segunda-feira, 1 de julho de 2019

Aula 01 – O QUE É MORDOMIA CRISTÃ - Subsídio


3º Trimestre/2019
Texto Base: Lucas 12:42-48
07/07/2019
"E disse o Senhor: Qual é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o senhor pôs sobre os seus servos, para lhes dar a tempo a ração? Bem-aventurado aquele servo a quem o senhor, quando vier, achar fazendo assim" (Lc.12:42,43).
Lucas 12
42-E disse o Senhor: O qual é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o senhor pôs sobre os seus servos, para lhes dar a tempo a ração?
43-Bem-aventurado aquele servo a quem o senhor, quando vier, achar fazendo assim.
44-Em verdade vos digo que sobre todos os seus bens o porá.
45-Mas, se aquele servo disser em seu coração: O meu senhor tarda em vir, e começar a espancar os criados e criadas, e a comer, e a beber, e a embriagar-se,
46-virá o Senhor daquele servo no dia em que o não espera e numa hora que ele não sabe, e separá-lo-á, e lhe dará a sua parte com os infiéis.
47-E o servo que soube a vontade do seu senhor e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites.
48-Mas o que a não soube e fez coisas dignas de açoites com poucos açoites será castigado. E a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá.
INTRODUÇÃO
Neste trimestre letivo, estudaremos a respeito da Mordomia Cristã. Como temos administrado o nosso tempo, o nosso trabalho, a nossa vida espiritual, o nosso corpo, a nossa família e as nossas finanças? Neste trimestre nós iremos estudar e refletir a respeito de tudo isso.
A Mordomia Cristã destaca que Deus é o Criador, nós somos suas criaturas; Deus é o Rei, nós somos seus súditos; Deus é o Senhor, nós somos seus servos. Como Criador, como Rei, como Senhor, Deus tem direitos e poder para exigir o que quiser; um desses direitos é o de exigir a prestação de contas das mordomias exercidas por seus mordomos, conforme o Senhor Jesus ensinou em Lucas 16:1-13. É dentro deste entendimento que vamos procurar apreender o que é a Mordomia Cristã.
I. CONCEITOS DE MORDOMIA

1. Mordomia - seu sentido popular

Num sentido popular, mordomia é a regalia ou conjunto de regalias que tornam muito confortável a situação de vida de alguém. Mordomia tornou-se sinônimo de “boa-vida” por parte daqueles que vivem sem precisar “fazer força” - “sendo ricos, tinham muitas mordomias, inclusive carro com motorista”.
É usada também para destacar vantagens e privilégios concedidos a certos funcionários pela instituição empregadora, e que lhes aumenta indiretamente os honorários.

 2. Mordomia - seu sentido literal

No seu sentido literal, Mordomia refere-se à função ou cargo de mordomo. Diz respeito à administração de bens alheios. Traz implícita a ideia de que o administrador não é o dono, mas um empregado de confiança que administra os bens da família.
Assim, mordomo é o principal servo, o que administra a casa do seu senhor. Esta foi a função exercida por José, na casa de Potifar (Gn.39:4) - “José achou graça em seus olhos, e servia-o; e ele o pôs sobre a sua casa, e entregou na sua mão tudo o que tinha”. A Bíblia diz que, também, esta foi a função do damasceno Eliézer, na casa de Abraão (Gn.24:2).

3. Mordomia Cristã - seu sentido bíblico

No seu sentido bíblico, a Mordomia Cristã ressalta a Soberania de Deus sobre tudo e sobre todas as coisas, e a nossa responsabilidade como administradores dos bens que ele nos confiou - bens morais, espirituais e materiais, incluindo a nossa própria vida e o nosso próprio corpo. Nós não somos donos de nada, somos apenas mordomos de Deus. Deus é dono de tudo e de todos:
  • Do universo: Gn.1:1; 14:22; 1Cr.29:13,14; Sl.24:1; 50:10-12.
  • Do homem: por direito de criação (Is.42:5); por direito de preservação: At.14:15-17 e At.17:22-28; por direito de redenção: 1Co.6:19,20; Tt.2:14 e Ap.5:9.
“Assim diz Deus, o SENHOR, que criou os céus, e os estendeu, e formou a terra e a tudo quanto produz, que dá a respiração ao povo que nela está e o espírito, aos que andam nela” (Is.42:5).
Desta feita, ao dizermos “restitui tudo o que é meu”, não tem respaldo diante deste conceito, haja vista que somos apenas mordomos de tudo que é de Deus, o genuíno proprietário (Gn.1:28; 2:15; Sl.8:3-9).
Portanto, Mordomia Cristã diz respeito à administração de todos os bens espirituais e materiais, tanto no aspecto individual quanto no coletivo do ser humano.
Nós somos mordomos de Deus e, à luz do Novo Testamento, os líderes espirituais têm maior responsabilidade perante o Senhor da Igreja (Lc.12:48).
“...E a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá”.
Logo, o conceito bíblico de Mordomia é o seguinte:
 “É o reconhecimento da soberania de Deus, a aceitação do nosso cargo de depositários da vida e das possessões, e administração das mesmas de acordo com a vontade de Deus”.

4. A fidelidade na Mordomia Cristã

O homem, mordomo de Deus, foi constituído para dominar sobre a criação existente na Terra (Gn.1:28). Assim sendo, ele tem de ser fiel, porque é um mero guardião das coisas que lhe foram entregues pelo proprietário, que é Deus. Na ciência jurídica, esta entrega em confiança dos bens pelo proprietário a alguém, é chamado de “depósito”, e a pessoa em que se confia a entrega dos bens é chamada de “depositário”.
A lei secular exige que o depositário seja “fiel”, isto é, que, assim que reclamados os bens, ele prontamente os entregue ao proprietário. Se o depositário for infiel, ou seja, não entregar os bens quando reclamados, a lei autoriza, inclusive, que ele seja preso, sendo um dos raríssimos casos em que ainda se tem prisão por dívida em nossa legislação.
A Constituição diz em seu art.5º, inciso LXVI:
Não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel”.
Também o código civil diz no seu art.652:
“Seja o depósito voluntário ou necessário, o depositário que não o restituir quando exigido será compelido a fazê-lo mediante prisão não excedente a 01(um) ano e ressarcir os prejuízos”.
Ora, se os homens, sendo maus, consideram que a infidelidade no depósito é tão grave que permite até a retirada da liberdade do devedor, o que não pode fazer o Senhor de todas as coisas?
Desta feita, fidelidade na mordomia cristã faz-nos lembrar de que o que temos não é nosso, mas, sim, do Senhor, o dono da Terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam (Sl.24:1).
Como, então, podemos deixar de entregar aquilo que Deus nos deu? Como, então, podemos negar a Deus que tenha domínio de tudo e sobre todos os aspectos de nossa vida?
II. A MORDOMIA ESPIRITUAL DO CRISTÃO
Dentro deste aspecto da Mordomia Cristã falaremos apenas de dois elementos sustentadores da vida espiritual do crente: o Amor e a Fé cristã.

1. A Mordomia do Amor Cristão

A insígnia do verdadeiro cristão não é uma cruz posta ao redor do pescoço ou na lapela, ou algum tipo de roupa distintiva. A marca de um verdadeiro cristão é o amor (Mt.22:37,39). João focaliza o amor entre os irmãos, relembrando o ensino do Mestre, que disse aos seus seguidores que seriam conhecidos como "seus discípulos" pelo amor com que se amavam (João13:35). Jesus disse: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros”.
Os mais poderosos homens de Deus ao longo de toda história da humanidade foram marcados pelo espírito e pela força do amor. O combustível do sucesso de suas vidas foi o amor de Deus incendiando seus corações pelas almas perdidas deste mundo tenebroso. Por isso, tais servos de Deus também foram vasos de honra para incendiar e avivar cidades, estados e nações inteiras, pois a força do amor se manifestava no poder do Espírito Santo, que energizava suas vidas e frutificava seus ministérios.
O Amor cristão se distingue de práticas pagãs, que são apenas atos de hipocrisia. O Amor cristão é diferente e produtivo em toda a sua essência. O amor cristão é:
a) sincero - "O amor seja não fingido" (Rm.12:9). A sociedade distanciada de Deus impõe os seus métodos, e já estamos até acostumados com a maneira falsa que eles usam para expressar amor. Chegam a ponto de classificar o adultério e a lascívia de amor. Porém, o amor que Deus derramou em nossos corações, é antes de tudo sincero e divino (ágape). Por isso, somos exortados a amar de verdade, sem fingimento. Longe de nós fingir que amamos nossos irmãos no intuito de tirar proveito. Somos justificados para amar com o amor de Deus, que não é fingido.
b) cordial - "Amai-vos cordialmente uns aos outros" (Rm.2:10). Cordial é uma palavra cujo significado é relativo ao coração. Sugere um cristão afetuoso. Isto revela um amor que emana do coração e não de sentimentos interesseiros. O amor cordial faz bem a geração dos justos. Faz bem aos filhos de Deus.
c) fraternal - "Com amor fraternal" (Rm.12:10). O amor fraternal é a amizade íntima entre irmãos. Sugere harmonia e comunhão. Isto é maravilhoso, porque em um ambiente assim, há cura de traumas. A libertação é mais frequente, porque o perdão é uma constante. Em Cristo, temos o dever de amar a todos, dentro da comunidade cristã e fora dela (Rm.13:8).
“A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei” (Rm.13:8).
d) honroso - "Preferindo-vos em honra uns aos outros" (Rm.12:10). Honrar uns aos outros não quer dizer bajular-se mutuamente. Significa o reconhecimento de valores individuais; é ter o irmão em estima e apreço, como alguém que foi comprado pelo preciosíssimo sangue de Jesus Cristo.
Sem o amor de uns para com os outros, ou seja, sem o amor cristão, a Igreja não tem condições de subsistir. Se não amamos os nossos irmãos, não temos como testificar que somos crentes (1João 2:9-11).
“Aquele que diz que está na luz e aborrece a seu irmão até agora está em trevas. Aquele que ama a seu irmão está na luz, e nele não há escândalo. Mas aquele que aborrece a seu irmão está em trevas, e anda em trevas, e não sabe para onde deva ir; porque as trevas lhe cegaram os olhos”.
O apóstolo João foi preciso e direto quanto a essa premente necessidade de que não teriam vida espiritual aqueles que não tivessem o amor cristão.
O indivíduo que se diz cristão e que não ama, de acordo com as Escrituras Sagradas, esse indivíduo permanece na morte; sempre esteve e continua espiritualmente na morte.
”nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama permanece na morte”(1João 3:14).
O amor deve ser a força unificadora e a marca identificadora do cristão. O amor é a chave para andarmos na luz, porque não podemos crescer espiritualmente enquanto odiamos os outros. Nosso crescente relacionamento com Deus resultará no crescimento de nosso relacionamento com as outras pessoas.
Amar, portanto, é um mandamento imperativo. Foi Jesus quem disse:
"Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis" (João 13:34).
”Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obras e em verdade”(1João 3:18).
Que assim procedamos. Caso contrário, não somos considerados filhos de Deus.

2. A mordomia da Fé cristã

A Fé é um elemento fundamental na vida espiritual do crente, a ponto de a Bíblia dizer que sem fé é impossível agradar a Deus (cf. Hb.11:6a). Na caminhada para o céu, a “Fé” é o combustível e sem esta fé jamais conseguiremos chegar ao destino, ao fim da nossa jornada: a salvação.
O apóstolo João também diz que a Fé é a vitória que vence o mundo (1João 5:4), de forma que podemos muito bem inferir que todas as promessas maravilhosas feitas por Jesus à Igreja, constantes das sete cartas às igrejas da Ásia (Ap.2:7,11,17,26; 3:5,12,21), estão destinadas somente aos que têm Fé, vez que foram dirigidas aos que vencerem, como explica João.
“Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida que está no meio do paraíso de Deus” (Ap.2:7).
“Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas: O que vencer não receberá o dano da segunda morte” (Ap.2:11).
“E ao que vencer e guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei poder sobre as nações” (Ap.2:26).

Diferença entre Fé Natural, Fé Salvadora e Fé Ativa

-A Fé Natural. É a chamada fé esperança, fé intelectual. Esta fé nasce com o homem, faz parte da natureza humana. Ela é essencial para a vida sobre a face da Terra. É a crença baseada na habitualidade ou no raciocínio humano. Assim, quando nos sentamos em uma cadeira, cremos que não iremos cair e que a cadeira nos aguentará, apesar de sermos mais pesados do que ela. Quando estendemos um braço num ponto de ônibus fazendo sinal para que ele pare, cremos que o motorista irá parar e abrir a porta para que entremos, e assim por diante.
A Fé Natural dá ao homem motivação para lutar, para progredir, para superar dificuldades. Quando o homem perde a Fé Natural, ele cai no desânimo, perde a vontade de viver, de lutar. É ela que faz com que o homem seja um ser religioso, faz com que ele creia sempre em algo, ou alguém superior a ele. Ouvindo falar de um Deus Criador, ele, com facilidade, crê na sua existência – “Tu crês que há um só Deus? Fazes bem...”(Tg.2:19), ou seja, nisto não há nada de excepcional. E Tiago acrescenta: “... também os demônios o creem e estremecem”. Não ouvindo falar de um Deus Criador, então o homem inventa os seus próprios “deuses”. Ele sente necessidade de crer. Porém, este crer, mesmo que seja no Deus verdadeiro, através da fé natural, não muda nada em sua vida.
Esta fé nada representa no campo espiritual, é fruto da lógica humana. Os cientistas e filósofos têm chegado à conclusão de que toda atividade intelectual tem uma dose de fé, e esta é a fé natural, que, entretanto, não pode ser o critério, o parâmetro a ser seguido pelo servo de Deus. É óbvio que o servo do Senhor também possui esta fé, pois se trata de um ser humano, mas não pode deixar que esta fé seja o seu guia exclusivo.
-A “Fé Salvífica” ou “Fé Salvadora”. É a crença de que Jesus é o único e suficiente Senhor e Salvador de nossas vidas. Quando alguém dá crédito à pregação do Evangelho, considera-se um pecador e se arrepende dos pecados, e crê que Jesus pode perdoá-lo, e se submete à vontade de Deus, crendo que Jesus pode dar-lhe a vida eterna e levá-lo ao Céu, age com a “fé salvadora” ou “fé salvífica”.
Esta Fé não nasce no homem, mas é dom de Deus (Ef.2:8). Através da Palavra de Deus (Rm.10:17), o Espírito Santo convence o homem do pecado, da morte e do juízo (João 16:8-11) e, deste modo, o homem crê e, mediante esta fé, é justificado (Rm.5:1), ou seja, posto numa posição de justificado diante de Deus, o que lhe permite ter paz, isto é, comunhão com Deus, sendo vivificado em Cristo.
-A Fé Ativa. É a confiança absoluta em alguém ou em algo. É precisamente este o significado em que se deve entender fé enquanto Fé Ativa. Esta Fé é exercida diariamente pelo cristão, após ter aceitado Jesus como seu Senhor e Salvador. Trata-se da atitude de confiança em Deus, de crédito à sua Palavra, às suas promessas. Somente podemos dizer que temos fé se dermos crédito à Palavra de Deus, e dar crédito à Palavra de Deus é fazer o que Ele manda ali.
Esta Fé é o combustível que nos leva a caminhar em direção à Jerusalém celestial. É o elemento que nos faz superar todos os obstáculos e a enxergar as circunstâncias sob o prisma espiritual.
Esta Fé é a fibra que nos torna resilientes diante das tempestades da vida, das provas e tentações. Foi esta Fé que fez com que os antigos vencessem todas as dificuldades, como nos mostra o escritor aos Hebreus no capítulo 11.
Esta Fé é a que nos faz vencer o mundo (1João 5:4).

3. A Fé como Patrimônio Espiritual

Segundo a Bíblia, o Senhor Jesus é o autor e consumador da Fé – “Olhando para Jesus, autor e consumador da fé...” (Hb.12:2); ou, como diz a Bíblia na Linguagem de Hoje: “Conservemos os nossos olhos fixos em Jesus, pois é por meio dele que a nossa fé começa, e é ele quem a aperfeiçoa...”.
Biblicamente, só existe uma maneira de o ser humano adquirir esta Fé: pela Palavra de Deus – “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus” (Rm.10:17).
Nenhum ser humano, por mais fiel que seja a qualquer deus, a qualquer doutrina, mesmo aquelas fundadas em boas obras, será salvo sem esta Fé – “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus” (Ef.2:8).
A Fé Espiritual é essencialmente divina. Homem algum, em tempo algum alcançou, ou poderá alcançar a Salvação sem antes adquirir esta Fé. Ela nunca foi e não será jamais adquirida por qualquer tipo de esforço humano, por mais sincero que seja, ou pelo pagamento de qualquer quantia. Ao Adquirir essa Fé o crente é estimulado a guardá-la para não perder a "coroa" da vida (Ap.3:11).
Que avaliação o apóstolo Paulo fez de sua Fé, quando do crepúsculo da sua vida, a caminho do patíbulo? Se esse bandeirante do cristianismo fosse examinado pelas lentes da teologia da prosperidade, seria um fracasso.
O maior pregador, missionário, teólogo e plantador de igrejas da história do cristianismo, estava velho, jogado numa masmorra, pobre, cheio de cicatrizes, abandonado no corredor da morte. O grande apóstolo dos gentios estava sozinho num calabouço romano, sem dinheiro, sem amigos, sem roupas para enfrentar o inverno, sofrendo as mais amargas privações. Como esse homem se sentiu nessa situação? Como ele avaliou seu passado, seu presente e seu futuro?
Em 2Timóteo 4:7,8, ele faz uma profunda avaliação do seu ministério e, antes de fechar as cortinas da sua vida, abre-nos uma luminosa clareira com respeito a seu tempo presente, passado e futuro. Diz o velho bandeirante da fé:
“Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo.
“Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.
“Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda”.
Mesmo estando na antessala da morte e no corredor do martírio, Paulo não usa palavras de revolta nem de lamento. Ele estava consciente e sereno. O veterano apóstolo sabia que ia morrer, mas não era Roma que ia tirar a sua vida, era ele quem ia oferecê-la; e ele não ia oferecê-la a Roma, mas a Deus.
A gratidão do dever cumprido, associada à serenidade de saber que estava indo para a presença de Jesus, dava a Paulo uma agradável expectativa do futuro. Mesmo que o imperador o condenasse à morte e o tribunal de Roma o considerasse culpado, o reto e justo Juiz revogaria o veredito de Nero, considerando-o sem culpa e dando-lhe a coroa da justiça. Como num brado de triunfo diante do martírio, Paulo proclama:
“Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda”.
Nos jogos atléticos romanos, os vencedores recebiam uma coroa de louros; era o prêmio mais cobiçado da antiga Roma, símbolo de triunfo e honra. Provavelmente, Paulo estava se referindo a isso quando falou de uma coroa. Esperando por Paulo, guardada para ele, estava uma recompensa: a coroa da justiça. Paulo receberia a sua recompensa do Senhor, justo Juiz.
Essa coroa da justiça, essa recompensa, não será somente para Paulo; ela está prometida a “todos os que amam a vinda de Jesus”. Que grande incentivo para Timóteo, para os crentes leais da sua igreja, e para todos os crentes em todos os tempos. Seja o que for que venhamos a enfrentar – desânimo, perseguição, ou morte -, nós sabemos que a nossa recompensa está com Cristo, na eternidade.
III. A MORDOMIA DOS BENS MATERIAIS
Em Gn.1:1, a Bíblia deixa claro que Deus criou os céus e a terra, o que repete em Gn.1:31-2:3. Assim, tanto no início quanto no término do relato da criação, a Palavra não deixa qualquer dúvida de que Deus é o Senhor do Universo, ou seja, o dono de tudo.
Assim, não deve causar espanto a declaração do salmista (Sl.24:1), segundo a qual “do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam”. Com efeito, por ter criado o mundo e tudo o que nele há, Deus é o legítimo dono de todas as coisas.
Se isto é assim, o homem é apenas um mordomo da criação. Com efeito, ao criar o homem e a mulher, Deus concedeu a eles o domínio sobre toda a criação (Gn.1:26,28), domínio este que não representa senhorio, mas uma autorização para administrar a criação terrena.
Partindo deste pressuposto, não pode o homem achar-se dono de coisa alguma sobre esta terra e deveria comportar-se desta maneira, ou seja, plenamente consciente de que é apenas um mordomo daquilo que Deus lhe deu. É exatamente esta a consciência do cristão, a de que é apenas um mordomo, um administrador, um despenseiro de Deus (1Co.4:1,2; Tt.1:7; 1Pd.4:10).
“Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1Pd.4:10).

1. O cristão e as Finanças

Na mordomia dos bens materiais, o cristão deve trabalhar honestamente para garantir sua sobrevivência financeira. Para o cristão autêntico, não há como conseguir bens para sobrevivência sem o trabalho honesto.
O trabalho foi instituído por Deus, mesmo antes da queda do homem. Desde o Gênesis, após a Queda, o homem emprega esforços, com "o suor" de seu rosto (Gn.3:19), para obter os bens de que necessita. Isso é feito de maneira constante (1Ts.4:11). Nesse aspecto, a preguiça é um pecado inaceitável diante de Deus. Assim, Ele exorta ao preguiçoso que aprenda com as formigas, pois estas trabalham no verão para garantir o mantimento no inverno (Pv.6:6,9; 10:26).
Esta necessidade de trabalhar foi confirmada no Novo Testamento, sendo que o Senhor Jesus nos deixou o exemplo maior. Como homem ele aprendeu uma profissão e a exerceu como fonte de subsistência de sua família, antes e depois da morte de José. Não foi sem razão que, enquanto José era vivo, Jesus foi conhecido como “o Filho do carpinteiro”, e depois da morte de José então era chamado de “o Carpinteiro” - “...e muitos, ouvindo-o, se admiravam, dizendo: de onde lhe vêm essas coisas? Não é este o carpinteiro, filho de Maria...”(Mc.6:2,3).
Vemos, pois, que em sua cidade todos sabiam que Jesus exercia a profissão de Carpinteiro. Certamente que, até os trinta anos, ele deixou seu exemplo para todos os meninos, adolescentes e jovens, em relação ao estudo e ao trabalho. O menino judeu aprendia em casa, com os pais até os cinco anos, quando, então, começava a frequentar às escolas seculares que, quase sempre funcionavam nas Sinagogas. Porém, enquanto estudavam, também aprendiam uma profissão, independente daquela carreira que abraçariam mais tarde, como resultado dos seus estudos.
Trabalhar, portanto, significa cumprir a vontade de Deus. Para um filho de Deus ter um trabalho e poder tirar dele sua subsistência deve ser considerado como uma benção, não como um sacrifício. Você já agradeceu a Deus, hoje, pelo seu emprego, ou pela sua profissão?

2. O cristão e as riquezas

A riqueza é uma bênção de Deus, tanto que Deus a concedeu a Salomão (1Rs.3:13), mas, e aqui está um caso típico, não podemos pôr nas riquezas o nosso coração (Sl.62:10; Mt.6:19-21). Devemos, sempre, buscar servir a Deus e lhe agradar. Esta deve ser a intenção do cristão.
“…se as vossas riquezas aumentam, não ponhais nelas o coração” (Sl.62:10).
Se Deus nos conceder a riqueza, que nós a usemos para agradar a Deus. Se nos der a pobreza, que nós a usemos para agradar a Deus. O importante é que não façamos dos bens materiais o objetivo e a intenção de nossas vidas.
Quem passa a viver em função dos bens materiais, quem passa a pôr o seu coração nos tesouros desta vida, passa a ser um avarento, um ganancioso e, como tal, será um idólatra (Cl.3:5) e, assim, está fora do reino dos céus (Ap.22:15).
Não são poucos os que acabam se perdendo na caminhada para o Céu por causa dos bens materiais e por causa do dinheiro. A Bíblia revela que a avareza tem sido um obstáculo para muitos alcançarem a salvação, como nos casos do mancebo de qualidade (Mt.19:22; Lc.18:23), de Judas Iscariotes(Lc.22:3-6; Jo.12:4-6), de Ananias e Safira(At.5:1-5,8-10), de Simão (At.8:18-23) e de muitos outros, como afirmou Paulo em sua carta a Timóteo(1Tm.6:9,10).
“Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” (1Tm.6:9,10).
Aqueles que fazem do dinheiro a razão de sua vida caem em tentação, cilada e atormentam a sua alma com muitos flagelos. Contudo, o dinheiro é necessário; é um meio e não um fim; é um instrumento por intermédio do qual podemos fazer o bem.
O problema não é ter dinheiro, mas o dinheiro nos ter. O problema não é carregar dinheiro no bolso, mas entesourá-lo no coração.
Deus nos dá o dinheiro para O glorificarmos com ele, e fazemos isso, quando cuidamos da nossa família, dos domésticos da fé e de outras pessoas necessitadas, e quando contribuímos para a proclamação do Evangelho.
O dinheiro deve ser granjeado com honestidade, investido com sabedoria e distribuído com generosidade.
Infelizmente, o dinheiro tem deixado de ser apenas uma moeda para transformar-se num ídolo; é o deus mais adorado atualmente. Por ele, muitos se casam, divorciam-se, mentem, matam e morrem.
Aqueles, entretanto, que pensam que o dinheiro é um fim em si mesmo, que correm atrás dele delirantemente, descobrem frustrados, e tarde demais, que seu brilho é falso, que sua glória se desvanece, que seu prazer é transitório.
A Bíblia é contundente em sua advertência: “o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores" (1Tm.6:10).
Jesus foi incisivo em sua advertência:
"Acautelai-vos e guardai-vos da avareza, porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui" (Lc.12:15).
"Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam, nem roubam" (Mt.6:20).

3. O cristão e a contribuição financeira para a igreja

Uma das atitudes do cristão fiel na mordomia cristã é a voluntariedade e a disposição em contribuir financeiramente para a igreja local. Neste contexto, estão as ofertas alçadas que se devem dar nas igrejas, bem assim as contribuições específicas para determinadas obras na casa do Senhor e para a obra missionária.
Seria muito bom que, na administração de seus bens, o cristão pudesse dedicar sempre uma parcela fixa de seu rendimento para esta parte.
Como cristãos, devemos demonstrar o amor de Deus que há em nossos corações, e contribuir financeiramente para a igreja é uma forma de demonstrar de forma concreta o amor de Deus em nossos corações.
O serviço eclesiástico, o serviço social da igreja e obra evangelística e/ou missionária jamais se desenvolverão sem a participação, deliberada e consciente, dos membros da igreja. A responsabilidade é plenamente dos cristãos.
CONCLUSÃO
A Mordomia Cristã estabelece como verdade que somos criaturas, Deus é o Criador; que somos súditos, Deus é o Rei; que somos servos ou mordomos, Deus é o Senhor.
Somos mordomos de Deus, não porque escolhemos sê-lo, mas porque Deus nos fez mordomos quando nos chamou e nos resgatou pela sua graça. Deus é o Criador e Senhor de tudo, e tem-nos dado essa responsabilidade. Tudo o que o homem pensa ter - vida, corpo, casa, carro, dinheiro -, na verdade pertence a Deus; é o que a Bíblia afirma:
“Tua é, Senhor, a magnificência, e o poder, e a honra, e a vitória, e a majestade, porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra...”(1Cr.29:11).
“A ele seja a glória e o poderio para todo o sempre. Amém” (1Pd.5:11).
Somos responsáveis diante do Senhor por tudo o que nos tem colocado em nossas mãos. A nossa conduta deve refletir o nosso compromisso com a mordomia fiel.
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 79. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. A Importância da Mordomia Cristã. PortalEBD_2003.
Rev. Hernandes Dias Lopes. Dinheiro – a prosperidade que vem de Deus.


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