sábado, 28 de agosto de 2010

Aula 10 - O MINISTÉRIO PROFÉTICO NO NOVO TESTAMENTO

Texto Base: 1Coríntios 2.9-13

"O qual, noutros séculos, não foi manifestado aos filhos dos homens, como, agora, tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas" (Ef 3.5).

INTRODUÇÃO
No Novo Testamento, o ministério profético foi instituído por Cristo (Ef 4:7,11), para a Igreja, com o propósito de ser o porta-voz de Deus não mais para a revelação do plano de Deus ao homem, mas para trazer mensagens divinas ao Seu povo no sentido de encorajar o povo a se manter fiel à Palavra e para nos fazer lembrar as promessas contidas nas Escrituras. Neste Novo Pacto, a profecia precisa ser entendida dentro de um contexto específico. Ela não pode ser considerada superior à revelação escrita, ou seja, a própria Escritura Sagrada. Nenhuma palavra “profética” pode ter o objetivo de substituir ou revogar a Revelação Escrita, pois esta é a suprema profecia.
I. JESUS CRISTO, O PROFETA QUE HAVIA DE VIR
1. Características do autêntico profeta. À luz da Palavra de Deus, o autêntico profeta possui as seguintes características:
a) É reconhecido como homem de Deus, não havendo, pois, como ignorar o seu caráter e a sua mensagem - ele prega a Palavra com a voz e com a vida. Nem todas as pessoas que proferem a Palavra de Deus são boca de Deus. Uma coisa é proferir a Palavra de Deus, outra coisa é ser boca de Deus. Uma coisa é pregar aos ouvidos, outra coisa é pregar também aos olhos. Algumas pessoas pregam a Palavra e os corações permanecem insensíveis. Outras pessoas pregam a mesma verdade e os corações se derretem. Por que essa diferença? É que algumas pessoas são boca de Deus e outras não são (Jr 15.19). Geazi, o moço de Elizeu, colocou o bordão profético no rosto do menino morto e o menino não se levantou (2Rs 4:31). O problema não era o bordão, mas quem carregava o bordão. O bordão na mão de Geazi não funcionava porque a vida de Geazi não era reta diante de Deus como a vida de Eliseu. O poder não está no homem, está em Deus, mas Deus usa vasos de honra e não vasos sujos. Hoje, os homens escutam de nós belas palavras, mas não vêem em nós vida. Precisamos pregar aos ouvidos e também aos olhos. Precisamos falar e demonstrar. Precisamos pregar e viver. Precisamos de homens que sejam semelhantes a Elias, homens de Deus, em cuja boca a palavra seja verdade. A viúva de Sarepta disse que a Palavra de Deus na boca de Elias era verdade(1Rs 17:24).
b) É alguém que tem estreito relacionamento com Deus, e que se torna confidente do Senhor (Am 3.7). Ele vê o mundo e a Igreja sob a perspectiva divina, e não segundo o ponto de vista humano.
c) É um porta-voz de Deus, ou seja, ele não fala o que quer, mas o que o Senhor lhe ordena(Jr 1:7). Em qualquer instância da mensagem profética, e seja qual for o destinatário, o profeta de Deus falará apenas o que recebeu do Senhor, nem mais nem menos.
d) O verdadeiro profeta, por estar próximo de Deus, acha-se em harmonia com Deus, e em simpatia com aquilo que Ele sofre por causa dos pecados do povo. Compreende, melhor que qualquer outra pessoa, o propósito, vontade e desejos de Deus. Experimenta as mesmas reações de Deus. Noutras palavras, o autêntico profeta não somente ouve a voz de Deus, como também sente o seu coração (Jr 6.11; 15.16,17; 20.9).
e) À semelhança de Deus, o autêntico profeta ama profundamente o povo. Quando o povo sofre, o profeta sente profundas dores (ver o Livro das Lamentações). Ele almeja para o povo o melhor da parte de Deus (Ez 18.23). Por isso, suas mensagens contem, não somente advertências, como também palavras de esperança e consolo.
f) O autêntico profeta tem a profunda sensibilidade diante do pecado e do mal (Jr 2.12,13, 19; 25.3-7; Am 8.4-7; Mq 3.8). Não tolera a crueldade, a imoralidade e a injustiça. O que o povo considera “leve” desvio dos Mandamentos divinos, o verdadeiro profeta interpreta, às vezes, como funesto. Não suporta transigência com o mal, complacência, fingimento e desculpas do povo (Jr 6.20; 7.8-15; Am 4.1; 6.1). Compartilha, mais que qualquer outra pessoa, do amor divino à retidão, e do ódio que o Senhor tem à iniqüidade (cf. Hb 1.9).
g) O autêntico profeta desafia constantemente a santidade superficial e oca do povo, procurando desesperadamente encorajar a obediência sincera aos ditames que Deus revelara na Sua Palavra. Permanece totalmente dedicado ao Senhor; foge da transigência com o mal e requer fidelidade integral a Deus.
h) Finalmente, o autêntico profeta tem uma visão do futuro, revelada em condenação e destruição (por exemplo: Jr 11.22,23; 13.15-21; Ez 14.12-21; Am 5.16-20,27), bem como em restauração e renovação (por exemplo: Jr 33; Ez 37).
2. Jesus Cristo, o Profeta. A promessa de um grande Profeta feita a Israel cumpriu-se em Jesus. Os seus procedimentos, sejam em palavras sejam em ações, trazia a marca de que Ele não era apenas um profeta enviado por Deus, mas o Profeta de Deus - “O que aconteceu a Jesus, o Nazareno, que era varão profeta, poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo o povo” (Lc 24.19). Assim como os verdadeiros profetas no Antigo Testamento, Ele foi reconhecido e aclamado como tal (Mt 21.11; João 4.19 cf. 1Sm 3.20). As maravilhas operadas pelo Senhor Jesus confirmava-lhe o Seu autêntico ministério profético: na ressurreição do filho da viúva (Lc 7.11-17 cf. 1Rs 17.17-23); na multiplicação de víveres (Lc 9.11-17 cf. 1Rs 17.13-16); na autoridade do ensino (Mt 7.28,29 cf. Dt 18.18,19); na resposta imediata das orações (João 11.41-45 cf. 1Rs 18.37-39), na mensagem convocatória ao arrependimento do povo(Mt 3:17; Mc 1:15b cf Jr 7:3), entre outros extraordinários eventos. Sem dúvida, Ele era o Messias, o Profeta de Deus que havia de vir(João 6.14; 7.40).
Jesus, também, revelou os acontecimentos futuros, especialmente em seu sermão escatológico. Entre as suas profecias que já se cumpriram acha-se o anúncio da queda de Jerusalém, que se deu no ano 70, e a segunda diáspora dos judeus (Lc 21.24). Nos dias atuais, percebemos que as enunciações de Jesus quanto aos últimos tempos estão se cumprindo fielmente (Mt 24.5-12). Levemos em conta também suas proclamações escatológicas (Mt 24; Mc 13; Lc 21). Jesus Cristo, o Filho de Deus, é o Profeta por excelência.
Quando esteve aqui Ele exerceu como ninguém seu ofício profético. Suas obras e ensino apontavam para aquele profeta anunciado por Moisés: “O Senhor, vosso Deus, levantará dentre vossos irmãos um profeta semelhante a mim; a ele ouvireis em tudo quanto vos disser. E acontecerá que toda a alma que não escutar esse profeta será exterminada entre o povo” (Dt 18:15; At. 3.22-23).
a) O profeta aguardado por Israel, anunciado por Moisés, deveria ser do povo de Israel, ser um israelita (Dt.18:18). Jesus era um perfeito israelita, como demonstra a sua genealogia. Satisfeito estava, pois, este requisito previsto nas Escrituras.
b) O profeta aguardado por Israel, anunciado por Moisés, deveria ter as palavras de Deus na sua boca (Dt.18:18). Ter as palavras de Deus na boca significa que o profeta deve dizer a verdade. Vemos que Jesus, ao iniciar a sua pregação, tão somente pregou e falou aquilo que o seu Pai havia determinado. Jesus não só dizia a verdade e tinha a verdade em sua boca (João 8:45,46), boca onde jamais se achou engano (1Pe.2:22), como era cheio de graça e de verdade (João 1:14), tendo trazido a verdade até nós, para junto de nós (João 1:17), até porque é a própria verdade (João 14:6). Por isso, ao falar a verdade, mostrou que era profeta e, mais, ao ser a própria verdade, é o maior de todos os profetas.
c) O profeta aguardado por Israel, anunciado por Moisés, deveria falar tudo o que o Senhor ordenasse (Dt.18:18). Neste ponto, também Jesus se notabiliza entre os profetas, pois foi o único profeta a ser obediente até a morte (Fp 2:8). A obediência a Deus é um elemento decisivo, indispensável na vida de um verdadeiro profeta na casa do Senhor.
d) O profeta aguardado por Israel, anunciado por Moisés, por fim, tinha de ser humilde, não ser soberbo nem orgulhoso (Dt.18:19-22). Jesus sempre fez questão de dizer que era “enviado do Pai” (Mt.15:24; Lc.4:43; Jo.5:36; 20:21). Em momento algum, Jesus tomou para si a glória do Pai ou demonstrou soberba ou orgulho.
Todo profeta baseava seu ministério na humilhação diante da potente mão de Deus e, por isso, era um instrumento nas mãos do Senhor. Jesus é manso e humilde de coração (Mt.11:29). Por isso, não podemos admitir, nos dias hodiernos, que pessoas arrogantes, soberbas e orgulhosas se arvorem em “profetas” e “profetisas” na casa de Deus. Nada mais contraditório do que alguém se dizer portador do dom espiritual de profecia ou ser profeta na igreja sendo arrogante e presunçoso. As Escrituras Sagradas, aliás, são claras em mostrar a arrogância e soberba como uma das principais características dos falsos mestres, que, a exemplo dos falsos profetas da antiga aliança, estão a perturbar o povo de Deus (2Tm.3:2; 2Pe.2:10,18; Judas 12,16).
2. A perfeição de Cristo. Jesus é descrito de vários modos nas Escrituras. Ele é o bom pastor, o Pastor Supremo (João 10:11; 1Pedro 5:4), Rei (Ap 19:16; Atos 2:29-36), Profeta (Dt 18:17-19; Atos 3:22-23; Lucas 13:33), Mediador (Hb 8:6) e Salvador (Ef 5:23). Cada uma destas descrições salienta alguma função que Jesus desempenha no plano da salvação. Ao contrário dos outros profetas, que não eram a luz, mas testificavam da luz, Jesus era a verdadeira luz que alumiava os homens(João 12:46). Ao contrário dos outros profetas e apóstolos, Ele não precisava de revelações para prevê o futuro, pois sendo verdadeiro Deus(1João 5:20), Ele sabe todas as coisas(João 16:30; 21:17; Cl 2:2,3). Portanto, Ele é o perfeito Profeta, o profeta por Excelência, o profeta que havia de vir.
Jesus foi distinto dos demais profetas porque trouxe uma mensagem integral, uma mensagem inteira, completa, que não seria mais sombra ou figura daquilo que viria, mas a própria realização da vontade de Deus. Seria o Profeta que teria as palavras do Senhor na sua boca e que falaria tudo o que o Senhor ordenasse (Dt 18:18). Moisés pôde dizer a Israel tudo aquilo que Deus lhe dizia (Ex.19:9), mas Jesus revelou aquilo que Ele mesmo compartilhava com o Pai, que é um com Ele (João 17:3-8). O que foi revelado por Jesus, a respeito de Deus, era do próprio Jesus, de Si mesmo, já que Ele é o Edificador da casa, o Verbo de Deus. Na Sua humanidade, fez notório e conhecido tudo quanto se referia a Deidade, sendo, pois, o “Deus conosco”, o profeta por excelência, o próprio Deus falando aos homens.
II. A ATIVIDADE PROFÉTICA EM O NOVO TESTAMENTO
1. A Grande Comissão (Mt 28.18-20). A missão profética da Igreja está implícita na Grande Comissão que lhe foi outorgada por Cristo. Vários textos dos Evangelhos e dos Atos dos Apóstolos falam da abrangência ilimitada da missão profética da Igreja (Mt 28.18-20; Mc 16.15-20; Lc 24.46,47; At 1.8). Essa missão profética de pregar o evangelho tem seu alicerce na autoridade de Jesus. É função da Igreja proclamar a todos que se arrependam, para que sejam perdoados os seus pecados (Mc 1.14), e possam ingressar no Reino de Deus.
Nos tempos do Antigo Testamento, a pregação não era uma atividade constante do povo de Deus. Seus líderes espirituais, sacerdotes e profetas e, às vezes, alguns reis tementes a Deus proferiam discursos exortativos ao povo, mas a pregação não era essencial na liturgia do Tabernáculo, do Templo ou das sinagogas. Foi Jesus quem estabeleceu e exerceu o ministério da pregação. Para exercício desse ministério, confiou aos seus discípulos a Grande Comissão (Mt 28.19,20).
A Grande Comissão é, sem sombra de dúvidas, a suprema atividade profética no Novo Testamento. As palavras de Jesus Cristo, relatadas nos Evangelhos e nos Atos dos Apóstolos, apontam para alvo e objetivo que a igreja deva alcançar. Templos, escolas, orfanatos, asilos para idosos, creches e hospitais devem ser encarados no contexto da igreja local como acessórios, entretanto, a evangelização dos povos deve ocupar a primazia dos recursos financeiro e pessoal. A igreja pode fazer tudo aqui na terra, mas se não fizer missões e evangelismo, não fez nada. A igreja fundada por Jesus Cristo é um organismo vivo, dinâmico e atuante neste mundo de miséria e pecado, mas para que isto ocorra é necessário canalizar mais recursos financeiros, colocando missões em primeiro lugar na administração e atividades da igreja, sem isto não estamos contribuindo de forma efetiva para divulgação do Reino de Deus aqui na terra.
2. A mensagem profética da Igreja (At 3.18-26). A mensagem profética da igreja é constituída, principalmente: (a) pela anunciação do arrependimento dos pecados, (b) proclamação do retorno triunfante de Cristo para buscar a sua Igreja e julgar os ímpios.
a) Arrependimento (At 2.38; 3.19; 17.30). Jesus ordenou que em seu nome se pregasse o arrependimento a todas as nações (Lc 24.47). A mensagem de João Batista (Mt 3.2), de Jesus (Mt 4.17) e dos apóstolos (At 2.38) era uma veemente chamada ao arrependimento: “Arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc 1.15). Uma igreja morna perde sua função profética e não prega o arrependimento dos pecados. Todavia, a Igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade (1Tm 3.15), não se associa ao mundo inconverso e perdido; ao contrário, conclama a todos que se arrependam e se convertam, para que sejam perdoados de seus pecados (At 3.19).
b) A segunda vinda de Cristo (1Ts 4.13-18). O mundo precisa ouvir uma mensagem que será a última que a Igreja tem para anunciar. Não se trata de um aspecto doutrinário secundário. Trata-se de uma mensagem essencial que sempre fez parte integrante do evangelho de Cristo e sem a qual este se torna incompleto e até difícil de entender. Essa mensagem é: Jesus Cristo vai voltar! “O Senhor vem!” - é esse o significado de “Maranata” (1Co 16:22), expressão (em língua aramaica) freqüentemente usada pelos primeiros cristãos.
O mundo precisa ouvir esta mensagem e é responsabilidade da Igreja transmiti-la. Mas esta mensagem é difícil de ser aceite pelo mundo e desperta reações desencontradas. Muitas seitas bizarras e falsos ensinadores poluíram a mente das pessoas com ensinos deturpados e fantasiosos. Usando o nome de Jesus e manipulando a Bíblia de forma falaciosa, colocaram a ridículo a mais nobre esperança da Igreja. Uma dessas seitas, que nos escusamos de nomear, marcou várias datas para a vinda de Cristo, falhando, obviamente, em todas elas. Finalmente, resolveu o problema afirmando que Cristo já veio, embora ninguém o tenha visto. O que contradiz claramente a Escritura. O Apóstolo Paulo assim nos ensina sobre a primeira fase da segunda vinda de Cristo: “Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais como os demais, que não têm esperança. Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem Deus os tornará a trazer com ele. Dizemo-vos, pois, isto pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras”(1Ts 4:13-18). O apóstolo João, sob a revelação do Espírito Santo, assim nos fala sobre a segunda fase da segunda vinda de Cristo: “Eis que vem com as nuvens, e todo o olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele” (Ap 1:7).
Esperar Jesus voltar uma segunda vez é hoje para muitos tão difícil de aceitar como era a ressurreição de Jesus no primeiro século. Mas esta mensagem tem de ser entregue, porque é demasiado importante e urgente para ser desconhecida.
Por que podemos ter a certeza de que Cristo vai voltar? Porque, da mesma forma que as profecias relativamente à sua primeira vinda se cumpriram há 2.000 anos, as que dizem respeito à sua 2ª vinda se irão cumprir também. O próprio Senhor o prometeu (João 14:1-3;ler Atos 1:10,11).
III. O EXERCÍCIO PROFÉTICO DOS APÓSTOLOS
Os apóstolos de Jesus Cristo exerceram na Igreja autoridade semelhante a dos profetas do Antigo Testamento. A missão principal dos profetas do Antigo Testamento era transmitir a mensagem divina através do Espírito, para encorajar o povo de Deus a permanecer fiel, conforme os preceitos da antiga aliança. Às vezes eles também prediziam o futuro conforme o Espírito lhes revelava.
Os apóstolos são um exemplo do ideal do Antigo Testamento (At 3.22,23; 13.1,2). Além do mais, viveram o clímax da revelação de Jesus (Hb 1:1); eles viram o que todos os profetas desejaram ver: o Filho de Deus, encarnado; não apenas viram, mas, tocaram nEle; não apenas tocaram nEle, mas conviveram com Ele; viram a sua glória bem de perto(no monte da transfiguração). Além disso, desfrutaram da dimensão do Espírito Santo em uma época em que sua atuação não era mais esporádica, mas plena e abundante. Desta feita, consideramos que os apóstolos receberam uma revelação superior a dos profetas do Antigo Testamento (ver 2Co 3. 5-11).
Os apóstolos canônicos foram profetas de Deus não apenas em seu tempo, mas em nosso tempo também, pois seus escritos, inspirados por Deus, cumprem a função da profecia: edificam, exortam e consolam.
A função profética dos apóstolos na igreja incluía o seguinte: a) Proclamava e interpretava, cheio do Espírito Santo, a Palavra de Deus, por chamada divina. Sua mensagem visava admoestar, exortar, animar, consolar e edificar (At 2.14-36; 3.12-26; 1Co 12.10; 14.3).
b) Quanto ao futuro: Profetizaram acerca do surgimento de falsos mestres, de seitas e heresias(At 20:29,30; 1Tm 4:1; 2Pe2:1-3; 2Pe 3:7-18)); Predisseram pelo Espírito Santo o arrebatamento da Igreja e a ressurreição dos mortos(1Ts 4:13-17); a manifestação do Anticristo e o período da grande Tribulação(2Ts 2:3-11); o galardão dos justos(1Co 3:12-15; 2Co 5:10); a vinda de Jesus, o fim do mundo e a eternidade dos salvos(2Pe 3:7-18), dentre outros acontecimentos futuros. O livro de Apocalipse, escrito por João, é essencialmente profético; é a conclusão de todas as Escrituras e lança luz sobre as profecias do Antigo Testamento, principalmente as de Ezequiel, Daniel e Zacarias, de Jesus em Mateus 24, 25 e do apóstolo Paulo (1Ts 4-5; 2Ts 2).
c) Como ocorria no Antigo Testamento, os apóstolos desmascaravam o pecado, proclamavam a justiça, advertiam do juízo vindouro e combatiam o mundanismo e frieza espiritual entre o povo de Deus. Por causa da sua mensagem de justiça, o profeta pode esperar ser rejeitado por muitos nas igrejas, em tempos de mornidão e apostasia.
Os profetas continuam sendo imprescindíveis ao propósito de Deus para a igreja. A igreja que rejeitar os profetas de Deus caminhará para a decadência, desviando-se para o mundanismo e o liberalimo quanto aos ensinos da Bíblia (1Co 14.3; cf. Mt 23.31-38; Lc 11.49; At 7.51,52). Se ao profeta não for permitido trazer a mensagem de repreensão e de advertência denunciando o pecado e a injustiça (João 16.8-11), então a igreja já não será o lugar onde se possa ouvir a voz do Espírito. A política eclesiástica e a direção humana tomarão o lugar do Espírito (2Tm 3.1-9; 4.3-5; 2Pe 2.1-3,12-22).
CONCLUSÂO
A tarefa profética de Jesus não foi limitada ao tempo de duração de sua vida terrena, como os demais antes dEle, mas por meio do Espírito Santo e de sua vitoriosa e profética Igreja, o seu ministério profético continuou depois da sua assunção à sua Glória.
O exercício do ministério profético da Igreja só é possível porque, a exemplo do que ocorria com o Senhor Jesus, a Igreja também recebeu o Espírito Santo e Deus está com e na Igreja (Mc 16:20 e At.10:38). Sem a presença de Deus, em suas três Pessoas (Pai, Filho e Espírito Santo), nada pode ser feito por parte da Igreja (João15:5). O segredo para o eficaz exercício não só do ministério profético, mas dos outros ofícios da Igreja (real e sacerdotal), está na comunhão que há entre a Igreja e o Senhor. Por isso, tudo o que a Igreja liga na Terra, é ligado no céu e tudo o que é desligado na Terra, é desligado no céu (Mt.16:19). Não se trata de qualquer “privilégio” ou “poder sobrenatural” dado a Pedro, isoladamente, ou mesmo aos apóstolos, mas, sim, uma afirmação de Cristo a respeito da sua Igreja, que, enquanto em comunhão com a única cabeça, que é Jesus Cristo, atua em unidade com Ele (João 17:22,23), nada havendo que possa, pois, prevalecer contra a Igreja, nem mesmo as portas do inferno, ainda que os anjos sejam superiores aos homens (Sl.8:5). É por isso, aliás, que Tiago nos ensina que devemos nos sujeitar a Deus que, aí, então, poderemos resistir ao diabo e ele fugirá de nós (Tg 4:7).
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. Bíblia de Estudo das Profecias. O novo dicionário da Bíblia. Revista Ensinador Cristão – CPAD nº 43. Guia do leitor da Bíblia. A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck. Comentário Bíblico Beacon – CPAD - volume 4. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdonald. Através da Bíblia – Lucas – John Vernon McGee

sábado, 21 de agosto de 2010

Aula 09 - JESUS – O CUMPRIMENTO PROFÉTICO DO ANTIGO PACTO

Texto Base: Atos 3:18-26

"E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés, e nos Profetas, e nos Salmos"(Lc 24:44).

INTRODUÇÃO
Todo o Velho Testamento aponta para e profetiza sobre Cristo. Entre os Salmos e profetas do Antigo Testamento há incontáveis profecias sobre como seria o Messias(Lc 24:44). No discurso proferido no Templo pelo apóstolo Pedro(Atos 3:18-26) é mostrado que Jesus é o Evento que já fora pregado pelos santos profetas, e que agora devia ser aceito pelo povo de Israel. A recusa de algum seguimento religioso ou religião, principalmente o judaísmo, em aceitar a idéia de um Messias que morre só pode ser devida à falta de consideração a estas profecias. O apóstolo Pedro mostra que Jesus é o profeta que Deus levantaria para ser ouvido, conforme a profecia de Moisés. Aliás, a lei de Moisés, que Israel tinha que obedecer antes da época de Cristo, constantemente apontava para Jesus: "A lei nos serviu de aio para conduzir a Cristo" (Gl 3:24). Portanto, Jesus Cristo está presente em todo conteúdo das Escrituras Sagradas, história e instituições, de maneira direta e indireta. Ele é, assim, o cumprimento das profecias proferidas pelos profetas do Antigo Testamento. O próprio Jesus assim falou: “E, começando por Moisés e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras”(Lc 24:27).
I. FIGURAS PROFÉTICAS
A profecia do Antigo Testamento fala por intermédio de prefigurações, tanto por imagens quanto por linguagem profética.
1. As prefigurações. Entre todas as profecias do Antigo Testamento, as que anunciavam a primeira vinda de Jesus estão entre as mais poderosas. Citaremos dois exemplos ocorridos na vida de Cristo que foram prefigurados em situações reais no Antigo Testamento:
a) A Paixão de Cristo. A paixão de Cristo foi prefigurada na instituição da páscoa, no Egito (Êx 12.3-13). Nela, o cordeiro, uma vez sacrificado, deveria ser assado, inteiro, sendo comido, então, à noite, com pães asmos e ervas amargas (Ex.12:8,9), queimando-se tudo o que restasse naquele mesmo dia (Ex.12:10). Isto nos fala que o sacrifício de Jesus era completo, não teria de ser repetido, nem restaria algo a ser realizado depois de sua efetivação. O sacrifício se daria com sofrimento (ervas amargas) e com sinceridade (os pães asmos), mas traria vida ao povo de Deus. O fato de o cordeiro ser assado e, depois, retirado do forno para ser consumido, também indicava a ressurreição de nosso Senhor. Esta festa é a figura mais proeminente da morte de Jesus, tendo servido de seu prenúncio desde então até o dia mesmo da prisão do Senhor, que se deu no dia anterior à mesma (Lc.22:15).
Todo o sistema de sacrifícios instituído pela lei de Moisés apontava para a necessidade de morte de uma vítima, de um substituto para o perdão dos pecados. Com efeito, na lei de Moisés fica claro que não haveria como obter o perdão dos pecados, a “expiação”(palavra que no hebraico significa “cobertura”), sem que houvesse derramamento de sangue, sem que houvesse a morte de alguém no lugar do pecador. Todos os sacrifícios figuravam o sacrifício de Cristo por todos nós, o qual padeceu durante a comemoração da Páscoa - "Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós" (1Co 5:7).
b) Os sofrimentos de Davi, descritos no Salmo 22. Este salmo prefigura os vitupérios e flagelos de Jesus. Ele foi recitado pelo Senhor na cruz, como prova cabal de que ali se tinha o seu cumprimento. É o clamor de desamparo do servo de Deus; “Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste? Por que Te alongas das palavras do Meu bramido e não Me auxilias?”. Foram estas as palavras que o Senhor recitava na cruz, em hebraico, quando o povo entendeu que estivesse a clamar por Elias, já que o povo falava o aramaico (Mt.27:46,47; Mc.15:34,35). Neste salmo, há uma descrição nítida da crucifixão de Jesus; a descrição dos sofrimentos mostra-nos claramente a forma da morte, ou seja, a morte por crucifixão, pois é falado em desconjuntar de ossos(Sl.22:14), ainda que nenhum deles tenha sido quebrado (Sl.22:17); em secura da boca que fez com que a língua se prendesse ao paladar (Sl.22:15), o traspassar dos pés e das mãos (Sl.22:16). O salmista, também, fala acerca da repartição dos vestidos entre os seus algozes e o lançamento de sortes sobre a sua túnica (Sl.22:18). O salmista é bem claro ao afirmar que este sofredor é posto no pó da morte (Sl.22:15).
2. A linguagem profética. Alguns estudiosos informam que a maioria das profecias bíblicas foi escrita numa linguagem denominada “linguagem profética”. Essa linguagem seria cheia de simbolismos e figuras com encaixes históricos a serem revelados, onde a própria Bíblia desvendaria tais símbolos e figuras. Apesar dos profetas viverem, a maioria, em épocas diferentes, a linguagem profética empregada são perfeitamente harmônicas, o que vem a enfatizar a inspiração por um único Espírito – o Espírito Santo de Deus.
Em Mateus 2:19-23 é descrito que José, Maria e Jesus se estabelecem em Nazaré. E no versículo 23 é descrito o seguinte: "E chegou e habitou numa cidade chamada Nazaré, para que se cumprisse o que fora dito pelos profetas: Ele será chamado Nazareno". Quando este versículo diz que “Ele será chamado Nazareno”, significa que seria tratado com desprezo. Mateus não menciona o nome de nenhum dos profetas, mas diz que os profetas haviam predito que Jesus seria chamado Nazareno. Nenhum versículo do Antigo Testamento diz isso diretamente. Muitos estudiosos sugerem que Mateus está fazendo referencias a Isaias 11:1: “Do tronco de Jessé sairá um rebento, e das suas raízes, um renovo”. A palavra hebraica traduzida “tronco” é netzer, mas a comparação parece remota. Uma explicação mais provável é que “nazareno” é usado para descrever qualquer pessoa que morou em Nazaré, cidade vista com desprezo pelo resto do povo. Natanael expressa isso com sua pergunta proverbial: “De Nazaré pode sair alguma coisa boa?”(João 1:46). Embora não achemos nenhuma profecia de que Jesus seria chamado nazareno, podemos achar uma que diz que ele seria “desprezado e o mais rejeitado entre os homens”(Is 53:3).
O ministério de Jesus seria anunciado por um predecessor. Vimos isto, exaustivamente, na aula anterior. Este vaticínio está escrito em Malaquias 3:1 e Isaias 40:3, o que se cumpriu literalmente, conforme Mateus 3:1-3 e Lucas 1:17.
Jesus entraria em Jerusalém de forma pública e montado em um jumento. A declaração profética sobre este acontecimento marcante foi proferida por Zacarias(Zc 9:9) e cumprido em Mateus 21:1-9
Jesus seria apresentado no Templo. A declaração profética está exarada em Ageu 2:7-9; e cumprido em Lucas 2:21-32. O filho Primogênito era apresentado a Deus um mês após o nascimento. A cerimônia incluía o resgate da criança para Deus por meio de uma oferta, conforme a Lei(Ex 13:2,11-16;Num 18:15,16). Deste modo, os pais reconheciam que o filho pertencia a Deus, o único com poder de dar a vida. Quando Jesus foi apresentado no Templo duas personagens O acolhem: Simeão e Ana. Eles representavam o Israel fiel que esperava ansiosamente a sua libertação e a restauração do reinado de Deus sobre o seu povo. De Simeão diz-se que era um homem “justo e piedoso, que esperava a consolação de Israel”.
Portanto, profecias cumpridas são uma forte evidência de que Deus é o autor da Bíblia. Somente a Bíblia está repleta de profecias - tanto já realizadas, como ainda por realizar. Ela nunca errou no passado, e não errará no futuro. Isto sustenta a sua inspiração por Deus (2Tm 3:16). “Conforme o Dr. Roger Liebi, 330 profecias extremamente exatas e específicas referentes ao Messias sofredor se cumpriram literalmente por ocasião da primeira vinda de Cristo”((Norbert Lieth - http://www.chamada.com.br).
II. INSTITUIÇÕES PROFÉTICAS
Neste tópico, analisaremos Israel, o Tabernáculo e o Sacerdócio como instituições proféticas que identificam o Messias nas profecias para o seu povo.
1. Israel. A Bíblia não apenas profetiza que Cristo nasceria em Belém, mas também diz que Ele viria do Egito. No oitavo século antes de Cristo, o profeta Oséias anunciava em Israel a respeito da vinda do Messias: “Quando Israel era menino, eu o amei; e do Egito chamei o meu filho” (Os 11.1). Os comentaristas judeus aplicavam essa profecia a Israel e ao Messias, o que se torna bem evidente conhecendo o contexto do Novo Testamento.
ENTENDENDO MELHOR...
a) O propósito de Deus com Israel. “Quando Israel era menino, eu o amei” (Os 11:1a). Aqui, o profeta Oséias usou o verbo hebraico ahebh, que expressa o amor eletivo de Deus. Ele escolheu Israel para através dele revelar ao mundo o seu poder e a sua glória, quando destruiu a Faraó no Egito (Rm 9.17); dar ao mundo as Escrituras (Rm 3.1,2) e o Messias (Jo 4.22). Israel foi escolhido para ser um povo sacerdotal (Êx 19.5, 6). Deus não escolheu o Egito, a nação mais poderosa da época; não escolheu os fenícios, principais navegantes da antiguidade; não escolheu os gregos, povo da filosofia; não escolheu os assírios, povo beligerante e perito em artes bélicas. No entanto, escolheu e amou a Israel, pequeno povo de pastores nômades, quando este era ainda um menino indefeso na terra do Egito. Todavia, Israel nunca correspondeu a esse amor.
b) A profecia se cumpriu em Jesus. “... do Egito chamei a meu filho” (Os 11:1b). Qualquer judeu na época, ao ler essa passagem, viria logo à mente a saída dos filhos de Israel do Egito. Mas este texto sagrado é também uma profecia messiânica que se cumpriu quando Deus mandou que José e Maria retornassem do Egito com o menino Jesus (Mt 2:15).
Mas como essa profecia se cumpriu, como foi que Jesus, ainda menino, veio do Egito? A maioria de nós conhece a história da matança dos meninos judeus em Belém ordenada pelo infanticida rei Herodes, que via seu trono ameaçado pelo nascimento de Jesus. A Bíblia diz a esse respeito: “Tendo eles partido, eis que apareceu um anjo do Senhor a José, em sonho, e disse: Dispõe-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egito e permanece lá até que eu te avise; porque Herodes há de procurar o menino para o matar. Dispondo-se ele, tomou de noite o menino e sua mãe e partiu para o Egito; e lá ficou até à morte de Herodes, para que se cumprisse o que fora dito pelo Senhor, por intermédio do profeta [em Os 11.1]: Do Egito chamei o meu Filho” (Mt 2.13-15). Os planos cruéis, egoístas e assassinos de um político mundano acabaram contribuindo para que a Palavra se cumprisse. Herodes pensava que aniquilaria os planos divinos, mas sua maldade apenas contribuiu para que as profecias se cumprissem literalmente.
2. O Tabernáculo. O Tabernáculo, que Deus mandou Moisés construir, era um santuário(Ex 25:8,9), um lugar separado para o Senhor habitar entre o seu povo e encontrar-se com os seus(Ex 25:25; 29:45,46; Nm 5:3; Ez 43:7,9). De dia e de noite a glória do Senhor estava sobre o Tabernáculo. Quando a glória do Senhor seguia adiante, Israel tinha que avançar junto. Deus guiou os israelitas dessa maneira enquanto estiveram no deserto(Ex 40:36-38; Nm 9:15,16). Era no Tabernáculo que Deus concedia o perdão dos pecados mediante um sacrifício vicário(Ex 29:10-14). Esses sacrifícios tipificavam o perfeito sacrifício de Cristo na cruz pelos pecados da raça humana(Hb 8:1,2; 9:11-14). O lugar mais importante do Tabernáculo era o Lugar Santíssimo(Ex 26:34), pois nele continha a Arca(peça em formato de baú, contendo os dez mandamentos, um vaso de maná e a vara florescida de Arão – ler Heb 9:4), que representava o trono de Deus.
Cada peça e utensílio do tabernáculo, também, aponta para Cristo e sua obra salvífica (Hb 9:8-10):
a) A arca da Aliança
. Simboliza a justiça e o Trono de Deus (Ex 25:10-22; Hb 9:4). Diante dela o sumo sacerdote se colocava, uma vez por ano, no dia da expiação, para aspergir sangue sobre o propiciatório, como expiação pelos pecados involuntários do povo, cometidos durante o ano anterior.
b) O Altar do Holocausto. Simboliza a cruz do Calvário, lugar onde Cristo foi crucificado (Hb 9:12-14;25-28; 10:10-14).
c) O Altar de Incenso. Representa a intercessão de Cristo na glória (Hb 7:25).
d) O Candelabro. Representa Cristo como “a Luz do mundo”(Mt 5:14-16; João 8:13).
e) A Mesa dos pães. Simboliza a Cristo “O Pão da Vida”(João 6:35).
f) O Lavatório. Representa a purificação e o início da santificação (Hb 10:19,22).
3. O sacerdócio. O Ministério Sacerdotal de Arão prefiguravam a obra de Cristo; isso está muito claro na epístola aos Hebreus (cf Hb 5:4,5). Dentre os sacerdotes se destacava a figura do sumo sacerdote, descendente de Arão, o primeiro sumo sacerdote, cuja função era, primordialmente, a de interceder a Deus por todo o povo, notadamente no dia da expiação, quando ingressava no lugar santíssimo e ali, depois de ter feito sacrifício antes por si mesmo, oferecia um sacrifício em nome de todo o povo, ocasião em que Deus aplacava a sua ira e adiava, por mais um ano, a punição pelos pecados cometidos. Mas, o ministério arônico, que era efêmero, teria que ser substituído por um permanente e perfeito. O profeta Jeremias, inspirado pelo Espírito Santo profetizou essa mudança no sistema sacerdotal (ler Jr 31.31-34 c/c Hb 8.8-12) e a substituição do sacerdócio arônico pela ordem sacerdotal de Melquisedeque (Sl 110.4 c/c Hb 7.11,17).
Jesus, como bem explicou o escritor da carta aos hebreus, é o sumo sacerdote por excelência, de uma ordem superior a dos sumo sacerdotes que descendiam de Arão, porque estes apenas, depois de terem feito um sacrifício por si, aplacavam, por um ano, a ira divina, cobrindo os pecados do povo (Sl.32:1), mas Jesus, bem ao contrário, sacrificou-se a si mesmo, uma vez por todas, para tirar o pecado do mundo, pecado que nunca mais será levado em conta por Deus. O seu sacrifício proporcionou o retorno da comunhão entre Deus e os homens (Hb.10:1-18). Em virtude deste sacrifício suficiente e que se fez propiciação pelos pecados de todo o mundo (1Jo.2:2), Jesus assumiu o papel de mediador entre Deus e os homens (1Tm.2:5; Hb.8:6; 9:15; 12:24), intercedendo atualmente, à direita do Pai, pelos transgressores (Is.53:12; Rm.8:34). Jesus é o sumo sacerdote, pois é a cabeça da Igreja (Ef.1:22; 5:23), que é composta de sacerdotes (1Pe.2:5,9; Ap.1:6; 20:6).
III. PROFECIAS DIRETAS ACERCA DO NASCIMENTO DE JESUS
A encarnação é um dos maiores mistérios das Sagradas Escrituras, sem a qual seria impossível a nossa redenção. A encarnação envolve dois fatores: o esvaziamento do Senhor de sua glória e o seu nascimento como homem, que completou o esvaziamento. Ele esvaziou-se de sua glória para assumir a forma humana, viver entre os homens, derrotar Satanás e o pecado, e dar oportunidade para que o homem se reconciliasse com Deus. Em sua encarnação, o Cristo tornou-se em tudo semelhante a nós, exceto quanto à natureza pecaminosa e ao pecado (Fp 2.7,8 - ARA).
1. A origem humana de Jesus. Imediatamente à queda do homem, no Éden, Deus prometeu o Redentor, que viria da semente da mulher(Gn 3:15), ou seja, seria um ser humano nascido de mulher (Gl 4:4), mas sem pecado (Mt 1:20; Hb 4:15). Jesus foi concebido por obra e graça do Espírito Santo no ventre de sua mãe (Lc 1:31-35). Entretanto, Jesus não poderia ser concebido como o foram os demais seres humanos a partir do primeiro casal, porque, em virtude do pecado, os homens passaram a ser concebidos em pecado (Sl.51:5), ou seja, herdavam a natureza pecaminosa de seus pais, tanto que, em vez de saírem à imagem e semelhança de Deus, como havia sido o primeiro casal, saíam à imagem e semelhança de seus pais (Gn.5:3). Por isso, Jesus não poderia ser fruto de uma concepção resultante da relação sexual entre seus pais biológicos, visto que não poderia ser senão a “semente da mulher”, o “último Adão”(1Co.15:45), e, portanto, a exemplo do primeiro casal, criado por ação direta de Deus, sem mediação humana. É por este motivo que, ao longo da revelação progressiva de Deus, por meio da sua Palavra, o Senhor foi anunciando ao seu povo que o Salvador, o Messias, chamado de “semente da mulher”, seria alguém que seria o resultado da “concepção de uma virgem” (Is.7:14) e que a criança nascida, ao contrário de todas as demais, ao adquirir a consciência não se inclinaria para o mal, mas, sim, para o bem (Is.7:15,16).
2. O descendente dos patriarcas de Israel. A Bíblia diz que o Messias seria:
a) Descendente de Abraão(Gn 12:7; 17:19; 22:18). O cumprimento em Cristo: “Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua posteridade. Não diz: E às posteridades, como falando de muitas, mas como de uma só: E à tua posteridade, que é Cristo”(Gl 3:16).
b) Descendente de Isaque(Gn 21:12). O cumprimento em Jesus: Lc 3:33, 34. Do verso 23 ao 34 vemos que a genealogia de Jesus mostra que Ele é descendente do patriarca Isaque.
c) Descendente de Jacó(Nm 24:17). O livro de Números foi escrito cerca de 13 séculos antes do nascimento de Jesus. O mesmo versículo de Lucas que mostra ser Jesus descendente de Isaque, revela que Ele é também descendente de Jacó(Lc 3:34).
d) Da tribo de Judá(Gn 49:10). Entre as bênçãos proféticas do patriarca Jacó sobre seus doze filhos, coube a Judá a seguinte promessa: “O cetro não se arredará de Judá, nem o legislador dentre seus pés, até que venha Siló; e a ele se congregarão os povos”. O cumprimento em Jesus: Mt 1:1; Lc 3:23, 33-34.
A bênção outorgada a Judá(Gn 49:8-12) indica que os direitos da primogenitura lhe foram concedidos, e, portanto, as bênçãos prometidas a Abraão(Gn 12:1-3). A suma dessa promessa é que todas as nações seriam abençoadas através de Judá pela “semente” da mulher (Gn 3:15). A Judá foi dito que seus descendentes governariam seus irmãos, “até que venha Silo”. “Silo” provavelmente significa “aquele a quem pertence”(cf Ez 21:27) e, em sentido pleno, refere-se ao Messias vindouro, Jesus Cristo, que veio através da tribo de Judá(Ap 5:5).
e) Seria um Renovo na Casa de Davi(Jr 23:5). O ministério do profeta Jeremias iniciou-se em 625 a.C. e terminou por volta de 586 a.C. Portanto, quase seis séculos antes do nascimento de Jesus, aquele profeta falou sobre um Renovo que nasceria da descendência de Davi. O rei Davi também falou destas promessas: Sl 132:11. O cumprimento em Jesus: Mt 1:1; 9:27; 15:22; At 13:22-23; Ap 22:16
3. Nascido de uma virgem. “Eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel”(Is 7:14; Mt 1:25-24; Lc 1:35). Esta profecia fora profetizado cerca de setecentos anos antes do evento histórico. Maria concebeu, sem que conhecesse varão, e deu à luz ao seu filho primogênito, que foi chamado de Jesus por ordem divina. Seu nascimento ocorreu em Belém conforme o registro de Lc 2.3-12. Maria, como as demais mulheres, sentiu as dores de parto ao dar à luz a Cristo; e, Jesus, à nossa semelhança, deixou o ventre materno, natural e não sobrenaturalmente, ao nascer em Belém de Judá. Jesus se fez carne e habitou entre nós, sendo fruto da concepção de uma virgem. Observemos bem que Jesus foi concebido em uma virgem, mas sua mãe não ficou virgem para sempre. A virgindade de Maria cessou com o nascimento de Jesus, assim como também a sua abstinência sexual em relação a seu marido, José. A Bíblia diz que José não a conheceu até que Jesus nasceu (Mt.1:25), sendo certo, também, que José e Maria tiveram filhos, como o dizem os moradores de Nazaré, a cidade onde Jesus foi criado (Mt.13:55; Mc.6:3).
O nascimento virginal de Cristo é um prova contundente de sua humanização. Negar, portanto, a concepção virginal de Jesus é negar a sua condição de Salvador, é procurar desacreditar a sua missão de salvação do homem. Jesus veio para libertar o povo do pecado e, por isso, não poderia ser formado em pecado.
É interessante observar, portanto, que a vinda de Jesus por obra e graça do Espírito Santo, em momento algum, pode ser usada como argumento para negar a sua humanidade, porquanto sua concepção virginal teve o propósito de fazê-lo entrar no mundo do mesmo modo que Adão, numa natureza sem pecado, ainda que humana, a fim de que pudesse vencer o mundo e o pecado, e, por conseguinte, garantir a salvação de toda aquele que nele crer(João 3:16).
4. O local de nascimento de Jesus. O local do nascimento de Jesus, conforme a profecia de Miquéias (Mq 5:2), seria a “pequena” cidade de Belém de Judá. Neste versículo, Miquéias profetiza que um governante surgiria de Belém para cumprir as promessas de Deus ao seu povo. Certamente, ele está se referindo a Jesus, o Messias (ver Mt 2:1,3-6), cuja origem é “desde os dias da eternidade”(cf João 1:1; Cl 1:17; Ap 1:8). Mas, como se daria este nascimento se José e Maria viviam em Nazaré?(cf Lc 1:26,27). Segundo disse o pr. Esequias Soares, Deus mobilizou o próprio imperador romano, César Augusto, para que baixasse um decreto, obrigando cada pessoa em Israel a alistar-se na cidade de seu nascimento. Sendo José belemita, foi com Maria para Belém, ocasião em que ela deu à luz o Salvador (Lc 2.9-11).
5. O massacre das crianças de Belém. O profeta Jeremias profetizou o seguinte: “Assim diz o Senhor: Uma voz se ouviu em Ramá, lamentação, choro amargo; Raquel chora seus filhos, sem admitir consolação por eles, porque já não existem”(Jr 31:15). Ramá era o local de concentração dos prisioneiros antes da deportação para Babilônia (cf Jr 40:1-3). Raquel era uma das esposas de Jacó e mãe de José e Benjamim. Aqui, ela representa Israel chorando pelos deportados para o exílio. Deus declara que ela não precisa chorar mais, porque o povo voltará(Jr 31:16-20). Mateus aplica esta passagem profeticamente à ocasião do brutal assassinato das crianças da região de Belém por ordem de Herodes, o Grande (Mt 2:16-18), após o nascimento de Jesus.
IV. PROFECIAS SOBRE AS OBRAS DE JESUS
1. A visão messiânica em Moisés (Dt 18:17,18). A predição de Moises em Dt 18:17,18: “Então o Senhor me disse: Bem falaram naquilo que disseram. Eis que lhes suscitarei um profeta do meio de seus irmão,como tu...”, foi uma profecia a respeito de Jesus Cristo. O Novo Testamento revela que o povo judeu aguardava a vinda do Messias, conforme disse Filipe a Natanael: "havemos achado aquele de quem Moisés escreveu na Lei" (João 1:45).
Pedro revelou que o profeta mencionado por Moisés em Dt 18:17,18 era Jesus Cristo: “Pois Moisés disse: Suscitar-vos-á o Senhor vosso Deus, dentre vossos irmãos, um profeta semelhante a mim; a ele ouvireis em tudo quanto vos disser”(At 3:22). O apóstolo quis mostrar às pessoas que seu tão esperado Messias havia chegado! Pedro e todos os outros apóstolos chamavam a atenção da nação judaica, a fim de que percebesse o que fizera a seu Messias e houvesse arrependimento e fé.
De que maneira foi Jesus semelhante a Moisés?
a) Moisés foi ungido pelo Espírito(Nm 11:17);
o Espírito do Senhor estava sobre Jesus na pregação do evangelho(Lc 4:18,19);
b) Deus usou Moisés para introduzir a antiga aliança; Jesus introduziu a nova aliança (1Co 11:23-25; Hb 8:8,9).
c) Moisés conduziu Israel, tirando-o do Egito para o Sinai, e estabeleceu o pacto de seu relacionamento com Deus; Cristo redimiu seu povo do pecado e da escravidão de Satanás, e estabeleceu um novo e vivo pacto com Deus, por meio do qual seu povo pudesse entrar na sua própria presença.
d) Moisés, nas leis do AT, referiu-se ao sacrifício de cordeiros para prover em figura a redenção; o próprio Cristo tornou-se o Cordeiro de Deus para prover a salvação a todos quantos o aceitarem.
e) Moisés conduziu o povo à lei, mostrando-lhe a sua obrigação em cumprir seus estatutos para ter a bênção divina; Cristo chamava o povo a si mesmo e ao Espírito Santo, como a maneira de Deus cumprir a sua vontade, e dos fiéis receberem a bênção divina e a vida eterna.
2. Sua vida e ministério. A Palavra profética diz que:
a) O Messias iniciaria seu Ministério na Galiléia(Is 9:1). Falando sobre o nascimento e o reino do Príncipe da Paz – Jesus, o Messias -, o profeta Isaías revelou profeticamente (mais de sete séculos antes do fato acontecer) onde o nosso Salvador iniciaria seu ministério. O cumprimento em Jesus: Mt 4:12-13, 17.
b) O Messias realizaria milagres(Is 32:3-4; 35:5,6). Esta foi outra grande profecia messiânica de Isaías, ao falar sobre o reinado do justo Rei. Não haveria dúvidas quanto aos seus milagres. O cumprimento em Jesus - Os milagres realizados por Jesus Cristo durante o Seu ministério maravilharam todo o povo: Mt 9:32-35; 11:1-5.
c) O Messias usaria parábolas nos Seus ensinos (Sl 78:2). O cumprimento em Jesus: Mt 13:3-4.
d) Ele seria traído por um amigo (Sl 41:9; 55:12-14). Cerca de 1000 anos antes do nascimento de Jesus, o salmista Davi que o Messias seria traído. Trata-se de uma profecia que teria o seu cumprimento na traição de Judas a Jesus: Mt 10:4; João 13:21; cf Mt 26:47-50.
e) Seria vendido por 30 moedas de prata(Zc 11:12). Tendo iniciado o seu ministério profético 520 anos antes do nascimento de Cristo, o profeta Zacarias inspirado pelo Espírito Santo, profetizou que isso iria acontecer com o Messias. Jesus foi vendido aos seus inimigos por Judas Iscariotes pelo preço de 30 moedas de prata: Mt 26:15.
f) Com as 30 moedas de prata seria comprado o campo do oleiro(Zc 11:13). Devemos observar que, segundo o profeta Zacarias, as moedas foram “lançadas ao oleiro”. Ora, segundo a concepção judaica, o oleiro era aquele profissional que criava artigos de pouco valor. Jesus Cristo seria vendido por um preço humilhante, e a desprezível quantia seria arrojada na Casa do Senhor, aos pés de um oleiro. O cumprimento em Jesus - O dinheiro pelo qual Judas vendeu Jesus, foi empregado em algo que tinha relação com um oleiro: Mt 26:6-7.
g) Jesus seria abandonado por seus discípulos(Zc 13:7b). A prisão e morte de Jesus e sua imediata consequencia sobre o estado de ânimo dos discípulos também foram profetizados por Zacarias. O cumprimento - Jesus sabia que seria abandonado. Mateus e Marcos registraram o cumprimento dessa profecia: Mt 26:31, 56; Mc 14:50.
3. Seu sofrimento, morte e ressurreição (At 3:18,26). O Antigo Testamento anunciou com abundância de detalhes a paixão de Cristo, principalmente o capítulo 53 de Isaías e o Salmo 22. Todavia, Deus prometeu ressuscitá-lo da morte (Sl 16.10).
a) A morte vicária de Cristo. A morte de Cristo era necessária, conforme explicou Jesus: “importava que o Filho de Deus padecessem muito”(Mc 8:31 a). Deus, em sua santidade, exigia a penalidade do pecado. Nos sacrifícios do Antigo Testamento era indispensável uma vitima para ser oferecida pelo o pecado, mas era uma oferta imperfeita, pois só apenas cobria o pecado, não o extinguia; agora surge o sacrifício perfeito do “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”(João 1:29). O sacrifício no Antigo testamento era realizado em substituição ao pecador, assim o Cordeiro de Deus, santo, imaculado, assumiu o nosso lugar. O que seria o Evangelho sem a morte de Nosso Senhor? Nem Evangelho haveria; ela é a garantia de nossa vida eterna.
b) A ressurreição de Jesus. A ressurreição de Cristo é a principal doutrina do Novo Testamento. Ela foi testemunhada por muitas pessoas: “A este ressuscitou Deus ao terceiro dia e fez que se manifestasse, não a todo o povo, mas às testemunhas que Deus antes ordenara; a nós que comemos e bebemos com ele, depois que ressuscitou dos mortos” (At 10.41). Os apóstolos não deixavam de ensinar esse fato: “E os apóstolos davam, com grande poder, testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça” (At. 4.33).
CONCLUSÂO
Vimos, portanto, que Jesus é o começo e o fim do Antigo Testamento, cujos livros concentram-se no Messias. Ele é o centro das Escrituras Sagradas. Sendo assim, os 66 livros da Bíblia podem ser resumidos da seguinte forma: Todo o Antigo Testamento trata da preparação do mundo para a vinda de Cristo; Os Evangelhos tratam da manifestação de Cristo ao mundo, como o Rei e Redentor; Os Atos dos apóstolos tratam da propagação de Cristo por meio da Igreja. As Epístolas tratam da explanação de Cristo, dando os detalhes da doutrina; O Apocalipse trata do casamento de Cristo e a Igreja e a consumação de todas as coisas. Disse Jesus: “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam”(João 5:39).
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. Bíblia de Estudo das Profecias. O novo dicionário da Bíblia. Revista Ensinador Cristão – CPAD nº 43. Guia do leitor da Bíblia - Isaias. A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck. Comentário Bíblico Beacon – CPAD - volume 1. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdonald. Através da Bíblia – Lucas – John Vernon McGee

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Aula 08 - JOÃO BASTISTA – O ÚLTIMO PROFETA DO ANTIGO PACTO

"A Lei e os Profetas duraram até João; desde então, é anunciado o Reino de Deus, e todo homem emprega força para entrar nele" (Lc 16.16).

INTRODUÇÃO
Após quatrocentos anos de silêncio, desde o último profeta pós-exílio, Deus novamente se manifesta através do ofício profético para se comunicar com o seu povo, desta vez para apresentar o Desejado das nações, o Messias prometido(vide Malaquias 3:1). É o clímax do ofício profético. O apóstolo Paulo denomina de plenitude dos tempos(Gl 4:4). Nascido da linhagem sacerdotal, João foi escolhido por Deus para ser profeta(assim como aconteceu com Jeremias) e alertar o povo sobre a vinda do “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”(João 1:29). Ele é o personagem que demarca a transição da Antiga para a Nova Aliança, e seu trabalho foi essencial como elo profético entre o Antigo e o Novo Testamento, demonstrando que o tempo de Deus para a salvação da humanidade tinha chegado ao seu ápice e que era necessário, da parte do povo, o arrependimento para entrar no Reino de Deus. Nesta aula, trataremos da origem, ministério e mensagem deste último profeta veterotestamentário.
I. A ORIGEM DE JOÃO BATISTA
1. Sua família.
João Batista veio de uma piedosa família, formada pelo sacerdote Zacarias e Isabel, sua esposa. Eles viveram no tempo que o malvado Herodes, o grande - que era da Iduméia, portanto, descendente de Esaú -, era o rei da Judéia.
Zacarias (que significa O SENHOR LEMBRA) foi sacerdote pertencente ao turno de Abias, um dos 24 turnos em que o sacerdócio judaico fora dividido por Davi(1Cr 24:10). Cada turno era chamado para servir no Templo em Jerusalém duas vezes no ano, de sábado a sábado. Havia tantos sacerdotes naquele tempo que o privilégio de queimar incenso no Santuário ocorria uma vez na vida, se ocorresse(Lc 1:8-10).
Isabel (que significa O JURAMENTO DE DEUS) descendia da família sacerdotal de Arão. Ela e o marido eram judeus devotos, cuidadosos em obedecer às Escrituras do Antigo Testamento, tanto no aspecto moral quanto no cerimonial.
Toda manhã um sacerdote deveria entrar no Lugar Santo e queimar incenso. Eram lançadas sortes para decidir quem entraria no santuário; um dia a sorte caiu sobre Zacarias. Mas não foi por acaso que ele estava a serviço e foi escolhido naquele dia para entrar no Lugar Santo; foi uma ocasião especial. Deus estava guiando os acontecimentos, preparando o caminho para a vinda de Jesus à Terra.
No verso 6 lemos o seguinte a respeito de Zacarias e Isabel: “Ambos eram justos diante de Deus, vivendo irrepreensivelmente em todos os preceitos e mandamentos do Senhor”. Eles não fingiam seguir as leis de Deus; a submissão exterior era fundamentada na obediência interior. Diferentemente dos líderes religiosos a quem Jesus chamou de hipócritas, Zacarias e Isabel não se detiveram apenas na letra da lei. A obediência deles era de coração; por esta razão foram chamados “justos perante Deus”.
Conquanto Zacarias e Isabel fossem “justos perante Deus” enfrentavam um problema que lhes tirava toda a alegria: eles não tinham filhos. De acordo com o verso 7, eles formavam um casal de velhos e não tinham filhos, à semelhança de Abraão e Sara (Gn 11.30; 21.2). Que grande tristeza para uma mulher judia! Apesar de tudo, Zacarias servia ao Senhor no Templo. Ele era da tribo de Levi e, naquele momento, estava servindo ao Senhor no altar da oração. Ele estava pondo incenso no altar quando lhe apareceu um anjo do Senhor, em pé, à direita do altar do incenso. Ao “vê-lo, Zacarias turbou-se”; nenhum dos seus contemporâneos já tinha visto um anjo. Mas o anjo o tranqüilizou com notícias maravilhosas. A oração de Zacarias e Isabel fora ouvida: “Isabel tua mulher, te dará à luz um filho, a quem darás o nome de João”(Lc 1:13).
2. Seu nome e seu nascimento(Lc 1:13; 57-66). Quando se cumpriu o tempo de Isabel, ela deu à luz um filho. Os parentes e amigos se alegraram. No oitavo dia, quando a criança foi circuncidada, eles pensaram que, sem dúvida, ele seria chamado Zacarias, o nome do pai. Quando Isabel lhes falou que o nome da criança seria João, ficaram admirados, porque nenhum dos seus parentes tinha esse nome. Para chegar à decisão final, fizeram sinais a Zacarias (isso significa que ele não estava somente mudo, mas surdo). Pedindo uma tabuinha, ele resolveu o assunto: o nome da criança seria João. As pessoas se admiraram. O nome João significa “Favor ou Graça de Jeová”. Além de trazer prazer e alegria aos próprios pais, ele seria uma bênção para muitos (Lc 1:14), pois tal acontecimento era prova inequívoca de que o Senhor ainda amava Israel (Lc 1.65-80).
Mas tiveram uma surpresa maior quando perceberam que Zacarias voltara a falar ao escrever “João”. A notícia se espalhou rapidamente por toda a região montanhosa da Judéia, e todos se perguntavam sobre a futura obra daquela criança incomum. Eles sabiam que o favor especial do Senhor estava com ele(ver Lc 1:64-66).
3. Sua estatura espiritual e sua missão.Porque será grande diante do Senhor, e não beberá vinho, nem bebida forte, e será cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe”(Lc 1:15). “E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus”(Lc 1:16). “e irá adiante dele no espírito e virtude de Elias, para converter o coração dos pais aos filhos e os rebeldes, à prudência dos justos, com o fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto”(Lc 1:17).
Em primeiro lugar, o anjo Gabriel discorre sobre a estatura espiritual de João Batista, declarando que ele seria "grande diante do Senhor" e "cheio do Espírito Santo, desde o ventre de sua mãe".
a) “será grande diante do Senhor, e não beberá vinho, nem bebida forte”. João seria grande diante do Senhor(o único tipo de grandeza que tem valor). Ele seria grande na sua separação pessoal a Deus, ele não beberia vinho(feito de uvas) nem bebida forte(feita de cereais). O filho de Zacarias e Isabel deveria ser nazireu. Informações mais detalhadas a respeito desse assunto são encontradas no Livro de Números. Os nazireus não tomavam vinho ou bebida forte, não cortavam os cabelos e achavam a sua alegria no Espírito de Deus. Essa é a razão por que o apóstolo Paulo diz: “E não vos embriagueis com vinho... mas enchei-vos do Espírito Santo”(Ef 5:18). Infelizmente, muitas pessoas procuram em diversos produtos a alegria e o prazer. O verdadeiro crente se alegra e regozija na intimada com Deus.
b) “será cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe”. Isso não pode significar que João era salvo ou convertido de nascença, mas somente que o Espírito de Deus estava nele desde o princípio a fim de prepara-lo para a missão especial como o precursor de Cristo.
Em segundo lugar, ele seria grande na sua função de arauto do Messias(Lc 1:16,17). A missão de João era semelhante ao dos profetas do Antigo Testamento: encorajar o povo a converter-se de seus pecados e seguir a Deus – “E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus”. Ele era o precursor do Messias. Como o texto sagrado diz: ele veio para converter os corações dos pais e dos filhos; converter muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus; converter os corações dos pais aos filhos; converter os desobedientes à prudência dos justos.
Tudo indica que havia um problema muito grande entre os pais e os filhos naquele tempo. É um problema que talvez acompanhe os séculos. Porém, o maior problema em nossos dias não está no relacionamento entre pais e filhos, mas entre os pais e Deus. Quando o pai tem um relacionamento correto com Deus, não terá dificuldades para relacionar-se com seus filhos.
4. A pregação de João Batista preparando o caminho do Messias(Lc 3:3-14). Neste texto de Lucas temos cinco características da pregação de João Batista:
a) Relativo à sua abrangência. Em relação ao local do seu ministério, devemos entender que, ao optar pelo ministério profético, e não pelo sacerdotal, João Batista percorreu toda a circunvizinhança do Jordão. Em relação aos seus ouvintes, ele pregou a todos, sem diferença de classe social. Pregou para as multidões, isto é, para as pessoas comuns, pregou para os publicanos e soldados e não deixou as autoridades sem ouvir a sua mensagem.
b) Relativo ao conteúdo de sua mensagem. João pregou o batismo de arrependimento para remissão de pecados. Tanto esse batismo como a lei dos sacrifícios não salvava o pecador, mas como precursor do Messias, sua mensagem significava uma preparação para a nova época que chegaria. Significava que quem aceitasse o batismo estava predisposto a abraçar com disposição a nova etapa que seria inaugurada pelo Messias.
c) Relativo à base de autoridade da sua mensagem. João pregou de acordo com o Antigo Testamento, de acordo com o profeta Isaias(Is 40:3-5).
d) Relativo à maneira de entregar a mensagem. João foi contundente ao apresentar a sua mensagem. Chamou seus ouvintes de raça de víboras. Exigiu frutos dignos de arrependimento. Destacou que o machado estava colocado à raiz da árvore, isto é, o juízo divino já estava às portas. João pregou a mensagem de arrependimento, uma mensagem de conversão. Hoje, muitos pregadores estão mais preocupados com o seu auditório. Querem agrada-lo e, por isso, deixam de apresentar todo o conselho de Deus, toda a verdade da Palavra sobre a salvação, a vida, a moral e o comportamento. Infelizmente, hoje é anunciado mais o evangelho da adesão (aquele em que se vai a Cristo e se permanece como está, esperando as bênçãos e os benefícios divinos) do que o evangelho da conversão (aquele em que se é chamado por Cristo e uma verdadeira transformação é experimentada; em que o próprio eu é negado; em que a cruz é diariamente tomada e, então, Cristo é seguido, conforme Lucas 9:23).
e) Relativo à aplicação prática que fazia da sua mensagem. João, diferentemente de muitos pregadores dos dias de hoje, não teve que fazer apelos e apelar. A sua palavra, certamente inspirada pelo Espírito Santo, provocou o desejo nos ouvintes de saber o que deveriam fazer. As multidões, os publicanos e até os soldados perguntaram a João o que deveriam fazer, como deveriam agir. João, de modo claro e prático, indicou a cada grupo quais ações demonstrariam o fruto de seu arrependimento.
f) Despertava atenção das autoridades. “Então, ia ter com ele Jerusalém, e toda a Judéia, e toda a província adjacente ao Jordão; e eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados. E, vendo ele muitos dos fariseus e dos saduceus que vinham ao seu batismo, dizia-lhes: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura?”(Mt 3:5-7).
Séculos após o retorno do exílio, os fariseus e saduceus vêem o povo ir ouvir um homem vestido de forma peculiar, com uma mensagem radical, exigindo arrependimento até dos líderes da nação. Mateus 14:5 mostra a importância que João tinha para o povo de sua época. Herodes queria matar João Batista, mas “temia o povo, porque o tinham como profeta”. Aquele homem que pregava no deserto da Judéia e cobrava arrependimento de todas as pessoas foi reconhecido como um autêntico profeta enviado por Deus.
Uma das práticas mais importantes nas pregações ou estudos que fazemos é a aplicação, a sugestão prática que devemos dar aos ouvintes para que a Palavra tenha efeitos. João Batista usou esse recurso de forma espetacular.
Exatamente por isso, a melhor aplicação que podemos fazer dessa mensagem de João Batista é entendermos que não importa o que somos. Você pode dizer ao mundo o que é em Cristo através daquilo que faz, por meio da vida que vive. A vida do cristão deve ser uma mensagem para o mundo. Pelos frutos é que os outros nos conhecem e descobrem o que somos. Devemos produzir frutos de arrependimento, frutos da nossa salvação. Que possamos mostrar o que recebemos gratuitamente de Deus por meio de Cristo.
II. A PERSONALIDADE DE JOÃO BATISTA
1. O testemunho de Jesus.
Herodes Antipas havia se casado com sua cunhada, Herodias, esposa de Filipe, seu meio - irmão. Ela abandonou o marido para viver com Herodes. João Batista condenou publicamente os adúlteros pela atitude imoral (ver Mc 6:17,18). Por causa disso, João Batista foi encarcerado por ordem de Herodes.
Na prisão, desanimado e sozinho, João começou a pensar. Se Jesus fosse realmente o Messias, por que permitiria que seu precursor adoecesse na prisão? Como muitos grandes homens de Deus, João sofreu uma perda temporária de fé. Então ele enviou dois dos seus discípulos a perguntar se Jesus realmente era quem os profetas haviam prometido, ou se eles deveriam ainda estar à procura do Ungido. Então Jesus mandou que contassem a João Batista "as coisas que ouvis e vedes: Os cegos veem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho" (Mt 11.4,5). Jesus relembrou a João que ele estava fazendo os milagres preditos acerca do Messias: cegos vêem(Is 35:5), coxos andam(Is 35:6), leprosos são purificados(Is 53:4; cf Mt 8:16-17) e surdos ouvem(Is 35:5). Jesus também relembrou a João que o evangelho estava sendo pregado aos pobres no cumprimento da profecia messiânica em Isaias 61:1. Os líderes religiosos comuns frequentemente concentram sua atenção nos ricos e aristocratas. O Messias trouxera as boas-novas aos pobres. Com tantas evidências a identidade de Jesus era óbvia.
Se você às vezes tem dúvidas quanto à sua salvação, ao perdão de seus pecados ou à obra de Deus em sua vida, olhe para as evidencias existentes nas Escrituras e para as mudanças que ocorrem em sua vida. Se estiver em dúvida não se afaste de Cristo: antes, apegue-se ainda mais a Ele. A vida de um homem não é composta por um único capítulo. Analisando a vida de João na totalidade, encontramos um registro de fidelidade e perseverança.
2. Sua espiritualidade e devoção (Mt 11:7-8). Logo que os discípulos de João partiram com as palavras de consolo de Jesus, o Senhor se dirigiu ao povo com palavras de grande elogio a João Batista. Jesus disse: “Que fostes ver no deserto? Uma cana agitada pelo vento?”.
Essa mesma multidão fora ao deserto quando João estava pregando por lá. Por quê? Para ver um homem como uma cana fraca, vacilante, agitada por todo vento passageiro de opinião humana? Certamente que não! João era um pregador destemido e cheio do Espírito Santo, que preferiria sofrer a ficar calado, e preferiria morrer a mentir. Ele pregava a verdade e os mandamentos de Deus sem temer os homens e sem jamais temer a opinião popular. As autoridades judaicas ignoraram o pecado de Herodes, mas João nem por um momento jamais fez isso. Ele opôs-se ao tal pecado, com firmeza total, demonstrando nisso fidelidade absoluta a Deus e à sua Palavra. Ele foi fiel a Deus ao condenar o pecado, embora tal atitude viesse a custar-lhe a vida(Mt 14:3-12). Portanto, ele não era "uma cana agitada pelo vento", mas um vigoroso cedro capaz de resistir a fortes tempestades. Ele é o tipo de pregador digno de ser imitado.
3. Sua personalidade (Mt 11:8). “Sim, que fostes ver? Um homem ricamente vestido? Os que se trajam ricamente estão nas casas dos reis”. Com estas perguntas retóricas, Jesus estava dizendo que esse tipo de personalidade não caracterizava João. Ele era um simples homem de Deus, cuja austeridade era uma repreensão ao grande mundanismo das pessoas.
A vaidade, o orgulho, a soberba, jamais estiveram presentes em João Batista. Por sua austeridade e fidelidade cristã, ele é confundido com o próprio Cristo, mas, imediatamente, retruca: "Eu não sou o Cristo" (João 3:28) e “não sou digno de desatar a correia de sua sandália" (João 1:27). Quando seus discípulos hesitavam, sem saber a quem seguir, ele apontava em direção ao único caminho, demonstrando o Rumo Certo, ao exclamar: "Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" (João 1:29).
III. JOÃO BATISTA, O ÚLTIMO PROFETA
1. "Muito mais que profeta" (Mt 11:9). O testemunho público de Jesus confirma o que o Espírito Santo havia falado pela boca de Zacarias: João seria "profeta do Altíssimo" (Lc 1.76). O Senhor não indicou aqui que ele era maior em relação ao seu caráter pessoal, à sua eloquência ou persuasão; ele era maior por causa de sua posição como precursor do Rei Messias, Jesus Cristo. Isto fica claro no versículo 10. João fora o cumprimento da profecia de Malaquias 3:1 – o “mensageiro” que precederia o Senhor e “prepararia” o povo para a sua vinda. Outros homens profetizaram a vinda de Cristo, mas João fora o escolhido para anunciar sua efetiva chegada.
Jesus acrescentou que “entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João Batista”(Mt 11:11). E isso, por algumas razões: João Batista foi o único que viu o que todos os profetas desejaram ver: ele viu o Filho de Deus, encarnado; não apenas viu, mas, tocou-O; não apenas tocou-O, mas, batizou-O; foi escolhido, por Deus, para apresentar Seu Filho, ao mundo - “... Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”(João 1: 29).
2. O término da dispensação da Lei - “Porque todos os profetas e a lei profetizaram até João”(Mt 11:13). Lucas 16.16:“A Lei e os Profetas duraram até João”. Com estas palavras, o Senhor descreveu a dispensação da lei que começou com Moisés e terminou com João Batista. Mas agora uma nova dispensação estava sendo inaugurada, a dispensação da Graça.
De Gênesis a Malaquias, todos os escritos predisseram a vinda do Messias. Quando João apareceu na história, seu único papel não era apenas profetizar, mas anunciar o cumprimento de todas as profecias a respeito da primeira vinda de Cristo.
Desde o tempo de João, o evangelho do reino de Deus está sendo pregado. João Batista saiu anunciando a chegada do legítimo Rei de Israel. Ele avisou o povo que o arrependimento faria Jesus reinar sobre eles. Como resultado da sua pregação, e a pregação do próprio Senhor, e dos discípulos mais tarde, houve resposta positiva da parte de muitos.
3. "O Elias que havia de vir" (Mt 11:14). Malaquias predisse que antes do surgimento do Messias, Elias viria como precursor (Ml 4:5,6). Jesus confirma essa profecia ao comparar o ministério de João Batista ao de Elias. João não era Elias reencarnado (ele negou ser Elias em João 1:21), mas ele foi adiante de Cristo no espírito e poder de Elias(Lc 1:17), ou seja: exercendo um ministério igual ao de Elias. E o Senhor Jesus o reafirma em outra ocasião (Mt 17.12,13). João não era Elias reencarnado por duas razões básicas: Elias foi arrebatado vivo para o céu, portanto, não morreu (2Rs 2.11). Além disso, reencarnação é algo que não existe e nem é permitido por Deus (2Sm 12.23; Sl 78.39; Hb 9.27).
Conforme disse o pr. Esequias Soares, Elias e João Batista tinham as mesmas características: ambos vestiam-se de pelos e usavam cinto de couro (2Rs 1.8; Mt 3.4), ministravam no deserto (1Rs 19.9,10,15; Lc 1.80), e eram incisivos ao pregarem contra reis ímpios (1Rs 21.20-27; Mt 14.1-4).
CONCLUSÂO
João Batista é um exemplo para todos os cristãos autênticos: em simplicidade (sua vida era plenamente desprendida das coisas efêmeras desta vida, do hedonismo), em austeridade espiritual (não era conformado com o mundo) em coragem (não media esforço para que a mensagem de Deus fosse entregue aos destinatários, seja ele quem fosse, mesmo que as conseqüências lhe fossem desfavoráveis). Como profeta de Deus, foi submisso à vontade do Espírito Santo, falando somente aquilo que lhe foi consentido falar; nunca falou o que não lhe foi autorizado; não se preocupou em ser “politicamente correto” para falar somente aquilo que o povo queria ouvir. Seu compromisso era com o Deus de Israel, era alertar o povo para a chegada do “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. É lamentável que sua morte fora tão prematura (na nossa percepção), mas creio que aos olhos de Deus, o tempo de João neste mundo tinha-se encerrado. Ele cumpriu sua missão como “profeta do Altíssimo”(Lc 1:76), então, por que ficar aqui neste mundo, tendo em vista que o lugar do crente não é neste mundo(João 14:1-3). Que o Senhor Deus preserve os seus remanescentes mensageiros, que têm compromisso sério e inexorável com a sã doutrina, e que Ele continue a levantar homens e mulheres santos, destemidos e cheios do Espírito Santo para a expansão do Seu Reino.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. Bíblia de Estudo das Profecias. O novo dicionário da Bíblia. Revista Ensinador Cristão – CPAD nº 43. Guia do leitor da Bíblia - Isaias. A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck. Comentário Bíblico Beacon – CPAD - volume 4. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdonald. Através da Bíblia – Lucas – John Vernon McGee





sábado, 7 de agosto de 2010

Aula 07 - OS FALSOS PROFETAS

Texto Base: Jeremias 28:2-4,12-15

“Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis”(Mt 7:15,16).

INTRODUÇÃO
A capacidade de o Diabo imitar as coisas de Deus é muito grande. Ao longo da história, desde a criação do homem, ele utilizou todas as suas variadas astúcias para quebrar a comunhão do homem com Deus. Em variadas ocasiões Satanás usou pessoas da confiança do próprio povo, como foi o caso de muitos “profetas” de Israel, que ludibriavam o povo com suas falsas mensagens, que muitas vezes foram tidas por verdadeiras profecias. Assim como Deus utilizou os seus servos, os profetas, para transmitir sua verdade e seus desígnios, e também cobrar do povo que andasse de forma correta e justa com seus irmãos, Satanás, também, utilizou-se, no Antigo Testamento, de falsos profetas que traziam mensagens contrárias às que Deus tinha enviado, como foi o caso de Zedequias, filho de Quenaana, e seu grupo de profetas, que conseguiram impressionar o rei Acabe (1Rs 22:5-28; 2Cr 18:4-27). Estes falsos profetas fizeram, em nome de Jeová, promessas incoerentes e ludibriadores, que não podiam ser cumpridas, sem levar em consideração a má condição moral e espiritual do povo. As consequências foram cruentas e devastadoras, refletidas até hoje sobre o povo judeu.
COMO RECONHECER O LEGÍTIMO MENSAGEIRO DE DEUS, NO CONTEXTO ATUAL EM QUE A IGREJA VIVE?
A Palavra de Deus adverte-nos de que haverá entre nós, na própria igreja, falsos profetas (2Pe 2:1,2; Leia também At 20:30; 1Tm 4:1; 1Jo 4:1). Apesar da aparência de piedade, não passam de agentes de Satanás. Sua missão: corromper a fé dos salvos e destruir a unidade da Igreja (Mt 7:15-23). Como identificá-los? Como saber se estão em nosso meio?
a) Discernindo o caráter da pessoa. O caráter é o conjunto de qualidades boas ou más de um individuo que determina a conduta em relação a Deus, a si mesmo e ao próximo. O caráter de uma pessoa não apenas define quem ela é, mas também descreve seu estado moral e a distingue das demais de seu grupo(Pv 11:17; 12:2;14:14:20:27); é o traço distintivo de uma pessoa; é a sua marca. Não nos preocupemos com os sinais, prodígios e maravilhas que alguém venha a fazer, mas, sim, com a presença do caráter cristão na sua vida. Não nos preocupemos com a vestimenta que alguém está usando, mas com a presença do caráter cristão na sua vida. O apóstolo Paulo denomina o caráter do autêntico cristão de “Fruto do Espírito”(Gl 5:22).
b) Observando os frutos da vida e da mensagem da pessoa. Os frutos dos falsos pregadores comumente consistem em seguidores que não obedecem a toda a Palavra de Deus(ver Mt 7:16). É pelos frutos que reconheceremos quem é crente e quem não o é(Mt 7:6), pois Jesus disse que aquele que não produzisse fruto seria lançado fora da videira verdadeira. A árvore má não pode dar frutos bons (Mt 7:16-20).
c) Discernindo até que ponto a pessoa se baseia nas Escrituras. Este é um ponto fundamental. Essa pessoa crê e ensina que as Escrituras Sagradas são plenamente inspiradas por Deus e que devemos observar todos os seus ensinos?(ver 2João 9-11).
d) Em fim, observando a integridade da pessoa quanto à administração do dinheiro arrecadado dos fiéis da igreja. Ela administra todos os recursos financeiros com integridade e responsabilidade, e procura realizar a obra de Deus conforme os padrões do Novo Testamento?(leia 1Tm 3:3; 6:9,10).
Portanto, sejamos cuidadosos porque mesmo sendo acurados nos critérios de avaliação de um pregador, mesmo assim, muitas vezes, eles aparecem vestidos de cordeiros, mas são terríveis lobos devoradores(Mt 7:15).
I. A FALSA MENSAGEM PROFÉTICA
No tempo de Jeremias havia falsos profetas, que pregavam mensagens “bonitas”, que vendiam ilusões, que enganavam o povo. Mas o profeta de Deus os advertiu dizendo: “Assim diz o Senhor dos Exércitos: não deis ouvidos às palavras dos falsos profetas, que entre vós profetizam; ensinam-vos vaidades; falam da visão do seu coração, não da boca do Senhor”(Jr 23: 16). Esses falsos profetas, esses profissionais da religião, enganavam o povo, para tirar proveito pessoal. Não foram chamados, não tinham compromisso com Deus, não conheciam Sua Palavra. Falavam aquilo que o povo queria ouvir, e eram aplaudidos. Pregavam abundância de bênçãos materiais para um povo afundado no pecado e na idolatria (Jr 5:12;8:11;14:13,15).
1. A celeste mensagem de Jeremias. “No princípio do reinado de Zedequias, filho de Josias, rei de Judá, veio, da parte do SENHOR, esta palavra a Jeremias, dizendo: Assim me disse o SENHOR: Faze umas prisões e jugos e pô-los-ás sobre o teu pescoço. E envia-os ao rei de Edom, e ao rei de Moabe, e ao rei dos filhos de Amom, e ao rei de Tiro, e ao rei de Sidom, pelas mãos dos mensageiros que vêm a Jerusalém ter com Zedequias, rei de Judá”(Jr 27:1).
O profeta Jeremias foi instruído a dramatizar sua mensagem pelo uso de “prisões e jugos”(“cordas e madeira”,NVI). Pelo que tudo indica, Jeremias fez sete pares de jugos, um para cada um dos reis, incluindo Zedequias, e o que ele mesmo estava usando. Parece que ele andou pelas ruas de Jerusalém por vários dias com esse jugo sobre o pescoço, proclamando a mensagem que Deus lhe tinha dado. Os enviados dos cinco reis foram ordenados a transmitir a mensagem de Deus aos seus senhores (Jr 27:4). Assim como o boi é dominado pelo jugo de seu dono, as nações deveriam sujeitar-se ao domínio dos caldeus, pois seria inútil tentar livrar-se de Nabucodonosor (27:12,13). A mensagem que Deus mandou transmitir está exarada no capítulo 27 de Jeremias, a partir do versículo 4.
A celeste mensagem proferida pelo profeta Jeremias de que a Babilônia governaria as nações do Oriente Médio durante setenta anos despertou a ira dos governantes políticos e religiosos de Judá. Eles estavam furiosos com o profeta porque suas próprias predições estavam sendo contestadas; os líderes políticos, por causa das suas aspirações nacionalistas, estavam correndo o risco de ver essas aspirações sendo refutadas por esse tipo de pregação. Os profetas profissionais(os falsos profetas, os mercadores da fé, os politicamente corretos) eram os mais abertamente antagônicos nessa época. Apesar da sua hostilidade maligna, Jeremias manteve firme a sua posição de que seus pronunciamentos eram de Deus, e que a Babilônia seria a nação que governaria sobre Judá e as outras nações.
2. O falso profeta Hananias (Jr 28:1). Ele representa todo o grupo de profetas profissionais. Na época de Jeremias, a maioria dos profetas era irrealista e falso, que desencaminhavam o povo com profecias enganosas. Suas declarações eram muito positivas e soavam edificantes, até mesmo encorajadoras aos ouvidos das pessoas. Eles prometiam muito, inclusive a vitória. É o caso de Hananias, falso profeta, que apresentava uma “mensagem maravilhosa” e tinha a ousadia, e até mesmo a insolência, de proclamá-la abertamente, como se vê no capítulo 28:2-4 de Jeremias. Ele era do tipo que impressionava com suas mensagens. Falava como profeta, tinha discurso de profeta e vestia-se como profeta. Aliás, era mais dramático que os profetas de Deus. Além disso, só falava o que o povo queria ouvir. Pregava a paz e determinava a prosperidade. Com um coração despreocupado fez, em nome de Jeová, promessas inconsistentes que não podiam ser cumpridas. Ele esperava resultados sem colocar os devidos alicerces para alcançá-los.
Com grande arrogância, Hananias desafiou Jeremias no Templo de Jerusalém diante do povo e dos sacerdotes; ele estabeleceu um limite de dois anos na sua profecia(Jr 28:3), enquanto Jeremias falava que eram setenta anos de cativeiro, pois era a vontade de Deus. Hananias era um fanático. Fanáticos sempre estão com pressa.
3. A mensagem de Hananias (Jr 28:3,4) e a reação do profeta de Deus - “Assim fala o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel, dizendo: Quebrei o jugo do rei da Babilônia. Dentro de dois anos, eu tornarei a trazer a este lugar todos os utensílios da Casa do Senhor, que daqui tomou Nabucodonosor, rei da Babilônia, levando-os para a Babilônia. Também a Jeconias, filho de Jeoaquim, rei de Judá, e a todos os exilados de Judá, que entraram na Babilônia, eu tornarei a trazer a este lugar, diz o Senhor; porque quebrei o jugo do rei da Babilônia” (Jr 28:2-4).
Esta mensagem de triunfo do falso profeta Hananias era a que todos queriam ouvir: a volta de Jeconias(ou Joaquim), filho do rei Jeoaquim, rei de Judá – Jr 22:24; e o fim do jugo caldeu em dois anos. Porém, Jeremias, contraditoriamente, afirmava ser impossível Joaquim retornar de Babilônia (Jr 22.24-27), o que realmente aconteceu, pois o rei veio a morrer em Babilônia durante o reinado de Evil-Merodaque (Jr 52.31-34; 2 Rs 25.27-30). Era, portanto, a palavra de Hananias contra a de Jeremias. O homem de Deus, naquele momento, estava em desvantagem, pois o povo esperava uma mensagem de triunfo, e o falso profeta Hananias era o tipo de triunfalista que os incautos admiravam, pois pregava uma mensagem que eles queriam ouvir: “não desista dos seus sonhos”; “tome posse da tua bênção”; “determine a tua vitória”, e outros modismos semelhantes.
O grande atrevimento de Hananias: atribuiu suas palavras ao Senhor - “Assim fala o Senhor dos Exércitos” – quando eram suas próprias palavras, não as do Senhor. Com um coração despreocupado ele fez, em nome de Jeová, promessas inconsistentes e irresponsáveis que não podiam ser cumpridas. Ele mentiu ao povo. Ele esperava resultados sem colocar os devidos alicerces para alcançar esses resultados. Naquele instante, certamente, a turba ovacionava Hananias e motejava o profeta Jeremias. Desta feita, a resposta do profeta de Deus foi um irônico “Amém” (Jr 28:6). Jeremias, ardentemente desejava que a mensagem anunciada por Hananias pudesse ser verdade, porque Jeremias amava sua nação e seu povo.
Entretanto, como se pode ver no capítulo 28 e versículos 7 a 9, Jeremias reitera a Palavra do Senhor e disse as seguintes palavras: “Mas ouve, agora, esta palavra que eu falo aos teus ouvidos e aos ouvidos de todo o povo: Os profetas que houve antes de mim e antes de ti, desde a antiguidade, profetizaram contra muitas terras e contra grandes reinos guerra, e mal, e peste. O profeta que profetizar paz, somente quando se cumprir a palavra desse profeta é que será conhecido como aquele a quem o Senhor, na verdade, enviou”. Com estas palavras, Jeremias adverte o povo a não se empolgar com os oráculos de Hananias.
A palavra do verdadeiro profeta deve apresentar uma combinação de predição negativa e positiva, porque somente então a palavra do Senhor é apresentada de maneira equilibrada. Consequentemente, um homem que falava somente coisas lisonjeiras era suspeito até que suas palavras provassem ser verdadeiras. É o que diz o texto sagrado: “O profeta que profetizar paz, somente quando se cumprir a palavra desse profeta é que será conhecido como aquele a quem o Senhor, na verdade, enviou”(Jr 28:9).
II. O FALSO PROFETA É DESMASCARADO
1. A arrogância de Hananias. A arrogância é o cartão de identidade do falso profeta. Além disso, o falso profeta Ananias era audacioso. Ele era daquele tipo de profeta que agradava o povo com seus discursos ludibriadores, e com o máximo de dramatização possível para impressionar os incautos. Ele era daqueles tipos de mensageiros positivistas que não aceitava nenhuma derrota na vida material.
A Palavra de Deus diz que, enquanto o profeta Jeremias dramatizava a situação futura de Israel usando um jugo no pescoço, Hananias, sem aviso, arrancou o jugo do seu pescoço e o quebrou (Jr 28:10). Ele repetiu ainda com mais veemência sua falsa profecia anterior, declarando que “o jugo [...] da Babilônia seria quebrado do pescoço de todas as nações num prazo de dois anos”(Jr 28:11). Ele impressionou a multidão presente com essa dramatização, cuja mensagem era falsa e mentirosa. Com isso, Jeremias se foi, “tomando o seu caminho”. Seu silêncio era mais eloquente do que qualquer coisa que pudesse ter dito. Ele poderia ter argumentado, mas com o ânimo da multidão e o estado agitado de Hananias, suas palavras se tornariam inúteis.
Por que Ananias mentiria ao povo? “Politicamente correto”, tal profecia era o que o rei e o povo queriam ouvir e vaticinou o que todos almejavam que acontecesse naquele momento. Tais ensinamentos o deixariam popular. Hananias disse que o cativeiro babilônico chegaria ao fim em dois anos. Mas, o Senhor disse que a duração do cativeiro babilônico continuaria “... até que os setenta anos se cumpriram” (2Cr 36:21). Hananias disse que o rei Jeconias (Joaquim) voltaria do cativeiro babilônico dentro de dois anos. Na verdade ele ficou preso na Babilônia por trinta e sete anos (Jr 52:31). Desta feita, no teste do verdadeiro profeta, ele estava reprovado (Dt 18.22).
2. O jugo de madeira é substituído por um de ferro (Jr 28:13,14). A ousadia de Hananias acarretou ainda mais a ira divina. Certo tempo depois, Deus deu uma mensagem a Jeremias para esse falso profeta: “Você quebrou jugos de madeira, mas em seu lugar você fará jugos de ferro”(Jr 28:13). O versículo 14 explica: “Porque assim diz o Senhor[...]: Jugo de ferro pus sobre o pescoço de todas estas nações, para servirem a Nabucodonosor, [...] e servi-lo-ão”. A última frase ressalta como Hananias estava errado e como é definitiva a decisão de Deus.
Hananias parecia ter uma personalidade muito mais forte, ao contrário de Jeremias que era uma pessoa sensível e até tímida (Jr 1:6). Porém, ter uma personalidade forte, não significa ser o dono da verdade! Reparem que Hananias falou, “em nome do Senhor, com toda convicção, que dentro de dois anos, o jugo do rei da Babilônia seria quebrado. Porém isso não aconteceu. O jugo do rei da Babilônia somente foi quebrado depois de setenta anos (Jr 29:10). Então, é possível alguém ser um pregador muito empolgado, um pregador que fala poderosamente, fazendo promessas lindas, um pregador que arranca aplausos. Mas isto não quer dizer que ele é um pregador que fala a Palavra do Senhor. Devemos, portanto, respeitar a Palavra de Deus, não ultrapassá-la nem fazer menos do que aquilo que Deus falou - “Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece não tem Deus; o que permanece na doutrina de Cristo, esse tem tanto o Pai como o Filho” (2João 9).
3. O julgamento do falso profeta Hananias e a confirmação de Jeremias como profeta de Deus (Jr 28:15-17). A mensagem de Hananias, apesar de agradável, era uma mentira danosa que contribuiu para a queda da nação e o exílio do povo do reino de Judá(Jr 28:15). Hananias não ficaria impune; ele pagaria com a própria vida por sua rebelião contra o Senhor. Disse-lhe Deus: “Eis que te lançarei de sobre a face da terra; morrerás este ano, porque pregaste rebeldia contra o Senhor. Morreu, pois, o profeta Hananias, no mesmo ano, no sétimo mês” (Jr 28:16-17). Esse é o destino daquele que, sem temor nem tremor, brinca com o nome de Deus, zombando-lhe da Sua santidade(ver Dt 18:20). Deus não tolera um líder do seu povo colocar palavras mentirosas em sua boca. Portanto, Hananias foi desmascarado e morto; Jeremias, confirmado como profeta de Deus. Veja, também, o destino dos falsos profetas descritos em Jeremias 29: 21-23; 31,32.
III. O DOM DE DISCERNIR É O GRANDE INIMIGO DOS FALSOS PROFETAS
Discernimento
é a capacidade sobrenatural para se distinguir a fonte da manifestação espiritual: se é de fato do Espírito Santo, de um espírito demoníaco ou meramente humano (1Co 12:10). É uma das principais “armas espirituais” que Deus nos dispõe para usarmos. Quantos problemas seriam evitados na igreja se funcionasse, correta e biblicamente, o dom do discernimento dos espíritos. Quantas vidas já se perderam por falta desse dom!
1. O discernimento do povo de Deus. É imprescindível termos conhecimento das doutrinas genuínas da Palavra de Deus, ou seja, é necessário conhecermos e prosseguirmos em conhecer a Palavra de Deus, conforme está em escrito em Oséias 6:3. Entretanto, não basta apenas o conhecimento da Palavra, mas, também, é necessário que o crente tenha o discernimento espiritual, o qual é dividido em duas partes:
a) O Discernimento como capacidade de compreender situações, de separar o certo do errado (Hb 5:14). É fundamental, pois, nestes dias trabalhosos em que vivemos, que saibamos distinguir entre o que é certo e o que é errado, distinção esta que só se fará mediante a ação do Espírito Santo e o conhecimento da Palavra. Quando a pessoa aceita a Cristo, ele passa a ter a direção do Espírito Santo, que vem nele habitar e, a partir de então, sabe diferençar o que é certo e o que é errado, o que agrada e o que não agrada a Deus. Ele enxerga com nitidez a linha divisória entre o santo e o profano. Esta capacidade de discernir é o resultado de uma vida de comunhão e de intimidade com o Espírito Santo.
b) O Discernimento Espiritual como “dom de discernimento dos espíritos” (1Co 12:10). O dom de discernimento dos espíritos, que faz parte dos dons de ciência, revelação ou de conhecimento, é a capacidade especial que o Espírito Santo dá a alguns crentes para que julguem as manifestações espirituais que ocorrem dentro das igrejas locais, de modo a atestar se são provenientes de Deus, ou não; bem como, identifica os falsos mestres e seus falsos ensinamentos que se infiltram, cada vez mais, encobertamente, no meio do povo de Deus.
Veja o caso da jovem da cidade de Filipos, em Atos 16:16-18, que tinha o espírito de adivinhação. Diz o texto sagrado que a jovem escrava foi usada com poderes de adivinhação, e "isto fez por muitos dias" (Atos 16: 18). Ela dizia assim: "Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo" (Atos 16:17). Mas Paulo usando o dom do discernimento espiritual percebeu que aquela mensagem era diabólica, e repreendeu o espírito maligno(Atos 16:18). Por que o apóstolo se sentiu incomodado por um espírito maligno anunciar a verdade a seu respeito? Se Paulo aceitasse o testemunho do demônio estaria ligando a pregação das Boas Novas a atividades relacionadas a demônios. Isso traria grandes prejuízos à mensagem a respeito de Cristo. A luz e as trevas não se misturam.
Nos dias de tanto engano e de tanta atuação do “espírito do anticristo”, torna-se absolutamente necessário que este dom esteja na igreja para auxílio dos crentes em geral. Se é verdade que cada salvo tem discernimento espiritual, também não é menos verdadeiro que a sutileza do nosso inimigo, a “mais astuta de todas as alimárias da terra” (Gn.3:1), é tal que não podemos ignorar os seus ardis (2Co.2:11). Este dom é extremamente necessário neste último tempo, mas lamentavelmente, ante a frieza espiritual de muitos, sua falta tem contribuído enormemente para a apostasia da fé de muitos.
2. A luta da verdade de Deus contra a mentira diabólica. Esta luta Jeremias passou na sua época: era ele, que detinha a verdade de Deus, contra Hananias, que detinha a mentira diabólica(Jr 28:15). Se um profeta é verdadeiro, sua mensagem é de Deus, cheia de verdade e de autenticidade; seu testemunho representa adequadamente a natureza, o caráter e a missão de Cristo; sua mensagem está em harmonia e em correspondência com todas as revelações de Deus. Os profetas mentirosos representam ameaça permanente para o povo de Deus. O povo de Deus deve prová-los, com os melhores elementos extraídos das Escrituras Sagradas.
Repetidas vezes, a Palavra de Deus adverte contra falsos profetas. Precisamos dar ouvidos a essas advertências. Jesus disse: "Acautelai-vos dos falsos profetas" (Mt 7:15). Paulo compara os falsos profetas a Janes e Jambres, que se opuseram a Moisés e Arão com sinais e maravilhas operados pelo poder de Satanás (2Tm 3:8). Pedro advertiu que assim como houve falsos profetas no tempo do Antigo Testamento, assim também haverá entre nós falsos mestres, os quais introduzirão dissimuladamente heresias destruidoras(2Pe 2:1). O apóstolo João declarou que já em seus dias muitos falsos profetas atuavam entusiasticamente no meio da igreja (1Jo 4:1).
Quanto mais hoje, portanto, devemos estar alertas quanto aos falsos profetas à medida que a apostasia profetizada para os últimos dias atinge o seu clímax, preparando o mundo e uma falsa religião para a chegada do Anticristo!
3. Os discípulos do profeta Hananias. À semelhança de Hananias, muitos falsos profetas estão por aí causando estragos nas igrejas e trazendo problemas até para a sociedade. Conhecer, amar e obedecer à Palavra de Deus é o único meio seguro de não sermos enganados. Infelizmente, muitos que professam conhecer a Deus e servi-lo têm pouca ou nenhuma sede por Sua Palavra. Em vez disso, buscam sinais e maravilhas, experiências emocionais, “novas revelações”, o último "mover" do Espírito, ou os dons em lugar do Doador. Como resultado, são suscetíveis a todo "vento de doutrina" (Ef 4:14) e caem vítimas de falsos mestres que “... movidos por avareza, farão comércio de vós com palavras fictícias..." (2Pe 2:3), "supondo que a piedade é fonte de lucro" (1Tm 6:5). A mentira popular da "$emente de fé" – a idéia de que uma contribuição para um ministério abre a porta para milagres e prosperidade – engana e promove cobiça entre os milhões que ignoram a Palavra de Deus. Precisamos julgar as profecias e discernir os espíritos, a fim de não sermos enganados pelos falsos profetas.
CONCLUSÂO
Assim como havia falsos profetas na época de Jeremias que diziam às pessoas coisas que Deus não havia falado, há o mesmo tipo hoje em dia. Na sua falsidade eles ensinam rebelião contra a palavra verdadeira de Deus. Na sua interpretação errada da palavra de Deus eles caminham para a condenação, levando juntos aqueles que acreditam nos seus falsos ensinamentos. Portanto, tenhamos cautela e não sejamos ignorantes! Os nossos olhos podem ver o pregador mais poderoso do mundo, mas isto não significa nada. Não devemos ficar impressionados quando o pregador só fala o que o povo quer ouvir: promessas de paz, promessas de prosperidade, promessas de milagres e curas. Numa época de crise e desemprego, muitos se aproveitam, pregando prosperidade e bênçãos, enganando até multidões. Que o povo de Deus não se engane! Que o povo de Deus não seja ignorante, mas conheça a santa Bíblia! Importa ouvirmos a pura e verdadeira Palavra de Deus, a qual nos orienta sobre os nossos pecados e sobre as nossas transgressões. Sejamos como os crentes de Beréia: “Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim” (Atos 17:11).
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. Bíblia de Estudo das Profecias. O novo dicionário da Bíblia. Revista Ensinador Cristão – CPAD nº 43. Guia do leitor da Bíblia - Isaias. A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck. Comentário Bíblico Beacon – CPAD - volume 4. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdonald.