segunda-feira, 28 de junho de 2010

Aula 01 - O MINISTÉRIO PROFÉTICO NO ANTIGO TESTAMENTO

Texto base: Números 11:24-29
“Certamente o Senhor Jeová não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas”(Am 3:7).
INTRODUÇÃO
Neste 3º trimestre letivo da EBD estudaremos sobre o tema extremamente relevante para os nossos dias: O MINISTÉRIO PROFÉTICO NA BÍBLIA - A VOZ DE DEUS NA TERRA. Vivemos tempos difíceis, o povo de Deus está famélico pela palavra profética autêntica. No entanto, muitos falsos profetas têm se levantado nestes últimos dias enganando o povo com mensagens antibíblicas e plenamente nocivas ao crescimento espiritual da igreja do Senhor, e que tem levado muitos crentes incautos e fiéis cristãos à apostasia, desviando-os do foco principal: a Salvação e a Prosperidade Espiritual. A igreja precisa da profecia e que a Palavra de Deus nos aconselha a não despreza-la. O apóstolo Paulo nos exorta: “Não extingais o Espírito. Não desprezeis as profecias”(1Ts 5:19,20). Todavia, precisamos examinar tudo com sabedoria. A igreja precisa aprender a julgar as profecias e discernir os espíritos. A profecia precisa ser confrontada com a Palavra de Deus, já que o nosso Deus nunca se contradiz e foi Ele, através do seu Espírito, quem a inspirou.
Inicialmente, estudaremos, nesta aula, o assunto: O Ministério Profético no Antigo Testamento. No Antigo Testamento, o profeta era o "porta-voz" de Deus (Êx 7:1; 4:10-16). Era alguém que falava em nome do Senhor: "Serás como a minha boca" (Jr 15:19). Deus escolheu, preparou e inspirou seus servos, os profetas, para admoestar seu povo. Eles se utilizavam de métodos variados para ensinar (Os 12:10; Hb 1:1). Eram educadores ungidos pelo Senhor para ensinar ao povo a viver em santidade, tornando-lhe conhecida sua revelação e desvendando-lhe as coisas futuras (Nm 12:6; 1Rs 19:16; Jr 18:18). Eles não hesitavam em enfrentar reis desobedientes, governadores, sacerdotes ou qualquer tipo de liderança que não seguisse a Palavra de Deus (1Rs 18:18). Tinham, ainda, como missão: lutar contra a idolatria, zelar pela pureza religiosa, justiça social e fidelidade a Deus. Suas mensagens deveriam ser recebidas integralmente por toda a nação como Palavra de Deus (2Cr 20:20). Além de instruir o povo de Israel, os profetas do Antigo Testamento, também, vaticinaram a vinda do Profeta por Excelência, Jesus Cristo, o Messias prometido. O apóstolo Pedro assim se expressou: “Mas Deus assim cumpriu o que já dantes pela boca de todos os seus profetas havia anunciado: que o Cristo havia de padecer”(At 3:18). A obra Redentora de Cristo Jesus pode ser encontrada, tipológica e profeticamente, na Lei de Moisés e nos Profetas: "E todos os profetas, desde Samuel, todos quantos depois falaram, também anunciaram estes dias"(Atos 3:24). No texto em apreço, o apóstolo Pedro apresenta o perfil de Cristo no Antigo Testamento, provando, assim, que os últimos episódios eram o cumprimento das Escrituras.
I. O INÍCIO DO MINISTÉRIO DOS PROFETAS
1. Moisés iniciou o ofício profético em Israel
(Nm 11: 16-29;Dt 18:18). O primeiro profeta mencionado na Bíblia foi Abraão, de onde seria formada a nação israelita (Gn.20:7). No entanto, o primeiro profeta bíblico não foi Abraão, mas, sim, Enoque, que, ainda antes do dilúvio, teria profetizado a respeito do estabelecimento do reino milenial de Cristo (Jd.14). Em seguida, as Escrituras mostram que Deus levantou como profeta a Moisés (Ex.4:15,16). A partir de Moisés, Deus sempre levantou profetas no meio do povo, revelando, sempre, qual era a Sua vontade para o povo. Como o próprio Jesus afirmou, o ofício profético somente se encerrou com João Batista (cf.Mt.11:13), quando, então, veio o próprio Senhor, que não era apenas o porta-voz de Deus, mas o próprio Deus conosco (Mt.1:23).
2. Contexto histórico (Nm 11:11-17). Moisés na liderança espiritual e administrativa do povo de Israel tinha chegado à exaustão física e mental. E para aliviar a carga de Moisés, Deus o instruiu a reunir setenta homens dos anciãos de Israel (Nm 11:16). Parte deste conselho já existia, pelo menos informalmente, durante um ano ou mais, mas o propósito de ter este grupo era mais espiritual do que o anterior(Ex 18:17-26). Pode ser que este grupo fosse formado pelos setenta anciãos que subiram a montanha com Moisés(cf Ex 24:9,10). Mais tarde, os judeus determinaram o padrão do Sinédrio por este evento, mas não há ligação histórica que apóie essa posição.
a) Na Tenda do Encontro(Num 11:24,25). Moisés ajuntou os setenta homens, como fora previamente instruído (11:16,17). E os pôs em roda da tenda (11:24). Ali, o Senhor os visitou com uma capacitação do seu Espírito Santo, o mesmo Espírito que repousava em Moisés; eles profetizaram; mas, depois, nunca mais (cf Nm 11:25). Este ato profético significa “ressoar os louvores de Deus e declarar sua vontade”. A profecia dos setenta deve ter sido proclamações da fidelidade de Deus em vigor até ali na viagem e lembranças da libertação do Egito. Os setenta anciãos estavam, então, levantando o estado de ânimo do povo no acampamento a favor de Deus.
b) Eldade e Medade(Nm 11:26-28). Por alguma razão, dois dos que foram convocados não estavam presentes na Tenda do Encontro. Apesar disso, o Senhor também derramou do seu Espírito sobre eles e eles testemunharam no arraial(11:26) da mesmo maneira que os outros. Um moço (11:27) saiu às pressas para contar a Moisés. Em vista disso, Josué (11:28) recomendou que Eldade e Medade fossem proibidos de profetizar. Diante dessa sugestão, Moisés frisou uma lição válida em todos os tempos: nem todos os que efetivamente servem a Deus são comissionados da mesma maneira, e nem todos vão sob a mesma bandeira(compare com Lc 9:49,50).
c) A promessa do Pai é para Todos – “Porém Moisés lhe disse: Tens tu ciúmes por mim? Tomara que todo o povo do Senhor fosse profeta, que o Senhor lhes desse o seu Espírito!" (Nm 11:29).
Logo após este diálogo entre Moisés e Josué, Moisés fez a clássica proclamação, ressaltando, mesmo naqueles dias antigos, a universalidade do evangelho do Espírito: ”Tomara que todo o povo do Senhor fosse profeta, que o Senhor lhes desse o seu Espírito!”. Nesta proclamação, o servo do Senhor vê mais que o grupo imediato de pessoas que seria usado em missão especial na obra de Deus; ele projeta este derramamento como possibilidade para todos os filhos de Deus (Joel 2:28,29).
II. O PROFETA
Nos chamados tempos bíblicos do Antigo Testamento, o povo de Deus aprendeu a ouvir e crer nos profetas. O conselho era: “Crede no Senhor, vosso Deus, e estareis seguros; crede nos Seus profetas e prosperareis” (2Cr 20:20). Este era o grande segredo: crer em Deus e nos seus profetas. Estes se tornaram tão importantes entre os judeus, que eram consultados pelo povo e pela classe dominante. Deus os considerava tanto que disse que não faria coisas alguma sem antes revelar aos seus servos, os profetas – “ Certamente o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas”(Am 3:7).
1. Seu significado. A palavra "profeta" é grega e significa "aquele que fala por alguém". Profeta é, portanto, a pessoa que fala por Deus, podendo, ou não, predizer o futuro. No hebraico, três são as palavras utilizadas para profeta, a saber: "nabi", "roeh" e "hozeh", palavras que aparecem reunidas em 1Cr.29:29. "Nabi" é a palavra mais comum nas Escrituras hebraicas e tem o mesmo significado do grego "profeta", ou seja, "anunciador", "declarador". Já "roeh" e "hozeh" significam "aquele que vê", ou seja, "vidente", como está traduzido na versão em língua portuguesa, que era, segundo 1Sm.9:9 a antiga denominação dos profetas, querendo com isto dizer aquele que tem uma visão sobrenatural, aquele que Deus dá a enxergar algo que os homens não vêem. Apesar dos esforços dos estudiosos, é difícil estabelecer se havia alguma diferença entre estes termos no início da vida de Israel e, em caso positivo, em que consistiria esta diferença.
2. Como era conhecido e suas funções. Os profetas eram conhecidos por diversos nomes: vidente (1Sm 9:9), profeta (Jr 7:25), mensageiro do Senhor (Ageu 1:13), a Voz (João 1:23), entre outros. Hoje nós, geralmente associamos a função de profeta com a predição de eventos futuros, mas nos tempos bíblicos o profeta se envolvia em um amplo conjunto de atividades espirituais.
O profeta tinha muitas funções: (a) Eles falavam por Deus; (b) Revelavam os propósitos de Deus; (c) Fortaleciam e orientavam os governantes; (d) Encorajavam as pessoas a fortalecerem a fé; (e) Protestavam contra os males; (f) Dirigiam atividades; (g) Ensinavam; (h) Serviam como consultantes e conselheiros para cada fase de atividades nacionais e individuais; (i) Davam advertências; (j) Condenavam o pecado; (k) Pronunciavam os julgamentos de Deus; (l) Às vezes, realizavam milagres; (m) Pregavam. Além do mais, seu ministério não era limitado à nação hebraica. Deus usou alguns para ganharem nações gentílicas à sua verdade.
3. Era homem do Espírito e da Palavra. O profeta não era simplesmente um líder religioso, mas alguém possuído pelo Espírito de Deus (Ez 37:1,4). Pelo fato do Espírito e a Palavra estarem nele, o profeta do Antigo Testamento possuía estas três características:
a) Conhecimentos divinamente revelados. Ele recebia conhecimentos da parte de Deus no tocante às pessoas, aos eventos e à verdade redentora. O propósito primacial de tais conhecimentos era encorajar o povo a permanecer fiel a Deus e ao seu concerto. A característica distintiva da profecia, no Antigo Testamento, era tornar clara a vontade de Deus ao povo mediante a instrução, a correção e a advertência. O Senhor usava os profetas para pronunciarem o seu juízo antes de este ser desferido. Do solo da história sombria de Israel e de Judá, brotaram profecias específicas a respeito do Messias e do reino de Deus, bem como predições sobre os eventos mundiais que ainda estão por ocorrer.
b) Poderes divinamente outorgados. Os profetas eram levados à esfera dos milagres à medida que recebiam a plenitude do Espírito de Deus. Através dos profetas, a vida e o poder divinos eram demonstrados de modo sobrenatural.
c) Estilo de vida característico. Os profetas, na sua maioria, abandonaram as atividades corriqueiras da vida a fim de viverem exclusivamente para Deus. Protestavam intensamente contra a idolatria, a imoralidade e iniqüidades cometidas pelo povo, bem como a corrupção praticada pelos reis e sacerdotes. Suas atividades visavam mudanças santas e justas em Israel. Suas investidas eram sempre em favor do reino de Deus e de sua justiça. Lutavam pelo cumprimento da vontade divina, sem levar em conta os riscos pessoais.
3. Outras características do profeta Veterotestamentário:
a) Era alguém que tinha estreito relacionamento com Deus, e que se tornava confidente do Senhor (Am 3:7). O profeta via o mundo e o povo do concerto sob a perspectiva divina, e não segundo o ponto de vista humano.
b) O profeta, por estar próximo de Deus, achava-se em harmonia com Deus, e em simpatia com aquilo que Ele sofria por causa dos pecados do povo. Compreendia, melhor que qualquer outra pessoa, o propósito, vontade e desejos de Deus. Experimentava as mesmas reações de Deus. Noutras palavras, o profeta não somente ouvia a voz de Deus, como também sentia o seu coração (Jr 6:11; 15:16,17; 20:9).
c) À semelhança de Deus, o profeta amava profundamente o povo. Quando o povo sofria, o profeta sentia profundas dores (ver aula 13 do 2º trimestre/2010). Ele almejava para Israel o melhor da parte de Deus (Ez 18:23). Por isso, suas mensagens continham, não somente advertências, como também palavras de esperança e consolo.
d) O profeta buscava o sumo bem do povo, isto é, total confiança em Deus e lealdade a Ele; eis porque advertia contra a confiança na sabedoria, riqueza e poder humanos, e nos falsos deuses (Jr 8.9,10; Os 10.13,14; Am 6.8). Os profetas continuamente conclamavam o povo a viver à altura de suas obrigações conforme o seu concerto estabelecido com Deus, para que viesse a receber as bênçãos da redenção.
e) O profeta tinha profunda sensibilidade diante do pecado e do mal (Jr 2.12,13, 19; 25.3-7; Am 8:4-7; Mq 3:8). Não tolerava a crueldade, a imoralidade e a injustiça. O que o povo considerava leve desvio da Lei de Deus, o profeta interpretava, às vezes, como funesto. Não podia suportar transigência com o mal, complacência, fingimento e desculpas do povo (Jr 6:20; 7.8-15; Am 4.1; 6.1). Compartilhava, mais que qualquer outra pessoa, do amor divino à retidão, e do ódio que o Senhor tem à iniqüidade (cf. Hb 1:9 nota).
f) O profeta desafiava constantemente a santidade superficial e oca do povo, procurando desesperadamente encorajar a obediência sincera às palavras que Deus revelara na Lei. Permanecia totalmente dedicado ao Senhor; fugia da transigência com o mal e requeria fidelidade integral a Deus.
g) O profeta tinha uma visão do futuro, revelada em condenação e destruição (Jr 11:22,23; 13.15-21; Ez 14:12-21; Am 5:16-20,27), bem como em restauração e renovação (Jr 33; Ez 37).
h) Finalmente, o profeta era, via de regra, um homem solitário e triste (Jr 14:17,18; 20.14-18; Am 7:10-13; Jn 3– 4), perseguido pelos falsos profetas que prediziam paz, prosperidade e segurança para o povo que se achava em pecado diante de Deus (Jr 15:15; 20.1-6; 26.8-11; Am 5:10; cf. Mt 23.29-36; At 7.51-53). Ao mesmo tempo, o profeta verdadeiro era reconhecido como homem de Deus, não havendo, pois, como ignorar o seu caráter e a sua mensagem.
4. Temas principais da mensagem dos profetas do Antigo Testamento. A mensagem dos profetas enfatiza três temas principais:
a) A natureza (obras) de Deus. (1) Declaravam ser Deus o Criador e Soberano onipotente do universo (Is 40:28), e o Senhor da história, pois leva os eventos a servirem aos seus supremos propósitos de salvação e juízo (cf. Is 44:28; 45:1; Am 5:27; Hc 1:6). (2) Enfatizavam que Deus é santo reto e justo, e não pode tolerar o pecado, iniqüidade e injustiça. Mas a sua santidade é temperada pela misericórdia. Ele é paciente e tardio em manifestar a sua ira. Sendo Deus santo, em sua natureza, requer que seu povo seja consagrado e santo ao Senhor (Zc 14:20; cf. Is 29:22-24; Jr 2:3). Como o Deus que faz concerto, que entrou num relacionamento exclusivo com Israel, requer que seu povo obedeça aos seus mandamentos, como parte de um compromisso de relacionamento mútuo.
b) O pecado e o arrependimento. Os profetas do Antigo Testamento compartilhavam da tristeza de Deus diante da contínua desobediência, infidelidade, idolatria e imoralidade de seu povo segundo o concerto. E falavam palavras severas de justo juízo contra os transgressores. A mensagem dos profetas era idêntica a de João Batista e de Cristo: "arrependei-vos, senão igualmente perecereis". Prediziam juízos catastróficos, tal como a destruição de Samaria pela Assíria (por exemplo, Os 5:8-12; 9:3-7; 10:6-15), e a de Jerusalém por babilônia (por exemplo, Jr 19:7-15; 32:28-36; Ez 5:5-12; 21:2, 24-27).
c) Predição e esperança messiânica. (1) Embora o povo tenha sido globalmente infiel a Deus e aos seus votos, segundo o concerto, os profetas jamais deixaram de enunciar-lhe mensagens de esperança. Sabiam que Deus cumpriria os ditames do concerto e as promessas feitas a Abraão através de um remanescente fiel. No fim, viria o Messias, e através dEle, Deus haveria de ofertar a salvação a todos os povos; (2) Os profetas colocavam-se entre o colapso espiritual de sua geração e a esperança da era messiânica. Eles tinham de falar a palavra de Deus a um povo obstinado, que, inexoravelmente rejeitavam a sua mensagem (cf. Is 6:9-13). Os profetas eram tanto defensores do antigo concerto, quanto precursores do novo. Viviam no presente, mas com a alma voltada para o futuro.
III. O MINISTÉRIO
1. Havia o ministério dos profetas?
O ministério (ofício) profético é uma das peculiaridades que Deus destinou ao Seu povo, Israel. Nenhuma outra nação teve este privilégio. Conforme Êxodo 19:5,6, Israel é considerado propriedade peculiar de Deus entre as nações da Terra. Assim, para que o povo não se corrompesse(cf.Pv 29:18), sempre levantou no meio de Israel profetas, que eram seus porta-vozes, como havia sido prometido ainda no deserto através de Moisés(Dt 18:20,21), ele próprio um profeta de Deus (Dt 34:10).
Por ser o primeiro profeta nacional (Nm 11.29; Dt 18.18), Moisés tornou-se um modelo para os demais profetas. Foi certamente sob sua influência que Samuel, mais tarde, viria a estabelecer as conhecidas escolas de profetas (1 Sm 19:18, 20; 2 Rs 2:3, 5; 4:38; 6:1).
Observe a frase “filhos dos profetas” em 2Rs 2:15: “Vendo-o, pois, os filhos dos profetas que estavam defronte em Jericó, disseram: O espírito de Elias repousa sobre Eliseu. E vieram-lhe ao encontro e se prostraram diante dele em terra”. A frase tem estimulado muito debate. Alguns pensam que ela indica uma espécie de associação de profetas. Outros pensam que ela indica um tipo de seminário, no qual homens jovens estudavam para se tornar profetas. Outros pensam que indica nada mais do que adeptos, pessoas que eram seguidoras e estudantes subordinados aos profetas. Muitos vêem Samuel como o primeiro “presidente” de tal grupo, e vêem Elias e Eliseu presidindo sobre estes outros grupos(cf 1 Rs 20:35, 2Rs 2:3,5,7,16, 4:38).
Segundo o pr. Esequias Soares, o vocábulo “ministério, serviços”, indica o serviço religioso específico e especial, desempenhado pelos levitas(1Cr 6:32), pelos sacerdotes(1Cr 24:3) e pelos apóstolos(At 1:25). Isso, porém, não é em si mesmo prova da inexistência de uma corporação profética em Israel(1Sm 10:5).
2. Classificação dos Profetas em Israel.
Os profetas são chamados de “anteriores” e de “posteriores”, conforme tenham, ou não, apresentado obras próprias.
* São considerados anteriores, os profetas cujos ministérios estão registrados nos livros históricos (Samuel, Natã, Gade, Elias e Eliseu, entre outros).
* São denominados de posteriores, os profetas que surgiram no final da história dos reinos já divididos de Israel e de Judá, e que deixaram escritas suas mensagens em livros próprios.
Os profetas são chamados, também, de “profetas maiores” e “profetas menores”. Agostinho (354-430), o grande filósofo e teólogo cristão do final da Antigüidade, foi quem criou as expressões "profetas maiores" e "profetas menores".
* Profetas maiores foram designados assim pelo fato de suas obras serem mais volumosas. São eles: Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel.
* Profetas menores foram assim designados pelo fato de suas obras serem menos volumosas, tanto assim que haviam sido reunidas na versão grega do Antigo Testamento (a Septuaginta) em apenas um livro, que foi chamado de "Dodecapropheton", ou seja, "Doze Profetas". São eles: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Ageu, Sofonias, Zacarias e Malaquias.
3. Ministério Profético da Igreja. O ofício profético da Igreja tem, por finalidade, anunciar a Verdade Divina, oculta aos homens que atingiu seu clímax na revelação de Jesus (Hb.1:1), revelação esta que deve prosseguir, agora por intermédio da Igreja.
A obrigação profética da Igreja não é, em absoluto, a autorização para que a Igreja, mediante uma “tradição”, acrescente o que foi revelado pelas Escrituras a respeito de Cristo (Jo.5:39), mas tão somente a divulgação, o anúncio, a explicação daquilo que está contido na Bíblia Sagrada, que é a Verdade (Jo.17:17) e que se encontra em posição superior à própria Igreja, seja porque é fonte de sua santificação, seja porque a Palavra se encontra engrandecida acima do próprio nome do Senhor (Sl.138:2), nome que está acima de todo o nome (Fp.2:9), precisamente por ser Jesus o Verbo (Jo.1:1), aquele que é a própria Palavra de Deus (Ap.19:13). Por isso, quando não se conhecem as Escrituras, cometem-se erros (Mt.22:29).
A Igreja é chamada de “coluna e firmeza da verdade” (I Tm.2:15), porque deve sustentar e ser a legítima anunciadora da Palavra de Deus sobre a face da Terra. Num mundo onde a iniqüidade aumenta a cada dia (Mt.24:12), num mundo onde há corrupção geral e cada vez maior do gênero humano (Rm.1:18-32), cabe à Igreja a difícil tarefa de anunciar a Verdade, de mostrar ao mundo a Palavra de Deus, resplandecendo como astro no meio de uma geração corrompida e perversa (Fp.2:15).
CONCLUSÃO
Concluindo essa primeira aula enfatizamos que os profetas canônicos existiram até João Batista(Mt 11:13). Mas, no Novo Testamento Jesus instituiu o Ministério Profético(Ef 4:7,11) para a Igreja, com o propósito de ser o porta-voz de Deus, não mais para a revelação do plano de Deus ao homem, mas para trazer mensagens divinas ao seu povo no sentido de encorajar o povo a se manter fiel à Palavra e para nos fazer lembrar as promessas contidas nas Escrituras. O profeta do No Novo Testamento não irá acrescer nada do que foi revelado e se completou no ministério de Cristo, mas trará informações e palavras que confirmam o que já foi revelado. Todo crente foi comissionado por Jesus(Mc 16: 15), para transmitir ou expor sua mensagem, segundo a Bíblia a apresenta, falando em nome de Deus. Tenhamos cuidado, pois muitos falsos profetas têm aparecido nas igrejas atualmente profetizando (profetizando?) aquilo que não condiz com a Palavra de Deus. Faço minha as palavras do Apóstolo Paulo: “... se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema”(Gl 1:9).
-----------
Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
-------
Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. Bíblia de Estudo das Profecias. O novo dicionário da Bíblia. Revista Ensinador Cristão. Guia do leitor da Bíblia – 2Reis. A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck. Comentário Bíblico Beacon – CPAD - volume 4. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdonald.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Aula 13 - ESPERANÇA NA LAMENTAÇÃO

Texto Básico: Lamentações 1:1-5,12

"As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos; porque as suas misericórdias não têm fim" (Lm 3:22).

INTRODUÇÃO
As Lamentações de Jeremias nos mostram as sérias consequências do pecado e como ainda podemos ter esperança em meio a qualquer tragédia, porque Deus é capaz de transformar todo mal em bem. Esse livro tem por base a catástrofe terrível que ocorreu com o reino de Judá e a cidade de Jerusalém (a capital do reino) em 587-586 a.C. O exército babilônico de Nabucodonosor tinha sitiado Jerusalém por dezoito longos meses. Quando a cidade afetada pela fome e doença foi finalmente tomada, ela foi totalmente demolida e incendiada. Foi uma ocasião trágica e muito dolorosa para o povo judeu. A segurança de Jerusalém era vista como um preceito precioso pelos habitantes da cidade desde os tempos de Isaias (701 a.C.). Agora, os que estavam vivos para ver a cidade em ruínas e o Templo completamente destruído tinham dificuldades em acreditar naquilo que viam. A aflição deles era quase insuportável. Nos meses e anos que se seguiram, suas mentes foram importunadas com muitas perguntas não respondidas acerca da sua história passada e do seu destino futuro. Diante do caos presente, havia lamentos, e Jeremias os expôs em 05(cinco) poemas que fazem o livro das Lamentações. Como ocorre em todas as épocas, a poesia e o cântico eram a forma mais natural de dar vazão às suas emoções.
Como um dos servos escolhidos de Deus, Jeremias permaneceu só, imerso na profundidade de suas emoções, abatido por seu cuidado pelo povo, seu amor pela nação e sua devoção a Deus. Mas em meio ao caos, ele percebe que por mais que não haja motivos para se ter esperança, ela existe pelo fato de que a misericórdia do Senhor é muito grande – “Disso me recordarei no meu coração; por isso, tenho esperança. As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos; porque as suas misericórdias não têm fim. Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade”(Lm 3:21-23). Isto mostra que aqueles que confiam no Senhor nunca perdem a esperança, mesmo que as evidências ao redor preguem o contrário.
I. O QUE SÃO AS LAMENTAÇÕES DE JEREMIAS
São os cinco poemas que compõe o livro de Lamentações que retratam os resultados da dor atormentadora daqueles dias atribulados que seguiram a destruição da cidade, a captura do rei Zedequias e a deportação do povo para a Babilônia. “A torrente de emoções” que pode ser detectada nesse livro revela a profundidade do desânimo que havia tomado conta do povo. Esses poemas são uma expressão de toda aflição e sofrimento que estavam acumulados em seus corações.
Visão Panorâmica
“Cada uma das cinco lamentações é completa em si mesma. A primeira Lamentação(cap. 1) descreve a devastação de Jerusalém e o lamento do profeta sobre ela, ao clamar a Deus com alma angustiada. Às vezes a sua lamentação é personificada, como se fosse a da própria Jerusalém (1:12-22). Na segunda lamentação(cap. 2), Jeremias descreve a causa dessa devastação como resultado da ira de Deus contra um povo rebelde que se recusou a arrepender-se. A terceira Lamentação(cap. 3) exorta a nação a lembrar-se que Deus realmente é misericordioso e fiel e que Ele é bom para aqueles que nEle esperam. A quarta Lamentação(cap. 4) reitera os temas das três anteriores. A quinta Lamentação(cap. 5), após a confissão do pecado e da necessidade de misericórdia de Judá, Jeremias pede que Deus restaure seu povo ao favor divino.
As cinco lamentações do livro, que correspondem aos cinco capítulos, têm vinte e dois versículos cada (exceto o cap. 3, que tem vinte e dois multiplicados por três: ou seja, sessenta e seis versículos); vinte e dois é a quantidade de letras do alfabeto hebraico. Os quatro primeiros poemas são acrósticos alfabéticos, isto é, cada versículo (ou no cap. 3, cada conjunto de três versículos) começa com uma letra diferente do alfabeto hebraico, de modo sucessivo, de Álefe a Tau. Essa estrutura alfabética, além de ser uma ajuda para a memória, realiza duas coisas: (1) transmite a idéia que as lamentações são completas e abrangem tudo, desde A até Z(Álefe a Tau); (2) pressupõe que o profeta se proíbe de continuar com prantos e gemidos interminavelmente. Os lamentos chegam ao fim, assim como algum dia o chegaria para o exílio e a reedificação de Jerusalém “(Bíblia de Estudo Pentecostal).
1. As Lamentações na Bíblia Hebraica. Na Bíblia Hebraica atual o livro de Lamentações não faz parte dos Livros Proféticos, mas, sim, dos Escritos (Hagiógrafos). Ele é um dos cinco rolos (Megilloth) daquela seção (o terceiro) das escritas hebraicas, juntamente com os livros de Rute, Ester, Eclesiastes e Cantares. Cada um desses cinco livros era tradicionalmente lido num evento determinado do ano litúrgico judaico. O livro de Lamentações se lia no nono dia do mês de Abe (cerca de meados de julho), quando, então, os judeus relembravam a destruição de Jerusalém.
Semelhantemente aos livros do Pentateuco, ele era conhecido pela sua primeira palavra: ”Como”. Mas, no decorrer dos séculos, os rabinos começaram a referir-se a esse livro como “lamentações” ou “hinos fúnebres”. Os tradutores da Septuaginta, a versão grega do Antigo Testamento, seguiram os rabinos ao usar o termo grego para lamentações: Threnoi(chorar em alta voz). Posteriormente, atribuíram a Jeremias sua autoria, visto que o estilo é idêntico ao texto do profeta. Consequentemente, as versões gregas posteriores, a siríaca, a antiga versão latina, a Vulgata de Jerônimo e as versões em inglês e português têm colocado o seguinte título: “As lamentações de Jeremias”.
2. Tema e Data. Cumpriram-se as palavras de Jeremias: Jerusalém havia sido destruída pela Babilônia, e os judeus mortos, torturados ou levados para o exílio. Mas, em meio a sua profunda aflição, havia um raio de esperança, pois a compaixão de Deus está sempre presente (vide Lm 3). Podemos resumir o tema das Lamentações de Jeremias da seguinte forma: Aflições presentes e Esperança futura. Todos nós enfrentamos problemas na vida, mas em meio às nossas aflições, há esperança em Deus.
Com relação à data, o mais provável é que o livro foi escrito imediatamente após a destruição de Jerusalém(586 – 585 a.C.).
3. O propósito das Lamentações. O propósito das Lamentações é expressar, de forma terapêutica, as emoções mais profundas de um povo quebrantado e devastado. Aqui, Jeremias expressa sua intensa tristeza e dor emocional por causa da trágica devastação de Jerusalém, que compreende: (a) a queda humilhante da monarquia e do reino davídicos; (b) a destruição total dos muros da cidade, do Templo, do palácio real e da cidade em geral; e (c) a lamentável deportação da maioria dos sobreviventes para a distante Babilônia.
Os cinco poemas que constituem as Lamentações permitem ao povo confessar que Deus o havia tratado com justiça, e, ao fazê-lo, encontrariam forças para suportar o peso indescritível da angústia sem desesperar-se. Eles tinham a intenção de ajudar o povo a aprender uma lição do passado e, ao mesmo tempo, conservar sua fé em Deus mesmo quando confrontados com uma desgraça avassaladora. Abrindo as portas para a oração, esses poemas apontam o caminho para o arrependimento e fé e, deste modo, estimulam esperança na misericórdia de Deus.
5. As Lamentações no Novo Testamento. Embora o livro de Lamentações não seja citado em nenhum lugar do Novo Testamento, tem realmente muita relevância para aqueles que crêem em Cristo. Assim como Rm 1:18 - 3:20, os cinco capítulos de Lamentações exortam os crentes a refletir sobre a gravidade do pecado e a certeza do juízo divino. Ao mesmo tempo, fazem lembrar que, por causa da compaixão e misericórdia do Senhor, a salvação está à disposição daqueles que se arrependem dos seus pecados e se voltam a Ele. Além disso, as lágrimas do profeta relembram as lágrimas de Jesus Cristo, que chorou por causa dos pecados de Jerusalém ao prever a destruição da cidade pelas mãos dos romanos (Mt 23:37,38; Lc 13:34,35; 19:41-44).
II. O HOMEM QUE VIU TODAS AS DORES DE JERUSALÉM
Jeremias exerceu o seu ministério até o fim. Cumpriu à risca tudo o que Deus lhe mandou que fizesse. Sua profecia cumpriu-se literalmente: Jerusalém foi devastada, o Templo destruído e quase a totalidade do povo, que não tinha sido morto pela fome e a espada, foi levado cativo para a Babilônia. A situação catastrófica presenciada pelo profeta causou-lhe tremendas dores, expressa através dos cinco poemas que compõem o livro das Lamentações. Nelas, precisamente no capítulo 3, Jeremias compartilha como a invasão de sua terra natal e a perda de todos os que lhe eram caros, o afetaram.
No capítulo 3, o poeta identifica-se como um indivíduo que experimentou em sua própria vida todo o sofrimento que a nação tinha experimentado: “Eu sou homem que viu a aflição pela vara do seu furor”(Lm 3:1). Evidentemente ele se julga um exemplo simbólico da nação. Como seu representante diante de Deus, ele tem levado as tristezas e o sofrimento deles. Ele tem sentido a “vara do furor” divino repetidas vezes. Em sua dor, lamenta que Deus transformou sua luz em trevas(Lm 3:2), semelhantemente às trevas dos “que estavam mortos”(Lm 3:6; no Sheol). Deus se voltou contra ele e o castiga “de contínuo”(Lm 3:3). A doença tem enfraquecido o seu corpo a ponto de estar prematuramente velho – “Fez envelhecer a minha carne e a minha pele, quebrantou os meus ossos”(Lm 3:4). “Fel e trabalho”(Lm 3:5, ou seja, amargura e pesar) fazem parte da sua vida. Não há deleite na vida, e ele precisa lutar para sobreviver.
“Circunvalou-me”(Lm 3:7), isto é, Deus o colocou dentro de uma cerca e ele perdeu sua liberdade. Ele reclama por precisar carregar os pesados “grilhões” de um prisioneiro. Embora clame na sua angústia, não há resposta para o seu “grito: ele exclui a minha oração”(Lm 3:8).
Fui feito um objeto de escárnio”(Lm 3:14), isto é, seu próprio povo zombava dele nas suas canções “todo o dia”. Ele não encontra descanso para mente ou corpo; seu coração “fartou-se de amargura”, e ele está embriagado pelo absinto – “Fartou-me de amarguras, saciou-me de absinto”(Lm 3:15). Deus quebrou seus dentes com pedrinhas (Lm 3:16), isto é, deu a ele pedras em vez de pão – “Quebrou com pedrinhas de areia os meus dentes; cobriu-me de cinza”(Lm 3:16). “Cobriu-me de cinza” significa que ele não passou por alguma dificuldade momentânea, mas, sim, pelas profundezas da desgraça e humilhação. A paz(3:17) foi retirada do profeta há muito tempo, e ele “esqueceu-se do que é ser feliz”.
Jeremias está nas profundezas do desespero. Ele clama: “Já pereceu a minha força, como também a minha esperança”(3:18). Bloqueado em cada movimento, quebrantado física e emocionalmente, dilacerado com inúmeras aflições, e sofrendo as dores dos condenados, a força se foi e a esperança o abandonou. Ma o limite do homem é a oportunidade de Deus. É precisamente nesse ponto que sua fé encontra uma base sólida.
“Tem você participado do sofrimento do povo de Deus? Ou tem-no abandonado nos momentos de dificuldades e provações? Jesus poderia ter permanecido nos céus, longe de todo o nosso sofrer. Mas o que fez Ele? Esvaziando-se de sua glória, veio a este mundo, onde se submeteu à morte, e morte de cruz (Fp 2:5-11)” (Pr. Claudionor de Andrade).
III. POR QUE É PRECISO LAMENTAR
Quando o lamento possui caráter intercessório ele se torna um instrumento indispensável para aqueles que buscam a misericórdia, a proteção, o consolo e a provisão do Senhor. Foi o que aconteceu com o profeta Jeremias. Ele amava incondicionalmente o seu povo, por isso lamentava.
Depois que a cidade de Jerusalém foi destruída, Jeremias foi contemplado com a liberdade de escolha para ir aonde quisesse, mas preferiu ficar com o restante do seu povo. Conquanto o remanescente de Israel fosse visivelmente desprezível aos padrões sociais e culturais exigidos pelo rei da Babilônia, para Jeremias era sobremodo importante tal como a mais preciosa pérola. Como bom pastor, arvora-se como protetor e orientador do seu povo aos bons pastos, apesar de não ser compreendido como tal. Ele demonstra a mais preciosa virtude do caráter divino, e que o identifica como um autêntico pastor e profeta de Deus: o amor, a virtude mais sublime do fruto do Espírito(G 5:22; 1Co 13:13). Veja de que forma ele intercede por sua cativa e despojada gente: "Converte-nos, Senhor, a ti, e nós nos converteremos; renova os nossos dias como dantes. Por que nos rejeitarias totalmente? Por que te enfurecerias contra nós em tão grande maneira?" (Lm 5:20,21).
Tem você intercedido pelo povo de Deus e por sua família? Se não, é hora de lamentar, todavia esse lamento deve chegar aos céus como a mais piedosa e reverente das intercessões. Quando estudamos na Aula 05 sobre “O Poder da Intercessão”, dissemos que como sacerdotes designados e ungidos por Deus, temos a honra de comparecer perante o Altíssimo em favor de outrem. E isto não é opcional, é uma sagrada obrigação – e um precioso privilégio – de todos os que aceitam o jugo de Cristo. Todo crente é chamado a interceder. É um imperativo; quem não o faz, não exerce seu sacerdócio. Paulo é enfático ao dizer: "Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações e intercessões, ações de graça, em favor de todos os homens” (1Tm. 2:1).
Todos os cristãos têm o Espírito Santo em seus corações (1Co 12:13) e, da mesma forma como Ele intercede por nós de acordo com a vontade de Deus (Rm 8:26-27), devemos interceder uns pelos outros. Na verdade, não oferecer oração intercessória a favor de outras pessoas é pecado. O profeta Samuel reconhecia isso: “Quanto a mim, longe de mim que eu peque contra o SENHOR, deixando de orar por vós...” (1Sm 12:23). Que tal seguir este conselho de Jeremias: "Ponha a boca no pó; talvez assim haja esperança. Porque o Senhor não rejeitará para sempre”(Lm 3:29,31).
CONCLUSÃO
Jeremias sofreu profundamente por causa da destruição de Jerusalém e da devastação de sua nação. Mas em meio a sua profunda aflição, brilhou um raio de esperança, pois a compaixão de Deus está sempre presente. Jeremias percebeu que somente a misericórdia de Deus evita a destruição total. Por isso ele disse: “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos; porque as suas misericórdias não têm fim. Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade”(Lm 3:22,23). A fidelidade do Senhor é grande, e Jeremias a conhecia por experiência pessoal. Deus prometeu que o juízo viria se Judá lhe desobedecesse, e foi o que aconteceu. Mas o Eterno também prometeu uma restauração futura e bênçãos, e Jeremias sabia que Deus cumpriria suas promessas. Confiar na fidelidade de Deus dia após dia nos faz crer em sua grande promessa para o futuro. “Bom é ter esperança e aguardar em silêncio a salvação do SENHOR”(Lm 3:26).
“Somente Deus pode nos libertar do pecado. Sem o Senhor, não há conforto ou esperança para o futuro. Por causa da morte de Cristo em nosso lugar e de sua promessa de retorno, temos a esperança viva de um maravilhoso amanhã"(Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal).

Nesta oportunidade, agradeço a todos os que me acompanharam neste trimestre! Foram aulas mui maravilhosas, que enriqueceram sobremaneira nossa vida espiritual e nos deram mais convicção de nossa fé em Cristo. Elas nos ensinaram que o sofrimento é parte integrante daqueles que servem a Deus e cumprem os seus mandamentos. Mas também aprendemos que servir a Deus, mesmo diante das mais agruras provações é vivenciar a esperança plena da permanente felicidade num futuro bem próximo. Que Deus os abençoe grandiosamente, e até o próximo trimestre, quando estudaremos sobre o tema: “O ministério Profético na Bíblia, a voz de Deus na Terra”.
----------
Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
-------
Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. O novo dicionário da Bíblia. Revista Ensinador Cristão. Guia do leitor da Bíblia – Jeremias. A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck. Comentário Bíblico Beacon – CPAD - volume 4. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdonald.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Aula 12 - A OPÇÃO PELO POVO DE DEUS

Leitura Bíblica: Jeremias 40:1-6

"Escolhendo, antes, ser maltratado com o povo de Deus do que por, um pouco de tempo, ter o gozo do pecado; tendo, por maiores riquezas, o vitupério de Cristo"(Hb 11:25,26).

INTRODUÇÃO
As profecias do profeta de Jeremias se cumprem literalmente: Nabucodonosor invade Judá e destrói suas cidades, Jerusalém e o Templo; o povo jaz cativo; os mortos acumulam-se nas ruas e nas praças. Diante do dever cumprido e das vantagens que lhe foram apresentadas pelo rei da Babilônia (Jr 40:5), Jeremias poderia muito bem se beneficiar delas. Todavia, o autêntico homem de Deus tem como primazia a excelência do ministério que lhe foi confiado (como estudamos na aula anterior) com vista ao engrandecimento do Reino de Deus. A cidade de Jerusalém estava destruída, bem como o seu maior símbolo religioso: o Templo. Se quisesse, Jeremias poderia ser levado à Babilônia onde seria tratado com real deferência. Mas, ainda não tinha findado o seu ministério. Aliás, o ministério do homem de Deus só se finda com a morte. Em Jerusalém foram deixadas muitas pessoas, que não eram do interesse do rei da Babilônia: os desprezíveis intelectualmente e os excessivamente pobres (Jr 39:10). Jeremias não poderia deixá-los sem orientação espiritual. Aquele povo precisava de um pastor que lhe orientasse no caminho da verdade. Ele amava seu povo, mesmo que a recíproca não fosse verdadeira. Jeremias não foi egoísta! Ele não olhou só para o seu umbigo! Ele optou por permanecer entre o seu povo! Tal qual Moisés, preferiu escolher “antes ser maltratado com o povo de Deus, do que por um pouco de tempo ter o gozo do pecado...”(Hb 11:25,26). O Israel da dispensação da Graça (1Pe 2:9), a Igreja, necessita de homens altruístas como Jeremias. “Grande é, em verdade, a seara, mas os obreiros são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que envie obreiros para a sua seara”(Lc 10:2).
I. AS PROFECIAS DE JEREMIAS SE CUMPREM
A mente do povo estava tão cauterizada pelo pecado que era incapaz de enxergar o iminente juízo divino. Eles zombavam dos mensageiros de Deus, e desprezaram as suas palavras, e escarneceram dos seus profetas (2Cr 36:15,16). Isto provocou “furor no SENHOR contra o seu povo, que mais nenhum remédio houve “(2Cr 36:16). Porventura não vimos isto atualmente? No mundo inteiro, a mensagem do Evangelho é desprezada e os seus mensageiros zombados. Por enquanto, Deus é amor, mas o juízo divino é iminente, que será sem piedade sobre as nações que desprezam a Salvação gratuita através da morte vicária de Jesus Cristo. Jesus advertiu: “E, como aconteceu nos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho do homem”(Lc 17:26).
Após vários anos profetizando, Jeremias contempla o momento de Deus realizar o julgamento que tinha proferido através dele: os exércitos de Babilônia derribam os muros e profanam a mais formosa das cidades, Jerusalém; em seguida, deitam por terra o Santo Templo, matam o rei Zedequias e levam cativos à Babilônia os judeus mais cultos e ricos. Para se ter uma imagem mais clara desta tragédia, leia as seguintes passagens: Jeremias 39; 2Reis 25 e 2Crônicas 36.
O ministério profético de Jeremias fora reconhecido até por Nabucodonozor, mas o povo e o rei, não o reconheceram. Quando o capitão da guarda babilônica encontrou a Jeremias, pronunciou as seguintes palavras: “O Senhor, teu Deus, pronunciou este mal contra este lugar; e o Senhor o trouxe e fez como tinha dito, porque pecastes contra o Senhor e não obedecestes à sua voz; pelo que vos sucedeu tudo isto" (Jr 40:2,3). Um gentio idólatra e estranho à comunidade de Israel havia entendido perfeitamente a justiça divina, enquanto que os judeus, iludidos pelos falsos profetas e pregadores, esperavam uma paz que não existia e uma prosperidade que já era miséria. Onde estão, agora, os profetas que, superficialmente, curavam as feridas do povo? Onde estão aqueles que prometiam paz e prosperidade? Que esta lição seja devidamente considerada por todos nós.
II. A OPÇÃO DE JEREMIAS
Jeremias 40: 1. Palavra que veio a Jeremias, da parte do SENHOR, depois que Nebuzaradã, capitão da guarda, o deixou ir de Ramá, quando o tomou, estando ele atado com cadeias no meio de todos os do cativeiro de Jerusalém e de Judá, que foram levados cativos para a Babilônia;
2. porque o capitão da guarda levou a Jeremias e lhe disse. O SENHOR, teu Deus, pronunciou este mal contra este lugar;
3. e o SENHOR o trouxe e fez como tinha dito, porque pecastes contra o SENHOR e não obedecestes à sua voz; pelo que vos sucedeu tudo isto.
4. Agora, pois, eis que te soltei, hoje, das cadeias que estavam sobre as tuas mãos. Se te apraz vir comigo para a Babilônia, vem, e eu velarei por ti; mas, se te não apraz vir comigo para Babilônia, deixa de vir. Olha: toda a terra está diante de ti; para onde parecer bom e reto aos teus olhos que vás, para ali vai.
5. Mas, como ele ainda não tinha voltado, disse-lhe: Volta a Gedalias, filho de Aicão, filho de Safã, a quem o rei da Babilônia pôs sobre as cidades de Judá, e habita com ele no meio do povo; ou, se para qualquer outra parte te aprouver ir, vai. Deu-lhe o capitão da guarda sustento para o caminho e um presente e o deixou ir.
6. Assim, veio Jeremias a Gedalias, filho de Aicão, a Mispa e habitou com ele no meio do povo que havia ficado na terra.
No capítulo 39, Jeremias foi liberto da prisão e confiado aos cuidados de Gedalias(39:14). Esse homem, que tinha sido posto sobre as cidades de Judá pelo rei da Babilônia(40:5), levou Jeremias à sua casa em Jerusalém, onde o profeta permaneceu por algum tempo. Mas uma decisão final no caso de Jeremias pelas autoridades babilônicas ainda não havia ocorrido. As obrigações administrativas de Gedalias em relação ao rei da Babilônia teria requerido dele ir a Mispa para cumpri-las ali. Jeremias permaneceu na casa de Gedalias em Jerusalém, porque “ele ficou entre o povo”(39:14).
Finalmente, quando os muros de Jerusalém foram derrubados, e tudo que era valioso tinha sido removido das casas e prédios, e a cidade estava pronta para ser queimada, os cativos de Jerusalém foram removidos para Ramá(o ponto de partida para a deportação à Babilônia). Visto que nenhuma decisão final tinha sido tomada em relação a Jeremias, o oficial que cuidava do povo de Jerusalém não tinha alternativa senão levá-lo junto com o restante dos cativos para Ramá.
Quando Nebuzaradã o encontrou entre os cativos em Ramá, rapidamente o soltou das suas cadeias, e disse a Jeremias: “Agora, pois, eis que te soltei, hoje, das cadeias que estavam sobre as tuas mãos. Se te apraz vir comigo para a Babilônia, vem, e eu velarei por ti; mas, se te não apraz vir comigo para Babilônia, deixa de vir. Olha: toda a terra está diante de ti; para onde parecer bom e reto aos teus olhos que vás, para ali vai”. “Mas, como ele ainda não tinha voltado...”, isto é, enquanto ainda estava no processo de decidir se iria para a Babilônia ou não, Nabuzaradã sugeriu que, pelo fato de Gedalias ser agora governador de Judá, talvez ele desejasse ir para lá. Quando Jeremias escolheu permanecer com Gedalias(40:6) foi lhe dado suprimento de comida e um presente e o deixaram ir. Assim Jeremias habitou no meio do povo em Mispa, com o governador Gedalias. Mispa ficava a cerca de sete quilômetros a noroeste de Jerusalém.
O profeta poderia ter optado por Babilônia onde certamente haveria de ser bem tratado. Mas lá já estavam dois profetas: Daniel e Ezequiel. Ao passo que, em Judá, nenhum pastor havia para aquela gente abandonada. Por isso, opta Jeremias por ficar com os restantes do povo de Deus.
“A forma com que respondemos ao êxito é de extrema importância, pois mais importante que chegar ao topo é saber lidar com ele. Muitas pessoas, quando obtém destaque, tornam-se arrogantes e mesquinhas. Jeremias teve a oportunidade de ser uma pessoa assim, mas não o foi, ainda que tivesse motivos.
Ao longo de sua jornada, o profeta recebeu poucos incentivos, e seu ministério não era bem aceito entre seus compatriotas. Em diversos momentos teve de lidar com a angustia. Seus familiares o traíram, como também seus amigos (Jr 11:18-12:6). Mas Jeremias fora avisado pelo Senhor: ‘E eu te porei contra este povo como forte muro de bronze; e pelejarão contra ti, mas não prevalecerão contra ti; porque eu sou contigo para te guardar, para te livrar deles, diz o Senhor’(Jr 15:20). Com esta palavra, o profeta sabia que seu ministério teria pouca aceitação entre os israelitas.
Mas eis que Jerusalém é sitiada e, após 18 meses, invadida, e Jeremias vê cumpridas suas palavras. O próprio Nabucodonozor disse acerca de Jeremias: ‘Mas Nabucodonozor, rei da Babilônia, havia ordenado acerca de Jeremias, a Nebuzaradã, capitão dos da guarda, dizendo: Toma-o, e põe sobre ele os olhos, e não lhe faças nenhum mal; antes, como ele te disser, assim procederás para com ele’(Jr 39:11,12). Ele teve a oportunidade de escolher que destino teria, diferente dos nobres, que foram mortos: ‘Agora, pois, eis que te soltei, hoje, das cadeias que estavam sobre as tuas mãos. Se te apraz vir comigo para a Babilônia, vem, e eu velarei por ti; mas, se te não apraz vir comigo para a Babilônia, deixa de vir. Olha: toda a terra está diante de ti; para onde parecer bom e reto aos teus olhos que vás, para ali vai’(Jr 40:4).
Após ter sido perseguido e traído, o profeta recebe a oportunidade de fazer o que quisesse, mas escolhe permanecer em Jerusalém e fortalecer os que ficariam ali, ‘Porque Israel e Judá não foram abandonados pelo seu Deus, pelo Senhor dos exércitos, ainda que a sua terra esteja cheia de culpas perante o Santo de Israel’(Jr 51:5). Ele ainda tinha planos para seu povo, e julgaria posteriormente seus opressores. Portanto, permanecer em Jerusalém para fortalecer aqueles que ficaram demonstra a grandiosidade e a esperança que Jeremias tinha no Senhor”(Ensinador Cristão).
III. COMO OS HERÓIS DA FÉ FIZERAM SUAS OPÇÕES
Muitos homens e mulheres de Deus ao longo da história de Israel passaram por momentos difíceis, com reais oportunidades de mudar de situação, mas preferiram optar por algo que lhe proporcionasse um bem muito maior e além deste mundo, mesmo que as evidências ao redor pregassem o contrário. Vejamos alguns deles:
1. A opção de Abraão.Pela fé, Abraão, sendo chamado, obedeceu, indo para um lugar que havia de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia. Pela fé, habitou na terra da promessa, como em terra alheia, morando em cabanas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa. Porque esperava a cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é Deus”(Hb 11:8-10).
Que linda e corajosa opção! Abraão era rico em Ur dos Caldeus, mas pela fé optou em fazer a vontade de Deus e saiu sem saber para onde ia (Gn 12:1-3). O que é mais interessante é que ele não visava a prosperidade terrena, mas a celestial. Abraão sabia que a terra que lhe fora prometida, aqui no mundo, não era o fim da sua jornada. Pelo contrário, o fim era bem além, na cidade celestial, que Deus preparara para seus servos fiéis – “esperava a cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é Deus”(Hb 11:10). Como Abraão, devemos reconhecer que estamos apenas de passagem neste mundo, caminhando para o nosso verdadeiro lar no Céu (João 14:1-3).
2. A opção de José.Pela fé, José, próximo da morte, fez menção da saída dos filhos de Israel e deu ordem acerca de seus ossos”(Hb 11:22). José, um dos filhos de Jacó, foi vendido à escravidão por seus irmãos invejosos (Gn 37). No final, José foi novamente vendido, desta vez para um oficial do Faraó, no Egito. Porém, por causa da fidelidade de José a Deus, ele recebeu uma posição importante no Egito. Face a essa posição, ele poderia optar em construir um império pessoal, mas preferiu acreditar em algo ainda não tangível: a promessa que Deus visitaria seu povo e faria dele uma grande nação. O ato de sua fé foi demonstrado no momento que ele pediu que seus ossos fossem levados para a Terra Prometida, quando os judeus por fim deixassem o Egito (Gn 50:24,25). Fé significa confiar em Deus e fazer a sua vontade, a despeito das circunstancias ou das consequências.
3. A opção de Moisés.Pela fé, Moisés, sendo já grande, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, Escolhendo, antes, ser maltratado com o povo de Deus do que por, um pouco de tempo, ter o gozo do pecado; tendo, por maiores riquezas, o vitupério de Cristo do que os tesouros do Egito; porque tinha em vista a recompensa”(Hb 11:24-26).
Moisés fora salvo milagrosamente da morte, e criado pela filha de Faraó na própria casa do Faraó(Ex 2). Anos depois, foi necessário fé para Moisés desistir de seu lugar no palácio, mas ele pode fazer isto porque percebera a natureza passageira daquela grande riqueza e prestígio. É fácil ser enganado pelos benefícios temporários da riqueza, da popularidade, da posição social e da conquista, e ficar cego em relação aos benéficos de longo prazo do Reino de Deus. A fé nos ajuda a olhar além do sistema de valores do mundo, para que possamos enxergar os valores eternos do Reino de Deus.
4. A opção de Ester.Vai, e ajunta todos os judeus que se acharem em Susã, e jejuai por mim, e não comais nem bebais por três dias, nem de dia nem de noite, e eu e as minhas moças também assim jejuaremos; e assim irei ter com o rei, ainda que não é segundo a lei; e, perecendo, pereço”(4:16).
Ester, mesmo em sua posição tão favorecida, ela arriscou a própria vida, entrando à presença do rei sem ser chamada. Não havia sequer a garantia de que o rei a receberia. Embora fosse a rainha, não estava completamente segura. Mas, com cautela e coragem, Ester decidiu arriscar sua vida, abordando o rei a favor de seu povo. Ela faria o que lhe competisse, e deixaria o resultado com Deus. Deus não abençoará aqueles que se calam para manter seu lugar ou posição, mas, aqueles que, por amor a Deus e à sua Palavra, falam a verdade, mesmo com risco de sofrerem grandes danos.
5. A opção de Jesus. “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus.Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz”(Fp 2:5-8).
Jesus sempre foi Deus pela sua própria natureza e igual ao Pai antes, durante e depois da sua permanência na Terra (ver João 1:1; 8:58; 17:24; Cl 1:15,17). No entanto, Cristo não se apegou aos seus direitos divinos, mas abriu mão dos seus privilégios e glória no Céu, a fim de que nós, na Terra, fôssemos salvos.
CONCLUSÃO
Como servos de Deus, devemos optar em permanecer com o povo de Deus, ainda que isto nos custe sacrifícios, perdas e até a própria vida. “Já fez sua opção pelo povo de Deus? Ou ainda está a divertir-se com os privilégios oferecidos por este mundo? Quantos obreiros que, ao invés de levar adiante o ministério que lhes confiou o Senhor Jesus, não estão a trocar a glória de Deus por aquilo que não é de nenhum valor! E quantos jovens que, desprezando o chamamento ministerial de Deus, não estão a optar pelo efêmero e passageiro mundo (1Jo 2:17). Qual a sua opção?” (Claudionor de Andrade).
------
Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
-------
Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. O novo dicionário da Bíblia. Revista Ensinador Cristão. Guia do leitor da Bíblia – Jeremias. A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck. Comentário Bíblico Beacon – CPAD - volume 4. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdonald.

sábado, 5 de junho de 2010

Aula 11 - A EXCELÊNCIA DO MINISTÉRIO

Leitura Bíblica: Jeremias 45:1-5

“Porque convosco falo, gentios, que, enquanto for apóstolo dos gentios, glorificarei o meu ministério"(Rm 11:13).

INTRODUÇÃO
Nesta aula estudaremos o episódio narrado no capítulo 45(o menor capítulo dentre os 52) do livro de Jeremias. Esse episódio remonta o que está registrado em Jeremias 36:1-8. Cronologicamente, o capítulo 45 encaixa-se no quarto ano do rei Jeoaquim, em Jerusalém, por volta do ano de 605 ou 604 a.C. Sua mensagem visava fortalecer a fé de Baruque, secretário de Jeremias, que estava desanimado devido ao aparente fracasso do ministério do profeta, e por causa do juízo sobre Judá(cf cap. 36). Na verdade, sua mensagem tem dupla finalidade: admoestação e consolo. Baruque veio de uma família socialmente proeminente. Dotado de educação formal bastante avançada, seu plano era galgar posição elevada. Mas, sua associação com Jeremias comprometera irremediavelmente seu futuro materialista, o que o afligia. Deus, porém, lhe falou que não deveria buscar para si poder nem posição (aplicação neotestamentária: Mt 20:26-28 –filhos de Zebedeu). Deus disse, também, a Baruque que tirasse os olhos de si mesmo e de qualquer recompensa que pensasse merecer. Deus, na medida em que censura sua ambição egoísta, promete também que, nesse tempo de convulsão nacional, ele receberia a mais importante de todas as dádivas: sua vida (45:5). É fácil perder a alegria de servir nosso Deus quando tiramos nosso olhar dEle. Quanto mais desviamos nossos olhos dos propósitos de Deus e os colocamos nossos sacrifícios, mais frustrados ficaremos.
I. QUEM ERA BARUQUE
1. Pertencia à nobreza de Judá. Baruque, filho de Nerias, fazia parte de uma família de gente bem sucedida. Seu avô (Maaséias) fora governador de Jerusalém, na época do rei Josias(cf 2Cr 34:8), e seu irmão, Seraías, foi camareiro-mor do rei Zedequias(cf Jr 51:59).
Baruque foi um fiel secretário, escriba, porta-voz, companheiro e amigo do profeta Jeremias. Foi ele quem escreveu a primeira e a segunda edição do livro que registrava tudo o que Deus havia dito a Jeremias a respeito de Judá, Israel e várias outras nações. Jeremias ditava e Baruque escrevia.
Foi Baruque quem leu o livro duas vezes, primeiro para o povo reunido no templo em dia de jejum, e, depois, para um seleto grupo de líderes em lugar mais reservado. E um desses líderes o acusou de traição, juntamente com o profeta Jeremias, mostrando ao rei, como prova das suas afirmações, os escritos, de que tinham conseguido lançar mão. Quando o rei leu os documentos ficou muito furioso. Mandou que fossem presos os dois, mas eles escaparam. Depois da conquista de Jerusalém pelos babilônios (586 a.C.), foi Jeremias bem tratado pelo rei Nabucodonosor - e Baruque foi acusado de exercer influência sobre Jeremias a fim de não fugirem para o Egito (Jr 43:3). Mas, por fim, foram ambos compelidos a ir para ali com a parte remanescente de Judá (Jr 43:6). Durante o seu encarceramento deu Jeremias a Baruque o auto da compra de uma propriedade que tinha sido comprada a Hananel, para ser guardada (Jr 32:12-16).
Diante do exposto, podemos afirmar que Baruque, embora pertencesse a uma família nobre, não hesitou em exercer com eficiência e destemor o ministério que Deus lhe concedera, embora, aparentemente, desconfortável, haja vista que naqueles dias Jeremias era o mais impopular de Israel.
É com tristeza que temos verificado, a cada dia, que, nas igrejas locais, aqueles que são postos como auxiliares não o fazem, ostentam apenas uma denominação de “vice-superintendente”, “professor assistente”, “segundo secretário”, “segundo tesoureiro”, “regente auxiliar”, “vice-líder” e assim por diante, mas que, no momento da ajuda, não comparecem, não são assíduos e não demonstram sentido algum de responsabilidade, justificando que “estão ali apenas para ajudar, se for necessário”, confundindo ajuda com substituição. Paulo é bem claro ao mostrar que os que têm o dom de ministério devem fazê-lo, ou seja, devem estar dispostos a ajudar, a auxiliar, não apenas substituir na falta ou na impossibilidade. Ajudar não é substituir, muito menos suceder, mas estar ao lado e disposto a fazer o que for necessário, mesmo na presença de quem é o responsável. Será que temos cumprido o encargo da ajuda com fizera Baruque?
2. Era um jovem culto e bem educado. Certamente, Baruque provinha de uma família que o havia educado para galgar posições de destaque na sociedade israelita. Ele tanto sabia escrever com perfeição como ler perfeitamente em público. Era um arauto perfeito. Desta feita, sua expectativa era de vir a ocupar algum cargo elevado na sociedade israelita, mas, para sua frustração, não passou de secretário do homem mais odiado em Judá: Jeremias(36:4 e seguintes). Deus disse a Baruque o que fala ainda hoje a cada um de nós: seja o melhor que puder, mas não espere ser mais do que você é(cf 45:5).
Nos dias em que vivemos, onde muitos só querem “ser cabeça e não cauda”, a disposição para ser ajudante, assistente, adjunto, coadjutor é muito pequena entre muitas pessoas. No entanto, quando vemos a biografia dos grandes homens de Deus, sempre verificamos que eles não estavam sós e que seus ministérios dependiam, sempre, de pessoas que estavam dispostas a ajudá-los. Moisés tinha Arão, Hur e Josué; Davi, Joabe, Abisai e seus valentes; Salomão, uma equipe ministerial de primeira linha; Elias, Eliseu; Eliseu, o seu moço; Jeremias, Baruque; e o próprio Senhor Jesus, os discípulos, incluídas aí as mulheres que acompanhavam Jesus em Seu ministério (Lc.8:3). Saibamos valorizar aqueles que ajudam e os que são chamados a ajudar não se sintam menosprezados, pois seu papel é fundamental para o sucesso daquele que é ajudado.
II. A CORAGEM E O ZELO DE BARUQUE
Diante das circunstâncias que se apresentavam naquele tempo, e diante de um povo apóstata e resistente ao arrefecimento da tirania do pecado, Baruque foi muito corajoso e mui zeloso no exercício do seu ministério. Temos que ressaltar que em muitas ocasiões Baruque teve que se virar sozinho para transmitir a Palavra de Deus, pois Jeremias passou muito tempo encarcerado(32:2; 36:5). Vejamos de que forma Baruque exerceu o seu ministério:
1. Cuidava dos negócios particulares de Jeremias. “E dei o auto da compra a Baruque, filho de Nerias, filho de Maaséias, perante os olhos de Hananel, filho de meu tio, e perante os olhos das testemunhas que subscreveram a escritura da compra e perante os olhos de todos os judeus que se assentavam no pátio da guarda. E dei ordem a Baruque, perante os olhos deles, dizendo: assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Toma estes autos, este auto de compra, tanto o selado como o aberto, e mete-os num vaso de barro, para que se possam conservar muitos dias; porque assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Ainda se comprarão casas, e campos, e vinhas nesta terra”(Jr 32:12-15).
Jeremias estava encarcerado (32:2) quando recebeu ordens do Senhor para comprar um campo na aldeia natal de Anatote, local já controlado pelas forças da Babilônia. Parecia uma aberração comprar uma propriedade que já estava nas mãos do inimigo. Mas, isto tinha um significado muito forte para o povo de Judá: Ao comprar o campo, Jeremias demonstrou fé na promessa de Deus de que o remanescente voltaria à sua pátria e, como dantes, compraria terras e construiria casas. Era um sinal profético de esperança, apesar da situação desesperadora de Judá naquele momento(cf 32:42-44). Semelhantemente, nossas situações, às vezes, parecem desesperadoras, porém, se somos de Deus, temos dEle a promessa e a esperança de um futuro melhor(Rm 8:28).
A escritura desta compra, Jeremias confiou ao seu amigo de confiança e seu secretário imediato: Baruque(36:4-8). Além do trabalho de escriba e porta-voz, ele exercia trabalhos burocráticos. É o tipo do obreiro dotado de vários dons ministeriais. É algo muito raro! Pessoas assim são consideradas pérolas preciosas na obra de Deus! Alguém poderá alegar que era um trabalho simples e meramente burocrático, mas, diante da simbologia que ele representava naquele momento, a saber, uma prova de que Deus iria cumprir sua promessa de trazer de volta o seu povo, não poderia confiar tão grande responsabilidade a qualquer pessoa. Baruque era o secretário mais indicado naquele momento! Ele, também, andava por fé e não por vista! Ele cria que Deus tornaria trazer o seu povo à sua terra novamente! Com indômito valor apreciou aquela ação, apesar de que no princípio ela suscitou perplexidade, até mesma ao profeta Jeremias, como se denota através do texto de Jeremias 32: 25. Diante da ordem que Deus lhe dera de comprar terras exatamente quando Jerusalém estava para cair, Jeremias ficou perplexo. Por isso, orou a Deus (32:16-25) por discernimento, crendo ao mesmo tempo na sua palavra. Aquele ato era um símbolo de que Deus traria novamente seu povo de volta (cf 32:42-44).
Ninguém deve desprezar as “pequenas” atividades que são realizadas na igreja, pois são tão importantes quanto àquelas aparentemente vultosas. Elas se equivalem, em termo de valor, quando as desempenhamos com o fim do engrandecimento do reino de Deus. Está escrito: “Quem é fiel no pouco também é fiel no muito; quem é injusto no pouco também é injusto no muito”(Lc 16:10).
2. Registrava e lia fielmente as palavras de Jeremias. “Então, Jeremias chamou a Baruque, filho de Nerias; e escreveu Baruque da boca de Jeremias todas as palavras do Senhor, que ele lhe tinha revelado, no rolo de um livro”(36:4); “Leu, pois, Baruque naquele livro as palavras de Jeremias na Casa do Senhor, na câmara de Gemarias, filho de Safã, o escriba, no átrio superior, à entrada da Porta Nova da Casa do Senhor, aos ouvidos de todo o povo”(36:10).
Baruque foi fiel no pouco e também no muito. Transmitir a Palavra de Deus é a mais sublime responsabilidade incumbida a um homem ou mulher de Deus. É necessário coragem, amor e fé no exercício deste ministério. Baruque, além de corajoso foi um hábil escriba e um competente porta-voz. Seu ministério era mui sublime: escrever e transmitir a Palavra de Deus àqueles que estavam desviados e aos que não conheciam o Senhor, mesmo que as circunstâncias externas não fossem tão favoráveis para esse mister. Jeremias estava encarcerado (36:5); isso era um fator desanimador.
Baruque foi secretário, escriba e porta-voz de Jeremias desde o reinado de Josias. Ele esperava que o seu povo atentasse para o que Deus transmitia através do profeta, mas a pálida receptividade da mensagem por parte do povo e dos reis, principalmente do rei Jeoaquim, o decepcionou sobremaneira a tal ponto de ele cair no desânimo. No capítulo 45 do livro de Jeremias vemos que Jeremias ditou ao seu secretário as palavras que o Senhor lhe disse desde quando Josias era o rei. Baruque dirigiu-se à câmara de Gemarias, na porta nova do Templo, e ali ficou lendo as profecias. Seu material foi levado ao rei, que se recusou a ouvir o que estava escrito e queimou o material. Jeremias então consegue outro rolo, dita a Baruque outra vez as palavras e entrega o material ao seu secretário. Pelo que relata o Texto Sagrado, Baruque deveria ser uma pessoa destemida, ciente de que Deus estava usando o profeta e consciente de que o julgamento para os israelitas era iminente.
III. A EXPECTATIVA DE BARUQUE É FRUSTRADA
O sentimento de incapacidade ou fracasso, diante da realização de um trabalho aparentemente inútil, pode nos levar à depressão. Aconteceu com Elias, aconteceu com Baruque, dentre vários outros ao longo da história, e pode acontecer com qualquer um que desempenha um trabalho e almeja que ele traga proveito, ou para si, ou para outrem, ou para aquele a quem ele serve.
Depois da privilegiada oportunidade de escrever e tornar conhecido o conteúdo do livro, Baruque teve uma crise depressiva muito forte e desabafou: “Ai de mim agora, porque me acrescentou o Senhor tristeza à minha dor! Estou cansado do meu gemido e não acho descanso” (Jr 45:3).
Não é difícil entender o problema emocional de Baruque. Ele teve experiências muito chocantes em seu ministério ao lado de Jeremias. Ambos esperavam, como consequência da leitura do livro, que o rei e o povo se convertessem de sua má conduta e, então, recebessem o perdão do Senhor. Aconteceu o contrário: “tendo Jeudi lido três ou quatro folhas, cortou-o o rei com um canivete de escrivão e lançou-o ao fogo que havia no braseiro, até que todo o rolo se consumiu no fogo que estava sobre o braseiro. E não temeram, nem rasgaram as suas vestes o rei e todos os seus servos que ouviram todas aquelas palavras”(Jr 36:23,24).
Além do mais, Baruque chorava porque corria risco de vida, porque estava ciente das iniquidades praticadas pelo povo, e tinha conhecimento do juízo de Deus prestes a se abater sobre o povo e porque ele próprio estava ao alcance das desgraças que se sucederiam, mesmo não participando da corrupção generalizada. Veja que cena desoladora: Jerusalém cercada pelo exército da Babilônia(Jr 39:1); a língua dos bebês grudada ao céu da boca de tanta sede (Lm 4:4); crianças e bebês desmaiando de fome nas esquinas de todas as ruas (Lm 2:11-19); rapazes e donzelas, mortos e insepultos no meio das ruas (Lm 2:21); mulheres solteiras e mulheres casadas sendo violentadas na cidade e no interior (Lm 5:11); mães anteriormente amorosas cozinhando seus próprios filhos para matar a fome (Lm 4:10); água e lenha outrora de graça agora pagas (Lm 5.4), etc.
Diante de tudo isso, Baruque está exausto e deprimido. Mas ele não era o único a se queixar de exaustão. Alguns de seus contemporâneos faziam o mesmo: “Estamos exaustos e não temos como descansar”(Lm 5:5). A exaustão emocional (da mente) dói mais do que a exaustão física (do corpo), e a exaustão espiritual (da alma) dói mais do que a exaustão emocional. Em alguns casos e em alguns momentos, uma pessoa pode sofrer exaustão física, exaustão emocional e exaustão espiritual. Jó passou por isso.
No caso de Baruque, a crise o levou à oração, e oração de desabafo é a mais indicada no caso de exaustão. Alguém disse que “o desabafo sincero é o ralo por onde se escoam as lágrimas”. Baruque estava exausto de tanto gemer. Tão exausto como Jó: “As minhas forças estão exaustas” ou “Meu rosto está rubro de tanto eu chorar” (Jó 16:7, 16). Tão exausto como Davi: “Cansei-me de pedir socorro” (Sl 69:3). Tão exausto como Agur: “Fatiguei-me, ó Deus, e estou exausto” (Pv 30:1, RA). Tão exausto como as multidões no tempo de Jesus: “Ao ver as multidões, [Jesus] compadeceu-se delas porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastos” (Mt 9:36). Tão exausto como o próprio Jesus: “A minha alma está profundamente triste até a morte” (Mt 26:38).
Deus admoesta e consola Baruque. O Senhor admoesta Baruque ao dizer: “E procuras tu grandezas? Não as busques...”(45:5). Em outras palavras, Deus estava dizendo: Você está preocupado com seus próprios problemas insignificantes! “... eis que trarei mal sobre toda a carne...”. Assim, Deus admoesta ao escriba de que seu propósito precisa ser cumprido independentemente de quem seja afetado. No entanto, o Senhor consola Baruque ao lhe prometer que sua alma será por despojo para ele, isto é, como uma recompensa de guerra.
Todas as indicações apontam para o fato de que a partir dessa experiência Baruque percebeu a verdade em relação a si mesmo e a Deus. Aconteceu algo que teve um profundo significado espiritual para o escriba. Depois disso, Baruque continuará a apresentar fraquezas humanas, mas o curso de sua vida estará para sempre se movendo em uma nova direção.
A auto-renuncia de Baruque o levou a uma reorganização de vida em torno de um novo foco, com novas perspectivas. O texto fala de uma obediência contínua à Palavra falada de Deus. Outras referências a Baruque no livro de Jeremias indicam que ele aceitou o desafio de Deus. “Quaisquer que fossem os seus sentimentos, e independentemente dos seus interesses, ele permaneceu com Jeremias até o fim”.
IV. SUCESSO OU EXCELÊNCIA?
Claro que é a excelência! A sua busca deve ser constante no cumprimento do dever cristão. Todavia, não é errado buscar o sucesso naquilo que fazemos. Quem trabalha sem desejar crescer perde a expectativa de se desenvolver. Entretanto, é necessário que se examine os motivos que levem uma pessoa ao sucesso. Pelo que se pode depreender do capítulo 45 de Jeremias, é possível que Baruque tenha desejado notoriedade no serviço ao Senhor. Com certeza ficou entristecido pelo fato de que seu trabalho foi rejeitado pelo povo e pelo rei. Para quem sonhava com o sucesso, seria obrigado a conviver com um aparente fracasso, mas recebeu do Senhor a promessa de que sua vida seria preservada em todo o julgamento divino.
Quando um obreiro perde o foco do seu trabalho na obra de Deus, ele pode desanimar-se quando percebe que as circunstâncias ao redor lhe impedem de alcançar o sucesso. Pense bem, Deus está interessado na excelência do trabalho desenvolvido segundo a sua vontade, mesmo que diante dos olhos humanos não represente sucesso. Sabe por que Paulo jamais se sentiu frustrado? Ele perseguia a excelência ministerial no serviço do Senhor, e não o sucesso (Rm 11:13). O sucesso quem procurava era Demas que, no momento mais difícil de Paulo, abandona-o por sentir-se atraído pelo presente século (2Tm 4:10).
Aconteceu, também, com Jeremias. Ele serviu fielmente a Deus por 40 anos. Durante este período, o povo de Judá o ignorou, rejeitou e perseguiu. De acordo com os padrões humanos, a pregação de Jeremias, foi um “fracasso”, embora ele não tenha falhado em sua tarefa, permanecendo fiel a Deus. Mas aos olhos de Deus, Jeremias foi uma das pessoas mais bem-sucedidas da história. Seu trabalho foi excelente!
Nosso sucesso não deve ser medido pela aceitação ou pela rejeição das pessoas. Somente a aprovação de Deus deve ser o padrão de nosso serviço. Devemos levar a mensagem do Senhor a outros, mesmo quando formos rejeitados. Devemos fazer a obra de Deus, ainda que isto signifique sofrer.
Baruque deveria entender que, dentro do contexto geral (a destruição de Jerusalém e o exílio do povo), escapar com vida seria o superlativo motivo para agradecer a Deus. Nem sempre temos a retribuição que desejamos quando fazemos a obra de Deus, mas o Senhor é o responsável por recompensar de forma adequada toda obra que fazemos em prol do seu Reino.
Bem disse o Pr. Claudionor de Andrade: “O sucesso faz o nome do obreiro, todavia não o torna conhecido diante de Deus. Dá-lhe riquezas, porém, não lhe proporciona prosperidade espiritual. Enche-lhe o templo, mas, não raro, de crentes vazios. Confere-lhe prestígio, entretanto, não lhe aumenta a reputação diante daquEle que tudo vê e tudo conhece. Abre-lhe as portas aos poderosos, não obstante, fecha-lhe as do Todo-Poderoso. O sucesso faz a igreja de Laodicéia, mas somente a excelência pode conferir a beleza de Filadélfia e a perseverança de Esmirna. Aqueles que militam na obra de Deus devem buscar a excelência da obra e a glória de Deus, e não, o sucesso ministerial”.
CONCLUSÃO
A maior preocupação de um homem de Deus, chamado para o Ministério, em relação à Igreja que o Senhor lhe confiou, é, e sempre será, a vida espiritual da Igreja, no seu todo, e de cada membro, em particular. Qualquer obreiro que ocupar a maior parte de seu tempo, do tempo da Igreja, do tempo dos irmãos, na busca de posição social e eclesiástica, como melhorar a situação financeira, na conquista das coisas da terra e do mundo, na aquisição de valores materiais, não será um homem de Deus, chamado para o Ministério. É hora de reavaliarmos nossas prioridades. A grandeza pertence única e exclusivamente a Deus. É dEle que nos vêm a excelência! Pense nisso!
---------
Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
-------
Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. O novo dicionário da Bíblia. Revista Ensinador Cristão. Guia do leitor da Bíblia – Jeremias. A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck. Comentário Bíblico Beacon – CPAD - volume 4. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdonald.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Ajuda Humanitária Para Gaza ou Provocação?

Parcialidade e Hipocrisia
Por: M. Martins

Ninguém tem dúvida de que Israel está em guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza. A guerra declarada contra o terror é bastante para que qualquer Estado imponha bloqueio militar como forma de autodefesa. Aliás, o direito de defesa é assegurado a todos, pois ninguém pode permanecer passivo diante dos ataques inimigos. O Brasil também tem seu “bloqueio”, que lhe permite até abater aeronaves que adentram o território brasileiro sem a devida autorização. Trata-se de uma defesa do nosso território e da nossa soberania que a nenhum outro país diz respeito.
Ao “atacar” os navios de “ajuda humanitária” que tentavam furar esse bloqueio, Israel nada mais fez do que exercer livremente um direito de defesa que lhe é assegurado. Toda e qualquer ajuda humanitária à Faixa de Gaza deve ser inspecionada por Israel, já que esse País impôs legítimo bloqueio militar àquele território, abrigo de terroristas. Detalhes importantes: 1) O bloqueio à Faixa de Gaza é imposto não somente por Israel, mas também pelo Egito; 2) Israel e Egito permitem ajudas humanitárias à Faixa de Gaza, desde que devidamente inspecionadas; 3) O governo do Egito também fechara sua fronteira quando a guerra entre Fatah e Hamas tornou-se mais intensa.
A condenação da mídia à atitude de Israel, além de tendenciosa, demonstra uma atitude de anti-semitismo, porquanto censura um dos lados (Israel) sem antes ouvi-lo, sem dar-lhe direito à justificação. Mídia imparcial não condena, sobretudo antes de ouvir os dois lados.
A verdade é que a chamada “Frota de Liberdade”, que agregava navios pertencentes a “organizações humanitárias”, abordada pelas forças Israelenses, sabia que estava praticando um ato ilegal e já esperava a reação de Israel. A cineasta brasileira Iara Lee, que integrava uma das embarcações, confessou à Rede Globo que “os ativistas já esperavam algum tipo de confrontação com as forças militares de Israel”. Ora, se já esperavam a confrontação, por que enfrentaram o bloqueio à Faixa de Gaza?
A única resposta a isso vem da boca da própria ativista: “Se Israel nos prender a todos, façam barulho!”. A clara intenção daquela afronta à soberania de Israel não foi efetivamente levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza, mas “fazer barulho”, ou seja: suscitar a fúria internacional contra Israel (e como fizeram!). Caso quisessem realmente prestar socorro àquele povo, os ativistas-pró-terroristas não teriam descumprido a imposição de Israel para que os navios fossem previamente inspecionados.
As imagens revelam que, durante a abordagem, os soldados israelenses foram agredidos pelos ativistas, obrigando Israel a exercitar o uso da força. Um vídeo publicado no YouTube comprova que até granadas [de efeito moral] foram usadas pelos ativistas contra os soldados. Estavam prontos para reagir, é o que se deduz. Portanto, não se tratava de uma missão de paz, mas de uma afronta à soberania de Israel. A mídia (em especial, a Rede Globo) mais uma vez deturpou os fatos noticiados.
Quero condenar aqui a atitude da Rede Globo e do Governo Brasileiro de censurarem Israel sem, antes, condenarem a atitude afrontosa dos ativistas. Se um país não tem o direito de se defender, de usar de todos os recursos para evitar o contrabando de armamentos a uma zona de conflito, então o Brasil também não tem o direito de abordar aeronaves, embarcações e veículos que adentram o nosso território trazendo contrabandos e tráficos. Afinal, a Constituição Federal assegura em seu art. 5º: “XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens”.
Entretanto, se a soberania nacional impõe a todos (inclusive estrangeiros que aqui chegam) o dever de observar as leis que regem a circulação de bens, serviços e pessoas no território nacional, então a atitude do Brasil de condenar Israel pela abordagem aos navios da “Frota da Liberdade” (não seria este nome um agravo à soberania de Israel?) constitui-se, no mínimo, numa tremenda hipocrisia, já que aqueles navios claramente portavam armas e desrespeitavam as condições impostas pela nação israelense para a chegada de ajuda humanitária à Faixa de Gaza.
É triste constatar que Brasil vem se manifestando a favor do programa nuclear do Irã, contrariando a posição de outras nações, temerosas do mal que possa resultar disso. Todos nós sabemos que o Irã é inimigo declarado de Israel e do Ocidente. Por que, então, o Brasil apóia esse programa nuclear? Comparo esta atitude infantil do Governo brasileiro à entrega de armas ao inimigo; você venderia uma arma a quem sabidamente deseja sua morte? Corremos o risco de nos tornar um País hipócrita diante de tantas “burrices diplomáticas” cometidas pelo Governo brasileiro.
Para finalizar, dirijo-me à Rede Globo, inimiga pública de Israel, e com uma pergunta: Por que vocês não divulgam a posição de Israel sobre os diversos conflitos na Faixa de Gaza? Por que não falam de atos heróicos e humanitários de Israel em prol da paz na região, como a recente salvação da filha do ministro do Interior do Hamas? Por que não mostraram a parte do vídeo em que os ativistas lançam a granada? Israel já se manifestou sobre o incidente com os ativistas, mas não vimos a mídia cínica revelar qualquer posição em defesa da soberania israelense. No entanto, sempre que há uma autodefesa de Israel, assistimos a um bombardeio intenso de informações manipuladas, todas contrárias àquele País, que nada mais faz do se defender.
Parem de incitar o ódio a Israel!
M. Martins é editor da Revista Sã Doutrina - http://www.revistasadoutrina.com.br - http://www.beth-shalom.com.br