domingo, 31 de janeiro de 2021

Aula 06 – SANTIFICAÇÃO: COMPROMETIDOS COM A ÉTICA DO ESPÍRITO SANTO

 

1º Trimestre/2021

Texto Base: 1Pedro 1:13-23

07/02/2021

 

“Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb.12:14).

1Pedro

13.Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo,

14.como filhos obedientes, não vos conformando com as concupiscências que antes havia em vossa ignorância;

15.mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver,

16.porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo.

17.E, se invocais por Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo a obra de cada um, andai em temor, durante o tempo da vossa peregrinação,

18.sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que, por tradição, recebestes dos vossos pais,

19.mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado,

20.o qual, na verdade, em outro tempo, foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado, nestes últimos tempos, por amor de vós;

21.e por ele credes em Deus, que o ressuscitou dos mortos e lhe deu glória, para que a vossa fé e esperança estivessem em Deus.

22.Purificando a vossa alma na obediência à verdade, para amor fraternal, não fingido, amai-vos ardentemente uns aos outros, com um coração puro;

23.sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva e que permanece para sempre.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos da Santificação. Esta é parte integrante da vida cristã, e o cristão que não deseja a santificação está perdendo o temor a Deus. Como Deus deseja também nos auxiliar no processo de santificação, Ele nos dá o seu Santo Espírito para habitar em nós e nos orientar nesta separação do mundo, ou seja, separação do pecado, não dos pecadores. A vida cristã somente pode progredir e se desenvolver se houver separação do pecado, o que deve ser perseguido até o dia da volta do Senhor Jesus. A salvação é um contínuo processo que, iniciando-se na regeneração, fruto do arrependimento e da conversão, prossegue, após a justificação, mediante a santificação, até o seu instante final, que é a glorificação.

I. A SANTIFICAÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO

A Santificação descrita no Velho Testamento tem dois sentidos: Primeiro, exterior ou cerimonial; segundo, interior ou moral e espiritual. A santidade cerimonial do Velho Testamento descrita no Pentateuco incluía rituais de dedicação ao serviço de Deus. Assim, sacerdotes e levitas eram santificados por um ritual complexo (Êx.29:1), como foram os hebreus nazireus (Nm.6:1-21). Profetas como Eliseu (2Reis 4:9) e Jeremias (Jr.1:5) também foram santificados para um ministério profético especial em Israel. Mas o Velho Testamento também dirige atenção para os aspectos íntimos, morais e espirituais da santidade. Homens e mulheres, criados à imagem de Deus, são chamados a cultivar a santidade do caráter de Deus nas suas próprias vidas (Lv.19:2) - “Fala a toda a congregação dos filhos de Israel e dize-lhes: Santos sereis, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo".

1. A Santificação

“Portanto, santificai-vos e sede santos, pois eu sou o SENHOR, vosso Deus. E guardai os meus estatutos e cumpri-os. Eu sou o SENHOR que vos santifica” (Lv.20:7,8).

A palavra santificação significa apartar-se do mal. É condição necessária para desfrutar-se da comunhão com Deus. Deus é santo, e seu povo há de ser santo também.

No Antigo Testamento, Israel devia ser diferente das outras nações e devia separar-se de seus costumes - "Não fareis segundo as obras da terra do Egito... nem fareis segundo as obras da terra de Canaã" (Lv.18:3). As leis e as instituições de Levítico faziam os israelitas tomar consciência de sua pecaminosidade e de sua necessidade de receber a misericórdia divina; ao mesmo tempo, o sistema de sacrifícios ensinava-lhes que o próprio Deus provia o meio de expiar seus pecados e de santificar sua vida.

Porém, Israel falhou como povo santo. Deus havia dito a Israel: “E vós me sereis...o povo santo”. Porém, em lugar de se tornar “o povo santo”, Israel se tornou um povo apóstata e idólatra. Contaminou-se tanto que foi acusado, por Deus, de prostituição e de adultério espiritual - “E disse mais o Senhor nos dias do rei Josias: viste o que fez a rebelde Israel? Ela foi-se a todo o monte alto, e debaixo de toda árvore verde, e ali andou prostituindo-se. E sucedeu que pela fama da sua prostituição contaminou a terra, porque adulterou com a pedra e com o pau” (Jr.3:6-9). Esta foi a triste condição do povo de Israel que Deus queria que fosse “o povo santo”.

A santidade é o que identifica o povo de Deus. Por isso, a exigência permanente de Deus com relação à santidade do Seu povo, tanto na Antiga como na Nova Aliança. O texto Áureo de Levítico enfatiza esta realidade dogmática: “Fala a toda a congregação dos filhos de Israel e dize-lhes: Santos sereis, porque eu, o SENHOR, vosso Deus, sou santo” (Lv.19:2).

Observe que no Antigo Testamento a santidade não era somente para os líderes, mas a toda “a congregação dos filhos de Israel”, ou seja, a todo o povo de Deus do Antigo Testamento. Deus disse: “santos sereis”. Este texto é claro e abrangente: toda a congregação estava obrigada atender à ordem divina, inclusive os dirigentes máximos da nação; todos deveriam porfiar por uma vida santa que, tendo início em seu coração, refletisse em seu semblante.

Qual a razão da demanda do Senhor à congregação de Israel? A Bíblia responde: “Porque eu, o SENHOR, vosso Deus, sou santo”. Sim, Deus é o Senhor; logo, nesse relacionamento, não passamos de servos. Ele tem autoridade para exigir que cada um de seus servos sejam santos, porque Ele, o nosso Deus, é santo. Como ignorar as prerrogativas daquele que nos chamou à perfeição?

2. A Consagração

Consagração é, pelo próprio significado da palavra, a destinação exclusiva para o uso da divindade ou para fins de culto; ou seja, a consagração significa a entrega total ao Senhor. Na Lei de Moisés, a consagração se encontrava regrada em Lv.27:28-34, onde se verifica que havia uma dedicação integral dos bens ou das pessoas ao Senhor, de modo perpétuo e irrevogável. A consagração faz com que o bem ou pessoa não mais pertença a quem quer que seja, mas, sim, a Deus. Neste sentido, consagração corresponde ao lado positivo da santificação, ou seja, a santificação enquanto destinação de algo para uso exclusivo do Senhor.

Dependendo do contexto, Consagração e Santificação podem significar a mesma coisa. Exemplo: na Almeida Revista e Corrigida, o texto de Êxodo 28:3 está assim escrito: “que façam vestes a Arão para santificá-lo”; já na ARA, o mesmo texto está escrito assim: “que façam vestes para Arão para consagrá-lo”. Aqui, o verbo hebraico para “consagrar” é o mesmo para “santificar, ser santo”. No Antigo Testamento, no período da Lei, era uma exigência divina para os sacerdotes e levitas (Ex.30:30), e para o tabernáculo com todos os seus utensílios, haja vista que eles eram símbolos da Jesus Cristo, que é santo e exige santidade (Lv.11:44).

No Período Levítico, o Senhor impusera aos ministros da Casa de Deus uma série de restrições, para que não viessem a comprometer o ministério sagrado. Desobedecer às normas instituídas por Deus poderia causar até mesmo a morte do ministro. No Livro de Levítico é narrado o episódio em que Deus executou juízo sobre os filhos de Arão, que ministravam de forma irreverente e em pecado na Casa do Senhor (Lv.10:1,2). O que podemos aprender desse episódio? Antes de tudo, que Deus exige santidade, verdadeira reverência de seus ministros. Então, tomemos cuidado para não nos apresentarmos diante do Senhor com fogo estranho. O Deus que puniu Nadabe e Abiú não morreu. Deus não se deixa escarnecer. Conscientizemo-nos disso!

Assim como Deus exigiu dos ministros da Antiga Aliança um comportamento exemplar diante de toda a congregação do Senhor, Ele também exige dos pastores do rebanho do Senhor, da Nova Aliança, santidade exterior. Há uma grande necessidade de mantermos uma conduta exemplar. Somos exortados, pela Palavra de Deus, como deve ser a nossa conduta - “para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo” (Fp.2:15).

3. A Purificação

No período da Lei, o ato de “purificação” significava santificação. Quando da construção do Tabernáculo, Deus ordenou a Moisés que fizesse uma Pia de bronze e colocasse entre o Altar do Holocausto e a Tenda da congregação.

“Farás também uma pia de cobre com a sua base de cobre, para lavar; e a porás entre a tenda da congregação e o altar e deitarás água nela. E Arão e seus filhos nela lavarão as suas mãos e os seus pés” (Ex.30:18,19).

O objetivo era que antes de entrar na Tenda da congregação (Êx.30:20), ou quando se chegassem ao Altar de Bronze (Êx.30:20) para ministrar as coisas sagradas, era necessário que os sacerdotes se purificassem na Pia de bronze. Se assim não fosse feito, eles seriam mortos.

“Quando entrarem na tenda da congregação, lavar-se-ão com água, para que não morram, ou quando se chegarem ao altar para ministrar, para acender a oferta queimada ao SENHOR” (Ex.30:20).

Apresentar-se diante de Deus sem atentar para a exigência da purificação podia custar-lhes a vida – “para que não morram” (Êx.30:20). Isto demonstra que é necessário purificar-se para servir a Deus - “sem santificação, ninguém verá o Senhor” (Hb.12:14). Essa lavagem era mais do que o simples lavar de mãos e pés; significava “regeneração”, que implicava no primeiro passo para a consagração sacerdotal.

Na Nova Aliança é inaceitável que um obreiro na Casa do Senhor queira ministrar sem que antes tenha sido regenerado. Quão triste é quando um ministro de valor, despreza a exigência de Deus de que ele "mantenha suas mãos e pés limpos". As consequências são: uma vida e um ministério arruinado. O cristão precisa ser limpo “com a lavagem da água, pela Palavra” (Ef.5:26) e pela “regeneração”, e “renovação do Espírito Santo” (Tito 3:5).

Peçamos ajuda a Deus para passar bastante tempo junto à Pia da Palavra de Deus para termos certeza em primeiro lugar se nossas mãos – que são os nossos atos de adoração - e nossos pés – que significa o nosso andar perante Deus - estão puros à sua vista.

II. A SANTIFICAÇÃO NO NOVO TESTAMENTO

No Antigo Testamento Deus chamou o seu povo à santificação (Lv.11:44-45), e chama a Igreja de Jesus à mesma atitude, no Novo Testamento (1Pe 1.16). A Igreja é chamada de "nação santa" (1Pd.2:9), título que outrora fora de Israel. A natureza de Deus é compartilhada com seu povo e Ele deseja que seu povo, como Ele, seja reconhecido como santo, e que Seu povo viva como um povo santo.

O Novo Testamento enfatiza a dimensão ética da santidade em vez da dimensão externa (Mc.7:6-12). Com a vinda do Espírito Santo, a igreja primitiva percebeu que a santidade da vida era uma realidade interna profunda que deveria governar as atitudes e pensamentos de um indivíduo em relação a pessoas e objetos do mundo exterior.

1. Uma Obra da Trindade

A Santificação faz parte do processo da Salvação. Ela começa por ocasião da conversão, e continua através de toda a vida do crente. É o gradual desenvolvimento de um caráter semelhante a Cristo, produzido pela submissão do crente à graça de Deus. Abrange todo o momento da vida. Significa perfeito amor, obediência e perfeita conformidade à vontade de Deus. Nesse processo, a Trindade santa é parte integrante; as três Pessoas da Triunidade atuam na obra da Redenção (1Pd.1:2).

2. Natureza da Santificação

De acordo com o compêndio doutrinário neotestamentário, a Santificação do crente é tríplice: Posicional, progressiva e futura.

a) A Santificação Posicional. A partir do momento em que cremos em Jesus, passamos a ser justificados e mudamos de posição diante de Deus que não nos vê como éramos, mas que, agora, por causa de Cristo, nos vê como pessoas justas. Ao mudarmos de posição diante de Deus, alcançamos o que os estudiosos da Bíblia denominam de “santificação posicional”, ato soberano de Deus - “...mediante a obra de Cristo, uma vez por todas” (Hb.10:9-10). Deus nos vê em Cristo perfeitos (Ef.2:6; Cl.2:10). Quando estamos "em Cristo", não há qualquer acusação contra nós (Rm.8:33,34), porque a santidade do Senhor passa a ser a nossa santidade" (1João 4:17b). 

Esta circunstância, porém, não retira o fato de que permanecemos com a “velha natureza”, ou seja, embora, ao crermos em Jesus, estejamos, de pronto, livres do poder do pecado, pois Jesus nos liberta (Jo.8:36), bem como adquirimos uma nova natureza, pois nascemos de novo (João 3:5), o fato é que não nos livramos, de imediato, do “corpo do pecado”, ou seja, embora nasçamos de novo, este “corpo da morte” (Rm.7:24) ainda continua convivendo com conosco, pois ainda não alcançamos a glorificação, ou seja, o instante em que ingressaremos na dimensão celestial, quando seremos semelhantes a Cristo, adquirindo a condição de justos aperfeiçoados, passando a ter comunhão plena com o Senhor, não havendo mais qualquer separação (1Co.15:54).

b) Santificação progressiva. Progresso significa caminhar para diante, avançar! Se este é o sentido, então, progresso trás implícito a ideia de movimento. Estando alguém, ou alguma coisa, parada ou estacionada, não se pode falar em progresso. A vida espiritual, assim como a vida material, tem de se submeter a um contínuo crescimento. Não é à toa que Jesus compara o início da vida espiritual como sendo o novo nascimento. Assim como a vida física se inicia com a geração, também a vida espiritual é iniciada pela nova geração, a “regeneração”, a partir da qual se inicia todo o processo de crescimento espiritual. Por isso, a Bíblia fala em: “meninos em Cristo” (1Co.3:1); e a pessoas que têm maturidade, a ponto de produzir fruto (João 15:16).

A santificação progressiva surge, então, como uma separação do pecado, uma manutenção do estado de separação do pecado que alcançamos no instante em que somos alcançados pela graça de Deus e recebemos a salvação na pessoa de Cristo Jesus. Este é o primeiro aspecto da santificação: a separação do pecado. Não é possível dizermos que “estamos em Cristo Jesus” se nós não nos separarmos do pecado, se não mudarmos de atitude a partir de nossa conversão. A transformação deve ser radical e tudo aquilo que buscávamos na “velha vida” deve ser abandonado.

Não é possível sermos uma nova criatura sem que venhamos a ter novos objetivos, novos propósitos, novas motivações, novas intenções. Antes, vivíamos para fazer a vontade da nossa carne, ou seja, queríamos tão somente saciar nossos apetites, nossos desejos desmedidos, as nossas concupiscências. Agora, porém, porque estamos em Cristo, nosso propósito passa a fazer somente a vontade de Deus, obedecer-Lhe e render-Lhe glória. De instrumentos de iniquidade passamos a ser instrumentos da glória de Deus. Isto é uma realidade na nossa vida?

Santificar-se é se manter separado do pecado e isto precisamos fazer a cada dia, a cada minuto, a cada segundo. Quem não vive separado do pecado, quem não se santifica, peca. Como disse o escritor aos hebreus (Hb.12:14), devemos seguir a santificação, ou seja, é necessário se separar do pecado e continuar dele se separando, para que tenhamos condição de ver o Senhor Jesus como Ele é (1João 3:2).

c) Santificação futura. "E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo" (1Ts.5:23). Trata-se da santificação completa e final (1João 3:2). O Senhor Jesus, que é santo, virá buscar os que são consagrados a Ele (1Ts.3:13; 5:23; 2Ts.1:10; Hb.12:14). Por isso, a vontade de Deus para a vida do crente é que ele seja santo, separado do pecado (1Ts.4:3).

Além de nos fazer instrumentos para a glorificação do Senhor, a separação para Deus permite-nos conservar separados do pecado, aguardando o instante final de nossa salvação, que é a glorificação, daí porque o apóstolo Paulo ter dito que esta conservação é para a vinda do Senhor, pois, a partir de então, seremos transformados e, glorificados, ficaremos para sempre livres do “corpo do pecado” e da presença do pecado.

A santificação é um dos fatores que nos mantêm preparados e vigilantes para a volta de Cristo (Hb.12:14; 1Ts.5:23; Ap.19:7,8). É neste sentido que a santificação se equipara à “consagração”.

3. Uma necessidade

A Santificação é uma necessidade, todavia, não significa levar-nos a sair do mundo ou do mundo isolar-se. Lembremo-nos da oração sacerdotal de Jesus: "Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal" (João 17:15, ARA).

Na ótica bíblica, santificar-se não significa isolar-se da sociedade, mas, nesta sociedade, atuar como testemunha fiel de Deus. É o que o Senhor requisitava de sua congregação no deserto. Mesmo ali, ainda sem contatar povo algum, deveriam os israelitas consagrar-se inteiramente como servos do Senhor. Sim, embora estarmos no lugar mais improvável e árido, proclamemos as virtudes do Reino de Deus, por meio de uma vida santa, pura e marcada pela distinção.

Se o povo hebreu deveria sobressair-se pela santidade, o que não esperar da Igreja de Cristo? O apóstolo exorta-nos a andar continuamente em novidade de vida (Rm.6:4). Sem a santidade requerida por Deus nenhum de nós chegará à Jerusalém Celeste (Hb.12:14; Ap.21:8).

III. A SANTIFICAÇÃO APLICADA AO CRENTE

Todo crente compromissado com o Senhor deseja viver em santidade. A Bíblia Sagrada deixa claro que ser santo é uma exigência de Deus para aqueles que querem servi-lo. Todavia, em que pese o Senhor ter dito “santo sereis”, a Palavra de Deus nos ensina que Ele respeita a vontade do homem e não viola sua liberdade, ou seu livre arbítrio. Obedecer ou não obedecer é uma decisão do homem. Ninguém será santo à força; isto não agrada a Deus.

1. A Comunidade de Jesus

A Comunidade de Jesus somos nós, a Igreja. Os apóstolos dedicaram-se com constância o ministério de ensino e exortação às comunidades cristãs, chamando-as a uma vida santa diante de Deus e da sociedade.

A Santificação, ao mesmo tempo em que ela é uma separação do pecado, é, também, uma separação para Deus. O salvo não apenas é mantido separado do pecado, não apenas é liberto do pecado, mas também é posto numa posição de serviço, de destaque e de designação por parte do Senhor, para que produza obras que levem à glorificação do Seu nome.

Hoje, em muitas igrejas locais, a santificação é chamada de fanatismo. Nessas igrejas falam muito de união, amor, fraternidade, louvor, mas não da separação do mundanismo e do pecado. Notemos que as "virgens" da parábola de Mateus 25 pareciam todas iguais; a diferença só foi notada com a chegada do noivo. A principal tática que o adversário atualmente emprega para corromper a santidade é o pecado da mistura. Isso ele já propôs antes a Israel através de Faraó (Êx.8:25). Esta mistura, inclui - da igreja com o mundanismo; da doutrina do Senhor com as heresias; da adoração com as músicas profanas; etc.

Devemos estar conscientes de que a salvação traz a nós um propósito divino para nossas vidas. Não mais andamos segundo a nossa vontade, mas, sim, segundo a vontade daquele que nos salvou. O nosso querer passa a estar submetido à vontade divina. Passamos a ser guiados pelo Espírito de Deus (Rm.8:14), passamos a ter uma vida dirigida por Deus. É, aliás, neste sentido que Jesus diz que o nascido da água e do Espírito é como o vento que sopra, que não sabe de onde veio nem para onde vai (João 3:8). Não dependemos mais dos nossos planos nem de nossas ideias, mas estamos, sempre, à disposição do Senhor e da Sua vontade. Somos propriedade peculiar de Deus, a comunidade de Jesus, passamos a pertencer-lhe, e isto nos faz com que ajamos e estejamos onde, como e quando Ele assim desejar no cumprimento da Sua vontade.

2. Uma vida santificada

Como verdadeiros cristãos, devemos seguir o exemplo de Cristo, pois levamos seu nome. Se os salvos se contaminarem com o mundo ímpio, negarão seu caráter celestial. As práticas do tempo em que vivíamos em ignorância devem ser colocadas de lado, pois agora fomos iluminados pelo Espírito Santo. As práticas de outrora são os pecados que cometíamos quando ainda não conhecíamos a Deus. Ao invés de imitarmos o mundo ímpio com seus modismos, nossa vida deve reproduzir o caráter santo daquele que nos chamou. A fim de sermos como Ele, precisamos ser santos em tudo o que fazemos e dizemos. Nesta vida, jamais seremos tão santos quanto Ele, mas devemos ser santos porque Ele é (1Pd.1:15).

Em Levítico 11:44, o Senhor disse: “Sereis santos, porque eu sou santo”. O Espírito Santo que habita dentro dos cristãos salvos lhes dá o poder para viver em santidade. Os santos do Antigo Testamento não contavam com esse auxílio e bênção. Somos mais privilegiados, mas também temos maior responsabilidade. A santidade, o ideal de Deus no Antigo Testamento, assumiu uma qualidade concreta e cotidiana com a vinda do Espírito da verdade.

3. Ética

O que é? É o conjunto de padrões, de condutas, de atitudes que devem ser observados pelos indivíduos. Toda atividade humana tem um padrão a ser observado, tem a sua ética. A discussão a respeito de como deve o homem se comportar é algo que vem sendo efetuado desde os primórdios da civilização humana, pois Deus fez o homem como um ser moral, ou seja, como um ser responsável, que tem consciência do que deve, ou não, fazer, porque e para que deve agir num determinado sentido. Tanto assim é que, logo após ser colocado no Jardim do Éden por Deus, o primeiro casal recebeu logo uma determinação de Deus: "De toda a árvore do jardim, comerás livremente; mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás, porque, no dia em que dela comeres, certamente, morrerás" (Gn.2:16b,17).

Como se percebe, o homem foi feito um ser eminentemente moral, ou seja, um ser ético e, desde então, a história da humanidade tem refletido este embate entre o comportamento exigido por Deus e o comportamento que o homem escolhe, dentro de seu livre-arbítrio, para si, independentemente da vontade humana. 

O resultado da desobediência do homem e da sua tentativa de construir para si padrões de conduta alheios à vontade de Deus resultou nos grandes dilemas que hoje, como em nenhum outro momento da história humana, vivemos nesta "grande aldeia global" em que se tornou o nosso planeta, dilemas estes que, não raro, abalam a fé de muitos servos de Deus que, à revelia da própria Palavra de Deus, acabam cedendo a padrões, princípios e procedimentos que são radicalmente contrários à vontade do Senhor.

O homem, imerso no pecado (Rm.3:9-12,23), separado de Deus(Is.59:2), cegado pelo deus deste século (2Co.4:4), não pode ter senão comportamentos e condutas que desagradam a Deus, estabelecendo-se, pela arrogância dos homens, um relativismo ético, ou seja, um conjunto de condutas e de regras de comportamento que se alteram conforme a conveniência e de acordo com as circunstâncias, a gerar uma tolerância ilimitada, um verdadeiro caminho largo, em que tudo é permitido (Mt.7:13).

O resultado disto é o surgimento de um vazio espiritual, de uma falta de orientação e de princípios, que deixa a humanidade perdida e sem qualquer direção, com funestas consequências, como as que temos visto nos nossos dias e que estão levando à indignação e a este clamor por uma ética mínima nos relacionamentos humanos.

Busca o homem uma referência, uma base, um fundamento, esquecido que somente um é absoluto neste universo, somente um tem o direito de impor uma conduta a todos os homens, que é o nosso Deus, o Criador dos céus e da terra, o Soberano Senhor. Nesta busca pela ética, que nada mais é que uma sede de Deus, deve a Igreja, corajosamente, como agência do reino de Deus, clamar ao mundo que a ética tão desejada, que a conduta ideal tão almejada, não se encontra nos direitos humanos, na busca de maior justiça nas relações socioeconômicas, mas Naquele que, desde a criação do homem, tem querido determinar como devemos proceder. Em Deus se encontra a verdadeira ética e, portanto, para os diversos dilemas morais vividos pelo homem, existe uma única resposta: a Palavra de Deus.

CONCLUSÃO

A Santificação é uma continuidade, é um processo longo e duradouro, que somente terminará com a volta do Senhor. Santificamo-nos a cada dia, a cada instante devemos buscar mais da glória do Senhor, brilhar mais e mais, pois ainda não é dia perfeito. Por isso, não podemos jamais pensar em parar a nossa jornada, nem “estacionar” do ponto-de-vista espiritual, pois a nossa vida é uma carreira, que só terminará na volta do Senhor. “Parar”, “estacionar” nada mais é que “regredir”, “recuar”, “retirar-se para a perdição” e a Bíblia é clara ao dizer que quem assim procede desagrada a Deus (Hb.10:38,39).

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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

Comentário Bíblico popular (Novo e Antigo Testamento) - William Macdonald.

Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Pr. Caramuru Afonso Francisco. O Cristão e sua santificação. PortalEBD_2006.

C.H. Mackintosh. Estudo sobre o Livro de Levítico.

Paul Hoff. O Pentateuco.

Pr. Claudionor de Andrade. Adoração, Santificação e Serviço – Os princípios de Deus para sua Igreja em Levítico. CPAD.

Pr. Caramuru Afonso Francisco. Exortação à Santidade. PortalEBD_2005.

domingo, 24 de janeiro de 2021

Aula 05 – FRUTO DO ESPÍRITO: O EU CRUCIFICADO

 

1º Trimestre/2021

Texto Base: Gálatas 5:16-26


“Ora, o Deus de esperança vos encha de todo o gozo e paz em crença, para que abundeis em esperança pela virtude do Espírito Santo” (Rm.15:13).

 

Gálatas 5:

16.Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne.

17.Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne; e estes opõem-se um ao outro; para que não façais o que quereis.

18.Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei.

19.Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: prostituição, impureza, lascívia,

20.idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias,

21.invejas, homicídios, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o Reino de Deus.

22.Mas o fruto do Espírito é: caridade, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.

23.Contra essas coisas não há lei.

24.E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências.

25.Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito.

26.Não sejamos cobiçosos de vanglórias, irritando-nos uns aos outros, invejando-nos uns aos outros.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos do Fruto do Espírito. A Bíblia Sagrada nos ensina que a maturidade espiritual do crente depende do desenvolvimento do Fruto do Espírito. É pelo Fruto do Espírito que se conhece um autêntico cristão, e não pelos Dons Espirituais.

O Fruto do Espírito passa a ser formado no homem salvo, a partir do momento em que ocorre sua conversão, ou o Novo Nascimento, quando, então, ele se torna o templo de Deus, e a morada do Espírito. Sua formação acontece através de um processo, ou sucessão de atos; é gerado na medida em que o Espírito Santo vai transmitindo ou gravando no caráter do homem todas as virtudes existentes em Deus, das quais Paulo relacionou nove em Gálatas 5:22.

I. O FRUTO DO ESPÍRITO NA VIDA DO CRENTE

O Fruto é a expressão do Espírito Santo na vida do crente. Mas, a sua formação na vida do crente não acontece num único ato; é um processo formado por muitos atos - “Até que todos cheguemos...a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo” (Ef.4:13). É, pois, um longo processo de formação, desenvolvimento e maturação. A formação de qualquer fruto, da semente gerada ao fruto maduro, será sempre um tempo prolongado. Assim, o Fruto do Espírito representa o que o homem é, fala do seu tempo andando com Deus. É, pois, o Fruto do Espírito que credencia um homem de Deus a ser respeitado e ouvido.

1. Definição

O Fruto do Espírito é uma seleção de virtudes produzidas pelo Espírito Santo na vida daqueles que foram feitos novas criaturas. Esse Fruto resulta em uma conduta de vida íntegra; é o resultado natural de um processo de amadurecimento e a consequência de um processo natural de crescimento espiritual.

Através do Fruto do Espírito Santo o caráter de Cristo é novamente formado no homem. O pecado afetou consideravelmente a imagem de Deus em nós levando-nos a produzir as obras da carne (Ef.2:2,3; Gl.5:19-21); entretanto, através do novo nascimento, Cristo é novamente formado em nós e assim somos transformados constantemente de glória em glória, crescendo na graça e no conhecimento de Jesus Cristo (2Co.3:17,18).

A manifestação do fruto do Espírito Santo diz respeito à nossa santificação (separação do pecado e consagração a Deus). É através da manifestação do fruto do Espírito Santo que a maturidade espiritual se torna perceptível. Qualquer novo convertido pode manifestar Fruto do Espírito Santo se a sua conversão for realmente autêntica.

O Fruto é produzido quando o ramo permanece na vide (João 15:5). Em João 15:1,2, Jesus se expressou assim: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador. Toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto”. Ele usou a metáfora da videira para comunicar a necessidade de um relacionamento vital entre Ele e o crente a fim de que haja a produção do fruto do Espírito Santo. Esta é a maneira que evidencia que somos discípulos de Cristo (Mt.7:16; 5:13-16). É através do fruto do Espírito Santo que Deus é glorificado em nossa vida, e assim muitos são abençoadas através de nosso bom testemunho (João 15:8).

2. “O fruto”, no singular

 

O fruto é único com nove características singulares. Atentando bem para o que está escrito, é possível observar que a Bíblia diz – “Mas o fruto do Espírito é....” (Gl.5:22). O artigo “o” está no singular; o “fruto” está no singular; o verbo ser (é), é claro, também teria que estar no singular.

Temos ouvido, com muita frequência, as pessoas afirmando que os Frutos do Espírito “são nove”, outras, complementam dizendo que “não são apenas nove”. Porém, a Bíblia diz que o Fruto do Espírito é; ela não diz que os Frutos do Espírito são. Assim, embora pudesse parecer desnecessário, queremos reafirmar que o Fruto do Espírito é “UM”, somente.

Também é verdade que esse Fruto é indivisível. Ele começa a ser formado no interior do “novo homem”, ou, do “crente, salvo”, a partir do Novo Nascimento, ou Regeneração.

O Fruto do Espírito pode ser comparado a uma laranja, que, sendo apenas uma, é, no entanto, formada por diversos gomos, ou partes. Neste sentido, sim, Paulo menciona nove Virtudes constantes da natureza de Deus, presentes no Fruto do Espírito. Paulo menciona, apenas, nove, embora não se possa afirmar quantas são, ao todo, porque Deus não pode ser limitado, pois é infinito.

3. A formação do Fruto do Espírito na vida do crente

A formação do Fruto do Espírito na vida do crente requer uma vida de entrega nas mãos do Senhor, vida no Altar, vida de renúncia, de consagração, vida de dedicação à Obra de Deus, vida cheia do conhecimento de Sua Palavra. É assim que o Fruto do Espírito vai sendo produzido – num longo processo de maturação. Por isto, é o Fruto do Espírito que credencia um homem de Deus a ser respeitado, e ouvido. Há crente que por ter um Dom Espiritual, quase sempre o de Profecia, julga-se no direito de ser ouvido e até de dirigir a Igreja, passando por cima do Pastor. Igreja não se dirige com os Dons Espirituais; Igreja tem que ser dirigida com a Palavra de Deus. Por isto é preciso conhecê-la.

É bom que um obreiro tenha os Dons Espirituais; porém, é necessário que tenha o Fruto do Espírito em bom estágio de desenvolvimento. Certamente que Paulo pensava assim, pois disse que o neófito, ou o novo convertido, não deveria ser separado para o Ministério – “Não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo” (1Tm.3:6). É sabido que o novo convertido, ou neófito, pode receber os Dons Espirituais, mesmo antes do Batismo nas Águas; contudo, isso não o credencia para o Ministério. Para o Ministério é necessário amadurecimento espiritual; isto só se consegue através da formação do Fruto do Espírito na vida da pessoa. É, pois, o Fruto do Espírito que testifica acerca da pessoa – ele reflete a imagem do crente conforme ele realmente é.

4. Andar no Espírito (Gl.5:16)

“Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne”

“Andar no Espírito” é uma expressão que indica viver corretamente em humildade, submissão e santidade; é deixar que o Espírito assuma o controle de nossa vida; é ter comunhão com o Espírito; é tomar decisões à luz da sua santidade; é estar ocupado com Cristo, pois o ministério do Espírito é ocupar o crente com o Senhor Jesus.

Quando andamos no Espírito, a carne, ou a vida do meu eu, é considerada morta. Não podemos nos ocupar com Cristo e o pecado ao mesmo tempo. Somente pelo Espírito de Deus podemos caminhar em santidade.

Se nós entregamos o controle de nossa vida ao Espírito Santo, Ele infalivelmente produzirá em nós o Seu Fruto em uma colheita contínua e abundante. O Espírito Santo produzirá o fruto espiritual em nós quando nos rendemos sem reservas a Ele; isso abrange nosso espírito, alma e corpo e todas as faculdades que os constitui.

II. DIFERENÇA E RELAÇÃO ENTRE O FRUTO E OS DONS DO ESPÍRITO

Os Dons espirituais e o Fruto do Espírito têm a sua origem numa mesma fonte – o Espírito Santo - e ambos glorificam a Cristo, mas se trata de elementos diferentes.

1. Diferença

Os Dons espirituais é diferente do Fruto. O Fruto do Espírito é gerado pela ação do Espírito Santo, e se desenvolve dentro da pessoa, o “homem interior”; ele passa a fazer parte da personalidade do novo homem. Sendo gerado dentro da pessoa, o Fruto testifica das qualidades da pessoa, conforme ensinou o Senhor Jesus – “Ou fazei a árvore boa, e o fruto bom, ou fazei a árvore má, e o seu fruto mau; porque pelo fruto se conhece a árvore” (Mt.12:33). Sendo assim, então o Fruto do Espírito testifica das qualidades do ser humano, ou seja, como ele na verdade o é.

Já os Dons Espirituais vêm de fora, dado pelo Espírito Santo, o qual sendo Deus, no uso de sua Soberania, dá a quem Ele quer, e quando Ele quer – “Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas repartindo particularmente a cada um como quer” (1Co.12:11). Sendo uma dádiva do Espírito, o Dom testifica das qualidades, ou virtudes do Doador, e a glória deve ser dEle e não do simples possuidor, como afirmou Paulo: “Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não do homem” (2Co.4:7). O Doador, segundo a Bíblia, é o Espírito Santo – “Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil”(1Co.12:7).

2. Os Dons na Igreja

Os Dons Espirituais são recursos extraordinários que o Senhor colocou à disposição da Igreja, os quais continuam sendo de grande importância para os dias atuais. Assim sendo, é da vontade de Deus que os crentes não ignorem os dons espirituais (1Co.12:1). Seu doador continua sendo o Espírito Santo. Ao Crente salvo Ele pode dar um, ou todos os descritos em 1Coríntios 12:1-11, pois, Ele reparte “particularmente a cada um como quer”, e sempre “para o que for útil”. Mas, não devemos confundir Dons espirituais com os Dons Naturais, que são virtudes, ou aptidões, que uma pessoa nasce com elas. Tomando apenas um exemplo, diríamos que ninguém será um grande músico, se não tiver nascido com o dom natural para a música. Quando a pessoa é convertida a Cristo, ela não perderá esse Dom, e ele será de grande valia, se colocado à disposição do Senhor. Para um maior conhecimento sobre a importância e atualidade dos dons espirituais, veja a Aula anterior.

III. O ESPÍRITO SE OPÕE À CARNE

A vida cristã é um campo de batalha. Trava-se nesse campo uma guerra sem trégua entre a carne e o Espírito. O Espírito e a carne têm desejos diferentes, e é isso o que gera os conflitos. A carne tem desejos ardentes que nos arrastam para longe de Deus, pois os impulsos da carne são inimizades contra Deus. Os desejos da carne levam à morte. A única maneira de triunfar sobre esses apetites é andar no Espírito. Se alimentarmos a carne, fazendo provisão para ela, fracassaremos irremediavelmente. Porém, se andarmos no Espírito, jamais satisfaremos esse apetite desenfreados da carne.

O apóstolo Paulo identificou dois grandes perigos que atacavam as igrejas da Galácia: o primeiro é passar da liberdade para a escravidão (Gl.5:1); e o segundo implica transformar a liberdade em licenciosidade. Nos versículos 13 a 15, Paulo enfatizou que a verdadeira liberdade cristã se expressa no autocontrole, no serviço de amor ao próximo e na obediência à lei de Deus. A questão agora é: como agora essas coisas são possíveis? E a resposta é: pelo Espírito Santo. Só Ele pode manter-nos verdadeiramente livres.

1. O legalismo

Legalismo significa pôr as regras acima de Deus e das necessidades humanas. É o estilo de vida de pessoas que acreditam que o cumprimento das regras torna o indivíduo merecedor do favor e da salvação divina. Esse pensamento não é Bíblico e foi condenado por Cristo (cf.Lc.18:11-14; Mt.12:9-12; Gl.4:8,9; Ef.2:8-10).

Há dois extremos perigosos com respeito à liberdade: o legalismo de um lado e a licenciosidade de outro. Há aqueles que querem regular a liberdade apenas por regras exteriores; esses caem na armadilha do legalismo e privam as pessoas da verdadeira liberdade em Cristo. Porém, há aquele que, em nome da liberdade, sacodem de si todo o jugo da lei e querem viver sem nenhum preceito ou limite. Esses confundem liberdade com licenciosidade e caem na prática de pecados escandalosos.

William Hendriksen ilustra esse fato dizendo que “a vida cristã é semelhante a atravessar uma pinguela que cruza sobre um lugar onde se encontram dois rios contaminados: um é o legalismo e o outro é a libertinagem. O crente não deve perder o equilíbrio para não cair dentro das faltas refinadas do judaísmo nem nos grosseiros vícios do paganismo”. Concordo com John Stott quando diz que “o cristianismo não é escravidão, mas um chamamento da graça para a liberdade”. A liberdade cristã, porém, não é liberdade para pecar, mas liberdade de consciência, liberdade para obedecer. O cristão salvo pelo sangue de Cristo é livre para viver em santidade.

“Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis, então, da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor” (Gl.5:13).

A palavra “liberdade” está profundamente desgastada. Muitos defendem a liberdade do amor livre, a prática irrestrita do aborto, o uso indiscriminado das drogas e o homossexualismo. Isso, porém, não é liberdade, é escravidão. Segundo o Rev. Hernandes Dias Lopes, fomos chamados para uma vida nova e não para viver com o pescoço na coleira do pecado. A liberdade cristã não é uma licença para pecar, mas o poder para viver em novidade de vida. A liberdade cristã não é licenciosidade, mas deleite na santidade. A liberdade cristã não é a liberdade para pecar, não uma liberdade irrestrita para chafurdar em nosso egoísmo, é uma liberdade irrestrita para aproximar-se de Deus como seus filhos. A licenciosidade desenfreada não é liberdade alguma, é outra forma mais terrível de servidão, uma escravidão aos desejos de nossa natureza caída. Jesus disse que aquele que pratica o pecado é escravo do pecado (João 8:34). Paulo disse que o homem antes da sua conversão é escravo de toda a sorte de paixões e prazeres (Tt.3:3).

O sistema legalista que os opositores de Paulo, os judaizantes (Gl.2:14), ensinavam nas igrejas da Galácia, era egocêntrica, motivado pela carne e gerava competição espiritual que resultou em desavença (Gl.5:15).

“Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede não vos consumais também uns aos outros. Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne” (Gl.5:15,16).

O legalismo, pois, conduz invariavelmente a controvérsias. Foi o que aconteceu na Galácia. A lei exigia que amassem ao seu próximo, no entanto, acontecia o contrário. Esse comportamento surge da carne, à qual a lei cede espaço e sobre ela atua.

Somos livres para amar e servir uns aos outros, e não para devorar e destruir uns aos outros. Nas igrejas da Galácia, os dois extremos – os legalistas e os libertinos – destruíram a comunhão. Devemos agir como irmãos, e não como feras ou como cães e gatos sempre envolvidos em conflitos. É o Espírito da vida que habita em nós, e não o instinto da morte.

2. A Carne e o Espírito

a) O que é a carne?  “Carne” (gr. sarx) é a natureza pecaminosa com seus desejos corruptos, a qual continua no cristão após a sua conversão, sendo seu inimigo mortal (Rm.8:6-8,13; Gl.5:17,21). Ela representa o que somos por nascimento natural. Ela é a sede dos apetites carnais (Mt.26:41). Ela é tremendamente maligna. O apostolo Paulo, escrevendo à Igreja em Roma, assim se expressa afirmando a malignidade da carne:

“Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse faço” (Rm.7:18,19).

Aqui, “carne”, obviamente, não significa “corpo”; “carne” descreve nossa situação antes de sermos salvos, refere-se a nossa velha natureza. A verdade é que a velha natureza não é aniquilada na conversão, ela ainda habita em nós.

Embora a “carne” não tenha poder legal de nos dominar, muitas vezes ela revela quão fracos somos. Ela tem desejos ardentes que nos arrastam para longe de Deus, pois os impulsos da carne são inimizade contra Deus. Os desejos da carne levam à morte. A única maneira de se triunfar sobre os apetites da carne é andar no Espírito. Se alimentarmos a “carne”, fazendo provisão para ela, fracassaremos irremediavelmente. Porém, se andarmos no Espírito, jamais satisfaremos os apetites desenfreado da carne.

b) O que é o Espírito? A palavra espírito no grego é pneuma. Este termo significa sopro, vento, respiração e princípio da vida. Esse vocábulo também descreve o espírito que habita no homem o qual foi soprado por Deus (Gn.2:7). Também, o “espírito” representa o que nos tornamos pelo novo nascimento, o nascimento do Espírito. Logo, percebemos que esta palavra tem diferentes significados.

Em Gálatas 5:16, “Espírito” refere-se à terceira Pessoa da Trindade. Ele está em constante conflito com a carne, e isto continuará até o Dia em que Deus nos levará para si. O que o crente deve fazer é deixar ser guiado pelo Espírito Santo. Nenhum cristão autêntico está dependente dos próprios esforços. É o Espírito, e não o cristão, que resiste às moções do mal que está dentro dele. Ser guiado pelo Espírito também significa ser elevado acima da carne e ser preenchido pelo Senhor. Quando alguém é preenchido dessa maneira, já não pensa na carne.

3. Os vícios (Gl.5:19-21)

Depois de falar do conflito entre a “carne” e o “   Espírito” na vida do crente, o apóstolo Paulo passa a falar sobre as obras da carne na vida daqueles que não herdarão o Reino de Deus. Há outras listas de pecados semelhantes a essa nos escritos de Paulo (cf. Rm.1:18-32; 1Co.5:9-11; 6:9; 2C.12:20,21; Ef.4:19; 5:3-5; Tt.3:3,9,10). Essa lista, embora extensa, não é exaustiva, pois não esgota todas as obras da carne, uma vez que Paulo conclui dizendo: “.... e coisas semelhantes a estas” (Gl.5:21).

“Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o Reino de Deus” (Gl.5:19-21).

O Rev. Hernandes Dias Lopes, em seu livro “Gálatas, a Carta da liberdade Cristã”, classifica essas obras da carne em quatro grupos. Vejamos:

a) Os pecados sexuais – “Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: prostituição, impureza, lascívia” (Gl.5:19). John Stott diz que a nossa velha natureza é secreta e invisível, mas as suas obras, as palavras e atos pelos quais ela se manifesta são públicos e evidentes. Estes três primeiros pecados (prostituição, impureza, lascívia) são suficientes para mostrar que todas as ofensas sexuais, sejam elas públicas ou particulares, “naturais” ou “anormais”, entre pessoas casadas ou solteiras, devem ser classificadas como obras da carne.

b) Os pecados religiosos. “... idolatria, feitiçarias...” (Gl.5:20a). Estes dois pecados falam de ofensa a Deus, pois são uma perversão do culto a Deus.

c) Os pecados sociais - “... inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas...” (Gl.5:20b,21a). Estes oito pecados envolvem transgressões ligadas aos relacionamentos.

d) Os pecados pessoais“... bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas...” (Gl.5:21b). Estes dois últimos pecados têm a ver com a intemperança ou o abuso e a falta de domínio próprio na área de comida e bebida.

CONCLUSÃO

Todas as virtudes do Fruto do Espírito emanam do amor divino; ele é a base para ativação do Fruto em nossas vidas. Em Gálatas 5:22 o apóstolo Paulo apresenta nove virtudes do Fruto: Amor, Alegria, Paz, Paciência, Benignidade, Bondade, Fidelidade, Mansidão, Temperança. O Amor - visa o interesse dos outros; a Alegria – é o amor em estado de contentamento; A Paz – é o amor em estado de quietude; a Paciência – é o amor esperando; a Benignidade – é o amor agradando; a Bondade – é o amor ajudando; a Fidelidade (Fé) – é o amor confiando e com lealdade; a Mansidão – é o amor pacificando; a Temperança – é o amor equilibrando.

Portanto, cada Fruto vem condicionado no amor, e qualquer dom, mesmo na sua mais plena manifestação, nada é sem o amor.

Podemos, ainda, apresentar estas virtudes em três dimensões:

  • Dimensão vertical – relação com Deus: Amor, Alegria e Paz
  • Dimensão horizontal - relação com o próximo: Paciência, Benignidade e Bondade.
  • Dimensão Interior – relação consigo mesmo: Fidelidade, Mansidão e Temperança.

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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

Comentário Bíblico popular (Novo e Antigo Testamento) - William Macdonald.

Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Rev. Hernandes Dias Lopes. Atos – A ação do Espírito Santo na vida da Igreja.

Pr. Caramuru Afonso Francisco. Os Dons do Espírito Santo. PortalEBD_2007.

Ev. Caramuru Afonso Francisco. O Fruto do Espírito Santo e o caráter cristão. PortalEBD_2005.

Pr. Caramuru Afonso Francisco. O Fruto e os Dons do Espírito. PortalEBD. 2005.

Rev. Hernandes Dias Lopes. Gálatas, a carta da liberdade cristã.