terça-feira, 24 de setembro de 2013

LIÇÕES BÍBLICAS CPAD - 4º TRIMESTRE DE 2013


 


 






No 4º Trimestre de 2013 estudaremos, através das Lições Bíblicas da CPAD, sobre o tema: “Sabedoria de Deus para uma Vida Vitoriosa – A atualidade de Provérbios e Eclesiastes”. As lições serão comentadas pelo pastor José Gonçalves, e estão distribuídas sob os seguintes temas:

Lição 1 – O Valor dos Bons Conselhos.

Lição 2 – Advertências Contra Adultério.

Lição 3 – Trabalho e Prosperidade.

Lição 4 – Lidando de Forma Correta com o Dinheiro.

Lição 5 – O Cuidado com Aquilo que Falamos.

Lição 6 – O Exemplo Pessoal na Educação dos Filhos.

Lição 7 – Contrapondo a Arrogância com a Humildade.

Lição 8 – A Mulher Virtuosa.

Lição 9 – O Tempo para Todas as Coisas.

Lição 10 – Cumprindo as Obrigações diante de Deus.

Lição 11 – A Ilusória Prosperidade dos Ímpios.

Lição 12 – Lança o teu Pão Sobre as Águas.

Lição 13 - Tema a Deus em todo tempo.

Não lembro se alguma vez estudamos na EBD acerca destes dois livros Sagrados. Sem dúvida, é de sublime importância à Igreja do Senhor Jesus se deter nos ensinos atemporais destes dois livros, neste trimestre. Os sábios conselhos para um viver vitorioso, neles contidos, são atuais e assaz edificantes. Sob a inspiração do Espírito Santo, o rei Salomão registrou pensamentos e diretrizes práticas para a vida do ser humano.

Salomão escreveu muito acerca das maravilhas e das bênçãos recebidas de Deus por conhecer Sua lei, seus mandamentos. O livro de Provérbios e Eclesiastes são cheios destes escritos. Dentre todas as bênçãos que Salomão poderia requerer de Deus, ele escolheu apenas uma: a sabedoria (1Rs 3:3-14). A escolha de Salomão se deve ao valor inestimável de possuir um coração sábio - “Quanto melhor é adquirir a sabedoria do que o ouro! E mais excelente, adquirir a prudência do que a prata” (Pv 16:6).

A sabedoria não é inata ao homem nem adquirida pelo trabalho duro, pela observação cuidadosa da vida, pela autodisciplina ou por brilhante inteligência. A Sabedoria é um presente de Deus, vem do alto.

É comum ouvir sobre a existência da sabedoria popular. Em nossa cultura as pessoas são encorajadas a buscar sabedoria em todos os cantos. Mas nenhum desses caminhos aponta para Deus. O primeiro passo a ser dado em direção à verdadeira sabedoria é o temor do Senhor (Pv 1:7; 9:10).

“O temor de Deus é o princípio da sabedoria”. Se tememos a Deus, já é muita coisa; a partir daí a pessoa vai crescendo no entendimento, dia após dia, recebendo mais e mais sabedoria de Deus, e, assim, amaremos cada vez mais a Sua Palavra. Assim como o alimento físico mantém nosso corpo, devemos nos alimentar diariamente da Palavra de Deus, a fim de que não nos tornemos ‘anoréxicos espirituais’.

Há muitos cristãos que ainda não se aperceberam da suma importância de conhecer a Deus profundamente. Que tipo de cristão é esse que quer manter um relacionamento com Deus sem saber como Ele é ou o que Ele quer? Aparentemente, são pessoas que não tem temor a Deus nem respeito à Sua Palavra; são pessoas sem sabedoria.

Os seis primeiros versículos do capítulo primeiro do Livro de Provérbios “revelam que o propósito do livro é produzir sabedoria e fazer com que seus leitores aprofundem-se mais ainda na verdadeira sabedoria. Por outro lado, o livro de Eclesiastes, ao contrário do que muitos pensam, não apresenta uma espécie de ceticismo ou desencanto com a vida. O livro revela sim, a avaliação feita por alguém que teve o privilégio de viver a vida com intensidade e descobrir que a mesma é totalmente vazia se não vivida em Deus!” (1)

Vejamos, em resumo, mais alguns temas abordados nestes dois livros sagrados.

1. Provérbios

O conhecimento é bom, mas há uma grande diferença entre saber algo e ter sabedoria para aplicar esse saber à vida. Podemos acumular conhecimento, mas, sem sabedoria, o nosso conhecimento será inútil. Devemos aprender a pôr em prática o que conhecemos.

Especialmente em Provérbios, Salomão, sob a inspiração do Espírito Santo, deu conselhos práticos para a vida do ser humano. Um provérbio é uma frase curta, concisa, geralmente rica de imagens, que transmite uma verdade. O livro de Provérbios é uma coletânea destas sábias sentenças. Seu tema principal é a natureza da verdadeira sabedoria. Salomão escreveu: “O temor do Senhor é o principio da ciência; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução” (Pv 1:7). Ele prosseguiu com centenas de exemplos práticos de como viver de acordo com a sabedoria divina.

No livro de Provérbios, vários assuntos são discutidos: juventude e disciplina, vida familiar, autocontrole e resistência à tentação, questões relacionadas a negócios, palavras e a língua, a importância de conhecer a Deus, o casamento e a busca da verdade, além de temas como a riqueza e a pobreza, a imoralidade e, é claro, a sabedoria. Esses provérbios são poemas curtos (normalmente versos emparelhados), contêm uma mescla de bom senso e advertências oportunas. Embora não tenham a intenção de ensinar doutrina, uma pessoa que segue os conselhos escritos neste livro andará com Deus.

Em Provérbios, há ditados, lembranças e advertências, que se apresentam como sábios conselhos para nos ajudar a governar nossa vida. Atente para os pensamentos e as lições do homem mais sábio do mundo e aplique estas verdades à sua vida! (2)

2. Eclesiastes

Eclesiastes foi escrito quando Salomão estava nos últimos anos do seu reinado. “Sendo já velho, suas mulheres lhe perverteram o coração para seguir outros deuses. E o seu coração não era de todo fiel para com o Senhor, seu Deus, como fora o de Davi, seu pai” (1Rs 11:4). Então, devido a essa desobediência, a Escritura diz: “Pelo que o Senhor se indignou contra Salomão, pois desviara o seu coração do Senhor, Deus de Israel, que duas vezes lhe aparecera. E acerca disso lhe tinha ordenado que não seguisse a outros deuses. Ele, porém, não guardou o que o Senhor lhe ordenara. Por isso, disse o Senhor a Salomão: visto que assim procedeste e não guardaste a minha aliança, nem os meus estatutos que te mandei, tirarei de ti este reino e o darei a teu servo” (1Rs 11:9-11).

Imagine alguém que alcançou tanta gloria e fama ter que ouvir essas palavras do próprio Deus, em seus últimos dias. Que pensamentos e sentimentos vieram à mente e ao coração desse homem? A resposta é o livro de Eclesiastes. G. Gampbell Morgan estava certo ao escrever: “se você quiser saber até onde pode chegar um homem extremamente privilegiado, de grande sabedoria e conhecimento, leia esse registro a respeito de alguém que deixou Deus do lado de fora de sua vida” (Examinai as Escrituras, vol. 3, Vida Nova, p. 150). Gleason L. Archer, autoridade em Antigo Testamento, completou: “o propósito básico de Eclesiastes é demonstrar que, à parte de Deus e da Sua santa vontade, a vida não possui qualquer significado real, e não passa de vaidade” (Merece confiança o Antigo Testamento?, Vida Nova, p. 447).

Eclesiastes não é o livro de um homem pessimista, existencialista ou que perdeu a razão de viver, mas são palavras de alguém que não se lembrou de temer o seu Criador durante uma fase da vida. Depois, chegaram os anos nos quais ele não tinha mais prazer em viver. Não foi exatamente o que escreveu em Eclesiastes 12:1 e nos versículos 13 e 14? (3)

Apesar de alguns apontarem um tom de pessimismo e melancolia no livro de Eclesiastes, não devemos concluir que o único capítulo que vale a pena ser lido ou colocado em prática seja o ultimo, no qual Salomão apresenta suas conclusões. Na verdade, o livro todo é preenchido com sabedoria prática (que nos ensina a alcançar realizações no mundo e evitar problemas) e espiritual (sobre como encontrar e conhecer os valores eternos).

Salomão fez uma abordagem muito honesta em reação à vida. Todas as suas observações sobre a futilidade das coisas tem um propósito: levar-nos a buscar a realização e a felicidade em Deus. Salomão não almejou destruir a nossa esperança, mas dirigi-la Àquele que pode verdadeiramente torná-la realidade e dar significado à nossa vida. Salomão afirmou o valor do conhecimento, dos relacionamentos, do trabalho e do prazer, mas enfatizou que cada uma dessas coisas tem seu devido lugar. Tudo que é temporal deve ser considerado à luz do que é eterno.

Em Eclesiastes, aprenda sobre a vida. Ouça as severas advertências e as terríveis predições e comprometa-se a lembrar-se de seu Criador agora (Ec 12:1). (4)

Luciano de Paula Lourenço

(1)                José Gonçalves – Revista Ensinador Cristão

(2)                Bíblia de Estudo – Aplicação Pessoal.

(3)                José Humberto de Oliveira - Eclesiastes & Cantares – Série Antigo Testamento.

(4)                Bíblia de Estudo – Aplicação Pessoal.

domingo, 22 de setembro de 2013

Aula 13 - O SACRIFICIO QUE AGRADA A DEUS


3º Trimestre/2013

 
Texto Básico: Fp 4:14-23

 
“Os sacrifícios que agradam a Deus são um espírito quebrantado; um coração quebrantado e contrito, ó Deus, não desprezarás” (Sl 51:17). “Eu te oferecerei voluntariamente sacrifícios; louvarei o teu nome, ó Senhor, porque é bom” (Sl 54:6)

INTRODUÇÃO


Graças ao nosso bondoso Deus chegamos ao fim de mais um trimestre letivo. Estudar a Epístola aos filipenses foi uma maravilha sem-par; foi como nadar num mar calmo e tranquilizador; foi como andar em campo verdejante e ter uma visão clara do que significa ser um verdadeiro cristão. À luz do relacionamento do apóstolo Paulo com a igreja filipense pôde-se aperceber de lições maravilhosas para vida eclesiástica contemporânea. Outrossim, ao estudar a Epístola aos Filipenses percebemos que a igreja em Filipos não se fechava em si mesma; ela participava ativamente das aflições alheias. Incentivada pelo apóstolo Paulo, os membros dessa comunidade piedosa eram incansáveis no amor mútuo. Sua preocupação em repartir o que tinham com o apóstolo preso denota a predisposição que os cristãos devem ter em repartir generosamente com o outro aquilo que tem. Este é o sacrifício que agrada a Deus - "E não vos esqueçais da beneficência e comunicação, porque, com tais sacrifícios, Deus se agrada" (Hb 13:16); “Os sacrifícios que agradam a Deus são um espírito quebrantado; um coração quebrantado e contrito, ó Deus, não desprezarás” (Sl 51:17).

I. A PARTICIPAÇÃO DA IGREJA NAS TRIBULAÇÕES DE PAULO (Fp 4:14)

“Todavia, fizestes bem em tomar parte na minha aflição”.

1. Os filipenses tomam parte nas aflições do apóstolo. A igreja de Filipos não apenas enviava dinheiro para Paulo, mas também consolo. Ela não apenas supria as suas necessidades físicas, mas também emocionais e espirituais. Paulo via essas atitudes dos crentes de Filipos como o agir de Deus para fortalecer a musculatura da sua alma, do seu coração. A igreja filipense renovara sua bondade de dois modos: ajudando o apóstolo financeiramente e partilhando sua aflição. Era uma igreja que contribuía para a obra missionária não apenas por um desencargo de consciência, mas, sobretudo, por um profundo gesto de amor ao missionário.

2. O exemplo da igreja após o Pentecostes. A igreja em Filipos encontrava-se na mesma dimensão de generosidade e serviços da comunidade de Jerusalém imediatamente após o Pentecostes (At 2:45-47). Ela vivia o que pregava. Os teólogos chamam isso de ortopraxia. Aliás, ortodoxia e ortopraxia se completam. Para que haja real ortopraxia, é preciso ortodoxia; e para que a ortodoxia gere frutos é necessário que ela seja encarnada na vida, se manifeste nas ações; é necessário que seja algo mais do que mero conhecimento; é necessário que se materialize em ortopraxia.

Vivemos em uma sociedade marcada pelo individualismo e o egoísmo, onde parece não existir mais lugar para a generosidade. Todavia, ajudar aos necessitados, e contribuir para a Obra missionária, tanto do ponto-de-vista material quanto espiritual, é um dos elementos do serviço cristão; é um preceito bíblico. Podemos fazer muitas declarações ao Senhor e prometer-lhe obediência e amor. No entanto, é diante do nosso próximo que vamos mostrar se há mesmo amor, benignidade, bondade, etc, em nossos corações. De nada vale o nosso discurso se não há a prática de boas obras palpáveis (Tg 2:14-17). Como bem disse o pr. Elienai Cabral, os cristãos filipenses, com o seu exemplo, nos ensinam que ‘tomar parte’, ou ‘associar-se’, nas tribulações de nossos irmãos é mostrar-se amorosamente recíproco. Ou seja, devemos nos amar uns aos outros, pois assim também Cristo nos amou.

3. O padrão de amor para a igreja. A demonstração de amor que a igreja filipense manifestava deve ser o mesmo que a igreja atual deve acompanhar. Esta recomendação o escritor aos Hebreus também faz: “Não negligencieis, igualmente, a prática do bem e a mútua cooperação; pois, com tais sacrifícios, Deus se compraz” (Hb 13:16).  Se Deus se compraz com esta atitude, então é coisa certa agir assim. Agradar a Deus é o padrão bíblico recomendado ao indivíduo que é salvo.

Reminiscência: o ato de solidariedade da igreja filipense. Esta igreja foi a única que se associou a Paulo desde o início para sustentá-lo (Fp 4:15). Enquanto Paulo esteve em Tessalônica, eles enviaram sustento para ele duas vezes (Fp 4:16). Enquanto Paulo esteve em Corinto, a igreja de Filipos o socorreu financeiramente (2Co 11:8,9). Quando Paulo foi para Jerusalém depois da sua terceira viagem missionária, aquela igreja levantou ofertas generosas e sacrificais para atender os pobres da Judéia (2Co 8:1-5). Quando Paulo esteve preso em Roma, a igreja de Filipos enviou a ele Epafrodito com donativos e para lhe prestar assistência na prisão (Fp 4:18). Este é o padrão de amor para a igreja de Jesus Cristo.

II. REMINISCÊNCIA: O ATO DE DAR E RECEBER (Fp 4:15,17)

Dar e receber: uma linguagem do amor. Aliás, “dar” é a única forma de expressão do amor - “Deus amou de tal maneira que deu...”. O apóstolo Paulo mantém o tom de gratidão pelo carinho dispensado dos crentes de Filipos ao longo de toda a Epístola. Era uma recíproca permanente. Paulo tinha as suas necessidades materiais supridas pelos filipenses, enquanto estes achavam-se espiritualmente sanados pelo apóstolo dos gentios. Uma relação como esta é o que Deus requer para sua igreja. Um relacionamento baseado no amor, sem interesse egoísta, mas pelo fato de estarmos ligados com o outro irmão pelo amor do Pai.

Os crentes das igrejas da Macedônia, inclusive da igreja filipense, agiram deliberadamente e com muito amor exerciam o dom de repartir. Eles realmente tinham o dom da caridade. O apóstolo Paulo assim relata a generosa ação desses irmãos amados: “Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus dada às igrejas da Macedônia; Como em muita prova de tribulação houve abundância do seu gozo, e como a sua profunda pobreza abundou em riquezas da sua generosidade. Porque, segundo o seu poder (o que eu mesmo testifico) e ainda acima do seu poder, deram voluntariamente. Pedindo-nos com muitos rogos que aceitássemos a graça e a comunicação deste serviço, que se fazia para com os santos”(2Co 8:1-4).

O que faz com que um grupo de crentes pobres, carentes de ajuda, abra mão do pouco ou quase nada que possuem, para ajudar os outros? A resposta está em 2Co 8:5: “... a si mesmos se deram primeiramente ao Senhor...”. Aqueles que se dão ao Senhor, mesmo tendo poucos recursos, têm mãos abertas não apenas para dar, mas também para receber. O segredo para ser despojado das coisas materiais, seja rico ou pobre, é se dar ao Senhor.

1. Paulo relembra o apoio dos filipenses. No passado, os filipenses excederam na graça de “dar e receber”. Nos primeiros dias do ministério de Paulo, quando ele partiu da Macedônia, nenhuma igreja se associou a ele financeiramente, a não ser os filipenses. Paulo, agora, relembra essa solidariedade dispen sada por esses irmãos - “E bem sabeis também vós, ó filipenses, que, no princípio do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja comunicou comigo com respeito a dar e a receber, senão vós somente “(Fp 4:15).

A relação de Paulo com a igreja de Filipos era de parceria.  Paulo estava ligado à igreja, e a igreja o apoiava. Havia uma troca abençoadora entre o obreiro no campo e os crentes na base. A igreja não apenas enviava ofertas ao missionário, mas estava efetivamente envolvida com ele.

A relação da igreja com o apóstolo era uma avenida de mão dupla. Ela dava e recebia. Ela investia bens financeiros e recebia benefícios espirituais (1Co 9:11; Rm 15:27). Ela investia riquezas materiais e recebia riquezas espirituais. De Paulo, a igreja recebia bênçãos espirituais; da igreja, Paulo recebia bênçãos materiais. Ela ministrava amor ao apóstolo e recebia dele gratidão.

Paulo não poderia levar a cabo tudo o que fez sem o apoio e a ajuda da igreja filipense. Esta igreja deu-lhe suporte financeiro e sustentação espiritual. Aqueles que estão na linha de frente precisam ser encorajados pelos que ficam na retaguarda: "... porque qual é a parte dos que desceram à peleja, tal será a parte dos que ficaram com a bagagem; receberão partes iguais" (1Sm 30.24). Deus chama uns para irem ao campo missionário e aos demais para sustentar aqueles que vão. A obra missionária é um trabalho que exige um esforço conjunto da igreja e dos missionários. A igreja precisa cuidar do obreiro, e não apenas da obra. A igreja demonstra cuidado com o obreiro à medida que lhe dá suporte financeiro para realizar a obra.  De forma particular, a igreja de Filipos deu suporte financeiro a Paulo, mesmo quando estava ainda na região da Macedônia, no início do processo de evangelização da Europa (Fp 4:16).

A falta de vínculo entre o missionário e a igreja local é um dos grandes problemas da missiologia moderna. Os missionários vão para os campos, mas perdem o contato com as igrejas. As igrejas enviam ofertas aos missionários, mas não se envolvem com eles no sentido de dar e receber. Assim, os missionários ficam solitários nos campos, e as igrejas, alheias aos resultados que acontecem nos campos. Falta aos missionários o encorajamento das igrejas, e, às igrejas, as informações dos missionários.

2. O necessário para viver. Mesmo quando Paulo estava em Tessalônica, os filipenses mandaram não somente uma vez, mas duas, o bastante para as suas necessidades. É evidente que os filipenses mantinham tão estreita comunhão com o Senhor que Deus podia orientá-los com respeito às suas contribuições. O Espírito Santo fez pesar o coração deles com relação às necessidades do apóstolo Paulo, e eles responderam enviando-lhe dinheiro não somente uma vez, mas duas. A generosidade deles torna-se ainda mais notável pelo fato de Paulo haver ficado muito pouco tempo em Tessalônica. É por isso que Paulo não podia esquecer o amor que lhe demonstraram os crentes daquela igreja generosa e missionária.

Conquanto tenha sido tão grandiosamente assistido pela igreja filipense, Paulo não se deixou cair na tentação de amar o dinheiro; não fez dele uma oportunidade para locupletar-se. Ele era um líder que sabia respeitar a liberalidade dos seus liderados. Que não se aproveitava da abundância material que lhe estava ao alcance, não. Ele sabia da relação perigosa que há entre o dinheiro e a religião (1Tm 6:10,11). As ofertas que ele recebia eram aplicadas integralmente na Obra Missionária. Como seria bom para a igreja hodierna se seus líderes acatassem essa lição de comportamento moral e espiritual do apóstolo Paulo! Imaginem uma igreja livre de líderes mercenários e gananciosos!

3. “Não procuro dádivas”.  Não que procure dádivas, mas procuro o fruto que aumente a vossa conta”(Fp 4:17). Este versículo destaca um fato importante, digno de ser imitado: Paulo não era ganancioso, era desapegado do materialismo. Ele estava mais contente com a ideia de que os cristãos de Filipos iam ser recompensados por Deus, por causa de seus donativos, do que por ser seu receptor favorecido. Seu desejo de aumentar o “fruto” para crédito dos irmãos filipenses era maior que o prazer de receber deles ajuda financeira. É precisamente o que acontece quando contribuímos com dinheiro para a Obra do Senhor. Tudo é registrado nos livros de contabilidade de Deus, e, num Dia futuro, quem contribui será reembolsado “cem vezes mais”. O que temos não é nosso, tudo pertence ao Senhor. Desta feira, quando contribuímos para sua Obra, damos do que é propriamente dEle. Pense nisso!

III. A OBLAÇÃO DE AMOR E SAUDAÇÕES FINAIS (Fp 4:18-23)

“Mas bastante tenho recebido e tenho abundância; cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o que da vossa parte me foi enviado, como cheiro de suavidade e sacrifício agradável e aprazível a Deus.

“O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus.

“Ora, a nosso Deus e Pai seja dada glória para todo o sempre. Amém!

Saudai a todos os santos em Cristo Jesus. Os irmãos que estão comigo vos saúdam.

“Todos os santos vos saúdam, mas principalmente os que são da casa de César.

A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com vós todos. Amém!”.

1. A oblação no Antigo Testamento. O termo “oblação” quer dizer: dedicação de alguma coisa inanimada a Deus, como, por exemplo, azeite, flor de farinha, espigas verdes tostadas, etc. Ou seja, refere-se a uma oferta sacrifical comestível (cereais). Uma parte da oferta era queimada para memorial e a outra direcionada ao consumo dos sacerdotes (veja Lv 2:1-3). Nenhum fermento poderia estar presente na “oblação”, ou seja, na oferta de cereais (Lv 2:11), isto porque a fermentação envolve alteração, decomposição ou deterioração e, geralmente, simboliza o mal, o pecado (Ex 13:7). E a “oblação” deveria ser realizada das primícias, ou seja, os primeiros (e melhores) frutos da colheita eram dedicados ao Senhor; era uma oferta de gratidão acima de tudo – “E, se ofereceres ao SENHOR oferta de manjares das primícias, oferecerás a oferta de manjares das tuas primícias de espigas verdes, tostadas ao fogo, isto é, do grão trilhado de espigas verdes cheias. E sobre ela deitarás azeite e porás sobre ela incenso; oferta é de manjares. Assim, o sacerdote queimará o seu memorial do seu grão trilhado e do seu azeite, com todo o seu incenso; oferta queimada é ao SENHOR”(Lv 2:14-16).

Por que “espigas verdes tostadas ao fogo e azeite”? Porque grãos de espigas verdes esmagados e tostados com azeite constituíam o alimento típico da maioria das pessoas. Por isso esta oferta era um símbolo da alimentação diária do povo. Ao trazer a oferta (mesmo uma pessoa pobre poderia oferecê-la), o povo estava reconhecendo a Deus como o seu Provedor. Deus se agradava da motivação e dedicação com que as pessoas lhe ofertavam.

Este tipo de oferta tem o seguinte significado espiritual: (a) Envolve adoração a Deus (Lv 2:8-10); (b) Todos os frutos do labor humano pertencem a Deus (Lv 2:12,14); (c) As instruções para esse tipo de oferta são dignas de nota: o óleo representa o Espírito Santo; o incenso caracteriza a oração; a ausência de fermento indica pureza; o sal pressupõe a conservação; o fogo denota a aceitação de Deus; o cheiro suave fala do prazer de Deus (Lv 2:11,13,15).

Portanto, as expressões “cheiro de suavidade” e “sacrifício agradável e aprazível a Deus”, utilizadas pelo apóstolo Paulo em Fp 4:18, estão relacionadas com a oblação, que fazia parte do sistema sacrifical levítico.

2. A oblação e a generosidade dos filipenses. Se há uma igreja que sabia adequadamente o significado da palavra oblação era a de Filipos. Ela encarnou exatamente o que o apóstolo escreveu para os crentes romanos: "Rogo-vos, pois irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus" (Rm 12:1). Os cristãos filipenses encarnaram isso até a última consequência. Mente, coração e corpo estavam em plena sintonia para fazer o bem, pois quem faz o bem em Deus, ama, e "quem ama aos outros cumpriu a lei" (Rm 13:8).

A dádiva de amor dos filipenses que Epafrodito entregou a Paulo é descrita como aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus – uma verdadeira oblação. Diante de tão superlativa generosidade praticada pelos cristãos filipenses, Paulo declara com plena convicção: “O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus” (Fp 4:19).

Deus havia suprido a necessidade de Paulo através da generosidade da igreja filipense. Deus iria retribuir mais do que aquela generosidade, suprindo a necessidade dessa igreja. Deus não só iria suprir todas as necessidades deles, mas o faria “segundo as suas riquezas”. Os crentes não podem sequer começar a compreender as riquezas de Deus em glória – suas riquezas são ilimitadas, infinitas. Se é a partir deste depósito que as necessidades dos crentes são supridas, então os crentes filipenses poderiam descansar seguros de que Deus certamente supriria cada necessidade, não importando quão grandes, quando urgentes ou quão impossíveis se parecessem. Não há sacrifício maior que amar. Deus não o rejeita.

3. Doxologia.Doxologia” significa literalmente “palavra de glória”; manifestação de louvor e enaltecimento à divindade através de expressões de exaltamentos e cânticos espirituais. A doxologia foi uma fórmula de louvor e glorificação frequente no Antigo e no Novo Testamento, aplicada principalmente a Deus. Só a Deus pertence toda glória para todo o sempre - Ora, a nosso Deus e Pai seja dada glória para todo o sempre. Amém!”.  Paulo passou a uma doxologia de louvor, ao se lembrar do grande amor e provisão de Deus. Só Deus merece toda a glória de sua criação!

4. Saudações finais (Fp 4:21-23). Paulo conclui a Epístola aos Filipenses – a carta magna da alegria - como um pastor que se lembra de cada uma das suas ovelhas (Fp 4:21) e invoca sobre elas a graça do Senhor Jesus (Fp 4:23). E, também, como um evangelista que dá relatórios dos milagres da pregação do evangelho, cujos frutos são vistos até mesmo na casa de César (Fp 4:22), ou seja, a todas as pessoas que estavam a serviço do imperador: nos departamentos domésticos e administrativos da casa imperial, e a guarda pretoriana. Esses membros da casa de César eram pessoas convertidas, possivelmente, por intermédio do apóstolo durante a sua prisão em Roma. Assim, Paulo transformou a sua prisão em um campo missionário, e os frutos apareceram mesmo entre algemas. Esse fato nos ensina que não é o lugar que faz a pessoa, mas é a pessoa que faz o lugar. Ensina-nos, outrossim, que no Reino de Deus não existe lata de lixo, ou seja, não há vida irrecuperável. Há santos até mesmo na “casa de César”; este era um lugar de traições, opressão e violência; muitos poderiam pensar que o evangelho jamais entraria nessa casa; todavia, Paulo teve o privilégio de ganhar pessoas para Cristo ali, mesmo estando preso e algemado.

Paulo, enfim, nos ensina que as oportunidades estão ao nosso redor. Paulo poderia esperar a sua liberdade para depois continuar seu trabalho missionário. Entretanto, ele entendeu que a prisão também era um campo missionário. Ele aproveitou as oportunidades, e os frutos surgiram mesmo na cadeia. Deus abre as portas, mas nós devemos entrar por elas. Deus aponta o caminho, mas nós devemos seguir por ele. Deus põe diante de nós oportunidades, mas nós devemos aproveitá-las. (*)

CONCLUSÃO


Diante de tudo que foi tratado neste trimestre acerca da Epístola de Paulo aos Filipenses, carta esta que tem abençoado e edificado milhões de vidas ao longo da existência da igreja, o meu anelo é que você ame cada vez mais o Senhor Jesus, e dedique-se a ser uma “oblação de amor” a Ele. Que a sua vida seja dominada por esta virtude do Fruto do Espírito, que é o cartão de identidade do cristão, assim como Cristo nos amou e deu a sua vida por nós, como uma oferta de perfume agradável e como um sacrifício que agrada a Deus. Que a igreja de Filipos nos ensine o verdadeiro significado de humildade, serviço e amor. Ouçamos o que o Espírito diz através da comunidade de Filipos. “A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com vós todos. Amém!”.

Agradeço a todos que estiveram comigo ao longo deste 3º trimestre/2013. Sou sincero em dizer que o esforço engendrado para disponibilizar estes estudos sobre a Carta de Filipenses, como subsídios otimizadores para vossas aulas, foi dedicado com muito amor, carinho e com um coração desejoso que a genuína doutrina bíblica seja manifestada nos corações e inculcada na mente do povo de Deus, com o fim precípuo de trazer firmeza espiritual e conscientização do quão importante é ser filho de Deus comprado e remido com o precioso sangue de Cristo Jesus. Até a próxima oportunidade, se Deus quiser!
 
-------

Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembleia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.

Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.

Revista Ensinador Cristão – nº 55 – CPAD.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal.

Filipenses – A alegria triunfante no meio das provas – Rev. Hernandes Dias Lopes.

(*) Rev. Hernandes Dias Lopes – Filipenses (A alegria triunfante no meio das provas).

domingo, 15 de setembro de 2013

Aula 12 – A RECIPROCIDADE DO AMOR CRISTÃO


3º Trimestre/2013

 
Texto Básico: Fp 4:10-13

 
“Posso todas as coisas naquele que me fortalece” (Fp 4:13)

 

INTRODUÇÃO


Nesta Aula, trataremos acerca da generosidade da igreja em Filipos para com o apóstolo Paulo. Ela enviara os recursos que Paulo necessitava para suprir suas necessidades na prisão em Roma. Paulo regozija-se em Deus pela atitude amorosa dos irmãos para com a sua vida. O princípio da generosidade está fundamentado na ideia de doar e não de ter. Para que a generosidade seja manifesta exteriormente, o coração deve antes estar enriquecido de amor e compaixão sinceros para com aqueles que servem a Igreja. Dar de nós mesmos, e daquilo que temos, resulta em: suprimir as necessidades dos nossos irmãos obreiros que servem a igreja com abnegação e integridade; louvor e ações de graça a Deus(2Co 9:12); e amor recíproco da parte daqueles que recebem a ajuda(2Co 9:14). "Amarás, pois, ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; [...] Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Mc 12:30,31). Estes mandamentos eram o estrado da prática cristã na Igreja do primeiro século. E precisa ser, também, da igreja hodierna; caso contrário, ela perderá, indubitavelmente, a sua identidade como igreja local de Cristo.

I. AS OFERTAS DOS FILIPENSES COMO PROVIDÊNCIA DIVINA


1. Paulo agradece aos filipenses. Em Fp 4:10-19, Paulo expressa, com ênfase, sua gratidão pela oferta que Epafrodito lhe trouxera da igreja de Filipos. Paulo se regozija uma vez mais (Fp 4:10), pois, passado algum tempo, os filipenses lhe haviam enviado outra oferta para a obra do Senhor. Ele não os culpa pelo tempo em que nada recebeu; antes, lhes dá crédito pelo fato de que desejavam ajudá-lo, mas faltava oportunidade. Neste tributo de gratidão, Paulo dá um belo testemunho de sua relação com a igreja filipense na realização da obra missionária. Paulo nunca pediu a qualquer das igrejas que o sustentassem, contudo, os crentes de Filipos tinham desejado sinceramente ofertar, de forma que Paulo aceitou, porque eles o fizeram voluntariamente e porque ele estava atravessando um momento de necessidade.

2. Reciprocidade entre o apóstolo e a igreja. O amor mútuo e profundo dos irmãos filipenses pelo apóstolo Paulo era forjado nas raias do sofrimento. O apóstolo tinha decidido há muito deixar o conforto do farisaísmo para padecer por Cristo. Ele bem sabia o que isto representava. Por isso, Paulo tinha outro olhar quando recebia a oferta de amor dos da igreja de Filipos: não para o dinheiro, mas para motivação amorosa que se escondia por detrás daquele ato genuinamente cristão da igreja de Cristo em Filipos. Este ato amoroso era o motivo da sua grande alegria; não era o valor da oferta recebida, mas aquilo que ela representava, pois essa não era uma oferta negociada pelas regras comerciais e de mercado, mas gerada pelo amor recíproco da comunidade de Filipos para com seu pai na fé. Paulo compreendia que, através da demonstração de amor dos seus filhos na fé, o próprio Cristo o fortalecera no amor partilhado pelos seus irmãos. Paulo vivia uma vida de grande contentamento em Deus, pois no amor recíproco ele sente-se recompensado por Deus em tudo. O contentamento de Paulo o faz jamais elevar a sua voz para murmurar das circunstâncias que lhe rodeavam. Ele compreende e aceita a vocação de padecer por amor ao Evangelho.

3. A igreja deve cuidar dos seus obreiros. Em 1Co 9:11-18, Paulo escreveu que ele não aceitava ofertas da igreja coríntia porque ele não queria ser acusado de pregar somente para ganhar dinheiro. Mas Paulo ensinou que era uma responsabilidade da igreja sustentar os ministros de Deus, os missionários e os pastores que exercem com dedicação plena a liderança do rebanho de Deus – “Não sabeis vós que os que administram o que é sagrado comem do que é do templo? E que os que de contínuo estão junto ao altar participam do altar? Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho (1Co 9:13,14).

Não há qualquer fundamento para que se diga, como alguns, na atualidade, que não há qualquer necessidade de uma contribuição financeira na Igreja. O texto bíblico mostra, claramente, que devemos contribuir para a manutenção e sustento da obra de Deus e que esta obra envolve despesas e a necessidade de sustento daqueles que se dedicam integralmente a ela. Acredito que a maior atitude de amor que uma igreja demonstra é aplicar recursos na obra do Senhor, sustentando com dignidade os obreiros que dedicam com amor a obra do Senhor.

Em nossos dias, dias de “amor ao dinheiro” (1Tm 6:10), vemos dois fenômenos totalmente inadmissíveis para o povo de Deus:

- Primeiro, a “mercantilização da fé”. Muitos, aproveitando-se dos mandamentos bíblicos referentes à contribuição financeira, estão a tornar as igrejas locais em verdadeiras “empresas religiosas”, onde há uma sede de arrecadação que tem em vista tão somente a formação de impérios empresariais travestidos de organizações ou empreendimentos eclesiásticos e a nutrição de uma vida nababesca de poucos, que não estão nem um pouco preocupados com a obra de Deus, que se fazem cercar de um sem-número de “parasitas”, aproveitadores das “migalhas” que caem das mesas desses “mercenários”.

- Segundo, o “consumismo desenfreado”. Este fenômeno, característico do pós-modernismo, tem tomado conta dos corações de muitos crentes que direcionam os seus recursos para a satisfação de seus desejos e prazeres incontidos, com o desvio dos recursos que deveriam ser destinados à obra de Deus, e que servem apenas para a satisfação dos interesses materiais e mundanos dos que cristãos se dizem ser, e que fazem com que muito do que poderia ser utilizado na obra de Deus seja destinado para “mercenários” e para pessoas totalmente descompromissadas com o Evangelho.

Quando há compromisso com a Palavra de Deus, também comprometemos o nosso patrimônio com as “coisas de cima”, com aquilo que contribuirá para a salvação das almas e a glorificação do nome do Senhor. Pensemos nisto!

II. O CONTENTAMENTO EM CRISTO EM QUALQUER SITUAÇÃO


1. O contentamento de Paulo.Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho” (Fp 4:11). Embora estivesse muito satisfeito com a generosidade dos filipenses, Paulo esclareceu que tinha aprendido um importante segredo para a vida cristã: que ele poderia se contentar com o que tinha, fosse muito ou pouco. Paulo explicou que a sua suficiência estava somente em Cristo, que provê a força para que enfrentemos todas as circunstâncias.

É importante que os crentes percebam que o “contentamento” bíblico não significa uma acomodação em relação aos desafios da vida, nem tampouco um desinteresse por melhorar o crescimento profissional, educacional, etc. Trata-se de um estado de alma, que possuímos em Cristo tudo quanto nos é necessário para nossa alegria, paz e comunhão com Deus e os homens.

Para Paulo, o contentamento que experimentava na riqueza e pobreza, na fartura ou miséria, eram reflexos de uma mesma realidade vivida na presença de Deus. A certeza de que Deus estava nele, que havia concedido a ele o seu Reino, transcendia suas experiências pessoais e as colocava num universo eterno. Penso que foi isso que Jesus experimentou. Sua vida não foi sempre um arranjo de fatos agradáveis. Experimentou o abandono, angústia, tristeza, traição, alegria e exultação, e todas essas experiências fizeram parte do Reino que havia sido entregue.

O contentamento não será encontrado na próxima curva, na visita ao shopping center, no novo emprego ou nas coisas simples e rotineiras, mas nas experiências que a graça de Deus nos concede dia a dia. Contentamento não significa não passar pelos vales sombrios da morte, mas gozar a plenitude do Reino, do amor, da justiça e da paz.

Para ter o verdadeiro contentamento, lembre-se de que tudo pertence a Deus e que aquilo que temos nos foi dado por Ele. Sejamos agradecidos pelo que temos, não cobiçando o que os outros possuem. Peçamos sabedoria para usarmos sabiamente o que temos. Oremos pedindo ao Senhor a graça necessária para abandonarmos o desejo exasperado pelo que não temos. Confiemos que Deus suprirá as nossas necessidades.

Muitas pessoas que se dizem cristãs têm sido fiéis e leais ao Senhor Jesus enquanto as condições permitem, isto é, enquanto tudo está bem, quando os ventos são favoráveis, quando não falta dinheiro, quando a família está com saúde. Porém, vindo as aflições, perseguições, carência de dinheiro, etc., deixam de olhar para o Autor e Consumador da fé (Hb 12:2), e começam a murmurar e a questionar a Deus pela situação que está atravessando. Daí começa o descontentamento, a tristeza, e em seguida partem para a infidelidade, que é um sinal de desconfiança e incerteza. É fácil ser fiel quando tudo vai bem. Quando as coisas vão mal, a fidelidade é um “sacrifício”. O que o Espírito Santo deposita dentro de nós através da fidelidade atravessa qualquer barreira, transpondo todos os obstáculos contrários à fé. E Deus sempre está provando a nossa fidelidade para com Ele. Devemos estar cônscios de que os desertos não são apenas os momentos difíceis por que passamos aqui, não! Os “desertos” são a trajetória de nossa jornada rumo ao Céu. Pense nisso!

2. “Sei estar abatido” (Fp 4:12). Paulo sabia “estar abatido” ou “humilhado” (ARA), isto é, quando não tinha suprimento para as necessidades básicas da vida, e também sabia “ser honrado”, ou seja, quando recebia mais do que necessitava. “Em todas as circunstâncias”, já tinha experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez. Como Paulo aprendeu tal lição? Simplesmente porque tinha a certeza de estar na vontade de Deus onde quer que estivesse, fossem quais fossem as circunstâncias. Sabia que estava ali pela vontade de Deus. Assim, se passasse fome, era porque Deus queria que ele passasse fome. Se estivesse fartura, era porque Deus planejou que fosse assim. Estando ocupado fielmente no serviço do Rei, ele podia dizer: “Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado”. Portanto, quer Paulo tivesse muito ou pouco, ele era capaz de manter a vida em equilíbrio por causa do contentamento. Que lição importante para todos os crentes, das igrejas locais de hoje, aprenderem!

III. A PRINCIPAL FONTE DE CONTENTAMENTO (Fp 4:13)

“Tudo posso naquele que me fortalece” (ARA) ou “Posso todas as coisas naquele que me fortalece” (ARC). A declaração de Paulo aqui não é uma declaração de pensamento positivo. O que Paulo está dizendo é que foi capacitado por Deus para passar por qualquer situação, fosse de abundância ou escassez, de humilhação ou honra, de fartura ou fome. Certamente, o obreiro de Deus precisa estar pronto para tudo isso e não apenas alegrando-se com as riquezas ou abundância.

1. Cristo é quem fortalece.Posso todas as coisas naquele que me fortalece”. Esta expressão, obviamente, não significa todas as coisas no sentido pleno; Paulo não se tornara onipotente. Paulo não pode tudo; ele pode todas as coisas dentro da vontade de Deus. Ele pode todas as coisas em Cristo, e não à parte de Cristo. A razão da “fortaleza” do apóstolo Paulo não é a sua experiência, a sua força, o seu conhecimento, a sua influência ou os seus ricos dons e talentos, mas Cristo. Ele tudo pode porque o Todo-Poderoso Filho de Deus é quem o fortalece. Ele é como uma máquina ligada na fonte de energia, a força do seu trabalho vem não dele mesmo, mas do poder que vem de Cristo. É Cristo quem fortalece.

“Posso todas as coisas naquele que me fortalece”.  Este versículo pode ser dividido em duas partes:

- Primeira parte: “Posso todas as coisas”. Parar aí e tirar as palavras de seu próprio contexto poderia sugerir a ideia de autoconfiança e presunção. É o tipo de mensagem que frequentemente ouvimos de oradores motivacionais, aqueles que são pagos para animar auditório, entreter o povo: “Você pode fazer tudo o que quiser se colocar a sua mente nisto”. Mas isto não é o que o versículo diz.

- A segunda parte: “naquele que me fortalece”. Esta parte revela a fonte da nossa força: Cristo. Deus quer que realizemos muito para Ele neste mundo, mas somente através de Cristo. Em vez de confiarmos em nossa própria força e habilidades, devemos confiar em Cristo e em seu poder. Pense nisso!

As palavras confiantes de Paulo podem ser pronunciadas por todos os cristãos. O poder que recebemos quando estamos em união com Cristo é suficiente para que tenhamos condições de fazer a sua vontade e enfrentemos os desafios que surgem do nosso compromisso de fazê-la.

2. Cristo é a razão do contentamento. O contentamento de Paulo não veio de uma auto-disciplina estóica. Antes, ele veio de Cristo. Este é a razão do contentamento. No contexto, a frase “todas as coisas” (ARA) refere-se à lista contida em Fp 4:11,12. Em cada circunstância possível, Paulo podia estar verdadeiramente contente, porque ele não deixava que as circunstâncias adversas determinassem a sua atitude. Cristo o estava fortalecendo, para que o apóstolo pudesse dar continuidade ao seu ministério e à obra de anunciar o Evangelho, quer ele tivesse abundância ou padecesse necessidades. Paulo tinha a completa confiança de que, a despeito das circunstâncias, Cristo lhe daria a força necessária para vencer qualquer adversidade.

3. O cumprimento da missão como fonte de contentamento. Para Paulo, o cumprimento da missão que Jesus lhe tinha investido era fonte de seu contentamento. Pregar o Evangelho em toda parte era o seu objetivo precípuo; nenhuma dificuldade financeira, política ou social roubaria a sua visão missionária, o impediria de ganhar almas para o Reino de Deus – “Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus” (At 20:24). Paulo era um obreiro destemido e determinado, não se angustiava pela privação material e social, porque tinha plena confiança no provimento divino. A alegria do Senhor era a sua força (Ne 8:10).

CONCLUSÃO


Diante do que foi exposto aqui nesta Aula, avigora-nos dizer que a obra missionária é um trabalho que exige um esforço conjunto da igreja e dos missionários. A cooperação é o melhor caminho para a realização da obra missionária. Paulo não poderia levar a cabo tudo o que fez sem o apoio e a ajuda da igreja filipense. Essa igreja deu-lhe suporte financeiro e sustentação espiritual. Aqueles que estão na linha de frente precisam ser encorajados pelos que ficam na retaguarda: "... porque qual é a parte dos que desceram à peleja, tal será a parte dos que ficaram com a bagagem; receberão partes iguais" (1Sm 30:24). Deus chama uns para irem ao campo missionário e aos demais para sustentar aqueles que vão. A sua igreja é uma igreja missionária qual a de Filipos? Caso não seja, infelizmente, ela perdeu a sua identidade original. Pense nisso!

-----

Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembleia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.

Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.

Revista Ensinador Cristão – nº 55 – CPAD.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal.

Filipenses – A alegria triunfante no meio das provas – Rev. Hernandes Dias Lopes.

 

domingo, 8 de setembro de 2013

Aula 11 – UMA VIDA CRISTÃ EQUILIBRADA


3º Trimestre/2013

 
Texto Básico: Filipenses 4:5-9

 
Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai”.

INTRODUÇÃO


Uma vida cristã equilibrada é comparada a uma árvore plantada junto ao ribeiro de água corrente e perene: dá o seu fruto na estação própria; suas folhas não caem; é frondosa e abrigadoiro. O domínio próprio é a “seiva” dessa árvore; é uma das virtudes mais importante do caráter do genuíno cristão (Gl 5:22; Tito 1:8). O apóstolo Pedro coloca esta virtude como uma das que deve ser buscada pelo cristão, ao lado do conhecimento, da perseverança e da piedade (2Pe 1:6). Entretanto, o domínio próprio é uma expressão bastante problemática para nossa geração, acostumada à fantasia de que a felicidade decorre do desprezo à ideia de disciplina e autocontrole. Colocando esta escolha em outros termos, podemos dizer que, para boa parte das pessoas, se a escolha for entre felicidade e autocontrole, talvez ouçamos alguém dizer-se cansado de autocontrole e que agora pretende viver a vida com toda a sua adrenalina, ou seja, de maneira desequilibrada. Prevalece a ideia que autocontrole e bem-estar são incompatíveis. No entanto, a Bíblia nos adverte a não permitir que o pecado tenha domínio sobre nós (Rm 6:14), já que não estamos mais debaixo da lei, mas sob a graça, que nos deve levar a frutificar, a ter uma vida cristã equilibrada.

I.  A EXCELÊNCIA DA MENTE CRISTÃ


Somos aquilo que registramos em nossa mente. Se arquivarmos em nossa mente coisas boas, de lá tiraremos tesouros preciosos, mas se tudo o que depositamos são coisas más, não poderemos tirar dela o que é proveitoso.

1. Nossos pensamentos. Nossos comportamentos são resultados de nossos pensamentos. Pensamentos no alto, vidas no alto. Pensamentos na terra, vida na terra. Mente suja, vida suja. Mente limpa, vida limpa. Pensamentos errados levam a comportamentos errados, e comportamentos errados levam a sentimento errado. Por isso, devemos levar todo pensamento cativo à obediência de Cristo (2Co 10:5). As nossas maiores batalhas são travadas no campo da mente. Nessa trincheira, a guerra é ganha ou perdida. O homem é aquilo que ele pensa. Precisamos fechar os portais da nossa mente para o que é vil e abrir as suas janelas para o que é verdadeiro, justo, amável e de boa fama. Precisamos jogar para o sacrário da nossa mente o que é elevado e esvaziar todos os porões da nossa mente de tudo aquilo que é impróprio.

2. Pensando nas coisas eternas.  O apóstolo propõe aos crentes de Filipos a pensar naquilo que é do alto, pois o que vem de Deus gera vida. O que vem de Deus é verdadeiro, honesto, justo, puro, amável, de boa fama. Mas o que oriunda de um sistema filosófico mundano é irremediavelmente oposto: é falso, desonesto, injusto, impuro, odioso, de má fama. Que tipo de pensamento estamos cultivando em nossas mentes? Pensamento eterno ou efêmero? A Palavra de Deus exorta-nos a preenchermos a nossa mente com aquilo que gera vida e maturidade espiritual, pois temos a mente de Cristo (1Co 2:16). É válido ressaltar que o que preencher a nossa mente determinará a nossa a ação.

3. Agindo sabiamente.Portar-me-ei com inteligência no caminho reto... Andarei em minha casa com um coração sincero” (Sl 101:2). No atual estado da sociedade, com a frouxidão moral - não só dos jovens, mas dos de idade e experiência -, grande é o risco de tornarmo-nos descuidosos. O Senhor Jesus nos enviou a realizar a Sua Obra (cf . Mt 28:19) neste mundo, que está dominado por ideologias contrárias ao Evangelho. Mas, para isso devemos agir com sabedoria e de forma equilibrada. Devemos atender o chamado do Mestre, não com medo, mas com coragem; não com ignorância, mas sabiamente; não como quem impõe uma verdade particular, mas como quem expõe e testemunha verdades eternas. À luz do exemplo de Jesus Cristo, sejamos sal da terra e luz do mundo tendo "luz na mente, mas fogo coração".

 

II.  O QUE DEVE OCUPAR A MENTE DO CRISTÃO (Fp 4:8)

 

Paulo faz uma lista do que deve ocupar os nossos pensamentos. Diz ele: “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai”.

Aqui, Paulo nos ensina como controlar nossa mente: não pensar em coisas más, e sim, nas coisas boas. No mundo de hoje há muitas atrações que podem distrair a nossa mente quanto às nossas responsabilidades para com Deus, e assim não pensamos, nem meditamos, nem nos concentramos nas coisas do Senhor: a sua Palavra, a vida devocional com Deus, os deveres cristãos, o trabalho do Senhor, a vinda de Cristo, etc. O que nós vemos e ouvimos atualmente na televisão, o que ouvimos no rádio, o que vimos na internet, aquilo a que nos expomos, causam impacto no nosso autocontrole mental. Precisamos da ajuda do Espírito Santo para manter nossos pensamentos naquilo que lhe agrada.

1. “Tudo o que é verdadeiro”. A verdade é uma característica de Deus. Jesus é a verdade. O evangelho é a verdade. O cristão é conclamado a falar e a viver a verdade. O Espírito Santo nos conduz em toda a verdade. Se nossa mente estiver cheia do que é verdadeiro – Jesus, a Palavra e o Espírito -, estaremos livres do engano, da falsidade e da mentira.

2. “Tudo o que é honesto”. Honestidade é o contrário da duplicidade de caráter que avilta a moral, sendo incompatível com a mente de Cristo. Os crentes devem ser dignos e sinceros tanto em suas palavras quanto em seu comportamento. O decoro nas conversações, nos costumes e na moral é muito importante. A mente que se concentra em assuntos desonestos corre o perigo de tornar-se desonesta.

3. “Tudo o que é justo”. Os crentes devem fixar seus pensamentos em coisas que são justas. São pensamentos e planos que atendam os padrões de justiça de Deus. Elas devem manter a verdade; elas devem ser íntegras.

Aquele que é justo pensa nas coisas justas. Justo se refere a quem é reto diante de Deus e dos homens. Ser justo e reto é viver conforme os preceitos divinos, é guardar os mandamentos do Senhor. A Bíblia diz que Noé era um homem justo e reto em suas gerações (Gn 6:9; Ez 14:14,20; Hb 11:7; 2Pe 2:5). Por ser justo, pôde pregar a justiça e se tornar herdeiro da justiça segundo a fé. Foi tomado pelo Senhor, inclusive, como modelo e padrão de justiça. Noé observava os preceitos de Deus, tanto que, após o dilúvio, o Senhor os renovou, em pacto, com o próprio Noé.

O cristão precisa ser justo (1João 2:29; 3:7), porque Jesus é justo (At 3:14; 7:52; Cl 4:11;1João 2:1). Como serei justo? Cumprindo a Palavra de Deus, pois ser justo e reto em nossa geração é andar conforme a regra, conforme as Escrituras Sagradas. O próprio Senhor disse que Seu juízo era justo porque Ele fazia a vontade do Pai (João 5:30). Justo é aquele que serve a Deus (Ml 3:128). Temos sido justos?

4. “Tudo o que é puro e amável”. Os crentes devem fixar seus pensamentos em coisas que são:

a) puro. Paulo provavelmente estava falando da pureza moral, algo que é frequentemente muito difícil de manter nos pensamentos. Puro é quilo que não tem mancha, não é poluído. O que é puro não está manchado pelo pecado. Pureza refere-se à santidade. São os puros de coração que verão a Deus (Mt 5:8). Pureza de pensamento e de propósito é condição preliminar indispensável para a pureza na palavra e na ação. A pureza de pensamento deve ser cultivada como indispensável à obra de influenciar os outros. A alma deve ser circundada de uma atmosfera pura, santa, uma atmosfera que tenda a vivificar a vida espiritual de quantos a respirem.

b) Amável. Coisa amável é coisa agradável, aquilo que suscita amor. É aquela coisa que proporciona prazer a todos, não causando dissabor a ninguém, à semelhança de uma fragrância preciosa. É pensamento de grande moral e beleza espiritual. Uma mente positiva e agradável gera uma pessoa positiva, vencedora, altruísta.

5. “Tudo o que é de boa fama”. Os crentes devem fixar seus pensamentos em coisas que são de “boa fama”. Coisas que falam bem do pensador – pensamentos que recomendam, dão confiança, permitem a aprovação ou o elogio, revelam o pensamento positivo e construtivo. Os pensamentos de um crente, se ouvidos por outros, devem ser admiráveis, não constrangedores. No mundo, há demasiadas palavras torpes, falsas e impuras. Nos lábios do cristão e em sua mente, devem existir somente palavras que são adequadas para ser ouvidas por Deus.

III.  A CONQUISTA DE PAULO COMO MODELO (Fp4:9)

1.  Paulo, uma vida a ser imitada.O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso fazei”.

Mais uma vez, Paulo se apresenta como um padrão para os santos e os incita a praticar o que aprenderam e viram nele. O fato de isso vir após o que diz em Fp 4:8 é notável. Uma vida reta vem de uma mente pura. Se o pensar é puro, a vida também o será. No entanto, se a mente de alguém é uma fonte de corrupção, por certo o rio que sai dela há de ser imundo também. Vale lembrar que quem insiste em pensar no mal, um dia há de praticá-lo.

Os que fielmente seguem o exemplo do apóstolo tem a promessa de que o Deus de paz será com eles. Em Fp 4:7, a paz de Deus é a porção dos que oram; aqui, o Deus de paz é o Companheiro dos que vivem uma vida santa. A ideia principal aqui é que todo aquele cuja vida manifesta a verdade irá desfrutar a experiência de estar próximo de Deus.

2. Paulo, exemplo de ministro.Regozijo-me, agora, no que padeço por vós e na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo que é a Igreja; da qual eu estou feito ministro segundo a dispensação de Deus, que me foi concedida para convosco, para cumprir a Palavra de Deus” (Cl 1:24,25).

Diríamos que nem todo que diz ser ministro pode, com sinceridade, fazer sua esta declaração de Paulo: “... eu estou feito ministro segundo a dispensação Deus, que me foi concedida para convosco, para cumprir a Palavra de Deus”, ou, como diz a Bíblia, na Linguagem de Hoje: “E Deus me escolheu para ser servo da Igreja e me deu uma missão que devo cumprir em favor de vocês. Essa missão é anunciar, de modo completo, a mensagem dele”.

Aqui a expressão ministro foi substituída pelo vocábulo servo”, isto porque “ministro”, no seu sentido original e bíblico, significa, exatamente, servo, ou servidor. Entre nós, o sentido da expressão “ministro”, evoluiu e passou a significar uma pessoa de alta posição. É claro que ser um servo escolhido por Deus para servir na Igreja é muito mais importante que ser ministro de Estado, escolhido por um homem, para administrar os negócios do mundo.

Ministro, na Igreja, não tem o mesmo sentido de ministro, no mundo. O Senhor Jesus disse: “... Sabeis que os que julgam ser príncipes das gentes delas se assenhoreiam... mas, entre vós não será assim; antes, qualquer que, entre vós, quiser ser grande será vosso serviçal. E qualquer que, dentre vós, quiser ser o primeiro será servo de todos. Porque o Filho do Homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos”(Mc 10:42-45).

Todo crente que possui a devida compreensão do verdadeiro sentido da palavra “ministro” e que tem a consciência, tal como Paulo tinha, da sua verdadeira função na Igreja, certamente que não corre atrás deste cargo pensando poder, com ele, desfrutar as mordomias que a ele estão ligados no seu significado para com o mundo.

Ser ministro, segundo Paulo, significava regozijar-se, ou sentir alegria em ter que sofrer por causa dos problemas que afetavam a Obra de Deus, ou a vida dos irmãos, e de poder identificar-se com Cristo nas aflições, pela Igreja.

Escrevendo aos Coríntios, Paulo após falar de seus sofrimentos físicos, pelo fato de ser ministro (2Co 11:23-27), falou depois de seus sofrimentos e aflições interiores, ou da alma, dizendo: “Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as Igrejas. Quem enfraquece, que eu também não enfraqueça? Se convém gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz respeito à minha fraqueza” (2Co 11:28-30).

Paulo tinha consciência de que o exercício do ministério, ou o cargo de ministro, na Igreja, tinha o sentido de servir, tal como dissera Jesus: “O Filho do Homem também não veio para ser servido, mas para servir”.

Paulo é, sem dúvida, um exemplo bíblico para todo ministro chamado por Deus, pois, Deus continua chamando ministros para servirem sua Igreja - E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores” (Ef 4:11).

3. O Deus de paz. “... e o Deus de paz será convosco”(Fp 4:9). A conclusão do apóstolo Paulo é majestosa. Além de termos a paz de Deus para nos guardar (Fp 4:7), agora temos o Deus de paz (Fp 4:9) para nos guiar. Ou seja, não temos apenas uma harmonia bendita em lugar da ansiedade, mas temos também a companhia divina na caminhada. Portanto, se buscarmos tudo o que é verdadeiro, honesto, justo, puro, amável e de boa fama, teremos uma preciosa promessa: “o Deus de paz será convosco”. Hoje, muitas pessoas procuram ter paz com Deus sem ter um relacionamento com Deus, que é o autor da verdadeira paz. Porém, isso não é possível. Para experimentar a paz, precisamos primeiro conhecer o Deus da paz.

CONCLUSÃO


Quando temos um relacionamento profundo com Deus, quando O servimos não perdemos o equilíbrio. O que acontece muito com as pessoas quando tem desequilíbrio é porque não conhecem o Deus a que serve. A pessoa acredita que Deus abriu o mar vermelho, mas não tem fé para acreditar que Deus dará a providência, num débito de 500 reais ou no alimento que será posto à mesa. E muitas vezes, acredita que Deus tirou José da prisão e o elevou a uma alta posição, mas não crê que Deus o possa livrar da situação em que está vivendo.

Devemos ser amigos de Deus. Ter uma amizade profunda, conversar com Ele, falar e ouvir. Conheceremos Deus: orando (conversando com Deus), lendo a Bíblia e meditando na sua Palavra de dia e de noite. Quanto mais O buscarmos, mais conhecimento teremos dEle, e estaremos caminhando para o propósito que Ele tem estabelecido para nós: a estatura de varão perfeito, que se dará na glorificação de nosso corpo e alma. Nessa busca a Deus, encontraremos áreas que precisarão de mudança, de equilíbrio, e precisaremos renunciar, precisaremos de ajuda do Espírito Santo para mudar. Essa renuncia nos fará negarmos a nós mesmos, para seguirmos o padrão de Cristo; nos fará morrer para o Eu, para que Cristo viva em nós, dia-após-dia, renunciando o pecado, renunciando as atitudes erradas e escolhendo ter uma postura correta diante de Deus. Quando momentos que nos incitem a sermos desequilibrados vierem, nós manteremos a quietude, pois sabemos o Deus a quem servimos e nada nos abalará.

--------

Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembleia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.

Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.

Revista Ensinador Cristão – nº 55 – CPAD.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal.

Filipenses – A alegria triunfante no meio das provas – Rev. Hernandes Dias Lopes.