3º
Trimestre/2018
Texto Base: Levítico
16.12,13; Apocalipse 5.6-10
"Cheguemos,
pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia
e achar graça, afim de sermos ajudados em tempo oportuno" (Hb.4:16).
INTRODUÇÃO
Nesta Aula trataremos a respeito das “Orações
dos Santos no Altar do Incenso”. Como já vimos em Aulas anteriores, o Altar do
Incenso estava colocado no Lugar Santo do Tabernáculo, conforme Deus
determinara a Moisés (cf. Êx.30:1-9). O incenso ali queimado era símbolo das
orações dos santos, conforme lemos nos Salmos 141:2 e em Apocalipse 8:3-4:
“Suba a minha oração perante a tua face como
incenso...” (Salmo 141:2).
“E veio outro anjo e
pôs-se junto ao altar, tendo um incensário de ouro; e foi-lhe dado muito
incenso, para o por com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro que
está diante do trono. E a fumaça do incenso subiu com as orações dos santos
desde a mão do anjo até diante de Deus” (Ap.8:3,4).
No Tabernáculo, o incenso era queimado todos
os dias, de manhã e à tarde, (Êx.30:7,8). Ou seja, a queima do incenso era
continua. Na Bíblia Sagrada encontramos exemplos de pessoas que tinham o prazer
de orar ao Senhor continuamente. O Salmista Davi assim falou: “De tarde, e de
manhã, e ao meio dia, orarei, e ele ouvirá a minha voz” (Sl.55:17); Daniel “três
vezes no dia se punha de joelhos, e orava e dava graça, diante do seu Deus”
(Dn.6:10).
Para o povo da Nova Aliança, o Altar do
Incenso apontava para a oferenda mais preciosa que, como igreja, podemos
oferecer ao Senhor: nossas orações e ações de graças. Paulo, como grande
conhecedor da Lei de Moisés, não ignorava toda sua simbologia. Assim, sobre o perseverar
em oração, ele pode ter se lembrado do Altar do Incenso, colocado no
Tabernáculo, no Lugar Santo; daí Paulo ter recomendado à Igreja de Colossenses
sobre a necessidade de perseverar em oração (Cl.4:2), à Igreja em Tessalônica
de “orar sem cessar (1Ts.5:17), à igreja em Éfeso para que permanecesse “orando
em todo tempo...” (Ef.6:18), aos cristãos romanos disse: “perseverai na oração”
(Rm.12:12). Da Igreja de Jerusalém, muito antes do ensino de Paulo, se diz que
os irmãos “...perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no
partir do pão, e nas orações” (Atos 2:42).
O Senhor Jesus deixou bem claro a necessidade
de orarmos de forma contínua, quando proferiu a Parábola do Juiz iníquo - “E
contou-lhes uma parábola sobre o dever de orar sempre e nunca desfalecer”
(Lc.18:1). O Senhor Jesus recomenda-nos a entrar em nosso quarto, fechar a
porta, e, no segredo de nossos aposentos, oferecer clamores e ação de graças ao
Pai Celeste (Mt.6:6-13) – “Mas tu, quando
orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai, que vê o
que está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará”
(Mt.6:6). Que assim seja!
I. O LUGAR SANTÍSSIMO
O Lugar Santíssimo do Tabernáculo continha o
objeto mais sagrado de Israel: a Arca da Aliança. Ali Deus manifestava a sua
glória. Somente o Sumo sacerdote podia entrar nesse ambiente sagrado, e somente
uma vez por ano, no décimo dia do sétimo mês (Lv.23:27; Lv.16:1-10; Hb.9:7)
para aspergir sobre o propiciatório o sangue que havia sido derramado do
sacrifício anual feito para expiação dos pecados de todo o povo (Lv.16:14,15;
17:11). Hoje, tal expiação não é mais necessário, porque Jesus, o nosso Sumo
Sacerdote por excelência, já entrou na presença do Pai oferecendo o seu próprio
sangue como propiciação definitiva pelos nossos pecados (Rm.3:24,25; Hb.9:11-15;
10:10,12), de maneira que todos quanto o recebem como único e suficiente
Salvador e Senhor, aceitando seu sacrifício em nosso favor e entregando suas
vidas totalmente a Ele, têm livre acesso à presença de Deus (Hb.10:19-23).
1. O Véu
(Êx.26:31). É a única peça do Tabernáculo que separava o Lugar Santo do Lugar
Santíssimo (Êx.26:33). O Véu que separava o Lugar Santíssimo do
Lugar Santo e excluía todos os homens, com exceção do sumo sacerdote, acentuava
que Deus é inacessível ao homem pecador. Somente por via do mediador nomeado
por Deus e do sacrifício do inocente podia o homem aproximar-se de Deus. Com a
morte de Jesus, algo aconteceu: o Véu do Templo se rasgou em dois, de alto a
baixo (Mc.15:38). Nosso Sumo Sacerdote entrou uma vez e para sempre com seu
próprio sangue para fazer propiciação por nossos pecados e expiá-los. Agora
temos livre acesso à presença do Senhor Deus.
“E o véu do templo se
rasgou em dois, de alto a baixo” (Mc.15:38).
“Tendo, pois, irmãos,
ousadia para entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo
caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo um
grande sacerdote sobre a casa de Deus, cheguemo-nos com verdadeiro coração, em
inteira certeza de fé; tendo o coração purificado da má consciência e o corpo
lavado com água limpa, retenhamos firmes a confissão da nossa esperança, porque
fiel é o que prometeu” (Hb.10:19-23).
2. A Arca da Aliança. Era o único móvel do
Lugar Santíssimo. A Arca representava a própria presença de Deus entre o povo. Ela
media 1,125m de comprimento por 0,675m de largura e 0,675m de altura (Êx.25:10),
levando em conta o côvado de 45cm. Era construída de acácia e revestida de ouro
por dentro e por fora (Êx.25:11). Só podia ser carregada pelos sacerdotes
(Nm.9:15-17; 2Sm.6:1-15), que a carregavam nos ombros, assim como faziam com
todas as peças do santuário (Nm.7:9).
A importância da Arca para Israel pode ser
avaliada pelos diversos nomes que lhe são dados no Antigo Testamento: A arca
(Êx.25:10); Arca do testemunho (Êx.25:22); Arca do concerto (Nm.10:33); Arca do
concerto do Senhor (Js.3:11); Arca do Senhor (Js.3:13); Arca do concerto de
Deus (Jz.20:27); Arca do concerto do Senhor dos Exércitos (1Sm.4:4); Arca do
Senhor de Israel (1Sm.5:7); Arca do Senhor Deus (1Reis 2:26); Arca do Concerto
do Senhor (1Reis 3:15); Arca de nosso Deus (1Cr.13:3); Arca de Deus, o Senhor
(1Cr.13:6); Arca da tua força (2Cr.6:41; Salmo 132:8); santa Arca (2Cr.35:3).
Alguns desses nomes estão repetidos dezenas de vezes nas Escrituras, e a soma
de todos eles chega a quase duas centenas.
- Sobre a Arca havia dois símbolos de grande significado espiritual: os dois Querubins e
o Propiciatório.
·
O Propiciatório. Era a tampa da Arca.
Recebia este nome porque era o local onde o mais perfeito ato de expiação era
realizado, uma vez por ano, pelo sumo sacerdote; era o lugar onde estava
simbolizada a misericórdia de Deus para com o povo de Israel. Ali se
manifestava a Shekinah (em hebreu "habitar"), o fogo ou glória de
Deus que representava sua própria presença. É interessante notar a relação que
existe entre o "propiciatório" e as palavras do apóstolo Paulo quando
disse, referindo-se a Cristo: "ao qual Deus propôs para propiciação"
(Rm.3:25). Pela obra de Cristo no Calvário, "o véu do templo se rasgou em
dois, de alto a baixo" (Mt.27:51). Este símbolo da separação entre Deus e
os homens está agora rasgado, e os crentes têm acesso à presença de Deus
(Hb.10:19,20; 4:14-16; Rm.5:1,2). Aleluia!
·
Os Querubins (Êx.25:18-20). Eram duas figuras que
representavam os seres angelicais que estão no trono com Deus (2Sm.6:2;
Is.37:16), que com suas asas cobriam o “propiciatório”; ficavam diante um do
outro; eram feitos de ouro. Com as asas estendidas para cima, e o rosto de cada
um voltado para o rosto do outro, representavam reverência e culto a Deus.
- Dentro da Arca havia três objetos emblemáticos: as duas tábuas da Lei, um vaso de ouro
com maná, e mais tarde se incluiu a vara de Arão. Estavam ali como testemunho
às futuras gerações. Lembravam a Israel o concerto e o amor de Deus.
·
As Tábuas da
Lei. "Na Arca porás o documento da aliança que te
darei" (Êx.25:16). As tábuas da lei (o Decálogo) representavam a
vontade de Deus para com o povo de Israel; simbolizavam também a santidade de
Deus e a pecaminosidade do homem. Também lembrava aos hebreus que não se pode
adorar a Deus em verdade sem se dispor a cumprir Sua vontade revelada.
- O Maná. “E disse
Moisés: Esta é a palavra que o SENHOR tem mandado: Encherás um gômer dele
e o guardarás para as vossas gerações, para que vejam o pão que vos tenho
dado a comer neste deserto, quando eu vos tirei da terra do Egito. Como o
SENHOR tinha ordenado a Moisés, assim Arão o pôs diante do Testemunho em
guarda” (Êx.16:32,34). Moisés, sob ordens divinas, ordenou que fosse
colocado diante do Senhor um vaso de ouro contendo um gômer (3,7 litros)
cheio de maná. Este recipiente seria guardado para as gerações futuras.
Simbolizava a constante provisão divina. O fornecimento do maná era
diário. Provavelmente, este objeto sagrado pode ter sido perdido quando os
filisteus capturaram a Arca e a conservaram consigo durante algum tempo
(veja 1Sm.4-6). A lição de Deus para Israel, como também para o povo de
Deus da nova Aliança, é que os crentes têm de depender de Deus dia após
dia. Ele tipifica Jesus, o Pão da vida que desceu do Céu - "Este é o pão que desceu do céu,
em nada semelhante àquele que os vossos pais comeram, e, contudo, morreram;
quem comer este pão viverá eternamente" (João 6.58). "Quem tem
ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao vencedor dar-lhe-ei do
maná escondido..." (Ap.2:17).
- A Vara de Arão que florescera. “Então, o SENHOR disse a Moisés: Torna a
pôr a vara de Arão perante o Testemunho, para que se guarde por sinal para
os filhos rebeldes; assim, farás acabar as suas murmurações contra mim, e
não morrerão” (Nm.17:10). A Vara nos fala da autoridade conferida a
alguém. A Bíblia diz que Deus fez com que essa vara miraculosamente
florescesse para confirmar diante do povo a chamada de Arão e de seus
descendentes para cuidar do sacerdócio (cf. Nm.17:7-11; Hb.9:4). Nossa
autoridade quando colocada diante de Deus brota, aparece para que todos
vejam e saibam que nosso ministério foi realmente dado a nós por Deus.
Assim como o vaso com maná, provavelmente este objeto sagrado foi perdido
durante o controle da Arca pelos filisteus (veja 1Sm.4-6).
3. Altar
do Incenso (Êx.30:1-10). Embora o Altar de incenso (Altar de ouro)
estivesse no Lugar Santo, era considerado também parte da mobília do Lugar
Santíssimo juntamente com a Arca da Aliança (cf. Hb.9:3,4). Ele era colocado
junto ao Véu, do lado de fora, pois era usado diariamente (veja Êx.30:6-8; 37:25-28;
40:5). Todas as manhãs e todas as tardes, quando preparavam as lâmpadas, o sumo
sacerdote queimava sobre esse Altar o incenso utilizando-se de fogo tirado do Altar
do holocausto, o Altar de cobre (Lv.16:12).
O Altar do Incenso relacionava-se
mais estreitamente com o Lugar Santíssimo do que com os demais móveis do Lugar
Santo. É descrito como o Altar "que está perante a face do Senhor"
(Lv.4:18) como se não existisse o Véu entre ele e a Arca. Portanto, era
considerado em conjunto com a Arca, com o propiciatório e com a Shekinah de glória.
À semelhança dos outros
móveis da tenda, o Altar do Incenso era feito de acácia e revestido de ouro,
por isso era chamado de Altar de ouro (Êx.40:26). Tinha seus quatro lados
iguais; cada lado media meio metro e sua altura era aproximadamente de um
metro. Os seus ornatos compunham-se de quatro chifres, bordas, quatro argolas e
dois varais; tudo revestido de fino ouro. A Bíblia assim descreve o altar de
incenso:
“E
fez o altar do incenso de madeira de cetim; de um côvado era o seu comprimento,
e de um côvado, a sua largura, quadrado; e de dois côvados, a sua altura; dele
mesmo eram feitas as suas pontas. E cobriu-o de ouro puro, e a sua coberta, e
as suas paredes ao redor, e as suas pontas; e fez-lhe uma coroa de ouro ao
redor. Fez-lhe também duas argolas de ouro debaixo da sua coroa, nos seus dois
cantos, de ambos os seus lados, para os lugares dos varais, para levá-lo com
eles” (Êx.37:25-27).
O sumo sacerdote espargia
sangue sobre os chifres do altar uma
vez por ano, demonstrando que, embora o culto humano seja imperfeito
(Rm.8:26,27), somos "agradáveis a si no Amado" por seu sangue
expiador e sua intercessão perpétua (Ef.1:6,7; Rm.8:34; Hb.9:25).
“Uma
vez no ano, Arão fará expiação sobre os chifres do altar com o sangue da oferta
pelo pecado; uma vez no ano, fará expiação sobre ele, pelas vossas gerações;
santíssimo é ao SENHOR” (Êx.30:10).
Ø O Altar do Incenso estava no centro
(Êx.30:6). Ficava em frente ao Véu que separava o Lugar Santo do
Lugar Santíssimo, a mostrar que a oração é o meio pelo qual se dá o contato
entre o homem e Deus.
“Porás
o altar defronte do véu que está diante da arca do Testemunho, diante do
propiciatório que está sobre o Testemunho, onde me avistarei contigo”.
Ø A queima do incenso era contínua
(Êx.30:7,8). Duas vezes por dia acendia-se o incenso
sobre o Altar e ele ardia durante o dia todo. Isto ensina que os filhos de Deus
devem estar em constante oração. Acendia-se o incenso com o fogo do Altar dos
holocaustos, o que nos leva a notar que a oração aceitável ao Senhor se
relaciona com a expiação do pecado e a consagração do crente. Se o incenso não
ardia, não havia cheiro agradável. Igualmente, o crente necessita do fogo do
Espírito Santo para que faça arder o incenso da devoção (Ef.6:18). As orações
frias não sobem ao trono da graça.
Ø O Incenso deveria ter uma composição
especial (Êx.30:34-38), não se admitindo incenso estranho (Ex.30:9). Isto
nos fala que a oração não pode ser feita de qualquer modo, mas deve ter um
conteúdo especialmente determinado por Deus, daí porque Jesus ter nos ensinado
como devemos orar, a fim de que o nosso “incenso” suba até à presença do
Senhor, onde Ele está a interceder por nós (Rm.8:34).
Esta era a composição do incenso para o Altar do Incenso:
“estoraque, ônica e gálbano” (Êx.30.34-36).
“Disse
mais o SENHOR a Moisés: Toma especiarias aromáticas, estoraque, e ônica, e
gálbano; estas especiarias aromáticas e incenso puro de igual peso; e disto
farás incenso, um perfume segundo a arte do perfumista, temperado, puro e
santo; e dele, moendo, o pisarás, e dele porás diante do Testemunho, na tenda
da congregação, onde eu virei a ti; coisa santíssima vos será”.
Observe que a receita do perfume não constituía nenhum
segredo; todavia, se alguém o reproduzisse para uso profano seria punido
severamente. O incenso destinado ao Altar de ouro não podia ser usado
indistintamente, era de uso exclusivo do Senhor (Êx.30:37,38)
“Porém
o incenso que farás conforme a composição deste, não o fareis para vós mesmos;
santo será para o SENHOR. O homem que fizer tal como este para cheirar será
extirpado do seu povo”.
Ø O incenso deveria ser temperado e puro
(Ex.30:35). Isto nos mostra que a oração que agrada a
Deus, a oração por Ele exigida deve ser temperada, ou seja, deve ser feita com
domínio próprio, sem fanatismo, feita conscientemente, com propósito e
discernimento. Além de temperada, a
oração deve ser pura, ou seja, a oração deve ser tal que a pessoa que está
orando deve estar devidamente purificada de seus pecados.
O Altar do Incenso ficava no Lugar Santo e, para se
entrar lá, o sacerdote deveria lavar-se com água (cf. Ex.30:20,21). Isto
significa que para a pessoa orar ao Senhor é preciso que, antes, tenhamos sido
purificados no sangue de Jesus, tenhamos sido perdoados dos nossos pecados. A
oração precisa ser de uma pessoa justificada para que produza efeito (Tg.5:16),
e a justiça depende de sermos justificados pela fé em Cristo (Rm.5:1). Para se
chegar a Deus, é preciso, antes, que os pecadores alimpem as mãos (Tg.4:8). Não
é à toa que, no dia da expiação, o sumo sacerdote aspergia sangue sobre o Altar
do Incenso (Ex.30:10), a demonstrar que não há como pensarmos em uma vida de
oração sem a consciência de que tudo se deve ao sacrifício de Cristo por nós na
cruz do Calvário.
Ø O incenso deveria ser santo (Êx.30:35).
Além
de temperado e puro o incenso deveria ser santo. Assim deve ser a oração, ela
tem de ser santa. O incenso que chega à presença de Deus é a oração dos santos
(Ap.5:8). A santificação é uma condição para que se veja a Deus (Hb.12:14). O Altar
do Incenso ficava no Lugar Santo, a mostrar que, sem santidade, não há como
orar. A oração é um privilégio dos sacerdotes, ou seja, daqueles que alcançaram
a salvação na pessoa de Jesus Cristo e que, por isso, têm as vestes brancas
(Ap.3:18). Somente aqueles que estão santificados em Cristo Jesus são chamados
santos (1Co.1:2), e somente estes, que têm as vestes brancas (como os
sacerdotes na Antiga Aliança – Ex.28:40-43), podem orar; e por orarem,
comunicando-se com o Senhor aqui, estarão para sempre com Ele na eternidade
(Ap.3:4,5).
II. AS ORAÇÕES DOS SANTOS
As orações dos santos são
como incenso precioso diante de Deus. Assim como o perfume do fumo que o incenso
desprendia subia ao céu, os louvores, as rogativas e as intercessões sobem ao
Senhor como cheiro agradável.
1.
A comunhão com Deus exige uma vida de oração. Quem
está em comunhão com Deus discerne a vontade de Deus, segue a direção de Deus,
sabe perfeitamente como agradar a Deus, tem condições de apresentar o seu corpo
em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, ou seja, de lhe prestar o culto
racional (Rm.12:1). Entretanto, para que possamos estar em comunhão com Deus,
faz-se mister que saibamos exatamente o que Deus quer que façamos, bem assim
que tenhamos com Ele um diálogo, uma intimidade, da mesma maneira que um casal
que, ao passar dos anos, somente pelo olhar tem condições de se comunicar e de
estabelecer uma conversa sem que uma palavra seja dita. A comunhão com Deus
exige, pois, que tenhamos duas atitudes incessantes, duas ações que são
indispensáveis para que estabeleçamos uma "união no mesmo estado de
espírito" com Deus: a oração e a leitura da Palavra de Deus.
A
oração é o canal pelo qual o homem exercita a sua submissão a
Deus, é a forma pela qual se põe como um verdadeiro servo do Senhor. A oração
é, assim, a própria exteriorização de nossa qualidade de servo de Deus.
Nas páginas das Escrituras
Sagradas, vemos, sempre, que os grandes homens de Deus eram homens de oração,
bem como que os grandes fracassos espirituais ali descritos têm, como ponto em
comum, a falta de oração, a falta de diálogo com Deus. Quando o homem se
distancia de Deus, podemos verificar que o distanciamento se deu, num primeiro
instante, pela perda de contato entre o homem e Deus através da oração. Eis
porque todas as forças do mal buscam retirar o nosso tempo de oração, buscam
eliminar a oração do nosso dia-a-dia. A oração, como bem afirmou Paulo, é
indispensável para que vençamos as hostes espirituais da maldade, pois é a
ferramenta que nos coloca em forma para podermos utilizar adequadamente a
armadura de Deus (Ef.6:13-18).
Diante de tamanha
importância para a oração é preciso que ela seja uma constante tanto na nossa
vida pessoal, como também na vida de nossa família e de nossa igreja local, que
são os grupos sociais principais aos quais nós participamos.
2.
A oração é um dever do cristão. Quando falamos em oração,
salientemos que ela não é uma mera faculdade que esteja à disposição do cristão
nas horas de angústia ou de necessidade. Muito pelo contrário, a oração é um
dever, ou seja, é algo que é obrigatório e que o cristão não tem o direito de
deixar de fazer. Quem diz que a oração é um dever é o próprio Jesus. Certa
feita, o Senhor contou aos discípulos uma parábola, a Parábola do Juiz Iníquo,
para ilustrar o "dever de orar sempre e nunca desfalecer" (Lc.18:1).
Assim, o crente que não ora é, antes de tudo, alguém que está em falta diante
de Deus.
3.
O cristão deve orar sem cessar (1Ts.5:17). Orar sem cessar
significa nunca deixar de orar; significa que não há tempo nem lugar certo para
orar. Portanto, a oração deve ser uma constante em nossas vidas, daí porque
Paulo ter dito que devemos "orar sem cessar" (1Ts.5:17). Ele quer
dizer que devemos estar dispostos e prontos a orar ao Senhor a cada instante,
em cada situação. Devemos ter a nossa mente dirigida para o Senhor
diuturnamente e, enquanto fazemos os nossos afazeres, desempenhamos nossas
tarefas do dia-a-dia, estarmos em condição de, em alguns instantes,
dirigirmo-nos ao Senhor em oração, de coração e com reverência, mesmo que de
forma silenciosa e sem qualquer alvoroço.
"Orando
em todo tempo com toda oração e súplica no Espírito e vigiando nisso com toda
perseverança e súplica por todos os santos" (Ef.6:18).
4. Reserve
um momento para estar a sós com Deus em oração (Mt.6:6) –
“Tu, porém, quando orares, entra no teu
quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai,
que vê em secreto, te recompensará”. Individualmente é importantíssimo que
reservemos um momento para que oremos ao Senhor, um momento onde não sejamos
importunados por pessoa ou coisa alguma, um momento em que fiquemos a sós com o
Senhor, adorando-o e fazendo-lhe as necessárias petições e súplicas. Esse
momento, nos dias agitados em que vivemos, será, quase sempre, nas madrugadas,
oração essa que tem o agrado do Senhor, como vemos em Pv.8:17 – “Eu amo os que me amam, e os que de madrugada
me buscam me acharão”.
5.
A oração dos santos expressa uma série de verdades.
Orar é o ato pelo qual o crente se dirige a Deus para com Ele dialogar, é uma
atitude que expressa em si, de uma só vez, uma série de verdades, a saber:
a) Quando oramos, reconhecemos a soberania de Deus, pois
estamos dizendo que Deus é o único que pode atender aos nossos pedidos, bem
como é o único que merece nosso louvor e adoração, que nada mais é que o
cumprimento do grande mandamento (Mt.22:36,37).
b) Quando oramos, reconhecemos a nossa insuficiência,
pois demonstramos a consciência de que tudo está no controle de Deus e que, sem
Ele, nada podemos fazer.
c) Quando oramos, revelamos a nossa fé, pois demonstramos
que nossa confiança está em Deus e não em qualquer outro ser, o que significa
uma ação que agrada a Deus, pois sem fé é impossível agradar-lhe (Hb.11:6).
d) Quando oramos, revelamos a nossa obediência, pois
cumprimos a vontade de Deus expressa em Sua Palavra, que quer que oremos sem
cessar (1Ts.5:17), bem como que imitemos Jesus (1Co.11:1, 1Pd.2:21), cujo
ministério terreno foi, sobretudo, um ministério de oração.
e) Quando oramos, demonstramos o nosso amor para com o
próximo, pois intercedemos por eles e, como somos justificados, permitimos que
tal oração tenha uma eficácia benévola em suas vidas, o que é o complemento do
grande mandamento (Mt.22:39,40), bem como a comprovação de que somos filhos de
Deus (Gl.3:26; 1João 3:2).
f) Quando oramos, demonstramos a nossa esperança, pois,
ao orarmos, apresentamos nossos desejos diante de Deus, reconhecendo que
devemos sempre esperar nEle, que é a âncora da nossa vida e esperança
(Hb.6:19). Afinal de contas, sabemos que Deus trabalha por aqueles que nEle
esperam – “Porque desde a antiguidade não
se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de
ti, que trabalhe para aquele que nele espera” (Is.64:4).
g) Quando oramos, toda a nossa vida torna-se uma oferenda a
Deus. O salmista, conhecendo perfeitamente a simbologia do incenso sagrado,
assim orou ao Senhor: “Suba a minha
oração perante a tua face como incenso, e seja o levantar das minhas mãos como
o sacrifício da tarde” (Sl.141:2). Quando nos dedicamos integralmente ao
Senhor, toda a nossa vida torna-se uma oferenda a Deus (Ef.5:2; Fp.2:17;
2Tm.4:6).
6.
A oração dos santos na Grande Tribulação. No período da
Grande Tribulação, logo após o Arrebatamento da Igreja, haverá um grande número
de mártires (Ap.9:9-17). Todos esses, apesar da perseguição do Anticristo,
atuarão como fiéis testemunhas de Jesus Cristo. As orações desses santos serão
recebidas nos céus como incenso de grande valor (Ap.5:8; 8:3). João, em sua
revelação, viu que:
·
As
orações dos santos sobem aos céus – “E a fumaça do incenso subiu com as orações dos santos desde a mão do
anjo até diante de Deus” (Ap.8:4). Orar não é apenas um exercício
meditativo; nossas orações sobem à presença de Deus. Quando oramos, unimo-nos a
Deus no seu governo moral ao mundo. Assim como o juízo de Deus veio ao Egito
como resposta ao clamor do povo de Israel (Ex.3:7,8), assim também, em resposta
ao clamor dos santos, Deus enviará o seu juízo aos ímpios (Ap.6:9,10; 8:3-5).
·
As
orações dos santos provocarão o justo juízo de Deus sobre os ímpios – “E o anjo tomou o incensário, e o encheu do
fogo do altar, e o lançou sobre a terra; e houve depois vozes, e trovões, e
relâmpagos, e terremotos” (Ap.8:5). O mesmo incensário que leva as orações
é o incensário que derrama o juízo. O mesmo fogo que queimou o incenso sobre o Altar,
causará destruição sobre a face da terra. As orações dos santos desatarão a
vingança de Deus sobre os ímpios. Os trovões, vozes, relâmpagos e terremotos,
como ninguém viu até o momento, serão sinais que indicarão o julgamento de Deus
sobre a humanidade no período da Grande Tribulação. O mundo que perseguiu e
oprimiu a Igreja estará sendo alvo do juízo divino em resposta às orações dos
santos. Quem é inimigo do povo de Deus é inimigo de Deus. Quem toca na Igreja, toca
na menina dos olhos de Deus. O julgamento de Deus cairá sobre o mundo em
resposta as orações dos santos - "Não
fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e noite, embora
pareça demorado em defendê-los? Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça"
(Lc.18:7,8).
CONCLUSÃO
Como está a nossa vida de
oração? Cultivamo-la diariamente? Ou já nos conformamos com o presente século?
Deus decidiu agir, em muitas ocasiões, através da oração dos crentes. Lembremo-nos
do apóstolo Paulo e da grandeza do seu ministério. Lembremo-nos de Zacarias,
pai de João Batista, que ao ser escolhido para queimar o incenso sagrado na
Casa de Deus, teve uma experiência que retrata ricamente por que o incenso, na
Bíblia, simboliza a oração dos santos. Foi ali, no Altar do Incenso, que
Zacarias teve a sua oração respondida (Lc.1:5-23): sua velhice foi consolada
com a promessa de um filho, que seria o precursor do Filho de Deus. Lembremo-nos
de João Wesley e do avivamento que varreu a Europa e os Estados Unidos. Lembremos
de que, por trás de todas essas pessoas, existiu uma vida de oração. A Igreja
pode transformar o mundo; você pode transformar o mundo. O caminho? Uma vida de
oração.
Paulo diz que devemos
“perseverar” na oração e “vigiar”. A nossa persistência é uma expressão da fé
que temos de que Deus responde às nossas orações. A fé não deve morrer, mesmo
que as respostas venham lentamente, porque a demora pode ser o modo de Deus
realizar a sua vontade em nossa vida. Quando nos sentirmos cansados de orar,
saibamos que Deus está presente, sempre ouvindo, sempre respondendo, talvez não
do modo que esperamos, mas do modo que Ele julga ser o melhor para cada um de
nós. Tem você cultivado a oração? É chegado o momento de buscarmos, ainda mais,
a presença de Deus (Is.55:6) – “Buscai ao SENHOR enquanto se pode achar,
invocai-o enquanto está perto”.
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no
Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo
Pentecostal.
Bíblia de estudo
– Aplicação Pessoal.
Comentário
Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário
Bíblico popular (Antigo Testamento) - William Macdonald.
Revista
Ensinador Cristão – nº 75. CPAD.
Comentário
Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do
Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Comentário
Bíblico Bacon.
C.H. Mackintosh.
Estudo sobre o Livro de Levítico.
Pr. Claudionor
de Andrade. Adoração, Santificação e Serviço – Os princípios de Deus para sua
Igreja em Levítico. CPAD.
Paul
Hoff – O Pentateuco. Ed. Vida.
Comentário
Bíblico Beacon. CPAD.
Victor P.
Hamilton - Manual do Pentateuco. CPAD.
Dr. Caramuru
Afonso Francisco. Oração, o diálogo da alma com Deus. PortalEBD_2008.
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