que ela é autêntica em tudo o que afirma. Desse modo, a Escritura é isenta de
erros nos aspectos doutrinários, espirituais, históricos, culturais,
científicos e em todos os demais temas. O argumento é óbvio e incontestável:
Deus não pode errar, e, como a Bíblia é divinamente inspirada, ela não pode
conter erros. Desta feita, a inerrância, a infalibilidade e a inspiração da
Bíblia estão entrelaçadas.
Entretanto,
temos de entender que a inerrância e a infalibilidade estão relacionadas
diretamente com a inspiração das Escrituras e, portanto, dizem respeito à
mensagem originariamente transmitida aos homens inspirados pelo Espírito Santo
e que foram sendo copiadas e transmitidas geração após geração. Evidentemente
que, num ou outro manuscrito, há, e têm sido encontrados, um ou outro erro de
cópia, erro, porém, que, contrastado com outro número de manuscritos, é perfeitamente
identificado, e mesmo, em muitos casos, perfeitamente explicado. Tais
descobertas, que abrangem, em grande número de casos, elementos absolutamente
secundários do texto bíblico, são verdadeiras comprovações do zelo que o
Espírito Santo tem para com a Bíblia Sagrada, algo que jamais se encontra em
quaisquer outras obras. Não nos esqueçamos de que a cópia de um texto é algo
feito pelo homem, e um homem que não está sob a inspiração verbal plenária, e
que, por isso mesmo, neste ato de copiar não estão envolvidos os conceitos de
inerrância nem de infalibilidade. Entretanto, na descoberta dos equívocos e na
pesquisa meticulosa, e extremamente detalhada que, ao longo da história,
milhares de estudiosos fazem para manter ou comprovar a inerrância e infalibilidade
do texto sagrado, vemos a evidente atuação do Espírito Santo, a zelar pela
integridade da Palavra de Deus.
Portanto,
a Escritura é inerrante, não no sentido de que é absolutamente preciso segundo
os padrões modernos, e sim no sentido de que ela cumpre aquilo que afirma e
atinge aquela medida de verdade específica que foi objeto dos autores.
2. A Bíblia reivindica a sua inerrância
O
termo “inerrância” não aparece na Bíblia, mas a sua essência está presente nas
páginas das Escrituras Sagradas. Vejas alguns versículos que dão a ideia da
inerrância da Bíblia:
“Sei
que tudo o que Deus faz permanecerá para sempre; a isso nada se pode
acrescentar, e disso nada se pode tirar. Deus assim faz para que os homens o
temam” (Ec.3:14).
“Porque
em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til
se omitirá da lei sem que tudo seja cumprido” (Mt.5:18).
“Pois
tudo o que foi escrito no passado foi escrito para nos ensinar, de forma que,
por meio da perseverança e do bom ânimo procedentes das Escrituras, mantenhamos
a nossa esperança” (Rm.15:4).
“As palavras do Senhor
são puras, são como prata purificada num forno, sete vezes refinada. Senhor, tu
nos guardarás seguros, e dessa gente nos protegerás para sempre” (Salmos 12:6,7).
“Os
céus e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão” (Mt.24:35).
“sendo
de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra
de
Deus,
viva e que permanece para sempre. Porque toda carne é como erva, e toda a glória
do homem, como a flor da erva. Secou-se a erva, e caiu a sua flor; mas a
palavra do Senhor permanece para sempre. E esta é a palavra que entre vós foi
evangelizada” (1Pd.1:23-25).
“Antes
de mais nada, saibam que nenhuma profecia da Escritura provém de interpretação
pessoal, pois jamais a profecia teve origem na vontade humana, mas homens
falaram da parte de Deus, impelidos pelo Espírito Santo” (2Pd.1:20,21).
“A
relva murcha, e as flores caem, mas a palavra de nosso Deus permanece para
sempre" Is.40:8).
“Mas
o que ela diz? "A palavra está perto de você; está em sua boca e em seu
coração", isto é, a palavra da fé que estamos proclamando” (Rm.10:8).
“Que todas estas
palavras que hoje lhe ordeno estejam em seu coração. Ensine-as com persistência
a seus filhos. Converse sobre elas quando estiver sentado em casa, quando
estiver andando pelo caminho, quando se deitar e quando se levantar. Amarre-as
como um sinal nos braços e prenda-as na testa. Escreva-as nos batentes das
portas de sua casa e em seus portões” (Dt.6:6-9).
“Guardei
no coração a tua palavra para não pecar contra ti” (Salmos 119:11).
Estas
e outras declarações indicam que a Bíblia é plenamente confiável, sem nenhuma
falsidade ou equívoco. Todavia, ao afirmarmos a inerrância da Bíblia (argumenta
o teólogo Augustus Nicodemos):
ü Não estamos falando
que a Bíblia não tenha um lado humano. Reconhecemos isto, mas tal qual Jesus
Cristo, a Bíblia é humana e não têm erros.
ü Não estão falando que
as traduções são inerrantes – a inerrância está nos originais. Não os temos,
mas podemos ter quase plena certeza do conteúdo pela manuscritologia.
ü Não estamos falando
que não existem cópias contendo variações e redações diferentes – existem,
mas secundárias e em pontos que não comprometem em nada as principais doutrinas
da Bíblia.
ü Não estamos falando
que a Bíblia seja um livro científico escrito em linguagem científica. Ela
usa a linguagem do observador – morcego, lebre, sol se movendo.
ü Não estamos falando
que não existam aparentes contradições – há várias, mas elas são aparentes.
Exemplo: números diferentes entre Crônicas e Reis.
ü Não estamos falando
que algumas informações da Bíblia não são por vezes vagas e imprecisas – às
vezes os autores fazem referências vagas a números e medidas arredondados. Imprecisão
não significa erro. Ex.: “eu moro a vários quilômetros do meu trabalho”.
ü Não estamos falando
que não há passagens difíceis de entender. Não compreendemos plenamente tudo o
que a Bíblia diz – sua mensagem central é clara, mas há passagens difíceis,
como o próprio Pedro reconhece (2Pd.3:15,16).
ü Não estamos falando
que não é preciso estudá-la para melhor compreendê-la – sua mensagem
central está disponível a todos as pessoas. Mas sendo um livro humano, escrito
há tanto tempo em outra cultura e língua, os estudos ajudam.
3. A infalibilidade e a inerrância da Bíblia
A
inerrância e a infalibilidade da Bíblia Sagrada são sustentadas pelo Espírito
Santo ao longo dos séculos, pois, como sabemos, não existem originais do texto
sagrado, visto que os textos primeiramente recebidos pela “inspiração verbal
plenária” foram, pelo próprio poder de Deus sobre o povo, reconhecidos como
autoritativos e, a partir de então, copiados geração após geração, conforme as
técnicas e os meios existentes naquele tempo, como o são hoje em dia, como
podem testemunhar não só as Bíblias impressas aos milhares diariamente, como
também as Bíblias lançadas, a cada dia, pelos mais sofisticados e avançados
meios telemáticos.
Pode
alguém perguntar: como podemos crer que não tenha havido erro nas cópias feitas
ano após ano, década após década, com tanta dificuldade e em condições tão
precárias, como na Antiguidade? Como podemos aceitar que o texto bíblico que
temos em nosso poder, em pleno século XXI, era o mesmo texto revelado a Moisés
no Sinai, aproximadamente mil e quatrocentos anos antes do próprio nascimento
de Cristo?
-Primeiro, por meio da fé. Devemos observar que
a inerrância das Escrituras não é matéria que se possa provar por meio da
razão. Assim como o conteúdo da Bíblia deve ser apreendido pela fé, somente pela
fé podemos crer que o conteúdo da Bíblia é inerrante e tem sido mantido e
sustentado pelo Senhor ao longo da história, até porque é promessa Sua velar
pelo cumprimento da Sua Palavra (Jr.1:12), e este zelo impõe, primeiramente, a
manutenção da mensagem tal qual ela foi revelada a cada um dos escritores
sagrados.
-Segundo, por comprovação cientifica. A despeito de a fé
ser a única forma pela qual possamos aceitar a inerrância das Escrituras, o
Senhor tem feito o homem descobrir e verificar vários fatos e episódios que são
indicadores seguros e irrefutáveis de que a Bíblia Sagrada não é um livro
comum, mas uma obra totalmente distinta de tudo quanto tem se produzido pela
humanidade. Assim, por exemplo, em 1947, quando se descobriram os famosos
manuscritos do Mar Morto, textos bíblicos quase quinhentos anos mais antigos
que os manuscritos mais antigos até então conhecidos, se revelou como havia uma
incrível e intensa semelhança entre os textos, inclusive com a superação de
diversas “contradições” ou “suspeitas” que se levantaram com relação a textos
da versão grega da Bíblia, que se mostrou perfeitamente consonante com estes
textos encontrados nas cavernas próximas ao Mar Morto. Temos aí, então, uma
comprovação científica de como o texto bíblico foi mantido praticamente intacto
durante meio milênio.
Como
se não bastasse isso, as profecias bíblicas revelam sua extrema veracidade,
pois diversos episódios preditos com séculos de antecedência cumpriram-se
fielmente, não se tendo exemplo algum de profecia bíblica que não tenha se
cumprido. Ou a profecia já se cumpriu ou ainda não se cumpriu, mas nenhuma
profecia bíblica foi desmentida até hoje pelos fatos. Como, então, não
reconhecer a sua infalibilidade? Karl Popper, um filósofo da ciência,
afirma que a ciência deve considerar como verídica toda e qualquer teoria
enquanto ela não for desmentida. Por que, então, há esta recusa de se admitir a
infalibilidade (ou pelo menos, a verdade provisória, como diz Popper) das
Escrituras?
II. O
ESPÍRITO SANTO PRESERVOU AS ESCRITURAS
Deus planejou
revelar-se aos seres humanos e reconciliar-se conosco, por isso, guardou
e preservou a Bíblia Sagrada soberanamente para que qualquer pessoa
possa chegar ao conhecimento do Seu amor (Ef.3:19), à fé (Rm.10:17)
e à esperança (Rm.15:4) procedente das Escrituras. É maravilhoso
o modo como o próprio Deus, ao longo dos séculos, preservou e guardou as Escrituras
Sagradas para que o Seu povo até hoje pudesse ter acesso; é mais uma prova
da sua Graça e Amor por nós (1Tm.2:4).
1. Os manuscritos autógrafos
Os
manuscritos autógrafos são os originais; são aqueles manuscritos com grafia de
próprio punho do escritor bíblico ou de seu escrevente, como no caso do livro
de Filemon (Fm.1:19) e da Epístola aos Romanos (Rm.16:22), respectivamente. Nos
manuscritos autógrafos estão registradas as palavras inspiradas pelo Espírito
Santo.
Norman
L. Geisler afirma que somente os autógrafos são inspirados, mas eles não
existem mais. Não se sabe por que Deus achou por bem não preservar esses manuscritos,
embora a tendência do homem de adorar relíquias religiosas, certamente, foi um
fator determinante (veja 2Rs.18:4). Outros assinalaram que Deus poderia ter
evitado a adoração dos originais preservando simplesmente uma cópia perfeita.
Contudo, nem isso ele achou por bem fazer. Parece mais provável que Deus não
tenha preservado os originais de modo que ninguém pudesse adulterá-los. É
praticamente impossível que alguém altere os milhares de cópias existentes. O
resultado final, entretanto, mostrou-se útil, uma vez que levou ao estudo
extremamente valioso da critica textual. Outro efeito colateral importante que
resultou dessa situação foi que ela serviu de alerta aos estudiosos bíblicos
para que não sobrepusessem fatos secundários da paleografia [estudo de textos
manuscritos antigos e medievais, independentemente da língua veicular do
documento], números ou outras coisas quaisquer de menor importância à
mensagem fundamental das Escrituras Sagradas.
2. Os manuscritos Apógrafos
Apógrafos
- cópias fiéis dos manuscritos originais. Segundo o pr. Douglas, atualmente
existem cerca de 25.000 cópias dos manuscritos bíblicos, a maioria deles em
hebraico, grego e latim.
Acreditamos
que a inerrância e a inspiração das Escrituras pertence aos manuscritos autógrafos,
e que somente eles preservaram a exatidão dos originais. É preciso deixar claro
que uma boa cópia ou tradução dos autógrafos é, na prática, a Palavra de Deus.
Pode não satisfazer completamente o estudioso que, por motivos técnicos ou de
precisão teológica, anseia pelo texto correto e pelo termo exato da língua original,
mas, sem dúvida, satisfaz o pregador e o leigo que desejam saber “o que diz o
Senhor” sobre questões de fé e prática. Mesmo quando não seja possível ler com
100% de certeza o que diz exatamente o texto original, é possível estar 100%
certo da verdade preservada nos textos que sobreviveram. Só em detalhes há
alguma incerteza na redação dos textos, e nenhuma doutrina importante depende
de detalhes secundários. Uma boa tradução não deixará de captar a totalidade do
ensino do original. Nesse sentido, portanto, uma boa tradução terá autoridade
doutrinária, embora a inspiração real esteja reservada aos autógrafos.
3. Os apócrifos e pseudoepígrafos
3.1) Os Apócrifos. Norman L. Gleisler
argumenta que parte do mistério que cerca esses livros “extras” diz respeito ao
sentido do seu nome - “Apócrifos”. Alguns dos primeiros pais da Igreja, como,
por exemplo, Ireneu e Jerônimo, estavam entre os primeiros a aplicar a palavra
“Apocrypha” à lista de livros não
canônicos. Desde o tempo da Reforma, o referido termo passou a significar “Apócrifos
do Antigo Testamento”.
A
etimologia básica da palavra “apócrifos” significa “oculto”. Não se sabe a razão
pela qual são rotulados dessa forma. A polêmica é: esse “oculto” deve ser usado
em sentido positivo, indicando que esses livros estiveram escondidos para que
fossem preservados, ou no sentido de que sua mensagem era profunda e
espiritual? Ou a palavra “oculto” foi usada em sentido negativo, indicando que
os livros eram de autenticidade duvidosa, espúria? Para responder a essas perguntas,
os livros precisam ser examinados cuidadosamente.
Os
principais livros Apócrifos são os seguintes (adaptado do livro “Introdução
Geral à Bíblia”, de Norma L. Gleisler):
ü Didático: Sabedoria de Salomão (c.30 a.C.);
Eclesiástico (c. 132 a.C.).
ü Romance: Tobias (c.200 a.C.).
ü Religioso: Judite (c. 150 a.C.).
ü Histórico: 1 Esdras (c. 150-100 a.C.); 1 Macabeus (c.
110 a.C.); 2 Macabeus (c. 110-70 a.C.).
ü Profético: Baruque (c. 150-50 a.C.); Carta de Jeremias
(c. 300-100 a.C.); 2 Esdras (c. 100.d.C).
ü Lendário: Acréscimos a Ester (140 -130 a.C.); Oração de
Acazias (séc. 2 ou 1 a.C.) (Cântico dos três jovens); Suzana (séc. 2 ou 1
a.C.); Bel e o Dragão (c. 100 a.C); Oração de Manassés (séc. 2 ou 1 a.C.).
Quase
todos esses livros foram aceitos pela Igreja Católica Romana no Concilio de
Trento, no ano de 1546, e foram entrelaçados entre os que realmente são
canônicos. Mas os protestantes os rejeitaram, porque não os consideram bíblicos
ou não canônicos. Embora não haja dúvida alguma quanto ao valor devocional, e
até homilético e histórico dos livros, ainda assim eles não fazem parte do cânon
teológico ao qual os outros 39 livros do Antigo Testamento pertencem, porque:
a)
Parte
do que ensinam não é bíblico ou é herético.
b)
Algumas
de suas histórias são extrabíblicas ou fantasiosas.
c)
Boa
parte do seu ensino é sub-bíblico e, por vezes, imoral.
d)
A
maior parte dos Apócrifos foi escrita no período pós-bíblico ou
intertestamentário.
e)
Por
fim, todos os Apócrifos não são bíblicos ou não canônicos, porque não foram recebidos
pelo povo de Deus. Para que um livro seja canônico, precisa satisfazer os
testes de canonicidade, a saber:
Ø O livro foi escrito
por um “profeta” de Deus? Não há informação nem prova de que tenha sido.
Ø Seu autor foi
confirmado por um ato de Deus? Como os Apócrifos não foram escritos por profetas, obviamente não
foram reconhecidos de modo sobrenatural por Deus.
Ø O livro manifesta o
poder de Deus? Não há nada de transformador
nos livros apócrifos. Sua verdade não é arrebatadora, exceto pelo fato de que é
uma repetição da verdade canônica de outros livros.
Ø O livro representa a
verdade sobre Deus, sobre o homem etc.? Há contradições, erros e até heresias nos Apócrifos. Esses livros não passam
no teste da verdade canônica.
Ø O livro foi aceito
pelo povo de Deus? Não
houve aceitação contínua ou universal desses livros pela Igreja de Deus. Nenhum
cânon ou Concílio da Igreja reconheceu a inspiração dos Apócrifos durante quase
quatro séculos. Lutero e os reformadores rejeitaram a canonicidade dos
Apócrifos. Só em 1546, numa atitude polêmica do Concílio de Trento (1545-1563)
que fazia parte da Contrarreforma, os livros apócrifos receberam pleno
reconhecimento de status canônico pela Igreja Católica Romana. A aceitação
desses livros pelo Concílio de Trento é suspeita porque foi usada contra Lutero
em prol da posição católica romana. Mais tarde, o Concilio acrescentou os
Apócrifos numa tentativa delineada pela Contrarreforma para refutar Lutero. Nem
todos os Apócrifos foram aceitos. Somente onze dos quinze livros o foram, e um
desse livros omitidos (2 Esdras) é contrário à oração pelos mortos.
3.2) Os Pseudoepígrafos. Conforme argumento de
Norman L. Gleisler, os livros pseudoepígrafos são aqueles claramente espúrios e
inautênticos em seu conteúdo de modo geral. Embora afirmem ter sido escritos
por autores bíblicos, na verdade expressam fantasia e magia do período em torno
de 200 a.C. a 200 d.C. A maior parte desses livros consiste em sonhos, visões e
revelações no estilo apocalíptico de Ezequiel, Daniel e Zacarias. Uma
característica notável desses livros é que eles descrevem um futuro brilhante
para o reino messiânico, além das questões relativas à criação, aos anjos, ao pecado,
ao sofrimento e recompensa para os fiéis vivos.
Não
se sabe ao certo o número real desses livros, e vários autores apresentaram
números diferentes para os livros mais importantes. Há dezenove que merecem ser
mencionados, que podem ser classificados como se segue (adaptado do livro de
Norma L. Gleisler):
ü Lendários: o livro de Jubileus; o livro de Arísteas; o
livro de Adão e Eva; e o Martírio de Isaías.
ü Apocalípticos: 1 Enoque; o Testamento dos doze patriarcas; o
Oráculos sibilinos; Assunção de Moisés; 2 Enoque, ou Livro dos segredos de
Enoque; 2 Baruque, ou o Apocalipse siríaco de Baruque; 3 Baruque, ou o
Apocalipse grego de Baruque. Apocalipse de Pedro.
ü Didáticos: 3 Macabeus; 4 Macabeus; Pirke Aboth; A
história de Ahikar.
ü Poéticos: Salmos de Salomão; Salmo 151.
ü Históricos: O fragmento de uma obra zadoquita.
Todos
esses livros foram produzidos por autores anônimos e espúrios, que atribuíram
indevidamente sua autoria a profetas e apóstolos.
III. A
VERDADE NAS ESCRITURAS
1. A Bíblia é a Verdade plena
A
Bíblia Sagrada é composta de 66 livros - sendo 39 no Antigo Testamento e 27 no
Novo Testamento. Toda Verdade de Deus que precisava ser revelada, todo o Plano
Divino através dos séculos, o Senhor Deus fez constar nesses Livros. Portanto,
a Bíblia é a Verdade plena. Quanto às coisas não reveladas está escrito que “as
coisas encobertas são para o Senhor, nosso Deus” (Dt.29:29). Quanto ao que
está escrito, conforme afirmou Paulo, “... para nosso ensino foi escrito...”
(Rm.15:4).
Os
nomes canônicos mais comuns do Livro Sagrado são: Escrituras ou Sagradas
Escrituras (Mt.21:42; Rm.1:2); Livro do Senhor (Is.34:16); A Palavra de Deus
(Mc.7:13; Hb.4:12); Oráculos de Deus (Rm.3:2). O próprio Jesus, que é a Verdade
(João 14:6), disse: “A tua Palavra é a verdade” (João 17:17). Ele não disse
como tantas pessoas dizem hoje: “a sua palavra contém a verdade”, mas “a Tua
Palavra é a Verdade”.
Todos
os cristãos genuínos reconhecem a Bíblia como a genuína Palavra de Deus, porque
ela mesma, diversas vezes, o afirma. “Assim diz o Senhor”, por exemplo, é uma
expressão que aparece dezenas de vezes no Antigo Testamento. E mais, o
cumprimento exato de tudo quanto nela está desde os primórdios da história da
humanidade é a prova irrefutável de que ela é, sem sombra de dúvida, a Palavra
de Deus, a revelação de Deus aos homens, a Verdade plena. Afirmou o salmista: “As
tuas palavras são em tudo verdade desde o princípio, e cada um dos teus justos
juízos dura para sempre” (Sl.119:160).
Muitos
têm tentado, ao longo dos séculos, levantar-se contra o divino Livro, porque o
arqui-inimigo de Deus não suporta a Verdade absoluta; mas todos têm fracassado
em seu intento de calar a Verdade divina ou desacreditá-la, precisamente porque
não se trata de uma obra feita pela mente, vontade ou imaginação humana, mas
tem sua origem, sua concepção e o zelo pelo seu cumprimento diretamente em
Deus.
2. A verdade espiritual e moral
A
raiz dos problemas da sociedade é espiritual e é através da Bíblia que podemos
aprender a ter o verdadeiro viver espiritual. O coração de Deus deseja que
esquadrinhemos a sua Palavra e nela encontremos suas verdades eternas, pois os
princípios da Palavra de Deus nos trazem a revelação de quem é o próprio Deus.
Quando começamos a pensar a partir de princípios bíblicos e não a partir de
opiniões ou “achismos”, o nosso estilo de vida muda, se torna mais consistente.
Mas o que é um princípio? A palavra “princípio” significa a origem, a causa, um
rudimento, uma verdade absoluta. Um princípio é algo que não muda, difere-se de
uma opinião, de uma boa ideia, não é relativo e não está preso a um contexto histórico,
a uma época específica ou a um costume. A Bíblia é o Livro que contém inúmeros
princípios, verdades absolutas que não se prendem ao contexto histórico ou à
época em que foram escritas: são princípios, verdades eternas.
O
resultado de vivermos dentro dos princípios bíblicos é uma vida equilibrada; as
nossas ações começam a serem governadas por Deus, tanto na Igreja como na vida
em família ou no trabalho que realizamos; a nossa mente torna-se “cativa” à
mente de Deus; caminhamos em direção aos seus pensamentos e começamos a ver
tudo que nos cerca numa perspectiva bíblica. Derrubamos raciocínios e toda
altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levamos cativo todo o
pensamento à obediência de Cristo (2Co.10:5). Portanto, a Bíblia é a nossa
única regra de fé e prática, não sendo necessária nenhuma outra revelação para saber
a respeito de nossa redenção, salvação e crescimento espiritual (Dt.4:2;
Pv.30:5,6). A Declaração e fé das Assembleias de Deus confirma este fato.
Quanto à verdade moral, o cristão tem seu
fundamento revelado nas Escrituras Sagradas. Aquilo que a Bíblia diz ser
pecado, permanece sendo pecado, pois a Bíblia é uma verdade absoluta e imutável;
é o código de ética divino. “Ética” e "moral" se confundem, pois
ambas dizem respeito ao conjunto de padrões e de atitudes que as pessoas devem
ter no seu dia-a-dia, no seu cotidiano. Exorta o apóstolo Paulo: "Portai-vos
de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de
Deus" (1Co.10:32). Esta regra continua valendo, pois os valores cristãos
são permanentes, haja vista que a fonte de autoridade, a Bíblia, é imutável (Mt.24:35).
Os
Evangelhos nos ensinam que a transformação moral nos conduz à uma posição que
Deus se agrada (Mt.5.48). Essa transformação reflete em nossa conduta pessoal,
pois a conversão cristã gera essa transformação na vida do ser humano
direcionando-o a um padrão moral correto (2Co.5.17).
Somente
Deus tem a capacidade e o direito de impor uma conduta moral a todos os homens.
E a Igreja, como agência do reino de Deus, deve dizer ao mundo que a conduta
moral ideal tão almejada, não se encontra nos direitos humanos, na busca pela
maior justiça nas relações socioeconômicas, mas Naquele que, desde a criação do
homem, tem querido determinar como devemos proceder. Em Deus se encontra o
verdadeiro padrão moral e, portanto, para os diversos dilemas morais vividos
pelo homem, existe uma única resposta: a Bíblia Sagrada, a inerrante verdade
tanto espiritual quanto moral.
3. A verdade histórica e científica
A
Bíblia é a inspirada, infalível e inerrante Palavra de Deus, em sua totalidade.
Ela não se equivoca quando descreve a criação, os eventos da história e os
fenômenos da ciência. Tudo o que a Bíblia ensina tanto na teologia, na história
ou na ciência é a verdade.
-A História confirma a Bíblia. Inúmeros são os
fatos ocorridos na história que foram registrados, estudados e confirmados a
sua veracidade, os quais se coadunam perfeitamente com os textos correspondentes
exarados nas páginas sagradas da Bíblia. Os céticos, os ateus, os ditos
cientistas evolucionistas, tentam desmoralizar a Bíblia, mas quanto mais se
aprofundam procurando desvios, mais chegam à conclusão da veracidade dos textos
sagrados.
-Quem
já não ouviu falar das duas deportações de Israel e Judá pelos assírios e
babilônicos, respectivamente, cujos registros encontram-se nos anais da
história humana! Estes fatos estão registrados no livro de Deus em 2Rs.17:6;
2Rs.24:10-17; Jr.25:11.
-Ninguém
pode negar a destruição de Jerusalém, que se deu em 70 d.C., que fora
profetizada por Jesus, registrada em Mateus 24:2. Os livros de história
registram este fato e não podem negar a veracidade da Bíblia.
-Alguém
pode negar a crucificação de Jesus? Os livros de história mostram este fato,
que é inegável. O próprio Flávio Josefo, historiador romano, fala sobre este
episódio. Desde Gênesis até Malaquias a Bíblia apontava para este acontecimento.
-Alguém
pode negar a restauração de Israel em 14 de maio de 1948? Claro que não! A
Bíblia é a verdade e fiel é o cumprimento das promessas de Deus nela exarados
com relação a este tremendo fato. Israel é o milagre de Deus mais visível às todas
as nações, hoje. Só não enxerga quem é cego espiritualmente. Em Ezequiel
36:25-27, dentre outras profecias, encontra-se predita a restauração da nação
de Israel.
-A
história, também, mostra a existência de quatro impérios monstruosos já
surgidos, a saber, Babilônico, Medos-Persas, Grego e Romano, os quais
prevaleceram, respectivamente, no período de 780 a 550 a.C.; 550 a 380 a.C.;
380 a 100 a.C. e 100 a.C. a 300 d.C. Pois é, estes impérios estão registrados
na Bíblia, mais precisamente no livro de Daniel capítulo dois. A Palavra de
Deus é Fiel e verdadeira!
-A verdadeira ciência confirma a Bíblia. A verdadeira ciência
nunca se oporá a Deus ou a Sua Palavra, pois quem se opõe à verdade é apenas a
“falsamente chamada ciência” (1Tm.6:20). Ainda que ciência e Bíblia tenham
pontos de partida totalmente diferentes e objetos igualmente distintos, não
podem se contrapor, já que ambas têm o mesmo alvo: a verdade. Não é por outro
motivo que o apóstolo Paulo, ele próprio alguém dotado de vasto e profundo
conhecimento científico, não recomendou a seu filho na fé, Timóteo, que se afastasse
da ciência, como, lamentavelmente, muitos “crentes espirituais” insistem em
fazê-lo, sem qualquer respaldo bíblico, mas, sim, que tivesse horror às
oposições da falsamente chamada ciência, ou seja, que se afastasse de toda a
produção intelectual que, com o pretexto de tentar descobrir a verdade,
estivesse fundamentada única e exclusivamente no intuito de se opor a Deus e à
Palavra de Deus.
A
verdadeira ciência defende o fato de o Universo ter sido projetado e criado por
um Ser Inteligente. A verdadeira ciência constata que o Universo veio a existir
exatamente como a Bíblia no-lo descreve. Veja o que escreveu o autor da
Epístola aos Hebreus: "Pela fé, entendemos que os mundos, pela palavra
de Deus, foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é
aparente" (Hb.11:3).
Inúmeras
vezes a ciência tem confirmado a veracidade bíblica no tocante alguns fatos
científicos. Vejamos alguns exemplos:
ü A Terra é solta no
espaço.
O Patriarca Jó sabia disso há, aproximadamente, 1500 anos a.C. – “Ele estende
o Norte sobre o vazio; suspende a terra sobre o nada” (Jó 26:7).
ü No centro da Terra há
fogo.
No mesmo livro de Jó, no capítulo 28 e versículo 5, esta verdade científica é
confirmada - ”Quanto à terra, dela procede o pão, mas por baixo é revolvida
como por fogo”.
ü A Terra é redonda. O Profeta Isaias, há
mais de 1000 anos antes da ciência moderna, já afirmava que a Terra é redonda –
“E ele o que está assentado sobre o círculo da terra, cujos moradores são
para ele como gafanhotos; é ele o que estende os céus como cortina, e o
desenrola como tenda para nela habitar” (Is.40:22).
ü Toda a humanidade
descende de um único ancestral, Adão e Eva. A biologia moderna
prova que as variações verificadas no ser humano ocorrem no DNA, e não
apresentam qualquer evidência que sugira ter o homem se originado de organismos
diferentes ou inferiores a si mesmo. Ou seja, a estrutura biológica do ser
humano continua a mesma desde o dia em que Deus criou Adão e Eva.
As descobertas dos
últimos anos relacionadas com o DNA [o ácido desoxirribonucleico, a molécula,
que reproduz o código genético, ou seja, que é responsável pela transmissão das
características hereditárias de cada espécie, quer seja nas plantas, nos
animais (incluindo o homem) ou nos microrganismos] têm mostrado, claramente,
que cada espécie tem seu próprio código genético, que nunca se transforma em um
código genético de uma outra espécie. Assim, mais uma vez, confirma-se a ideia
de que, se “evolução é a descendência com mudança”, é a “alteração das
proporções das variantes de um dado gene ao longo das gerações”, isto só se dá
dentro de cada espécie, sem qualquer passagem para uma outra espécie, o que
confirma a narrativa bíblica e não a teoria da evolução, pois é a própria
negação da evolução.
Portanto,
na Bíblia Sagrada está a verdade histórica e cientifica de inúmeros fatos, o
que corrobora a veracidade da inspiração dos seus autores ao escrever o Livro
Sagrado.
O
Salmo 119 nos revela de forma sublime o valor da Palavra de Deus e a
necessidade que temos de colocá-la como nosso guia, como lâmpada para nossos
pés, como luz para o nosso caminho, como a preciosa joia que devemos esconder
em nossos corações para não pecarmos contra o Senhor. Esta Palavra que temos a
graça divina de estudar, ouvir, meditar e seguir; este tesouro que o Senhor nos
dá de dia e de noite, deve ser cada vez mais valorizada em nosso meio, pois num
mundo onde os fundamentos se transtornam, onde não há mais valores absolutos, verdades
ou certezas, somente aqueles que conhecem e praticam a Palavra de Deus poderão
ter esperança, a esperança de um novo céu e de uma nova terra onde habitam a
justiça.
CONCLUSÃO
A
Bíblia é completamente inerrante. Ela é totalmente verdadeira e sem erros.
Jesus disse: “A tua Palavra é a verdade” (João 17:17). Aos que negavam a verdade
das Escrituras, Ele disse: “Vocês estão equivocados, não compreendendo as
Escrituras” (Mt.22:29). Disse o salmista: “A lei do Senhor é perfeita” e “a
síntese da tua palavra é a verdade (Sl.19:7; 119:160). A Bíblia é a Palavra de
Deus, e Deus não pode errar (Hb.6:18; Tt.1:2). As Escrituras são pronunciamentos
do Espírito Santo (2Tm.3:16), e o Espírito da Verdade não pode errar. “Errar é
humano”, porém a Bíblia não é um livro meramente humano. Ela é divinamente inspirada,
e um erro divinamente inspirado é uma contradição de termos.
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Luciano
de Paula Lourenço – EBD/IEADTC
Disponível
no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia
de Estudo Pentecostal.
Bíblia
de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia
de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD
William
Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).
Comentário
Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário
do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Rev.
Hernandes Dias Lopes. 2Timóteo – o testamento de Paulo à Igreja.
Pr.
Caramuru Afonso Francisco. A Bíblia, a Inspirada e Inerrante Palavra de Deus.PortalEBD_2006.
Pr.
Caramuru Afonso Francisco. A Inerrância da Bíblia. PortalEBD_2009.
Norman
L Geisler. Introdução geral à Bíblia. Vida Nova.
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