domingo, 24 de novembro de 2013

Aula 09 – O TEMPO PARA TODAS AS COISAS


4º Trimestre/2013




 
Texto Básico: Eclesiastes 3:1-8

 
“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do Céu” (Ec 3:1)

 



INTRODUÇÃO

A partir desta Aula estudaremos Lições para a nossa edificação espiritual e moral com base no Livro de Eclesiastes. O termo “Eclesiastes” vem da Septuaginta (versão grega do Antigo Testamento), derivado de ekklesia, traduzido no Novo Testamento por “igreja”, “assembleia”.

O Livro de Eclesiastes foi incluído na Bíblia, pela inspiração do Espírito Santo, para mostrar que a busca da felicidade é vã, enquanto o homem estiver separado de Deus. Salomão foi colocado, como prova desta verdade bíblica - ele tinha tudo, do ponto de vista material, para ser o homem mais feliz da terra - porém, através do Livro de Eclesiastes ficamos sabendo que ele era, na verdade, o mais miserável e infeliz dentre os homens, de seu tempo. Sem Deus, nada, absolutamente nada, poderá preencher o vazio existente no coração do homem. A mensagem de Eclesiastes não é para que ignoremos a vida, mas que busquemos estratégias para viver melhor.

I. ECLESIASTES, O LIVRO E A MENSAGEM

1. Datação do livro. Alguns eruditos modernos têm argumentado que o gênero filosófico do livro e suas muitas palavras distintas apontam para uma data pós-exílica. Entretanto, os argumentos linguísticos têm sido todos satisfatoriamente respondidos por eruditos conservadores, e uma data preexílica é totalmente justificada. É provável que o livro tenha sido composto próximo ao final do reinado de Salomão, talvez em sua última década (940-930 a.C.).(1)

2. Conhecendo o Pregador.Palavras do pregador, filho de Davi, rei de Jerusalém” (1:1). Há um consenso de que Salomão foi o autor deste Livro. Eclesiastes seria o Livro das experiências de Salomão. Estas experiências teriam sido vividas no tempo em que Salomão esteve fora dos caminhos do Senhor. Salomão tinha começado bem - “E Salomão, filho de Davi, se esforçou no seu reino, e o Senhor seu Deus era com ele, e o magnificou grandemente (2Cr 1:1). Porém, ele não deu ouvido à Palavra de Deus, que ao estabelecer mandamentos para os reis, em relação às mulheres, determinara - “Tão pouco para si multiplicará mulheres, para que o seu coração se não desvie...” (Dt 17:17). Mas, Salomão multiplicou - “E tinha setecentas mulheres, princesas, e trezentas concubinas... e suas mulheres lhe perverteram o seu coração... e o seu coração não era perfeito para com o Senhor seu Deus” (1Reis 11:1-13). Influenciado pelas suas mulheres, Salomão entregou-se, também, à idolatria - “um abismo chama outro abismo...” (Salmo 42: 7) - “Pelo que o Senhor se indignou contra Salomão, porquanto desviara o seu coração do Senhor Deus de Israel...” (1Reis 11: 9). Não se sabe por quanto tempo Salomão esteve “desviado”, porém, acredita-se ter voltado para o Senhor, já no final de sua vida, quando então teria escrito o Livro de Eclesiastes, relatando suas experiências. Após relatar suas desastrosas experiências vividas longe de Deus, Salomão conclui: “De tudo o que se tem ouvido, o fim é: teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque este é o dever de todo o homem” (Ec 12:13).

Nem mesmo a enorme sabedoria que era peculiar a Salomão o livrou da insensatez, quando desprezou o bom senso em benefício da satisfação própria (1Rs 11:1-12; Dt 17:14-20). Depois de muito tropeçar, caiu em si e se empenhou em mostrar aos seus contemporâneos, e a nós, que a vida não tem nada a oferecer de permanente e bom a não ser que façamos de Deus o propósito dela.

Salomão nos mostra que a busca da realização mediante o esforço próprio gera mais desilusão do que satisfação. Cedo ou tarde percebe-se que tudo não passa de total futilidade ou “vaidade de vaidades”. A palavra “vaidade” tem como significado básico “fôlego” ou “vapor”. Denota “ausência de substância”. É o mesmo termo usado por Jó para dizer que “a vida é como um sopro” (Jó 7:7-9). Assim, se o prazer da vida está naquilo que se realiza, que se vê ou que se experimenta, a nossa existência perde o sentido, pois tudo é passageiro e logo se evapora.

II. DISCERNINDO OS TEMPOS

1. A transitoriedade da vida.Uma geração vai, e outra geração vem; mas a terra para sempre permanece” (Ec 1:4). O livro de Eclesiastes é lido na Festa dos Tabernáculos, precisamente porque nos fala da transitoriedade da vida humana, que é um dos aspectos ressaltados nesta festa, que lembra aos israelitas que eles foram peregrinos na terra do Egito e, num sentido mais profundo, que são peregrinos neste mundo.

Tiago foi enfático com relação a esse tema: “Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco e depois se desvanece” (Tg 4:14). Sendo a vida tão curta, “que vantagem tem o homem de todo o seu trabalho, que ele faz debaixo do sol?” (Ec 1:3). Este era o dilema que Salomão procurava responder. O ser humano se desgasta como um moinho que gira continuamente e não chega a lugar nenhum. Se perguntar às pessoas por que trabalham tanto, provavelmente responderão: “para ganhar dinheiro, é claro!”. Mas ganhar dinheiro para quê? Para comprar alimentos. E por que comer? Para ter forças. E ter forças para quê? “Para trabalhar e ganhar dinheiro”. E assim o círculo se fecha infinitamente. O homem vive em desespero silencioso.

Ao ver uma mulher chorar em um ponto de ônibus, um cristão perguntou se poderia ajudar, e ela respondeu: “estou tão cansada e enfastiada. Meu marido trabalha muito, mas não ganha tanto quanto eu gostaria. Por isso, arranjei um emprego para mim. Levanto cedo todo dia, preparo o café da manhã para as crianças e depois pego o ônibus para o trabalho. Mais tarde, volto para casa cansada, durmo algumas horas e recomeço tudo outra vez no dia seguinte. Estou cheia dessa rotina interminável”.

Jesus promete vida abundante e permanente. Disse Jesus: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (João 10:10). Em que consiste essa abundância? Muitos cristãos interpretam como sendo 'qualidade de vida' econômica e social. Porém, esquecem que o reino de Deus não é comida nem bebida - “Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” (Rm 14:17). Se a “vida abundante” refere-se às questões de ordem econômica e social, jamais Cristo alertaria para que os seus ouvintes não se inquietassem pelo dia de amanha - "Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos?" (Mt 6:31) -, pois a vida do ser humano não consiste nas riquezas - "E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui" (Lc 12:15).

Por certo, essa “vida abundante” que Jesus promete não se refere às condições existenciais do homem, pois todos têm uma expectativa de viver até os setenta anos, sendo que o que disso passar é canseira e enfado. Além disto, o homem comerá do suor do seu rosto, o que implica em enfado e cansaço - "Os dias da nossa vida chegam a setenta anos, e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, o orgulho deles é canseira e enfado, pois cedo se corta e vamos voando" (Sl 90:10).

Certamente, a “vida abundante” que Jesus prometeu refere-se ao que o reino de Deus proporciona: “justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Rm 14:17), pois em tudo os cristãos foram enriquecidos: “... em toda a palavra e em todo o conhecimento” (1Co 1:5); “Para que os seus corações sejam consolados, e estejam unidos em amor, e enriquecidos da plenitude da inteligência, para conhecimento do mistério de Deus e Pai, e de Cristo” (Cl 2:2). O apóstolo Paulo enfatiza que os cristãos são abençoados com todas as bênçãos espirituais - “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo” (Ef 1:3). E o salmista diz que nada tem falta os que O temem - "Temei ao SENHOR, vós, os seus santos, pois nada falta aos que o temem" (Sl 34:9).

Com absoluta certeza, a “vida abundante” que Jesus prometeu é a vida eterna, ela sim é abundante – “E esta é a promessa que ele nos fez: a vida eterna”(1João 2:25).

2. A eternidade de Deus.Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até o fim” (Ec 3:11). Deus pôs a eternidade na mente do ser humano. Embora vivam em um universo preso ao tempo, as pessoas têm intuições a respeito da eternidade. Quando pensamos em eternidade, institivamente entendemos como algo que dura para sempre e, conquanto não possamos entender completamente esse conceito, percebemos que, além desta vida, existe a possibilidade de viver sem se preocupar com a passagem do tempo.

O conceito de eternidade é necessário para dar significado ao sentido da vida. Por quê? Porque o Deus que nos criou é conhecido como “O Eterno”. E qualquer princípio de doutrina cristã que negligencie a ideia de eternidade descaracteriza a essência do que expõe.

Somos obrigados a acreditar que Deus não nos criou para sermos joguetes num mundo passageiro. Não somos existencialistas. A vida não termina com a morte. O fim da circulação sanguínea e a ausência total de respiração não decretam o fim de tudo. A eternidade de Deus nos convence de que a fé em Jesus Cristo, que é o Pai da Eternidade (Is 9:6), é uma realidade que não podemos ignorar. A vida eterna, que é uma qualidade e não somente uma quantidade de vida, foi o que Jesus mais prometeu durante Seu ministério terreno. Crer em Jesus significa ter a vida eterna (João 3:36; 17:3).

III. O TEMPO E AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS

1. Na família. Na vida fugaz, Salomão tem uma palavra para as relações interpessoais no convívio familiar: “Vai, pois, come com alegria o teu pão e bebe com bom coração o teu vinho, pois já Deus se agrada das tuas obras. Em todo tempo sejam alvas as tuas vestes, e nunca falte o óleo sobre a tua cabeça. Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias de vida da tua vaidade; os quais Deus te deu debaixo do sol, todos os dias da tua vaidade; porque esta é a tua porção nesta vida e do teu trabalho que tu fizeste debaixo do sol” (Ec 9:7-9). Aqui, Salomão recomendou que todos desfrutem a vida como um dom de Deus. Ele pode ter criticado os que buscam acumular riquezas, principalmente aqueles que se embaraçam em competição insana. É como se Salomão perguntasse: “Afinal, qual é a sua verdadeira riqueza?”. Pelo fato de o futuro ser tão incerto, devemos desfrutar as dádivas de Deus enquanto podemos! Tanto quanto possível, as alegrias do relacionamento familiar devem ser aproveitadas em sua plenitude. Se a vida é vazia de significado, o melhor é tirar o máximo proveito. Logo, desfrute cada dia, pois isso é tudo o que receberá como recompensa por seu trabalho e por suas fadigas.

2. No trabalho.  Trabalho não é maldição, mesmo que tenha se tornado mais penoso devido à queda (Gn 3:17-19). Antes do pecado, Deus já havia abençoado o homem com um ofício digno (Gn 2:15). E, já que Deus ordenou que labutássemos seis dias e O adorássemos no sétimo, podemos concluir que o ato de trabalhar se harmoniza com o ato de adorar (Ex 20:9,10). Por outro lado, é bom lembrarmos que o homem nada poderá levar do seu trabalho após a morte – “Como saiu do ventre de sua mãe, assim nu voltará, indo-se como veio; e nada tomará do seu trabalho, que possa levar na sua mão” (Ec 5:15).

IV. ADMINISTRANDO BEM O TEMPO

1. Evitando a falsa sabedoria e o hedonismo. Salomão buscou resposta para seu dilema por meio da razão e do conhecimento. Dedicou-se aos estudos, ao conhecimento intelectual (Ec 12:12). Estudou biologia e botânica, e escreveu cerca de três mil provérbios (1Rs 4:29-34). Depois de tanto estudar, descobriu que todos os conhecimentos não bastam, quando não há temor e obediência a Deus (Ec 12:13). Quanto mais sabemos, mais nos conscientizamos da continuidade de nossos erros; quanto mais se sabe, mais se sofre (Ec 1:17,18).

Outro fator que se deve considerar é que a busca por prazer, por si só, configura uma prática hedonista e contrária a Deus (Ec 2:1-3). Salomão tinha a seu dispor tudo o que alguém possa desejar e imaginar como garantia de felicidade e sucesso. Será verdade que os fins justificam os meios? Foi por pensar assim que o mais sábio caiu na maior estultícia (Ec 2:3,8; cf. 1Rs 11:1-8).

- Salomão entendeu que a melhor coisa que existe é festejar. Investiu boa parte do tempo e patrimônio correndo atrás de prazeres carnais, até descobrir quão passageiro são e quanta ilusão e insatisfação trazem ao coração.

- Abusando ainda de sua autoridade, Salomão conquistou muitas mulheres, casou-se 700 vezes e teve 300 amantes (1Rs 11:1-8). Toda essa ostentação e hedonismo, além de não lhe trazerem o prazer desejado, ainda o conduziram aos caminhos da tolice, deteriorando seu relacionamento com Deus.

- “Vaidade de vaidades! Diz o pregador, vaidades de vaidade! É tudo vaidade” (Ec 1:2). Esta foi uma das conclusões de Salomão: que uma vida baseada em coisas terrenas, na busca de prazeres passageiros, será uma vida vazia, infeliz. Ele tinha tudo o que um homem natural gostaria de ter: era jovem, era rico, era rei. Porém, quando lhe faltou a presença de Deus, então ele sentiu um imenso vazio no seu coração. Procurou preencher esse vazio com “as coisas terrenas” e experimentou uma profunda frustração, por isso declarou: “tudo é vaidade”.

Não há pecado em querer se divertir, pois necessitamos tanto do prazer, da diversão e do riso, quanto do conhecimento, mas tanto um como o outro devem ser dirigidos pelos limites da Palavra de Deus.

2. Evitando a falsa prosperidade e o ativismo. Em Eclesiastes 2:4-11, Salomão descontrói a ilusão daqueles que buscam, nos bens materiais, a razão fundamental para a vida. Disse ele:

4. Fiz para mim obras magníficas; edifiquei para mim casas; plantei para mim vinhas.

5. Fiz para mim hortas e jardins e plantei neles árvores de toda espécie de fruto.

6. Fiz para mim tanques de águas, para regar com eles o bosque em que reverdeciam as árvores.

7. Adquiri servos e servas e tive servos nascidos em casa; também tive grande possessão de vacas e ovelhas, mais do que todos os que houve antes de mim, em Jerusalém.

8. Amontoei também para mim prata, e ouro, e joias de reis e das províncias; provi-me de cantores, e de cantoras, e das delícias dos filhos dos homens, e de instrumentos de música de toda sorte.

9. E engrandeci-me e aumentei mais do que todos os que houve antes de mim, em Jerusalém; perseverou também comigo a minha sabedoria.

10. E tudo quanto desejaram os meus olhos não lhos neguei, nem privei o meu coração de alegria alguma; mas o meu coração se alegrou por todo o meu trabalho, e esta foi a minha porção de todo o meu trabalho.

11. E olhei eu para todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também para o trabalho que eu, trabalhando, tinha feito; e eis que tudo era vaidade e aflição de espírito e que proveito nenhum havia debaixo do sol.

A falsa prosperidade leva o homem a correr desenfreadamente para acumular riquezas, alcançar elevadas posições na sociedade e obter notoriedade e fama. Muitos, quando não estão debruçados nos estudos nem entregues aos prazeres, quase sempre estão mergulhados no trabalho, empenhando-se para alcançar o sucesso. Salomão, também, agiu dessa maneira. Por isso, pensou: “Quem sabe se eu me dedicar mais ao trabalho, encontrarei razão para viver!”.

Salomão (2):

- Dedicou-se a construir mansões, palácios, pomares, açudes... e até mesmo um luxuoso Templo dedicado ao Senhor, mas seu coração continuou vazio.

- Pensou que criar emprego traria sentido à sua existência, tornando-se um grande empresário. Chegou a administrar cento e cinquenta e três mil e seiscentos trabalhadores (2Cr 2:1,2), mas ainda assim parecia estar correndo atrás do vento.

- Achou que o acúmulo de riquezas lhe traria felicidade, entesourando prata, ouro, objetos de arte, imóveis e tudo mais que o dinheiro e o poder podem comprar, mas sua alma continuou insatisfeita.

Depois de muito trabalhar, chegou à conclusão de que todo aquele empreendedorismo e acúmulo de riquezas eram destituídos de sentido e de valor permanente. Disse ele: “E olhei eu para todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também para o trabalho que eu, trabalhando, tinha feito; e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento, e que proveito nenhum havia debaixo do sol” (Ec 2:11).

Quais caminhos você tem percorrido? Porventura tens corrido atrás do vento? Como Salomão, entenda que todo esforço só faz sentido quando Deus está participando do processo. Pense nisso!

CONCLUSÃO

As pessoas verdadeiramente sábias sabem que todo o seu “tempo” está nas mãos de Deus (Sl 31:15) e que há um tempo apropriado para cada atividade humana. A vida só faz sentido quando Deus faz parte dela (Ec 2:24,25). Toda luta e todo esforço valem a pena quando colocamos Deus em primeiro lugar. Todavia, somos cônscios de que a vida é muito curta. Por isso, “devemos saber usar bem o nosso tempo, seja buscando o conhecimento, seja desfrutando da companhia de nossos familiares e, principalmente, servindo ao Senhor”.

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembleia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento).

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.

Revista Ensinador Cristão – nº 56 – CPAD.

Comentário Bíblico Beacon – v.3. CPAD.

Sábios Conselhos para um viver Vitorioso – José Gonçalves. CPAD. 2013.

(1) Lowrence O. Richards - Guia do Leitor da Bíblia. CPAD

(2) Pr. Agnaldo Faissal J. Carvalho – A Vida sem Deus não faz sentido.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Aula 08 – HOMEM, MORDOMO DE DEUS


REVISTA: EDUCAÇÃO CRISTÃ CONTINUADA


 


Texto Básico: Mateus 25:14-30


“E o seu senhor lhe disse: Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor”.

 

INTRODUÇÃO

A Bíblia mostra as orientações para que o homem desempenhe o seu papel de mordomo daquilo que pertence a Deus. Compete ao homem administrar com eficiência os bens confiados, sob o peso medidor da Palavra de Deus, pois é ela que faz do homem o mordomo de Deus neste mundo.

Esta Aula tem como texto básico a Parábola dos Talentos, exarada em Mateus 25:14-30. Esta é uma das mais ricas ilustrações a respeito do sentido da mordomia do homem em relação a Deus. Nela, Jesus mostra-nos, com clareza meridiana, o papel e o lugar do homem no seu relacionamento com Deus.

A parábola dos talentos é mencionada apenas por Mateus e incluída no sermão escatológico de Jesus. Ela encontra-se inserida nos ensinos de Jesus a respeito da sua vinda, tendo o objetivo de mostrar aos seus discípulos a necessidade da fidelidade e da diligência na obra de Deus como aspectos da vigilância exigida para o seu retorno. Ela foi proferida alguns dias depois da chegada de Jesus em Jerusalém. Foi a última que ele proferiu, talvez no dia em que foi preso, à noite.

O Senhor Jesus não proferiu esta Parábola com o objetivo de ensinar sobre a Salvação, mas, sobre a fidelidade dos salvos na administração dos Talentos, ou dos Dons recebidos.

O objetivo de uma Parábola é ilustrar uma doutrina, e nunca ser a sua base de sustentação. Assim, entendemos que, nesta Parábola, não deve ser discutido o problema da salvação, mas sim, da fidelidade do homem na execução dos serviços referentes ao Reino de Deus.

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES


Na parábola dos talentos, Jesus conta a história de um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos e entregou-lhes os seus bens. Para um servo deu cinco talentos, a outro, dois e ao terceiro, um.

Tendo partido, os dois primeiros servos negociaram os talentos recebidos e ambos obtiveram a duplicação dos talentos, enquanto que o terceiro servo enterrou o talento recebido.

Quando o senhor voltou, os servos tiveram de prestar contas. Os dois servos foram tidos por servos bons e fiéis e admitidos no gozo de seu senhor. Já o servo que nada granjeou, ao devolver o talento que havia recebido, com justificativas, foi tido por mau e negligente servo, tendo, então, sido tomado o seu talento e dado ao que recebera cinco talentos e granjeara outros cinco, tendo o servo mau sido lançado nas trevas exteriores, onde há pranto e ranger de dentes.

O primeiro elemento da parábola é o homem que chama os seus servos e lhes distribui talentos antes de partir para fora da terra -“Porque isto é também como um homem que, partindo para fora da terra...”(Mt 25:14).

Certamente que, num rápido olhar sobre esta Parábola  há que se perceber que sua figura central, ou que o seu personagem mais importante é esse homem que iria partir como de fato partiu, “para fora da terra”. Portanto, identificá-lo, e conhecê-lo, deve ser nossa primeira preocupação.

Damos graças a Deus porque conhecemos esse homem. Ele é o mesmo que na Parábola do Semeador é “...o Semeador que saiu a semear”(Mt 13:3), e “...que andava de cidade em cidade e aldeia em aldeia, pregando a anunciando o evangelho do Reino de Deus; e os doze iam com ele”(Lc 8:1).Este homem é o mesmo que na Parábola do Trigo e do Joio é o dono do campo, no qual ele “semeia a boa semente...”(Mt 13:24).Este homem é o mesmo que na Parábola do Grão de Mostarda semeou, também o grão de mostarda – “...O Reino dos Céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem, pegando dele, semeou no seu campo”(Mt 13:31). Este homem após passar aqui na terra um período de 33 anos, agora se prepara para sua viagem de volta à casa de seu Pai. Porém, antes de partir, como bom Senhor, ele não deixou seus servos ociosos e nem desamparados. Antes “...chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens”, conforme veremos nesta Lição.

O Senhor chamou os seus servos.


Trata-se uma escolha do dono, não uma demonstração de aptidão, capacidade, poder ou qualidade dos servos. Deus chama o homem e lhe confia alguns de seus bens. O homem não é alguém que possa reivindicar direitos diante de Deus, como insistem muitos falsos pregadores e ensinadores nos nossos dias. É a misericórdia do Senhor a causa de não termos sido consumidos (Lm 3:22), pois o que mais de sublime existir no homem, é menos do que nada diante de Deus (Is 40:17).

Este homem tem servos, ou seja, ele é Senhor.


Isto nos mostra bem que a nossa condição diante de Cristo, mesmo após a salvação, é uma condição de servos, de mordomos. Isto é deveras importante afirmar num instante em que muitos são os que pregam um evangelho diferente, que reduz o Senhor Jesus à inadmissível condição de empregado qualificado, pronto e obrigado a atender a todos os caprichos dos crentes, em nome de uma “confissão positiva” inexistente. Só Deus é o dono, portanto só a sua vontade deve prevalecer, não a dos servos. É por não compreenderem esta realidade bíblica, tão importante que constou das " últimas instruções"  do Senhor, que muitos têm se deixado envolver por ventos de doutrina sem respaldo bíblico, como são a doutrina da confissão positiva e a teologia da prosperidade.

Este homem partiu para fora da terra.


Isto nos indica que haveria uma ausência física do dono dos bens e que os servos deveriam cuidar para que o que, normalmente, o dono do patrimônio fazia quando estava fisicamente presente, passasse a ser efetuado pelos servos, por conta e em nome do dono.

A vida dos servos, então, durante este período de ausência física do dono, deveria fazer o que o dono estava acostumado a fazer, tomar providências para tomar conta do bem-estar do patrimônio do proprietário, até que ele voltasse. É precisamente o que significa a vida do crente enquanto estamos aqui nesta Terra. Nosso trabalho é realizar as obras do dono que se ausentou fisicamente.

Desde o momento em que Jesus foi ocultado da visão física dos discípulos (At.1:9), os seus servos não podem ficar inertes, paralíticos ou perplexos, mas devem fazer o que Ele fazia até a sua volta (At 1:11-14; 20:24). Este período de ausência física do dono é o período da dispensação da graça (Ef 3:2,9-11), o período em que cabe à Igreja fazer aquilo que Jesus fazia, ter as mesmas atitudes que Jesus tinha enquanto esteve entre nós, de anunciar a salvação como Jesus anunciou, a tal ponto que a Igreja é chamada de "corpo de Cristo" (1Co 12:27), já que realiza aqui a mesma obra que Cristo, através de seu corpo físico, realizou durante o seu ministério terreno. Vemos, portanto, que a parábola é, inicialmente, dirigida para a Igreja, para nós, já que a Igreja somos nós.

Quem eram os Servos.


“... chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens”. Certamente que estes servos não eram os anjos, embora eles também sejam servos – “Então, o diabo o deixou; e, eis que chegaram os anjos e o serviram”(Mt 4:11). “Não são, porventura, todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?”(Hb 1:14). “E eu lancei-me a seus pés para o adorar, mas, ele disse-me: olha, não faças tal; sou teu conservo e de teus irmãos...”(Ap 19:10). Também, estes servos não se referem aos homens que estão “lá fora”, os quais, pela Bíblia, são servos do pecado e, por conseguinte, são servos de Satanás – “Respondeu-lhes Jesus: em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado”(João 8:34). Aqui, nesta Parábola, o dono dos talentos chamou “os seus servos”. Não se tratava de pessoas estranhas, desconhecidas, mas, os que viviam na sua casa.

Os servos, portanto, somos nós.


Ser crente significa ser servo, e isto não implica em algo depreciativo, mas, honroso, considerando que somos servos daquele que a Bíblia denomina de “... Rei dos Reis e Senhor dos senhores”(Ap 19:16).

Os maiores homens de Deus, na Bíblia, são chamados de servos.

Abraão foi chamado de servo pelo Senhor, quando falava sobre ele, com Isaque – “...e multiplicarei a tua semente por amor de Abraão, meu servo”(Gn 26:24).

Moisés foi chamado de servo – “...pois, ele vê a semelhança do Senhor; por que, pois, não tivestes temor de falar contra meu servo Moisés?”(Nm 12:8).

Davi foi chamado de servo – “Porque eu ampararei a esta cidade, para a livrar, por amor de mim e por amor do meu servo Davi”(2Cr 19:34).

O Apóstolo João, conhecido como o apóstolo do amor, foi chamado de servo – “Revelação de Jesus Cristo... e pelo seu anjo as enviou e as notificou a João, seu servo”(Ap 1:1).

Paulo, o grande Apóstolo dos gentios, ele mesmo se auto-intitulou como sendo servo – “Paulo, servo de Deus e Apóstolo de Jesus Cristo...”(Tito 1:1). 

Vê-se, pois, que para todos os grandes homens de Deus, Profetas, Reis, Apóstolos, ser chamado de servo de Deus era considerado uma benção, um privilégio especial. Nós, pela grande misericórdia de Deus, também alcançamos este privilégio de podermos dizer como disse Paulo, de podermos afirmar que somos servos de Deus. Estamos entre aqueles aos quais o Senhor antes de partir “para fora da terra chamou os servos, e entregou-lhes os seus bens”.

Ser servo de Deus é algo de que devemos nos gloriar. Humilhante, pejorativo, depreciativo, desonroso, vergonhoso, é ser servo do pecado, ser servo de Satanás. Ser servo do Rei dos Reis e do Senhor dos Senhores, ser servo daquele que disse: “... toda a terra é minha”; “minha é a prata, e meu é o ouro”; daquele do qual a sua Palavra diz, que “Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam”; daquele que nos amou “...e se entregou a si mesmo por nós”(Gl 2:20), é uma coisa que deve nos encher de júbilo.

Agora, ser servo de Satanás é realmente, humilhante, pois é um inimigo vencido; um pobre miserável “sem terra e sem nada”, porque todas as coisas pertencem a Deus por direito de criação, porque só ele é o Criador; um espírito mau cujo desejo é só roubar, matar, destruir(João 10:10); que foi jogado nos ares, que dos ares será jogado na terra, que da terra será lançado no “lago de fogo e enxofre”, conforme está escrito: “E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre”(Ap 20:10); Pior ainda é saber que os seus servos estarão com ele eternamente naquele “lago de fogo e enxofre”, conforme o próprio Jesus lhes dirá: “...Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos”(Mt 25:41).

I. DISTRIBUIÇÃO DOS TALENTOS(Mt 25:14,15)

1. O que era talento? O homem confiou a seus servos coisas valiosas, boas, importantes e que têm condição de se tornar em coisas ainda mais valiosas. Na parábola, é dito que o dono deu a um servo dez talentos, a outro, cinco e a outro, um. O talento era a medida máxima de peso dos sistemas de medida da Antigüidade. A palavra “talento"  significa, em latim, "coisa estimada pelo peso" e seu correspondente em hebraico, significa "círculo, globo, soma total". O talento corresponderia a aproximadamente 35 kg de prata ou ouro.

Na época de Jesus, um Talento podia pagar seis mil dias de trabalho, de um homem numa vinha. Podemos ver isto seguindo o seguinte raciocínio: 01 Talento valia 60 minas; 01 mina valia 100 drácmas; 01 drácma era igual a 01 denário, ou 01 dinheiro. Temos uma informação Bíblica de que um trabalhador numa vinha era ajustado por um denário, ou um dinheiro, por dia, conforme Mateus 20:2. Assim, 01 Talento pagava seis mil dias de trabalho, ou seja, mais de 16 anos e cerca de quase 200 meses.

2. Os significados dos talentos na Parábola. No sentido Literal, como vimos no item 01 deste tópico, era uma medida de peso usada, principalmente, entre os Gregos e os Romanos. Ao fazer uso do Talento, que era um valor monetário, mas, não era uma moeda comum, o que ele queria que o povo soubesse é que o Reino de Deus não é como um reino comum, porque as coisas mínimas nele existentes, são na verdade, coisas de altíssimo valor.

No sentido Figurado - Talento, no seu sentido figurado, veio a significar um Dom, ou aptidão, inteligência, capacidade, ou habilidade inata ou adquirida. Assim, em sentido figurado, biblicamente, temos dois tipos de Talentos, ou Dons: Talentos Naturais; Talentos espirituais.

a) Talentos Naturais. Os talentos, ou dons naturais, são concedidos aos homens, por Deus, através daquilo que, teologicamente, conhecemos como sendo sua graça comum, ou seja, a sua capacidade de abençoar, e beneficiar a todos os homens, pois, Deus é a fonte do bem.

Segundo declarou o Salmista, o Senhor Deus dá “... dons para os homens e até para os rebeldes...”(Salmo 68:18). Além de dar Dons Naturais a todos os homens, Deus não exige que esses Dons sejam usados em beneficio de seu Reino. A inteligência é um desses Dons Naturais. No entanto, quantas inteligências estiveram, e estão a serviço de Satanás, o inimigo de Deus! Quantas lindas e afinadas vozes, também um Dom Natural concedido por Deus, estão cantando “louvores” ao mundo, também inimigo de Deus! Quantos eloquentes oradores, também um Dom Natural concedido por Deus, estão pregando heresias que afrontam a Palavra de Deus!

b) Talentos Espirituais. Estes são dados aos seus servos, conforme destacou o Senhor Jesus nesta Parábola – “...chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens”. Estes Talentos, ou Dons, são concedidos, por Deus, aos seus servos, através de sua graça especial. Ao contrário do que acontece em relação aos Talentos Naturais, onde o homem é livre para usá-los até mesmo contra o Reino de Deus, aqui, em relação aos Talentos Espirituais, estes são concedidos aos servos. Servo, como se sabe, não tem vontade própria. A vontade de um servo obediente é a vontade do seu senhor. Por isto Paulo advertiu aos efésios, dizendo: “Pelo que não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor”(Ef 5:17). Em sendo assim, e assim é, os Talentos Espirituais, sendo concedidos de forma exclusiva aos servos, devem ser usados, apenas, e tão somente, para atender os interesses do Reino de Deus. O termo correto é devem, e não, podem, porque, como veremos, o servo que recebeu um talento não fez uso dele, e foi punido! Lembre-se do que disse o apóstolo Paulo – “De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada: se é profecia, seja ela segundo a medida da fé; se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino; ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria”(Rm 12:6-8).

3. Talentos repartidos entre os servos(Mt 25:15).  Observe que o homem da Parábola é  um homem sábio, pois antes de entregar “os seus bens”, procurou conhecer os seus servos e determinou a capacidade de cada um.

Para este conhecimento ele não necessitou de informações de terceiros; não mandou “grampear” o telefone de ninguém; não espalhou “espiões”, ou agentes secretos no meio do povo; não incentivou e não apoiou o dedurismo. Ele era um homem sábio! Sobre “este homem”, declarou Davi: “...tu me sondas, e me conheces. Tu conheces o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento”(Salmos 139:1-2). Acreditamos poder afirmar que Deus quer intercessores, não “informantes”. Ele sabe e conhece tudo sobre cada um dos seus servos, por isto pode dar “... a cada um segundo a sua capacidade...”.

Este homem da Parábola é capaz de confiar nos seus servos  - “... chamou os seus servos, entregou-lhes os seus bens... e ausentou-se logo para longe”. Para agir desta maneira é preciso ter confiança. Ele confiava e continua confiando nos seus servos. Não se diz que ele chamou os parentes, ou mesmo os amigos mais chegados, mas que “chamou os seus servos”.

Consideremos ainda que ele entregou bens de grande valor; não exigiu qualquer garantia; não determinou como deveriam aplicar “os seus bens”; não contratou “fiscais” para vigiar os passos dos seus servos e estarem atentos para que não houvesse má administração de seus talentos; não fez qualquer tipo de ameaça; ao partir não marcou a data de seu retorno.

Para fazer o que ele fez era preciso confiar. E ele confiou! Com esse procedimento ímpar Ele estabeleceu aos seus servos, como forma de servi-lo, o principio da responsabilidade pessoal. Ele concedeu-lhes plena liberdade de ação. Ele quer ser servido com temor, nunca por medo; com alegria, e não com tristeza; de forma voluntária, nunca como que por obrigação.

Ele ama seus servos e quer ser amado por eles. É assim que ele quer ser servido. Todos nós conhecemos este Homem - seu nome é Jesus. Com efeito, “este homem” tratava seus servos de uma forma diferente de todos os demais senhores. Certa feita ele disse aos seus servos : “Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor, mas tenho-vos chamado amigos”(João 15:15). Tinha razão o Salmista, quando disse: “Servi ao Senhor com alegria...” (Salmos 100:2).

II. O TRABALHO DOS SERVOS(Mt 25:15-18)

Na Parábola que estamos analisando esta bem claro que não houve doação. Os bens continuaram sendo do dono da casa, ou seja, do homem que partiu “para fora da terra”, o qual “... muito tempo depois, veio o Senhor daqueles servos, e ajustou contas com eles”.

Perceba que “muito tempo depois”, quando ele retornou, ele continuava sendo o Senhor e continuava sendo o dono dos bens “entregues” aos seus servos.

Também os servos tinham consciência de que não eram donos daqueles bens. Servo não pode considerar nada como sendo seu. Tudo que estiver em seu poder é propriedade de seu Senhor, até mesmo seus filhos, ou melhor, até ele próprio.

Pelo exposto na Parábola, os servos entenderam que os Talentos recebidos eram bens do seu Senhor. Como servos fiéis que eram, procuraram trabalhar da melhor maneira, possível. É assim que fazem os servos fiéis, ainda hoje.

Quanto ao servo negligente, ou o “mau servo”, também tinha consciência de que aquele Talento não era seu, e que, no futuro, teria que prestar contas ao seu Senhor. Por isto “... cavou na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor”.

Nenhum deles entendeu que tinha recebido um prêmio pelos serviços prestados, ou um presente pessoal. Sabiam ter recebido os Talentos para trabalharem com eles; sabiam ter em mãos um instrumento de trabalho que lhes fora entregue por seu senhor.

1. O que recebeu cinco talentos (vv. 16,19-21). Este foi o que recebeu mais talentos, dentre os três. Nota-se que era o mais capacitado, tanto que logo após a saída do seu senhor, foi imediatamente aplicar o talento que recebera, sabendo que o tempo é curto e não sabia quando o seu senhor voltaria. O seu esforço foi 100% recompensador, pois produziu mais 05(cinco) talentos(Mt 25:16,20). Isto significa que o verdadeiro cristão esmera-se em aplicar os seus talentos, procurando produzir o máximo que puder para o Senhor Jesus, sabendo que o seu galardão é certo(1 Co 15:10).

2. O que recebeu dois talentos (vv.17,22,23). Este servo recebeu com bom grado os dois talentos, e não demonstrou nenhuma inveja ou ciúmes do que recebera cinco, pois sabia de sua capacidade de produção.

O Senhor sabe perfeitamente quantos talentos ou Dons podemos administrar. Ele conhece a estrutura de cada indivíduo (Sl 103:14), pois Ele fez a cada um de nós e nos acompanhou desde a nossa geração (Sl 139:13-16). Sendo assim, tem condições plenas para dar os talentos segundo a capacidade de cada um, sem qualquer condição de errar, pois é o único que nos conhece perfeitamente.

Este servo não quis saber porque recebeu apenas dois talentos, pelo contrário, trabalhou com máxima dedicação e o incremento foi igual ao do primeiro servo, ou seja, 100%.

3. O que recebeu apenas um talento (vv.18,24,25). O servo negligente recebeu um talento apenas, mas não é por isso que fosse mau. Gozava da plena confiança do seu senhor, tanto quanto os outros dois, a ponto de também lhe ser confiado um talento.

A confiança do senhor era igual para todos os servos. O servo que recebeu um talento só tinha recebido um talento em virtude de sua capacidade, de sua aptidão. Portanto, em nada era diferente dos demais.

Isto é importante deixar bem claro: o senhor não fez acepção de pessoas, mas foi justo na distribuição. Entretanto, ao contrário dos outros dois servos, este, ao receber o talento, traiu a confiança do seu senhor, não negociando, o que, em primeiro lugar, representa desobediência ao mandado do senhor, pois, como já vimos, a ordem de negociar, embora não tenha sido explícita por Jesus na parábola dos talentos, deve ser inferida, na medida em que o senhor, na prestação de contas, chama o servo de infiel.

A infidelidade é consequência da desobediência. O senhor havia se ausentado, mas continuava sendo o senhor e o servo, mesmo tendo recebido o talento, continuava sendo servo e, portanto, lhe era necessário a obediência.

A manutenção de nossa comunhão com o Senhor, mesmo estando ele ausente, depende da obediência. Obedecer é se manter em posição de vigilância, é se credenciar para o reino dos céus.

III. A PRESTAÇÃO DE CONTAS (Mt 25:19)

A parábola dos talentos ensina que teremos de prestar contas quando o Senhor voltar. Sua volta é certa, demorará, conforme se depreende das parábolas, mas acontecerá de forma inevitável.

Quando o Senhor chegar, deveremos nos apresentar com os talentos que nos foram confiados, pois, como já dissemos há pouco, na eternidade apenas as nossas obras nos seguirão (Ap 14:13).

Estas obras serão manifestadas a todos e, no tribunal de Cristo, passarão pelo teste do fogo, pela prova divina e, então, o trabalho que cada um fez por meio do corpo se revelará de forma inapelável diante dAquele em que tudo está nu e patente (Hb 4:13).

Muito tempo depois, o senhor veio e fez contas com eles.

É interessante notar, em primeiro lugar, que Jesus fala em “muito tempo depois”. A parábola, portanto, indica que a dispensação da graça, o tempo destinado para os servos negociarem, seria extenso.

Tudo parecia indicar que nada aconteceria, que a desobediência ficaria impune e que o labor dos servos obedientes tinha sido em vão, um zelo dispensável e desnecessário. Mas, sem que alguém esperasse, chegou o dia do retorno do senhor e, com ele, a prestação de contas.

Mais uma vez, Jesus mostra, nas parábolas, que chegará o dia em que deveremos prestar contas pelos nossos atos.

Na parábola do joio e do trigo, do grão de mostarda e da rede, o Senhor, explicitamente, lembra os seus discípulos de que haverá um dia de juízo, um dia de prestação de contas.

O julgamento apresentado na parábola começa com os servos fiéis.

Os servos apresentaram as suas obras e, em tendo sido elas aprovadas, tiveram a oportunidade de serem reconhecidos pelo senhor e de serem convidados a entrar no seu gozo. Este julgamento mostra-nos a realidade do Tribunal de Cristo, o local destinado para os que pertenceram à Igreja sejam julgados pelas suas obras.

O Tribunal de Cristo é exclusivo para os servos bons e fiéis e terá lugar depois do arrebatamento da Igreja e antes da ceia das bodas do Cordeiro. Nele, os salvos serão julgados pelo que tiverem feito por meio do corpo, ou bem, ou mal (2Co 5:10). O Senhor, ali, verificará o que foi dado ao servo e o que ele granjeou com o que lhe foi dado.

A mensagem dada ao servo que recebeu cinco talentos é absolutamente idêntica ao que recebeu dois talentos, uma vez que o trabalho de ambos foi, também, igual. Ambos duplicaram os talentos que receberam, ambos exerceram a plenitude de sua capacidade na obra do Senhor, ambos tiveram dedicação integral, de sorte que ambos tiveram o mesmo galardão. Não foi, porém, pelas obras que cada um chegou ao gozo do Senhor, mas pela sua fidelidade e obediência.

O julgamento do servo mau não diz respeito ao Tribunal de Cristo.

Refere-se o Senhor, aqui, ao juízo final ou juízo do trono branco, já que os ímpios serão julgados nesta oportunidade, onde haverá, sim, condenação, ao contrário do Tribunal de Cristo, onde os que forem julgados jamais perderão a salvação, ainda que sejam salvos como que pelo fogo (1Co 3:15).

O servo mau surge com desculpas, num comportamento bem diferente daquele que foi apresentado pelos servos bons. Assim procede o homem no pecado: tenta sempre encontrar uma justificativa para o seu erro, mas a Bíblia diz que os pecadores são inescusáveis, ou seja, não têm quaisquer desculpa diante de Deus (Rm 1:20).

- Em primeiro lugar ele mentiu, pois alegou que conhecia o senhor. Se conhecesse, mesmo, o senhor, teria se empenhado em negociar os talentos. Quem o diz é o próprio senhor, na parábola, que afirma que, pelo menos, o servo mau deveria ter se preocupado em não causar a perda do poder aquisitivo do patrimônio que lhe fora confiado(Mt 25:26).

- Em segundo lugar, o servo negligente acusou o Senhor de “homem duro”, que ceifava onde não semeara e ajuntava onde não espalhara. Vemos aqui a segunda característica do pecador: ele sempre culpa Deus pela suas próprias faltas.

Quantos, nos nossos dias, não têm culpado Deus, negado até a existência de Deus, usando da vida que Deus lhe deu e que ele jamais conseguiria ter por conta própria, para fazê-lo?

Quantos não acusam Deus de ser impiedoso e cruel porque mandará pessoas para a perdição eterna, e, enquanto o fazem, pecam desmedidamente, escandalizam o evangelho, muitas vezes até, sob a paciência deste mesmo Deus injustamente acusado? 

- Em terceiro lugar, o servo negligente chama o Senhor de Ladrão - colher onde não se semeou é invadir terreno alheio, é apropriar-se do alheio, é chamar o Senhor de ladrão.

- Em quarto lugar, o servo mau chama o senhor de cobiçoso - ajuntar onde não se espalhou é uma expressão proverbial que indica um desejo ilegítimo de crescimento, uma ganância. O servo mau, entretanto, ao assim se referir ao senhor denuncia a sua própria ganância. Ele havia se apropriado indevidamente do talento recebido e o enterrara porque sabia que tudo que granjeasse seria do senhor e não dele.

- Em quinto lugar, o servo “mau” diz que teve medo do Senhor. Não adianta ter medo de Deus. É preciso ter respeito, reverência, mas não, medo. O servo mau alegou ter medo de Deus e por isso não Lhe obedeceu. É assim mesmo: quem tem medo, não obedece. Pode até fazer o que se manda, mas isto não é obedecer, pois a obediência é uma ação voluntária, não forçada. Não podemos mostrar aos homens um Deus irado, cruel e pronto a castigar. O medo de Deus não resolve. Na Grande Tribulação, os homens terão medo de Deus, que estará derramando terríveis juízos sobre a Terra, mas não se arrependerão de seus pecados, pois medo não transforma, não torna ninguém obediente.

- Em sexto lugar, o servo não devolveu corretamente o que havia recebido do Senhor. Ele mentiu mais uma vez, ao dizer ao Senhor “aqui tens o que é teu”. Diante do longo tempo decorrido, o talento devolvido não tinha o mesmo valor do talento que havia sido entregue. O tempo passou e, como a vida é dinâmica, o patrimônio recebido se desvalorizou, tanto que o senhor diz que, se o servo “mau” quisesse mesmo apenas devolver o que lhe havia sido dado, teria entregado o talento ao banqueiro para que este o negociasse e, assim, não houvesse perda de valor.

O servo mau se apropriou de parte do valor do talento ilegitimamente, pois não era o dono. Assim ocorre com aquele que não usa o dom que Deus lhe deu. Ele retém ilegitimamente e o dom não será simplesmente devolvido ao Senhor, pois haverá um prejuízo irreparável, pois o bem que deveria ter sido feito com aquele dom, a glória que deveria ter sido dada a Deus através daquele dom nunca terá sido concretizada e, como sabemos, quatro coisas não voltam atrás: o tempo passado, a oportunidade perdida, a palavra dita e a pedra atirada. O servo mau não teria mais condições de repor o valor perdido e, por isso, era praticante de uma injustiça, de uma iniquidade.

CONCLUSÃO

Como os dons, os talentos e as habilidades são do Senhor, não temos como achar que podemos deles fazer o que quisermos. Teremos de prestar contas diante de Deus quanto ao seu uso e isto não apenas os crentes, que o farão no Tribunal de Cristo, mas todos os seres humanos, pois todos somos mordomos de Deus pelo simples fato de termos sido criados por Ele. É por isso que todos os homens serão julgados, inclusive os ímpios, só que tal julgamento se dará em outra ocasião, qual seja, o juízo do trono branco (Ap 20:11-15).

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Assembleia de Deus –Ministério Bela Vista/Fortaleza-CE.

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Bibliografia:

Dr. Caramuru Afonso Francisco - Fidelidade e Diligência na Obra de Deus. PortalEBD.

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal.

Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdonald.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

 

domingo, 17 de novembro de 2013

Aula 08 – A MULHER VIRTUOSA

4º Trimestre/2013

Texto Básico: Provérbios 31:10-21,23-29
24/11/2013

"Mulher virtuosa, quem a achará? O seu valor muito excede o de rubins" (Pv 31.10).









INTRODUÇÃO

O Capítulo 31 de Provérbios é como que uma homenagem à mulher virtuosa. Ele contém um acróstico do alfabeto hebraico. Do versículo 10 a 31, cada versículo começa com uma letra do alfabeto Hebraico. Este Capítulo se tornou necessário visto que a mulher apareceu muitas vezes no Livro como um instrumento pecaminoso, contra quem, especialmente os jovens, foram advertidos a não caírem nos seus laços. O Livro falou de “mulher insensata”, da “mulher perversa”, da “mulher rixosa”, da “mulher imoral”, porém, no fim apresenta a mulher virtuosa, aquela que teme ao Senhor - “... mas a mulher que teme ao Senhor essa será louvada”(Pv 31:30).
O que é ser uma mulher virtuosa? Será que é aquela que vive para o lar e não trabalha fora e que tem sempre uma atitude servil? Por muitos séculos a mulher foi excluída, colocada à margem da sociedade, vivendo sob o jugo do preconceito, da indiferença. No Antigo Testamento, as mulheres ficavam à parte quando havia visitantes (Gn 18:9). Segundo o Dicionário Bíblico Wycliffe, "na sociedade hebraica a mulher era considerada parte da propriedade de um homem" (Gn 31:14,15; Rt 4:5,10). O texto de Juízes 19:24 mostra um pouco do abuso e da violência a que as mulheres eram submetidas (Jz 19:24,29). No Novo Testamento, no Templo de Herodes, elas ficavam separadas em um local chamado de "pátio das mulheres". Porém, o Criador sempre amou e honrou as mulheres. Jesus Cristo quebrou vários paradigmas ao ensinar e evangelizar as mulheres (João 4:10-26; 11:20-27). Ele abriu as portas das prisões sociais e valorizou a mulher como ninguém nunca o fez ou fará (Is 61:1) - "Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus" (Gl 3:28).

I. A MULHER VIRTUOSA COMO ESPOSA

1. Tem a confiança e o respeito do marido. A Bíblia diz que a primeira característica da mulher virtuosa é exatamente a confiança e credibilidade que tem junto ao seu marido (Pv 31:11), que é o pressuposto para que realize tudo aquilo que está descrito naquele texto. Se a mulher não tivesse a credibilidade do marido, poderia administrar a casa, como ali é descrito? Poderia comprar e vender? Produzir e conservar a sua residência? Muitas mulheres não despertam confiança em seus maridos e, por isso, não têm esta liberdade que tinha a mulher virtuosa, inclusive no aspecto econômico-financeiro.
Um dos compromissos assumidos no casamento é a fidelidade conjugal. É, sem dúvida, um dos maiores pilares de sustentação do casamento. Segundo o pastor Elinaldo Renovato, a segurança espiritual e emocional do casal depende da fidelidade que cada um devota ao outro. Sem fidelidade, o casamento desaba. As estruturas do casamento não são preparadas para suportar a infidelidade. Esta tem efeito devastador no matrimônio, no lar e na família. Mas, infelizmente, nestes últimos dias da Igreja, Satanás tem se utilizado desta arma contra o casamento. “Ninguém é de ninguém”, costuma-se dizer e se propaga a tolerância e a admissão de “aventuras extraconjugais” por parte de marido e mulher, chegando mesmo a se dizer que tal comportamento reforça a “sexualidade” e o “afeto” entre os cônjuges. Mentiras satânicas que têm por objetivo tão somente a disseminação da impureza sexual. A Bíblia é bem clara a este respeito: “Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o Reino de Deus” (1Co 6:10) e, ainda, “aos que se dão à prostituição e aos adúlteros Deus os julgará” (Hb 13:4b). Por fim, “Ficarão de fora os cães e os feiticeiros, e os que se prostituem, e os homicidas, e os idólatras, e qualquer que ama e comete a mentira” (Ap 22:15). Em outras palavras, quem preterir a fidelidade conjugal, caminhará para a perdição eterna.
2. Tem a admiração e o reconhecimento do marido.A mulher virtuosa é a coroa do seu marido, mas a que procede vergonhosamente é como apodrecimento nos seus ossos”(Pv 12:4). Uma mulher virtuosa é uma mulher nobre, graciosa, diligente e amorosa. Ela agrada e honra o seu marido fielmente. Ele é grato e se regozija na bondade de Deus para com ele através dela. Mas uma mulher odiosa envergonha o seu marido, e lentamente o mata de dentro para fora pela sua estupidez, egoísmo, teimosia ou infidelidade. A “coroa” citada no texto é simplesmente uma metáfora. Uma coroa honra a pessoa. Reis recebem coroas pela honra do seu ofício, e atletas são coroados para honrar as suas realizações esportivas. Uma grande mulher honra o seu marido pelo prazer e pela admiração que ela traz para ele, e ela coroa a autoridade dele através da sua submissão e pelo que ela exige dos seus filhos. A coroa é uma bela peça de jóias e a mulher virtuosa é assim, também, para com o seu marido!

II. A MULHER VIRTUOSA COMO MÃE

1. É educadora. “Toda mulher sábia edifica sua casa, mas a tola derruba-a com a suas mãos”(Pv 14:1). A mulher sábia é a “mulher virtuosa” de que fala provérbios 31:10. Ela tem capacidade de edificar a sua casa, como adjutora do seu esposo, ao lado dos filhos. A primeira e grande tarefa que a esposa tem como adjutora, na edificação do lar é na criação dos filhos ao lado do marido. Isso não é pouca coisa. Diz um provérbio: “Quem educa um homem, educa uma esposa. Quem educa uma mulher, educa uma nação”. Explicando: Uma mãe, quando cônscia do seu dever, contribui com parcela ponderável de sua vida na edificação moral e espiritual dos seus filhos que, no futuro, serão cidadãos úteis à nação.
2. É afetuosa.  Em Provérbios 31:28 está escrito: “Levantam-se seus filhos, e chamam-na bem-aventurada...”. Este texto nos induz a entender que, como mãe, esta mulher virtuosa tratava a sua família com bastante afeto e atenção. Como diz o pr. José Gonçalves, afeto gera afeto! Atualmente, afeto é um “produto” em extinção; quando isto é manifestado faz-se à distância, por meios virtuais(facebook, por exemplo), e outros não demonstram carinho algum pelos seus filhos, são brutos e egoístas; o indiferentismo é implacável! Como será o futuro das famílias daqui a 15 anos? Nem quero imaginar! É bom ressaltar que uma das grandes causas da delinquência juvenil pode ser encontrada na ausência de afetividade na infância por parte dos seus pais.

III. A MULHER VIRTUOSA COMO TRABALHADORA

Uma das características da mulher virtuosa é o fato de não ser preguiçosa, mas trabalhadora – “Busca lã e linho e trabalha de boa vontade com as suas mãos”(Pv.31:13). Sabemos que a ida da mulher ao mercado de trabalho não é uma opção pessoal e voluntária, na maior parte das vezes, mas é consequência dos baixos salários, do crescente desemprego e uma decisão de sobrevivência. No entanto, mesmo quando for inevitável esta solução, que implicará em prejuízos inafastáveis na educação e criação dos filhos, tudo deve ser feito de modo a reduzir, ao máximo, os malefícios e o critério a ser utilizado deverá ser, sempre, o da busca do realmente necessário e fundamental para a família, não se deixando levar pelas quimeras da suntuosidade, do luxo ou da manutenção de um “status” social totalmente incompatível com a realidade do cotidiano familiar. Se a família se orientar pelos valores consumistas, fatalmente estará fadada a amar o dinheiro e, a partir deste amor ao dinheiro, trará para si enormes dores e dificuldades (2Tm 6:8-10).
1. É dona de casa.Ainda de noite, se levanta e dá mantimento à sua casa e a tarefa às suas servas”(Pv 31:15); “Olha pelo governo de sua casa e não come o pão da preguiça” (Pv 31:27). Aqui, a mulher virtuosa ama administrar sua casa. É fundamental que a mulher execute as tarefas que lhes são cometidas dentro do lar, entre os quais, destacam-se a provisão da alimentação e das demais necessidades. O modelo tradicional de família, já hoje quase inexistente, cometia ao marido o trabalho fora de casa, e à mulher o trabalho dentro de casa. Hoje em dia, em virtude da necessidade de ambos os cônjuges trabalharem, para que haja o mínimo de conforto na vida da família, é preciso que haja uma distribuição de tarefas entre os cônjuges, o que não é biblicamente condenado, como alguns “machistas” têm entendido. De qualquer modo, o controle das tarefas dentro de casa tem de ser da mulher, pois, como dizem as Escrituras, a mulher virtuosa “ainda de noite se levanta, e dá mantimento à sua casa e a tarefa às suas servas” (Pv 31:15). É imperioso que a mulher tenha sob seu controle estas atividades domésticas, pois isto faz parte da sua sensibilidade e intuição e é fundamental para que o marido possa bem desempenhar as suas atividades, bem assim os filhos. A imagem social do marido está vinculada a isto (Pv 31:23), bem assim o da própria mulher (Pv 31:28,29).
2. É empreendedora. Algumas pessoas pensam que a mulher ideal é aquele que vive no lar e tem uma atitude bastante abnegada e servil. Mas a mulher descrita no capítulo 31 de Provérbios é uma mulher que está à frente do seu tempo; ela é vista como alguém que cuida bem da casa, do marido e dos filhos, mas ela é também uma mulher de negócios, uma empreendedora; além de ser uma excelente dona de casa, esposa e mãe zelosa, fabrica, importa e vende produtos, faz tapetes e confecciona roupas para sua família, gerencia seus recursos financeiros, compra e vende imóveis, planta e colhe sua lavoura (Pv 31:10-31). A mulher virtuosa é descrita como alguém que tem excelentes habilidades, e que é sábia. Sem sabedoria não há virtudes. Porém, sua força e dignidade não vêm de suas surpreendentes realizações, são o resultado de sua reverência a Deus.

IV. A MULHER VIRTUOSA COMO SERVA DE DEUS

1. Dá um bom testemunho.Levantam-se seus filhos e lhe chamam ditosa; seu marido a louva, dizendo: Muitas mulheres procedem virtuosamente, mas tu a todas sobrepujas” (Pv 31:28,29). Os filhos percebem a maravilhosa mãe que têm e lhe chamam ditosa. Também o marido a louva como dádiva de Deus, dizendo: “Há muitas esposas excelentes neste mundo, mas tu a todas sobrepujas”. Que as mulheres que temem ao Senhor busquem a sabedoria divina para que possam viver de modo que os filhos e toda a sua casa possam dizer: bem-aventurada!
2. É temente a Deus. “... mas a mulher que teme ao Senhor essa será louvada (Pv 31:30). Em Pv 31:28, a mulher virtuosa é chamada de “ditosa” tanto por seus filhos e por seu marido. E por que seus familiares a chamam assim?  Porque ela teme ao Senhor e, por isso, pratica obras sublimes (Pv 31:29-31). De fato, algumas mulheres são graciosas, porém não tem sabedoria; são formosas, porém insensíveis; mas a mulher que tem ao Senhor será reconhecida publicamente por sua diligência, seu caráter nobre e suas surpreendentes realizações. Poderia haver melhor final para o livro de Provérbios senão essa assertiva?

CONCLUSÃO

A mulher descrita em Provérbios 31:10-31 tem habilidades excelentes. A posição social de sua família é elevada. Isso pode indicar que se trata não de uma mulher, mas de um ideal de mulher. Assim, não convém aos homens imaginar que conseguirão uma esposa com todos esses atributos, nem às mulheres tentar imitar esse modelo em todos os detalhes; seus dias não são suficientemente longos para fazer todas as atividades dela! Veja-a como uma inspiração para você ser tudo o que puder ser. Talvez não possa ser como ela, mas pode aprender com seu trabalho, integridade e desenvoltura (Bíblia de Estudo – Aplicação Pessoal).
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembleia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Revista Ensinador Cristão – nº 56 – CPAD.
Comentário Bíblico Beacon – v.3. CPAD.
Sábios Conselhos para um viver Vitorioso – José Gonçalves. CPAD. 2013.