domingo, 23 de setembro de 2018

Aula 14 – ENTRE A PÁSCOA E O PENTECOSTES - Subsídio


3º Trimestre/2018
Texto Base: Êxodo 34:18-29

"Cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar [...] E todos foram cheios do Espirito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem" (At.2:1,4).
INTRODUÇÃO
Com esta Aula encerramos o estudo do Livro de Levítico. Preciosas lições estudamos, e que muito contribuiu para a nossa edificação espiritual e maturidade cristã. Sem dúvida, este trimestre letivo foi uma oportunidade singular para mergulharmos na teologia do Livro de Levítico e compreendermos de perto este Livro doutrinário do povo de Deus da Antiga Aliança, cujos princípios ali exarados têm aplicação direta ao povo de Deus da Nova Aliança, a Igreja do Senhor Jesus. Vimos que o Livro de Levítico não é somente uma série de normas e regras, mas uma demonstração clara da maneira como o crente deve se aproximar e se relacionar com o Deus Santo. Levítico nos revela à santidade e majestade do nosso Deus, e ao caminho certo, que é Jesus Cristo, no qual temos que trilhar para ter um relacionamento pessoal com Ele. Que possamos adorar a Deus todos os dias da nossa vida, com temor e santidade, pois somente Ele é digno de ser adorado.
Nesta última Aula, estudaremos, de forma sucinta, a respeito de duas das celebrações mais significativas e importantes para Israel: a Páscoa e o Pentecostes. Para o povo de Deus da Nova Aliança, elas são as mais emblemáticas, pois elas têm uma correlação especial com o Sacrifício de Cristo e o Batismo no Espirito Santo. Como bem diz o Pr. Claudionor de Andrade, “sem a Páscoa não pode haver Pentecostes; e, sem o Pentecostes, a Páscoa perde a sua eficácia. Isso significa que duas são as experiências indispensáveis ao discípulo de Jesus: a salvação e o batismo no Espírito Santo. Somente a redenção em Jesus Cristo possibilita o derramamento do Espírito Santo”.
I. CRISTO, NOSSA PÁSCOA
“Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado por nós” (1Co.5:7).
A Páscoa é celebrada todos os anos, desde que Israel partiu do Egito em cerca de 1500 a.C. Desejando Deus que seu povo se lembrasse sempre da noite do seu livramento, instituiu a festa da Páscoa como comemoração perpétua. O rito não só olhava retrospectivamente para aquela noite no Egito, mas, também, antecipadamente, para o dia da crucificação de Jesus. Desde o seu princípio, esta festa apontava para Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus que morreu para trazer redenção aos judeus e gentios. Portanto, o âmago do evento da Páscoa é a graça salvadora de Deus. Deus tirou os israelitas do Egito, não porque eles eram um povo merecedor, mas porque Ele os amou e porque Ele era fiel ao seu concerto (Dt.7:7-10). Semelhantemente, a salvação que recebemos de Cristo nos vem através da maravilhosa graça de Deus (Ef.2:8-10; Tt.3:4,5). Cristo nos livrou da escravidão do pecado e da condenação eterna, portanto, exaltemos ao Senhor diariamente por tão grande salvação.
1. Definição. Originalmente, a Páscoa foi instituída como a festividade símbolo da libertação do povo de Israel do Egito, no evento conhecido como Êxodo. A palavra "Páscoa" significa "passar de largo", “passar por cima”, pois o anjo destruidor passou de largo as casas onde havia sido aplicado o sangue nas ombreiras e na verga da porta. Portanto, Páscoa significa a passagem da escravidão para a liberdade.
O último juízo sobre o Egito e a provisão do sacrifício pascal possibilitaram o livramento da escravidão, a passagem para a liberdade, para uma vida vitoriosa e abundante; significou também a peregrinação do povo para a Terra Prometida. O Egito, a escravidão e Faraó ficaram para trás.
Além do livramento do Egito, a Páscoa se constituiu no primeiro dia do ano religioso dos hebreus e o começo de sua vida nacional (Êx.12:1-13). Também, ela marca a primeira Aliança formal entre Deus e o seu povo (Êx.24:7,8). Em vista disso, se percebe a relevância desta celebração para a nação de Israel.
Assim como Israel não poderia esquecer tal celebração, nós também jamais podemos esquecer o sacrifício remidor do nosso Redentor, Jesus Cristo. Este é um dos princípios da Ceia do Senhor. Todas as vezes que participarmos da Ceia temos que recordar da nossa passagem - da escravidão do pecado para uma nova vida em Cristo (1Co.5:17). Jesus declarou: "Fazei isto em memória de mim" (1Co.11:24,25).
2. Cerimônia pascal. No capítulo 12 de Êxodo, a cerimônia pascal é detalhada com rígidas recomendações, a fim de que os hebreus jamais se esquecessem de seu real significado (Êx.12:12). Deus suscitou Moisés e o designou para libertar o povo de Israel da escravidão do Egito. Em obediência ao chamado de Deus, Moisés compareceu perante Faraó e lhe transmitiu a ordem divina: "Deixa ir o meu povo”. Para conscientizar Faraó da seriedade dessa mensagem da parte do Senhor, Moisés, mediante o poder de Deus, invocou pragas como julgamentos contra o Egito. No decorrer de várias dessas pragas, Faraó concordava em deixar o povo ir, mas, a seguir, voltava atrás, uma vez a praga sustada. Soou a hora da décima e derradeira praga, aquela que não deixaria aos egípcios nenhuma outra alternativa senão a de permitir a saída dos israelitas. Deus mandou um anjo destruidor através da terra do Egito para eliminar "todo primogênito... desde os homens até aos animais" (Êx.12:12).
Visto que os israelitas também habitavam no Egito, como poderiam escapar do anjo destruidor? O Senhor emitiu uma ordem específica ao seu povo; a obediência a essa ordem traria a proteção divina a cada família dos hebreus, com seus respectivos primogênitos. Cada família tinha de tomar um cordeiro macho de um ano de idade, sem defeito, e sacrificá-lo ao entardecer do dia quatorze do mês de Abibe (Êx.12:4). Parte do sangue do cordeiro sacrificado, os israelitas deviam aspergir nas duas ombreiras e na verga da porta de cada casa. Quando o destruidor passasse por aquela terra, ele passaria por cima daquelas casas que tivessem o sangue aspergido sobre elas (daí o termo Páscoa, do hb. pessach, que significa "pular além da marca", "passar por cima"). Assim, pelo sangue do cordeiro morto, os israelitas foram protegidos da condenação à morte executada contra todos os primogênitos egípcios.
Deus ordenou o sinal do sangue, não porque Ele não tivesse outra forma de distinguir os israelitas dos egípcios, mas porque queria ensinar ao seu povo a importância da obediência e da redenção pelo sangue, preparando-o para o advento do "Cordeiro de Deus”, que séculos mais tarde tiraria o pecado do mundo (João 1:29).
Naquela noite específica, os israelitas deviam estar vestidos e preparados para viajar (Êx.12:11). A ordem recebida era para assar o cordeiro e não o ferver, e preparar ervas amargas e pães sem fermento. Ao anoitecer, portanto, estariam prontos para a refeição ordenada e para partir apressadamente, momento em que os egípcios iam se aproximar e rogar que deixassem o país. Tudo aconteceu conforme o Senhor dissera (Êx.12:29-36). A partir daquele momento da história, o povo de Deus ia celebrar a Páscoa, obedecendo às instruções divinas de que aquela celebração seria "estatuto perpétuo" (Êx.12:14).
Os judeus, hoje, continuam celebrando a Páscoa, embora seu modo de celebrá-la tenha muda­do um pouco, posto que já não há em Jerusalém um Templo para sacrificar o cordeiro em obediência a Dt.16:1-6. A festa judaica contemporânea (chamada Seder) já não é celebrada com o cordeiro assado, mas as famílias ainda se reúnem para a solenidade, onde o pai da família narra toda a história do Êxodo.
Uma analogia importante.
- O cordeiro pascal era um "sacrifício" (Êx.12:27) a servir de substituto do primogênito. Isto prenuncia a morte de Cristo em substituição à morte do ser humano (ver Rm.3:25).
- O cordeiro macho separado para morte tinha de ser "sem mácula" (Êx.12:5). Este fato prefigura a impecabilidade de Cristo, o perfeito Filho de Deus (João 8:46) - “porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado” (Hb.4:15).
- A escolha do cordeiro dava-se no dia dez do mês de Nisã (mês que se situa entre os meses de março e abril do nosso calendário). Após essa escolha, os israelitas deveriam guardar o cordeiro até o dia quatorze do mês, quando, então, seria imolado (Êx.12:5,6). Verificado que o cordeiro pascal nenhuma mancha tinha, na tarde do dia quatorze, deveria ser sacrificado (Êx.12:6). Flávio Josefo, o grande historiador judeu, informa-nos que este sacrifício se dava entre as três e cinco horas da tarde, o que é mais uma demonstração de que apontava para a morte de Jesus, pois, como informa a Bíblia, Jesus morreu por volta da hora nona, ou seja, três horas da tarde (Mt.27:46; Mc.15:34; Lc.23:44), devendo ter sido retirado da cruz por volta das cinco horas da tarde, já no término do dia, que era o da preparação da Páscoa (João 19:38-42).
- O cordeiro, uma vez sacrificado, deveria ser assado, inteiro, sendo comido, então, à noite, com pães ázimos e ervas amargas (Êx.12:8,9), queimando-se tudo o que restasse naquele mesmo dia (Êx.12:10). Isto nos fala, também, que o sacrifício de Jesus era completo, não teria de ser repetido, nem restaria algo a ser realizado depois de sua efetivação.
- O sacrifício se daria com sofrimento (ervas amargas) e com sinceridade (os pães ázimos), mas traria vida ao povo de Deus.
- O fato de o cordeiro ser assado e, depois, retirado do forno para ser consumido, também indicava a ressurreição de Cristo.
3. O significado da Páscoa. O que a Páscoa significou para os egípcios, o que significa para Israel e para a Igreja?
a) Para os egípcios. A saída do povo de Israel significaria prejuízo financeiro aos egípcios. Faraó não aceitava facilmente perder os seus escravos, que construíram as suas cidades (cf. Êx.1:11). Por isso, a história da saída de Israel do Egito relata a verdadeira batalha entre Deus dos hebreus e Faraó, para obrigar este a soltar os seus escravos, o povo hebreu. O desfecho final foi o julgamento de Deus sobre Faraó por causa das atrocidades cometidas contra os meninos hebreus. Deus é misericordioso, longânime e deseja que todos se salvem (2Pd.3:9), porém, Ele é também um juiz justo que se ira contra o pecado e a idolatria (Sl.7:11). Está escrito: “Porque Deus há de trazer a juízo toda obra e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau” (Ec.12:14).
b) Para os israelitas. A Páscoa é para Israel o que o dia da independência é para um país, e mais ainda. O último juízo sobre o Egito e a provisão do sacrifício pascoal possibilitaram o livramento da escravidão, a passagem para a liberdade, para uma vida vitoriosa e abundante; significou também a peregrinação do povo para a Terra Prometida. O Egito, a escravidão e Faraó ficariam para trás. Além do livramento do Egito, a Páscoa se constituiu em primeiro dia do ano religioso dos hebreus e o começo de sua vida nacional (Êx.12:1). Em vista disso, se percebe a relevância desta celebração para a nação de Israel.
c) Para os cristãos. Para nós cristãos, a Páscoa é um símbolo profético da morte de Cristo, da salvação e do andar pela fé a partir da redenção (1Co.5:6-8), isto é, a redenção pelo sangue de Jesus Cristo. Cristo veio ao mundo, morreu e ressuscitou ao terceiro dia, para nos libertar do jugo do pecado e nos dar vida abundante, vida eterna (João 3:16; 10:10). Israel foi salvo da ira divina e liberto da escravidão, nós também estávamos destinados a experimentar da ira divina, mas Cristo, o Cordeiro Pascal, nos substituiu na cruz do calvário. Em Cristo fomos redimidos dos nossos pecados - “[...] Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós” (1Co.5:7b).
4. Simbologia da Páscoa. A Páscoa judaica era um memorial (Êx.12:14), era um símbolo profético da morte de Cristo, da salvação e do andar pela fé a partir da redenção (1Co.5:6-8), isto é, a redenção pelo sangue de Jesus Cristo.
A partir da primeira Páscoa no Egito, o povo de Israel ia celebrar a Páscoa toda primavera, obedecendo as instruções divinas de que aquela celebração seria "estatuto perpétuo" (Êx.12:14), como um memorial da libertação da escravidão no Egito. Era, porém, um sacrifício comemorativo, exceto o sacrifício inicial no Egito, que foi um sacrifício eficaz.
A Páscoa, pois, continha um simbolismo profético, como “sombras das coisas futuras”, que apontava para um evento que estava por vir: a Redenção efetuada por Cristo. O cordeiro morto era como um modelo antecipado do sacrifício de Cristo na cruz pelos nossos pecados. O apóstolo Paulo afirmou: “Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado por nós” (1Co.5:7). No início do seu ministério, Jesus foi identificado como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1:29,36).
Em suma, a Páscoa simboliza três coisas: liberdade da escravidão, salvação da morte e caminhada para a terra prometida. Para os hebreus, isso tinha um sentido físico, pois havia a escravidão do jugo egípcio a ser subvertida, uma morte ignominiosa iminente a ser suplantada e a esperança de uma terra a ser conquistada. Para o povo de Deus da Nova Aliança, há o sentido de natureza estritamente espiritual. A simbologia redentora da Páscoa ganha vida e expressão na celebração da Ceia do Senhor (1Co.11:23-31). Ela é algo parecido com a Páscoa judaica e a substitui no Cristianismo. Assim como era a Páscoa judaica, a Ceia do Senhor é um memorial; ela olha em duas direções: para trás - para a cruz; e para frente - para a Segunda Vinda de Cristo (1Co.11:26). Fomos libertos da escravidão do pecado e salvos da morte eterna, e agora caminhando avante na certeza de que o Céu onde Cristo habita é o nosso destino final, onde estaremos para sempre com o Senhor. Levemos em consideração, também, que o Senhor Jesus foi crucificado durante a celebração da Páscoa (Mt.26:2). Ele é o nosso Cordeiro Pascal, que foi sacrificado por nós (1Co.5.7).
II. O PENTECOSTES, A FESTA DAS PRIMÍCIAS
1. A Festa do Pentecostes (Lv.23:15-22). Conforme determinado na lei de Moisés, a Festa de Pentecostes era uma das três grandes festividades anuais do povo israelita, em que deveriam comparecer à presença de Deus todos os varões (Ex.23:14-19). Ela era celebrada 50 dias após a Páscoa (Êx.23:16; 34:22; Dt.16:9-12). Cinquenta dias, daí a expressão Pentecoste, que é derivada da palavra grega “quinquagésimo”. A Festa de Pentecostes era também conhecida por Festa das Semanas, por ser realizada após sete semanas da Festa das Primícias; Festa da Colheita (Êx.23:16), referindo-se à conclusão das colheitas de grãos; das Primícias (Nm.28:26), falando das primícias de uma colheita terminada.
Esta Festa era uma celebração pública, na qual toda a nação louvava a Deus por sua suficiência; era também o momento de se exercer a misericórdia e o serviço social (Dt.16:10; Rt.2:1-3). A contagem para a Festa do Pentecostes está registrada em Lv.23:15,16.
“Depois para vós contareis desde o dia seguinte ao Sábado, desde o dia em que trouxerdes o molho da oferta movida; sete semanas inteiras serão. Até o dia seguinte ao sétimo Sábado, contareis cinquenta dias; então oferecereis nova oferta de manjares ao senhor”.
Como nos explica a própria Bíblia, a Lei, com todas as suas cerimônias, ritos e prescrições, tinha uma finalidade educativa, pedagógica, pois servia de “sombra” das coisas que estavam por vir (Cl.2:16,17; Hb.10:1); tudo tendo sido escrito para nosso ensino (Rm.15:4). Assim, a Festa judaica de Pentecostes é uma figura, um símbolo, um tipo do derramamento do Espírito Santo e, por isso mesmo, este derramamento se iniciou num Dia de Pentecostes, para que, através do que está escrito sobre esta festa judaica, entendêssemos o significado desta operação espiritual, que é fundamental à vida cristã.
2. O cerimonial. A Sega era tempo de alegria geral; durava seis ou sete semanas, ao todo. Em santa convocação, na qual todos deveriam apresentar-se a Deus de forma jubilosa, Israel apresentava a Deus as primícias de suas colheitas (Dt.16:11). Em Israel, nos meses de Abibe ou Nisã e Zife ou Liar, correspondentes a abril e maio do nosso calendário, os cereais amadureciam, começando com a cevada. 
A Páscoa era celebrada em meados de abril, pelo nosso calendário. Nessa época estava iniciando a colheita. A cevada era o cereal que amadurecia primeiro. Assim, no primeiro dia após a Páscoa, os sacerdotes ceifavam um molho de cevada e o ofertavam ao Senhor. As primícias da colheita deviam ser oferecidas ao Senhor; era a Festa das Primícias. Só depois disto é que a colheita poderia ser realizada.
“E falou o Senhor a Moisés, dizendo: fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: quando houverdes entrado na terra, que vos hei de dar, e segardes a sua sega, então trareis um molho das primícias da vossa sega ao Sacerdote. E ele moverá o molho perante o Senhor, para que sejais aceitos...” (Lv.23:9-11).
Esse molho, ou feixes de cevada, representando os primeiros frutos da grande colheita, tinha uma simbologia. A Festa das Primícias realizada logo após a Páscoa, ou seja, logo após a morte do cordeiro, tipificava Cristo “...as primícias dos que dormem” (1Co.15:20). Como não era apenas um, mas, um molho, ou um feixe, para nós estas primícias representavam Cristo e aquele grupo que ressuscitou, juntamente com Ele.
“E abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiam foram ressuscitados. E, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição dele, entraram na cidade santa, e apareceram a muitos” (Mt.27:52.53).
Cristo, nosso Sumo Sacerdote foi o oficiante da real Festa das Primícias, movendo, diante do Pai, aquele molho formado pelos primeiros frutos da Grande Colheita que estava para começar, e que ainda não terminou.
Era tempo da ceifa do trigo. Aqui, a oferta não consistia de um molho ou feixe, mas, de dois pães. Estes dois pães eram os primeiros da ceifa do trigo. Não se podia fazer nenhum pão para se comer, antes de oferecer estes dois primeiros a Deus. Eram dois pães, não podia ser um nem três. O mundo era formado por dois povos: judeus e gentios.
Os pães, formados pela aglutinação de milhares de grãos de trigo, representavam a Igreja. A Igreja seria formada por judeus e gentios, representados na Festa do Pentecoste por dois pães.
Cinquenta dias depois da Páscoa, ou cinquenta dias após a morte do Cordeiro de Deus, chegara o Dia do Pentecostes.
Os dois Pães, representados pelos cento e vinte discípulos (Atos 1:15), “...estavam todos reunidos no mesmo lugar” (Atos 2:1). Coube ao Espírito Santo oferecer ao Senhor aqueles primeiros dois pães e inaugurar, publicamente, aquela que Jesus chamou de “...a minha Igreja...” (Mt.16:18). Esta Igreja é hoje formada por milhões de pessoas espalhados por toda a Terra, e que formam as Igrejas Locais.
3. A simbologia. No dia seguinte ao sábado da Páscoa, era oferecido um molho das primícias da colheita ao sacerdote (Lv.23:10), que seria movido perante o Senhor, primícia esta que não é outra senão o Primogênito dentre os mortos, Aquele que ressuscitou no primeiro dia da semana, Cristo Jesus (1Co.15:20,23; Cl.1:18).
Em seguida, cinquenta dias depois, vinha o Pentecostes, a Festa que indicava o início da colheita no ano, ou seja, a ocasião que demonstra o início da salvação da humanidade por meio da mensagem do Evangelho; o início do movimento do Espírito Santo, com fundamento no sacrifício de Cristo, com poder e eficácia, em prol da colheita das almas para o Reino celestial, algo que perdurará até a Festa da Colheita final, que se dará com a Terceira Festa, a Festa das Trombetas ou Festa dos Tabernáculos, que representa a Vinda de Cristo para arrebatar a Sua Igreja. Assim, a descida do Espírito Santo somente poderia ocorrer na Festa das Primícias, na Festa das Semanas, que indica o início da colheita, o início da manifestação plena do Espírito Santo no meio da humanidade com vistas à salvação das almas. Era o começo do movimento do Espírito Santo, e o Espírito Santo sempre esteve relacionado com o mover, como vemos desde a Sua primeira aparição no texto sagrado (cf.Gn.1:2).
III. O DIA DE PENTECOSTES
Os Judeus continuam celebrando, embora parcialmente, a Festa do Pentecostes. Para eles trata-se, apenas, de uma das três grandes festas que teriam que ser celebradas, anualmente, de acordo com a Lei de Moisés.
Para a Igreja, o Dia de Pentecostes tem um sentido especial, ele assinala o Dia em que o Espírito Santo veio, cumprindo uma promessa feita por Jesus.
“E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder” (Lc.24:49).
“E, estando com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, que (disse ele) de mim ouvistes. Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias” (Atos 1:4,5).
Para a Igreja, do ponto de vista histórico, o Dia de Pentecostes é a ocasião em que Deus derramou o Espirito Santo a fim de demarcar sobrenaturalmente a Igreja de Jesus no tempo e no espação (Atos 2:1-13); é o Dia em que a Igreja nasceu.
Para o cristão, o Dia de Pentecostes marca a ocasião em que o Espirito Santo se fez presente até a vinda do Senhor Jesus.
1. Cristo, o Cordeiro Pascal. O Senhor Jesus foi crucificado durante a Páscoa (Mt.26:2). Mas, ao terceiro dia, como prometera (João 2:19), ressuscitou dentre os mortos e se apresentou aos Seus discípulos durante o espaço de quarenta dias (At.1:3). Dentre as muitas instruções que deu, neste período, estava a de que os discípulos deveriam aguardar em Jerusalém o revestimento do poder, a promessa do Pai (Lc.24:49), que, como Ele já havia dito antes mesmo de Sua morte, tratava-se da vinda do outro Consolador, que impediria que os discípulos ficassem órfãos na sua missão, no seu ministério (João 14:16-20).
No espaço de quarenta dias, após Sua morte e ressurreição, Jesus ministrou para mais de quinhentos irmãos (Atos 1:3; 1Co.15:6), dando as últimas instruções aos Seus discípulos, uma vez mais se referindo ao recebimento da virtude do Espírito Santo e à necessidade da evangelização do mundo todo (At.1:8), quando foi separado fisicamente dos crentes, sendo ocultado por uma nuvem (At.1:9). Era a "ascensão" (isto é, subida) do Senhor, a recepção de Jesus Cristo homem no Céu, vitorioso; gesto que mostrava a plena aceitação do sacrifício de Cristo pelo Pai, a ponto de se tornar o mediador, o intercessor entre Deus e os homens, mesmo na Sua condição de homem, condição esta que nunca mais perderá (Is.53:11,12; At.7:55; 1Tm.2:5; Ap.3:21).
2. O Pentecostes do Espírito Santo. Naquele Pentecostes do ano 30, cinquenta dias após a morte de Cristo, ocorrida na Páscoa, cumpria-se a profecia de Joel, como afirmou o apóstolo Pedro no sermão inaugural da Igreja, nessa festividade judaica que servira de tipo e figura principal da promessa do derramamento do Espírito Santo. O Espírito Santo foi derramado sobre os quase cento e vinte discípulos que haviam permanecido em oração, em Jerusalém, consoante o mandado do Senhor (Atos 1:15). Cheios do Espírito Santo, falaram noutras línguas, enunciando aos peregrinos, que visitavam Jerusalém, as grandezas de Deus (At.2:7-11). Veja a profecia de Joel (Jl.2:28,29):
“E há de ser que, depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões. E também sobre os servos e sobre as servas, naqueles dias, derramarei o meu Espírito”.
O apóstolo Pedro fez menção a esta profecia de Joel, no dia de Pentecostes: “E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos jovens terão visões, e os vossos velhos sonharão sonhos”(At 2:17).
Em nenhuma outra parte do Antigo Testamento encontramos uma promessa tão abrangente cujo cumprimento significasse o cumprimento das palavras de Moisés: “Tomara que todo o povo do SENHOR fosse profeta, que o SENHOR lhes desse o seu Espírito”(Nm.11:29).
O Dia de Pentecostes marcou o início deste cumprimento. Desde então, tem se cumprido com abundância cada vez maior. É uma promessa universal (Jl.28:29); é uma promessa de uma Nova Aliança (Jl.2:32); é uma promessa aos que creem (Jl.2:32). Podemos dizer, então, que esse Dia marcou o início de uma nova adoração por parte de todos aqueles que crerem no Espírito Santo, assim como o início do julgamento de todos aqueles que o rejeitarem.
Enquanto no passado o Espírito Santo parecia estar disponível a reis, sacerdotes e profetas, Joel predisse um tempo em que este poder estaria disponível a todos os crentes. Atualmente, o Espírito Santo é derramado, de uma forma efusiva, sobre qualquer pessoa que venha a Deus em busca de sua salvação (Jl.2:32). O derramamento do Espírito, contudo, não acontece antes, mas depois que a pessoa se arrepende e se volta para Deus. Esperar o derramamento do Espírito Santo sem tratar do pecado é ofender a Deus; buscá-lo sem voltar-se para Deus é atentar contra a santidade do Senhor.
3. As primícias da Igreja Cristã. Como nada que ocorre nas Escrituras e, por conseguinte, no plano de Deus ao homem é por acaso, é sem propósito, também não é coincidência nem muito menos um acidente que a promessa do derramamento do Espírito Santo tenha se cumprido no Dia de Pentecostes. A própria Festa de Pentecostes, também chamada de “festa da sega dos primeiros frutos” (Ex.23:16) ou “festa das primícias (Ex.34:22), já era uma figura que apontava para o próprio derramamento do Espírito Santo. Naquele momento pentecostal, o apóstolo Pedro e os demais, cheios do Espírito Santo, se levantam com ousadia e destemor, e dá início a proclamação do Evangelho de Cristo na Dispensação da Graça. E, como resultado de sua mensagem, quase três mil pessoas convertem-se (At.2:41); são as primícias da Igreja de Cristo.
Aquele Dia de Pentecostes assinalou o Dia da chegada do Espírito Santo, e ele ainda continua conosco. A pregação de Pedro, iniciado naquele Dia, tem tido sequência em todos os quadrantes da Terra. O que aconteceu em Jerusalém, para nós, não foi apenas um fato histórico, mas, foi um fato real e permanente na vida da Igreja enquanto ela estiver aqui na Terra; só findará no Dia do Arrebatamento da Igreja.
4. A Missão do Espírito Santo ainda não terminou. Os Judeus nada puderam entender de toda a simbologia bíblica. Para eles aquela Festa do Pentecoste havida em Jerusalém, no ano 29dC., foi apenas mais uma festa judaica anual em cumprimento à Lei de Moisés. Ainda hoje, mesmo que com limitações, eles continuam celebrando. Para nós, contudo, aquela Festa do Pentecostes que começou em Jerusalém há quase dois mil anos ainda não terminou.
A Festa do Pentecoste era realizado num único dia - cinquenta dias depois da Páscoa -, porém, o seu efeito duraria até a realização da próxima Festa, que era a Festa dos Tabernáculos - “...aos quinze dias do mês sétimo, quando tiverdes recolhido a novidade da terra...” (Lv.23:39); ou como diz a Bíblia na Linguagem de Hoje: “...depois de terminadas as colheitas”.
Para a Igreja as Colheitas ainda não terminaram, “o dia quinze do mês sétimo” ainda não chegou. A Festa dos Tabernáculos comemorava o tempo que Israel esteve no deserto. Nós ainda não podemos realizar a próxima festa depois do Pentecoste. Ainda estamos no “deserto”. Ainda não chegamos na Canaã Celestial. Estamos ainda sujeitos ao cansaço, ao calor e ao frio do “deserto”. Ainda estamos no período da Colheita. Ainda estamos sob os efeitos da Festa de Pentecostes. A nossa Festa dos Tabernáculos ainda está no futuro - “depois de terminada a colheita do trigo”.
Estamos, portanto, vivendo no período da Dispensação do Espírito Santo. Ele está conosco até o Dia em que entregar a Igreja, a Noiva do Cordeiro, Àquele que deu a Sua Vida por ela, até que se cumpra a Simbologia do Capítulo 24 de Gênesis, que diz: “E Isaque saíra a orar no campo, sobre a tarde; e levantou os seus olhos. Rebeca também levantou seus olhos e viu a Isaque, e lançou-se do camelo. E disse ao servo: quem é aquele varão que vem pelo campo ao nosso encontro? E o servo disse: este é meu senhor. Então tomou ela o véu, e cobriu-se. E o servo contou a Isaque todas as coisas que fizera” (Gn.24:63-66).
Este encontro real, de Isaque com Rebeca, simboliza o momento em que o Espírito Santo - representado na figura do servo, Eliezer, entregará a Igreja - representada pela noiva, Rebeca, ao Senhor Jesus - representado pelo noivo, Isaque.
A Dispensação do Espírito Santo, que começou no Dia do Pentecostes, terminará no Dia do Arrebatamento, quando então a Igreja estará para sempre com o Senhor, cumprindo-se a promessa feita por Jesus: “E, se eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo para que onde eu estiver estejais vós também” (João 14:3). Portanto, para nós, o Dia do Pentecostes ainda não terminou, pois a Igreja ainda está na Terra; a Dispensação do Espírito Santo continua.
CONCLUSÃO
A Páscoa e o Pentecostes são os dois marcos de grande importância para a Igreja de Cristo. A Páscoa marca o maior acontecimento que já houve na face da Terra: a morte vicária de Cristo e a Sua Ressurreição; o Pentecostes marca a ocasião em que o Espirito Santo se faz presente até a vinda do Senhor Jesus. Sem a Páscoa, o Pentecostes seria impossível; sem o Pentecostes, a Páscoa não seria eficaz.
Foi um grande prazer estudar com vocês a Palavra de Deus neste trimestre. Espero, confiantemente, que o esforço dedicado na elaboração destes subsídios, tenha contribuído sobremaneira para edificação espiritual de cada um que me acompanhou ao longo desta maravilhosa empreitada. Deus abençoe a todos, e até o próximo trimestre letivo, se Deus quiser!
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 75. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Comentário Bíblico Bacon.
C.H. Mackintosh. Estudo sobre o Livro de Levítico.
Pr. Claudionor de Andrade. Adoração, Santificação e Serviço – Os princípios de Deus para sua Igreja em Levítico. CPAD.
Paul Hoff – O Pentateuco. Ed. Vida.
Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
Victor P. Hamilton - Manual do Pentateuco. CPAD.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. A Celebração da Primeira Páscoa.PortalEBD_2004.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. O Dia de Pentecostes. PortalEBD_2004.

2 comentários:

  1. Glória a Deus!!

    Foi um aprendizado fundamental em minha vida espiritual.

    Deus abençoe sua vida grandemente Pastor Luciano.

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  2. Glória a Deus!

    Foi um trimestre de muito aprendizado para minha vida espiritual.

    Deus abençoe sua vida grandemente Pastor Luciano.

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