1º Trimestre/2017
Texto Base: Hebreus 10:35-39
"Se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si
mesmo" (2Tm.2:13).
INTRODUÇÃO
Dando continuidade ao
estudo do trimestre a respeito das “obras da carne e o Fruto do Espírito”,
trataremos nesta Aula da Fidelidade, contrapondo com a idolatria, que é tudo
aquilo que ocupa o lugar de Deus em nosso coração. Muitos, infelizmente, têm
deixando que os bens materiais, os talentos e o poder ocupem o lugar em seus
corações, lugar que deve ser somente de Deus (Dt.6:5). A Fidelidade nos ajuda a
banir de nossas vidas todo e qualquer ídolo.
A Fidelidade é uma
qualidade do Espírito Santo voltada para a própria pessoa. Ela é um elemento
fundamental na vida espiritual do crente. No início da conversão, muitos
desenvolvem uma fé inabalável, revelando sua fidelidade ao Senhor, mas com o
passar dos anos, diante das muitas adversidades, os crentes vão esmorecendo na
fé e comprometendo a sua fidelidade para com o Senhor. Todavia, não podemos nos
esquecer de que precisamos permanecer fiéis até o fim, condição sem a qual não
receberemos a “coroa da vida” (Ap.2:10). Lembremos que o deserto é a trajetória
de nossa caminhada rumo à Pátria Celestial. Logo, enfrentamos momentos difíceis,
mas Deus está conosco nos dando a vitória diante das intempéries; Ele está no
controle de tudo. O Deus que sustentou o povo de Israel no deserto durante 40
anos, que sustentou Abraão e seus descendentes é o Deus que vai nos sustentar e
ajudar-nos a enfrentar as adversidades da vida. O que Ele quer de nós?
Certamente, Fidelidade a Ele.
I. O
SIGNIFICADO DE FIDELIDADE
1. Definição. Fidelidade é a característica de quem tem bom caráter, de quem é leal, é
fiel e demonstra respeito por alguém e pelo compromisso assumido com outrem; é
sinônimo de lealdade. Se Deus procura os fiéis da terra para que estejam com
Ele, a Fidelidade, entre outras virtudes, é algo que atrai a atenção de Deus. A
vida de Paulo é um exemplo de como podemos vencer as crises e permanecermos
fiéis ao Senhor.
2. A Fidelidade como Fruto do Espírito. A Fidelidade como Fruto do Espírito é desenvolvida em nós pela ação do
Espírito Santo (Gl.5:22). À medida que confiamos em Deus e passamos a ter uma
maior comunhão com Ele, mediante a leitura e estudo da Palavra de Deus, e
oração, desenvolvemos o Fruto do Espírito.
Segundo o Pr. Antônio
Gilberto, “a Fidelidade como Fruto do Espírito tem muito a ver com a moral e
ética cristã. Esse fruto abençoado coloca o padrão cristão no nível de
responsabilidade em palavras e ação. Houve um tempo em que a palavra de um
homem tinha grande valor, e um aperto de mão era tão bom quanto um contrato
assinado. Isto não parece ser verdade em nossos dias. Mas o homem que anda com
Deus é diferente, porque nele está a lealdade, honestidade e sinceridade. O
Espírito Santo sempre concede poder para o cristão ser um homem de palavra. A
Fidelidade como Fruto do Espírito nos torna leais a Deus, leais a nossos
companheiros, amigos, colegas de trabalho, empregados e empregadores. O homem
leal apoiará o que é certo mesmo quando for mais fácil permanecer calado. Ele é
leal, quer esteja calado, quer esteja sendo observado, quer não. Este princípio
é ilustrado em Mateus 25:14-30. Os servos que eram fiéis e fizeram como foram
instruídos mesmo na ausência do senhor foram elogiados e recompensados. O servo
infiel foi castigado" (GILBERTO,
António. O Fruto do Espírito: A plenitude de Cristo na vida do crente. 2.ed.
Rio de Janeiro: CPAD.2004 p. 112).
3. Fé e Fidelidade não é a mesma coisa. Embora muitos considerem que Fé e Fidelidade são a mesma coisa, ou tem
significado idêntico, nós nos permitimos pensar de forma diferente. Acreditamos
que são duas virtudes diferentes. Acreditamos que em Gálatas 5:22, quando Paulo
diz que uma das virtudes do Fruto do Espírito é a fé (ARC), ele está se
referindo à Fé Espiritual, e não a Fé Natural.
A fé natural é uma
virtude própria da natureza do ser humano. Todo ser humano a possui. Esta pode
até guardar alguma semelhança com a fidelidade. Tanto que, na língua grega, que
não cuidava de coisas espirituais, a palavra “pistis” tanto significava fé,
como também fidelidade.
João Ferreira de
Almeida, que concluiu em 1670 a Tradução do Novo Testamento, do grego para a língua
portuguesa, houve por bem, em Gálatas 5:22, traduzir o vocábulo “pistis” por
fé.
Certamente que, na
época, como também hoje, na língua portuguesa fé não tem o mesmo significado de
fidelidade.
No sentido que nossa
língua dá às duas palavras, um homem religioso pode ser fiel ao seu deus, ou ao
ensino religioso que recebeu, mesmo não tendo a fé espiritual. O ateu, ainda
que negue a existência de Deus, pode, e é fiel à sua doutrina. Assim, enquanto
o homem natural, religioso, ou não, pode manter absoluta fidelidade ao seu
deus, ou à doutrina na qual foi educado, ou formado, a ponto de morrer em sua
defesa, é certo que esse homem não possui a Fé Espiritual. Aconteceu com Paulo,
antes de ser cristão. Ele era um homem que consagrava absoluta fidelidade à
doutrina do judaísmo na qual era formado e dedicava completa lealdade aos de
sua nação, contudo, não possuía a Fé Espiritual.
A Fé Espiritual é um dom de Deus. Segundo a Bíblia, o
Senhor Jesus é o seu autor e consumador – “Olhando para Jesus, autor e
consumador da fé...” (Hb.12:2), ou, como diz a Bíblia na Linguagem de Hoje:
“Conservemos os nossos olhos fixos em Jesus, pois é por meio dele que a nossa
fé começa, e é ele quem a aperfeiçoa...”. Biblicamente, só existe uma maneira de
o homem adquirir esta fé, é pela Palavra de Deus – “De sorte que a fé é pelo
ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus” (Rm.10:17). Nenhum homem, por mais fiel
que seja a qualquer deus, a qualquer doutrina, mesmo aquelas fundadas em boas
obras, será salvo sem esta fé – “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé;
e isso não vem de vós; é dom de Deus” (Ef.2:8). A Fé Espiritual é
essencialmente divina. Homem algum, em tempo algum alcançou, ou poderá alcançar
a Salvação sem antes adquirir esta fé. Ela nunca foi e não será jamais
adquirida por qualquer tipo de esforço humano, por mais sincero que seja, ou
pelo pagamento de qualquer quantia.
É, pois,
absolutamente possível manter fidelidade e lealdade a alguém, ou a alguma
coisa, mesmo sendo, apenas, um homem natural. Não se pode negar que existem
muitos maridos, não crentes, que mantêm absoluta fidelidade às suas esposas. A
recíproca é também verdadeira. Enquanto isso acontece, existem maridos e
esposas crentes, salvos, que, às vezes vacilam, escorregam e caem.
Acreditamos,
portanto, existir fidelidade sincera, real, absoluta no homem natural, no qual
não existe a fé espiritual. Portanto, para nós, fidelidade, ou lealdade, não
tem o mesmo significado da Fé Espiritual, são duas virtudes diferentes. Enquanto a Fé Espiritual só pode ser recebida
de Deus e através de Sua Palavra, a Fidelidade pode ser transmitida e gravada
no caráter do homem através do ensino, da doutrinação, de tal forma que, em
nome dessa fidelidade, ou lealdade, a pessoa chega a abrir mão da própria vida;
ela pode existir no pecador mais renitente, no ímpio, no religioso, no ateu e
materialista; homens que morrem, mas, não negam suas doutrinas e suas crenças;
homens fiéis, homens leais, porém, sem Fé Espiritual.
4. A Fidelidade de Deus. Uma das principais
características divinas é a sua imutabilidade. Ele é fiel em sua natureza
(2Ts.3:3). Deus não muda e nEle não há sombra de variação (Tg.1:17). A Bíblia
ressalta, ainda, que Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente
(Hb.13:8). Ora, esta imutabilidade leva-nos à conclusão de que Deus, as três
Pessoas, é fiel, pois, todo aquele que não muda, que mantém firme a sua posição
é fiel. O Deus que é fiel, pela sua graça, nos salvou e nos deu uma nova vida a
fim de que tenhamos comunhão com Ele e com o seu Filho (1Co.1:9). Como filhos
de Deus e novas criaturas (2Co.5:17), precisamos ter para com Deus a mesma
atitude de lealdade que Ele tem para conosco.
a) Deus é fiel no cumprimento de suas promessas. Deus cumpre os compromissos que assume, é leal. Todos os pactos
constantes na Bíblia que foram firmados entre Deus e o homem sempre tiveram, da
parte de Deus, seu pleno cumprimento.
- No Éden, Deus prometeu vida ao homem enquanto
ele não comesse da árvore do conhecimento do bem e do mal, o que foi
rigorosamente cumprido.
- Antes do dilúvio, prometeu salvar Noé e sua família na
arca, o que cumpriu e, posteriormente, prometeu nunca mais destruir a Terra com
um novo dilúvio, o que tem se cumprido desde então, pois nunca mais houve um
dilúvio universal.
- A Abraão, homem sem filhos e já idoso, prometeu
uma descendência como a areia do mar e que dele sairiam povos e reis. Deus tem
cumprido este compromisso, como podem testemunhar os milhões de judeus e árabes
que hoje existem.
- A Israel, Deus prometeu que seria sua
propriedade peculiar, seu reino sacerdotal e tem cumprido até aqui a sua parte
no pacto, preservando a nação israelita, apesar da incredulidade dela, ao longo
dos séculos, de forma evidentemente miraculosa, como foi a restauração do
Estado de Israel no local geográfico escolhido por Deus, como prova de mais um
compromisso que Deus tem cumprido, a de entregar a Terra de Canaã a Israel.
- A Davi, prometeu que sua descendência
governaria eternamente sobre Israel e sabemos que a vinda de Cristo, que é
descendente de Davi e vivo está, é a demonstração do cumprimento desta promessa,
pois para sempre o Senhor reinará sobre Israel.
- À Igreja, prometeu que as portas do inferno não
prevaleceriam contra ela, e é o que tem acontecido; Satanás tem investido
ferozmente todas as suas ferramentas destruidoras contra a Igreja, ao longo de
seus dois mil anos de existência, mas essas ferramentas não foram capazes de
mudar o foco da Igreja e nem de arrefecer o seu ânimo no cumprimento de seu
dever: pregar o evangelho a toda a criatura. Milhões de crentes foram mortos,
mas o sangue dos mártires tornou-se a sementeira do evangelho. Nosso Deus é
Aquele que vela pela sua Palavra para a cumprir (Jr.1:12).
b) Deus é grande em Fidelidade. As Sagradas Escrituras confirmam isto:
- Lam.3:23: “Grande é a Tua fidelidade”.
- Êxodo 34:6: “E, passando o Senhor por diante dele [Moisés]
clamou: Senhor, Senhor Deus compassivo, clemente, e longânimo, e grande em
misericórdia e fidelidade”.
- Salmo 57:10: “A Tua benignidade, Senhor, chega até
aos céus, até as nuvens a Tua fidelidade”.
- Salmo 108:4: “Porque acima dos céus se eleva a Tua
misericórdia, e a Tua fidelidade para além das nuvens”.
- Salmo 89:8: “Ó Senhor Deus dos
Exércitos, quem é poderoso como Tu és, Senhor, com a Tua fidelidade ao redor de
Ti?”.
c) A Fidelidade de Deus é Eterna. Afirmam as Escrituras Sagradas:
- Salmo 117:1,2: “Louvai ao Senhor vós todos os
gentios, louvai-O todos os povos. Porque mui grande é a Sua misericórdia para
conosco, e a fidelidade do Senhor subsiste para sempre. Aleluia!”.
- Salmo 100:4b-5: ”rendei-lhe graças e bendizei-lhe o nome.
Porque o Senhor é bom, a Sua misericórdia dura para sempre, e, de geração em
geração, a Sua fidelidade”.
- Salmo 119:90: “A Tua fidelidade estende-se de
geração em geração...”.
- Salmo 146:6: “que fez os Céus e a terra, o mar e
tudo o que neles há, e mantém para sempre a Sua fidelidade”.
- 2Tm.2:13: “Se somos infiéis, Ele permanece
fiel...”.
II. IDOLATRIA E
HERESIA: UM PERIGO À FIDELIDADE
1. O que é idolatria? É colocar qualquer coisa, ou pessoa, em lugar de Deus. Significa que
Deus deixou de ocupar o lugar central na vida do homem, para ficar em segundo
plano. Logo, se colocarmos os bens materiais acima de Deus, estamos incorrendo
no pecado da idolatria.
A idolatria aparece
na relação de obras da carne apresentada por Paulo aos Gálatas (Gálatas 5:20),
por isso é tão comum em tantas culturas, mas é abominável para Deus porque
através da idolatria o homem rejeita o Deus Criador em troca da criatura.
O ser humano acredita
mais facilmente em coisas visíveis do que em um Deus invisível (1Tm.1:17). Por
isto, ele é tendente a fazer ídolos para reverenciá-lo. A palavra ídolo vem do
grego “eidólon”, e significa imagem; é, pois, uma representação da divindade,
de que se faz objeto de culto, usurpando essa imagem o lugar de Deus e
recebendo a adoração e o culto que só a Ele é devido. “Os israelitas, embora
tivessem visto de perto a glória e o livramento de Deus, por diversas vezes se
deixaram levar pela idolatria. Ainda na travessia do deserto, quando Moisés
estava no monte Sinai para encontrar-se com o Senhor, o povo fez um bezerro de
ouro e o adorou (Êx.32:1-18). Já no período monárquico, depois da morte de
Salomão e a divisão do reino, todos os reis do Reino do Norte fizeram o que era
mal aos olhos do Senhor, levando o povo à adoração de ídolos (1Rs.16:25,30; 22:52-54;
2Rs.3:3). Jeroboão I, fundou um sistema religioso idólatra, mandando fazer dois
bezerros de ouro, institucionalizando a idolatria em Israel (1Rs.12:26-33).
O ídolo é veementemente condenado na Bíblia – “Maldito o homem que fizer imagem de escultura ou de fundição,
abominação ao SENHOR, obra da mão do artífice, e a puser em um lugar escondido!
E todo o povo responderá e dirá: Amém!” (Dt.27:15). Os dois primeiros
mandamentos proíbem a adoração de imagens, bem como a adoração a qualquer outro
deus (cf. Êxodo 20). A idolatria era classificada como uma ofensa de estado e
cheirava traição, devendo ser punida com a morte (Dt.17:2-7). Leia mais: Lv.26:1;
1Sm.12:21; Sl.115:2-8; At.15:20; 1João 5:21).
Todavia, idolatria não é somente adorar a imagens, no sentido físico, é também adorar tudo aquilo que toma o lugar de
Deus em nossa vida, aquilo que amamos, nos dedicamos, entregamos toda a nossa
atenção, intenção e tempo, em detrimento da presença de Deus em nossa vida,
aquilo que rouba a nossa adoração e comunhão com Ele.
Muitas vezes, o
trabalho, a faculdade, prazeres, propósitos de vida, filhos, enfim, tudo isto é
bênção do Senhor, mas não podem ocupar o lugar do Senhor em minha vida, não
podem roubar a nossa adoração e o nosso tempo com Deus; Ele precisa estar no
centro, mas quando todos esses fatores de nossa vida estão cheios da nossa
atenção, dedicação e tempo, de maneira que não há mais tempo para orar, não há
mais tempo para adorar e relacionar-se com Deus, e ouvir a sua voz através da
sua palavra, e o problema maior é que perdemos a sensibilidade espiritual e
passamos a viver assim, então há ídolos na nossa vida.
Não podemos jamais
esquecer que tudo aquilo que usurpa o lugar de Deus, em nosso coração, é
idolatria. Qualquer pessoa ou objeto a que nos dedicamos com extremada atenção,
e que não podemos viver sem os quais, podem se tornar um ídolo. A idolatria é a
quebra da nossa fidelidade ao verdadeiro Deus.
2. Heresia. Heresia vem da expressão grega “háiresis”, que pode ser entendida como uma escolha que resulta numa separação. Segundo o Dicionário
Teológico (CPAD) podemos definir heresia "como uma rejeição voluntária de
um ou mais artigos da fé". Aquela pessoa que, embora conhecendo a verdade,
desvia-se dela, abraçando uma doutrina
falsa, ou uma doutrina contrária àquela revelada pela Bíblia Sagrada,
chamamos de herege. O herege não é um
cristão. A Bíblia fala de
heresia em 2Pedro 2:1 e Judas 4, e afirma que é um fruto da carne (Gl.5:20).
Vamos entender melhor
este assunto, tomando o seguinte exemplo: o Brasil tem um sistema federativo de
governo. Embora formado por 27 Estados, tem um único presidente e é regido por
uma só Constituição. Cada um dos 27 Estados tem sua própria constituição e pode
fazer suas próprias leis. Há, porém, um limite para estas legislações - as constituições e as leis estaduais precisam
estar de acordo com a Constituição Federal; esta representa a lei maior e não pode ser violada.
Assim, a Bíblia Sagrada é a Constituição, ou a
Lei Maior que rege a Igreja do Senhor
que está aqui na Terra. Cada igreja local, bem como cada denominação evangélica, à semelhança
dos estados brasileiros, pode ter sua organização própria, seu governo, suas
leis, desde que estas estejam de acordo
com a Bíblia Sagrada.
Assim, só será
considerada uma igreja evangélica
aquela que estiver de acordo com as doutrinas
bíblicas. Elas podem ter diversas diferenças, entre si, assim como cada estado
tem seus próprios costumes; embora a língua oficial seja a mesma, há diferença
de pronúncias, variam os sotaques em cada região, há diferenças alimentares,
climáticas, etc. Tudo é permitido desde que a Constituição Federal seja
obedecida. Caso um Estado passe a legislar de forma contrária à Constituição
Federal, e persista em continuar no erro, será considerado um Estado rebelde e estará sujeito a sansões penais. Assim
é a heresia; ela não é uma denominação, ou igreja evangélica; ela é rebelião contra as doutrinas bíblicas.
Uma Heresia tem suas próprias doutrinas e estas são sempre contrárias às
verdades bíblicas. Os seguidores de uma determinada heresia formam o que chamamos de SEITA. Daí, biblicamente, não podemos
confundir uma denominação, ou igreja evangélica
com uma Seita. Uma Seita é
sempre regida por uma doutrina antibíblica.
Precisamos ter cuidado, pois atualmente muitos estão se utilizando de
argumentos falsos para enganar e macular a Igreja do Senhor. Estamos vivendo
tempos difíceis, nos quais muitas igrejas já não conservam mais a sã doutrina,
sendo os crentes enganados por filosofias humanas e ensinos de demônios contrários
à Palavra de Deus. Devemos, portanto, acatar a exortação de Paulo: “Ao homem
herege, depois de uma e outra admoestação, evita-o, sabendo que esse tal está
pervertido e peca, estando já em si mesmo condenado” (Tito 2:10,11). Perceba
neste texto a gravidade que representa uma heresia. Contemplando e avaliando a
galeria onde as heresias estão colocadas e a sentença de que o herege não
herdará o Reino de Deus não se pode deixar de considerar o perigo que uma
heresia representa para “uma Igreja”, e o porquê Paulo, falando sobre o herege,
disse: “evita-o”.
III. SEJAMOS
FIÉIS ATÉ O FIM
A Fidelidade é um princípio básico da vida cristã. Hoje os maridos e
esposas estão quebrando os votos assumidos no casamento. Os crentes estão
quebrando os votos feitos na profissão de fé. Como ser um crente fiel em tempos
de adversidades? Tomemos como exemplo a fiel igreja de Esmirna; ela foi uma
igreja sofredora, perseguida, pobre, caluniada, aprisionada, enfrentando a
própria morte, porém, uma igreja fiel que só recebeu elogios de Cristo
(Ap.2:8-11).
“E ao anjo da
igreja que está em Esmirna escreve: Isto diz o Primeiro e o Último, que foi
morto e reviveu: Eu sei as tuas obras, e tribulação, e pobreza (mas tu és
rico), e a blasfêmia dos que se dizem judeus e não o são, mas são a sinagoga de
Satanás. Nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará
alguns de vós na prisão, para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de
dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida. Quem tem
ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas: O que vencer não receberá o dano
da segunda morte”.
É válido ressaltar que,
dentre as sete igrejas que receberam cartas, somente duas receberam elogios: Esmirna
e Filadélfia. Sabemos que não há igreja local isenta de imperfeições, mas na
carta endereçada à igreja em Esmirna não foram apresentadas pelo Senhor as suas
imperfeições. Isso deve nos servir de lição: uma igreja pobre e perseguida não
recebeu repreensões do Senhor, mas elogios, não porque era pobre e perseguida,
e sim porque era fiel a Jesus.
1. A igreja de Esmirna foi fiel a Cristo em meio à tribulação (Ap.2:9). Tribulação tem a ideia de aperto,
sufoco, esmagamento. A igreja estava sendo espremida debaixo de um rolo
compressor. A pressão dos acontecimentos pesava sobre a igreja e a força das
circunstâncias procurava forçar a igreja a abandonar a sua fé. Os crentes em
Esmirna estavam sendo atacados e mortos. Eles eram forçados a adorar o
imperador como deus. Segundo alguns estudiosos, de uma única vez foram lançaram
do alto do monte Pagos 1200 crentes; doutra feita, lançaram 800 crentes. Os
crentes estavam morrendo por causa da sua fé.
Somos chamados a ser fiéis até às últimas consequências, mesmo em um
contexto de hostilidade e perseguição. Hoje, Jesus espera de seu povo
fidelidade na vida, no testemunho, na família, nos negócios, na fé. Não venda
seu Senhor por dinheiro, como Judas; não troque seu Senhor, por um prato de
lentilhas, como Esaú; não venda sua consciência por uma barra de ouro, como
Acã. Seja fiel a Jesus, ainda que isso lhe custe seu namoro, seu emprego, seu
sucesso, seu casamento, sua vida. Jesus diz que aqueles que são perseguidos por
causa da justiça são bem-aventurados (Mt.5:10-12). O mundo perseguiu a Jesus e
também nos perseguirá.
2. A igreja de Esmirna foi fiel a Cristo mesmo
enfrentando prisões impiedosas (Ap.2:10). Alguns crentes de Esmirna estavam enfrentando prisões tenebrosas. Naquela
ocasião, a prisão era a antessala do túmulo; os romanos não cuidavam de seus
prisioneiros. Normalmente os prisioneiros morriam de fome, de pestilências, ou
de lepra.
Somos chamados a sermos fiéis não apenas até o último instante da vida,
mas, sobretudo, até às ultimas consequências, mesmo num contexto de hostilidade
e perseguição. O pastor da igreja de Esmirna, Policarpo, discípulo de João, foi
martirizado em 155 d.C. Fiel até à morte, esse dedicado líder foi queimado vivo em uma
fogueira. Seus algozes pediram-lhe que dissesse: "César é Senhor",
mas ele recusou a fazê-lo. Levado ao estádio, o procônsul instou com ele,
dizendo: "Jura, maldiz a Cristo e te porei em liberdade”. Policarpo lhe
respondeu: "Sirvo a Cristo há oitenta e seis anos, e ele nunca me fez mal,
só o bem. Então como posso maldizer o meu Rei e Salvador?" [...]. Depois
de ameaçá-lo com feras, o procônsul lhe disse: "Farei que sejas consumido
pelo fogo". Mas Policarpo respondeu: "Tu me ameaças com fogo que
queima por uma hora e depois de um pouco se apaga, mas tu és ignorante a
respeito do fogo do juízo vindouro e do castigo eterno, reservado para os maus.
Mas, por que te demoras? Faze logo o que queres [...J". Os inimigos furiosos, queimaram-no vivo em uma
pira, enquanto ele orava e agradecia a Jesus o privilégio de morrer como
mártir.
A promessa de Jesus é
clara: "O vencedor de modo algum sofrerá a segunda morte" (Ap. 2:11).
Podemos enfrentar a morte e até o martírio, mas escaparemos do inferno, que é a
segunda morte, e entraremos no céu, que é a coroa da vida.
3. A igreja de Esmirna foi fiel a Cristo apesar da
pobreza absoluta. A igreja de
Esmirna era uma igreja pobre: pobre porque os crentes vinham das classes mais
baixas; pobre porque muitos dos membros eram escravos; pobre porque seus bens
eram tomados, saqueados; pobre porque os crentes eram perseguidos e até jogados
nas prisões; pobre porque os crentes não se corrompiam. Esmirna era uma igreja
espremida, sofrida, acuada; contudo, uma igreja fiel.
a) embora a igreja fosse pobre financeiramente, era rica dos recursos
espirituais. Não tinha
tesouros na terra, mas os tinha no céu. Era pobre diante dos homens, mas rica
diante de Deus. A riqueza de uma igreja não está na pujança do seu templo, na
beleza de seus móveis, na opulência do seu orçamento, na projeção social dos
seus membros. A igreja de Laodicéia considerava-se rica, mas Jesus disse para
ela que ela era pobre. A igreja de Filadélfia tinha pouca força, mas Jesus
colocou diante dela uma porta aberta. A igreja de Esmirna era pobre, mas aos
olhos de Cristo ela era rica.
b) Enquanto o mundo avalia os homens pelo ter, Jesus os avalia pelo ser. Importa ser rico para com Deus. Importa
ajuntar tesouros no céu. Importa ser como Pedro: "Eu não tenho ouro e nem
prata, mas o que eu tenho, isso te dou: em nome de Jesus, o Nazareno
anda". A igreja de Esmirna era pobre, mas fiel; era pobre, mas rica diante
de Deus; era pobre, mas possuía tudo e enriquecia a muitos. Nós podemos ser
ricos para com Deus, ricos na fé, ricos em boas obras. Podemos desfrutar das
insondáveis riquezas de Cristo. É melhor ser como a igreja de Esmirna, pobre
materialmente e rica espiritualmente, do que como a igreja de Laodicéia, rica,
mas pobre diante de Cristo.
Jesus nunca disse que se
formos fiéis a Ele jamais teremos problemas, sofrimentos ou perseguições. Na
verdade, devemos ser fiéis a Ele durante nossos sofrimentos. Somente assim
nossa fé poderá se mostrar genuína. Permaneceremos fiéis se conservarmos nosso
olhar em Cristo e naquilo que Ele nos promete para esse momento e para o futuro
(ver Fp.3:13,14; 2Tm.4:8).
Que a igreja de Esmirna nos
sirva de exemplo e referencial de fidelidade a Deus, coragem e determinação. [...] Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a
coroa da vida. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: O
vencedor de nenhum modo sofrerá dano da segunda morte (Ap. 2:10c-11).
CONCLUSÃO
À medida que buscamos ter maior comunhão com Deus, desenvolvemos a Fidelidade
como Fruto do Espírito. A nossa confiança em Deus nos ajuda a permanecer fiéis
em tudo até o Dia em que iremos nos encontrar com o Senhor (Ap.2:10). Que no
final de nossa jornada, possamos dizer como o apóstolo Paulo: “Combati o bom
combate, acabei a carreira, guardei a fé” (2Tm.4:7).
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível
no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia
de Estudo Pentecostal.
Bíblia
de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário
Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário
do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Revista
Ensinador Cristão – nº 69. CPAD.
Rev.
Hernandes Dias Lopes. Gálatas, a carta da liberdade cristã.
Antônio
Gilberto. O Fruto do Espírito. CPAD.
Ev.
Caramuru Afonso Francisco. Fidelidade, o fruto da confiança.PortalEBD_2005.
Comentário
Bíblico Pentecostal. Novo Testamento. CPAD.
Rev. Hernandes Dias Lopes – Ouça o que o Espírito diz às Igrejas.
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