domingo, 28 de outubro de 2012

Aula 05 – OBADIAS: O PRINCÍPIO DA RETRIBUIÇÃO


4º Trimestre/2012

 
Texto Básico: Obadias 1:1-4,15-18
 

Porque o dia do SENHOR está perto, sobre todas as nações; como tu fizeste, assim se dará contigo; a tua maldade cairá sobre a tua cabeça” (Ob 15).

INTRODUÇÃO


Obadias, o livro mais curto do Antigo Testamento, representa um dramático exemplo da resposta de Deus a qualquer um que maltrate seus filhos. Deus retribui as ações arrogantes do homem no devido tempo.

Edom era uma nação montanhosa que ocupava uma região a sudoeste do mar Morto. Como descendentes de Esaú (Gn 25:19-27:45), os edomitas tinham um parentesco de sangue com Israel e eram guerreiros robustos, impetuosos e orgulhosos. Pertenciam a uma nação que, por estar no alto da montanha, parecia ser invencível. De todos os povos, deveriam ser os primeiros a se apressar para ajudar seus irmãos do Norte, Israel. Entretanto, ao contrário, apreciavam com maligna satisfação os problemas de Israel, capturavam e devolviam os fugitivos ao inimigo e até saqueavam os seus campos. Por causa de sua indiferença em relação a Deus, por terem-no desafiado, e também pelo orgulho, covardia e traição aos seus irmãos de Judá, os edomitas foram condenados e destruídos - é o princípio da retribuição.

Quando a Igreja sofre nas mãos dos inimigos de Deus, ela precisa voltar-se para a profecia de Obadias e renovar a sua fé no Deus justo ali revelado. Ele se preocupa com o seu povo perseguido e, por trás das circunstancias presentes, sempre trabalha por ele.

I. A SOBERANIA DE DEUS


1. Conceito. A declaração mais comum citada nas Igrejas é: “Deus é soberano”. Mas qual o conceito bíblico de soberania? Sendo um dos seus atributos (aquilo que lhe é próprio, qualidade), a soberania de Deus é uma autoridade inquestionável que o Senhor detém sobre o Universo, pelo fato óbvio de que Ele é o Criador  e Governador de todas as coisas(Is 44:6;45:6; 46:10; Ap 11:17).

Deus é onipotente, onipresente e onisciente, e, em virtude destes atributos, é soberano, visto que tem todo o poder, está presente em todos os lugares ao mesmo tempo e sabe de todas as coisas. Sem tais atributos, com os quais se relaciona com o mundo, não poderia ser soberano, não teria a autoridade suprema sobre tudo e sobre todos.

Deus, na sua soberania, havia determinado que o filho mais velho de Isaque serviria ao mais moço (Gn 25:23). A linhagem do Messias passaria por Jacó, e não por Esaú. A escolha divina não se baseava em mérito, porque os dois ainda não eram nascidos quando Deus fez sua escolha (Rm 9:11-13). A eleição divina é baseada totalmente na graça e não em merecimentos. Isaque, tolamente, tentou alterar o desígnio de Deus, endereçando a bênção a Esaú (Gn 27:1-4), e Rebeca, por outro lado, tentou manipular as coisas de forma pecaminosa para ajudar na consecução do propósito divino (Gn 27:5-17). Não podemos insurgir-nos contra os propósitos soberanos de Deus, nem precisamos dar uma mãozinha para o Senhor. Ele é poderoso para fazer cumprir seus planos eternos (Jó 42:2). Tanto Isaque quanto Rebeca erraram em suas atitudes. Ambos deixaram de confiar em Deus e de descansar na sua sábia providência. Todas as vezes que tentamos tomar os rumos da vida em nossas próprias mãos, descrendo da Providência, atropelamos as coisas, causamos muitos males a nós mesmos e provocamos nos outros grandes sofrimentos.

2. Livre arbítrio. A soberania de Deus permitiu que o ser humano fosse criado com um atributo, o livre-arbítrio, que é a faculdade mediante a qual o homem é dotado de poder para agir sem coações externas, e de acordo com sua própria vontade ou escolha. Como um livre agente, o ser humano tem a capacidade e a liberdade de escolha, inclusive a de desobedecer a Deus (Dt 30:11-20 e Js 24:15). Isso, por si só, é suficiente para que ele seja responsável pelas consequências de seus atos.

O Senhor não quis criar seres autômatos, verdadeiros “robôs”, mas, na sua soberania, quis que fossem criados seres que, assim como Ele, pudessem saber o que é o bem e o que é o mal, e, portanto, tivessem liberdade para escolher fazer o bem, seguindo, assim, as determinações divinas, ou de fazer o mal, ou seja, escolherem ter uma vida em que estivessem distantes de Deus. Essa liberdade de escolha aparece já nos primórdios de Gênesis, na aurora da raça humana, quando o primeiro casal dá ouvidos à serpente e comete por sua livre vontade a primeira transgressão contra Deus(Gn 3:1-13).

Ao indicar ao homem que ele tinha liberdade, o texto sagrado diz-nos que o Senhor “ordenou” ao homem” (Gn 2:16), numa clara demonstração que o fato de o homem poder comer livremente das árvores do jardim era resultado da soberania divina, não demonstração de sua fraqueza. Se o homem optasse por comer da árvore da ciência do bem e do mal, como acabou optando, nem por isso Deus deixaria de ser soberano. Tanto assim é que, no dia da queda, Deus não só compareceu na viração do dia para ter um relacionamento com o homem, como também lhes aplicou as penalidades que já haviam antes sido prescritas (Gn 2:16,17). Aliás, esta prontidão em fazer justiça é uma das características da sua soberania.

Portanto, quando o homem peca, afastando-se de Deus (é o homem que se afasta de Deus, não o contrário, como podemos ver claramente em Gn 3:8 e em Tg 4:8), usa da liberdade que o Senhor lhe dá, mas Deus, em momento algum, se ausenta do mundo ou se distancia do homem para que este possa “respirar liberdade”, como defende a falaciosa “teologia relacional” ou “teísmo aberto” (um dos pontos principais dessa falsa teologia é que ‘Deus não é soberano’), porque a liberdade que Deus dá ao homem não implica em ausência nem afastamento de Deus, até porque Deus é onipresente, tem de estar presente em todos os lugares, em todo o tempo; caso contrário, não seria Deus. Portanto, o livre arbítrio não nega a soberania de Deus; pelo contrário, a confirma.

II. O LIVRO DE OBADIAS


Obadias é o menor livro do Antigo Testamento, com apenas vinte e um versículos. O fato de Obadias ser o menor não significa que ele é menos importante. Há lições grandiosas contidas neste livro que precisam ser exploradas. Há alertas solenes que precisam ser ouvidos. Há juízos severos que precisam ser evitados. O livro de Obadias tem uma mensagem urgente, oportuna e necessária para a família, a igreja e as nações. Este livro, mais do que qualquer outro, mostra os frutos amargos dos erros cometidos no passado por uma família piedosa.

1. Contexto histórico. Para que possamos entender o livro de Obadias, precisamos entender o contexto em que o profeta está inserido. Séculos antes de Obadias, Jacó e Esaú, os dois filhos de Isaque, tiveram descendentes que, séculos mais tarde, formaram as nações de Judá e Edom. As relações entre estas duas nações foram marcadas pela hostilidade através do período do Antigo Testamento. O rancor começou quando os dois irmãos gêmeos Esaú e Jacó se dividiram em disputa (cf Gn 27:32–33). Os descendentes de Esaú, consequentemente, se estabeleceram numa área chamada Edom, situada ao sul do mar Morto, enquanto os descendentes de Jacó destinaram-se à terra prometida, Canaã, e se tornaram o povo de Israel. Com o passar dos anos numerosos conflitos se desenvolveram entre os edomitas e os israelitas. Essa amarga rivalidade forma o fundo histórico da profecia de Obadias. Ao longo do período de cerca de 20 anos (605-586 a.C.), os babilônios invadiram a terra de Israel e fizeram repetidos ataques à Jerusalém, a qual foi finalmente devastada em 586 a.C. Os edomitas viram essas incursões como uma oportunidade para eliminar sua amarga sede contra Israel. Então, os edomitas juntaram-se aos babilônios contra seus parentes e ajudaram a profanar a terra de Israel.

Não podemos deixar de crer que Deus, por meio desses acontecimentos, estava julgando seu próprio povo, pois Judá havia sido advertido por Deus acerca de seus pecados. Mas que Ele também iria julgar aqueles que estavam atacando seu povo. Não muito depois desse evento, Deus julgou os edomitas; cinco anos depois de Nabucodonosor ter atacado Jerusalém, ele também expulsou os edomitas de suas terras.

Nos tempos de Cristo, os descendentes dos edomitas foram os da casa de Herodes, chamados de idumeus. Eles mostraram seu desprezo pelos judeus quando os governaram, autorizados pelos romanos, e também pretenderam acabar com o plano da salvação quando Herodes intentou matar o menino Jesus.

Os últimos conflitos entre edomitas e israelitas, entre Esaú e Jacó, estão nas páginas do Novo Testamento. O primeiro é entre Herodes, o Grande, e Jesus (Mt 2:16). Vem a seguir o conflito entre Herodes Antipas e João Batista (Lc 3:19). Herodes Agripa I perseguiu a igreja (At 12:1), e Atos 26 nos mostra o encontro entre Herodes Agripa II e o apóstolo Paulo. No ano 70 d.C., Jerusalém foi destruída pelos romanos; à sua frente estavam membros da família herodiana (edomita). Os judeus foram dispersos e os edomitas acabaram liquidados pelos romanos. Desapareceram para sempre, cumprindo-se o que disse Obadias: "Ninguém mais restará da casa de Esaú" (Ob 18). Os edomitas nunca mais se reergueram, mas os judeus se reagruparam como um Estado, novamente, em 1948.

Este relato é um tipo da vitória da igreja de Deus contra seus inimigos. Hoje, os inimigos fazem aliança para perseguir a igreja, mas no Dia do Senhor, a Igreja, a Noiva do Cordeiro, triunfará sobre todos os seus inimigos. Todos os inimigos de Deus terminam seus dias da mesma maneira: julgados e aniquilados.

O Dia do Senhor virá sobre os ímpios. Não importa quão grande seja seu poder. Eles terão de beber o cálice da ira de Deus. Serão julgados e condenados. Diz o profeta Isaías: "O forte se tornará em estopa, e a sua obra em faísca; ambos arderão juntamente, e não haverá quem os apague" (Is 1:31).

2. Estrutura e mensagem.

a) Estrutura. Obadias começa com um título que identifica a profecia como “visão de Obadias” e que atribui o pronunciamento do Senhor Jeová (v.1). O livro possui duas seções principais:

·   Na primeira seção (vv. 1-14), Deus expressa, através do profeta, sua ardente ira contra Edom, e exige deste uma prestação de contas por sua soberba originada de sua segurança geográfica, e por ter-se regozijado com a derrota de Judá. O juízo divino vem sobre eles. Da sua posição de soberba e falsa segurança, Deus irá derribá-lo (vv 2-4). A terra e o povo serão saqueados e espoliados (vv 5-9). Por quê? Por causa da violência que Edom praticou contra seu irmão Jacó (v.10), porque Edom se regozijou com o sofrimento de Israel e juntou-se com seus atacantes para roubar e violar Jerusalém no dia da sua calamidade (vv 11-13) e porque os edomitas impediram a fuga do povo de Judá e os entregou aos invasores (v.14).

·   A segunda seção (vv. 15-21) refere-se ao Dia do Senhor, quando Edom será destruído juntamente com todos os inimigos de Deus, ao passo que o povo escolhido será salvo, e seu reino triunfará. Apesar do julgamento pelo qual Israel passou, Obadias deixou claro que a nação se ergueria novamente, e que possuiria a terra dos filisteus e dos edomitas, e que iria se alegrar com o reino do Messias (vv 19-21).

b) Mensagem. A mensagem de Obadias é um brado de Deus às nações, às instituições humanas, às igrejas, alertando a todos nós que Deus resiste ao soberbo, e o mal que praticamos contra os outros cairá sobre nossa própria cabeça.

O núcleo da profecia de Obadias é dirigido aos edomitas, por estarem sob o juízo de Deus em virtude da crueldade para com Israel nos dias do seu sofrimento (v.10). Os crimes de Edom são citados na ordem de progressão do seu horror (vv. 11-14): o Senhor não permitirá que fique sem castigo o que Edom fez. O que os edomitas fizeram vai cair sobre as suas próprias cabeças. No entanto, Obadias progride do geral para o particular, do juízo de Deus sobre Edom para o “dia do Senhor”, que vai significar o seu juízo sobre todas as nações, inclusive Israel, e o estabelecimento do reino de Deus.

Os reinos do mundo têm os pés de barro; um Dia eles se tornarão pó, mas o Reino de Deus se erguerá invencível, vitorioso e eterno. Edom caiu, a Babilônia caiu, o império medo-persa caiu, o império grego caiu, o império romano caiu, e todos os demais impérios caíram ou ainda cairão, mas o Reino será do Senhor (Ob 21). O Reino de Deus sobrepuja todos os reinos deste mundo. “Ele cobrirá toda a terra como as águas cobrem o mar” (Hc 2:14). O Reino será do Senhor e do seu Cristo eternamente. Escreveu João: "O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos" (Ap 11:15).

3. Posição no Cânon. Obadias não declara quando entregou sua severa denúncia profética. Datar o escrito, que é o livro mais curto do Antigo Testamento, é um problema. Talvez a chave encontre-se no versículo 11, mas os estudiosos discordam entre si quanto a que evento especifico na historia de Jerusalém se refira a profecia de Obadias. É provável que tenha entregado sua mensagem logo em seguida à queda de Jerusalém diante de Nabucodonosor, em 586 a.C. Caso prevaleça esta posição, então a colocação de Obadias entre Amós e Jonas não está baseada na cronologia.

Embora o Novo Testamento não se refira diretamente a Obadias, a inimizade tradicional entre Esaú e Jacó, que subjaz a este livro, também é mencionado no Novo Testamento. Paulo refere-se à inimizade entre Esaú e Jacó em Rm 9:10-13, mas passa a lembrar da mensagem de esperança que Deus nos dá: todos os que se arrependerem de seus pecados, tanto judeus quanto gentios, e invocarem o nome do Senhor, serão salvos (Rm 10:9-13).

III. EDOM, O PROFANO


1. Origem. Os edomitas eram os descendentes de Esaú, e Judá era a descendência de Jacó. Esaú e Jacó eram irmãos gêmeos, portanto essas duas nações nasceram do mesmo ventre (o ventre de Rebeca, esposa de Isaque). Eram nações gêmeas. Porém, a inabilidade de Isaque e Rebeca acabou provocando ciúmes nos filhos e abrindo uma brecha para o ódio, que não cessou de arder por cerca de dois mil anos.

Tudo começou com um erro de Isaque e Rebeca, pais de Esaú e Jacó. Esses pais cometeram o grave erro de ter preferências por um filho em detrimento do outro. Isaque amava mais a Esaú, e Rebeca tinha predileção por Jacó (Gn 25:28). Essa falta de sabedoria dos pais plantou no coração dos filhos a semente maldita da inimizade, do ódio e da competição. Esse ódio trouxe profundas feridas na vida dos pais, separou os irmãos e atravessou as gerações, desembocando agora em uma atitude irracional de maldade dos edomitas, ao associar-se com os invasores que arrasaram os seus irmãos judaítas. Essa atitude perversa e cruel dos edomitas unindo-se aos caldeus para oprimir, escravizar e matar os judeus foi a gota que transbordou do cálice, trazendo o juízo peremptório de Deus aos edomitas (Ob 10; Ml 1:2-5).

Esaú tornou-se um jovem profano e rejeitou sua herança por um prato de lentilhas (Gn 25:30; Hb 12:16). Alguém disse que essa refeição foi a mais cara da história, jamais alguém pagou um preço tão alto por uma sopa. Esaú demonstrou seu desprezo pelas coisas espirituais. Por ser um homem profano, era materialista. Os valores espirituais não tinham importância para ele. Essa mesma atitude é seguida pelos seus descendentes. Eles se tornaram profanos e materialistas. Embora tivessem divindades, foram essencialmente irreligiosos, vivendo para comer, saquear e vingar-se.

2. O orgulho leva à ruína. Obadias descreve Edom como um povo orgulhoso (Ob 3). Edom habitava no monte Seir, uma cordilheira de montanhas rochosas. Ali estava a capital Petra, a inexpugnável cidade edomita. Do alto de suas rochas escarpadas, os edomitas se vangloriavam de colocar o seu ninho entre as estrelas (Ob 4). Jamais aquela fortaleza havia sido saqueada. Eles se sentiam seguros, blindados por uma fortaleza natural. Mas Deus diz por meio do profeta Obadias que, ainda que eles colocassem o seu ninho entre as estrelas, de lá seriam derrubados. A soberba é a sala de espera do fracasso. Onde o orgulho levanta sua bandeira, a derrota fragorosa é inexoravelmente imposta.

A arrogante cidade dos edomitas foi tomada, seus bens foram saqueados, seu povo foi disperso e eles colheram exatamente o que plantaram. O mal que eles despejaram sobre a cabeça dos judeus caiu sobre a sua própria cabeça.

Assim como o povo de Edom foi destruído por causa de seu orgulho, todos os que desafiam a Deus também serão aniquilados.

IV. A RETRIBUIÇÃO DIVINA


1. O princípio da retribuição. Retribuição significa “pagar na mesma moeda”. Tal princípio acha-se na Lei de Moisés (Ex 21:23-25; Lv 24:16-22; Dt 19:21). Os pecados de Edom foram orgulho e crueldade. A soberba econômica e política, associada a uma posição geográfica privilegiada fez dos edomitas um povo altivo e soberbo. Alem da soberba, Edom entregou-se à crueldade, associando-se aos caldeus na matança do povo de Judá, seus parentes chegados. Essa atitude abriu feridas no coração de seus irmãos e também atingiu o coração de Deus. A retribuição divina não se fez esperar. O mal que Edom fez a Judá caiu sobre a sua própria cabeça.

A vida é uma semeadura. Colhemos o que plantamos. Aqueles que plantam o mal colhem o mal. Aqueles que semeiam vento colhem tempestade. Aqueles que semeiam na carne, da carne colhem corrupção. Aquilo que fazemos aqui determinará nosso destino amanhã. Querer fazer o mal e receber o bem é zombar de Deus, e de Deus ninguém zomba (Gl 6:7).

2. O castigo de Edom. O castigo de Edom foi profetizado por Obadias de forma segura: "... porque o SENHOR o falou" (Ob 18). Essa expressão é como a assinatura do Eterno, que afirma a verdade da profecia. Uma vez que Jeová falou, essas declarações têm autoridade e são seguras.

Edom não agiu com urbanidade nem com fraternidade em relação aos judaítas. Eles olhavam para os judaítas como inimigos. Não defenderam seus irmãos nem choraram pela tragédia que sobre eles se abateu. Antes, vibraram com sua ruína e participaram de sua pilhagem. Esse gesto não apenas fez amargar a vida dos judaítas, mas provocou a ira de Deus. Foi a quebra desse princípio do amor fraternal que levou Edom à sua derrota final e definitiva.

A derrota de Edom não procede de homens, mas de Deus. Sua sentença de morte não foi lavrada num tribunal da terra, mas no tribunal do céu. A inescapabilidade de sua derrota não se deve ao juízo dos homens, mas à sentença de Deus: "... porque o SENHOR o falou" (Ob 18). A sentença de Deus é irrevogável e inapelável. Não há um tribunal superior a quem recorrer. O tribunal de Deus é a última instância, e sua sentença é definitiva e final. Insurgir-se contra Deus e contra seu povo é marchar rumo a uma derrota inevitável, inexorável e irreversível.

O rev. Hernandes Dias Lopes, citando Clyde Francisco, diz que, em 312 a.C, os árabes nabateus expulsaram os edomitas do seu reduto próximo ao mar Vermelho, capturando a capital dos idumeus, Sela, e rebatizando-a como Petra. Segundo a profecia de Obadias, os seus descendentes vieram a se estabelecer no Neguebe e, por meio de casamentos com outros povos, tornaram-se os idumeus do Novo Testamento. Herodes, o Grande, veio desta linhagem, de modo que nela e em Jesus podemos ver, por outro ângulo, a luta e o contraste entre edomitas e israelitas. Em 70 d.C, Tito destruiu tanto os idumeus (edomitas) como os israelitas, fazendo os primeiros desaparecer definitivamente da história.

3. A história está rigorosamente nas mãos de Deus. Os edomitas pensaram que estavam ajudando a colocar uma pá de cal sobre Judá. Eles pensaram que a Babilônia estava no controle da situação e que eles eram seus coadjuvantes na empreitada de destruir Jerusalém. Mas as rédeas da história não estão nas mãos dos poderosos deste mundo. Quem está assentado na sala de comando do Universo é o Deus Todo-poderoso. É Deus quem conduz a história para o seu fim glorioso, quando seu povo será exaltado e glorificado.

CONCLUSÃO


Deus julgará e punirá com rigor a todos os que maltratarem seu povo. Podemos confiar em sua vitória final. Ele é nosso Defensor e podemos ter a certeza de que Ele fará com que a verdadeira justiça prevaleça. Todos os que são orgulhosos um dia ficarão perplexos ao descobrirem que ninguém está isento da justiça divina.

A mensagem de Obadias culminará no dia em que o Messias voltar, de uma vez por todas, para reunir seu próprio povo dentre todas as gentes e para reinar sobre ele por mil anos, e após, nos novos céus e nova terra, em seu reino eterno. Amém!

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento).

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.

Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.

Revista Ensinador Cristão – nº 52 – CPAD.

A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck.

Comentário Bíblico Beacon, v.5 – CPAD.

Obadias e Ageu (uma mensagem urgente de Deus à igreja contemporânea) – Rev.Hernandes Dias Lopes.

 

domingo, 21 de outubro de 2012

Aula 04 – AMÓS – A JUSTIÇA SOCIAL COMO PARTE DA ADORAÇÃO


4º Trimestre_2012

Texto Básico: Amós 1:1;2:6-8;5:21-23

 

“Buscai o bem e não o mal, para que vivais; e assim o Senhor, o Deus dos Exércitos, estará convosco, como dizeis” (Am 5:14).


INTRODUÇÃO


O Livro de Amós é uma mensagem de advertências ao povo de Deus; é atual e oportuna. Ele ergue um grande clamor pela justiça social. Ele tira uma radiografia do presente ao analisar o passado distante de Israel nos tempos prósperos do rei Jeroboão II. Amós ataca duas grandes áreas do pecado geralmente condenadas pelos profetas:a idolatria e a injustiça social. A raiz do problema de Israel era sua falsa religiosidade. Embora Israel mantivesse as formalidades rituais da lei e até se excedesse nelas(Am 4:4,5), a idolatria era muito comum (Am 5:26; 2Rs 17:9-17), assim como a violência e a injustiça (Am 2:6-8; 4:1). Deus não tolera a idolatria, que é, na verdade, adoração a demônios(Dt 32:16,17; 1Co 10:20).

Por causa da idolatria e da injustiça social, o Senhor enviou advertências a Israel em forma de fome, sede, desgraças, gafanhotos, pragas e derrotas militares, mas o povo recusou-se a ver a mão de Deus nesses acontecimentos (Am 4:6-11). Logo, o julgamento era inevitável (Am 4:12-5:20), e a punição é retratada em uma série de profecias verbais e visionárias que predisseram a destruição total e o exílio. A mensagem do profeta é ousada e forte, mas seu coração se derrete em profunda compaixão e intercessão pelos impenitentes. Ele fala da graça que convida a todos para uma volta a Deus, em vez de uma entrega irrefletida à religiosidade sem doutrina e sem vida. Ele alerta o povo que se preparem para o encontro com Deus (Am 4:12). Justiça e retidão, esses são os elementos importantes que devem fazer parte do caráter daqueles que são verdadeiros adoradores a Deus. Amós deixa claro que Deus procura adoradores, e não adoração (Am 5:23,24; João 4:24). Ele se interessa mais por caráter do que por carisma.

I. O LIVRO DE AMÓS

1.Contexto histórico. Amós viveu dias de grande prosperidade no Reino do Norte, na época, governado por Jeroboão II. Esse monarca obteve sucessivas vitórias contra seus vizinhos hostis de Israel, e com isso, obteve o controle das rotas comerciais que levavam riqueza a Samaria, a capital do Reino do Norte. "A terra era fértil, as chuvas caíam regularmente e os silos estavam abarrotados de grãos. Nesses anos dourados, foram erguidos majestosos prédios públicos, os ricos construíam espaçosas residências próximas aos centros litúrgicos populares, em Betel e Dã, onde podiam usufruir rituais esplêndidos que satisfaziam seus anseios pela pompa e ostentação. Todavia, por trás da superfície brilhante da sociedade, escondiam-se tragédias terríveis" (Guia do leitor da Bíblia, CPAD, pg. 536).

Muitos se enriqueceram por meio da violência e rapina; pela opressão dos pobres e necessitados (Am 3:10). Credores sem remorso vendiam os pobres como escravos (Am 2:6-8). Usavam balanças enganosas e vendiam aos pobres o refugo do trigo por um peso menor, mas por um preço maior. Os juízes aceitavam dinheiro dos ricos para tomarem decisões injustas nas contendas legais contra os pobres (Am 5:12). As mulheres se mostravam tão duras e tão gananciosas e cruéis quanto os homens. Exigiam dos maridos que oprimissem os pobres e os necessitados para adquirirem os meios de satisfazer a sua vontade (Am 4:1).

Não havia restrição para a prática da injustiça (Am 8:5). Desprezavam os mais nobres sentimentos humanos (Am 2:8). Não toleravam ser repreendidos (Am 5:10). Na busca insaciável da riqueza, os ricos se mostravam insensíveis à ruína do país (Am 6:6). Ufanavam-se de seu poder e autoridade e ficavam sossegados sem pensar na possibilidade do julgamento vindouro (Am 6:1,13).

É contra esse cenário degradante que lemos as palavras de Amós, um fazendeiro das cercanias de Judá que, inesperadamente, fora chamado por Deus para ir a Israel e condenar a injustiça e a apostasia desta nação.

Amós profetizou no período mais próspero dos reinos do Norte e do Sul. Em Judá, o rei Uzias fazia um longo governo de 52 anos, ou seja, de aproximadamente 790 até cerca de 740 a.C. e, em Israel, o reino do Norte, Jeroboão II, por 41 anos, fazia o mais extenso e o mais bem-sucedido governo de Israel, entre 793 a 753 a.C.

Aproximadamente 30 ou 40 anos após a profecia de Amós, a Assíria destruiu a capital de Israel, Samaria, e conquistou o Reino do Norte (722 a.C).

2. Vida pessoal. Amós significa "aquele que carrega fardos" ou "carregador de fardos". O livro contém muitos fardos de julgamentos ou calamidades que o profeta transmitiu a Israel. Amós não era procedente da classe rica e aristocrática, empoleirada no poder, mas oriundo das toscas montanhas de Tecoa, aldeia incrustada nas regiões mais altas da Judéia. Segundo alguns estudiosos, Tecoa ficava nove quilômetros ao sul de Belém. Foi um dos lugares fortificados por Roboão para a proteção de Jerusalém (2Cr 11:6). Com a elevação de 920 metros, servia de lugar para tocar trombeta, e assim transmitir sinais e anúncios ao povo (Jr 6:1).

Amós era pastor de ovelhas e agricultor (Am 1:1), homem de caráter robusto, de voz retumbante, de profundo conhecimento da realidade do mundo ao seu redor. Embora nunca tivesse desfrutado as vantagens de uma educação formal numa "escola de profetas'', tinha absoluta convicção do seu chamado profético. Ao receber sua vocação da parte de Deus, deixou seu lar em Judá, como mero leigo, proclamando, na orgulhosa capital do Reino do Norte, uma mensagem clara e ríspida vinda do próprio Deus. Sem qualquer título oficial de profeta reconhecido, enfrentou os preconceitos do público em Efraim (Am 7:10-17), sem desviar-se do seu propósito. Seu senso de vocação lhe deu firmeza nas provas.

3. Estrutura e mensagem.

a) Estrutura.  O Livro de Amós divide-se, de modo natural em três seções:

a.1) Na Primeira seção (Am 1:3-2:16), o profeta dirige primeiramente sua mensagem de condenação a sete nações vizinhas de Israel, inclusive Judá. Tendo levado Israel a aceitar prazerosamente o castigo desses povos (Am 1:3-2:5), Amós passa a descrever vividamente os pecados da nação eleita e a punição que lhe estaca reservada (Am 2:6-16). Esta seção determina o tom da mensagem do livro: a condenação resultará na destruição e exílio da nação israelita.

a.2) A segunda seção (Am 3:1-6:14) registra três mensagem ousadas, iniciando cada uma delas com a expressão: “ouvi esta palavra” (Am 3:1-4:1;5:1). Na primeira, Deus julga Israel como um povo privilegiado, a quem Ele livrara do Egito: “De todas as famílias da terra a vós somente conheci; portanto, todas as vossas injustiças visitarei sobre vós” (Am 3:2). A segunda mensagem começa tratando as mulheres ricas de Israel de “vacas de Basã...que oprimis os pobres, que quebrantais os necessitados, que dizei a seus senhores: daí cá, e bebamos” (Am 4:1). Amós profetiza que elas seriam levadas ao cativeiro com anzóis de pesca, como o justo juízo de Deus requeria (Am 4:2,3). Amós tem palavras semelhantes para os mercadores desonestos, e os governantes corruptos, os advogados e juizes oportunistas e os sacerdotes e profetas prevaricadores. A terceira mensagem (Am 5 e 6) alista as abominações de Israel. Amós, pois, conclama o povo ao arrependimento: “Ai dos que repousam em Sião” (Am 6:1), pois a ruína estava prestes a se abater sobre eles.

a.3) A última seção (Am 7:1-9:10) registra cinco visões de Amós a respeito do juízo divino. A quarta visão descreve Israel como um cesto de frutos em franco estado de putrefação. O juízo divino já se fazia arder (Am 8:1-14). A visão final mostra Deus em pé ao lado do altar, pronto a ferir Samaria e o reino decadente do qual era ela capital (Am 9:1-10). O livro termina com breve, porém poderosa, promessa de restauração ao remanescente (Am 9:11-15)(Fonte: BEP).

b) Mensagem. Amós faz uma radiografia da sociedade israelita, uma diagnose da nação. Ele põe o dedo na ferida e brada com sua retumbante voz denunciando os pecados do povo de Israel, bem como das nações vizinhas. As nações circunvizinhas, uma a uma, são chamadas à barra do tribunal de Deus para responderem por suas atrocidades - O profeta Amós demonstra uma profunda convicção de que Deus governa não apenas seu povo, mas, também, as nações.

A mensagem de Amós toca nos mais intrincados problemas da ordem política, social, econômica, moral e espiritual do seu tempo. Ele ataca com veemência a política externa governada pela ganância insaciável e pelo ódio desmesurado que oprime os que não podem oferecer nenhuma resistência. Ele atinge com sua mensagem os endinheirados embriagados pela soberba, que viviam nababescamente, enquanto os pobres explorados por eles amargavam uma dolorosa realidade. Amós não poupa aqueles que se entregavam aos prazeres desregrados, tapando os ouvidos à voz da própria consciência. O profeta boiadeiro alerta para o fato de que, onde a voz da graça de Deus não é ouvida, a trombeta do juízo é tocada irremediavelmente.

Observe que Amós não se dirigiu pessoalmente a Jeroboão II. Não há nenhum apelo direto ao rei para ouvir sua mensagem. Amós dirigiu-se ao povo de Israel (Am 2:10-12; 3:11). Dirigiu uma palavra forte às mães e às matronas que exigiam o melhor dos alimentos e mobiliário, com sacrifício dos pobres (Am 4:1). De modo semelhante, fala aos pais que levavam seus filhos à flagrante idolatria (Am 2:7b), aos fazendeiros (Am 4:7-9; 5:l6b,17), aos soldados (Am 5:3), aos juízes (Am 5:7), aos homens de negócios (Am 5:11; 8:4-6), aos adoradores (Am 5:21-23), aos líderes de Samaria (Am 6:1-7), a Amazias, o sacerdote em Betel (Am 7:14-17), aos homens e às mulheres jovens (Am 8:13). A última interpelação direta é a todo o povo de Deus (Am 9:7).

A mensagem do livro é também uma mensagem de esperança. Sua promessa de restaurar “a tenda de Davi” - esta frase refere-se as doze tribos de Israel, que viverão sob o governo do Messias (Am 9:11) -, e o futuro decisivo do seu povo são retratados em uma descrição final que se assemelha ao Éden em sua fertilidade e bênçãos (Am 9:13-15). Aqui, Amós profetiza acerca de uma terra transformada e gloriosa, onde o povo de Deus poderá continuamente plantar e colher ao mesmo tempo. A terra será abundantemente produtiva, e as bênçãos divinas jamais hão de terminar. A nação de Israel (as doze tribos) será finalmente restabelecida ao Senhor, e nunca mais o abandonará. Em fim, os israelitas permanecerão seguros na sua terra.

II. POLÍTICA E JUSTIÇA SOCIAL


A profecia exerceu um papel fundamental na esfera política e social do povo de Israel. Os profetas como emissários de Deus, tomavam parte ativa na sociedade e na política. Suas profecias tinham não somente uma função política, mas também eram importantes para a manutenção da ordem social. À medida que o tempo foi passando, os profetas foram ficando à margem da sociedade, pelo fato de os reis aos poucos afastarem-se de Deus e detestarem ouvir as palavras do Senhor(cf Jr 36:21-23). Amazias, o sacerdote, tentou silenciar o profeta Amós (cf Am 7:12,13). Ainda assim, Deus utilizou seus servos para clamarem por justiça.

1. Política.É o conjunto de práticas relativo ao Estado ou a uma sociedade”. A política é algo que está presente em qualquer grupo humano. O próprio Deus, quando criou o homem, afirmou que ele deveria dominar sobre o restante da criação (Gn 1:26), bem como, no jardim onde o colocou, disse que ele deveria guardá-lo (Gn 2:15), numa clara demonstração que a natureza humana envolvia o exercício do poder, consequência do próprio livre-arbítrio de que ele era dotado. Ora, toda relação de poder é uma relação política e, neste sentido, certíssimo estava Aristóteles, o grande filósofo grego, ao afirmar que o homem é um animal político.

Após o dilúvio, Deus renovou o pacto com o gênero humano e nele foi mantido o papel de domínio e de poder sobre o restante da criação (Gn 9:2), ainda que bem demonstrada a limitação da autoridade humana, como se lê em Gn 9:5,6. Não tardou muito e surgiu o primeiro grande dominador do povo (Ninrode-Gn 10:8,9) e o governo humano apresentou-se desafiador contra Deus, a ponto de o Senhor ter destruído aquela comunidade política única por meio do juízo de Babel (Gn 11:7-9). Bem se vê, portanto, que a existência de governo, de poder, de domínio, de política não é algo contrário à ordenação divina, mas, sim, seu mau exercício.

Em Israel, muitos foram os lideres, cujos governos causaram a ruína do povo. Amós presenciou isso bem de perto. Não haja dúvida que o governo de Jeroboão II foi um tempo de prosperidade material. Seu governo alcançou o apogeu econômico. Todavia, foi um tempo de corrupção moral e espiritual. A idolatria havia sido sancionada pelo Estado e misturada à própria adoração. Os pobres estavam sendo oprimidos (Am 2:7,8; 3:9). A justiça estava sendo pervertida (Am 2:7; 5:7). A corrupção estava presente desde o palácio até o santuário. O sacerdote Amazias, que representava o povo e especialmente os lideres, rejeitou abertamente o profeta de Deus e sua mensagem (cf Am 7:12-17). Prosperidade material não é garantia da aprovação de Deus nem evidência de religião pura.

2. A justiça social. Justiça social é o conjunto de ações sociais estabelecido na sociedade para suprimir as injustiças de todos os níveis”. Justiça e retidão têm mais valor aos olhos de Deus do que rituais religiosos. A prática religiosa sem vida transformada não pode agradar a Deus. Obediência é mais importante do que sacrifício. Ninguém pode provar seu amor por Deus sem amar o próximo.

Amós diz que Deus está mais interessado que a justiça prevaleça nas ruas do que as músicas sacras sejam entoadas nos templos. Com respeito à justiça, Amós fala de abundância (“corra como águas”) e de eternidade (“como ribeiro perene”). Os ribeiros na Palestina correm impetuosamente no tempo das chuvas, mas, nos períodos da seca, eles ficam fraquinhos, ou sem água alguma. O Senhor pede a justiça constante e perene. A religião sem essas qualidades de retidão e de justiça não é a religião bíblica. A religião bíblica é vigorosa, constante e fiel.

Amós sabia que a religião não pode ter apenas uma relação vertical. Ela passa também pela relação horizontal. Ele quer justiça social entre pessoa humano e pessoa humana. Toda sua mensagem serve como prelúdio para a definição que Tiago dá da verdadeira religião: "A religião pura e imaculada diante de nosso Deus e Pai é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se isento da corrupção do mundo" (Tg 1:27).

3. O pecado. O pecado é o opróbrio das nações (Pv 14:34). Antes de uma nação cair nas mãos do inimigo invasor, ela cai pelas suas próprias transgressões. O profeta disse para essa nação: "Volta, ó Israel, para o Senhor teu Deus; porque pela tua iniquidade tens caído" (Os 14:1). Israel havia transgredido a lei de Deus e deixado de viver de acordo com Sua aliança. A primeira tábua da lei referia-se ao relacionamento do povo com Deus, e a segunda, aos relacionamentos de uns com os outros, e Israel havia se rebelado contra todas essas leis. Não amavam a Deus e não amavam a seu próximo. Um dos terríveis pecados cometidos pela nação de Israel (Reino do Norte), que a levaram à ruína foi a opressão ao pobre, amar mais a injustiça do que a misericórdia (Am 8:4). A cobiça insaciável levou a classe rica de Israel a praticar crimes horrendos debaixo das barbas do rei, com a ajuda de juízes corruptos, sem nenhuma condenação dos sacerdotes. Os ricos tinham ódio do necessitado e destruíam os miseráveis da terra. Eles tinham uma atitude predatória e insensível para com as pessoas desamparadas (Am 8:4,6). Se pudessem, eles engoliriam os necessitados e os exterminariam (Am 2:6,7). A desumanidade deles provocou a ira de Deus e o colapso da nação, pois quem não exerce misericórdia não pode receber misericórdia. A religião sem o exercício da misericórdia é vã (Tg 1:27). A fé sem as obras é morta (Tg 2:14-17).

III. INJUSTIÇA SOCIAL


Amós foi o único profeta do Reino do Norte a bradar energicamente contra as injustiças sócias. Ele denunciou os pecados de opressão e de injustiça social das nações ao redor de Israel, bem como os desmandos morais de seu povo. Ele denunciou a corrupção no palácio e nas altas cortes do judiciário. Ele diagnosticou os males que destruíram a nação nos centros econômicos da nação, nas mansões dos endinheirados, bem como nos templos religiosos. Ele pôs o dedo na ferida da nação e alertou para a necessidade urgente de arrependimento tanto nas praças de negócios quanto nos altares religiosos.

Israel estava vivendo o apogeu da sua vida política e econômica. Jeroboão II tinha alcançado suas mais esplêndidas vitórias. A aristocracia vivia em berço de ouro. Os ricos estavam cada vez mais opulentos. Todavia, enquanto os palácios se enchiam de bens, os pobres amargavam a mais extrema pobreza e miséria. A riqueza da nação ia para os cofres de uma pequena minoria privilegiada enquanto a maioria do povo vivia esmagada pela mais aviltante miséria. O país estava se enriquecendo, mas não com justiça social.

O profeta Amós combateu com veemência o mau governo de Jeroboão II (Am 7:10-14). Em seu governo, a exploração e a injustiça campeavam. Os ricos entesouravam suas riquezas colossais, tomadas dos pobres indefesos. Nenhuma palavra era dada nem qualquer esforço era feito para coibir essa prática nem mesmo para punir os criminosos. A Bíblia diz, entretanto, que toda autoridade é instituída por Deus para promover o bem e coibir o mal (Rm 13:1-7). Quando o governo se cala diante dos desmandos e das injustiças sociais ou se corrompe, fazendo parte de esquemas criminosos para assaltar os indefesos, a nação dá claros sinais de sua decadência moral. Pior do que isso, esse monarca estabeleceu altares idólatras em Dã e Betel, especialmente para competir com o Templo de Jerusalém. Betel, assim, não era mais a casa do Rei dos reis, mas apenas um lugar para a bajulação de um rei ímpio. A religião de Israel era eminentemente humanista. Tinha sua origem no homem e era voltada para o homem. Deus fora excluído da religião em Betel. Quando a religião cala sua voz e deixa de tocar a trombeta de Deus, denunciando o pecado, quer no palácio quer na choupana, ela mesma se coloca debaixo do juízo divino.

Deus não está distante das práticas sociais de seus filhos, e não se agrada quando seu próprio povo deixa de aplicar a misericórdia para agirem como mercenários. Deus se importa com a justiça social sim, pois de nada adianta uma pessoa dizer que serve a Deus e praticar coisas indevidas para um servo de Deus, como mal tratamento de seus irmãos ou o descaso para com as necessidades deles. Não há dualidade na vida cristã, ou seja, um crente não pode ser uma pessoa na igreja e outra fora da igreja. Ele deve ser a mesma pessoa em todas as ocasiões.

Não resta dúvida de que a situação atual de crescente desigualdade social, de cada vez mais intensa injustiça social em todas as nações, até mesmo nos países desenvolvidos, é resultado direto de uma situação pecaminosa. Pecado é iniquidade (1João 3:4) e, portanto, onde abunda o pecado, abunda, necessariamente, um estado de injustiça, inclusive na sociedade, como, aliás, denunciou gravemente o profeta Amós no Reino do Norte (cf Am 2:6,7; 4:1; 5:11; 8:4,6).

IV. A VERDADEIRA ADORAÇÃO


- A adoração corrompida e a idolatria estão entre as causas principais da manifestação do julgamento divino(veja 2Rs 17:7-20; 2Cr 26:16-20; Is 1:11-17; Am 4:4-11). Há sempre o perigo de trazermos um “fogo estranho” diante do altar e trono do Senhor(Lv 10:1-2) e contra o mesmo devemos estar sempre em guarda. Não apenas a adoração a falsos deuses é proibida nas Escrituras, mas também a adoração ao verdadeiro Deus com uma atitude errada(veja Ml 1:7-10; Is 1:11-15; Os 6:4-6; Am 5:21). Em Levitico 10 temos o registro não apenas da morte de Nadabe e Abiu, mas também somos instruídos sobre o fato de que o “fogo estranho” que eles trouxeram perante o Senhor consistia naquilo que era contrário aos mandamentos divinos quanto à adoração. Paulo repreendeu os cristãos de Corinto porque eles não se ajuntavam “para melhor, e sim para pior”(1Co 11:17), e o mesmo fez Amós com a nação de Israel(Am 4:4).

- Amós denuncia com veemência o sincretismo religioso (Am 4:4,5). Israel substituiu a verdadeira adoração a Deus por práticas sincréticas. O culto foi paganizado. A idolatria foi assimilada no culto. O povo queria chegar até Deus por meio de um ídolo. Houve uma mistura do culto cananita (adoração do bezerro) com o culto ao Senhor. A religião israelita tornou-se sincrética.

Os sacrifícios que eles traziam eram impuros, pois ofereciam coisas com fermento no altar, o que era proibido por Deus (Lv 2.11; 6.17). Deus não quer sacrifício, Ele requer obediência (1Sm 15:22,23). Não podemos sacrificar a verdade para atrair as pessoas à igreja, nem podemos acrescentar coisa alguma aos preceitos de Deus porque gostamos dessas coisas. O pragmatismo se interessa peio que dá certo, e não pelo que é certo; ele busca o que dá resultados, e não o que é verdade; ele tem como objetivo agradar o homem, e não a Deus.

Hoje vemos florescer o sincretismo religioso. Práticas pagãs são assimiladas nas igrejas para atrair as pessoas. Cerimônias e ritos totalmente estranhos à Palavra de Deus são introduzidos no culto para agradar o gosto dos adoradores. O sincretismo está na moda. Mas, ele ainda continua provocando a ira de Deus.

- A verdadeira adoração a Deus foi substituída pelo ritualismo acintoso (Am 4:4,5). A expressão externa do culto era meticulosamente observada. As aparências indicavam que Israel passava por um reavivamento espiritual. Multidões se dirigiam aos lugares sagrados (Am 5:5), levando sacrifícios e dízimos (Am 4:4; 5:21,22) e até entoando cânticos de louvor ao Senhor (Am 5:23; 6:5; 8:3,10). Eles ofereciam sacrifícios com mais frequência do que era requerido pela lei, como se quisessem provar o quanto eram espirituais.  Pensavam que Deus se agradava de seus ritos ao mesmo tempo em que andavam em escandalosas práticas de pecado. Mas Deus, que sonda as intenções, via em todos aqueles rituais sagrados apenas a multiplicação das transgressões.

Os que professam ser salvos, e demonstram adorar ao Senhor, inclusive com suas ofertas, mas continuam a amar os prazeres do mundo, são uma abominação ao Senhor. Deus aceita somente a adoração e devoção dos que o amam, e porfiam por trilhar seus caminhos.

Oferta sem vida é abominação para Deus. Primeiro, apresentamos a vida no altar, depois, trazemos nossa oferta. Se Deus rejeitar a vida, Ele não aceita a oferta. Deus rejeitou Caim e sua oferta. Deus rejeitou os filhos de Eli e, por isso, a arca da aliança foi roubada. Deus rejeitou o povo de Judá e, por isso, disse que estava cansado do culto deles. Deus rejeitou os sacerdotes do pós-cativeiro e, por isso, disse que eles estavam acendendo o fogo inutilmente em sua casa.

Ainda hoje muitos pensam que as observâncias externas são as coisas mais importantes da religião. Há muito cuidado com a tradição, e pouco zelo com a verdade. Há muita preocupação com a forma, e quase nenhuma com a motivação. Contudo, essas exterioridades são meios, e não fins. Se elas vieram separadas de um coração penitente e contrito, são meios de condenação, e não de salvação.

- O profeta Amós se dirige aos peregrinos de forma irônica: "Vinde a Betel, e transgredi; a Gilgal, e multiplicai as transgressões..." (Am 4:4). Amós zomba do convite à peregrinação, do hino que os peregrinos cantam enquanto caminham: “Vinde a Betel”; ele zomba de seus propósitos, dizendo-lhes que o resultado do exercício será apenas a transgressão multiplicada pela transgressão; ele zomba da meticulosidade ritualista deles nos sacrifícios e nos dízimos. Quanto mais religiosos eles se tornavam, mais longe de Deus andavam. Quanto mais egocêntricos, mais afastados da graça. Quanto mais zelosos em seus ritos, mais prisioneiros de seus pecados.

·   Betel significa "Casa de Deus", lugar de encontro com Deus e de transformação de vida. Aquele era um lugar muito especial para o povo judeu por causa de sua relação com Abraão (Gn 12:8; 13:3) e com Jacó (Gn 28:10-22; 35:1-7). Mas agora Betel era o "santuário do rei", onde Amazias, o sacerdote, servia (Am 7:10-17). Eles vinham a Betel para pecar. Vinham para transgredir. Eles frequentavam o templo, mas não adoravam a Deus. Eles traziam ofertas, mas não o coração. Hoje, semelhantemente, há um batalhão de gente na igreja sem conversão. Quem não é santo, não é salvo. Deus nos salva do pecado, e não no pecado (1João 2:3; 3:6,9; 5:18).

·   Gilgal significa o lugar da posse da bênção, o lugar da conquista e da vitória. Todavia, eles vinham a Gilgal e voltavam vazios, derrotados pelos seus pecados. Eles só vinham para multiplicar as suas transgressões. Isso acontece também hoje: muitas pessoas estão na igreja, mas caminham para a morte.

- A motivação do culto em Betel e em Gilgal não era glorificar a Deus, mas agradar a eles mesmos. A verdadeira adoração a Deus foi substituída pelo movimento humanista (Am 4:4,5). A religião não era uma expressão de adoração, mas de auto-gratificação. A religião não era um meio de se humilharem diante do Todo-poderoso, mas de satisfazer sua própria vaidade carnal. Eles oprimiam os pobres e bebiam vinho porque gostavam disso. Eles iam ao templo não para buscar a Deus, mas porque gostavam disso. Seus ritos e seus sacrifícios eram apresentados não a Deus, mas a eles mesmos. Era um culto humanista, em que jamais eram confrontados a mudar de vida. Suas apresentações musicais se tornaram cânticos fúnebres (Am 5:23; 8:3,10).

Portanto, a verdadeira adoração a Deus não é a observância meramente formal da liturgia religiosa: é o “ouvir” e o “praticar” a vontade de Deus; consiste no espírito quebrantado e num coração contrito. Deus exige de seu povo verdadeira adoração.

CONCLUSÃO


Em Amós, vemos que Deus observa a vida do homem em todos os seus aspectos e que somente a libertação do pecado pode proporcionar paz, segurança, justiça e verdadeira igualdade social. Em Amós, nota-se a necessidade de Alguém que venha tirar o pecado do mundo para que haja a tão almejada época de justiça e paz na humanidade. Esse Alguém é Jesus Cristo. “Vem, Senhor Jesus!”.

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento).

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.

Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.

Revista Ensinador Cristão – nº 52 – CPAD.

A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck.

Comentário Bíblico Beacon, v.5 – CPAD.

Amos (um clamor pela justiça social) – Rev.Hernandes Dias Lopes.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

BRIGAR É PERDA NA CERTA


 

“Como o soltar as águas, é o princípio da contenda; deixa por isso a porfia, antes que sejas envolvido” (Pv 17:14).

 

A discussão é o portal de entrada para uma briga, e uma briga é o campo aceso da batalha do qual todos saem feridos e com o sabor amargo da derrota.

O simples fato de você entrar numa contenda já é derrota na certa. Entrar numa confusão é arranjar encrencas para sua própria vida. É provocar em si mesmo muitos desgastes. É usar o azorrague nas próprias costas.

O começo de uma contenda é como a primeira rachadura de uma represa. Se essa rachadura não for tratada devidamente, pode provocar o rompimento da represa e desencadear uma avassaladora inundação.

A atitude mais sensata é desistir da contenda antes que ela se torne uma rixa. Muitas inimizades desembocaram em tragédias e mortes. Muitas brigas resultaram em derramamento de sangue. Muitas discussões acabaram em verdadeiras guerras, e o saldo final desse embate é um desgaste enorme, com mágoas profundas e perdas para todos.

Não vale a pena entrar em confusão. Brigar não compensa. Uma pessoa de bom senso põe um ponto final na discussão antes que as coisas piorem. Devemos ser pacificadores, em vez de promotores de contendas. Devemos perdoar, no lugar de guardar mágoa. Devemos tapar brechas, em vez de cavar abismos nos relacionamentos.

 

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Rev. Hernandes Dias Lopes – Gotas de sabedoria para a alma.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

CUIDADO COM A INVERSÃO DE VALORES


 

 

O que justifica o ímpio e o que condena o justo abomináveis são para o SENHOR, tanto um como o outro” (Pv 17:15).

 

Emmanuel Kant, em seu livro “A critica da razão pura”, revolucionou a história do pensamento humano, quando disse que não há verdade absoluta. Esse conceito filosófico entrou no campo da teologia e da ética. Hoje, muitos não creem em verdades absolutas nem defendem uma conduta que preceitua a clara distinção entre o certo e o errado.

Na verdade, a sociedade contemporânea desceu mais um degrau nesse processo rumo ao relativismo moral. Chegamos ao nível mais baixo da degradação humana.

Hoje testemunhamos uma inversão de valores no campo da vida moral. Chamamos luz de trevas e trevas de luz. Chamamos o doce de amargo e o amargo de doce. Temos visto nossa sociedade justificando o perverso e condenando o justo.

A ética cristã, porém, não pode tolerar esse comportamento que afronta a verdade, escarnece da virtude e conspira contra a lei de Deus.

Se não podemos ser neutros diante do mal, quanto mais aplaudi-lo. Se não podemos sonegar o direito do justo, quanto mais condená-lo.

Essas praticas vergonhosas podem até passar despercebidas para a sociedade, mas são abomináveis para Deus. O homem, na sua loucura, pode até botar de ponta-cabeça os princípios que devem reger a família e a sociedade, mas não pode fugir das consequências inevitáveis de suas encolhas insensatas.

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Rev. Hernandes Dias Lopes - Gotas de Sabedoria para a alma, p.239

domingo, 14 de outubro de 2012

Aula 03 – JOEL – O DERRAMAMENTO DO ESPÍRITO SANTO


4º Trimestre/2012

Texto Básico: Joel 1:1;2:28-32


 
“E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos jovens terão visões, e os vossos velhos sonharão sonhos”(At 2:17)

INTRODUÇÃO


Joel é conhecido como “profeta de Pentecostes”. Se o primeiro grande ensino em Joel é o arrependimento diante das adversidades, o segundo é o derramamento do Espírito Santo sobre toda a carne e as maravilhas decorrentes (cf Jl 2:28-32). Em nenhuma outra parte do Antigo Testamento encontramos uma promessa tão abrangente cujo cumprimento significasse o cumprimento das palavras de Moisés: “Tomara que todo o povo do SENHOR fosse profeta, que o SENHOR lhes desse o seu Espírito”(Nm 11:29). O Dia de Pentecostes marcou o inicio deste cumprimento (cf Atos 2). Desde então, tem se cumprido com abundancia cada vez maior. É uma promessa universal (Jl 28:29). É uma promessa de um novo concerto (Jl 2:32). É uma promessa aos que creem (Jl 2:32). Podemos dizer, então, que esse Dia marcou o início de uma nova adoração por parte de todos aqueles que crerem no Espírito Santo, assim como o início do julgamento de todos aqueles que o rejeitarem.

I. O LIVRO DE JOEL NO CÂNON SAGRADO


1. Contexto histórico. Joel, cujo nome significa “O Senhor é Deus”, identifica-se como “filho de Petuel”(Jl 1:1). Suas numerosas referencias a Sião e ao ministério do Templo indicam que ele era profeta em Judá e em Jerusalém, e sua familiaridade com os sacerdotes sugere ter sido ele um profeta “sacerdotal” (cf Jr 28:1,5) que proclamou a verdadeira palavra do Senhor.

Não há informação precisa sobre o tempo de Seu Ministério. Porém, pelas circunstâncias contidas em seu Livro, o tempo é sugerido como sendo logo após o reinado da rainha Atália, que reinou entre 841 e 835 a.C (cf 2Rs 11:2,3). Se assim for, então Joel teria exercido seu Ministério no Reinado de Joás (cf 2Cr 22 a 24 e 2Reis 12). Seu Livro teria sido escrito por volta do ano 825 a.C. Se a data procede, então enquanto Joel profetizava no Sul, ou em Judá, Elias profetizava no Norte, ou em Israel. O Ministério de Elias foi exercido entre 850 e 798 a.C.

O contexto histórico da profecia de Joel foi uma época de pânico nacional em face das devastações causadas por uma terrível praga de gafanhotos, seguida de um período de seca, gerando fome e muito sofrimento, havido no tempo de Joel. Na opinião do profeta, a praga era uma advertência solene de julgamento vindouro no “Dia do Senhor”, que é a ideia central do livro de Joel.

Esse “Dia do Senhor”, biblicamente, começará com o Arrebatamento da Igreja e se prolongará até após o milênio. Será, portanto um “Dia” com mais de mil anos. A partir deste acontecimento o profeta Joel projetou, profeticamente, uma imagem de como seria “O Dia do Senhor”. Ele usa a expressão “Dia do Senhor” cinco vezes: Jl 1:15;2:1, 11, 31 e 3:14. Em Jl 1:15 ele diz que esse Dia “... virá como uma assolação do Todo-Poderoso”; em 2:11 - “... o “Dia do Senhor” é grande e mui terrível”; em 2:31 - “... o sol se converterá em trevas e a lua em sangue”; em 3: 14 - “Multidões, multidões no vale da Decisão!”. Não há dúvida de que esse período descrito por Joel é o mesmo descrito por Jesus, em Mateus 24, e por João, em Apocalipse 6 a 19. O Profeta Joel estava falando, portanto, de um acontecimento ainda futuro, ou seja, a Grande Tribulação.

2. Posição de Joel no Cânon Sagrado. A ordem dos Profetas Menores em nossas versões da Bíblia é a mesma do Cânon judaico e da Vulgata Latina. Joel não menciona nenhum rei, e sua curta profecia traz poucas indicações cronológicas, o que dificulta a datação. As propostas variam do século X ao século V a.C. A posição de Joel no “Livro dos Doze”, nome dado pelos judeus aos Profetas Menores, mostra que eles o consideravam um profeta antigo. Seu estilo corresponde mais ao período clássico remoto do que à era pós-exílica de Ageu, Zacarias e Malaquias. A ausência de referencias a reis pode indicar que o livro foi escrito quando o sumo sacerdote Joiada era regente (na infância de Joás, o qual reinou entre 835-796 a.C.). Além disso, os inimigos de Judá são os fenícios, os filisteus (Jl 3:19), os egípcios e os edomitas (Jl 3:19), e não seus adversários posteriores, os sírios, os assírios e os babilônios.

3. Estrutura e mensagem.

a) Estrutura. O conteúdo do livro de Joel divide-se em três seções: (1) A primeira seção (Jl 1:2-20), descreve a devastação de Judá ocasionada por uma grande praga de gafanhotos, que arrancou a folhagem das vinhas, árvores e campos (Jl 1:7,10), reduzindo o povo a indescritível penúria. Em meio à calamidade, o profeta conclama os lideres espirituais de Judá a guiar a nação ao arrependimento (Jl 1:13,14). (2) A segunda seção (Jl 2:1-17), registra a iminência de um juízo divino ainda maior, proveniente do Norte (Jl 2:1-11), na forma de (a) outra praga de gafanhotos descrita metaforicamente como um exército de destruidores, ou (b) uma invasão militar literal. De novo, o profeta soa a trombeta espiritual em Sião (Jl 2:1,15), conclamando grande assembleia solene para que os sacerdotes e todo o povo busquem sinceramente a misericórdia divina, com arrependimento, jejuns, clamores e genuíno quebrantamento, diante do Senhor (Jl 2:12,17). (3) A seção final (Jl 2:18-3:21), começa declarando a misericórdia de Deus em face do arrependimento sincero do povo. O humilde arrependimento de Judá e a grande misericórdia de Deus dão ocasião às profecias de Joel a respeito do futuro, abrangendo a restauração (Jl 2:19b-27), o derramamento do Espírito Santo sobre toda a humanidade (Jl 2:28-31), o juízo e a Salvação no final dos tempos (Jl 3:1-21).

b)  Mensagem. O oráculo foi entregue ao profeta Joel por meio da Palavra (Jl 1:1). Joel falou à nação de Judá desde o reinado de Joás até o reinado de Acaz, o que o torna o primeiro profeta a registrar seus oráculos por escrito. A mensagem do livro diz respeito ao juízo que viria sobre o povo de Deus, que foi identificado como sendo o cativeiro da Babilônia. Mas a mensagem de Joel também fala do futuro, menciona o derramamento do Espírito Santo e o "Dia do Senhor", o acerto de contas que Deus fará com a humanidade impiedosa. Joel foi mencionado por Pedro no sermão inaugural da Igreja no dia de Pentecostes, exatamente por causa de sua profecia do derramamento do Espírito Santo. Por isso, Joel é conhecido como "o profeta pentecostal".

II. A PESSOA DO ESPIRITO SANTO


O  Espírito Santo não é simplesmente uma influência benéfica ou um poder impessoal. É uma pessoa, assim como Deus-Pai e Jesus o são.

1. Sua personalidade. A crença na personalidade do Espírito Santo é uma das características da fé cristã. Esta crença deriva do exame preciso e cuidadoso de passagens bíblicas. Algumas seitas apresentam o Espírito Santo como sendo uma influência impessoal, uma força ou uma energia. Entretanto, a Palavra de Deus nos revela que o Espírito Santo é uma pessoa, pois menciona atitudes e ações do Espírito que somente uma pessoa pode ter. Ele possui uma mente, vontade e emoções, que são características de uma pessoa e não de uma influência ou força. 

O Espírito Santo age e interage como uma pessoa completa e perfeita. Vejamos algumas provas bíblicas:

a) O Espírito Santo entristece - "E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção" (Ef 4:30). Somos admoestados a não entristecer o Espírito Santo, retratando, portanto, que Ele possui as emoções de uma pessoa. Ele sofre quando pecamos e se entristece com as manifestações do nosso pecado.

b) O Espírito Santo tem ciúmes - "Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós habita tem ciúmes?"(Tg 4:5). Quando traímos a Deus através dos nossos pecados - ambiguidades, contradições, negações da fé, amasiamentos com o mundo -, o Espírito de Deus sente ciúmes, como o marido, quando a mulher adultera e vice-versa. Ele sente ciúmes do adultério moral (impureza), espiritual (idolatria), econômico (amor ao dinheiro) e político (paixão e esperanças políticas mais acentuadas em relação ao programa humano que ao Reino de Deus). O Espírito Santo não é simplesmente alguém que entra em nós e depois sai. Ele vem e fica. Além disso, Ele não está presente para energizar-nos a vida. Não. Ele é uma pessoa com a qual mantemos relações pessoais.

c) O Espírito Santo pensa (Rm 8:27) - E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos santos”. Neste texto, as Escrituras dizem que o Espírito Santo examina os corações, ou seja, examinar é raciocinar, é calcular, é emitir juízos. Uma força jamais pode calcular, jamais pode examinar, só uma pessoa pode fazê-lo.

d) O Espírito Santo fala(Atos 8:29) - "Então disse o Espírito a Filipe: aproxima-te desse carro e acompanha-o..." . Aqui, percebemos que o Espírito Santo é um Ser que fala. Ora, uma força não pode falar, mas uma Pessoa, sim. Tanto é certo que o Espírito Santo fala que, em At 13:2, isto é explicitamente mencionado, como também em 1Tm 4:1 e Hb 3:7, bem assim em todas as cartas que Jesus enviou às igrejas da Ásia Menor (Ap 2:7,11,17,29; 3:6,13,22), como num instante em que se fazia a revelação a João das coisas que brevemente hão de acontecer (Ap 14:13).

e) O Espírito Santo ensina (João 14:26) –Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito”. Só uma Pessoa pode nos ensinar, somente uma Pessoa pode ser Mestre e o Espírito Santo tem como uma de suas principais funções a de ensinar os discípulos do Senhor Jesus enquanto aqui estiverem aguardando o seu Salvador.

2. Sua divindade. A Bíblia não se limita a mostrar que o Espírito Santo é uma Pessoa, mas também nos revela que é uma Pessoa Divina, ou seja, é uma das Pessoas que compõem este mistério que é a Santíssima Trindade, este Deus que é triúno, ou seja, um Único Deus que está em três Pessoas.

O Espírito Santo é chamado Deus (At 5:3,4) e Senhor (2Co 3:18). Quando Isaías viu a glória de Deus (Is 6:1-3), escreveu: “Ouvi a voz do Senhor...vai e diz a este povo” (Is 6:8-9). O apóstolo Paulo citou essa mesma palavra e disse: “Bem falou o Espírito Santo a nossos pais pelo profeta Isaías dizendo: Vai a este povo” (cf. At 28:25, 26). Com isso, Paulo identificou o Espírito Santo com Deus. Ele faz parte da Santíssima Trindade. Ele é mencionado junto com o Pai e o Filho (Mt 28:19; 2Co 13:13) e, a Bíblia afirma que os três são um (1João 5:7).

O texto mais explícito a respeito da divindade do Espírito Santo está em At 5:3,4 -Disse, então, Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo?... Não mentiste aos homens, mas a Deus”. Indagado por Pedro a respeito do valor da venda da propriedade, Ananias mentiu, dizendo que o valor depositado ao pé dos apóstolos era o efetivo valor da venda. Diante desta mentira, Pedro diz que Ananias havia mentido ao Espírito Santo e, por isso, havia mentido não aos homens, mas a Deus. Temos, portanto, explicitamente reconhecida a divindade do Espírito Santo, prova de que os apóstolos reconheciam o Espírito Santo como Deus, ou seja, que a doutrina da divindade do Espírito Santo é a genuína e autêntica doutrina da igreja primitiva. A propósito, se Ananias mentiu ao Espírito Santo, temos mais uma prova de que o Espírito Santo não é uma força, pois não se pode mentir senão a uma Pessoa.

3. O derramamento do Espírito(Jl 2:28-32). O derramamento do Espírito Santo, profetizado por Joel, ocorreu por ocasião do Pentecostes (Atos 2). Enquanto no passado o Espírito Santo parecia estar disponível a reis, sacerdotes e profetas, Joel predisse um tempo em que este poder estaria disponível a todos os crentes. Ezequiel também falou sobre o derramamento do Espírito Santo (Ez 39:28,29). Atualmente, o Espírito Santo é derramado, de uma forma efusiva, sobre qualquer pessoa que venha a Deus em busca de sua salvação (Jl 2:32).

O derramamento do Espírito não acontece antes, mas depois que o povo de Deus se arrepende e se volta para ele. Esperar o derramamento do Espírito sem tratar do pecado é ofender a Deus. Buscá-lo sem voltar-se para Deus é atentar contra a santidade do Senhor.

4. Como uma pessoa pode ser derramada? Esta é uma das perguntas que alguns grupos  religiosos fazem frequentemente, com a finalidade de "provar" que o Espírito Santo não é Deus nem  uma pessoa. Por duas vezes a palavra profética afirma "derramarei o meu Espírito" (Jl 2:28.29), o  que é ratificado em o Novo Testamento (At 2:17,18). Se, aqui, o derramamento do Espírito Santo fosse evidência contra sua personalidade então o apóstolo Paulo também não seria uma pessoa, pois escreveu acerca de si próprio: “mesmo que eu esteja sendo derramado como oferta de bebida...”(Fp 2:17; 2Tm 4:6 – tradução do Novo Mundo). Uma vez que o apóstolo Paulo obviamente é uma pessoa real, e pode ser mencionado nas Escrituras como “derramado”, então a mesma expressão referindo-se ao Espírito Santo, dificilmente poderia ser usada como uma prova contra a sua personalidade. Também, o fato de alguém ser ou estar cheio do Espírito Santo (At 2:4), ou revestido dele, não quer dizer que o Espírito Santo seja impessoal.

Ainda apresentando a mesma linha de raciocínio desses grupos religiosos, perguntamos: como pode Jesus ser uma pessoa e alguém ser morada dele? - “Jesus respondeu, e disse-lhe: se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada (João 14:23). Paulo declara: “meus filhos, por quem de novo sinto as dores de parto, até que Cristo seja formado em vós”(Gl 4:19). Como pode Jesus ser formado em alguém, sendo ele uma pessoa? Ainda em Gálatas 2:20, Paulo disse: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim”. Como esses grupo religiosos explicam esse mistério? Negam também a personalidade de Jesus por causa disso? É claro que não! Então por que negam a personalidade do Espírito Santo, valendo-se do mesmo argumento? Certamente, negam essa verdade bíblica porque não se preocupam em ensinar a Bíblia, mas de impor crenças peculiares.

III. HORIZONTES DA PROMESSA


1. Ponto de partida - "Acontecerá, depois, que derramarei o meu Espírito...''(Jl 2:28). O rev. Hernandes Dias Lopes citando Warren Wiersbe diz que a palavra "depois", neste texto de Joel, refere-se aos acontecimentos descritos em Joel 2:18-27, quando o Senhor sara a nação depois da invasão Assíria. Contudo, não significa logo em seguida, pois se passaram muitos séculos antes do Espírito Santo ser derramado. Quando Pedro citou esse versículo em seu sermão no dia de Pentecostes, o Espírito Santo o dirigiu a interpretar o "depois" como "nos últimos dias" (At 2:17). Os “últimos dias" começaram com o ministério de Cristo na terra e se encerrarão com "o Dia do Senhor".

O que Deus promete, ele cumpre, pois vela pela sua Palavra para cumpri-la. Quando ele age, ninguém pode impedir sua mão de agir. Deus hipotecou sua Palavra e empenhou sua honra nessa promessa. As promessas de Deus são féis e verdadeiras e nenhuma delas pode cair por terra. O derramamento do Espírito cumpriu-se no dia de Pentecostes (At 2:16-21) e ninguém pôde deter o braço de Deus em promover o crescimento da igreja. O Sinédrio judeu tentou abafar a obra do Espírito prendendo e açoitando os apóstolos. Os imperadores romanos, com fúria implacável, quiseram acabar com a igreja, jogando os cristãos nas arenas, queimando-os em praças públicas e matando-os ao fio da espada. Mas a igreja, com destemor e poder, espalhou-se como rastilho de pólvora por todos os quadrantes do império e o sangue dos mártires tornou-se a sementeira do evangelho. Ao longo dos séculos muitas perseguições sanguinárias tentaram neutralizar a obra de Deus, mas a Igreja revestida com o poder do Espírito Santo jamais recuou, jamais descansou as armas, jamais se intimidou.

Antes do Pentecostes, os discípulos estavam com as portas trancadas de medo; depois do Pentecostes, eles foram presos por falta de medo. O problema da igreja não são as ameaças externas, é a fraqueza interna. Não é a falta de poder econômico e político, mas a falta do poder do Espírito Santo!

Mas não podemos pensar que esse derramamento ficou restrito apenas ao Pentecostes. O derramamento do Espírito Santo é uma promessa vigente e contemporânea. Não podemos pensar que já recebemos tudo que deveríamos receber do Espírito Santo. Há mais para nós. Há infinitamente mais (Ef 3:20).

A igreja não pode se contentar com pouco. Não podemos nivelar a vida com Deus às pobres experiências que temos tido. O Senhor pode fazer infinitamente mais. O Espírito pode ser derramado outras e outras vezes sobre um povo sedento, que anseia por Deus mais do que o sedento por água, mais do que a terra seca por chuva (Is 44:3). Essa promessa é para nós, para nossos filhos e para aqueles que ainda estão longe, para quantos o Senhor nosso Deus chamar (At 2:39).

2.Comunicação divina. Desde a formação do homem, Deus sempre quis e quer se comunicar com ele. Antes da queda, Deus se comunicava com o homem pessoalmente e verbalmente. É o que se percebe através do texto de Gênesis 3:8-10. Após a queda, embora à distância, Deus sempre quis falar com o homem, transmitindo sua vontade divina e soberana.

No texto de Joel 2:28,29 vemos outra forma de Deus se comunicar com o ser humano. Deus disponibilizou recursos espirituais para manter a comunicação com o seu povo por meio de sonhos, visões e profecias, independentemente de idade, sexo e posição social (Jl 2:28b,29). O apóstolo Pedro, em Atos 2:17, diz que isto se daria nos “últimos dias”, os quais teve início com o nascimento da Igreja no dia de Pentecostes. Essa comunicação se daria sem acepção de pessoas.

a) A quebra do preconceito etário (Jl 2:28) -  " [ . . . ] vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões". Deus enche do seu Espírito os jovens e os velhos. Deus usa os velhos e os jovens. Ele não se limita à experiência do velho nem apenas ao vigor do jovem. Ele torna o jovem mais sábio que o velho (Sl 119:100) e o velho mais forte que o jovem (Is 40:29-31). O Espírito de Deus não tem preconceito de idade. O idoso pode ser cheio do Espírito e sonhar grandes sonhos para Deus, enquanto o jovem pode ter grandes visões da obra de Deus. O velho pode ter vigor e o jovem discernimento e sabedoria. Onde o Espírito de Deus opera, velhos e jovens têm a mesma linguagem, o mesmo ideal, a mesma paixão e o mesmo propósito.

b) A quebra do preconceito social'(Jl 2:29) - "Até sobre os servos e sobre as servas derramarei o meu Espírito naqueles dias". O Espírito de Deus não é elitista. Ele vem sobre o rico e sobre o pobre, sobre o doutor mais ilustrado e sobre o indivíduo mais iletrado. Quando o Espírito Santo é derramado sobre as pessoas, elas podem ser rudes como os pescadores da Galiléia, mas, na força do Senhor, revolucionam o mundo (1Co 1:27-29). Mesmo que tenhamos muitas limitações, o Espírito pode nos usar ilimitadamente. A obra de Deus não avança com base na nossa sabedoria e força, mas no poder do seu Espírito (Zc 4:6).

Todavia é bom ressaltar, que a Bíblia Sagrada é a revelação de Deus ao homem e, por isso, tudo que quisermos saber a respeito de Deus e que é relevante para a nossa salvação se encontra neste Livro sagrado, fruto de uma revelação progressiva que o Senhor foi dando aos escritores sagrados, durante um espaço de mais de mil e quinhentos anos.

Como a Bíblia Sagrada tem como seu único autor o próprio Deus, temos que esta Obra apresenta uma unidade, um conjunto de ensinamentos que foi sendo revelado aos homens durante o tempo da inspiração das Escrituras. Estes ensinos dizem respeito a Deus, ao homem e ao processo pelo qual Deus deseja ter o homem em sua companhia, mesmo depois que o homem quis se tornar independente de Deus, negando-lhe obediência. Está escrito: “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça”(2Tm 3:16).

IV. O FIM DOS TEMPOS


1. Sinais. O derramamento do Espírito sinaliza grandes intervenções de Deus (Jl 2:30-32). Duas grandes intervenções de Deus são apontadas pelo profeta Joel.

a) O derramamento do Espírito aponta para o julgamento de Deus às nações (Jl 2:30,31) - "Mostrarei prodígios no céu e na terra: sangue, fogo e colunas de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e terrível Dia do Senhor". Joel vislumbrou fenômenos que acompanharão o desdobramento do drama humano, no futuro, nos “últimos dias”, antes da Parousia de Cristo. O apóstolo João, exilado na ilha de Patmos, fez referência oitocentos anos depois de Joel a esses mesmos fenômenos: "E, havendo aberto o sexto selo, olhei, e eis que houve um grande tremor de terra; e o sol tornou-se negro como saco de cilício, e a lua tornou-se como sangue" (Ap 6:12).

De acordo com a profecia de Joel, os sinais sobrenaturais do céu ocorrerão “antes que venha o grande e terrível Dia do Senhor”. Neste contexto, “O Dia do Senhor” se refere à sua volta à Terra para destruir seus inimigos e reinar em poder e grande glória.

b) O derramamento do Espírito aponta para a salvação de Deus a todos os povos (Jl 2:32 - "E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo...".  Eis as boas-novas para todas as Eras, a salvação oferecida a todos os povos com base na fé do Senhor. Naquele grande e terrível “Dia do Senhor” haverá salvação para aqueles que invocarem o nome do Senhor, pois o derramamento do Espírito anunciou também o caminho da salvação. Esse derramamento do Espírito sobre toda a carne abre as portas da salvação para todos os que creem. O Pentecostes foi um evento de salvação. Naquele dia, o apóstolo Pedro compreendeu que se cumpria a profecia de Joel (At 2:16). O evangelho foi pregado e cerca de três mil pessoas foram convertidas (At 2:39-41). O apóstolo Paulo citando Joel em sua carta aos Romanos diz que todo aquele que invoca o nome do Senhor é salvo (Rm 10:13). A salvação em Cristo, recebida pela fé, agora, é estendida a todos os povos, de todos os lugares, de todos os tempos. Nos dias de Joel, como nos dias de Paulo e também nos nossos, invocar o nome do Senhor é o único caminho da salvação.

2. Etapas.  Os acontecimentos do Pentecostes não foram o cumprimento total da profecia de Joel. Grande parte dos fenômenos descritos nos textos de Joel 2:28-32 não ocorreu nessa ocasião. O que aconteceu no Pentecostes foi um deleite antecipado daquilo que sucederá nos últimos dias, antes do grande e glorioso “Dia do Senhor”. A citação de Joel é um exemplo da “Lei da dupla referência”, de acordo com a qual as profecias bíblicas se cumprem de forma parcial em uma época e total numa ocasião posterior.

O Espírito de Deus foi derramado no Pentecostes, mas não literalmente sobre “toda a carne”. O cumprimento final da profecia se dará no fim do período da Grande Tribulação. Antes da volta gloriosa de Cristo, haverá milagres no céu e sinais na Terra (Mt 24:29,30). O Senhor Jesus Cristo aparecerá na Terra para eliminar seus inimigos e estabelecer seu Reino. No início do reinado milenar de Cristo, o Espírito de Deus será derramado sobre “toda a carne”, tanto de judeus quanto de gentios, uma situação que persistirá, de modo geral, durante todo o Milênio. O Espírito Santo se manifestará nas pessoas de várias maneiras, independentemente de sexo, idade ou condição social. Alguns “terão visões”, e outros “sonharão”, uma situação que surge a recepção de conhecimento; outros, ainda, “profetizarão”, ou seja, passarão esse conhecimento adiante. A tônica será sobre os dons de revelação e comunicação. Tudo isso ocorrerá no tempo descrito por Joel como “últimos dias” (cf At 2:17). Trata-se, obviamente, de uma referência aos últimos dias de Israel, e não da Igreja. É bom ressaltar que os “últimos dias” começaram com a primeira vinda de Cristo e o derramamento do Espírito Santo sobre o povo de Deus, e que terminarão com a segunda vinda do Senhor.

CONCLUSÃO


Em Joel, vemos a revelação de Deus como um ser que quer viver em cada ser humano através do Seu Espírito, mas que, apesar de Seu grande amor, é também um Deus justo, que fará, a seu tempo, o juízo sobre os impenitentes. Deus está no controle de todas as coisas. A justiça e a restauração estão em suas mãos. Devemos ser fiéis a Deus e colocar nossa vida sob a orientação e o poder de seu Santo Espírito.

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento).

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.

Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.

Revista Ensinador Cristão – nº 52 – CPAD.

A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck.

Comentário Bíblico Beacon, v.5 – CPAD.

Joel ( o profeta do pentecostes) – Rev.Hernandes Dias Lopes.