domingo, 25 de agosto de 2013

Aula 09 - CONFRONTANDO OS INIMIGOS DA CRUZ DE CRISTO


3º Trimestre/2013

 
Texto Básico: Filipenses 3:17-21

 
“Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo” (Fp 3:18).

INTRODUÇÃO


Nesta Aula, veremos o zelo do pastor para com as suas ovelhas, pois o verdadeiro pastor é aquele que protege o rebanho dos falsos mestres. Paulo pregou a verdade e denunciou o erro; ele promoveu o evangelho e combateu a heresia. Não fazia relações públicas acerca da verdade para agradar as pessoas. Ele chamou os falazes mestres de “inimigos da cruz de Cristo”. O seu zelo pastoral o levava às lágrimas na defesa de suas ovelhas; ele se comovia ao perceber que algum perigo as ameaçava. A preocupação do apóstolo era que os falsos mestres(provavelmente judaizantes legalistas ou gnósticos) se aproximassem dos crentes filipenses. Esses falsos mestres eram considerados por Paulo "inimigos da cruz", pessoas que trabalhavam para esvaziar o sentido da Cruz de Cristo. Ele pede aos crentes de Filipos que lutem contra esses inimigos a fim de que não venham sucumbir na fé. Esta advertência de Paulo deve ser levado a sério pela igreja na atualidade, pois atualmente também muitos são os inimigos da cruz de Cristo.

I. EXORTAÇÃO À FIRMEZA EM CRISTO (Fp 3:17)

“Irmãos, sede imitadores meus e observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós”(ARA).

1. Imitando o exemplo de Paulo (Fp 3:17a). Paulo encoraja os crentes de Filipos a buscarem a semelhança de Cristo seguindo o exemplo do próprio Paulo. Eles não deveriam seguir falsos mestres ou os inimigos da cruz (Fp 3:18). Em vez disso, como Paulo enfocava a sua vida em ser como Cristo, eles também deveriam fazer o mesmo.

Devemos estar cônscios de que Paulo jamais usaria de presunção para exortar os crentes de Filipos nestes termos, haja vista que ele sempre enfocou Jesus Cristo e rogou aos crentes para também seguirem o exemplo de outros que seguiam a Cristo. Portanto, Paulo rogou que os filipenses o imitassem como um guia prático de conduta. Na verdade, Paulo considerava-se receptor da misericórdia de Deus, cujo propósito era ser “padrão” para os demais cristãos. Ele era um paradigma para os crentes tanto na questão da doutrina quanto na questão da ética. Ele era modelo tanto na teologia quanto na vida. Seu ensino e seu caráter eram aprovados. Sua vida confirmava sua doutrina, e sua doutrina norteava a sua vida.  Assim, toda sua vida depois da sua conversão foi dedicada à tarefa de apresentar aos outros um esboço do que o cristão deve ser.

Deus salvou Paulo com a finalidade de mostrar ao mundo, pelo exemplo de sua conversão, que o que fez na vida dele também pode e fará na vida de outros. Você pode fazer o mesmo? Você está servindo de exemplo para aqueles que foram salvos pela graça de Deus? Que tipo de seguidor um novo cristão se tornaria se ele lhe imitasse?

2. O exemplo de outros obreiros fiéis (Fp 3:17b). “...observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós”. Aqui, Paulo está reconhecendo o valor da influência testemunhal de outros cristãos, cujas vidas eram baseadas na dele (aqueles crentes maduros mencionados em Fp 3:15). Isso faz referência a quaisquer outros que experimentassem a mesma qualidade de vida que Paulo. Em fim, os cristãos de Filipos deveriam observar a conduta dos fieis cristãos, tal como a de Timóteo, Epafrodito e outros, e aprenderem com eles, a fim de não se desviarem da fé. É claro que hoje temos o nosso compêndio doutrinário, o Novo Testamento, disponível à igreja. É dele que advém todas as diretrizes para que andemos como filhos e santos de Deus. Ele é infalível e imutável em seus ensinos. Ele é a bússola que nos conduz ao destino certo.

II. OS INIMIGOS DA CRUZ DE CRISTO (Fp 3:18,19)

“Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo.

“O fim deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles é para confusão deles mesmos, que só pensam nas coisas terrenas”.

1. Os inimigos da cruz de Cristo(Fp 3:18). Assim como em Filipenses 3:17 o apóstolo Paulo diz a quem os crentes devem seguir, no versículo 18 diz a quem não devem seguir. O apóstolo não identifica quem são esses inimigos da cruz de Cristo. Não diz se eram os falsos ensinadores judeus mencionados em Fp 3:2 ou se eram ensinadores que se diziam cristãos, mas transformavam a liberdade em licenciosidade e se serviam da graça como pretexto para pecar.

Paulo havia alertado os cristãos acerca desses falsos mestres, agora o faz outra vez, “até chorando”. Por que ele chorou ao fazer tão grande denuncia? Por causa do mal que esses falsos mestres causaram às igrejas de Deus. Por causa do opróbrio que trouxeram ao nome de Cristo. Por causa das vidas que arruinaram. Porque estavam ofuscando o verdadeiro significado da cruz. Sim, e também porque o verdadeiro amor chora quando denuncia os “inimigos da cruz de Cristo”, assim como o Senhor Jesus chorou pela cidade de Jerusalém.

2. ”O deus deles é o ventre” (Fp 3:19a). A expressão "o deus deles é o ventre" denota aqueles que adoram a carne através das práticas sensuais desenfreadas. Os “inimigos da cruz” viviam o aqui e o agora, e jamais pensavam na eternidade – “comamos e bebamos que amanhã morreremos”. Esta postura visava destruir o Evangelho e todo o progresso dele na vida dos filipenses. Além de sensuais, os falsos mestres invalidavam a suficiência da cruz de Cristo com suas atitudes degradantes e sem quaisquer escrúpulos. Paulo diz que para eles, não há outro destino, se não, o da perdição eterna, ou seja, a separação eterna de Deus, que é a segunda morte.

Segundo o rev. Hernandes Dias Lopes, os “inimigos da cruz de Cristo” vivem encurvados para o próprio umbigo. “Ventre”, neste versículo, vem da palavra “koilia”, que pode significar "útero" ou "umbigo". Assim sendo, Paulo pode estar simplesmente comentando o egocentrismo deles. Portanto, tudo quanto faziam era fixar os olhos no próprio umbigo. O deus deles eram eles mesmos. A vida deles eram centrada neles mesmos. Eram adoradores de si mesmos. Em vez de procurar manter seus apetites físicos sob controle (Rm 8:13; 1Co 9:27), compreendendo que nosso corpo é o templo do Espírito Santo, no qual Deus deve ser glorificado (1Co 6:20), essas pessoas se entregavam à glutonaria e à licenciosidade".

3. “A glória deles é para confusão deles mesmos” (Fp 3:19b). Os “inimigos da cruz de Cristo” se gloriavam de coisas das quais deviam se envergonhar: sua nudez e seu comportamento imoral. Eles escarneciam da virtude e exaltavam o opróbrio. Ao mal, chamavam bem, e ao bem, mal; faziam das trevas luz, e da luz, trevas; colocavam o amargo por doce, e o doce, por amargo (Is 5:20). Eles não apenas levavam a bom termo seus maus desígnios, mas ainda se vangloriavam disso. A glória desses falsos mestres era para “confusão deles mesmos”. A recompensa deles era fugaz. A decepção deles era certa. A ruína deles era veloz.

4. “que só pensam nas coisas terrenas”(Fp 3:19c). Para os “inimigos da cruz”, as coisas importantes da vida eram comida, vestimenta, honras, conforto e prazer. Comportavam-se como se fossem viver sobre a terra para todo o sempre. Esta história se repete atualmente. Concordo com o rev. Hernandes Dias Lopes ao dizer que “muitos líderes religiosos, sem temor, têm-se empoleirado no púlpito, usando artifícios e malabarismos, com a Bíblia na mão, arrancando dinheiro das pessoas, fazendo promessas que Deus não faz em Sua Palavra. Esses obreiros fraudulentos, sem nenhum escrúpulo, mercadejam o evangelho da graça, para alimentar a sua ganância insaciável. Hoje, a religião, para muitos, tem sido um bom negócio, uma fonte de lucro, um caminho fácil de enriquecimento. O mercado da fé tem produto para todos os gostos. A oferta é abundante. A procura é imensa. A causa é a ganância. A consequência é o engano. O resultado é a decepção. O fim da linha é o inferno”.

III. O FUTURO GLORIOSO DOS QUE AMAM A CRUZ DE CRISTO (Fp 3:20,21)

“Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas”.

O apóstolo Paulo, depois demonstrar o seu zelo pastoral, alertando acerca dos “inimigos da cruz de Cristo”, lança o seu olhar rumo ao futuro e destaca três gloriosas verdades que são as âncoras de nossa esperança.

1.  O Céu é a nossa Pátria - “Mas a nossa cidade está nos céus” (Fp 3:20). O Céu é um lugar e um estado. É o lugar da morada de Deus e da sua Igreja resgatada, e um estado de bem-aventurança eterna, onde jamais entrarão a dor, a lágrima, o luto e a morte.  Enquanto os falsos mestres tinham os seus pensamentos voltados aos assuntos terrenos (Fp 3:19), os crentes deveriam desejar fervorosamente o seu Lar.

Na época em que a epístola foi escrita, Filipos era uma colônia de Roma (At 16:12). Desta feita, aqueles que moravam em Filipos tinham a sua cidadania romana, embora a maioria dos filipenses jamais tivesse estado na cidade de Roma. A cidadania romana era altamente estimada à época de Paulo. Os cristãos em Filipos, tão orgulhosos de sua cidadania romana (At 16:20,21), deveriam ter valorizado ainda mais a sua cidadania nos céus, onde o Senhor Jesus Cristo vive. Os crentes deveriam ter considerado a si mesmos como “peregrinos”, vivendo temporariamente em um pais estrangeiro, com o seu Lar em outro lugar. Um dia eles iriam experimentar todos os privilégios especiais de sua cidadania celestial, porque Cristo iria voltar como seu Salvador. Os crentes estão esperando o Salvador voltar do Céu para a Terra, em sua segunda vinda. Enquanto estavam na Terra, os crentes eram cidadãos de seu país (os filipenses eram cidadãos de Roma, estando, portanto, sob o governo de César); contudo, a lealdade absoluta deveria ser dedicada ao único Salvador verdadeiro, o Senhor Jesus Cristo, que governa nos céus, onde todos os crentes possuem a sua cidadania definitiva.

Somos peregrinos neste mundo, não somos daqui. Nascemos de cima, do alto, de Deus. O Céu é a nossa origem e também o nosso destino. O nosso nome está arrolado no Céu (Lc 10:20), está registrado no livro da vida (Fp 4:3). É isso que determina nossa entrada final no país celestial (Ap 20:15).

Por causa da expectativa de habitar em uma cidade superior, Abraão contentou-se em viver em uma tenda (Hb 11:13-16). Por causa da expectativa da recompensa do Céu, Moisés dispôs-se a abrir mão dos tesouros do Egito (Hb 11:24-26). Por causa da esperança de vivermos com Cristo no Céu, devemos buscar uma vida de santidade hoje (1Jo 3:3).

2. A segunda vinda de Jesus é a nossa esperança - “donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo”. A igreja é a comunidade da esperança. Somos um povo que vive com os pés no presente, mas com os olhos no futuro. Vivemos cada dia na expectativa da iminente volta de Jesus. Cada geração sucessiva da Igreja desfruta o privilegio de viver como se fosse a geração que haverá de saudar o retorno de Cristo. A esperança do regresso de Cristo tem poder purificador: “E qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também ele é puro”(1João 3:3).

3. A glorificação é a nossa certeza inequívoca - “Que transformará o nosso corpo abatido” (Fp 3:21). Quando o Senhor vier da Sua glória, do Céu, Ele transformará nosso corpo. Quando a trombeta de Deus soar, e Cristo vier com o Seu séquito de anjos, acompanhado dos santos glorificados, os mortos em Cristo ressuscitarão com corpos imortais, incorruptíveis, gloriosos, poderosos e celestiais (1Co 15:43-56). Os vivos, nessa ocasião, serão transformados e arrebatados para encontrar o Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor (1Ts 4:13-18). Nosso corpo de humilhação, sujeito à fraqueza, à enfermidade e ao pecado, será revestido da imortalidade e brilhará como o sol no seu fulgor, brilhará como as estrelas no firmamento, e será um corpo tão glorioso quanto o corpo da glória de Cristo. Seremos "... conformes à imagem de seu Filho" (Rm 8:29). O nosso corpo será semelhante ao corpo da glória de Cristo - "Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é" (1João 3:2b); seremos “conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas” (Fp 3:21).

Porventura existe ou existirá uma promessa tão gloriosa e maravilhosa com esta? E ainda tem pessoas, que se dizem cristãs, que trocam tudo isso por coisas efêmeras desta vida. É simplesmente pasmoso!

CONCLUSÃO


A cruz de Cristo deu cabo da religião do ritualismo como meio de chegar até Deus. Com a morte de Cristo, o véu do templo foi rasgado, e agora o homem tem livre acesso a Deus por meio de Cristo, o novo e vivo caminho (Hb 10:19-25). O que os inimigos da cruz de Cristo consideravam uma linha divisória entre os homens, a circuncisão, Cristo derrubou por meio da sua morte (Ef 2:14-16). Precisamos estar atentos, pois os inimigos da cruz de Cristo procuram introduzir, sorrateiramente, doutrinas contrárias e perniciosas à fé cristã. Portanto, vigiemos, oremos e permaneçamos inabaláveis “na doutrina dos apóstolos” até a vinda de Jesus, sabendo que “as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada (Rm 8:18). Amém?

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembleia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.

Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.

Revista Ensinador Cristão – nº 55 – CPAD.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal.

Filipenses – A alegria triunfante no meio das provas – Rev. Hernandes Dias Lopes.

 

 

 

domingo, 18 de agosto de 2013

Aula 08 – A SUPREMA ASPIRAÇÃO DO CRENTE

3º Trimestre/2013

Texto Básico: Filipenses 3:12-17


“prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fp 3:14).

INTRODUÇÃO

O apóstolo Paulo toma emprestado da cultura grega a figura do atleta. Este para alcançar o prêmio final de uma maratona se esforça, dedica-se e trabalha com todo o esmero. Paulo não havia se enganado com a falsa ideia de que a perfeição plena era já uma realidade em sua vida. Pelo contrário, como um atleta que se prepara à exaustão, o discípulo de Cristo deve deixar os entraves desta vida e manter o foco na pessoa do Senhor Jesus Cristo. Paulo se achava qual um atleta numa corrida, esforçando-se e correndo o máximo, totalmente concentrado no que fazia, a fim de não ficar aquém do alvo que Cristo estabeleceu para a sua vida. Esse alvo era a perfeita união entre Paulo e Cristo (Fp 3:8-10), sua salvação final e sua ressurreição dentre os mortos (Fp 3:11). Sem dúvida, esta é a suprema aspiração do autêntico cristão.

I. A ASPIRAÇÃO PAULINA

1. “Prossigo para o alvo”.  “Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”(Fp 3:14). Paulo utiliza neste texto a analogia do atletismo, a fim de mostrar aos filipenses que o crente em sua caminhada também precisa se esforçar para conhecer a Cristo. Como um corredor esforçando-se para chegar à linha de chegada, Paulo prosseguia para alcançar o final da corrida e receber  “o prêmio”. O objetivo de Paulo era conhecer a Cristo, ser como Cristo, e ser tudo o que Cristo tinha em mente para ele. Esse objetivo absorvia a sua energia. Isto fornece um exemplo útil. Não devemos permitir que nada desvie os nossos olhos do nosso alvo que é conhecer a Cristo. O pleno conhecimento de Cristo é o prêmio final pelo qual os crentes alegremente deixam de lado todas as outras coisas. Com a simplicidade de um atleta em treinamento, devemos deixar de lado tudo que seja prejudicial e abandonar tudo o que possa nos distrair de sermos cristãos eficazes.
2. O sentimento de incompletude de Paulo. Embora tenha sido um homem de Deus, um vaso de honra, um servo fiel, um instrumento valoroso na pregação do evangelho e na implantação de igrejas, Paulo nunca ficou satisfeito com suas vitórias espirituais. À semelhança de Moisés, ele sempre queria mais (Ex 33:18).
"... uma coisa faço..." (Fp 3:13b). O apóstolo Paulo tinha seus olhos fixos na meta e não se desviava de seu objetivo. Ele era um homem dedicado exclusivamente à causa do evangelho. Não se deixava distrair por outros interesses. Sua mente estava voltada inteira e exclusivamente para fazer a vontade de Deus.
Uma "insatisfação santa" é o primeiro elemento essencial para avançar na corrida cristã. Muitos cristãos estão satisfeitos consigo mesmos ao se compararem àqueles que já estão trôpegos e parados. Paulo não se comparava com outros, mas com Cristo. Ele ainda não chegou à perfeição (Fp 3:12), muito embora seja amadurecido na fé (Fp 3:15). Uma das características dessa maturidade é a consciência da própria imperfeição. O cristão maduro faz uma auto-avaliação honesta e se esforça para melhorar. A luta contra o pecado ainda não terminou, pois a perfeição não se alcança na presente vida – “Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal varão é perfeito e poderoso para também refrear todo o corpo” (Tg 3:2). Veja mais: Rm 7:14-24 e 1João 1:8.
3. O engano da presunção espiritual. Os judaizantes se vangloriavam de sua "perfeição", quer fosse como judeus que professavam guardar a lei em sua inteireza, quer como judeus cristãos que se "gloriavam" da circuncisão. Os cristãos gnósticos, por sua vez, reivindicavam serem iluminados, como homens do Espírito. Paulo, porém, explicitamente negou aquilo que eles afirmavam ter obtido, isto é, a "perfeição''.
A presunção espiritual é um engano e um sinal evidente de imaturidade espiritual. A igreja de Sardes julgava a si mesma uma igreja viva, mas na avaliação de Jesus estava morta (Ap 3:1). A igreja de Laodicéia se considerava rica e abastada, mas Jesus a considerou uma igreja pobre, cega e nua (Ap 3:17). Sansão pensou que ainda tinha força quando, na realidade, a perdera (Jz 16:20).
O despertamento espiritual de uma igreja começa não pela altivez espiritual, mas pela humildade e o reconhecimento de que ainda precisa buscar mais a Deus. Tenhamos, pois, o mesmo sentimento que tinha Davi: “Como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus! A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus? (Sl 42:1,2).
II. A MATURIDADE ESPIRITUAL DOS FILIPENSES (Fp 3:15,16)
Pelo que todos quantos já somos perfeitos sintamos isto mesmo; e, se sentis alguma coisa doutra maneira, também Deus vo-lo revelará. Mas, naquilo a que já chegamos, andemos segundo a mesma regra e sintamos o mesmo” (Fp 3:15,16).
1. Somos perfeitos (Fp 3:15)? Ainda não! Leia Romanos 7:14-24 para se conscientizar disto! Todavia, nos esforçamos para que um Dia cheguemos à estatura de varão perfeito (Ef 4:13), que se dará, certamente, na nossa glorificação, ou seja, quando o nosso corpo corruptível for revestido da incorruptibilidade - “Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade. E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória (1Co 15:53,54)
O apóstolo Paulo, apesar de todas as suas experiências, desde o seu encontro com o Cristo ressuscitado no caminho para Damasco, não considerava ter alcançado a perfeição, mas também não transigia em afirmar: "esquecendo-me das coisas que atrás ficam e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo". Com estas palavras Paulo demonstra que o discípulo de Cristo sempre deve encarar a sua peregrinação cristã como um caminho inacabado. A vida que Deus dá ao discípulo é uma caminhada de construções e crescimentos. Uma hora ele pode cair, mas o Senhor o acolhe e levanta. Outra vez, ele pode se sentir imaturo, mas o Senhor o ensina. A vida do discípulo de Cristo está em constante desenvolvimento.
2. O cristão deve andar conforme a maturidade alcançada (Fp 3:16). ”Mas, naquilo a que já chegamos, andemos segundo a mesma regra e sintamos o mesmo”. Neste texto, a palavra grega “stochein”, “andemos, é um termo militar que significa “permanecer em linha”. Não basta correr com disposição e vencer a corrida; o corredor também deve obedecer às regras. Nos jogos gregos, os juízes eram extremamente rígidos com respeito aos regulamentos, e o atleta que cometesse qualquer infração era desqualificado. Em Filipenses 3:15,16, Paulo enfatiza a importância de os cristãos lembrarem as "regras espirituais" que se encontram na Palavra de Deus. A Bíblia está cheia de exemplos de pessoas que começaram bem a corrida, mas não chegaram ao fim por não levarem as regras de Deus a sério. Devemos correr sem carregar pesos inúteis do pecado e olhar firmemente para Jesus, o nosso alvo.
Portanto, a maturidade cristã envolve agir com base na instrução que já recebemos, a saber, a doutrina de Cristo, que é a Palavra de Deus. Assim, esse “andemos segundo a mesma regra”(Fp 3:16) significa que devemos ter o mesmo modo de viver de Cristo, tanto nas atitudes, ações e comportamento em geral. Foi agindo dessa maneira que os crentes de Antioquia foram chamados de cristãos, porque tudo que eles faziam se parecia com Cristo (At 11:26).
3. Exemplo a ser imitado (Fp 3:17).Sede também meus imitadores, irmãos, e tende cuidado, segundo o exemplo que tendes em nós, pelos que assim andam”.
Paulo desafiou os filipenses a buscarem a semelhança de Cristo seguindo o exemplo do próprio Paulo, assim como os exemplos de outros cujas vidas eram baseadas na dele (aqueles crentes maduros mencionados em Fp 3:15). Isto não era egoísmo da parte de Paulo, porque ele sempre enfocou Jesus Cristo e rogou aos crentes para também seguirem o exemplo de outros que seguiam a Cristo. Eles não deveriam seguir os falsos obreiros ou os inimigos da cruz(Fp 3:18). Em vez disso, como Paulo enfocava a sua vida em ser como Cristo, eles também deveriam fazer o mesmo. Portanto, ele rogou que eles o imitassem como um guia prático de conduta.
O fato de Paulo poder dizer às pessoas para seguirem o seu exemplo é um testemunho de seu caráter. Você pode fazer o mesmo? Que tipo de seguidor um novo cristão se tornaria se ele lhe imitasse? Às vezes, de brincadeira, ouvimos alguém dizer: “faça o que eu digo, mas não o que eu faço”. Não era assim com o apóstolo Paulo. Ele pôde apresentar sua vida como modelo de devoção total a Cristo e sua causa.

III. A ASPIRAÇÃO CRISTÃ HOJE

Viver no centro da vontade de Deus deve ser a aspiração do cristão que é sincero em sua prática cristã. Todo esforço neste sentido é sem dúvida extremamente compensador. Devemos cumprir a vontade de Deus, não de boca, mas de atos concretos de obediência à Sua Palavra.
1. A atualidade do desejo Paulino. O propósito de Paulo em relação a si e aos cristãos de Filipos deve servir-nos de instrução, pois as dificuldades, tentações e demais obstáculos que serviam de empecilhos à vida de comunhão naquela época continuam atuais e bem maiores. A vida cristã não é um mundo de fantasia! Não é a falsa ideia de ter Deus na perspectiva de um papai Noel ou de um garçom que está disponível a servir o próprio capricho do ser humano. A vida de Paulo nos mostra uma verdade inevitável: a de quem quiser viver uma vida de fidelidade a Deus e de intensa busca pela maturidade espiritual precisa reconhecer que padecerá as mesmas angústias que o apóstolo padecia. Você ama ao Senhor? Deseja estar com Ele por onde quer que você ande? Então, o caminho é desembaraçar-se das coisas deste mundo, pois mesmo em angústias receberemos "o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus". Precisamos ter uma vida centrada na Pessoa de Jesus Cristo, e ter uma vida centrada nEle é saber que apesar das angústias desta vida, todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam ao Senhor.
2. O cristão deve almejar a maturidade espiritual. Ao aceitarmos a Jesus e recebermos a salvação, candidatamo-nos à carreira cristã que exigirá esforço e determinação, a fim de que alcancemos a maturidade na fé. A salvação nos é dada pela graça mediante a fé em Cristo Jesus. Mas, o crescimento espiritual na salvação depende de esforço e disciplina constante para que cheguemos à estatura de varão perfeito, segundo o modelo de Cristo Jesus. Então a salvação que alcançamos pela fé na obra redentora de Cristo, não é o fim, mas o início da caminhada. Nenhum esforço humano poderia ter causado a salvação, pois a redenção da alma é caríssima. Entretanto, uma vez salvo, temos o dever de desenvolver a nossa salvação até o ponto da maturidade plena no Senhor Jesus.
Devemos nos conscientizar, pois, que a busca constante da maturidade espiritual é um desafio que está posto a todos nós que aspiramos a concretização do alvo que Jesus estabeleceu para todos nós, o Céu. O que era responsabilidade de Deus fazer, Ele efetivamente fez. Temos, então, de cumprir a nossa parte no processo, desenvolvendo-nos na fé, confiados no poder que Deus liberou-nos pela presença do Espírito Santo que em nós habita. Ainda não somos perfeitos na qualidade e proporção que o Senhor deseja. Mas, estamos a caminho, perseguindo a perfeição até que um dia cheguemos a estatura de varões perfeitos em Cristo. Certamente, não somos ainda o que gostaríamos de ser em outro mundo, mas graças a Deus, não somos mais aquilo que fomos um dia, e pela Graça de Deus somos o que somos.
3. Rejeitando a fantasia da falsa vida cristã. Qual a sua aspiração cristã hoje? Na sociedade atual, temos visto muitos cristãos lutando arduamente pela conquista de bens materiais, fama, prestigio e poder. As pessoas querem, a todo o custo, serem VIPs. Mas, o que adianta ter todos os bens nesta terra, ser VIP, ter prestigio e no fim de tudo não desfrutar da vida eterna com Cristo? Creio que o desejo maior do autêntico cristão deve ser a conquista do prêmio da soberana vocação em Cristo Jesus, a salvação. Sigamos o exemplo da vida de Paulo; seu alvo era a pessoa de Jesus Cristo; seu ideal e sua aspiração constituíam em conhecer mais do Mestre.

CONCLUSÃO

No decurso da nossa vida, há todos os tipos de distrações e tentações, tais como os cuidados deste mundo, as riquezas e os desejos ímpios, que ameaçam sufocar nossa dedicação ao Senhor. Necessário é esquecer-se das “coisas que atrás ficam”, isto é, o mundo iníquo e nossa velha vida de pecado, e avançar para as coisas que estão adiante, a saber, a salvação completa e final em Cristo. Que posamos fazer a mesma declaração do apóstolo Paulo: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim” (Cl 2:20).
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembleia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.
Revista Ensinador Cristão – nº 55 – CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal.
Filipenses – A alegria triunfante no meio das provas – Rev. Hernandes Dias Lopes.


domingo, 11 de agosto de 2013

Aula 07 – A ATUALIDADE DOS CONSELHOS PAULINOS


3º Trimestre/2013


Texto Básico: Filipenses 3:1-10

 
Guardai-vos dos cães, guardai-vos dos maus obreiros, guardai-vos da falsa circuncisão!”(Fp 3:2)

 

INTRODUÇÃO

Sem dúvida nenhuma, os conselhos do apóstolo Paulo contidos em Fp 3:1-10 são bastante atual, oportuno e urgente. Como ocorria na igreja de Filipos, em nossos dias, a verdade de Deus tem sido atacada. Esses ataques não vêm apenas dos insolentes críticos da fé cristã, mas daqueles que se infiltram na igreja, com falsa piedade e perigosas heresias. Estamos vendo, com profunda consternação, a igreja evangélica brasileira deixando o antigo evangelho, o evangelho da cruz, para abraçar um evangelho híbrido, sincrético e místico. Um evangelho centrado no homem, e não na consumada e bendita obra de Cristo. Precisamos também nos acautelar!

I. A ALEGRIA DO SENHOR

“... Alegrai-vos no Senhor...”(Fp 3:1. Como já disse no inicio deste trimestre, a nota dominante em toda a carta aos FIlipenses é a alegria triunfante. Paulo, embora fosse um prisioneiro, era muito feliz, e incentivava e ainda incentiva seus leitores a sempre a alegrarem-se em Cristo. Aliás, a alegria aqui não é um substantivo é um verbo, que está no imperativo: “alegrai-vos”, isto porque o evangelho que nos alcançou é “nova de grande alegria”, o reino de Deus que está dentro de nós é alegria no Espírito Santo, o fruto do Espírito é alegria, e a ordem de Deus é “alegrai-vos. E mais, a alegria do cristão não é um sentimento, é uma pessoa: o Senhor Jesus. Por isso, Paulo diz : “Alegrai-vos no Senhor”. Quem tem Jesus, experimenta essa verdadeira alegria; Quem não tem Jesus, pode ter momentos de alegria, mas não a alegria verdadeira.

A verdadeira alegria não se confunde com momentos felizes. A felicidade é frequentemente confundida com a alegria, mas as duas são muito diferentes. A alegria cristã vem de conhecer e confiar em Deus; a felicidade vem como resultado de circunstâncias favoráveis. A alegria cristã não é ausência de problemas nem circunstâncias favoráveis; a alegria cristã é duradoura, é ultracircunstancial; podemos sentir alegria apesar dos nossos problemas mais profundos; a felicidade é temporária, porque ela é baseada em circunstâncias externas. A alegria cristã está centrada não em coisas ou situações, mas na Pessoa de Cristo; Ele é a nossa alegria; nossa alegria é cristocêntrica!

Paulo era capaz de se alegrar apesar de seu sofrimento porque ele conhecia e confiava em Deus. Ele não deixava que as circunstâncias adversas o desanimassem. Para permanecermos alegres, devemos nos lembrar, constantemente, do amor de Deus por nós e da nossa vida definitiva com Ele no Céu. A alegria de conhecer a Cristo mantinha Paulo equilibrado, não importando quais fossem as suas circunstâncias, boas ou ruins (ler Fp 4:12). Paulo nunca se cansava de dizer isto aos crentes de Filipos, porque era para o próprio bem deles. Uma atitude de alegria ajudaria os crentes a se guardarem contra as práticas sobre as quais Paulo tão intensamente advertia: dissensão, murmuração, e atitudes de superioridade. Se perdermos a alegria do Senhor, estaremos suscetíveis a estas atitudes. A alegria atua como uma barreira contra elas. Ela garante a segurança da nossa esperança cristã.

II. A TRÍPLICE ADVERTÊNCIA CONTRA OS INIMIGOS (Fp 3:2-4)

Guardai-vos dos cães, guardai-vos dos maus obreiros, guardai-vos da circuncisão! Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne”(Fp 3:2,3).

Paulo adverte os crentes a se guardarem de um grupo de pessoas em particular que ele descreveu usando três termos depreciativos diferentes: cães, maus obreiros e circuncisão. É provável que essas três expressões se refiram ao mesmo grupo de homens: os falsos ensinadores, que procuravam submeter os cristãos ao judaísmo e ensinavam que só haveria justificação para quem guardasse a lei e seus rituais.

1. “Guardai-vos dos cães”. Em primeiro lugar, tais ensinadores eram “cães”. Na Bíblia, os “cães” são animais imundos. Esse termo era usado pelos judeus para descrever os gentios. Nas terras do Oriente, os cães eram criaturas sem lar e, como não tinham dono, viviam nas ruas procurando alimento onde pudessem. Paulo vira o feitiço contra o feiticeiro, aplicando a alcunha de “cães” aos falsos ensinadores do judaísmo que procuravam corromper a Igreja. Eles viviam à margem da Igreja, procurando sobreviver de rituais e de cerimônias. “Apanhavam migalhas quando podiam estar assentados dentro da festa”.

2. “Guardai-vos dos maus obreiros”. Em segundo lugar, aqueles ensinadores eram “maus obreiros”. Eles eram obreiros da iniquidade (Lc 13:27) e obreiros fraudulentos (1Co 11:13). Desviavam a atenção de Cristo e de Sua redenção perfeita e a fixavam em rituais ultrapassados e em obras humanas. Eles trabalhavam contra Deus e para desfazerem a obra de Deus. Laboravam para o erro e para desviarem as pessoas da verdade. Para esses mestres judaizantes, agir com justiça era observar a lei e segui-la em seus múltiplos detalhes e cumprir suas inumeráveis regras e prescrições. Mas Paulo estava seguro de que a única classe de justiça que agrada a Deus consiste em render-se livremente à Sua graça.

3. “Guardai-vos da circuncisão”. Em terceiro lugar, Paulo se referem a esses ensinadores como homens da “circuncisão” ou da “falsa circuncisão”(ARA). Esses ensinadores que se diziam cristãos de origem judaica erroneamente acreditavam que era essencial que os gentios seguissem todas as leis do Antigo Testamento, dizendo que os crentes gentios tinham que ser circuncidados para que pudessem ser salvos. Esses mestres judaizantes trocaram a graça de Deus por um rito físico. Eles queriam inserir na mensagem do evangelho a obrigatoriedade da circuncisão como condição indispensável para a salvação (At 15:1). Assim, a salvação deixava de ser pela fé somente e passava a depender do esforço humano. Eles se vangloriavam de uma incisão na carne, em vez de uma mudança no coração. Eles cortavam o prepúcio do órgão sexual masculino, porém não cortavam o prepúcio do coração. Paulo escarnece dessa falsa confiança deles no rito da circuncisão, em vez de confiarem na graça de Deus.

Paulo, mesmo sob algemas, não cala sua voz. Ele denuncia e desmascara esses mestres com veemência como já fizera outras vezes (Gl 1:6-9; 3:1; 5:1-12; 6:12-15; 2Co 11:13). A preocupação de Paulo era que nada ficasse no caminho da verdade simples de sua mensagem: que a salvação, para judeus e gentios igualmente, vem somente através da fé em Jesus Cristo. E a igreja primitiva já tinha confirmado o ensino de Paulo no Concílio de Jerusalém, há onze anos (veja At 15).

III. A VERDADEIRA CIRCUNCISÃO (Fp 3:3)

Assim como Paulo fez uma tríplice descrição dos falsos mestres, também faz uma tríplice identificação do povo de Deus. Os falsos mestres queriam tornar o cristianismo uma seita judaica. Eles ensinavam que a salvação dependia da circuncisão, anulando, assim, a suficiência do sacrifício de Cristo. Pregavam que a graça de Deus não era suficiente para a salvação e que o homem tinha de concorrer e cooperar com Deus nessa obra, circuncidando-se. Paulo refuta vigorosamente essa heresia, mostrando que a verdadeira circuncisão não é aquela feita na carne, mas a circuncisão do coração, operada pelo Espírito Santo de Deus. A Igreja, e não os falsos mestres, é que possui a verdadeira circuncisão. Paulo diz: "Porque nós é que somos a circuncisão...” (Fp 3:3).

1. A circuncisão no Antigo Testamento. No Antigo Testamento, a circuncisão tinha sido um sinal e selo da aliança ou pacto que Deus fez com Abraão e seus descendentes – “Disse mais Deus a Abraão: guardarás a minha aliança, tu e tua descendência no decurso das suas gerações. Esta é a minha aliança, que guardareis entre mim e vós e a tua descendência: todo macho entre vós será circuncidado. Circuncidareis a carne do vosso prepúcio; será isso por sinal de aliança entre mim e vós (Gn 17:9-11-ARA).  Era, portanto, um sinal físico para o povo de Deus do seu relacionamento com o Senhor. Também, era um meio de fazer o povo de Deus, os judeus, lembrar-se das promessas que Deus lhe dera, e das suas próprias obrigações pessoais ante a aliança (Gn 17:14). Esse ato tinha também uma aplicação espiritual, porque a marca física deveria ser o sinal de um relacionamento espiritual com Deus – “E o SENHOR, teu Deus, circuncidará o teu coração e o coração de tua semente, para amares ao SENHOR, teu Deus, com todo o coração e com toda a tua alma, para sempre” (Dt 30:6).

2. A verdadeira circuncisão não deixa marcas físicas. Em determinada época, o sinal físico de circuncisão separou o povo de Deus, os judeus, dos gentios. Depois de Jesus Cristo, todas as pessoas podem fazer parte da família de Deus, crendo em Jesus Cristo como Senhor e Salvador. Os cristãos autênticos são os únicos verdadeiros circuncidados.

Diz o apóstolo Paulo: “Porque nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne” (Fp 3:3). Nós [os cristãos autênticos] é que somos a circuncisão – não aqueles que por sorte nasceram de pais judeus nem os que são circuncidados fisicamente, mas aqueles que reconhecem que a carne para nada aproveita, que o homem, na própria força, nada pode fazer para conseguir um sorriso de aprovação de Deus. A verdadeira circuncisão não deixa marcas físicas.

Para aqueles que fazem parte da verdadeira circuncisão, o apóstolo Paulo apresenta três características:

a) Adoramos a Deus no Espírito (Fp 3:3b). O povo de Deus é identificado pela adoração. Os crentes adoram por meio do Espirito de Deus e no Espirito de Deus. O Espirito Santo, que é a terceira Pessoa da Trindade, é vital para todos os aspectos da nossa vida cristã. A igreja adora a Deus e o faz mediante a ação do Espírito Santo. Toda adoração que não é prestada a Deus é idolatria; toda adoração oferecida a Deus sem a ação do Espírito não é aceitável por Ele. A adoração é sempre inspirada pelo Espirito Santo.

b) Nos gloriamos em Cristo Jesus (Fp 3:3c). A palavra traduzida como “gloriar-se” também poderia ser traduzida como “exaltar”. Paulo explicou que os verdadeiros cristãos exultam, não em suas obras, como se de alguma forma salvassem a si mesmo, mas somente em Cristo Jesus. Somente Ele é a base de nosso regozijo. O povo de Deus se gloria na cruz de Cristo, isto é, em sua expiação, como a única base para a sua salvação. O Senhor é o objeto da exultação dos crentes. Portanto, aquele que se gloria, glorie-se no Senhor (1Co 1:31; 2Co 10:17).

c) Não confiamos na carne (Fp 3:3d).Carne” aqui é a natureza humana centrada em si mesma. Mesmo quando exerce a moral e a religião, o ser humano fica preso a seu eu, cultiva e o gloria, até mesmo quando cita o nome  de Deus. Na igreja de Filipos, os judaizantes estavam cofiados na “carne”, em rituais, em cerimônias externas, em realizações humanas. Eles dependiam de sua obediência à lei judaica, e especialmente à aliança da circuncisão, para torná-los aceitáveis a Deus.  Em contraste, os autênticos cristãos não colocavam a sua confiança em nada que fizessem ou deixassem de fazer, mas naquilo que Deus, através de Jesus Cristo, havia feito por eles. A igreja é um povo que põe sua confiança em Deus e sua fé na Pessoa bendita de Jesus Cristo.

CONCLUSÃO

Tenhamos cuidado para não perdermos a identidade de verdadeiros cristãos. Conservemos a sã doutrina, pois o Inimigo tenta macular a Igreja de Cristo mediante as heresias, modismos e costumes mundanos, através de influências externas e, principalmente internas. Sigamos o conselho de Paulo a Igreja de Filipos: “Guardai-vos dos cães, guardai-vos dos maus obreiros, guarda-vos da falsa circuncisão” (Fp 3:2); e também a Timóteo: "Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina..." (1Tm 4:16).

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembleia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.

Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.

Revista Ensinador Cristão – nº 55 – CPAD.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal.

Filipenses – A alegria triunfante no meio das provas – Rev. Hernandes Dias Lopes.

 

domingo, 4 de agosto de 2013

Aula 06 - A FIDELIDADE DOS OBREIROS DO SENHOR

3º Trimestre/2013

Texto Básico: Filipenses 2:19-30


“Espero, porém, no Senhor Jesus, mandar-vos Timóteo, o mais breve possível, a fim de que eu me sinta animado também, tendo conhecimento da vossa situação” (Fp 2:19 –ARA)

INTRODUÇÃO

Na Aula 04, vimos Paulo apresentar o Senhor Jesus como o exemplo, o modelo de supremo de humildade. Mas alguém poderia argumentar: “Sim, mas Jesus era Deus e nós somos simples mortais”. Por isso, na Carta aos Filipenses, Paulo dá três exemplos de homens que manifestavam essa mesma atitude de Cristo: ele mesmo (Paulo – Fp 2:17,18), Timóteo e Epafrodito(Fp 2:19-30). Se compararmos Cristo ao Sol, esses três homens de Deus são luas refletindo a glória do Sol. São luzeiros num mundo em trevas. É bom nos conscientizarmos que, conquanto sejamos luz do mundo, não temos luz própria. Nós somos apenas como a lua, refletimos a luz do Sol (Jesus Cristo).
Nesta Aula, cabe uma reflexão do pastorado contemporâneo à luz do contexto evangélico atual. A cada ano a igreja evangélica se torna mais forte, midiática, política e numerosa. A tentação de homens desejarem o "episcopado" pela motivação errada é enorme. Não há outro caminho a ser feito para evitar as motivações erradas que o da humilhação, voluntariedade e simplicidade. Por isso todo candidato ao Ministério Eclesiástico precisa mergulhar profundamente no compêndio doutrinário da Igreja, o Novo Testamento, e vivenciar a vida daqueles que deram tudo de si para o engrandecimento do Reino de Cristo. Trataremos, à luz de Filipenses 2:19-30, da dedicação e fidelidade de Paulo, Timóteo e Epafrodito, homens que não mediram esforços para que a Obra de Cristo fosse plenamente exitosa.

I. A PREOCUPAÇÃO DE PAULO COM A IGREJA

O apóstolo Paulo era um verdadeiro pastor: provado e aprovado por Cristo. Um líder comprometido com o pastorado. Um líder que amava a Igreja de Cristo. Um líder que valorizava as pessoas. Embora estivesse tão distante, cerca de mil e cem quilômetros, tinha o seu coração inclinado para os cristãos de Filipos. Ele era um líder que amava a igreja e se preocupava com ela. Sem dúvida, estas são características basilares de um verdadeiro pastor. São as mesmas que vivenciava o seu Líder-mor, Jesus. Ele chegou a dizer que: "O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas" (João 10:11). Não há dúvidas que esta era a disposição do apóstolo Paulo. Somente dá a vida por alguém aquele que compreende o real valor do outro. Para o apóstolo o valor de uma vida era incalculável. Por isso, mesmo preso, Paulo informa o seu plano de enviar Timóteo a Filipos e a ida de Epafrodito, levando informações escritas, a saber, a Epístola de Filipenses, para assegurar aos cristãos daquela comunidade do bem-estar de Paulo. Estes obreiros, os quais foram preparados por Paulo, eram pessoas da sua maior confiança. Eles haviam aprendido o modelo paulino de liderança. Eles sabiam que o exercício do ministério de serviço (pastorado) deve levar em conta a humildade, a disposição e o amor pelas pessoas que constituem o rebanho.
A preocupação de Paulo com a igreja é demonstrada neste conselho contundente e bastante contemporâneo, ao pastor Timóteo: "Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido" (2Tm 3:14). Este era o grande desafio para os obreiros de Filipos. Por ser uma igreja nova na fé o perigo de os seus obreiros desviarem-se do alvo era iminente. Falsos ensinadores, os gnósticos e judaizantes, se multiplicavam nas cercanias da igreja filipense.
O ministério pastoral nunca pode ser encarado numa perspectiva dominadora; mas, servidora, espontânea e voluntária. Deve ser manifestada no mesmo "espírito" de Pedro: "apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente [...] nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho" (1Pe 5:2,3).
II. O ENVIO DE TIMÓTEO A FILIPOS (Fp 2:19-24)
Timóteo estava com Paulo em Roma quando o apóstolo escreveu a carta aos Filipenses. Ele tinha viajado com Paulo em sua segunda viagem missionário, quando a igreja em Filipos ainda estava no início, de modo que os filipenses conheciam Timóteo. Paulo não podia visitar os filipenses, de maneira que ele esperava enviar Timóteo em seu nome. Timóteo tinha visitado várias igrejas como representante de Paulo em outras ocasiões (cf 1Co 4:17; 15:10; 1Ts 3:2).
Veja algumas qualidades especiais de Timóteo que o credenciaram como um Obreiro de confiança do apóstolo Paulo para a missão especial à Igreja de Filipos(Adaptado do livro Filipenses – Rev. Hernandes Dias Lopes):
1. Timóteo, um obreiro de bons Antecedentes. Sua mãe e sua avó eram crentes (2Tm 1:5). Ele conhecia a Palavra de Deus desde a infância (2Tm 3:15). Converteu-se na primeira viagem missionária de Paulo e cresceu espiritualmente, pois passou a ter bom testemunho em sua cidade antes de unir-se ao apóstolo em sua segunda viagem missionária (At 16:1,2). Timóteo era filho de Paulo na fé (1Tm 1:2), cooperador de Paulo (Rm 16:21), e mensageiro de Paulo às igrejas (1Ts 3:6; 1Co 4:17; 16:10,11; Fp 2:19). Ele esteve preso com Paulo em Roma (Fp 1:1; Hb 13:23). Ele tinha um caráter provado (Fp 2:22) e cuidava dos interesses de Cristo (Fp 2:21) e dos interesses da Igreja de Cristo (Fp 2:20). Esteve presente quando a igreja de Filipos foi estabelecida (At 16:11-40; 1Ts 2:2) e, ainda, subsequentemente também os visitou, mais de uma vez (At 19:21,22; 20:3-6; 1Co 1:1). Portanto, ele era o obreiro indicado para ser enviada novamente à igreja de Filipos.
2. Timóteo, um homem singular (Fp 2:20a). Ele era um homem singular pela sua obediência e submissão a Cristo e ao apóstolo Paulo como um filho a um pai.  Havia muitos cooperadores de Paulo, mas Timóteo ocupava um lugar especial no coração do veterano apóstolo.
3. Timóteo, um homem que cuidava dos interesses dos outros (Fp 2:20b). Ele aprendeu o princípio ensinado por Paulo de cuidar dos interesses dos outros (Fp 2:4), princípio esse exemplificado por Cristo (Fp 2:5) e pelo próprio apóstolo (Fp 2:17).
Timóteo vivia de forma altruísta, pois o centro da sua atenção não estava em si mesmo, mas na Igreja de Deus. Ele não buscava riqueza, nem promoção pessoal. Ele não estava no ministério em busca de vantagens; ele tinha um alvo: cuidar dos interesses da igreja.
4. Timóteo, um homem que cuidava dos interesses de Cristo (Fp 2:21). Só existem dois estilos de vida: daqueles que vivem para si mesmos (Fp 2:21) e daqueles que vivem para Cristo (Fp 1:21). Timóteo queria cuidar dos interesses de Cristo, e não dos seus próprios. Sua vida estava centrada em Cristo (Fp 2:21) e nos irmãos (Fp 2:20b), e não no seu próprio eu (Fp 2:21). Embora alguns em Roma pregassem o evangelho "por amor" (Fp 1:16), de todos quantos estavam disponíveis perante Paulo, nenhum era tão destituído de egoísmo quanto Timóteo. Para Timóteo, como para Paulo, a causa de Cristo Jesus envolvia o bem-estar de seu povo.
5. Timóteo, um homem de caráter provado (Fp 2:22). Timóteo desfrutava de um bom testemunho antes de ser missionário (At 16:1,2), e agora, quando Paulo está para lhe passar o bastão, como continuador da sua obra, dá testemunho de que ele continua tendo um caráter provado (Fp 2:22).
É lamentável que muitos líderes religiosos que são grandes em fama e riqueza sejam anões no caráter. Vivemos uma crise avassaladora de integridade no meio evangélico brasileiro. Precisamos urgentemente de homens íntegros, provados, que sejam modelo do rebanho.
III. EPAFRODITO, UM OBREIRO DEDICADO (Fp 2:25-30)
25. Julguei, contudo, necessário mandar até vós Epafrodito, por um lado, meu irmão, cooperador e companheiro de lutas; e, por outro lado, vosso enviado e vosso auxiliar nas minhas necessidades;
26. Porquanto tinha muitas saudades de vós todos e estava muito angustiado de que tivésseis ouvido que ele estivera doente.
27. E, de fato, esteve doente e quase à morte, mas Deus se apiedou dele e não somente dele, mas também de mim, para que eu não tivesse tristeza sobre tristeza.
28. Por isso, vo-lo enviei mais depressa, para que, vendo-o outra vez, vos regozijeis, e eu tenha menos tristeza.
29. “Recebei-o, pois, no Senhor, com toda a alegria, e honrai sempre a homens como esse”;
30. Porque, pela obra de Cristo, chegou até bem próximo da morte, não fazendo caso da vida, para suprir para comigo a falta do vosso serviço.
O apóstolo Paulo agora se volta de Timóteo para Epafrodito. Este valoroso e dedicado obreiro só é citado na Carta aos Filipenses, no capítulo 2:25-30 e no capítulo 4:18, mas é o suficiente para compreendermos seu profundo amor por Jesus e pela Igreja.
Não sabemos se ele é o Epafras de Colossenses 4:12. Não há como afirmar isso com certeza. Em todo caso, sabemos que morava em Filipos, era um gentil, e que pode ter sido um presbítero da igreja.
Vejamos, em resumo, uma análise do texto de Fp 2:25-30.
“... por um lado, meu irmão, cooperador e companheiro de lutas; e, por outro lado, vosso enviado e vosso auxiliar nas minhas necessidades(Fp 2:25).
- “por um lado, meu irmão, cooperador e companheiro de lutas”. Paulo queria que os filipenses soubessem o quanto ele estimava Epafrodito, de modo que ele o caracterizou através de três nomes (cf Fp 2:25):
·   meu irmão, significando um irmão em Cristo.  Se nós estamos em Cristo, há um elo de amor fraternal que nos une uns aos outros. Essa é uma palavra que destaca a relação de família.
·   meu cooperador, que significa que ele também estava trabalhando para o Reino de Deus. Epafrodito era um trabalhador na obra de Cristo e um ajudador de Paulo.
·   meu companheiro nos combates, referindo-se à solidariedade entre os crentes que estão lutando na mesma batalha. A vida cristã não é um parque de diversões, uma colônia de férias, mas um campo de guerra. Epafrodito estava no meio desse campo de lutas com o apóstolo Paulo. Epafrodito era um homem que sabia trabalhar com os outros, qualidade essencial na vida cristã e no serviço do Senhor. Sejamos “cooperadores e companheiros de lutas”, para o bem da obra do Senhor.
- “por outro lado, vosso enviado e vosso auxiliar nas minhas necessidades”. Paulo declara ser Epafrodito um “enviado”, ou seja, um mensageiro para prover as suas necessidades. Percebemos nisso, outra indicação importante de sua personalidade. Aqui, Paulo descreve Epafrodito de duas maneiras em relação ao seu serviço à igreja:
·   Primeiro, ele é descrito como um “enviado”, ou seja, um mensageiro, um “apóstolo” da igreja. Aqui a palavra "apóstolo" tem o sentido "daquele que é enviado com um recado". A missão de Epafrodito não foi apenas a de trazer a Paulo o donativo da igreja filipense, mas também a de servir a Paulo de qualquer forma que fosse requerida. Portanto, Epafrodito fora “enviado” tanto para levar uma oferta quanto para ser uma oferta dos filipenses a Paulo.
·   Segundo, ele é descrito como “auxiliar” da igreja para ajudar Paulo. Paulo quer nos ensinar que o crente é um sacerdote que ministra um culto a Deus enquanto atende às necessidades dos outros. Epafrodito fazia do seu serviço prestado à igreja uma “liturgia” e um culto a Deus. Epafrodito tinha ido a Roma não apenas para levar recursos financeiros para Paulo, mas também para ministrar às necessidades espirituais de Paulo, sem prazo determinado para voltar.
Esse dedicado obreiro colocou as necessidades dos outros acima de suas próprias. Ele estava sempre pronto a fazer os trabalhos mais comuns e menos honrosos. Hoje, são muitos os interessados em trabalhos agradáveis e visíveis. Deve-se reconhecer e agradecer a Deus a vida daqueles que fazem trabalho rotineiro, sem alarde e sem visibilidade. Por fazer o trabalho árduo, Epafrodito se humilhou. Deus, porém, o exaltou, registrando seu fiel serviço no capítulo 2 da Carta aos Filipenses, para conhecimento das gerações vindouras.
“Porquanto tinha muitas saudades de vós todos e estava muito angustiado de que tivésseis ouvido que ele estivera doente. E, de fato, esteve doente e quase à morte, mas Deus se apiedou dele e não somente dele, mas também de mim, para que eu não tivesse tristeza sobre tristeza” (Fp 2:26,27).
A igreja de Filipos enviou Epafrodito a uma distância de pelo menos mil e cem quilômetros para prestar ajuda a Paulo. O fiel mensageiro adoeceu como resultado disso, pouco faltando para morrer. Essa situação deixou Epafrodito preocupado – não com sua doença, mas pelo receio de que os santos de Filipos viessem a saber disso e se culpassem por tê-lo enviado naquela viagem, pondo sua vida em risco. Vemos em Epafrodito verdadeiramente “um coração despreocupado quanto a si mesmo”.
Estes versículos são muito importantes para esclarecer sobre o assunto da cura divina:
- Em primeiro lugar, a doença nem sempre é consequência de pecado na vida. Epafrodito adoeceu por ser fiel no cumprimento de suas responsabilidades - cf. v.30 -: “pela obra de Cristo, chegou até bem próximo da morte”.
- Em segundo lugar, nem sempre é da vontade de Deus a cura instantânea e miraculosa da pessoa. Pelo que se vê, a doença de Epafrodito se prolongou, e sua recuperação foi lenta (cf. também 2Tm 4:20; 3João 2).
- Em terceiro lugar, a cura é pela misericórdia de Deus, e não coisa que possamos exigir dEle como nosso direito. A cura de Epafrodito foi um ato da misericórdia de Deus. Não há aqui qualquer palavra de Paulo acerca da cura pela fé. Simplesmente o apóstolo afirma que Deus teve misericórdia dele e de Epafrodito. Portanto, precisamos nos acautelar acerca dos embusteiros que enganam os incautos com falsos milagres e se enriquecem com promessas vazias.
“Por isso, vo-lo enviei mais depressa, para que, vendo-o outra vez, vos regozijeis, e eu tenha menos tristeza”(Fp 2:28).  
Depois que Epafrodito se recuperou, Paulo se apressou em mandá-lo para casa. Epafrodito pode ter sido enviado a Roma para permanecer com Paulo indefinidamente, ministrando e encorajando o apóstolo, que estava preso. Como Timóteo, ele colocava a necessidade de outro à frente da sua (veja Fp 2:4). Todavia, depois de sua severa enfermidade (Fp 2:26), Paulo achou necessário enviá-lo de volta a Filipos. Epafrodito tinha feito o seu trabalho tão bem, que poderia voltar a Filipos levando consigo uma Carta de agradecimento e estímulo de Paulo.
“Recebei-o, pois, no Senhor, com toda a alegria, e honrai sempre a homens como esse”(Fp 2:29 - ARA).
Os filipenses não deviam apenas receber Epafrodito com alegria, mas também honrar esse querido homem de Deus. O mundo honra aqueles que são inteligentes, belos, ricos e poderosos. Que tipo de pessoa a igreja deve honrar? Epafrodito foi chamado de irmão, cooperador, companheiro de lutas, mensageiro e auxiliar. Esses são os emblemas da honra. Paulo nos encoraja a honrar aqueles que arriscam a própria vida por amor de Cristo e o cuidado dos outros, indo onde não podemos ir por nós mesmos.
“Porque, pela obra de Cristo, chegou até bem próximo da morte, não fazendo caso da vida, para suprir para comigo a falta do vosso serviço” (Fp 2:30).
A viagem, de Filipos a Roma, era uma longa e árdua jornada de mais de mil quilômetros. Associar-se a um homem acusado, preso e na iminência de ser condenado também constituía um risco sério. Entretanto, Epafrodito se dispôs a enfrentar todas essas dificuldades pela obra de Cristo a favor da assistência material e espiritual a Paulo na prisão. Na verdade, Epafrodito jogou sua própria vida pela causa de Jesus Cristo arriscando-a temerariamente. A sua doença estava intimamente ligada ao seu incansável trabalho para Cristo. Isso é algo precioso aos olhos do Senhor. Isso é digno de ser imitado.
Observe os termos: “para suprir para comigo a falta do vosso serviço”. Acredita-se que esses termos se refiram à impossibilidade de os filipenses visitarem Paulo pessoalmente e assim ajudá-lo, por causa da distância entre Filipos e Roma. O apóstolo, portanto, não os está repreendendo, mas apenas afirmando o que Epafrodito fez como representante deles, suprindo o que eles não podiam fazer em pessoa.
Diante do exposto, há dúvida de que Epafrodito foi um obreiro dedicado à Obra de Cristo? Creio que não!

CONCLUSÃO

Paulo era um imitador de Cristo. E Cristo deixou a glória para vir ao mundo morrer em nosso lugar. Cristo viveu para os outros, deu a Sua vida pelos outros (João 3:16) e nos ensinou a fazer o mesmo (1João 3:16), como o fizeram Paulo, Timóteo e Epafrodito.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembleia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.
Revista Ensinador Cristão – nº 55 – CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal.

Filipenses – A alegria triunfante no meio das provas – Rev. Hernandes Dias Lopes.